O último curta de Chaplin foi, pra mim, um dos melhores. Situações maravilhosamente bem coreografadas, tudo se encaixando de um jeito que hoje em dia chamaríamos de "oddly satisfying".
(como eu gostaria de poder ver os bastidores da cena dos tijolos, o passo a passo de como aquilo ali foi filmado, porque ficou tão, mas tão legal!)
A crítica social está tinindo em Dia de Pagamento: o trabalhador com fome pela falta de dinheiro pra marmita; a humilhação para ter direito ao pagamento de horas extras; a relação conjugal embrutecida pela falta de recursos; o alcoolismo como válvula de escape à dureza da realidade; a precarização do transporte público. Dá pra montar uma aula de sociologia em cima desse pequeno grande filminho de um século atrás.
Vale comentar que fui assistindo aos curtas de Chaplin por meio de um box em DVDs cuja proposta é compilar toda a obra do ator/diretor. Ao todo foram 67 curtas-metragens. Mas conferindo aqui pelo Filmow, vejo que existem vários outros que não entraram na minha coleção. Agora, então, é procurar pela internet afora...
o mesmo homem parece estar chorando pelo recado desapontado da esposa, de costas, aparentemente tremendo, mas quando ele se vira, está é chacoalhando uma coqueteleira.
Não é dos curtas mais inspirados de Chaplin, mas tem bons momentos, como por exemplo a cena do guarda caindo no buraco (me pergunto como se filmava algo assim, mais de um século atrás, sem risco de machucar o ator). Gostei também da banda tocando (e lidando com o enjoo do barco ao mesmo tempo).
E, como observado no comentário abaixo, me chamou a atenção o fato de termos atores negros em um curta de Chaplin. Pelo que me lembro, desde que comecei a assistir os filminhos em sequência – por meio de um box com toda a filmografia do ator/diretor –, até então só havia aparecido um personagem negro em todas as histórias: interpretado por um ator branco usando o famigerado blackface.
Este curta me pareceu ter um tom mais, digamos, profissional, com construções mais bem trabalhadas, que bem poderiam estar num longa. Gostei principalmente do começo,
da interação do personagem com os animais para preparar o café da manhã.
Como andei lendo recentemente sobre as polêmicas da vida pessoal de Chaplin, em especial sobre sua vida sexual – o suficiente para me convencer de que o grande artista da sétima arte era também um homem
O Kaiser e a Liberdade ficaram muito bem caracterizados.
Não lembro se a marreta já havia aparecido em curtas anteriores, mas já me faz pensar em um certo super-herói mexicano de uniforme vermelho...
O filminho-propaganda é interessante enquanto documento histórico. Ideologicamente, por outro lado, é difícil não torcer o nariz para propaganda de guerra estadunidense cujo intuito era, basicamente, mandar jovens inexperientes para morrer na Europa em um conflito de interesses entre os donos do Capital.
pensei "Êpa, já vi isso em algum desenho animado!" (Tom & Jerry, talvez?). Aliás, não é a primeira vez que alguma gag de Chaplin me remete a desenhos animados. Afinal, seus filmes não devem ter servido de inspiração apenas a Roberto Bolaños, não é?
pra poder comer um prato de feijão, precisa depender da sorte de encontrar uma moeda na rua. Liberdade de poder comer o que quiser, desde que tenha dinheiro pra pagar. Liberdade de poder trabalhar onde quiser, desde que o empregador aceite contratar um imigrante com pouca instrução. Liberdade de poder morar onde quiser, desde que possa arcar com o aluguel. Como é bom ser "livre" no sistema capitalista!
Fiquei tentando imaginar como funcionava a engenhoca que criava o efeito gangorra no estúdio para as cenas no navio.
em Carlitos no Hotel (Mabel's Strange Predicament), de 1914, há uma cena em que o personagem clássico de Chaplin, o vagabundo bêbado, encontra uma mulher – interpretada por Mabel Normand – em "roupas de baixo" num corredor e a persegue, com intenção clara de assédio. Aqui, nas termas, temos, de certa forma, uma redenção daquela cena, quando "O Inebriado" salva "A Garota" (Edna Purviance) de um ataque de dois homens embriagados em um dos corredores do prédio.
Confesso que só fui entender que o objeto mostrado em close era uma seringa para consumo de heroína depois de ler os comentários aqui – o que, pra mim, aumentou mais ainda o valor do filme.
Agora uma curiosidade que ninguém comentou por aqui:
na salinha subterrânea onde Chaplin e Edna são presos junto com o usuário, há duas fotos na parede: um homem e uma mulher vestidos de modo elegante. Não consegui reconhecer a mulher, mas tenho quase certeza que o homem é ninguém menos que Nicolau II, o último czar da Rússia (deposto pela Revolução de 1917). Por que diabos a foto estaria lá? Mistérios da sétima arte...
uma vez que o roteiro se deu ao trabalho de criar uma explicação para que todos os conhecidos estivessem na festa, esperava algo um pouco mais elaborado do encontro deles ali, fingindo não se conhecerem.
o chefe de Davi, ao vê-lo trocar carícias com "outro" assistente, tenha reagido """apenas""" com chacota – e não com violência. Afinal, década de 1910...
Interessante que as mulheres que roubam coisas da loja estão todas muito bem vestidas.
No box que tenho com a coleção dos filmes do Chaplin, este aparece como "Carlitos no Armazém". Convenhamos que "armazém" não é o nome mais adequado para aquele tipo de estabelecimento.
Fiquei me perguntando como foi feita a cena da escada, se Chaplin tinha dublê ou se havia algum aparato de segurança escondido – o que me leva para outro questionamento: será que o público da época ficava agoniado, pensando que o ator poderia se machucar? (pois se até eu, aqui em pleno 2022, fiquei um pouco, rs)
Muito divertido! Adoro quando Edna Purviance participa dos curtas de Chaplin, tão encantadora.
Além do entretenimento, este tipo de filme serve também como registro histórico de uma época, onde podemos ver costumes, objetos, estilos de roupa e penteado do começo do século XX. Claro que nem tudo ali é retrato fiel da realidade, mas dá para ter uma ideia.
Este filme tem a dinâmica de um jogo de video game dos anos 90: uma casa enorme como cenário, o personagem tendo que desviar de obstáculos para chegar ao objetivo, e frequentemente sendo forçado, por esses obstáculos, a retroceder um pouco no trajeto já percorrido.
Interessante, mas não me divertiu. Achei bem tedioso na verdade.
Empirical Study on the Influence of Sound on the Persistence …
2.4 6Assistido em 13/05/24:
https://www.youtube.com/watch?v=fKnRCP_qsf0
Chage & Aska: On Your Mark
4.1 51Aqui tem o vídeo e uma análise:
https :// studioghibli . com . br /2014/06/04/ analise-on-your-mark-studio-ghibli/
Nandarou
3.1 1Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=iSq7VTCS-xQ
Dia de Pagamento
4.2 37O último curta de Chaplin foi, pra mim, um dos melhores.
Situações maravilhosamente bem coreografadas, tudo se encaixando de um jeito que hoje em dia chamaríamos de "oddly satisfying".
(como eu gostaria de poder ver os bastidores da cena dos tijolos, o passo a passo de como aquilo ali foi filmado, porque ficou tão, mas tão legal!)
A crítica social está tinindo em Dia de Pagamento: o trabalhador com fome pela falta de dinheiro pra marmita; a humilhação para ter direito ao pagamento de horas extras; a relação conjugal embrutecida pela falta de recursos; o alcoolismo como válvula de escape à dureza da realidade; a precarização do transporte público. Dá pra montar uma aula de sociologia em cima desse pequeno grande filminho de um século atrás.
Vale comentar que fui assistindo aos curtas de Chaplin por meio de um box em DVDs cuja proposta é compilar toda a obra do ator/diretor. Ao todo foram 67 curtas-metragens. Mas conferindo aqui pelo Filmow, vejo que existem vários outros que não entraram na minha coleção. Agora, então, é procurar pela internet afora...
Os Clássicos Vadios
3.9 30Assisti com o nome de "Os Ociosos".
Tem umas cenas muito boas, mas achei mediano em relação ao enredo.
Gostei, em especial, da cena
em que o homem rico sai do quarto de cueca e uma série de situações faz com que ele demore para perceber a gafe;
o mesmo homem parece estar chorando pelo recado desapontado da esposa, de costas, aparentemente tremendo, mas quando ele se vira, está é chacoalhando uma coqueteleira.
Um Dia de Prazer
3.8 30Não é dos curtas mais inspirados de Chaplin, mas tem bons momentos, como por exemplo a cena do guarda caindo no buraco (me pergunto como se filmava algo assim, mais de um século atrás, sem risco de machucar o ator).
Gostei também da banda tocando (e lidando com o enjoo do barco ao mesmo tempo).
E, como observado no comentário abaixo, me chamou a atenção o fato de termos atores negros em um curta de Chaplin. Pelo que me lembro, desde que comecei a assistir os filminhos em sequência – por meio de um box com toda a filmografia do ator/diretor –, até então só havia aparecido um personagem negro em todas as histórias: interpretado por um ator branco usando o famigerado blackface.
Idílio Campestre
3.9 20Este curta me pareceu ter um tom mais, digamos, profissional, com construções mais bem trabalhadas, que bem poderiam estar num longa.
Gostei principalmente do começo,
da interação do personagem com os animais para preparar o café da manhã.
Como andei lendo recentemente sobre as polêmicas da vida pessoal de Chaplin, em especial sobre sua vida sexual – o suficiente para me convencer de que o grande artista da sétima arte era também um homem
estuprador e pedófilo –,
as ninfas (?) do bosque foram coagidas a compartilharem com ele não apenas a cena, mas também a cama.
Laços de Liberdade
3.6 18O Kaiser e a Liberdade ficaram muito bem caracterizados.
Não lembro se a marreta já havia aparecido em curtas anteriores, mas já me faz pensar em um certo super-herói mexicano de uniforme vermelho...
O filminho-propaganda é interessante enquanto documento histórico.
Ideologicamente, por outro lado, é difícil não torcer o nariz para propaganda de guerra estadunidense cujo intuito era, basicamente, mandar jovens inexperientes para morrer na Europa em um conflito de interesses entre os donos do Capital.
Carlitos Presidiário
4.1 12Um dos curtas mais dinâmicos de Carlitos, com locações externas, perseguições na praia, mergulhos no mar
(inclusive fiquei curioso de saber se Chaplin e Edna realmente pularam daquela altura na água ou se usaram dublês).
O protagonista fugindo dos policiais pelos cômodos da casa ficou maravilhosamente bem coreografado! E quando ele
"se disfarça" de abajur,
Não vi problemas com o final da história.
O personagem dá uma engambelada no oficial de polícia e foge mais uma vez. Simples assim.
O Imigrante
4.2 39O imigrante chega na "Terra da Liberdade" e,
pra poder comer um prato de feijão, precisa depender da sorte de encontrar uma moeda na rua.
Liberdade de poder comer o que quiser, desde que tenha dinheiro pra pagar.
Liberdade de poder trabalhar onde quiser, desde que o empregador aceite contratar um imigrante com pouca instrução.
Liberdade de poder morar onde quiser, desde que possa arcar com o aluguel.
Como é bom ser "livre" no sistema capitalista!
Fiquei tentando imaginar como funcionava a engenhoca que criava o efeito gangorra no estúdio para as cenas no navio.
Carlitos nas Termas
4.1 19Como alguns aqui, também assisti com o título O Balneário (no box lançado pela Folha anos atrás).
O protagonista se esquivando do massagista é muito bom, que baita trabalho corporal ele tinha em cena!
Uma curiosidade:
em Carlitos no Hotel (Mabel's Strange Predicament), de 1914, há uma cena em que o personagem clássico de Chaplin, o vagabundo bêbado, encontra uma mulher – interpretada por Mabel Normand – em "roupas de baixo" num corredor e a persegue, com intenção clara de assédio.
Aqui, nas termas, temos, de certa forma, uma redenção daquela cena, quando "O Inebriado" salva "A Garota" (Edna Purviance) de um ataque de dois homens embriagados em um dos corredores do prédio.
Rua da Paz
4.1 22Sensacional o design de produção aqui, retratando um bairro pobre e violento.
Adorei a solução do gás para neutralizar o valentão, mostrando que Carlitos também é muito astuto e não só porradeiro, rs.
Confesso que só fui entender que o objeto mostrado em close era uma seringa para consumo de heroína depois de ler os comentários aqui – o que, pra mim, aumentou mais ainda o valor do filme.
Agora uma curiosidade que ninguém comentou por aqui:
na salinha subterrânea onde Chaplin e Edna são presos junto com o usuário, há duas fotos na parede: um homem e uma mulher vestidos de modo elegante. Não consegui reconhecer a mulher, mas tenho quase certeza que o homem é ninguém menos que Nicolau II, o último czar da Rússia (deposto pela Revolução de 1917).
Por que diabos a foto estaria lá? Mistérios da sétima arte...
Sobre Rodas
3.9 15Não é dos mais legais, mas vale para vermos como Chaplin, além de seus vários outros talentos, era também um exímio patinador.
No mais,
uma vez que o roteiro se deu ao trabalho de criar uma explicação para que todos os conhecidos estivessem na festa, esperava algo um pouco mais elaborado do encontro deles ali, fingindo não se conhecerem.
Mercearias de Beagá
4.8 1Para quem tiver interesse, o documentário está no Youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=jtbF5RH7mW8
Carlitos no Estúdio
3.9 18Fiquei pensando se, no final,
Golias e o grevista (terrorista?) morreram na explosão.
Sobre a cena do beijo, me surpreendeu bastante que
o chefe de Davi, ao vê-lo trocar carícias com "outro" assistente, tenha reagido """apenas""" com chacota – e não com violência. Afinal, década de 1910...
O Falso Gerente
3.8 14Jamais imaginaria que em 1916 já existia escada rolante!
Interessante que as mulheres que roubam coisas da loja estão todas muito bem vestidas.
No box que tenho com a coleção dos filmes do Chaplin, este aparece como "Carlitos no Armazém". Convenhamos que "armazém" não é o nome mais adequado para aquele tipo de estabelecimento.
Carlitos Boêmio
4.2 34Obs: assisti com o nome "Uma da Madrugada".
Casa de Penhores
4.1 21Fiquei me perguntando como foi feita a cena da escada, se Chaplin tinha dublê ou se havia algum aparato de segurança escondido – o que me leva para outro questionamento: será que o público da época ficava agoniado, pensando que o ator poderia se machucar? (pois se até eu, aqui em pleno 2022, fiquei um pouco, rs)
Adoro esses enredos em que Carlitos apronta todas, mas no final, meio sem querer, salva o dia e vira o herói.
O Conde
3.9 13Muito divertido! Adoro quando Edna Purviance participa dos curtas de Chaplin, tão encantadora.
Além do entretenimento, este tipo de filme serve também como registro histórico de uma época, onde podemos ver costumes, objetos, estilos de roupa e penteado do começo do século XX. Claro que nem tudo ali é retrato fiel da realidade, mas dá para ter uma ideia.
Carlitos Boêmio
4.2 34Este filme tem a dinâmica de um jogo de video game dos anos 90: uma casa enorme como cenário, o personagem tendo que desviar de obstáculos para chegar ao objetivo, e frequentemente sendo forçado, por esses obstáculos, a retroceder um pouco no trajeto já percorrido.
Interessante, mas não me divertiu. Achei bem tedioso na verdade.
O Vagabundo
4.2 16Vejo que ciganos que roubam crianças não são apenas lendas urbanas de cidade de interior.
Muito bonitinha a cena dele ensinando ela a se lavar de manhã.
Carlitos Bombeiro
3.9 22Como era diferente o "caminhão de bombeiros" em 1916!
Mas gente, pra quê tanto chute na bunda? rs
Carlitos em Apuros
3.7 10Adoro assistir aos filmes de Chaplin e descobrir cenas que influenciaram
Roberto Bolaños na criação de Chaves/Chapolin.
No caso, me refiro à cena em que o protagonista está fingindo dormir com o corpo rígido, formando um V, e o ladrão noturno tenta endireitá-lo.
Carlitos Policial
3.9 15Mais de um século atrás e os pregadores já eram malandros, vendendo a salvação da alma em troca do dinheiro dos incautos.