Traz uma visão da Austrália e dos australianos bem de perto, de um modo bem particular. Os personagens vão ganhando interesse e logo desaparecem, o que deixa o título do filme mais potente pois é uma intimidade súbita que nunca se prolonga ao ponto de sair da estranheza. Os diálogos são primorosos e em espirais que levam sempre a um certo desconforto.
Tem uma suave crítica ao racismo australiano, mas aparece só como uma mensagem subliminar, o que não é ruim. É como se ele n tivesse no que se aprofundar a não ser na branquitude e a honestidade com a qual ele tratou isso foi curiosa, justamente por n colocar essa questão como trama, mas sim enquanto contexto.
O filme tem um ritmo fluído e envolvente, com um movimento de narrativa que vai para dentro dos personagens, como um mergulho subjetivo dentro de cada personagem, que ora nos leva para o passado, ora paro futuro e ora pro irreal talvez, o filme não pretende explicar, mas passar sensações e nos levar para dentro das mentes. Porém, tiveram muitas cenas de estupro com a prostituta Fabiana, que a personagem mais cativante e que infelizmente ficou nesse lugar de porra louca durona pra caralho e só, mas senti que ela tinha potência para mostrar outras dimensões. A fotografia é linda, e as atuações muito boas e naturais. O filme foi gravado em Rondônia, então traz um regionalismo bem realista, como garimpo ilegal, imigração, homofobia e violência de gênero. Mas talvez o filme pudesse demorar um pouco mais e explorar mais os personagens. O título me incomodou porque pensei que era uma referência do Candomblé e no final ficou meio solto. Mas no geral, estou orgulhosa do cinema brasileiro!
Instigante, carrega uma musicalidade envolvente, personagens reais e fora do padrão de beleza cinematográfico. Carrega um humor que por pouco não cai no grotesco, mas talvez por isso mesmo seja um bom humor. Tem duas pitada que se misturam nesse humor que deixam o filme bastante original, que é um tom onírico-surreal que por sua vez abre um espaço para a loucura aparecer.
É um filme que alcança uma dimensão da existência que nos aterroriza; esse alcance penetra no interior do personagem e nos leva a ter uma visão muito intima das sensações, nos leva a ver e a tocar o impronunciável.Nos leva a sentir o que nunca provamos: a potência mais bela do cinema.
É um filme delicado. Os personagens são muito bem construídos e a intimidade do lar se revela de uma forma natural. As primeiras impressões me levaram para o universo do Miyazaki (Totoro) e o o filme do Kurosawa, Rapsódia em Agosto (uma cena em específico, mas a tonalidade do filme como um todo me remeteu bastante a este filme). Claro, salvando as devidas singularidades culturais de cada oriental, senti essas referências muito latente. O mais interessante é que o diretor traz essa conflito do estrangeiro, essa nostalgia da terra natal e uma luta triste em manter os costumes, a tradição (um ode a Ozu?). Ele traz também muito dessa transição rural>urbana; quase que um grito perdido de resistência, que não encontra ancoragem própria. Fiquei com a impressão que é um filme com inspiração autobiográfica também, principalmente por saber que o diretor é um coreano que vive nos EUA. E também pelos takes que partem da visão do garotinho.
Pode ser viagem, mas me pareceu que a vovó espiritualmente pegou os males que abatiam o netinho na noite que teve o AVC. Porque depois disso o neto melhora do coração, e é justamente nessa noite que ela diz que ele não vai precisar ir pro céu, e fala com uma força espiritual bastante grande.
É surpreendente a estética da animação, que por ser em 2D, traz quadros estáticos e planificados, provocando uma lembrança de jogos mais antigos sobre feudos; e ao mesmo tempo carrega um tom poético, com as imagens que lembram também a ilustrações de livros de conto de fadas. Alguns takes se demorando das imagens, causa deslumbramento, e vai aproximando gradativamente das tonalidades mágicas da floresta.
Lembra Miyazaki, por se tratar de um realismo mágico em animação que aborda a relação abissal e conturbada entre o ser humano e a Natureza.
O roteiro tem seus clichês, porém desmistifica o esteriótipo da bruxa como sendo má, e faz ver sua relação diferenciada com a Natureza, enquanto o homem corre em busca de dominação, a garotinha busca por uma reconciliação. É bem lindo e sensível.
É magnífico como a diretora faz ver tudo o que está encoberto e naturalizado no ser uma mulher solteira e "dona de casa", apenas pelos gestos, postura, olhar. Cada acontecimento é visto na sua realidade intangível, naquilo que há de mais íntimo, mais próximo junto a uma solidão avassaladora. A direção é realmente impecável, cada detalhe vem a tona devido a um fundo estático, possibilitando muitas reflexões e uma denúncia feita através de uma sutileza que grita.
Pra mim é um longa impecável. Podem reclamar da lentidão, que incomoda mesmo, mas sinto que esse incômodo é proposital. A fotografia é bela e divina, o tema religioso sobre o sacrifício de Abraão é genial e me fez pensar no filósofo existencialista Kiekergaard que pensou muuuuito sobre essa passagem bíblica que Deus pede a Abraão que mate o pŕoprio filho. Ele diz “A coisa crucial é encontrar uma verdade que seja verdade para mim, encontrar a ideia pela qual eu esteja disposto a viver e morrer”. Kiekergaard olha essa passagem bíblica e fala sobre o Salto da Fé, apontando para uma ação que não é racional, que deve-se crer absolutamente na essência infinita de Deus, e também é uma ação radical, que é impossível de saber suas consequências, nesse sentido é uma ação feita no escuro e ao mesmo tempo é a única que se pode tomar (por algum motivo).
Impactada. Cada cena é um impacto na alma. Um filme mudo mas que diz tudo no gesto e na edição: o preto e branco leva para um mundo onírico e escuro, caminhadas abissais e alguns horizontes vazios que a câmera revela com maestria enraizada na visão de uma infância silenciosa e invisibilizada.
Chego a pensar como um filme-documentário, por retratar, por trás de uma trama ficcional com diversas narrativas que se cruzam, um contexto tão real do Rio de Janeiro que é possível enxergar o efeito do racismo e da marginalização do povo negro que passam a habitar os morros cariocas e tem sua existência vetada de estar em espaços públicos como o Jardim Botânico e o Pão de Açúcar (processo de higienização urbana que vemos até hoje em SP quando instalam um mar de pedras em baixo do viaduto). O nascimento da violência e o poder do samba como resistência. Além de idiossincrasias cariocas que sobrevivem até hoje, como a tradicional venda de amendoins em conizinhos pela cidade (hoje mais vista nos bares), inclusive feito até hoje por boa parte da população em situação de vulnerabilidade. O registro imagético-real da cidade em 1955 quando era apenas "Morros e Arranha Céus". O futebol na sua fúria insana e no seu calor humano. A mulher sendo vista apenas como um corpo e sofrendo nas mãos do conservadorismo. Enfim, o Brasil. Cinema novo é isso, retrato real com personagens reais e atores amadores. Me fez refletir sobre: como nós brasileiros não consumimos o cinema brasileiro, como nós brasileiros não temos memória.
O final é mais do que péssimo, é grotesco. Me senti como se eu fosse enganada, a série se mostra envolvente, bons atores e com fotografia linda, mas no fundo não tem nada de novo e traz elementos de Strange Things, Dark e The OA (indiretamente), o que não é necessariamente ruim se não fosse por um final horrível. Fiquei com raiva por ter sido fisgada e perdido meu tempo. Porque é isso, parece que vai ser no mínimo bom, por usarem do mistério para despertar nosso interesse, mas é uma armadilha.Talvez a única coisa original é o fato da série ter sido feita na Dinamarca e não nos EUA, e trazido um pouco da cultura ancestral de lá, no entanto o final conseguiu estragar até mesmo isso. Poderiam muito ter feito algo melhor, dado os recursos que eles tinham.
“- A sua infância foi tão sombria assim? - Claro que tive momentos de alegria, de felicidade, até. Mas quero dizer que o sofrimento é como um farol sobre você, à noite faz desaparecer tudo”
Bacurau, um pássaro bravo que só sai à noite, é o nome de uma cidade, quase esquecida pela sociedade, mas que possui o que esta tem muito pouco: coletividade. A comunidade de Bacurau tem um espaço comum à todos, a própria vila, com a sua história, moradores e tradições psicotrópicas, formam um corpo simples e orgânico. Esse longa metragem é nostálgico, mas é muito mais do que isso, muito muito muito mais. Ele me despertou diversas sensações, desde de desprezo e nojo, até o sublime. Ele fala de um povo que luta não só pela sua terra, mas pela sua história, e principalmente pelo direito de existir. O filme começa com caixões que caíram de um caminhão e ficaram espalhados no meio da estrada, simbólico pois a moça estava nesse momento a caminho do enterro da querida avó. Sutilmente, anuncia-se que a morte está chegando na cidade, e que ela vem pela estrada, de fora da cidade, uma morte vinda do exterior, uma morte estrangeira...
filme não se entrega, há um mistério que cerca o vilarejo de Bacurau. Eles estão abandonados, e tem alguém querendo a cabeça de um tal de Lunga, que vive nas margens do vilarejo com outros moradores “marginais”, que fazem sua proteção com armas para protegê-lo. Além disso, tem o Pacote, que é um morador que vive na comunidade e é respeitado por ela, entretanto carrega um passado sombrio, que bizarramente é transmitido para os locais assistirem num caminhão pequeno com um telão na traseira. O que passa nesse telão é Pacote assassinando a sangue frio pessoas aleatórias que são surpreendidas e mal dá tempo delas se assustarem, ele as mata. Ele atira e sai, em todas as ocasiões, como se tivesse dando um rápido recado sem direito a réplica. Daí talvez derive o nome, um “pacote” de mortes. No vídeo tem um slogan em vermelho com efeito que simula sangue escorrendo no canto da tela, onde está escrito: pacote, teco quente. Algo assim. A cena sugere que a população está admirando aquele vídeo, que estranhamente se parece com uma propaganda. O crime é um traço da cidade, mas não é qualquer crime, o crime parece que está ali para salvar, como uma defesa. O que é o crime, afinal? Não seria também uma forma de defesa da vida? Por que se comete um crime? O que leva um ser humano a matar o outro? O que é a vida em um contexto de miséria e escassez? Nesse filme a vida é colocada em questão. Há quem calcule a vida pelo seu tempo de vida, tirar a vida de uma criança é um crime, mas de um adolescente que tem mais tempo de vida, pode ser que não...Como se calcula a vida? Toda a vida tem o direito à vida? Essas questões são colocadas quando entram os americanos na história. Um grupo de americanos que idolatram armas antigas e a supremacia branca, selecionaram Bacurau como sendo o lugar perfeito para jogarem uma espécie de Free Fire na vida real. Por ser uma vila esquecida por todos, e que eles conseguiram retirá-la do satélite, ninguém no mundo sentiria falta das pessoas que ali vivem. Esse jogo que os americanos querem jogar em Bacurau é o mesmo jogo virtual que milhares de pessoas jogam, só que na vida real: matar pessoas e ganhar uma pontuação específica calculada para cada vida tirada. O que está em jogo? A adrenalina surreal de estar vivendo no próprio corpo, o que até então só se praticava no virtual. E o amor por armas. É o que une esses americanos sociopatas. Uma das genialidades do filme é retratar a realidade nos seus pormenores. Os americanos são atores americanos, e agem como de fato agem americanos racistas, que cultuam a supremacia branca e são quase todos bem idiotas. Ver o cinema brasileiro caracterizando os americanos como os idiotas que eles realmente são, é uma sensação inexplicável. Uma sensação quase que estranha, pois vivemos e somos uma sociedade que venera hollywood e a cultura americana, sentir nojo dos americanos é um sentimento atípico. Junto a isso, sentir vontade de ser mais brasileiro, de se conectar com os seus, de buscar as raízes brasileiras, vem ao peito uma sensação até de culpa. Esse filme provoca a nossa essência. Desperta o desejo de sermos nós, e não eles. Desperta o desejo de se encontrar aqui, e não lá fora. Não seria isso o verdadeiro nacionalismo? Uma vontade de amar e se identificar com a nação, de defender nossa terra, nosso povo e nossa cultura? É um filme, um verdadeiro filme, que nos convoca a nos pensar e repensar. Outra demonstração verídica da realidade, é a presença da tecnologia em Bacurau. Antes do ataque dos americanos, a cidade tinha sinal de internet e estava no google maps, até que foi cortada pelos americanos; a população é super conectada em Bacurau, quando alguém passa pela entrada da cidade, o morador que ali vive e assiste quem entra e sai, comunica instantaneamente no grupo do whatsapp quem está chegando. Na escola, o professor vai mostrar para as crianças, usando um tablet, onde fica Bacurau no googlemaps, estranhando que Bacurau não aparece no mapa ele leva as crianças para um computador mais sofisticado, que fica dentro da escola a fim de procurar a cidade e consternado constata que ela tinha sumido do satélite. Ao contrário do que se pode imaginar de um vilarejo que está a deus dará, há muita informação e tecnologia compartilhada. Os próprios americanos pressupõe estupidez dos locais, vigiando-os com um drone em formato de disco voador para enganá-los; quando um velho vê o “disco voador” corre e relata à Pacote para tomar cuidado com o céu, pois haviam drones disfarçados de disco voador. Isso quebra também com o estigma das cidades pequenas famosas por visitar alienígenas. Em Bacurau não, em Bacurau a lenda é dos cangaceiros, ou melhor, ali naquela terra o cangaço não morreu, ele estava apenas enterrado, esperando... Lunga e seus comparsas traz esse espírito do cangaço, o fora da lei, que vive nas margens, possui armas, sua cabeça é caçada, no entanto a população o respeita. Como se, seja lá o que ele tenha feito, foi em nome de algo nobre. Assim como o Pacote, que é um fora da lei e também é admirado pelo povo. A referência a Lampião é atualizada no filme, cangaceiro ilustre, um herói e um bandido, que roubava para dar os pobres e clamava justiça social. O filme traz o cangaço como uma memória fraca, mas que sobrevive nos confins do sertão, enterrada. Precisamos desenterrar nossa história, que deixaram a esquecer. E é preciso fazer isso para que ela não desapareça de vez, como Bacurau sumiu do mapa, nossa cultura pode “sumir” da mesma forma... O filme é visceral e alarmante, ele toca através do sangue, da fúria e do facão, e convoca ao mostrar uma irrealidade tão real. O que Black Mirror não foi esse ano, Bacurau foi. Bacurau com a estética brasileira do sertão, constrói uma narrativa black mirror para mostrar o lado sinistro da nossa nação no contexto atual. Faz uma síntese distópica original do que vivemos no Brasil, sem esquecer do contexto global. Impossível não lembrar dos adolescentes que entraram na escola de Suzano atirando nas crianças imitando o jogo Free Fire. Este, é inspirado no termo militar americano “free fire”, se refere a uma área que os soldados podem atirar em qualquer pessoa; no jogo, todos são seus inimigos e vence quem conseguir matar todos e sobreviver sozinho na arena. Há essa primeira camada óbvia no filme, que remete ao massacre de Suzano e ao jogo quase que explicitamente: um bando de americanos jogando Free Fire na vida real em um vilarejo esquecido por deus no interior do sertão brasileiro. Mas o filme é bem mais profundo que isso... Esses são elementos reais e assustadores tirados diretamente da realidade brasileira: o massacre de Suzano e o imperativo americano. Nisso, o filme coloca a pitada de Black Mirror: leva ao extremo o uso da tecnologia pelo homem. Como a tecnologia corrompe o homem? Ou o homem corrompe a tecnologia? O que diria Rousseau se estivesse vivo? Junto à narrativa original do sertão, que evoca de forma sutil e obscura o cangaço. É mais do que um filme completo, é um filme que transborda. Que faz ver o psicotrópico ligado a tradição e ao coletivo, recupera o uso da substância em contexto de conexão com a comunidade. O psicotrópico aqui aparece como força, como elemento que vai prover o que faltar dentro de cada um para fazer o que deve ser feito. Muito diferente de como ele é usado no mundo urbano, como pura forma de entretenimento e fuga. Pelo contrário, as pessoas em Bacurau usam o psicotrópico para encarar a realidade, e não para fugir dela. É pra justamente penetrar no real, compor ele da melhor forma possível e obter movimentos genuínos, como a fluidez de uma roda de capoeira.
No geral, não há nada de propriamente novo na série. Com exceção aos personagens, que são introduzidos mansamente até você se vê íntimo deles. Os arcos paralelos seguem em alto nível, até se encontrarem como nas outras temporadas. um pouco problemático a dicotomia comunistas e capitalistas. O que fica no imaginário do público infantil pode ser um ode aos shoppings, fazer compras pra passar a bad é cool e russos são do mal. Me incomodou os personagens gritando tanto (principalmente o Dustin). As falas da Eleven eram os minutos suaves, melodia doce. Poderia ter mais...
Tem um tom realista que me agradou, o drama é apresentado, mas não há uma exploração intensa no sentido apelativo, ela só é e você só entende, sem que seja necessário se aprofundar. É como se os olhares falassem por si, trata-se o inefável como o inefável.
A simplicidade do roteiro é trabalhado com tato na direção, porém essa modéstia me deixou um pouco entendiada em alguns momentos. É um filme cru, nada é enfeitado. Captura aqueles que gostam da temática de viver fora da sociedade, mas pode ser monótono para maioria.
“Mas então o Sol se põe. No horizonte de areia infinito há um pôr do Sol. Começou em tons de laranja, e então ficou vermelho-sangue, e então roxo, e azul-marinho.. Enquanto isso, foi escurecendo e sol sumindo, e de repente lágrimas começaram a cair. Foi como se eu tivesse alcançado o fim do mundo. Esse pensamento veio à minha mente. E eu quis desaparecer que nem aquele Sol. Mas morrer é assustador... Então desejei poder desaparecer como se nunca tivesse existido."
Não entendi porque a Claire se meteu a ser esteticamente bruta. O que mais me atraia nela era sua frivolidade coberta pelo fino véu de sua delicadeza e elegância. Nessa temporada ela soa o tempo inteiro falsa (principalmente o sorriso). A impressão que fiquei foi que eles tentaram masculinizá-la para ela ocupar uma função que é majoritariamente exercida por homens, o que é tosco, porque feminilidade não é um problema...
*A única coisa boa dessa temporada foi ver o gabinete SÓ com mulheres*
Muitos pontos interessantes em todos os sentidos. Primeiro que o roteiro é inovador, ameaça entrar em um clichê que passa longe. A personagem da Amy Adams é desenvolvida com um profundidade que cortou o meu coração. A interpretação dela foi respeitosa, mas não foi o principal e isso foi bom porque deu espaço pros outros personagens também. A solidão e a importância dos laços afetivos são temas abordados delicadamente, em um fundo que compõe toda a trama. Pra mim a edição também foi inovadora e fundamental para a imersão completa do espectador na pele da Amy, o uso dos flashsbacks que nos trasporta para o passado, mas ao mesmo tempo conserva o aqui e o agora com elementos da cena presente, colocando um pezinho aqui e outro no passado. São elementos muito sutis, como o barulho da água na banheira em um momento que ela está lembrando do passado enquanto se banha. Isso faz com que você sinta que está rememorando junto com o personagem. Achei essa técnica incrível e foi a primeira vez que vi.
Eu estou digitando com o rosto melado de lágrimas. Que final da porra foi esse?! Amei muito, os personagens foram super bem desenvolvidos, nos apegamos a cada um com carinho real por todos eles. O trágico sempre acompanhado de bom humor, traz à série um tom leve e inteligente na medida certa. No mais, a nostalgia do colégio bate muito forte para aqueles que, como eu, tiveram um prof incrível de filosofia.
Esse é mais um daqueles filmes com um roteiro inovador e insano que muita gente vai meter o pau porque teve preguiça de pensar. Dito isso, sim o início você tem aquela sensação WTF? Lembra um pouco Ilha do Medo com uma mistura de Stalker. Mas o filme vai desabrochando e em questões como: o que somos afinal? O filme mostra em um breve diálogo a teoria da autodestruição celular, brinca com engenharia genética e com o inevitável ciclo da vida: nascer e morrer. Genial.
Friends and Strangers
2.9 7 Assista AgoraTraz uma visão da Austrália e dos australianos bem de perto, de um modo bem particular. Os personagens vão ganhando interesse e logo desaparecem, o que deixa o título do filme mais potente pois é uma intimidade súbita que nunca se prolonga ao ponto de sair da estranheza. Os diálogos são primorosos e em espirais que levam sempre a um certo desconforto.
Tem uma suave crítica ao racismo australiano, mas aparece só como uma mensagem subliminar, o que não é ruim. É como se ele n tivesse no que se aprofundar a não ser na branquitude e a honestidade com a qual ele tratou isso foi curiosa, justamente por n colocar essa questão como trama, mas sim enquanto contexto.
Rodantes
3.5 9 Assista AgoraO filme tem um ritmo fluído e envolvente, com um movimento de narrativa que vai para dentro dos personagens, como um mergulho subjetivo dentro de cada personagem, que ora nos leva para o passado, ora paro futuro e ora pro irreal talvez, o filme não pretende explicar, mas passar sensações e nos levar para dentro das mentes. Porém, tiveram muitas cenas de estupro com a prostituta Fabiana, que a personagem mais cativante e que infelizmente ficou nesse lugar de porra louca durona pra caralho e só, mas senti que ela tinha potência para mostrar outras dimensões. A fotografia é linda, e as atuações muito boas e naturais. O filme foi gravado em Rondônia, então traz um regionalismo bem realista, como garimpo ilegal, imigração, homofobia e violência de gênero. Mas talvez o filme pudesse demorar um pouco mais e explorar mais os personagens. O título me incomodou porque pensei que era uma referência do Candomblé e no final ficou meio solto.
Mas no geral, estou orgulhosa do cinema brasileiro!
Em Trânsito
3.8 48 Assista AgoraO anacronismo visual me parece uma critica, um apontamento de que o neofascismo esta aí…Drama super envolvente, tudo que esse cara faz é bom pqp.
Durval Discos
3.7 336 Assista AgoraInstigante, carrega uma musicalidade envolvente, personagens reais e fora do padrão de beleza cinematográfico. Carrega um humor que por pouco não cai no grotesco, mas talvez por isso mesmo seja um bom humor. Tem duas pitada que se misturam nesse humor que deixam o filme bastante original, que é um tom onírico-surreal que por sua vez abre um espaço para a loucura aparecer.
Um Dia com Jerusa
3.5 17Um encontro mágico <3
Meu Pai
4.4 1,2K Assista AgoraÉ um filme que alcança uma dimensão da existência que nos aterroriza; esse alcance penetra no interior do personagem e nos leva a ter uma visão muito intima das sensações, nos leva a ver e a tocar o impronunciável.Nos leva a sentir o que nunca provamos: a potência mais bela do cinema.
Judas e o Messias Negro
4.1 517 Assista AgoraA angústia diante do bem
Minari - Em Busca da Felicidade
3.9 551 Assista AgoraÉ um filme delicado. Os personagens são muito bem construídos e a intimidade do lar se revela de uma forma natural. As primeiras impressões me levaram para o universo do Miyazaki (Totoro) e o o filme do Kurosawa, Rapsódia em Agosto (uma cena em específico, mas a tonalidade do filme como um todo me remeteu bastante a este filme). Claro, salvando as devidas singularidades culturais de cada oriental, senti essas referências muito latente.
O mais interessante é que o diretor traz essa conflito do estrangeiro, essa nostalgia da terra natal e uma luta triste em manter os costumes, a tradição (um ode a Ozu?). Ele traz também muito dessa transição rural>urbana; quase que um grito perdido de resistência, que não encontra ancoragem própria.
Fiquei com a impressão que é um filme com inspiração autobiográfica também, principalmente por saber que o diretor é um coreano que vive nos EUA. E também pelos takes que partem da visão do garotinho.
Pode ser viagem, mas me pareceu que a vovó espiritualmente pegou os males que abatiam o netinho na noite que teve o AVC. Porque depois disso o neto melhora do coração, e é justamente nessa noite que ela diz que ele não vai precisar ir pro céu, e fala com uma força espiritual bastante grande.
Wolfwalkers
4.3 236 Assista AgoraÉ surpreendente a estética da animação, que por ser em 2D, traz quadros estáticos e planificados, provocando uma lembrança de jogos mais antigos sobre feudos; e ao mesmo tempo carrega um tom poético, com as imagens que lembram também a ilustrações de livros de conto de fadas. Alguns takes se demorando das imagens, causa deslumbramento, e vai aproximando gradativamente das tonalidades mágicas da floresta.
Lembra Miyazaki, por se tratar de um realismo mágico em animação que aborda a relação abissal e conturbada entre o ser humano e a Natureza.
O roteiro tem seus clichês, porém desmistifica o esteriótipo da bruxa como sendo má, e faz ver sua relação diferenciada com a Natureza, enquanto o homem corre em busca de dominação, a garotinha busca por uma reconciliação. É bem lindo e sensível.
Jeanne Dielman
4.1 109 Assista AgoraÉ magnífico como a diretora faz ver tudo o que está encoberto e naturalizado no ser uma mulher solteira e "dona de casa", apenas pelos gestos, postura, olhar. Cada acontecimento é visto na sua realidade intangível, naquilo que há de mais íntimo, mais próximo junto a uma solidão avassaladora. A direção é realmente impecável, cada detalhe vem a tona devido a um fundo estático, possibilitando muitas reflexões e uma denúncia feita através de uma sutileza que grita.
Beginning
3.4 16 Assista AgoraPra mim é um longa impecável. Podem reclamar da lentidão, que incomoda mesmo, mas sinto que esse incômodo é proposital.
A fotografia é bela e divina, o tema religioso sobre o sacrifício de Abraão é genial e me fez pensar no filósofo existencialista Kiekergaard que pensou muuuuito sobre essa passagem bíblica que Deus pede a Abraão que mate o pŕoprio filho.
Ele diz “A coisa crucial é encontrar uma verdade que seja verdade para mim, encontrar a ideia pela qual eu esteja disposto a viver e morrer”.
Kiekergaard olha essa passagem bíblica e fala sobre o Salto da Fé, apontando para uma ação que não é racional, que deve-se crer absolutamente na essência infinita de Deus, e também é uma ação radical, que é impossível de saber suas consequências, nesse sentido é uma ação feita no escuro e ao mesmo tempo é a única que se pode tomar (por algum motivo).
O Revelador
3.9 9Impactada. Cada cena é um impacto na alma. Um filme mudo mas que diz tudo no gesto e na edição: o preto e branco leva para um mundo onírico e escuro, caminhadas abissais e alguns horizontes vazios que a câmera revela com maestria enraizada na visão de uma infância silenciosa e invisibilizada.
Rio, 40 Graus
3.9 86 Assista AgoraChego a pensar como um filme-documentário, por retratar, por trás de uma trama ficcional com diversas narrativas que se cruzam, um contexto tão real do Rio de Janeiro que é possível enxergar o efeito do racismo e da marginalização do povo negro que passam a habitar os morros cariocas e tem sua existência vetada de estar em espaços públicos como o Jardim Botânico e o Pão de Açúcar (processo de higienização urbana que vemos até hoje em SP quando instalam um mar de pedras em baixo do viaduto). O nascimento da violência e o poder do samba como resistência. Além de idiossincrasias cariocas que sobrevivem até hoje, como a tradicional venda de amendoins em conizinhos pela cidade (hoje mais vista nos bares), inclusive feito até hoje por boa parte da população em situação de vulnerabilidade. O registro imagético-real da cidade em 1955 quando era apenas "Morros e Arranha Céus". O futebol na sua fúria insana e no seu calor humano. A mulher sendo vista apenas como um corpo e sofrendo nas mãos do conservadorismo. Enfim, o Brasil.
Cinema novo é isso, retrato real com personagens reais e atores amadores.
Me fez refletir sobre: como nós brasileiros não consumimos o cinema brasileiro, como nós brasileiros não temos memória.
Equinox
2.9 70O final é mais do que péssimo, é grotesco. Me senti como se eu fosse enganada, a série se mostra envolvente, bons atores e com fotografia linda, mas no fundo não tem nada de novo e traz elementos de Strange Things, Dark e The OA (indiretamente), o que não é necessariamente ruim se não fosse por um final horrível. Fiquei com raiva por ter sido fisgada e perdido meu tempo. Porque é isso, parece que vai ser no mínimo bom, por usarem do mistério para despertar nosso interesse, mas é uma armadilha.Talvez a única coisa original é o fato da série ter sido feita na Dinamarca e não nos EUA, e trazido um pouco da cultura ancestral de lá, no entanto o final conseguiu estragar até mesmo isso. Poderiam muito ter feito algo melhor, dado os recursos que eles tinham.
Marvin
3.7 71 Assista Agora“- A sua infância foi tão sombria assim?
- Claro que tive momentos de alegria, de felicidade, até. Mas quero dizer que o sofrimento é como um farol sobre você, à noite faz desaparecer tudo”
Bacurau
4.3 2,8K Assista AgoraBacurau, um pássaro bravo que só sai à noite, é o nome de uma cidade, quase esquecida pela sociedade, mas que possui o que esta tem muito pouco: coletividade. A comunidade de Bacurau tem um espaço comum à todos, a própria vila, com a sua história, moradores e tradições psicotrópicas, formam um corpo simples e orgânico.
Esse longa metragem é nostálgico, mas é muito mais do que isso, muito muito muito mais. Ele me despertou diversas sensações, desde de desprezo e nojo, até o sublime. Ele fala de um povo que luta não só pela sua terra, mas pela sua história, e principalmente pelo direito de existir.
O filme começa com caixões que caíram de um caminhão e ficaram espalhados no meio da estrada, simbólico pois a moça estava nesse momento a caminho do enterro da querida avó. Sutilmente, anuncia-se que a morte está chegando na cidade, e que ela vem pela estrada, de fora da cidade, uma morte vinda do exterior, uma morte estrangeira...
O
filme não se entrega, há um mistério que cerca o vilarejo de Bacurau. Eles estão abandonados, e tem alguém querendo a cabeça de um tal de Lunga, que vive nas margens do vilarejo com outros moradores “marginais”, que fazem sua proteção com armas para protegê-lo. Além disso, tem o Pacote, que é um morador que vive na comunidade e é respeitado por ela, entretanto carrega um passado sombrio, que bizarramente é transmitido para os locais assistirem num caminhão pequeno com um telão na traseira. O que passa nesse telão é Pacote assassinando a sangue frio pessoas aleatórias que são surpreendidas e mal dá tempo delas se assustarem, ele as mata. Ele atira e sai, em todas as ocasiões, como se tivesse dando um rápido recado sem direito a réplica. Daí talvez derive o nome, um “pacote” de mortes. No vídeo tem um slogan em vermelho com efeito que simula sangue escorrendo no canto da tela, onde está escrito: pacote, teco quente. Algo assim. A cena sugere que a população está admirando aquele vídeo, que estranhamente se parece com uma propaganda.
O crime é um traço da cidade, mas não é qualquer crime, o crime parece que está ali para salvar, como uma defesa. O que é o crime, afinal? Não seria também uma forma de defesa da vida? Por que se comete um crime? O que leva um ser humano a matar o outro? O que é a vida em um contexto de miséria e escassez?
Nesse filme a vida é colocada em questão. Há quem calcule a vida pelo seu tempo de vida, tirar a vida de uma criança é um crime, mas de um adolescente que tem mais tempo de vida, pode ser que não...Como se calcula a vida? Toda a vida tem o direito à vida? Essas questões são colocadas quando entram os americanos na história. Um grupo de americanos que idolatram armas antigas e a supremacia branca, selecionaram Bacurau como sendo o lugar perfeito para jogarem uma espécie de Free Fire na vida real. Por ser uma vila esquecida por todos, e que eles conseguiram retirá-la do satélite, ninguém no mundo sentiria falta das pessoas que ali vivem. Esse jogo que os americanos querem jogar em Bacurau é o mesmo jogo virtual que milhares de pessoas jogam, só que na vida real: matar pessoas e ganhar uma pontuação específica calculada para cada vida tirada. O que está em jogo? A adrenalina surreal de estar vivendo no próprio corpo, o que até então só se praticava no virtual. E o amor por armas. É o que une esses americanos sociopatas.
Uma das genialidades do filme é retratar a realidade nos seus pormenores. Os americanos são atores americanos, e agem como de fato agem americanos racistas, que cultuam a supremacia branca e são quase todos bem idiotas. Ver o cinema brasileiro caracterizando os americanos como os idiotas que eles realmente são, é uma sensação inexplicável. Uma sensação quase que estranha, pois vivemos e somos uma sociedade que venera hollywood e a cultura americana, sentir nojo dos americanos é um sentimento atípico. Junto a isso, sentir vontade de ser mais brasileiro, de se conectar com os seus, de buscar as raízes brasileiras, vem ao peito uma sensação até de culpa. Esse filme provoca a nossa essência. Desperta o desejo de sermos nós, e não eles. Desperta o desejo de se encontrar aqui, e não lá fora. Não seria isso o verdadeiro nacionalismo? Uma vontade de amar e se identificar com a nação, de defender nossa terra, nosso povo e nossa cultura?
É um filme, um verdadeiro filme, que nos convoca a nos pensar e repensar.
Outra demonstração verídica da realidade, é a presença da tecnologia em Bacurau. Antes do ataque dos americanos, a cidade tinha sinal de internet e estava no google maps, até que foi cortada pelos americanos; a população é super conectada em Bacurau, quando alguém passa pela entrada da cidade, o morador que ali vive e assiste quem entra e sai, comunica instantaneamente no grupo do whatsapp quem está chegando. Na escola, o professor vai mostrar para as crianças, usando um tablet, onde fica Bacurau no googlemaps, estranhando que Bacurau não aparece no mapa ele leva as crianças para um computador mais sofisticado, que fica dentro da escola a fim de procurar a cidade e consternado constata que ela tinha sumido do satélite. Ao contrário do que se pode imaginar de um vilarejo que está a deus dará, há muita informação e tecnologia compartilhada. Os próprios americanos pressupõe estupidez dos locais, vigiando-os com um drone em formato de disco voador para enganá-los; quando um velho vê o “disco voador” corre e relata à Pacote para tomar cuidado com o céu, pois haviam drones disfarçados de disco voador. Isso quebra também com o estigma das cidades pequenas famosas por visitar alienígenas. Em Bacurau não, em Bacurau a lenda é dos cangaceiros, ou melhor, ali naquela terra o cangaço não morreu, ele estava apenas enterrado, esperando...
Lunga e seus comparsas traz esse espírito do cangaço, o fora da lei, que vive nas margens, possui armas, sua cabeça é caçada, no entanto a população o respeita. Como se, seja lá o que ele tenha feito, foi em nome de algo nobre. Assim como o Pacote, que é um fora da lei e também é admirado pelo povo. A referência a Lampião é atualizada no filme, cangaceiro ilustre, um herói e um bandido, que roubava para dar os pobres e clamava justiça social. O filme traz o cangaço como uma memória fraca, mas que sobrevive nos confins do sertão, enterrada. Precisamos desenterrar nossa história, que deixaram a esquecer. E é preciso fazer isso para que ela não desapareça de vez, como Bacurau sumiu do mapa, nossa cultura pode “sumir” da mesma forma...
O filme é visceral e alarmante, ele toca através do sangue, da fúria e do facão, e convoca ao mostrar uma irrealidade tão real. O que Black Mirror não foi esse ano, Bacurau foi. Bacurau com a estética brasileira do sertão, constrói uma narrativa black mirror para mostrar o lado sinistro da nossa nação no contexto atual. Faz uma síntese distópica original do que vivemos no Brasil, sem esquecer do contexto global. Impossível não lembrar dos adolescentes que entraram na escola de Suzano atirando nas crianças imitando o jogo Free Fire. Este, é inspirado no termo militar americano “free fire”, se refere a uma área que os soldados podem atirar em qualquer pessoa; no jogo, todos são seus inimigos e vence quem conseguir matar todos e sobreviver sozinho na arena. Há essa primeira camada óbvia no filme, que remete ao massacre de Suzano e ao jogo quase que explicitamente: um bando de americanos jogando Free Fire na vida real em um vilarejo esquecido por deus no interior do sertão brasileiro. Mas o filme é bem mais profundo que isso...
Esses são elementos reais e assustadores tirados diretamente da realidade brasileira: o massacre de Suzano e o imperativo americano. Nisso, o filme coloca a pitada de Black Mirror: leva ao extremo o uso da tecnologia pelo homem. Como a tecnologia corrompe o homem? Ou o homem corrompe a tecnologia? O que diria Rousseau se estivesse vivo?
Junto à narrativa original do sertão, que evoca de forma sutil e obscura o cangaço. É mais do que um filme completo, é um filme que transborda. Que faz ver o psicotrópico ligado a tradição e ao coletivo, recupera o uso da substância em contexto de conexão com a comunidade. O psicotrópico aqui aparece como força, como elemento que vai prover o que faltar dentro de cada um para fazer o que deve ser feito. Muito diferente de como ele é usado no mundo urbano, como pura forma de entretenimento e fuga. Pelo contrário, as pessoas em Bacurau usam o psicotrópico para encarar a realidade, e não para fugir dela. É pra justamente penetrar no real, compor ele da melhor forma possível e obter movimentos genuínos, como a fluidez de uma roda de capoeira.
Stranger Things (3ª Temporada)
4.2 1,3KNo geral, não há nada de propriamente novo na série. Com exceção aos personagens, que são introduzidos mansamente até você se vê íntimo deles.
Os arcos paralelos seguem em alto nível, até se encontrarem como nas outras temporadas. um pouco problemático a dicotomia comunistas e capitalistas. O que fica no imaginário do público infantil pode ser um ode aos shoppings, fazer compras pra passar a bad é cool e russos são do mal.
Me incomodou os personagens gritando tanto (principalmente o Dustin). As falas da Eleven eram os minutos suaves, melodia doce. Poderia ter mais...
Sem Rastros
3.5 191 Assista AgoraTem um tom realista que me agradou, o drama é apresentado, mas não há uma exploração intensa no sentido apelativo, ela só é e você só entende, sem que seja necessário se aprofundar. É como se os olhares falassem por si, trata-se o inefável como o inefável.
A simplicidade do roteiro é trabalhado com tato na direção, porém essa modéstia me deixou um pouco entendiada em alguns momentos. É um filme cru, nada é enfeitado. Captura aqueles que gostam da temática de viver fora da sociedade, mas pode ser monótono para maioria.
Em Chamas
3.9 378 Assista Agora“Mas então o Sol se põe. No horizonte de areia infinito há um pôr do Sol. Começou em tons de laranja, e então ficou vermelho-sangue, e então roxo, e azul-marinho.. Enquanto isso, foi escurecendo e sol sumindo, e de repente lágrimas começaram a cair. Foi como se eu tivesse alcançado o fim do mundo. Esse pensamento veio à minha mente. E eu quis desaparecer que nem aquele Sol. Mas morrer é assustador... Então desejei poder desaparecer como se nunca tivesse existido."
House of Cards (6ª Temporada)
3.1 202 Assista AgoraNão entendi porque a Claire se meteu a ser esteticamente bruta. O que mais me atraia nela era sua frivolidade coberta pelo fino véu de sua delicadeza e elegância. Nessa temporada ela soa o tempo inteiro falsa (principalmente o sorriso). A impressão que fiquei foi que eles tentaram masculinizá-la para ela ocupar uma função que é majoritariamente exercida por homens, o que é tosco, porque feminilidade não é um problema...
*A única coisa boa dessa temporada foi ver o gabinete SÓ com mulheres*
Objetos Cortantes
4.3 833 Assista AgoraMuitos pontos interessantes em todos os sentidos.
Primeiro que o roteiro é inovador, ameaça entrar em um clichê que passa longe. A personagem da Amy Adams é desenvolvida com um profundidade que cortou o meu coração. A interpretação dela foi respeitosa, mas não foi o principal e isso foi bom porque deu espaço pros outros personagens também. A solidão e a importância dos laços afetivos são temas abordados delicadamente, em um fundo que compõe toda a trama.
Pra mim a edição também foi inovadora e fundamental para a imersão completa do espectador na pele da Amy, o uso dos flashsbacks que nos trasporta para o passado, mas ao mesmo tempo conserva o aqui e o agora com elementos da cena presente, colocando um pezinho aqui e outro no passado. São elementos muito sutis, como o barulho da água na banheira em um momento que ela está lembrando do passado enquanto se banha. Isso faz com que você sinta que está rememorando junto com o personagem. Achei essa técnica incrível e foi a primeira vez que vi.
Merlí (3ª Temporada)
4.4 186Eu estou digitando com o rosto melado de lágrimas. Que final da porra foi esse?! Amei muito, os personagens foram super bem desenvolvidos, nos apegamos a cada um com carinho real por todos eles. O trágico sempre acompanhado de bom humor, traz à série um tom leve e inteligente na medida certa. No mais, a nostalgia do colégio bate muito forte para aqueles que, como eu, tiveram um prof incrível de filosofia.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraBreve sinopse: peidei sem querer e fui devorado por um Demongorgon.
Aniquilação
3.4 1,6K Assista AgoraEsse é mais um daqueles filmes com um roteiro inovador e insano que muita gente vai meter o pau porque teve preguiça de pensar.
Dito isso, sim o início você tem aquela sensação WTF? Lembra um pouco
Ilha do Medo com uma mistura de Stalker. Mas o filme vai desabrochando e em questões como: o que somos afinal?
O filme mostra em um breve diálogo a teoria da autodestruição celular, brinca com engenharia genética e com o inevitável ciclo da vida: nascer e morrer. Genial.