Creio que é o filme que vi que conseguiu retratar melhor o universo dos vaqueiros e dos rodeios, com olhar bem interno e sensível. Gostei de como com as conversas entre eles vai aos poucos compondo uma visão de mundo.
Quando chega a sequência final você fica pensando "como diabos chegamos nisso mesmo?"
Bem doido como mete umas cenas engraçadas quando tá falando de coisas sérias, dá até um incômodo às vezes. E foi super interessante ver um retrato do capitalismo em acensão na China...
Haha. Engraçado que em página em inglês é só elogios. Aí aqui geral achou chato. Tem lá suas coisas interessantes, mas acho que tem que ser gringo pra a achar realmente legal ficar olhando mais de 1h desse povo derretendo
Divertido mas meio banal. Fiquei com impressão que não explorou tão bem o tema quanto poderia e que não comunicou tão bem os sentimentos que pretendia.
Conseguiu transmitir de forma muito habilidosa o esvaziamento da personalidade, a homogeneização de tudo e de todos... E foi a coisa mais anos 90 que assisti nos últimos tempos.
Mistura bem curiosa de teatro, cinema, fantasia com toques de ficção científica, galã feio, efeitos especiais a la Chaves, poesia, existencialismo, melodrama, teatro grego, historinha de amor besta e voz de narrador ao fundo falando da moral da história. Interessante a mistura de estilos...
Dormi e retomei algumas vezes durante o filme. E depois, tentando reconstituir a memória dele, fiquei em dúvida se algumas coisas eram o filme ou já era eu meio sonhando. A narrativa dele é muito parecida com a estrutura de sonhos: pessoas reaparecem em outros contextos nada a ver, repetição, realismo misturado com absurdo, personagens que meio que você sabe quem são e meio que não sabe...
É claro que o filme é importante como documento, mas será que ele foi ético com as pessoas retratadas? Será que elas tinham consciência de como estavam sendo retratadas na filmagem e o que seria feito com elas?
O filme tenta se apresentar como retrato neutro, cru, mas vejo muito julgamento na construção da narrativa. Acho que já era o mesmo Padilha moralista dos trabalhos posteriores. Se colocou na posição confortável de julgar quem vive na miséria sem vivê-la e sem compreendê-la. Isso fica particularmente explícito nas sequências finais que ele escolheu pra terminar seu discurso.
Vi uma palestra de um carinha que chamava esse tipo de filme que tá rolando na América Latina de ficções imundas. Achei o nome horrível, mas de fato acho que está rolando uma certa pegada das produções e esse filme é bem representativo delas. São filmes com personagens ligados a povos tradicionais, em que os conhecimentos e práticas desses povos são tratados com bastante respeito mas sem uma folclorização obtusa (sem medo de mostrar a modernidade dessas culturas, fusões com elementos contemporâneos, etc. As personagens adoram curtir um bregão no fim de semana nesse filme por exemplo), em que há muita coisa ritualizada e essa ritualização faz parte da narrativa e em que a natureza tem um papel ativo no enredo, entre outras características. Aliás, parece ter um pouco de perspectivismo ameríndio no cinema, principalmente por essa coisa dos personagens não humanos.
O filme é bonitão, mas um tanto lento. Tem que tá no clima pra assistir. Sobre a forma, me chamou atenção como optou por várias cenas de natureza com simetria bilateral. É uma escolha curiosa, em geral esse tipo de câmera aparece mais nos filmes em cenas envolvendo salões, edificações, etc. Enfim, é mais usada pra mostrar arquitetura do que natureza. Mas se for pensar tem tudo a ver com a pegada do filme, tem a ver com uma ritualização da natureza, mostra que há uma ordem por trás dela. É como nas cenas em que a protagonista enterra animais mortos, ela não o faz desorganizadamente, mas ritualmente, seguindo sequências de passos cuidadosos. Assim também é a composição da fotografia nas cenas de natureza.
Gosto de pensar Rosemberg Cariry como nosso Jodorowsky cearense. Ele tem uma grande habilidade pra fazer essas colagens surreais pra falar de cultura e, mais que isso, pensar sobre cultura. Além de tantas referências interessantes (a festa do pau de Santo Antônio, o reisado, as filmagens do bando de Lampião, etc) e belas imagens poéticas (a projeção nas velas de jangada, as crianças brincando de cinema de lata, etc), há também reflexões por meio de alegorias interessantes, como o português que chega tentando trocar bugigangas pela confiança dos nativos e depois "se modernizando" ao se aliar com políticos locais.
É bem feito, diálogos bem feitos, interessantezinha a fauna de personagens, mas é difícil uma experiência realmente legal vendo uma hora e meia de gente rica e fútil conversar. Bem woodyalleano... Me entediou usar um esteriótipo de personagem feminino que hoje já é tão manjado para a Audrey, a mulher levemente esquisitinha, inteligente, que se destaca do grupo, rebelde por um lado porém dócil e comportado por outro. Daí o final também previsível...
Pra mim pareceu um encontro mal resolvido entre a pornochanchada e o cinema político, que não conseguiu fazer nem um nem outro direito. Achei a artificialidade dos diálogos, dos personagens e das atuações bem ruim.
Pra não dizer que seja de todo ruim, foi interessante a alegoria irmãos se matando para falar sobre o que uma sociedade injusta faz com os seus excluídos.
Ideia interessante, a situação criada tinha potencial, mas achei os personagens e seu desenvolvimento um tanto caricatos... Aliás, como físico, achei as partes que eles falam de física e matemática particularmente caricatas. Por outro lado, é interessante a ideia de mostrar como as escolhas de vida deles se cruzam com suas perspectivas de ciência, arte, etc. É bem didático para pensar a ideia de paradigma, como articulado com uma visão de mundo e outros conceitos de Thomas Khun. Por exemplo, é curioso pensar que os conceitos científicos que eles discutem mudaram muito pouco nos 50 anos desde que o filme foi feito. É bem ilustrativo do que é ciência normal, nesse sentido...
Gente, muda essa sinopse aí. Que spoiler do carai...
Mas enfim, achei que conseguiu levar o enredo pra caminhos fora do óbvio, por exemplo mostrando a complexificação do sentimento dela pelo pai, que não ficou só no ódio. As atrizes eram iniciantes, isso fica visível, então teve um trabalho bom aí de mostrar sentimentos complexos apesar disso. A solução final foi boa também e intensifica algumas leituras mais profundas que se pode fazer do enredo, questões de identidade, transferência... Um bom filme, com um frescor de meio iniciante mas com umas ideias originais.
Por outro lado, mesmo com muita gente comentando que achou bonita a parte artística, achei que rolou um exagero na paleta de cores, teve uma cena de almoço de família que era tanta gente com roupa da mesma cor que ficou um bocado artificial.
Primeiro eu achei que não tava gostando. Depois descobri que estava. Aí até as atuações que eu não tava achando muito boas ficaram boas, ficaram parecendo boas performances de atuações não muito boas que deram mais teatralidade pro filme e embaralharam mais as coisas. Também as partes em que parecia pretensioso na vdd me pareceram brincadeira com a própria pretensão. Não sei se fui condescendente demais, mas gostei. É meio um filme em construção. E flerta com a ideia de que a vida é filme/teatro.
Vou ser o diferentão aqui... O filme é foda como documento histórico. As imagens de Berlim ainda completamente destruídas são um registro importante, e impressionante que ele tenha conseguido rodar esse filme no caos que devia estar instalado na época. Imagine as dificuldades logísticas de produção, para conseguir atores, etc. Imagino também o impacto que deve ter tido na época. Mas, para um espectador hoje, que já passou por dezenas de filmes falando sobre a desolação da guerra, inclusive da perspectiva das crianças, não traz tanta novidade.
Qual é a pala dos turcos com os objetos? Para mim foi automático lembrar do Museu da Inocência com o filme. Imagino que deve ter sido uma referência da diretora, já que é um clássico importante da literatura do país, mas acho que tem mais coisa nessa fixação por objetos. Talvez a posição como local de fluxo entre oriente e ocidente, que leva ao país um acero de objetos dos dois mundos... Talvez da cronologia desses objetos terem registrado um processo de abertura à cultura ocidental, da qual me parece que uma parte da população do país se orgulha (de ser "o mais ocidental" dos países do oriente médio), como bem descrito no Museu da Inocência... Ou talvez por ser uma economia globalizada com enormes desigualdades sociais, o que fortalece uma cultura do reaproveitamento e lota as feiras de objetos usados como aparece no filme.
Seja o que for, muito legal como trata os objetos como materialização de cultura. É legal a virada valorativa que o filme dá no espectador. Imagino que boa parte das pessoas que assistem o filme e se solidarizam com o velho Mithat, se conhecessem um senhor como ele na vida real iam o julgar meio doido e reprovar sua mania de acumulador. Mas o filme consegue montar o personagem bem o suficiente a ponto de mostrar seus motivos e transformá-lo em herói.
A primeira metade do filme é nauseante, tensão crescente, você vai ficando cada vez mais incomodado. Mas é no final que ele se torna mesmo um grande filme. O filme vira de fato uma reflexão sobre a opressão, desde os níveis mais explícitos aos mais sutis.
"É como se eu estivesse o tempo todo vendendo meu sofrimento para comprar a felicidade dele"
Muito massa que não mostra a peça acabada. É o registro de um processo. E é lindo como tira o teatro de um pedestal e mostra ele como um jeito de falar da vida, dos problemas da vida concreta. É mágico ver os maridos se vendo retratados na peça sem serem nomeados e refletindo sobre seus comportamentos.
Super importante pela perspectiva original que trás sobre o tema. Vê-se que foi feito com câmera na mão e na paixão. Lida com a relação entre alimentação, cultura e conhecimentos tradicionais, e com como às vezes tudo isso é atropelado pela globalização.
Tô com o camarada que é entrevistado no filme. Por mim colocava um aviso "pode dar caganeira" que nem fazem com cigarro e deixava o povo fazer queijo.
Bem feito, bem filmado, história boa e bem contada. Fera o paralelismo que o roteiro constrói entre a forma como o protagonista lida com questões pessoais e com a situação política do país. Foi bom também para aprender um pouco sobre a Lituânia, país que sinceramente eu não sabia nada quando comecei a assistir.
Querência
2.7 12Creio que é o filme que vi que conseguiu retratar melhor o universo dos vaqueiros e dos rodeios, com olhar bem interno e sensível. Gostei de como com as conversas entre eles vai aos poucos compondo uma visão de mundo.
Dead Pigs
3.6 12Quando chega a sequência final você fica pensando "como diabos chegamos nisso mesmo?"
Bem doido como mete umas cenas engraçadas quando tá falando de coisas sérias, dá até um incômodo às vezes. E foi super interessante ver um retrato do capitalismo em acensão na China...
O Mestre do Kung-Fu
3.7 19Chamou mais atenção pra mim como retrato de uma época. Muito bem feito, causa vários incômodos e faz pensar...
Um Jogo Brutal
3.5 6Uma estrela inteira só pelos bons poemas que cita.
O Amor dos Leões
3.4 13 Assista AgoraHaha. Engraçado que em página em inglês é só elogios. Aí aqui geral achou chato. Tem lá suas coisas interessantes, mas acho que tem que ser gringo pra a achar realmente legal ficar olhando mais de 1h desse povo derretendo
Habemus Papam
3.6 194 Assista AgoraDivertido mas meio banal. Fiquei com impressão que não explorou tão bem o tema quanto poderia e que não comunicou tão bem os sentimentos que pretendia.
Silvia Prieto
3.6 15 Assista AgoraConseguiu transmitir de forma muito habilidosa o esvaziamento da personalidade, a homogeneização de tudo e de todos... E foi a coisa mais anos 90 que assisti nos últimos tempos.
Piedade
3.6 17Leminski disse:
"Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante
Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha
Ópios, edens, analgésicos
Não me toquem nesse dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra"
Orfeu
4.3 40 Assista AgoraMistura bem curiosa de teatro, cinema, fantasia com toques de ficção científica, galã feio, efeitos especiais a la Chaves, poesia, existencialismo, melodrama, teatro grego, historinha de amor besta e voz de narrador ao fundo falando da moral da história. Interessante a mistura de estilos...
Winter Song
3.2 3Dormi e retomei algumas vezes durante o filme. E depois, tentando reconstituir a memória dele, fiquei em dúvida se algumas coisas eram o filme ou já era eu meio sonhando. A narrativa dele é muito parecida com a estrutura de sonhos: pessoas reaparecem em outros contextos nada a ver, repetição, realismo misturado com absurdo, personagens que meio que você sabe quem são e meio que não sabe...
Garapa
4.3 153 Assista AgoraÉ claro que o filme é importante como documento, mas será que ele foi ético com as pessoas retratadas? Será que elas tinham consciência de como estavam sendo retratadas na filmagem e o que seria feito com elas?
O filme tenta se apresentar como retrato neutro, cru, mas vejo muito julgamento na construção da narrativa. Acho que já era o mesmo Padilha moralista dos trabalhos posteriores. Se colocou na posição confortável de julgar quem vive na miséria sem vivê-la e sem compreendê-la. Isso fica particularmente explícito nas sequências finais que ele escolheu pra terminar seu discurso.
Terra das Cinzas
3.3 5Vi uma palestra de um carinha que chamava esse tipo de filme que tá rolando na América Latina de ficções imundas. Achei o nome horrível, mas de fato acho que está rolando uma certa pegada das produções e esse filme é bem representativo delas. São filmes com personagens ligados a povos tradicionais, em que os conhecimentos e práticas desses povos são tratados com bastante respeito mas sem uma folclorização obtusa (sem medo de mostrar a modernidade dessas culturas, fusões com elementos contemporâneos, etc. As personagens adoram curtir um bregão no fim de semana nesse filme por exemplo), em que há muita coisa ritualizada e essa ritualização faz parte da narrativa e em que a natureza tem um papel ativo no enredo, entre outras características. Aliás, parece ter um pouco de perspectivismo ameríndio no cinema, principalmente por essa coisa dos personagens não humanos.
O filme é bonitão, mas um tanto lento. Tem que tá no clima pra assistir. Sobre a forma, me chamou atenção como optou por várias cenas de natureza com simetria bilateral. É uma escolha curiosa, em geral esse tipo de câmera aparece mais nos filmes em cenas envolvendo salões, edificações, etc. Enfim, é mais usada pra mostrar arquitetura do que natureza. Mas se for pensar tem tudo a ver com a pegada do filme, tem a ver com uma ritualização da natureza, mostra que há uma ordem por trás dela. É como nas cenas em que a protagonista enterra animais mortos, ela não o faz desorganizadamente, mas ritualmente, seguindo sequências de passos cuidadosos. Assim também é a composição da fotografia nas cenas de natureza.
Cine Tapuia
3.4 6Gosto de pensar Rosemberg Cariry como nosso Jodorowsky cearense. Ele tem uma grande habilidade pra fazer essas colagens surreais pra falar de cultura e, mais que isso, pensar sobre cultura. Além de tantas referências interessantes (a festa do pau de Santo Antônio, o reisado, as filmagens do bando de Lampião, etc) e belas imagens poéticas (a projeção nas velas de jangada, as crianças brincando de cinema de lata, etc), há também reflexões por meio de alegorias interessantes, como o português que chega tentando trocar bugigangas pela confiança dos nativos e depois "se modernizando" ao se aliar com políticos locais.
Metropolitan
3.7 20É bem feito, diálogos bem feitos, interessantezinha a fauna de personagens, mas é difícil uma experiência realmente legal vendo uma hora e meia de gente rica e fútil conversar. Bem woodyalleano... Me entediou usar um esteriótipo de personagem feminino que hoje já é tão manjado para a Audrey, a mulher levemente esquisitinha, inteligente, que se destaca do grupo, rebelde por um lado porém dócil e comportado por outro. Daí o final também previsível...
Longe do Paraíso
2.2 4Pra mim pareceu um encontro mal resolvido entre a pornochanchada e o cinema político, que não conseguiu fazer nem um nem outro direito. Achei a artificialidade dos diálogos, dos personagens e das atuações bem ruim.
Pra não dizer que seja de todo ruim, foi interessante a alegoria irmãos se matando para falar sobre o que uma sociedade injusta faz com os seus excluídos.
A Estrutura De Cristal
3.9 7 Assista AgoraIdeia interessante, a situação criada tinha potencial, mas achei os personagens e seu desenvolvimento um tanto caricatos... Aliás, como físico, achei as partes que eles falam de física e matemática particularmente caricatas. Por outro lado, é interessante a ideia de mostrar como as escolhas de vida deles se cruzam com suas perspectivas de ciência, arte, etc. É bem didático para pensar a ideia de paradigma, como articulado com uma visão de mundo e outros conceitos de Thomas Khun. Por exemplo, é curioso pensar que os conceitos científicos que eles discutem mudaram muito pouco nos 50 anos desde que o filme foi feito. É bem ilustrativo do que é ciência normal, nesse sentido...
As Duas Irenes
3.7 111 Assista AgoraGente, muda essa sinopse aí. Que spoiler do carai...
Mas enfim, achei que conseguiu levar o enredo pra caminhos fora do óbvio, por exemplo mostrando a complexificação do sentimento dela pelo pai, que não ficou só no ódio. As atrizes eram iniciantes, isso fica visível, então teve um trabalho bom aí de mostrar sentimentos complexos apesar disso. A solução final foi boa também e intensifica algumas leituras mais profundas que se pode fazer do enredo, questões de identidade, transferência... Um bom filme, com um frescor de meio iniciante mas com umas ideias originais.
Por outro lado, mesmo com muita gente comentando que achou bonita a parte artística, achei que rolou um exagero na paleta de cores, teve uma cena de almoço de família que era tanta gente com roupa da mesma cor que ficou um bocado artificial.
António Um Dois Três
3.5 9 Assista AgoraPrimeiro eu achei que não tava gostando. Depois descobri que estava. Aí até as atuações que eu não tava achando muito boas ficaram boas, ficaram parecendo boas performances de atuações não muito boas que deram mais teatralidade pro filme e embaralharam mais as coisas. Também as partes em que parecia pretensioso na vdd me pareceram brincadeira com a própria pretensão. Não sei se fui condescendente demais, mas gostei.
É meio um filme em construção. E flerta com a ideia de que a vida é filme/teatro.
Alemanha, Ano Zero
4.3 92Vou ser o diferentão aqui...
O filme é foda como documento histórico. As imagens de Berlim ainda completamente destruídas são um registro importante, e impressionante que ele tenha conseguido rodar esse filme no caos que devia estar instalado na época. Imagine as dificuldades logísticas de produção, para conseguir atores, etc. Imagino também o impacto que deve ter tido na época. Mas, para um espectador hoje, que já passou por dezenas de filmes falando sobre a desolação da guerra, inclusive da perspectiva das crianças, não traz tanta novidade.
10 para as 11
3.6 2Qual é a pala dos turcos com os objetos? Para mim foi automático lembrar do Museu da Inocência com o filme. Imagino que deve ter sido uma referência da diretora, já que é um clássico importante da literatura do país, mas acho que tem mais coisa nessa fixação por objetos. Talvez a posição como local de fluxo entre oriente e ocidente, que leva ao país um acero de objetos dos dois mundos... Talvez da cronologia desses objetos terem registrado um processo de abertura à cultura ocidental, da qual me parece que uma parte da população do país se orgulha (de ser "o mais ocidental" dos países do oriente médio), como bem descrito no Museu da Inocência... Ou talvez por ser uma economia globalizada com enormes desigualdades sociais, o que fortalece uma cultura do reaproveitamento e lota as feiras de objetos usados como aparece no filme.
Seja o que for, muito legal como trata os objetos como materialização de cultura. É legal a virada valorativa que o filme dá no espectador. Imagino que boa parte das pessoas que assistem o filme e se solidarizam com o velho Mithat, se conhecessem um senhor como ele na vida real iam o julgar meio doido e reprovar sua mania de acumulador. Mas o filme consegue montar o personagem bem o suficiente a ponto de mostrar seus motivos e transformá-lo em herói.
O Patrão: Radiografia de um Crime
3.9 56 Assista AgoraA primeira metade do filme é nauseante, tensão crescente, você vai ficando cada vez mais incomodado. Mas é no final que ele se torna mesmo um grande filme. O filme vira de fato uma reflexão sobre a opressão, desde os níveis mais explícitos aos mais sutis.
"É como se eu estivesse o tempo todo vendendo meu sofrimento para comprar a felicidade dele"
Oyun
4.1 2Muito massa que não mostra a peça acabada. É o registro de um processo. E é lindo como tira o teatro de um pedestal e mostra ele como um jeito de falar da vida, dos problemas da vida concreta. É mágico ver os maridos se vendo retratados na peça sem serem nomeados e refletindo sobre seus comportamentos.
O Mineiro e o Queijo
4.2 16Super importante pela perspectiva original que trás sobre o tema. Vê-se que foi feito com câmera na mão e na paixão. Lida com a relação entre alimentação, cultura e conhecimentos tradicionais, e com como às vezes tudo isso é atropelado pela globalização.
Tô com o camarada que é entrevistado no filme. Por mim colocava um aviso "pode dar caganeira" que nem fazem com cigarro e deixava o povo fazer queijo.
Nova Lituania
3.3 6Bem feito, bem filmado, história boa e bem contada. Fera o paralelismo que o roteiro constrói entre a forma como o protagonista lida com questões pessoais e com a situação política do país.
Foi bom também para aprender um pouco sobre a Lituânia, país que sinceramente eu não sabia nada quando comecei a assistir.