A produção é tecnicamente fascinante, o garoto protagonista é ótimo, o elenco de coadjuvantes é igualmente elogiável e a cena da leitura de poemas é muito boa. Mas não se consegue nutrir uma simpatia legítima pelo personagem real, nem justificar os seus atos mui equivocados (e suicidas) na busca pela alegada liberdade. Achei o filme emocionalmente forçado - e insosso! (WPC>)
Quando soube do anúncio deste "filme", fiquei muito preocupado que se tratasse de um projeto meramente oportunista, a fim de aproveitar a genialidade do autor recém-falecido. Diante da sessão, o lastro produtivo da marca Saint-Laurent confirmou a minha preocupação. Porém, quando a voz do próprio Godard entra em cena, percebi que ele já deixara esse esboço pronto: suas marcas registradas estão lá, suas comparações e obsessões (até o Brian De Palma é emulado!), seus fundamentos discursivos, seus jogos com a banda sonora e suas frases de efeito, além de sua caligrafia inconfundível e mui graciosa. Impressionante como as sínteses antibelicistas do "enredo" são oportunas para a conjuntura atual: os mesmos conflitos de sempre, que seguem retornando, a ponto de Carlotta, a protagonista adaptada de um romance, se perguntar: "será que algum dia conseguirei viver num local com a possibilidade de reconciliação?". Vi ao lado de minha mãe, que achou estranha a montagem fotográfica e quase paralisada do início, mas eu adorei: senti o finado brilhar através de suas anotações. Um filme póstumo e eternizador. Ótimo! (WPC>)
Apesar do impacto da narrativa e da simpatia extrema das atrizes, a falta de sutileza na direção prejudica os resultados: sim, a denúncia é completamente válida e o roteiro possui importantes questões reivindicativas acerca da saúde feminina, mas algumas decisões (o modo como ocorre a reviravolta, a cena do cofrinho, o 'close-up' nas contas penduradas na geladeira) fazem com que este retrato do 'white trash' estadunidense seja demarcado pelo choque, pela inautenticidade, pela celeridade na provocação, ao invés do incentivo em direção às resoluções. Por esse motivo, ao desfecho, ainda que torçamos pelo bem-estar das personagens, o que fica é a sensação de decepção! (WPC>)
Fiquei muito impressionado com o que é provocado por este filme: a importância de narrar e lembrar, a luta para que as novas gerações não esqueçam os horrores perpetrados pelas anteriores, e não a repitam... Fiquei muito angustiado com o modo zombeteiro como aquelas crianças reagem ao relato emocionado do velhinho sobrevivente. Como bem disseram, não entendi direito o que acontece e/ou é pretendido na segunda metade do curta-metragem, quando há uma imersão surrealista que desperdiça o mote horrorífico, mas os traços da animação são esplêndidos. Um trabalho impressionante, em suma! (WPC>)
Muito interessante (e até mesmo providencial) encontrar esses curtas primevos do D. W. Griffith, demonstrando que, sim, ele é merecedor dos elogios correspondentes à criação de uma gramática cinematográfico-narrativa. A adoção da montagem paralela é assertiva aqui e o desfecho de "livramento" é quase cínico, na maneira como é desenvolvido (risos). Blanche Sweet é uma fofura: ótima interpretação! (WPC>)
Apesar do ótimo desempenho do Ralph Fiennes (e também da narração de Richard Ayoade) e dos incrementos à imaginação, quando os ratos entram em cena, achei este o mais fraco dos quatro curtas-metragens andersonianos baseados em Roald Dahl. os atributos técnicos (direção de arte, montagem, etc.) seguem mui elaborados, mas achei o enredo mais fraco e sem as jogadas metalingüísticas do demais... (WPC>)
O ritmo é lento, demoramos a compreender quem eles são e o que estão fazendo ali... Mas, quando tudo faz sentido, a mensagem é bonita, expurgadora. O elenco é ótimo (amei o embalsamador e a repetição de frases procedimentais) e a ambientação gélida explica o comportamento reprimido daqueles viúvos. Muito bacana! (WPC>)
Desta safra de curtas-metragens andersonianos, este é o mais assumidamente divertido e "interpretado": ainda que a narração permaneça acelerada, há um jogo explícito e renitente com as inflexões vocais, que rendeu-me pelo menos duas gargalhadas. A moral da estória é brilhante e Dev Patel esta muito gracioso. Elenco magistral, como de praxe, direção controladora e esplêndida. Os figurantes que carregam os objetos de cena deveriam estar creditados também! (risos) - WPC>
Rupert Friend está extraordinário como narrador e as reverberações da trama sobre 'bullying' são muito interessantes. Mais uma vez, Ralph Fiennes está maravilhoso como o escritor Roald Dahl e a velocidade das falas dos atores fascina e satura o espectador, ao mesmo tempo. É uma trama triste, mas bonita no modo como o protagonista consegue superar os maus tratos vivenciados na infância... (WPC>)
O meu xará (e patrono hollywoodiano do TOC) aderiu definitivamente a estes experimentos interlingüísticos, brincando com múltiplas camadas de metalinguagem e narrações internas. Gostei muito da direção, dos jogos fotográficos e com os objetos de cena e do elenco, claro, inspiradíssimo em seus papéis cambiantes. A homenagem ao Roald Dahl é apaixonada e merecedora de variegados elogios. A velocidade das falas pronunciadas pelos atores é impressionante: é inevitável perder uma ou outra informação e ser obrigado a, quem sabe, revisitar o média-metragem. Ainda assim, muito divertido e com uma extraordinária moral da estória, que é também um brilhante conselho de reapropriação autoral. Adorei! (WPC>)
O humor é óbvio e antecipa os cacoetes dos personagens, em produções (muito) futuras. O uso de trilhas conhecidas ajuda na rápida implantação de humores e o desfecho é engraçado, bem como a situação pitoresca que critica a aliança Brasil-EUA. Tolo, mas não desprezível. Os responsáveis viram os filmes chaplinianos e entenderam bem as mensagens advindas. Tem o seu valor, portanto! (WPC>)
Muito injusto que este filme esteja sendo visto e comentado em razão de sua pré-indicação ao Oscar, pois ele vai muito além disso: trata-se de um libelo de resistência muito vigoroso, que aborda uma questão muito delicada a partir do mesmo ponto de partida que gerou alguma polêmica quanto do lançamento de A CAMINHO DE KANDAHAR. Ao denunciar a situação aflitiva e opressora na qual as mulheres afegãs voltaram a viver, o roteiro insere discussões estéticas e de enfrentamento a partir da aparente conformação, em viés tão inteligente quanto sensivelmente respeitoso. Fiquei impressionado e arrebatado: ótimo e muito contundente. A atriz e extraordinária e o diretor também cumpre muito bem a sua função enquanto ator! (WPC>)
Adoro o George Meliès, mas a confusão imagética deste curta-metragem não me soou muito afirmativa: seja pelo pendor classista da conformação natalina setentrional, claro; seja pela dificuldade em entender o que está se passando na tela, tamanha a pletora de informações e atores em cena. Não senti nada, não me emocionou nem encantou (a despeito do requinte dos cenários), apenas me enfadou! (WPC>)
É impressionante o quanto este comediante era obcecado pela temática do casamento (e, em especial, por suas crises). Aqui, felizmente, ele não envereda pelo racismo, ainda que a sua abordagem seja delicada em relação ao tratamento com as mulheres. Neste curta-metragem, a subtrama cômica envolvendo a baderna dos pacientes num consultório psiquiátrico é hilária, compensando outros dissabores. Sem contar que o motivo para carecer tão urgentemente do divórcio titular é hilário! (WPC>)
Que brilhante entrosamento entre personagens: assistindo ao filme, aceitei magistralmente o meu envelhecimento em curso. Fazia tempo que eu não ficava tão positivamente excitado diante de uma seqüência de sexo - e, mais ainda, pela extensão cotidiana deste colóquio erótico. Há algo de inicialmente exagerada na aparição do comprador de áudios, que, em minha opinião, estragou um pouquinho do impacto do desenho de som, por conta do sobejo de expectativas depositadas, mas isso é brilhantemente ressignificado na audição da conversa que explica o título. Os dois atores estão maravilhosos (quão importante é que os idosos mostrem-se nus!) e o filme ficou repercutindo por muito tempo, em minha vida, após a sessão. Lindo demais! (WPC>)
Até então, gostei bastante de tudo o que vi desde diretor. Mas este filme se sobressai pela excelente construção do protagonista: o ator Giovanni Venturini é muito eloqüente e consegue emocionar-nos tanto nas cenas mais dramáticas (o diálogo com a tia, por exemplo) quanto no desfecho catártico. Por mim, assistiria às suas tentativas de enfrentamento vital por mais tempo: as situações são bem desenvolvidas, ampliando a polissemia do título. Extraordinário! (WPC>)
A despeito do ponto de partida depressivo, com narração em primeiríssima pessoa, o curta-metragem revela-se progressivamente curativo ("cinema é também medicina", disse-me o amigo que mo recomendou!): em seu mergulho nas benesses procriadoras do heterossexualismo, o diretor apresenta-nos também ao cotidiano de quem migra, de quem está em permanente deslocamento. Aquelas cenas dele improvisando no acordeom são maravilhosas. Um filme para voltar a acreditar na família, enquanto instituição voltada para o suporte emocional dos indivíduos. Lindo! (WPC>)
Apesar de eu ser um cinéfilo e cinófilo, nunca tinha visto este curta-metragem, e fiquei impressionado em muitos aspectos, principalmente pela eloqüência do cãozinho protagonista e do desfecho subversivo, em sua aplicação do "sonho convertido em realidade". Numa fase ainda inicial de sua carreira, Chaplin delineia o seu personagem-mor com desenvoltura magna, além de render ótimos e divertidíssimos momentos em cena para seus coadjuvantes freqüentes, como aquele brutamontes encarnando uma repugnante (por causa do modo aleatório como elimina as secreções nasais e bucais) personagem feminina. Lindo exemplo primevo da mestria de um dos maiores baluartes cinematográficos de todos os tempos! (WPC>)
Caramba! A-do-rei este curta-metragem! Sou acostumado a prestigiar os trabalhos acadêmicos dos estudantes de Audiovisual da UFS e, na grande maioria das vezes, noto que os projetos são muito estudados em seu academicismo, visto que, afinal, trata-se do resultado de uma disciplina. Aqui, entretanto, percebi uma entrega corajosa e desafiadora em seu amadorismo, que é convertido em experimentalismo: os enquadramentos são "errados", fora do eixo, mas brilhantes em suas pulsões expressivas; o roteiro é assumidamente elíptico, incompleto, a fim de que preenchamos o que é contado com os nossos próprios traumas familiares; e a escolha de Lígia Borges como protagonista foi um toque de mestre, no sentido de que a sua atuação (bem como o comportamento de sua personagem) é explosivo mesmo em sua contenção. Fiquei muito impressionado com o modo como ela age em cena, o que é reforçado pela inteligência dos realizadores, que evocam a trilogia 'camp' do Paul Morrissey, no modo como sujeira e sublimidade convergem, em âmbito emcoional. Infelizmente, a interpretação de Raianny Ferreira vai num pólo oposto, sendo o elemento mais tímido, ponderado, excessivamente vigiado e/ou convencionalmente reprimido do filme. Não é uma participação ruim, mas erigida num tom distinto do que é trabalhado pelos demais partícipes da equipe: com exceção dela, em sua cautela técnica, é só tesão... Que direção de arte incrível! Que senso primoroso de referências pictóricas na introdução dos 'flashbacks', que baque emocional no coongelamento imagético do desfecho... Adorei, adorei, a-do-rei! Saí da sessão bastante entusiasmado, ainda que, mais uma vez, eu tenha visto o curta-metragem numa cópia ainda carente de ajustes na montagem de som, principalmente: gostei muitíssimo do que o filme me causou, atiçou, despertou e estimulou. A equipe não priorizou "notas boas" (não obstante merecê-las), mas sim o fervor expressivo, o acerto de contas com os passados por detrás de todos os embates relacionais. Parabéns de pé aos envolvidos! (WPC>)
Conheço pessoalmente um dos diretores e sei de sua competência enquanto observador engajado da produção brasileira contemporânea, e, portanto, mesmo sem conhecer os detalhes de seu projeto, intuí que a sua sensibilidade seria evidente naquilo que salta aos olhos no belíssimo cartaz. Porém, trata-se de um exercício de aprendizado coletivo, de cariz universitário, no qual as ambições "autorais" de um ou outro devem ser administradas em prol da realização conjunta, e isso fica evidente na versão do filme à qual tive acesso, ainda não definitivamente finalizada: deparei-me com problemas de ajuste imagético e sonoro, além da impressão de que, muitas vezes, as partes se sobressaem em relação ao todo. Mas os aspectos dignos de elogio (e arrebatamento) estão lá, a começar pelo roteiro, que tem muito a ver comigo no modo como retroalimenta um platonismo quase persecutório e a crença no apoio definido concedido pelos amigos (vide a importância acertada de um aquário em determinado momento da narrativa). Neste sentido, o curta-metragem evoca os melhores aspectos de filmes como MORTE EM VENEZA ou O PESCADOR DE ILUSÕES, na maneira como apresenta-nos a um protagonista que, em seu múltiplo deslocamento (nos dois sentidos do termo), queda obcecado por um dançarino, que fascina a câmera, sempre que está em cena. Achei as seqüências de dança maravilhosas, bem como o apuro fotográfico, metalinguisticamente apreciável, em razão de o personagem principal ser um fotógrafo: é como se ele tivesse sido responsável pelos registros imagéticos que o circundam, configurando uma demonstração de extrema sensibilidade por parte dos envolvidos no projeto. Como de praxe nas ficções cinematográficas sergipanas, o problema mais difícil de ser enfrentado é a busca pelo tom preciso nas interpretações, que costumam sem impregnadas por cacoetes teatrais. É o caso aqui, mais uma vez, de modo que os diálogos não possuem a naturalidade necessária (o que é prejudicado adicionalmente pelos truísmos contidos nalgumas das conversas, como naquela em que se reclama que os patrões não se importam com o bem-estar de seus empregados...). Ainda assim, os realizadores insistem em fazer com que nos solidarizemos, identifiquemos e torçamos pelos "encontros" do protagonista em relação àquilo que talvez o faça se sentir pertencente à cidade onde vive, magistralmente fotografada, ressaltamos: os ângulos de Aracaju mostrados no filme são maravilhosos, ora fazendo com que reconheçamos de imediato alguns locais, ora ampliando a potência cênica de outros, composicionalmente transformados ao serem enquadrados (vide o 'travelling' no bar). O modo como a canção "Mágica", da banda Calcinha Preta, direciona as reviravoltas do enredo é outro aspecto que merece elogio, sendo exigível que a mesma esteja destacada nos créditos finais, o que não ocorreu na cópia a que assisti. Em verdade, fica-se evidente que há melhorias ainda em curso, seja na edição de imagens, seja nos ajustes sonoros propriamente ditos, mas, do jeito que está, mesmo com as suas imperfeições actanciais, o filme faz jus ao título, dotando de muito charme e desejo a necessidade de entregarmo-nos a aquilo que nos seduz. Amei os instantes em que diversos figurantes conhecidos interagem através de movimentos expandidos de câmera, numa praia. Saí da sessão satisfeito - ou melhor, consciente de que, após finalizado, este filme ficará ainda melhor! (WPC>)
Em sua curta duração, um filme que diz tanto e tanto... Pasolini, no auge e beleza de seus 45 anos de idade, define a realidade cinematográfica de maneira incisiva e fascinante: nos curtíssimos quatro minutinhos de duração, vidas são expandidas aqui, através de conceituações tão maravilhosas que merecem ser redigidas, tão logo encerre-se a projeção. Que encontro! Que passeio! E que linda despedida borrada... Um filme de eternos! (WPC>)
Lendo-se a sinopse após a sessão, algumas das pontas soltas fazem mais sentido: é um filme muito bonito, mas disperso, difícil de compreender. A solidariedade em relação aos personagens, enfrentando questões referentes à drogadição e ao alcoolismo é imediata, mas os diálogos são pronunciados de maneira quase centrípeta, nem sempre se ouve bem. Mas é tão bonito aquele sotaque mineiro, o sotaque é tão legítimo, que seguimos afeiçoados a eles. Mas o que realmente impressiona é a ótima montagem no trecho de assumida influência astronômica: aquela Lua onipresente é fascinante, bem como o que podemos interpretar a partir deste misterioso título. Funciona melhor em projeto que em execução (exceto no desfecho), mas deixa marcas em nós, sem dúvidas! (WPC>)
Tal qual um Balzac negro e paulistano, o diretor Fábio Rodrigo costura estórias dramáticas e fortes sobre abandono parental e as tentativas eventuais de repará-lo: em cada um de seus curtas-metragens, conhecemos um filho carente de afeto, mas disposto a doar para quem estar ao redor aquilo que não recebeu (ou que obteve através de outros componentes familiares ou vicinais). Aqui, lidamos com um rapaz enrijecido pelos (des)encontros do cotidiano, que receberá a oportunidade de reconciliar-se (ou não) com o seu passado. E, por conta disso, identifiquei-me plenamente, no sentido de que, por não saber sequer o nome de meu progenitor, imaginei se, caso eu o encontre/conheça algum dia, reagiria da mesma forma: o trabalho cênico é impressionante, os atores são conduzidos de maneira inteligente e a cena final é belíssima. A curta duração, paradoxalmente, impediu uma maior entrega espectatorial, no sentido de que desejamos saber mais sobre aqueles personagens ou, quem sabe, encontrar outros protagonistas de filmes anteriores na redondeza, visto que, conforme dito, anteriormente, o cineasta tece uma cadeia peculiar de relações entre os habitantes periféricos. Senti-me bastante amparado pelo filme: o elenco está ótimo e aquilo que não é dito ou pronunciado permanece gritando em nossas mentes e corações após a sessão. Faço questão de acompanhar de perto a carreira e as obras vindouras deste realizador tão apaixonado pelo que narra: o título assertivo e emocionante desta obra é um primor à parte! (WPC>)
Sou fã, obcecado por este diretor... Porém, não me interessei pela trama, intuía que o diretor tivesse incorrido numa espécie de autocensura, em razão da adesão às convenções de um gênero estrangeiro. Dito e feito: desde que Manu Ríos aparece dublando, de forma pouco autêntica, a canção titular de Caetano Veloso, senti-me deveras constrangido, o que só piora depois que a trama começa, e parece que chegamos no meio do episódio-piloto de um seriado de TV. A montagem é tenebrosa, desperdiçando até mesmo um potente 'flashback', convertido nalgo insosso, a despeito da enorme quantidade de vinho derramado. Os atores estão esforçados, mas senti que Pedro Pascal não teve tempo suficiente para compor o seu personagem, ao contrário de Ethan Hawke. A melhor coisa do filme é a breve aparição de George Steane, no personagem mais efetivamente almodovariano de todos, tanto que, daí para o final, o filme engrena, encontra o seu ritmo e prosseguimento discursivo. Mas é fraquíssimo, uma decepção!
PS: recusei-me a ver a entrevista no cinema. Achei essa uma péssima decisão distributiva, aff! (WPC>)
Invincible
3.3 23A produção é tecnicamente fascinante, o garoto protagonista é ótimo, o elenco de coadjuvantes é igualmente elogiável e a cena da leitura de poemas é muito boa. Mas não se consegue nutrir uma simpatia legítima pelo personagem real, nem justificar os seus atos mui equivocados (e suicidas) na busca pela alegada liberdade. Achei o filme emocionalmente forçado - e insosso! (WPC>)
Trailer do Filme que Nunca Existirá: 'Guerras de Mentira'
4.2 1Quando soube do anúncio deste "filme", fiquei muito preocupado que se tratasse de um projeto meramente oportunista, a fim de aproveitar a genialidade do autor recém-falecido. Diante da sessão, o lastro produtivo da marca Saint-Laurent confirmou a minha preocupação. Porém, quando a voz do próprio Godard entra em cena, percebi que ele já deixara esse esboço pronto: suas marcas registradas estão lá, suas comparações e obsessões (até o Brian De Palma é emulado!), seus fundamentos discursivos, seus jogos com a banda sonora e suas frases de efeito, além de sua caligrafia inconfundível e mui graciosa. Impressionante como as sínteses antibelicistas do "enredo" são oportunas para a conjuntura atual: os mesmos conflitos de sempre, que seguem retornando, a ponto de Carlotta, a protagonista adaptada de um romance, se perguntar: "será que algum dia conseguirei viver num local com a possibilidade de reconciliação?". Vi ao lado de minha mãe, que achou estranha a montagem fotográfica e quase paralisada do início, mas eu adorei: senti o finado brilhar através de suas anotações. Um filme póstumo e eternizador. Ótimo! (WPC>)
Red, White and Blue
3.8 33Apesar do impacto da narrativa e da simpatia extrema das atrizes, a falta de sutileza na direção prejudica os resultados: sim, a denúncia é completamente válida e o roteiro possui importantes questões reivindicativas acerca da saúde feminina, mas algumas decisões (o modo como ocorre a reviravolta, a cena do cofrinho, o 'close-up' nas contas penduradas na geladeira) fazem com que este retrato do 'white trash' estadunidense seja demarcado pelo choque, pela inautenticidade, pela celeridade na provocação, ao invés do incentivo em direção às resoluções. Por esse motivo, ao desfecho, ainda que torçamos pelo bem-estar das personagens, o que fica é a sensação de decepção! (WPC>)
Carta para um Porco
3.1 32 Assista AgoraFiquei muito impressionado com o que é provocado por este filme: a importância de narrar e lembrar, a luta para que as novas gerações não esqueçam os horrores perpetrados pelas anteriores, e não a repitam... Fiquei muito angustiado com o modo zombeteiro como aquelas crianças reagem ao relato emocionado do velhinho sobrevivente. Como bem disseram, não entendi direito o que acontece e/ou é pretendido na segunda metade do curta-metragem, quando há uma imersão surrealista que desperdiça o mote horrorífico, mas os traços da animação são esplêndidos. Um trabalho impressionante, em suma! (WPC>)
Death's Marathon
3.4 1Muito interessante (e até mesmo providencial) encontrar esses curtas primevos do D. W. Griffith, demonstrando que, sim, ele é merecedor dos elogios correspondentes à criação de uma gramática cinematográfico-narrativa. A adoção da montagem paralela é assertiva aqui e o desfecho de "livramento" é quase cínico, na maneira como é desenvolvido (risos). Blanche Sweet é uma fofura: ótima interpretação! (WPC>)
O Caçador de Ratos
3.1 30 Assista AgoraApesar do ótimo desempenho do Ralph Fiennes (e também da narração de Richard Ayoade) e dos incrementos à imaginação, quando os ratos entram em cena, achei este o mais fraco dos quatro curtas-metragens andersonianos baseados em Roald Dahl. os atributos técnicos (direção de arte, montagem, etc.) seguem mui elaborados, mas achei o enredo mais fraco e sem as jogadas metalingüísticas do demais... (WPC>)
Knight of Fortune
3.4 24O ritmo é lento, demoramos a compreender quem eles são e o que estão fazendo ali... Mas, quando tudo faz sentido, a mensagem é bonita, expurgadora. O elenco é ótimo (amei o embalsamador e a repetição de frases procedimentais) e a ambientação gélida explica o comportamento reprimido daqueles viúvos. Muito bacana! (WPC>)
Veneno
3.3 28 Assista AgoraDesta safra de curtas-metragens andersonianos, este é o mais assumidamente divertido e "interpretado": ainda que a narração permaneça acelerada, há um jogo explícito e renitente com as inflexões vocais, que rendeu-me pelo menos duas gargalhadas. A moral da estória é brilhante e Dev Patel esta muito gracioso. Elenco magistral, como de praxe, direção controladora e esplêndida. Os figurantes que carregam os objetos de cena deveriam estar creditados também! (risos) - WPC>
O Cisne
3.4 29Rupert Friend está extraordinário como narrador e as reverberações da trama sobre 'bullying' são muito interessantes. Mais uma vez, Ralph Fiennes está maravilhoso como o escritor Roald Dahl e a velocidade das falas dos atores fascina e satura o espectador, ao mesmo tempo. É uma trama triste, mas bonita no modo como o protagonista consegue superar os maus tratos vivenciados na infância... (WPC>)
A Incrível História de Henry Sugar
3.6 164 Assista AgoraO meu xará (e patrono hollywoodiano do TOC) aderiu definitivamente a estes experimentos interlingüísticos, brincando com múltiplas camadas de metalinguagem e narrações internas. Gostei muito da direção, dos jogos fotográficos e com os objetos de cena e do elenco, claro, inspiradíssimo em seus papéis cambiantes. A homenagem ao Roald Dahl é apaixonada e merecedora de variegados elogios. A velocidade das falas pronunciadas pelos atores é impressionante: é inevitável perder uma ou outra informação e ser obrigado a, quem sabe, revisitar o média-metragem. Ainda assim, muito divertido e com uma extraordinária moral da estória, que é também um brilhante conselho de reapropriação autoral. Adorei! (WPC>)
A Pedra do Tesouro
3.2 10O humor é óbvio e antecipa os cacoetes dos personagens, em produções (muito) futuras. O uso de trilhas conhecidas ajuda na rápida implantação de humores e o desfecho é engraçado, bem como a situação pitoresca que critica a aliança Brasil-EUA. Tolo, mas não desprezível. Os responsáveis viram os filmes chaplinianos e entenderam bem as mensagens advindas. Tem o seu valor, portanto! (WPC>)
Yellow
3.9 2Muito injusto que este filme esteja sendo visto e comentado em razão de sua pré-indicação ao Oscar, pois ele vai muito além disso: trata-se de um libelo de resistência muito vigoroso, que aborda uma questão muito delicada a partir do mesmo ponto de partida que gerou alguma polêmica quanto do lançamento de A CAMINHO DE KANDAHAR. Ao denunciar a situação aflitiva e opressora na qual as mulheres afegãs voltaram a viver, o roteiro insere discussões estéticas e de enfrentamento a partir da aparente conformação, em viés tão inteligente quanto sensivelmente respeitoso. Fiquei impressionado e arrebatado: ótimo e muito contundente. A atriz e extraordinária e o diretor também cumpre muito bem a sua função enquanto ator! (WPC>)
Sonho de Natal
3.3 3Adoro o George Meliès, mas a confusão imagética deste curta-metragem não me soou muito afirmativa: seja pelo pendor classista da conformação natalina setentrional, claro; seja pela dificuldade em entender o que está se passando na tela, tamanha a pletora de informações e atores em cena. Não senti nada, não me emocionou nem encantou (a despeito do requinte dos cenários), apenas me enfadou! (WPC>)
Max Wants a Divorce
3.7 1É impressionante o quanto este comediante era obcecado pela temática do casamento (e, em especial, por suas crises). Aqui, felizmente, ele não envereda pelo racismo, ainda que a sua abordagem seja delicada em relação ao tratamento com as mulheres. Neste curta-metragem, a subtrama cômica envolvendo a baderna dos pacientes num consultório psiquiátrico é hilária, compensando outros dissabores. Sem contar que o motivo para carecer tão urgentemente do divórcio titular é hilário! (WPC>)
Os Animais Mais Fofos e Engraçados do Mundo
4.4 1Que brilhante entrosamento entre personagens: assistindo ao filme, aceitei magistralmente o meu envelhecimento em curso. Fazia tempo que eu não ficava tão positivamente excitado diante de uma seqüência de sexo - e, mais ainda, pela extensão cotidiana deste colóquio erótico. Há algo de inicialmente exagerada na aparição do comprador de áudios, que, em minha opinião, estragou um pouquinho do impacto do desenho de som, por conta do sobejo de expectativas depositadas, mas isso é brilhantemente ressignificado na audição da conversa que explica o título. Os dois atores estão maravilhosos (quão importante é que os idosos mostrem-se nus!) e o filme ficou repercutindo por muito tempo, em minha vida, após a sessão. Lindo demais! (WPC>)
Big Bang
3.8 7Até então, gostei bastante de tudo o que vi desde diretor. Mas este filme se sobressai pela excelente construção do protagonista: o ator Giovanni Venturini é muito eloqüente e consegue emocionar-nos tanto nas cenas mais dramáticas (o diálogo com a tia, por exemplo) quanto no desfecho catártico. Por mim, assistiria às suas tentativas de enfrentamento vital por mais tempo: as situações são bem desenvolvidas, ampliando a polissemia do título. Extraordinário! (WPC>)
Song of Avignon
4.5 10A despeito do ponto de partida depressivo, com narração em primeiríssima pessoa, o curta-metragem revela-se progressivamente curativo ("cinema é também medicina", disse-me o amigo que mo recomendou!): em seu mergulho nas benesses procriadoras do heterossexualismo, o diretor apresenta-nos também ao cotidiano de quem migra, de quem está em permanente deslocamento. Aquelas cenas dele improvisando no acordeom são maravilhosas. Um filme para voltar a acreditar na família, enquanto instituição voltada para o suporte emocional dos indivíduos. Lindo! (WPC>)
Vida de Cachorro
4.3 86 Assista AgoraApesar de eu ser um cinéfilo e cinófilo, nunca tinha visto este curta-metragem, e fiquei impressionado em muitos aspectos, principalmente pela eloqüência do cãozinho protagonista e do desfecho subversivo, em sua aplicação do "sonho convertido em realidade". Numa fase ainda inicial de sua carreira, Chaplin delineia o seu personagem-mor com desenvoltura magna, além de render ótimos e divertidíssimos momentos em cena para seus coadjuvantes freqüentes, como aquele brutamontes encarnando uma repugnante (por causa do modo aleatório como elimina as secreções nasais e bucais) personagem feminina. Lindo exemplo primevo da mestria de um dos maiores baluartes cinematográficos de todos os tempos! (WPC>)
Sétimo Dia
4.0 1Caramba! A-do-rei este curta-metragem! Sou acostumado a prestigiar os trabalhos acadêmicos dos estudantes de Audiovisual da UFS e, na grande maioria das vezes, noto que os projetos são muito estudados em seu academicismo, visto que, afinal, trata-se do resultado de uma disciplina. Aqui, entretanto, percebi uma entrega corajosa e desafiadora em seu amadorismo, que é convertido em experimentalismo: os enquadramentos são "errados", fora do eixo, mas brilhantes em suas pulsões expressivas; o roteiro é assumidamente elíptico, incompleto, a fim de que preenchamos o que é contado com os nossos próprios traumas familiares; e a escolha de Lígia Borges como protagonista foi um toque de mestre, no sentido de que a sua atuação (bem como o comportamento de sua personagem) é explosivo mesmo em sua contenção. Fiquei muito impressionado com o modo como ela age em cena, o que é reforçado pela inteligência dos realizadores, que evocam a trilogia 'camp' do Paul Morrissey, no modo como sujeira e sublimidade convergem, em âmbito emcoional. Infelizmente, a interpretação de Raianny Ferreira vai num pólo oposto, sendo o elemento mais tímido, ponderado, excessivamente vigiado e/ou convencionalmente reprimido do filme. Não é uma participação ruim, mas erigida num tom distinto do que é trabalhado pelos demais partícipes da equipe: com exceção dela, em sua cautela técnica, é só tesão... Que direção de arte incrível! Que senso primoroso de referências pictóricas na introdução dos 'flashbacks', que baque emocional no coongelamento imagético do desfecho... Adorei, adorei, a-do-rei! Saí da sessão bastante entusiasmado, ainda que, mais uma vez, eu tenha visto o curta-metragem numa cópia ainda carente de ajustes na montagem de som, principalmente: gostei muitíssimo do que o filme me causou, atiçou, despertou e estimulou. A equipe não priorizou "notas boas" (não obstante merecê-las), mas sim o fervor expressivo, o acerto de contas com os passados por detrás de todos os embates relacionais. Parabéns de pé aos envolvidos! (WPC>)
Mergulho
3.5 1Conheço pessoalmente um dos diretores e sei de sua competência enquanto observador engajado da produção brasileira contemporânea, e, portanto, mesmo sem conhecer os detalhes de seu projeto, intuí que a sua sensibilidade seria evidente naquilo que salta aos olhos no belíssimo cartaz. Porém, trata-se de um exercício de aprendizado coletivo, de cariz universitário, no qual as ambições "autorais" de um ou outro devem ser administradas em prol da realização conjunta, e isso fica evidente na versão do filme à qual tive acesso, ainda não definitivamente finalizada: deparei-me com problemas de ajuste imagético e sonoro, além da impressão de que, muitas vezes, as partes se sobressaem em relação ao todo. Mas os aspectos dignos de elogio (e arrebatamento) estão lá, a começar pelo roteiro, que tem muito a ver comigo no modo como retroalimenta um platonismo quase persecutório e a crença no apoio definido concedido pelos amigos (vide a importância acertada de um aquário em determinado momento da narrativa). Neste sentido, o curta-metragem evoca os melhores aspectos de filmes como MORTE EM VENEZA ou O PESCADOR DE ILUSÕES, na maneira como apresenta-nos a um protagonista que, em seu múltiplo deslocamento (nos dois sentidos do termo), queda obcecado por um dançarino, que fascina a câmera, sempre que está em cena. Achei as seqüências de dança maravilhosas, bem como o apuro fotográfico, metalinguisticamente apreciável, em razão de o personagem principal ser um fotógrafo: é como se ele tivesse sido responsável pelos registros imagéticos que o circundam, configurando uma demonstração de extrema sensibilidade por parte dos envolvidos no projeto. Como de praxe nas ficções cinematográficas sergipanas, o problema mais difícil de ser enfrentado é a busca pelo tom preciso nas interpretações, que costumam sem impregnadas por cacoetes teatrais. É o caso aqui, mais uma vez, de modo que os diálogos não possuem a naturalidade necessária (o que é prejudicado adicionalmente pelos truísmos contidos nalgumas das conversas, como naquela em que se reclama que os patrões não se importam com o bem-estar de seus empregados...). Ainda assim, os realizadores insistem em fazer com que nos solidarizemos, identifiquemos e torçamos pelos "encontros" do protagonista em relação àquilo que talvez o faça se sentir pertencente à cidade onde vive, magistralmente fotografada, ressaltamos: os ângulos de Aracaju mostrados no filme são maravilhosos, ora fazendo com que reconheçamos de imediato alguns locais, ora ampliando a potência cênica de outros, composicionalmente transformados ao serem enquadrados (vide o 'travelling' no bar). O modo como a canção "Mágica", da banda Calcinha Preta, direciona as reviravoltas do enredo é outro aspecto que merece elogio, sendo exigível que a mesma esteja destacada nos créditos finais, o que não ocorreu na cópia a que assisti. Em verdade, fica-se evidente que há melhorias ainda em curso, seja na edição de imagens, seja nos ajustes sonoros propriamente ditos, mas, do jeito que está, mesmo com as suas imperfeições actanciais, o filme faz jus ao título, dotando de muito charme e desejo a necessidade de entregarmo-nos a aquilo que nos seduz. Amei os instantes em que diversos figurantes conhecidos interagem através de movimentos expandidos de câmera, numa praia. Saí da sessão satisfeito - ou melhor, consciente de que, após finalizado, este filme ficará ainda melhor! (WPC>)
Agnès Varda - Pier Paolo Pasolini - New York - …
3.9 3Em sua curta duração, um filme que diz tanto e tanto... Pasolini, no auge e beleza de seus 45 anos de idade, define a realidade cinematográfica de maneira incisiva e fascinante: nos curtíssimos quatro minutinhos de duração, vidas são expandidas aqui, através de conceituações tão maravilhosas que merecem ser redigidas, tão logo encerre-se a projeção. Que encontro! Que passeio! E que linda despedida borrada... Um filme de eternos! (WPC>)
Tudo que Vi Era o Sol
3.5 1Lendo-se a sinopse após a sessão, algumas das pontas soltas fazem mais sentido: é um filme muito bonito, mas disperso, difícil de compreender. A solidariedade em relação aos personagens, enfrentando questões referentes à drogadição e ao alcoolismo é imediata, mas os diálogos são pronunciados de maneira quase centrípeta, nem sempre se ouve bem. Mas é tão bonito aquele sotaque mineiro, o sotaque é tão legítimo, que seguimos afeiçoados a eles. Mas o que realmente impressiona é a ótima montagem no trecho de assumida influência astronômica: aquela Lua onipresente é fascinante, bem como o que podemos interpretar a partir deste misterioso título. Funciona melhor em projeto que em execução (exceto no desfecho), mas deixa marcas em nós, sem dúvidas! (WPC>)
Engole o Choro
3.2 1Tal qual um Balzac negro e paulistano, o diretor Fábio Rodrigo costura estórias dramáticas e fortes sobre abandono parental e as tentativas eventuais de repará-lo: em cada um de seus curtas-metragens, conhecemos um filho carente de afeto, mas disposto a doar para quem estar ao redor aquilo que não recebeu (ou que obteve através de outros componentes familiares ou vicinais). Aqui, lidamos com um rapaz enrijecido pelos (des)encontros do cotidiano, que receberá a oportunidade de reconciliar-se (ou não) com o seu passado. E, por conta disso, identifiquei-me plenamente, no sentido de que, por não saber sequer o nome de meu progenitor, imaginei se, caso eu o encontre/conheça algum dia, reagiria da mesma forma: o trabalho cênico é impressionante, os atores são conduzidos de maneira inteligente e a cena final é belíssima. A curta duração, paradoxalmente, impediu uma maior entrega espectatorial, no sentido de que desejamos saber mais sobre aqueles personagens ou, quem sabe, encontrar outros protagonistas de filmes anteriores na redondeza, visto que, conforme dito, anteriormente, o cineasta tece uma cadeia peculiar de relações entre os habitantes periféricos. Senti-me bastante amparado pelo filme: o elenco está ótimo e aquilo que não é dito ou pronunciado permanece gritando em nossas mentes e corações após a sessão. Faço questão de acompanhar de perto a carreira e as obras vindouras deste realizador tão apaixonado pelo que narra: o título assertivo e emocionante desta obra é um primor à parte! (WPC>)
Estranha Forma de Vida
3.4 136 Assista AgoraSou fã, obcecado por este diretor... Porém, não me interessei pela trama, intuía que o diretor tivesse incorrido numa espécie de autocensura, em razão da adesão às convenções de um gênero estrangeiro. Dito e feito: desde que Manu Ríos aparece dublando, de forma pouco autêntica, a canção titular de Caetano Veloso, senti-me deveras constrangido, o que só piora depois que a trama começa, e parece que chegamos no meio do episódio-piloto de um seriado de TV. A montagem é tenebrosa, desperdiçando até mesmo um potente 'flashback', convertido nalgo insosso, a despeito da enorme quantidade de vinho derramado. Os atores estão esforçados, mas senti que Pedro Pascal não teve tempo suficiente para compor o seu personagem, ao contrário de Ethan Hawke. A melhor coisa do filme é a breve aparição de George Steane, no personagem mais efetivamente almodovariano de todos, tanto que, daí para o final, o filme engrena, encontra o seu ritmo e prosseguimento discursivo. Mas é fraquíssimo, uma decepção!
PS: recusei-me a ver a entrevista no cinema. Achei essa uma péssima decisão distributiva, aff! (WPC>)