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Amo histórias em quadrinho (DC > Marvel) e assistir séries. Filmes em animação são minha paixão (PIXAR e Ghibli), Radiohead é minha banda favorita e teatro é a minha vida.
https://medium.com/@migloko.serpa
Enquanto eu considero Ilha de Cachorros o melhor filme de animação do ano até agora (sorry, Os Incríveis 2), ele ainda tem uns erros que o impedem de ser perfeito.
Sendo um filme de Wes Anderson, OBVIAMENTE que toda a parte visual e técnica é incrível. No entanto eu achei o roteiro um tanto quanto pobre e convoluto em muitos momentos. Toda a temática da opressão e violência sistêmica contra um grupo é muito mal trabalhado, com o filme chutando o pau da barraca e ao invés de trabalhar o tema com cuidado, mostrando-o como algo resultante de anos de história e animosidade e do preconceito atrelado aos humanos, ele prefere culpabilizar um único indivíduo e o coloca como conscientemente arquitetando todo um plano para fazer o povo japonês odiar os cães. E depois, o final é extremamente simplista, com tudo sendo revertido em um piscar de olhos, e final feliz, os cães são integrados de volta na sociedade humana sem animosidades ou cicatrizes causadas pelo passado. Eu sinto que Wes Anderson queria colocar uma temática política em seu filme, mas não soube como fazê-la de maneira orgânica, especialmente quando queria que seu filme terminasse em um final feliz para todos, e com um tema tão sério e realista assim, isso é raramente o que aconteceria na vida real. E é triste porque não é como se o filme tivesse o tempo todo mostrando isso como algo banal que pudesse facilmente ser revertido, e ao invés ele levava muito a sério toda a segregação e opressão que os cachorros sofriam nas mãos humanas, apenas para chutar o pau da barraca no final e mudar violentamente de tom.
Além disso, senti que o filme ficou convoluto demais e lotado de subtramas e - especialmente - personagens (qual exatamente é a função da Scarlet Johanson aqui?)
Ainda assim, quando o filme acerta, ele acerta tudo. A relação entre Atari e Chefe é belissimamente construída, e a matilha de cachorros principais é muitíssimo carismática (ajudada pelo excelente texto de Anderson e pelo elenco estelar que lhes dá a voz). Parte de mim deseja que o filme apenas se mantivesse com os cachorros e Atari, sem todas as complicações políticas, porque ele funciona melhor como uma despretensiosa aventura de um garoto e seu cachorro, e até a parte política é melhor quando é deixada de plano de fundo. Nós conseguimos sentir o impacto de como a realidade difícil da sociedade afeta esses cachorros sem termos que enfiarmos um pau no vespeiro e analisarmos com uma lupa toda a conjuntura política da cidade de Megasaky. Isso só enfraquece o filme porque ele não tem os culhões necessários para tratar de algo tão complexo, então, sim, ele definitivamente deveria ter se mantido como uma história de aventura e amizade.
https://medium.com/@migloko.serpa/ilha-de-cachorros-2018-b2befb8167a3