Bastam 12 minutos para o espectador certificar-se de que palavras são descartáveis para expressar o sofrimento quando imagens fazem com mais sensibilidade, poesia e discrição. Este curta de animação é um bálsamo para quem ama o cinema na potência máxima, com uma animação expressiva e evocativa em como costura seus muitos símbolos narrativos e ilustra a tragédia central que dirige o sofrimento daquele casal.
Não preciso entrar em detalhes para explicar como a narrativa defende a perda como uma ruptura e, a sua maneira, motivo para união em torno do amor comum. Dentro do estilo da animação, unir é também colorir, é pintar o irreal preto & branco com a cor que representa a alegria então existente, é atar espíritos pesarosos até que estes voltem a ser um.
Eu pondero, porque é isto o que a animação me proporcionou. Reflexão em como o traço animado econômico retrata a dor dos personagens e possibilita que a narrativa utilize esta forma cinematográfica (a animação) para construir rimas e soluções criativas em somente 12 minutos.
É porque não existe tempo para criar arte apaixonante, calorosa e agridoce.
Certa vez, Andrey Tarkovsky comentou que o artista nunca trabalha em condições ideais, pelo contrário, o artista existe porque o mundo não é perfeito. A arte seria desnecessária se o mundo fosse perfeito, assim como o homem não procuraria por harmonia, apenas viveria nela.
O confinamento imposto por uma doença impiedosa é, portanto, evidência de um mundo imperfeito em que o artista extrapolaria o eu para buscar o próximo e encontrar sentido e paz nas próprias memórias. É o que muitos artistas fizeram na série de curtas da Netflix, Feito em Casa, e a francesa Mati Diop, de Atlantique, realiza no curta encomendado pela marca italiana Miu Miu.
Para isto, através de áudios gravados, estabelece o laço entre a falecida avó, sobrevivente da segunda guerra e confinada dentro de casa por duas décadas como consequência dos tramas deste período, e si mesma, uma diretora em ascensão. E com a vida dos outros que investiga da janela do apartamento, como se fosse uma versão de James Stewart em Janela Indiscreta, tentando encontrar razão no mundo lá fora que não o mero voyeurismo.
O curta-metragem, lançado há 2 dias no Festival de Veneza, não é nada senão inteligente em transformar a proposta original de apenas exibir as roupas da grife Miu Miu, em um estudo do agora, do presente. Mesmo que a diretora traga ao primeiro plano cortes belos e marcantes, a moda termina em quinto plano, afinal, quem está pensando nela quando muitos lutam pela vida? Mati sabe que as condições do curta não são ideias e não vive em sonhos de que seja, pelo contrário, transforma a contingência momentânea - diferente da vivida por sua avó - em algo poético e tocante.
Desde adolescente, o sonho de John Shepherd era contatar alienígenas, ignorante para o fato de que era um alienígena na comunidade rural onde morava. Enquanto jovens adultos estariam saindo, divertindo-se, namorando, John construía equipamentos saídos de ficções-científicas dos anos 80 para transmitir música (cultural, não comercial) aos confins do espaço.
John é consciente o bastante para olhar ao passado com uma melancólica ternura, ciente de que muitos de nós não entenderíamos um sonho não realizado. Não há arrependimento no olhar daquele homem do interior, de barba espessa e grisalha, e que trata com carinho uma infinidade de máquinas e dispositivos empoeirados.
Sabe por quê? O que existe neste curta documental de Matthew Killip é a jornada humana mais elementar: da autodescoberta e conexão. E o que começa como um tratado pitoresco a respeito de ufologia, ressignifica-se como uma obra íntima e pessoal, cuja surpresa está onde menos se espera.
Matthew, assim, demonstra um carinho por John, e isto transparece em um documentário que evita torná-lo objeto de piada, mas ilustra interesse e curiosidade para caminhar, de mãos dadas, por este cosmos desconhecido. Enquanto isto, a montagem rimar as galáxias tão, tão distantes, com as casas vizinhas na comunidade rural onde a narrativa acontece.
Faz sentido. Às vezes, os alienígenas estão na casa ao lado, falando noutra língua que não a universal do amor.
Curta documentário que revela as consequências devastadoras do furacão Maria no território norte-americano de Porto Rico e a necessidade de realocação de famílias no continente, com auxílio temporário de políticas públicas, que se revelarão burocráticas e injustas, e o tratamento desigual e acintoso de Donald Trump. Se as vítimas do furacão Katrina tiveram benefícios permanentes, por que não se aplica a mesma lógica às de Porto Rico, que é parte dos Estados Unidos embora sem direito a votar? Além de tudo, exibe a força de vontade e esperança de famílias e os percalços de seu cotidiano nos EUA.
Com apenas 22 anos, um jovem Stanley Kubrick já demonstrava algumas de suas características, como a utilização do narrador onisciente, para contar a história real do boxeador irlandês Walter Cartier no dia de uma luta decisiva.
Nos cinemas e em 3D, a sensação é grandiosa, mas mesmo no YouTube, a doçura e singeleza desse curta de animação romântico é o bastante para conquistar o coração de qualquer um.
Muito mais importante pelo seu valor histórico, o filme mais conhecido do ilusionista/diretor George Meliès, "Viagem à Lua" explora as possibilidades oferecidas pelo formato cinematográfico que, combinados com o talento do cineasta dos tempos de mágico, promovem momentos icônicos como a chegada do foguete perfurando um "olho" da lua ou alienígenas (melhor dizendo: lunares) que desaparecem na medida em que são golpeados.
O que torna o cineasta o precursor de uma dezena de filmes atuais onde os tiros provocam o desaparecimento e transformação em cinzas.
Brincadeiras à parte, é gostoso e emocionante para quem é cinéfilo assistir a essa pequena amostra de mais de um século de uma arte apaixonante.
Eu gostei muito do poder argumentativo do "vilão" da narrativa, o assassino ético. Porém, o flashback que é o desfecho do curta além de afobado e desritmado também revela uma falha no desenvolvimento de um determinado personagem. Para o primeiro projeto, no entanto, é um bom começo.
Excessivamente episódico até para os padrões do início do cinema - Doroty encontra o Espantalho, Doroty é levada pelo Furacão, etc. E, abusa tremendamente de danças que pouquíssimo contribuem para o andamento da história. Mas: é a primeira recriação de O Mágico de Oz no cinema e por isso, vale a espiada.
É interessante e curioso como este é um dos primeiros exemplares em que o ator se comunica diretamente com o espectador. Apesar de pouco cômico e repetitivo, é bom porque Chaplin reconhecendo a presença da câmera (e muitas vezes de uma meta-câmera) faz "piadas" para o espectador.
Sim, é um curta importante porque pavimenta o caminho de muitos outros faroestes vindouros. Mas, acaba se revelando uma experiência entediante, exceto pelo plano que é realmente inesquecível.
Surreal é a palavra exata para definir esta alucinante viagem em um mundo de sonhos e pesadelos com efeitos especiais impressionantes para o estágio do cinema em que se encontrava.
É um trabalho menor de Chaplin, divertido, porém demasiadamente episódico. Alguns elementos, no entanto, funcionam de maneira inequívoca: a crítica a 1ª Guerra Mundial é fabulosa, especialmente no sonho de Carlitos, e ainda que sem querer, o filme acaba funcionando como uma caricatura de Adolf Hitler 21 anos antes dos eventos da 2ª Guerra.
Se Algo Acontecer... Te Amo
4.2 356Bastam 12 minutos para o espectador certificar-se de que palavras são descartáveis para expressar o sofrimento quando imagens fazem com mais sensibilidade, poesia e discrição. Este curta de animação é um bálsamo para quem ama o cinema na potência máxima, com uma animação expressiva e evocativa em como costura seus muitos símbolos narrativos e ilustra a tragédia central que dirige o sofrimento daquele casal.
Não preciso entrar em detalhes para explicar como a narrativa defende a perda como uma ruptura e, a sua maneira, motivo para união em torno do amor comum. Dentro do estilo da animação, unir é também colorir, é pintar o irreal preto & branco com a cor que representa a alegria então existente, é atar espíritos pesarosos até que estes voltem a ser um.
Eu pondero, porque é isto o que a animação me proporcionou. Reflexão em como o traço animado econômico retrata a dor dos personagens e possibilita que a narrativa utilize esta forma cinematográfica (a animação) para construir rimas e soluções criativas em somente 12 minutos.
É porque não existe tempo para criar arte apaixonante, calorosa e agridoce.
In My Room
3.5 5Certa vez, Andrey Tarkovsky comentou que o artista nunca trabalha em condições ideais, pelo contrário, o artista existe porque o mundo não é perfeito. A arte seria desnecessária se o mundo fosse perfeito, assim como o homem não procuraria por harmonia, apenas viveria nela.
O confinamento imposto por uma doença impiedosa é, portanto, evidência de um mundo imperfeito em que o artista extrapolaria o eu para buscar o próximo e encontrar sentido e paz nas próprias memórias. É o que muitos artistas fizeram na série de curtas da Netflix, Feito em Casa, e a francesa Mati Diop, de Atlantique, realiza no curta encomendado pela marca italiana Miu Miu.
Para isto, através de áudios gravados, estabelece o laço entre a falecida avó, sobrevivente da segunda guerra e confinada dentro de casa por duas décadas como consequência dos tramas deste período, e si mesma, uma diretora em ascensão. E com a vida dos outros que investiga da janela do apartamento, como se fosse uma versão de James Stewart em Janela Indiscreta, tentando encontrar razão no mundo lá fora que não o mero voyeurismo.
O curta-metragem, lançado há 2 dias no Festival de Veneza, não é nada senão inteligente em transformar a proposta original de apenas exibir as roupas da grife Miu Miu, em um estudo do agora, do presente. Mesmo que a diretora traga ao primeiro plano cortes belos e marcantes, a moda termina em quinto plano, afinal, quem está pensando nela quando muitos lutam pela vida? Mati sabe que as condições do curta não são ideias e não vive em sonhos de que seja, pelo contrário, transforma a contingência momentânea - diferente da vivida por sua avó - em algo poético e tocante.
John à Procura de Aliens
3.5 33Desde adolescente, o sonho de John Shepherd era contatar alienígenas, ignorante para o fato de que era um alienígena na comunidade rural onde morava. Enquanto jovens adultos estariam saindo, divertindo-se, namorando, John construía equipamentos saídos de ficções-científicas dos anos 80 para transmitir música (cultural, não comercial) aos confins do espaço.
John é consciente o bastante para olhar ao passado com uma melancólica ternura, ciente de que muitos de nós não entenderíamos um sonho não realizado. Não há arrependimento no olhar daquele homem do interior, de barba espessa e grisalha, e que trata com carinho uma infinidade de máquinas e dispositivos empoeirados.
Sabe por quê? O que existe neste curta documental de Matthew Killip é a jornada humana mais elementar: da autodescoberta e conexão. E o que começa como um tratado pitoresco a respeito de ufologia, ressignifica-se como uma obra íntima e pessoal, cuja surpresa está onde menos se espera.
Matthew, assim, demonstra um carinho por John, e isto transparece em um documentário que evita torná-lo objeto de piada, mas ilustra interesse e curiosidade para caminhar, de mãos dadas, por este cosmos desconhecido. Enquanto isto, a montagem rimar as galáxias tão, tão distantes, com as casas vizinhas na comunidade rural onde a narrativa acontece.
Faz sentido. Às vezes, os alienígenas estão na casa ao lado, falando noutra língua que não a universal do amor.
Após o Furacão Maria
3.0 6Curta documentário que revela as consequências devastadoras do furacão Maria no território norte-americano de Porto Rico e a necessidade de realocação de famílias no continente, com auxílio temporário de políticas públicas, que se revelarão burocráticas e injustas, e o tratamento desigual e acintoso de Donald Trump. Se as vítimas do furacão Katrina tiveram benefícios permanentes, por que não se aplica a mesma lógica às de Porto Rico, que é parte dos Estados Unidos embora sem direito a votar? Além de tudo, exibe a força de vontade e esperança de famílias e os percalços de seu cotidiano nos EUA.
Stage Fright
2.3 6A combinação slasher film e musical é inventiva mas mal-aproveitada neste exemplar que não nega suas raízes. No mau sentido.
O Dia da Luta
3.1 28Com apenas 22 anos, um jovem Stanley Kubrick já demonstrava algumas de suas características, como a utilização do narrador onisciente, para contar a história real do boxeador irlandês Walter Cartier no dia de uma luta decisiva.
Assista legendado aqui
http://www.blogsoestado.com/emcartaz/2013/07/26/videos-o-dia-da-luta-o-primeiro-filme-de-stanley-kubrick/
Head Over Heels
4.4 175Tem uma maneira peculiar e interessantíssima para retratar o desgaste no casamento e, mais ainda, ensaiar uma possível reconciliação. Poético!
O Avião de Papel
4.4 756 Assista AgoraNos cinemas e em 3D, a sensação é grandiosa, mas mesmo no YouTube, a doçura e singeleza desse curta de animação romântico é o bastante para conquistar o coração de qualquer um.
O Dia Mais Longo na Creche
3.9 167 Assista AgoraBonitinho e tem uma sequências bem boladas, mas só.
Fresh Guacamole
4.1 114Curto, grosso e tecnicamente impressionante.
Viagem à Lua
4.4 856 Assista AgoraMuito mais importante pelo seu valor histórico, o filme mais conhecido do ilusionista/diretor George Meliès, "Viagem à Lua" explora as possibilidades oferecidas pelo formato cinematográfico que, combinados com o talento do cineasta dos tempos de mágico, promovem momentos icônicos como a chegada do foguete perfurando um "olho" da lua ou alienígenas (melhor dizendo: lunares) que desaparecem na medida em que são golpeados.
O que torna o cineasta o precursor de uma dezena de filmes atuais onde os tiros provocam o desaparecimento e transformação em cinzas.
Brincadeiras à parte, é gostoso e emocionante para quem é cinéfilo assistir a essa pequena amostra de mais de um século de uma arte apaixonante.
Mato Eles?
4.4 16Ebulômetro no Cinema com Crítica com a opinião de professores, alunos e cinéfilos.
a_ética
2.8 18Eu gostei muito do poder argumentativo do "vilão" da narrativa, o assassino ético. Porém, o flashback que é o desfecho do curta além de afobado e desritmado também revela uma falha no desenvolvimento de um determinado personagem. Para o primeiro projeto, no entanto, é um bom começo.
Crítica -
O Mágico de Oz
3.7 44Excessivamente episódico até para os padrões do início do cinema - Doroty encontra o Espantalho, Doroty é levada pelo Furacão, etc. E, abusa tremendamente de danças que pouquíssimo contribuem para o andamento da história. Mas: é a primeira recriação de O Mágico de Oz no cinema e por isso, vale a espiada.
Leia mais críticas em
Corrida de Automóveis para Meninos
3.6 44É interessante e curioso como este é um dos primeiros exemplares em que o ator se comunica diretamente com o espectador. Apesar de pouco cômico e repetitivo, é bom porque Chaplin reconhecendo a presença da câmera (e muitas vezes de uma meta-câmera) faz "piadas" para o espectador.
Sim, é um curta importante porque pavimenta o caminho de muitos outros faroestes vindouros. Mas, acaba se revelando uma experiência entediante, exceto pelo plano que é realmente inesquecível.
Leia mais críticas em
O sonho de Rarebit Fiend
3.7 19Surreal é a palavra exata para definir esta alucinante viagem em um mundo de sonhos e pesadelos com efeitos especiais impressionantes para o estágio do cinema em que se encontrava.
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Carlitos nas Trincheiras
4.2 33É um trabalho menor de Chaplin, divertido, porém demasiadamente episódico. Alguns elementos, no entanto, funcionam de maneira inequívoca: a crítica a 1ª Guerra Mundial é fabulosa, especialmente no sonho de Carlitos, e ainda que sem querer, o filme acaba funcionando como uma caricatura de Adolf Hitler 21 anos antes dos eventos da 2ª Guerra.
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Vida de Cachorro
4.3 86 Assista AgoraUm Chaplin humorado e divertido com um pouco da sátira - o paralelo entre a vida miserável de um homem e um cachorro - de suas obras mais maduras.
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