Esse documentário gerou uma dúvida em mim. Alguns religiosos dizem que o aborto interfere no plano divino daquele espírito que seria o bebê a nascer. Ou seja, desde os primeiros momentos do feto já há um espírito encarnado nele e abortar seria atrapalhar o plano divino. Mas e no caso de pessoas já nascidas? Se formos usar essa lógica, deixar pessoas ligadas a aparelhos, fazer transfusões ou sequer tomar remédios também seria interferência. Não é uma lógica nova, existem muitas religiões que já a seguem plenamente deixando de fazer as coisas agora citadas. Mas ainda assim acho válido trazer a tona que não adianta ser extremista quando se trata de aborto se não for pra ser extremista com outras intervenções humanas, porque é hipocrisia. Se você é contra o aborto porque interfere na lei divina, se você sofrer um acidente vai ter que se permitir morrer também, por exemplo, já que pra sobreviver você usaria de meios não-naturais (transfusões, etc). Dentre outros exemplos.
Pra quem está acostumado com documentários ou leituras desse tema, é um clichê, mas serve bem como um resumo num geral. Apesar de conter alguns poucos pontos que eu não havia visto em outras obras do gênero. É como uma prévia, um estímulo para aqueles que estão começando a questionar a forma como a sociedade funciona, ou estão aptos à isso.
"Mais tarde, ela contou-me que quando sentisse a morte aproximando-se ela iria torcer o pescoço de seu pequeno companheiro para que ele não sofresse com seu desaparecimento. Não é isso que devemos sempre fazer com as pessoas que amamos? Você já pensou sobre isso? Eu não estaria aqui hoje..."
Sade foi acometido pelo machismo de sua época, assim como Shakespeare pelo racismo. Sua filosofia teria maior credibilidade se ele acreditasse que ao homem não se resume apenas o ativo, assim como a mulher não se resume o passivo, porém a ambos sexos cabem as mesmas forças. Ele, que via a si mesmo como a boca que cospe na face de deus, provavelmente não notou que sua visão pelas mulheres é a típica visão que espera-se de um bom cristão. E até nesse ponto Sade mostra-se demasiadamente humano, afinal, o que é o ser humano senão um punhado de contradições?
Acredito que mesmo que eu assistisse sem saber quem é o diretor ainda assim descobriria que é Nacho Cerdà. A sensibilidade dele é algo palpável, a maneira poética como conduz coisas tenebrosas, o conjunto todo é sempre tocante e faz com que, pelo menos eu, sinta-se seus filmes na pele, literalmente. É como se os personagens tocassem suas peles entre si e a minha própria pele experimentasse um espectro poético desse toque.
O perfeccionismo de Remy Couture é algo notável. Gostei da estética do primeiro filme, especialmente os detalhes de putrefação. A atuação das atrizes não é das melhores - a do primeiro filme é vergonhosa e a do segundo é aceitável. Já a atuação do homem que faz o assassino é digna.
A priori, as carícias dele nas vítimas parece afeto, mas se pensadas uma segunda vez parecem na verdade apesar uma forma de apreciar o momento - a apreciação do que se está fazendo. Não entendi tão bem a aparição da criança. Seria ele mais novo? Alguma sugestão de que a raiz da parafilia está nos primórdios de sua existência? Não sei. Impossível também não refletir sobre a maneira como ele parece não se sentir confortável em estar em sua própria mente, em contraste com seu prazer no assassinato e na necrofilia.
É difícil falar sobre filmes/curtas como esse porque eles parecem ser feitos para apenas terem sentido para quem o fez, e soarem abstratos para o resto do mundo. Como alguns feitos de David Lynch. Porém, estando "certos ou errados" acabamos tirando a nossa própria impressão deles, e isso é uma das partes mais simpáticas de filmes abstratos. Eu vi o curta como um grande ''enfiar o dedo'' na ferida, pois para a maior parte das pessoas que o assistirem será uma experiência de nojo, porém ao mesmo tempo tudo que se passa ali é o que se passa no nosso dia-a-dia. Contudo, ter nojo do que se vê ali soa como ter nojo de suas próprias ações.
A repetição dos mesmo atos, na minha opinião, foi feita para dar um efeito de equivalência entre os mesmos. São quatro atos feitos de maneiras diferentes, mas nenhum dos quatro deixa de ser uma necessidade fisiológica, então, por que há o repúdio de um e a naturalidade em se lidar com outro? Não são todas igualmente necessárias e igualmente tidas por todos nós?
One Breath Around The World
4.6 4Ironicamente, é um curta que nos deixa sem ar por seu esplendor.
Para Onde Foram as Andorinhas?
4.3 7Digite a Url do Youtube e coloque watch?v=T0-INQW3It0 no final, após a última barra, para assistir.
Extremis
3.8 105 Assista AgoraEsse documentário gerou uma dúvida em mim. Alguns religiosos dizem que o aborto interfere no plano divino daquele espírito que seria o bebê a nascer. Ou seja, desde os primeiros momentos do feto já há um espírito encarnado nele e abortar seria atrapalhar o plano divino.
Mas e no caso de pessoas já nascidas? Se formos usar essa lógica, deixar pessoas ligadas a aparelhos, fazer transfusões ou sequer tomar remédios também seria interferência.
Não é uma lógica nova, existem muitas religiões que já a seguem plenamente deixando de fazer as coisas agora citadas. Mas ainda assim acho válido trazer a tona que não adianta ser extremista quando se trata de aborto se não for pra ser extremista com outras intervenções humanas, porque é hipocrisia. Se você é contra o aborto porque interfere na lei divina, se você sofrer um acidente vai ter que se permitir morrer também, por exemplo, já que pra sobreviver você usaria de meios não-naturais (transfusões, etc). Dentre outros exemplos.
Tarô de Marselha
4.5 8Eu assistiria tranquilamente mais uns 50 minutos.
Hanging On
2.0 1Um pouco forçado, mas bonito.
A Mentira Em Que Vivemos
4.3 6Pra quem está acostumado com documentários ou leituras desse tema, é um clichê, mas serve bem como um resumo num geral. Apesar de conter alguns poucos pontos que eu não havia visto em outras obras do gênero.
É como uma prévia, um estímulo para aqueles que estão começando a questionar a forma como a sociedade funciona, ou estão aptos à isso.
Everything Visible Is Empty
3.4 6Para mim só ler o título do filme já proporcionou a reflexão proposta. Bem interessante.
L'amateur
4.4 2"Mais tarde, ela contou-me que quando sentisse a morte aproximando-se ela iria torcer o pescoço de seu pequeno companheiro para que ele não sofresse com seu desaparecimento. Não é isso que devemos sempre fazer com as pessoas que amamos? Você já pensou sobre isso? Eu não estaria aqui hoje..."
Filosofia na Alcova
3.6 1Sade foi acometido pelo machismo de sua época, assim como Shakespeare pelo racismo. Sua filosofia teria maior credibilidade se ele acreditasse que ao homem não se resume apenas o ativo, assim como a mulher não se resume o passivo, porém a ambos sexos cabem as mesmas forças. Ele, que via a si mesmo como a boca que cospe na face de deus, provavelmente não notou que sua visão pelas mulheres é a típica visão que espera-se de um bom cristão. E até nesse ponto Sade mostra-se demasiadamente humano, afinal, o que é o ser humano senão um punhado de contradições?
Genesis
4.1 35Acredito que mesmo que eu assistisse sem saber quem é o diretor ainda assim descobriria que é Nacho Cerdà. A sensibilidade dele é algo palpável, a maneira poética como conduz coisas tenebrosas, o conjunto todo é sempre tocante e faz com que, pelo menos eu, sinta-se seus filmes na pele, literalmente.
É como se os personagens tocassem suas peles entre si e a minha própria pele experimentasse um espectro poético desse toque.
O Pássaro Azul
3.9 16Melancólico e singelo.
A Paixão dos Mortos
2.2 33Uma estrela para maquiagem, e meia para a escolha de trilha sonora, e é só.
Inner Depravity: Vol 1
3.3 17O perfeccionismo de Remy Couture é algo notável. Gostei da estética do primeiro filme, especialmente os detalhes de putrefação.
A atuação das atrizes não é das melhores - a do primeiro filme é vergonhosa e a do segundo é aceitável. Já a atuação do homem que faz o assassino é digna.
A priori, as carícias dele nas vítimas parece afeto, mas se pensadas uma segunda vez parecem na verdade apesar uma forma de apreciar o momento - a apreciação do que se está fazendo.
Não entendi tão bem a aparição da criança. Seria ele mais novo? Alguma sugestão de que a raiz da parafilia está nos primórdios de sua existência? Não sei.
Impossível também não refletir sobre a maneira como ele parece não se sentir confortável em estar em sua própria mente, em contraste com seu prazer no assassinato e na necrofilia.
16/67: 20. September
3.0 3É difícil falar sobre filmes/curtas como esse porque eles parecem ser feitos para apenas terem sentido para quem o fez, e soarem abstratos para o resto do mundo. Como alguns feitos de David Lynch. Porém, estando "certos ou errados" acabamos tirando a nossa própria impressão deles, e isso é uma das partes mais simpáticas de filmes abstratos.
Eu vi o curta como um grande ''enfiar o dedo'' na ferida, pois para a maior parte das pessoas que o assistirem será uma experiência de nojo, porém ao mesmo tempo tudo que se passa ali é o que se passa no nosso dia-a-dia. Contudo, ter nojo do que se vê ali soa como ter nojo de suas próprias ações.
A repetição dos mesmo atos, na minha opinião, foi feita para dar um efeito de equivalência entre os mesmos. São quatro atos feitos de maneiras diferentes, mas nenhum dos quatro deixa de ser uma necessidade fisiológica, então, por que há o repúdio de um e a naturalidade em se lidar com outro? Não são todas igualmente necessárias e igualmente tidas por todos nós?
10/65: Selbstverstümmelung
4.0 5Ficou mil vezes mais intenso com Da Pacem Domine tocando ao fundo.
A Avó
4.0 69Esse menino me lembra Craig Roberts.
Homem
4.5 123Só os segundos finais que quebraram um pouco a seriedade, se não fosse por isso daria 5 estrelas.
Quando Você Segura Minha Mão...
2.3 32Achei as metáforas bem clichês.
14 Actors Acting - Tilda Swinton
4.4 2Essa mulher é um monstro da atuação!
14 Actors Acting - Natalie Portman
3.9 1Linda angústia.
Supervenus
4.5 33O triste é saber que todos curvam-se a esses padrões, tanto homens quanto mulheres.
Misery Bear - Trip to London
3.6 36"I never felt so alone"
Hotel do Coração Partido
3.6 172"Alguns hotéis são grandes demais para um hóspede só."
O Pato, a Morte e a Tulipa
4.2 71Tão singelo e comovente. O curta não precisou usar grandes artifícios para tocar-me.
Que a morte seja reconfortante feito um abraço.