Esse filme consegue trazer uma sensação muito inesperada no final. Normalmente, as reviravoltas nos finais de filmes não são tão agradáveis assim, servem mais para dar continuidade à história através do anúncio de um problema mal-resolvido. Aqui, exatamente o contrário acontece.
Acho que essa é a temporada mais fraca. Tem muitos desvios no plot e foca em personagens irrelevantes. Mas ainda é Scissor Seven, então continua sendo engraçado e instigante.
Jia Zhangke é a prova viva de que a censura na China não impede que filmes críticos e de alta qualidade técnica sejam feitos por lá. Ignorante é quem pensa que cinema chinês consiste só em filmes de Kung Fu, Wuxia etc.
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é um filme sobre filosofia chinesa. Se engana quem pensa que tem a ver com teoria das cordas.
No conflito central do filme tem dois polos: em um lado tem um complexo de Electra e no outro tem a piedade filial. Em cada um desses polos dá para enxergar muitas coisas interligadas. De modo geral, em um lado você vê a forma de desdobrar os conflitos entre mãe e filha que é tipicamente ocidental e moderna; e no outro é muito visível uma resolução confuciana e tradicional. E encontrar um meio-termo entre esses caminhos é enlouquecedor e traz uma reflexão sobre o sentido da existência humana.
Dessa mistura específica e contraditória só poderia sair de uma estória baseada na situação de imigrantes chineses nos EUA.
De uma simples trama sobre a perseguição e a repressão que essas comunidades sofrem no Ocidente (que fica cada vez mais sinofóbico na medida em que a China volta a ser a maior potência do mundo e tende a superar a hegemonia americana), partindo do caso específico e exemplar da auditora histérica, saem várias reflexões absurdas de uma mulher de meia-idade com TDAH sobre o sentido da existência. Mas você não sabe se são reflexões ou se tem vários universos se chocando pela lógica da teoria das cordas. Todos os gêneros cinematográficos são abordados no mesmo lugar e ao mesmo tempo e você não sabe se está assistindo a um filme surrealista ou de ficção científica, se é uma comédia, um filme de Kung Fu, se é um drama ou se é um romance - porque consegue ser tudo no mesmo filme ao mesmo tempo. Em cada universo ou reflexão você sente algo diferente, cada um tem um gênero cinematográfico e você perde a noção de qual é a linha central do roteiro até ser enviado de volta para ela no final de cada uma das três partes do filme.
Falando em pensamentos sobre a existência, essa atitude reflexiva e circular é tipicamente ocidental. Por uma coincidência as teorias da relatividade e das cordas, que são as referências científicas do filme, são carregadas com uma significação existencialista porque podem apontar para uma certa insignificância do indivíduo. Os autores que fundam essa corrente da literatura e da filosofia são todos alinhados com a cultura ocidental em alguma medida (Sartre, Dostoiévski e Camus, por exemplo, bebem de fontes filosóficas europeias mesmo tendo suas especificidades). Não têm convergência lógica com a filosofia tradicional chinesa que, por sua vez, procura reforçar as tradições milenares para simplificar a realidade em um sentido hierarquizante e pragmático para incentivar o "fazer" acima do "pensar" como a melhor forma de viver um dia após o outro. Uma leitura de Confúcio sugere que "fazer" é existir (não tem essa de "penso, logo existo"), e ser alguém que pensa demais e age pouco não é recomendado. A tradição filosófica chinesa ainda tem como componente um coletivismo que parte da família como núcleo de uma grande civilização hierárquica, apontando para uma solução ao questionamento niilista da Joy. O choque filosófico entre civilizações é um aspecto da contradição básica desse filme. Como poderia aparecer uma perspectiva circular e cheia de paralelismos e distrações em uma família enraizada nas tradições pragmáticas, verticais e ativas da China? Só pela junção com o modo de pensar ocidental, ou seja, só sofrendo um choque enlouquecedor em meio à assimilação cultural.
O conflito vem do relativismo e a solução vem pela tradição.
Esse filme é produto de uma mistura muito profunda e sensível da dialética entre o pensamento ocidental e chinês. Essa dialética representa também a dualidade de Yīnyáng, então também dialoga com o taoismo, que é outro pilar da filosofia tradicional chinesa.
A metáfora da rosquinha está totalmente relacionada com o conceito de "kōng" (空 - vazio) trazido por Laozi, que é o pai do taoismo: do vazio existencial surge a energia que nutre tudo que existe, gerando o mundo e a vida, mas também podendo funcionar como algo que encerra o cosmos. Em condições de existência aparece a dualidade paradoxalmente complementar e oposta de Yīnyáng (阴阳 - negativo e positivo). A relação entre a Evelyn e a Joy, a mãe e a filha, é compatível com esse conceito, com a filha sendo o Yīn e a mãe o Yáng porque elas dependem uma da outra e jamais podem se separar, apesar de serem inimigas em todas as dimensões existentes.
E por que o terceiro pilar da civilização chinesa, que é o budismo, não estaria entre os milhares de significados que surgem dentro desse sentido dialético? Claro que aparece.
Na cena do Universo em que não existe vida, que mãe e filha dizem "Apenas seja uma pedra", tem uma referência muito clara à perspectiva de "desapego" trazida pelo Buda. O desapego praticado por um monge que evolui o suficiente leva, por fim, após um ciclo transformativo, à "iluminação". A cena das rochas também apresenta um tom de contemplação à natureza em seu sentido de fluidez e de "kōng" (空 - vazio), então está alinhada também com a vertente chinesa do budismo e com suas características taoistas. Aliás, a frase "seja apenas uma pedra" é análoga à máxima "be water, my friend" do Tao de Bruce Lee. A perspectiva que aponta para a fluidez existencial natural funciona como uma válvula de escape para confortar a ansiedade enlouquecedora que age sobre a protagonista.
Por falar em Bruce Lee, as representações da cultura chinesa não ficam limitadas só à filosofia. Também aparecem homenagens aos clássicos de ação que marcaram a identidade chinesa no cinema nos universos mais absurdos em que todos têm habilidades de artes marciais. Essas cenas poderiam fazer homenagens aos filmes do Bruce Lee e do Jackie Chan, mas acabam indo além e reproduzem algo mais próximo do estilo cômico de Kung Fusão. E é essa "dimensão" que deixa o filme extremamente engraçado e descontraído, cheio de humor nonsense e com todo o abandono do senso do ridículo. A abordagem cômica é a chave para tornar o filme acessível para quem só quer ver algo divertido, se entreter, e não ficar quebrando a cabeça para entender. Mas se for para quebrar a cabeça para entender, também vale.
Afinal, "não existem regras", como dizem as pedras no multiverso budista e taoista em que não existe vida humana.
O grande plot twist no último capítulo (o terceiro) me fez gostar ainda mais de tudo, que já tinha me convencido por ter excelentes atuações, belíssima fotografia, uma trilha sonora síncrona e coesa feita por David Byrne, e um roteiro relativamente curto mas paradoxalmente dinâmico através de dezenas de paralelos para representar as emoções de cada acontecimento sutil.
O fato de os multiversos serem PARTE do TDAH da Evelyn justificou a flexibilidade para tratar esse tema científico tão complexo. No final, todos os paralelos servem para preencher com emoções os pequenos acontecimentos de uma estória que na verdade é breve (dá para recortar as cenas só do plot central e daí sai um filme de mais ou menos meia hora, mas aí o filme perde sua essência). E isso expressa de uma forma muito interessante, sensível, detalhada e criativa o dinamismo da mentalidade de uma pessoa que tem TDAH.
É curioso pensar que o título em mandarim do filme é Tiānmǎxíngkōng (天马行空), que é entendido como "Imaginativo", conforme aparece escrito bem grande em caracteres tradicionais antes de passarem os créditos. Mas se essa frase for decomposta dá para refletir sobre a lógica desse título. Tiānmǎ (天马) significa "cavalo voador", ou seja, "pégaso" - remete ao absurdo. E Xíngkōng (行空) significa "linha vazia", que diz respeito às várias linhas existenciais que constam no espaço-tempo, ou seja, as "cordas" da física quântica. O caractere Kōng (空) aparecer para definir as "cordas" demonstra um paralelo muito interessante com o conceito taoista que expliquei acima. Por outro lado, para o chinês médio que assistir ao filme o significado com certeza fica mais previsível do que para o espectador ocidental que se depara com esse título gigante e absurdo. A verdade sobre ser, na verdade, um filme sobre psicologia e não sobre física quântica (que é apenas um subtema, uma forma criativa de representar a riqueza da psicologia de uma imigrante chinesa perseguida pela auditoria, em crise de meia-idade e com dificuldades para aceitar a filha e o casamento) fica mais evidente na Ásia do que no Ocidente. O título Everything Everywhere All at Once traz uma ambiguidade que dificulta a compreensão do verdadeiro sentido do filme.
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é, então, uma homenagem tanto à cultura chinesa como às pessoas com TDAH. Mas não só uma homenagem, também vale como um desabafo, um grito, uma explicação para que a sociedade entenda essas pessoas.
Para resumir, nesse filme tem uma representação da dialética contraditória das civilizações ocidental e chinesa. Aproveita um simples "causo" sobre a vivência difícil de imigrantes chineses nos EUA para trazer uma reflexão existencialista que se choca profundamente com a filosofia tradicional chinesa, mas encontra uma conciliação inclusiva, coletivista e tradicional. O nível extremo das viagens por multiversos mostra o quão grande é esse choque de culturas e as consequências em torno dele, se você pensar por um lado sociológico.
Quem fala "rato" no Brasil? E quem fala "ele tem um "ponto"? O título "Irmandade" dá uma ótima tradução para "Brotherhood". É claramente um produto de exportação já bem ajeitado para ser traduzido para o inglês. E isso é ruim? Claro que não, é bom para fortalecer o cinema nacional, mostrar para os gringos que temos cinema de altíssima qualidade. A questão é que perde um pouco da fidelidade com a realidade nacional.
Essa série é incrível e poderia ser analisada por partes, pegando episódio por episódio para comentar, mas vou me limitar a dar uma opinião geral.
É pesada, mas necessária para refletir sobre questões pertinentes à cultura chinesa em um momento em que vivemos a quarta revolução industrial. Transitando de Confúcio a Black Mirror nas referências, temos como resultado essa série bastante interessante para quem estuda a cultura chinesa em sua totalidade, sem apologias nem preconceitos. Infelizmente desconhecida, é tecnicamente muito bem feita e chama a atenção por seus significados críticos. As atuações são bem realistas e sensíveis, fotografia e direção de arte são agradáveis, e a trilha sonora é limitada a poucas músicas que, porém, combinam com o tom da série.
Talvez represente um grito ocidentalizado contra a cultura confucionista centrada na hierarquia familiar, escolar e governamental? Um desabafo sincero sobre os aspectos patológicos dessa sociedade? Temor diante das consequências da tecnologia em uma sociedade que preserva tradições milenares? Ficam aí algumas questões para refletir.
na boa, eu nem gosto de anime e sou véio pra ver "desenho", mas como estudante de mandarim eu digo sem vergonha NENHUMA que isso aqui é uma coisa perfeita e extremamente recomendada
Acho que dentro da proposta representa muito bem a realidade chinesa dos anos 90 por se pautar pela persistência e adaptabilidade do povo em um contexto de pobreza extrema no início de um longo processo de desenvolvimento. Tem uma pegada de neorrealismo italiano, então trata com simplicidade e normalidade de temas bem tristes, como a miséria durante a infância, sem forçar a barra. Além disso, afirma a identidade cultural chinesa por explorar o tema da relação entre pai e filho e discutir como o primeiro influencia o segundo e qual é o caminho correto a ser seguido de acordo com a filosofia tradicional do país.
Para que desperdiçaram um dos dois personagens mais engraçados do elenco justo no último episódio? Os gêmeos animavam o núcleo chocho do Doni.
O núcleo horroroso da Rita podia ter sido consertado, mas só piorou ao longo de toda a temporada e atingiu o ápice quando o pastor fez o convite para ela entrar na política. Enquanto isso, fiquei só esperando escancararem a corrupção previsível da igreja, mas não aconteceu. Só normalizaram o fato de dinheiro do crime (doado pelo Formigão) vir para cobrir uma dívida da Rita. Só isso. Mas poderiam ter explorado mais essa realidade corriqueira e óbvia das igrejas neopentecostais.
E o núcleo do Nando é o mais legal, é o que mais me prende desde a primeira temporada, mas podia ter sido muito melhor desenvolvido. O jogo de câmeras denunciava tanto que o Formigão poderia ser o rato, o X9, mas na real ele era só um cara ansioso e que queria virar crente. Imagina se não fosse isso? Se o Nando tivesse que enfrentar outro dilema para "ripar" mais um amigo dele? No final, o rato era só um cara aleatório mesmo. Algo que podia trazer um dilema extremo, intenso, contraditório e tenso acabou trazendo só um conflito comum.
A série inteira me prendeu muito, apesar de todas as cenas do núcleo crente. Mas depois desse final tosco eu acho que nem vou assistir à terceira temporada.
Imagina só um mundo em que dá para invadir casas com tanta facilidade, se safar de crimes cometidos no meio da rua, fugir para Paris depois de forjar a própria morte e mudar de identidade?
Os furos incomodaram, mas a direção conduzida por um monólogo detalhista é fascinante e prende a atenção até o fim. Também gostei da abordagem crítica de temas polêmicos envolvendo a superficialidade de redes sociais, o pós-pandemia, gente antivax, masculinismo, a crise da instituição familiar, o estilo de vida burguês etc. É um retrato do tempo que vivemos.
Teve gente que reclamou do último episódio, mas essa vontade de exagerar, de pôr reviravoltas a mais, de revelar o que ficou estranho na história e de deixar tudo bem explicado é bem comum em outras séries e filmes da Coreia do Sul. Todo mundo que assistiu a Old boy, Parasita, O Caçador, Em Chamas etc. sabe disso.
Tem muitos temas e influências dessas produções, inclusive, nessa série.
Ainda que eu ache que seria mais agradável se entre todos os plot twists do final os roteiristas tivessem deixado a mãe do Gi-Hun viva e não transformado Il-Nam num vilão, não me frustrei. Não entregar o que o público quer fez parte do tom absurdo da série. E eu já estava esperando por isso.
O tom é tão absurdo que o Gi-Hun virou o Iori Yagami no final. Do nada. Por nada.
É muito mais rico em conteúdo e significado do que um Jogos Mortais da vida (acho desagradável comparar). Aqui tem uma critica ao capitalismo muito bem construída, não só violência gratuita.
Ainda que se trate de um documentário, é possível observar fortíssima influência realista no sentido de que, por meio da simples exposição da realidade, produz críticas às consequências da política de reforma e abertura planejadas e executadas dos anos 80 em diante durante a gestão de Deng Xiaoping. O ritmo do filme é conduzido por entrevistas com trabalhadores da fábrica 420 em demolição.
Muito interessante a proposta de buscar dar voz ao povo, à gente simples, ao proletariado, dentro de um contexto em que a luta de classes ainda se faz valer em uma China, que, dentro da perspectiva do socialismo com características chinesas, ainda reconhece que existe forte luta de classes dentro de si. Parte de uma premissa expositiva, popular e crítica - E não se trata de uma crítica à direita, mas à esquerda. Nesse sentido, o discurso do filme é extremamente válido e necessário até hoje, ainda que a desigualdade na China esteja sendo reduzida drasticamente desde 2013, quando Xi Jinping assume o poder (vide a erradicação da pobreza extrema neste ano, reconhecida por dados de instituições do Ocidente, como o Banco Mundial).
Quanto à estética, a fotografia é muito contemplativa, cheia de tomadas muito bonitas para se observar a realidade nua e crua. Dentro de uma certa feiura urbana, construções sucateadas que clamam por reformas e pinturas, uma beleza é encontrada.
E as "características chinesas" não podiam deixar de estar presentes. Cada encerramento de entrevista com cada trabalhador leva à apresentação de poesias que possuem um significados sinérgicos com a vida de cada trabalhador. A poesia é, possivelmente, o gênero literário mais valorizado na China desde a Antiguidade.
Arrebatador, potente, sincero e necessário. Esse é um dos filmes chineses mais bonitos que já assisti.
Muito bem feito e informativo, bastante preciso para conhecer de forma bem resumida a biografia e alguns conceitos principais de Marx, mas meio brega devido ao choque cultural e à pretensão de abranger um público chinês jovem.
Ainda assim, levando em conta que se trata de uma pequena homenagem aos 200 anos de Marx feita com apoio do governo chinês e sob consulta histórica e filosófica de intelectuais da Academia Chinesa de Ciências Sociais, é impossível não refletir bastante sobre o legado do marxismo na China e no mundo. Esse é um pequeno sinal que representa algo muito profundo para pensar as Ciências Sociais e as Relações Internacionais durante um período tão confuso da história.
Acho que dá para dizer que é uma pequena animação bastante didática e meio brega, mas capaz de acabar com qualquer reducionismo que se prega por aí quando se fala sobre China.
Surpreendente para os padrões Globo de qualidade, mas ainda presa a vícios novelescos no pior sentido da expressão.
Esse negócio de criar subtramas para aumentar a vida útil da série só tornou tudo desnecessariamente denso. Eu não queria saber da irmã da protagonista nem do namorado sem graça dela. E é exatamente esse prolongamento que deu uma cara de novela para a série. Poderia ter só três ou cinco episódios objetivos e de qualidade, mas acabou tendo dez cheios de enrolação.
A trilha sonora é muito boa, mas reproduz tanto as mesmas músicas que o peso delas é relativamente descartado. Essa saturação da trilha sonora dá mais um quê de novela. As músicas do Nick Cave, do Elvis, do Depeche Mode e da MPB poderiam ter uma presença mais marcante se cada uma surgisse só uma vez dentro de um timing adequado.
Além disso, tem alguns pontos que não colaram tão bem no roteiro. Uma patricinha recém-formada em medicina não se viciaria em crack. Seria mais "verossímil" se ela cheirasse pó ou fosse alcoólatra. O vício em crack está relacionado principalmente com a pobreza, sendo uma droga muito comum entre moradores de rua. E por que os roteiristas erraram nisso e ninguém da produção corrigiu? É isso que acontece quando, em um trabalho artístico (que exige pesquisa mínima), o sujeito e o objeto não têm relação alguma e mesmo assim o primeiro quer se envolver com o segundo: dissonância absoluta devido a um tratamento alienígena. A série tem uma síndrome de "antropologia etnocêntrica" ao objetificar um estrato social do próprio país sem conseguir utilizar a lente correta.
Ainda assim, a fotografia é bonita (é obrigação de um estúdio com tantos recursos cumprir esse requisito) e as atuações naturais (nada teatrais) são de extrema qualidade. Fábio Assunção meio que se redimiu ao fazer esse papel de viciado em busca de superação. E a Letícia Colin possivelmente fez o melhor trabalho da carreira dela.
Péssimo documentário feito com objetivos exclusivamente políticos e desonestos. Lamentavelmente, só serve para desinformar ainda mais sobre o que ocorre em Hong Kong.
Esse documentário não mostra que os "protestantes pró-democracia" recebiam financiamento direto do NED (que foi criado para fazer o serviço sujo da CIA com um tom de soft power dos EUA), nem que assassinaram um idoso a tijoladas no crânio (porque estava trabalhando para o governo, limpando as ruas destruídas por eles) e também não mostra que tinha nazistas ucranianos participando das manifestações.
Para quem não sabe do ocorrido em relação ao idoso assassinado, leia sobre a morte de Luo Changqing. Tem um artigo na Wikipedia em inglês dedicada ao tema. Sobre o financiamento estrangeiro dos manifestantes, procurem no próprio site do NED a informação pública de que a instituição bancava o Demosistō. E, por fim, procurem sobre a presença dos fascistas ucranianos nas manifestações (diversos jornais repercutiram isso, inclusive alguns famosos, como a Vice).
E que fique claro que NENHUM dos protestantes foi morto pela polícia de Hong Kong. Faça sua pesquisa e verá que é verdade. A narrativa sobre a "brutalidade da polícia" é furada e só serve para insuflar ainda mais o Ocidente contra a potência emergente que desafia a hegemonia dos Estados Unidos. Isso deveria ser óbvio, mas infelizmente muitos não percebem.
Por que será que um protesto forçado, ilegítimo, criado principalmente com objetivos geopolíticos dos Estados Unidos, com mais pretensões externas do que internas, recebeu tantos holofotes ao longo de dois anos? Enquanto isso, por que será que os protestos aqui na América Latina mesmo, na Colômbia (que já deixaram 17 mortos em um mês) e no Equador (7 mortos em 2019), por exemplo, que foram muito mais legítimos e espontâneos, não receberam a mesma atenção na mídia? Quais dessas manifestações eram mais legítimas e quais foram mais "brutais"? A resposta é óbvia.
Encerro meu comentário com duas citações:
"Seria terrível para grupos democráticos em todo o mundo serem vistos como subsidiados pela CIA ... é por isso que o fundo patrimonial foi criado." - fundador do NED, Carl Gershman.
“Muito do que fazemos hoje foi feito secretamente há 25 anos pela CIA.” - fundador do NED, Allen Weinstein.
Antes de mais nada já falo: é uma superprodução, sem dúvidas, e qualquer um que negue isso não assistiu ao filme ou é desonesto. Concorde com a mensagem ou não, mas é um filmaço. Não é à toa que foi premiado no exterior.
A direção traz à tona todos os resultados da experiência do Wagner Moura como artista. Dá para ver uns traços de Narcos e Sérgio em diversas cenas que não vou citar para não dar spoiler, mas quem assistiu à série e ao filme citados vai sacar. Meio netflixiano? Tem um quê de José Padilha? Sim, mas isso é muito bom em termos técnicos e vai chamar a atenção de um público mais amplo. Além disso, tem coprodução do Fernando Meirelles. Como isso poderia dar errado? Então o roteiro conta com uma boa direção. Consequentemente, a fotografia também ficou de altíssimo nível. Quanto à trilha sonora, a sincronia é constante, e tudo que é esperado que deve tocar, toca na hora certa (ainda bem que não esqueceram da música dos Racionais).
O elenco é experiente e talentoso, e ainda por cima conta com a preparação da Fátima Toledo. Bella Camero e Humberto Carrão são as revelações do filme, enquanto Seu Jorge e Bruno Gagliasso obviamente cumprem o que prometem (apesar de ambos não se assemelharem às figuras históricas do Marighella e do Fleury - mas tudo bem, não vou problematizar isso como fizeram alguns babacas por aí).
E tem um bônus: o Pastor Henrique Vieira atuando como personagem-chave e, ainda por cima, como um padre! - Essa foi uma grande surpresa que revelou muito sobre o caráter, o ecumenismo, o talento e as capacidades desse grande ser humano (fica aí a dúvida: quantos pastores topariam atuar como padres?).
Bom, quanto ao roteiro, não poderia não ser triste. Não esperem por um filme agradável nesse sentido. Tem cenas pesadíssimas, mas serve para te fazer pensar. Foi feito para ser indigesto visualmente, mas profundo nas mensagens trazidas pelo script.
Tem dois pontos-chave que eu gostaria de destacar sobre o roteiro:
1) No momento em que o jornalista gringo vem entrevistar o Marighella e pergunta "você é leninista, trotskista ou maoista?" e ele responde "eu sou brasileiro", quem conhece sabe que ele era um leninista, mas acima disso era um patriota. Em várias cenas isso é enfatizado. Quando matam o próprio Marighella a mãe de seu filho grita: "esse homem amava o Brasil!" e quando o filme acaba todos cantam o hino nacional de forma emocionada. É muito importante destacar que a esquerda no século XX era patriota, sim, e essa não é uma bandeira que se deve deixar ser levantada só por entreguistas de direita (ainda mais nesse momento de governo Bolsonaro).
2) É difícil não cair no lugar-comum de romantizar a derrota quando se fala sobre a ditadura, e isso é errado se pensamos na necessidade de mudar a realidade. O filme tentou trazer uma pitada de esperança ao mostrar a continuidade da luta, mas já sabemos como acabou Lamarca e a maioria dos outros guerrilheiros. De qualquer forma o esforço do filme foi válido nesse sentido, pois o que importa é a continuidade da busca por mudança e a não romantização da derrota.
E para finalizar eu reitero algo que já falei em um comentário anterior. Eu não daria nota 5/5 para esse filme porque teve algumas forçadas de barra no discurso identitário e porque poderia ter abordado mais momentos da história do Marighella (eu sei que foi inspirado em um livro só, mas o Wagner Moura poderia ter aproveitado a liberdade artística para trazer mais cenas importantes para conhecermos esse personagem da nossa história). Daria 4/5, mas vou dar 5/5 porque boa parte das avaliações negativas nessa página foram feitas por pessoas que nem assistiram ao filme. Na boa, diante disso o melhor a ser feito é dar um 5/5 incondicional para consertar a merda que fizeram lá atrás.
A problemática central de Dead Pigs lembra muito Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, mas não dá para estabelecer uma relação direta e completa entre ambos porque os motivos que constroem o ponto em comum são diferentes. Enquanto aqui no Brasil o despejo da protagonista se justificaria por uma substituição de construção em região já urbanizada, trazendo à tona principalmente a questão da especulação imobiliária; na China a discussão é evocada devido à crescente industrialização e modernização do país. Essa é a diferença entre um sistema socioeconômico rendido ao rentismo e outro que progride intensivamente em termos materiais.
O choque entre tradição rural e progresso industrial é reflexo da sociedade chinesa desde as reformas projetadas e executadas por Deng Xiaoping e seus sucessores (1979-). Apesar dos avanços econômicos, existe um problema social concreto que é discutido por diversos artistas famosos na China, como o grande Jia Zhangke. Filmes de denúncia sobre a urbanização desenfreada e "destrutiva" são bastante comuns, na verdade, e esse é mais um desses.
Interessante notar que a Administração Nacional de Rádio e Televisão (NRTA), a agência governamental responsável pela fiscalização e censura de obras cinematográficas, se flexibiliza perante filmes como este, que fazem críticas sociais referentes à poluição, à desigualdade e à urbanização exagerada (Lembrei também de Ave Rara, de Qiao Liang, que levanta discussões muito similares às deste filme). Então existe um reconhecimento das autoridades da China sobre as vulnerabilidades da sociedade e, portanto, uma abertura às críticas, para a surpresa de muitos.
Gostei muito da direção do filme, da forma descontraída de discutir problemas tão graves e do enredo relativamente complexo, composto por diversas subnarrativas que se encontram na hora certa.
No início o enredo é desenhado, você logo saca as relações entre as personagens e a função de cada e acha que já adivinhou como tudo vai acabar, mas tudo vai se desdobrando fora do planejado até que é construída uma solução desorganizada e inesperada. No final, tudo dá certo "por linhas tortas".
E gostei muito de notar os avanços em termos técnicos no cinema industrial chinês. Os enquadramentos da fotografia dão um tom bem contemplativo para o filme e a trilha sonora é bem moderninha e agradável. Fiquei surpreso, já que a grande maioria dos filmes industriais que tive a oportunidade de assistir, que passam pela NRTA (muitos disponíveis na Netflix mesmo), apresentam em geral uma qualidade técnica muito baixa - Por esse motivo que sempre gostei mais de acompanhar os filmes independentes mesmo. Então, talvez, esse filme represente um avanço técnico nesse ramo da produção cultural chinesa.
A Despedida
4.0 298Esse filme consegue trazer uma sensação muito inesperada no final. Normalmente, as reviravoltas nos finais de filmes não são tão agradáveis assim, servem mais para dar continuidade à história através do anúncio de um problema mal-resolvido. Aqui, exatamente o contrário acontece.
Scissor Seven (4ª Temporada)
4.0 2Acho que essa é a temporada mais fraca. Tem muitos desvios no plot e foca em personagens irrelevantes. Mas ainda é Scissor Seven, então continua sendo engraçado e instigante.
Plataforma
4.0 11Jia Zhangke é a prova viva de que a censura na China não impede que filmes críticos e de alta qualidade técnica sejam feitos por lá. Ignorante é quem pensa que cinema chinês consiste só em filmes de Kung Fu, Wuxia etc.
Pinóquio
4.2 542 Assista AgoraSó faltou o Figaro para ser perfeito.
Better Call Saul (6ª Temporada)
4.7 406 Assista Agora"If you want to ask about regrets, then ask about regrets and leave all this time traveling nonsense out of it".
Terra à Deriva
3.1 115Ficção científica com características chinesas
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraTudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é um filme sobre filosofia chinesa. Se engana quem pensa que tem a ver com teoria das cordas.
No conflito central do filme tem dois polos: em um lado tem um complexo de Electra e no outro tem a piedade filial. Em cada um desses polos dá para enxergar muitas coisas interligadas. De modo geral, em um lado você vê a forma de desdobrar os conflitos entre mãe e filha que é tipicamente ocidental e moderna; e no outro é muito visível uma resolução confuciana e tradicional. E encontrar um meio-termo entre esses caminhos é enlouquecedor e traz uma reflexão sobre o sentido da existência humana.
Dessa mistura específica e contraditória só poderia sair de uma estória baseada na situação de imigrantes chineses nos EUA.
De uma simples trama sobre a perseguição e a repressão que essas comunidades sofrem no Ocidente (que fica cada vez mais sinofóbico na medida em que a China volta a ser a maior potência do mundo e tende a superar a hegemonia americana), partindo do caso específico e exemplar da auditora histérica, saem várias reflexões absurdas de uma mulher de meia-idade com TDAH sobre o sentido da existência. Mas você não sabe se são reflexões ou se tem vários universos se chocando pela lógica da teoria das cordas. Todos os gêneros cinematográficos são abordados no mesmo lugar e ao mesmo tempo e você não sabe se está assistindo a um filme surrealista ou de ficção científica, se é uma comédia, um filme de Kung Fu, se é um drama ou se é um romance - porque consegue ser tudo no mesmo filme ao mesmo tempo. Em cada universo ou reflexão você sente algo diferente, cada um tem um gênero cinematográfico e você perde a noção de qual é a linha central do roteiro até ser enviado de volta para ela no final de cada uma das três partes do filme.
Falando em pensamentos sobre a existência, essa atitude reflexiva e circular é tipicamente ocidental. Por uma coincidência as teorias da relatividade e das cordas, que são as referências científicas do filme, são carregadas com uma significação existencialista porque podem apontar para uma certa insignificância do indivíduo. Os autores que fundam essa corrente da literatura e da filosofia são todos alinhados com a cultura ocidental em alguma medida (Sartre, Dostoiévski e Camus, por exemplo, bebem de fontes filosóficas europeias mesmo tendo suas especificidades). Não têm convergência lógica com a filosofia tradicional chinesa que, por sua vez, procura reforçar as tradições milenares para simplificar a realidade em um sentido hierarquizante e pragmático para incentivar o "fazer" acima do "pensar" como a melhor forma de viver um dia após o outro. Uma leitura de Confúcio sugere que "fazer" é existir (não tem essa de "penso, logo existo"), e ser alguém que pensa demais e age pouco não é recomendado. A tradição filosófica chinesa ainda tem como componente um coletivismo que parte da família como núcleo de uma grande civilização hierárquica, apontando para uma solução ao questionamento niilista da Joy. O choque filosófico entre civilizações é um aspecto da contradição básica desse filme. Como poderia aparecer uma perspectiva circular e cheia de paralelismos e distrações em uma família enraizada nas tradições pragmáticas, verticais e ativas da China? Só pela junção com o modo de pensar ocidental, ou seja, só sofrendo um choque enlouquecedor em meio à assimilação cultural.
O conflito vem do relativismo e a solução vem pela tradição.
Esse filme é produto de uma mistura muito profunda e sensível da dialética entre o pensamento ocidental e chinês. Essa dialética representa também a dualidade de Yīnyáng, então também dialoga com o taoismo, que é outro pilar da filosofia tradicional chinesa.
A metáfora da rosquinha está totalmente relacionada com o conceito de "kōng" (空 - vazio) trazido por Laozi, que é o pai do taoismo: do vazio existencial surge a energia que nutre tudo que existe, gerando o mundo e a vida, mas também podendo funcionar como algo que encerra o cosmos. Em condições de existência aparece a dualidade paradoxalmente complementar e oposta de Yīnyáng (阴阳 - negativo e positivo). A relação entre a Evelyn e a Joy, a mãe e a filha, é compatível com esse conceito, com a filha sendo o Yīn e a mãe o Yáng porque elas dependem uma da outra e jamais podem se separar, apesar de serem inimigas em todas as dimensões existentes.
E por que o terceiro pilar da civilização chinesa, que é o budismo, não estaria entre os milhares de significados que surgem dentro desse sentido dialético? Claro que aparece.
Na cena do Universo em que não existe vida, que mãe e filha dizem "Apenas seja uma pedra", tem uma referência muito clara à perspectiva de "desapego" trazida pelo Buda. O desapego praticado por um monge que evolui o suficiente leva, por fim, após um ciclo transformativo, à "iluminação". A cena das rochas também apresenta um tom de contemplação à natureza em seu sentido de fluidez e de "kōng" (空 - vazio), então está alinhada também com a vertente chinesa do budismo e com suas características taoistas. Aliás, a frase "seja apenas uma pedra" é análoga à máxima "be water, my friend" do Tao de Bruce Lee. A perspectiva que aponta para a fluidez existencial natural funciona como uma válvula de escape para confortar a ansiedade enlouquecedora que age sobre a protagonista.
Por falar em Bruce Lee, as representações da cultura chinesa não ficam limitadas só à filosofia. Também aparecem homenagens aos clássicos de ação que marcaram a identidade chinesa no cinema nos universos mais absurdos em que todos têm habilidades de artes marciais. Essas cenas poderiam fazer homenagens aos filmes do Bruce Lee e do Jackie Chan, mas acabam indo além e reproduzem algo mais próximo do estilo cômico de Kung Fusão. E é essa "dimensão" que deixa o filme extremamente engraçado e descontraído, cheio de humor nonsense e com todo o abandono do senso do ridículo. A abordagem cômica é a chave para tornar o filme acessível para quem só quer ver algo divertido, se entreter, e não ficar quebrando a cabeça para entender. Mas se for para quebrar a cabeça para entender, também vale.
Afinal, "não existem regras", como dizem as pedras no multiverso budista e taoista em que não existe vida humana.
O grande plot twist no último capítulo (o terceiro) me fez gostar ainda mais de tudo, que já tinha me convencido por ter excelentes atuações, belíssima fotografia, uma trilha sonora síncrona e coesa feita por David Byrne, e um roteiro relativamente curto mas paradoxalmente dinâmico através de dezenas de paralelos para representar as emoções de cada acontecimento sutil.
O fato de os multiversos serem PARTE do TDAH da Evelyn justificou a flexibilidade para tratar esse tema científico tão complexo. No final, todos os paralelos servem para preencher com emoções os pequenos acontecimentos de uma estória que na verdade é breve (dá para recortar as cenas só do plot central e daí sai um filme de mais ou menos meia hora, mas aí o filme perde sua essência). E isso expressa de uma forma muito interessante, sensível, detalhada e criativa o dinamismo da mentalidade de uma pessoa que tem TDAH.
É curioso pensar que o título em mandarim do filme é Tiānmǎxíngkōng (天马行空), que é entendido como "Imaginativo", conforme aparece escrito bem grande em caracteres tradicionais antes de passarem os créditos. Mas se essa frase for decomposta dá para refletir sobre a lógica desse título. Tiānmǎ (天马) significa "cavalo voador", ou seja, "pégaso" - remete ao absurdo. E Xíngkōng (行空) significa "linha vazia", que diz respeito às várias linhas existenciais que constam no espaço-tempo, ou seja, as "cordas" da física quântica. O caractere Kōng (空) aparecer para definir as "cordas" demonstra um paralelo muito interessante com o conceito taoista que expliquei acima. Por outro lado, para o chinês médio que assistir ao filme o significado com certeza fica mais previsível do que para o espectador ocidental que se depara com esse título gigante e absurdo. A verdade sobre ser, na verdade, um filme sobre psicologia e não sobre física quântica (que é apenas um subtema, uma forma criativa de representar a riqueza da psicologia de uma imigrante chinesa perseguida pela auditoria, em crise de meia-idade e com dificuldades para aceitar a filha e o casamento) fica mais evidente na Ásia do que no Ocidente. O título Everything Everywhere All at Once traz uma ambiguidade que dificulta a compreensão do verdadeiro sentido do filme.
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é, então, uma homenagem tanto à cultura chinesa como às pessoas com TDAH. Mas não só uma homenagem, também vale como um desabafo, um grito, uma explicação para que a sociedade entenda essas pessoas.
Para resumir, nesse filme tem uma representação da dialética contraditória das civilizações ocidental e chinesa. Aproveita um simples "causo" sobre a vivência difícil de imigrantes chineses nos EUA para trazer uma reflexão existencialista que se choca profundamente com a filosofia tradicional chinesa, mas encontra uma conciliação inclusiva, coletivista e tradicional. O nível extremo das viagens por multiversos mostra o quão grande é esse choque de culturas e as consequências em torno dele, se você pensar por um lado sociológico.
Em uma perspectiva humana, pessoas com TDAH podem descobrir no taoismo um caminho de autoaceitação.
Lang Tong
2.5 23 Assista AgoraÉ perfeito para quem gosta de filmes trash. A cena final me fez rir demais.
Irmandade (2ª Temporada)
4.1 37 Assista AgoraQuem fala "rato" no Brasil? E quem fala "ele tem um "ponto"? O título "Irmandade" dá uma ótima tradução para "Brotherhood". É claramente um produto de exportação já bem ajeitado para ser traduzido para o inglês. E isso é ruim? Claro que não, é bom para fortalecer o cinema nacional, mostrar para os gringos que temos cinema de altíssima qualidade. A questão é que perde um pouco da fidelidade com a realidade nacional.
Filhos do Caos
3.9 11 Assista AgoraEssa série é incrível e poderia ser analisada por partes, pegando episódio por episódio para comentar, mas vou me limitar a dar uma opinião geral.
É pesada, mas necessária para refletir sobre questões pertinentes à cultura chinesa em um momento em que vivemos a quarta revolução industrial. Transitando de Confúcio a Black Mirror nas referências, temos como resultado essa série bastante interessante para quem estuda a cultura chinesa em sua totalidade, sem apologias nem preconceitos. Infelizmente desconhecida, é tecnicamente muito bem feita e chama a atenção por seus significados críticos. As atuações são bem realistas e sensíveis, fotografia e direção de arte são agradáveis, e a trilha sonora é limitada a poucas músicas que, porém, combinam com o tom da série.
Talvez represente um grito ocidentalizado contra a cultura confucionista centrada na hierarquia familiar, escolar e governamental? Um desabafo sincero sobre os aspectos patológicos dessa sociedade? Temor diante das consequências da tecnologia em uma sociedade que preserva tradições milenares? Ficam aí algumas questões para refletir.
Scissor Seven (3ª Temporada)
4.3 7na boa, eu nem gosto de anime e sou véio pra ver "desenho", mas como estudante de mandarim eu digo sem vergonha NENHUMA que isso aqui é uma coisa perfeita e extremamente recomendada
Rei de Pequim
3.6 6Acho que dentro da proposta representa muito bem a realidade chinesa dos anos 90 por se pautar pela persistência e adaptabilidade do povo em um contexto de pobreza extrema no início de um longo processo de desenvolvimento. Tem uma pegada de neorrealismo italiano, então trata com simplicidade e normalidade de temas bem tristes, como a miséria durante a infância, sem forçar a barra. Além disso, afirma a identidade cultural chinesa por explorar o tema da relação entre pai e filho e discutir como o primeiro influencia o segundo e qual é o caminho correto a ser seguido de acordo com a filosofia tradicional do país.
Depois de passar por diversos desvios, o pai se conscientiza de que o caminho correto é o da simplicidade e da honestidade.
Perfeito para quem quer ver algo leve e simples.
Sintonia (2ª Temporada)
3.6 54Tinha como o final ser mais merda?
Para que desperdiçaram um dos dois personagens mais engraçados do elenco justo no último episódio? Os gêmeos animavam o núcleo chocho do Doni.
O núcleo horroroso da Rita podia ter sido consertado, mas só piorou ao longo de toda a temporada e atingiu o ápice quando o pastor fez o convite para ela entrar na política. Enquanto isso, fiquei só esperando escancararem a corrupção previsível da igreja, mas não aconteceu. Só normalizaram o fato de dinheiro do crime (doado pelo Formigão) vir para cobrir uma dívida da Rita. Só isso. Mas poderiam ter explorado mais essa realidade corriqueira e óbvia das igrejas neopentecostais.
E o núcleo do Nando é o mais legal, é o que mais me prende desde a primeira temporada, mas podia ter sido muito melhor desenvolvido. O jogo de câmeras denunciava tanto que o Formigão poderia ser o rato, o X9, mas na real ele era só um cara ansioso e que queria virar crente. Imagina se não fosse isso? Se o Nando tivesse que enfrentar outro dilema para "ripar" mais um amigo dele? No final, o rato era só um cara aleatório mesmo. Algo que podia trazer um dilema extremo, intenso, contraditório e tenso acabou trazendo só um conflito comum.
A série inteira me prendeu muito, apesar de todas as cenas do núcleo crente. Mas depois desse final tosco eu acho que nem vou assistir à terceira temporada.
Você (3ª Temporada)
3.5 361 Assista AgoraImagina só um mundo em que dá para invadir casas com tanta facilidade, se safar de crimes cometidos no meio da rua, fugir para Paris depois de forjar a própria morte e mudar de identidade?
1921
4.8 1Superprodução.
Round 6 (1ª Temporada)
4.0 1,2K Assista AgoraNo melhor estilo coreano, a direção prende do início ao fim, as atuações são incríveis, e o roteiro é CHEIO de plot twists.
Teve gente que reclamou do último episódio, mas essa vontade de exagerar, de pôr reviravoltas a mais, de revelar o que ficou estranho na história e de deixar tudo bem explicado é bem comum em outras séries e filmes da Coreia do Sul. Todo mundo que assistiu a Old boy, Parasita, O Caçador, Em Chamas etc. sabe disso.
Tem muitos temas e influências dessas produções, inclusive, nessa série.
Ainda que eu ache que seria mais agradável se entre todos os plot twists do final os roteiristas tivessem deixado a mãe do Gi-Hun viva e não transformado Il-Nam num vilão, não me frustrei. Não entregar o que o público quer fez parte do tom absurdo da série. E eu já estava esperando por isso.
O tom é tão absurdo que o Gi-Hun virou o Iori Yagami no final. Do nada. Por nada.
É muito mais rico em conteúdo e significado do que um Jogos Mortais da vida (acho desagradável comparar). Aqui tem uma critica ao capitalismo muito bem construída, não só violência gratuita.
24 City
4.0 7Ainda que se trate de um documentário, é possível observar fortíssima influência realista no sentido de que, por meio da simples exposição da realidade, produz críticas às consequências da política de reforma e abertura planejadas e executadas dos anos 80 em diante durante a gestão de Deng Xiaoping. O ritmo do filme é conduzido por entrevistas com trabalhadores da fábrica 420 em demolição.
Muito interessante a proposta de buscar dar voz ao povo, à gente simples, ao proletariado, dentro de um contexto em que a luta de classes ainda se faz valer em uma China, que, dentro da perspectiva do socialismo com características chinesas, ainda reconhece que existe forte luta de classes dentro de si. Parte de uma premissa expositiva, popular e crítica - E não se trata de uma crítica à direita, mas à esquerda. Nesse sentido, o discurso do filme é extremamente válido e necessário até hoje, ainda que a desigualdade na China esteja sendo reduzida drasticamente desde 2013, quando Xi Jinping assume o poder (vide a erradicação da pobreza extrema neste ano, reconhecida por dados de instituições do Ocidente, como o Banco Mundial).
Quanto à estética, a fotografia é muito contemplativa, cheia de tomadas muito bonitas para se observar a realidade nua e crua. Dentro de uma certa feiura urbana, construções sucateadas que clamam por reformas e pinturas, uma beleza é encontrada.
E as "características chinesas" não podiam deixar de estar presentes. Cada encerramento de entrevista com cada trabalhador leva à apresentação de poesias que possuem um significados sinérgicos com a vida de cada trabalhador. A poesia é, possivelmente, o gênero literário mais valorizado na China desde a Antiguidade.
Arrebatador, potente, sincero e necessário. Esse é um dos filmes chineses mais bonitos que já assisti.
The Leader: Karl Marx
4.1 3Muito bem feito e informativo, bastante preciso para conhecer de forma bem resumida a biografia e alguns conceitos principais de Marx, mas meio brega devido ao choque cultural e à pretensão de abranger um público chinês jovem.
Ainda assim, levando em conta que se trata de uma pequena homenagem aos 200 anos de Marx feita com apoio do governo chinês e sob consulta histórica e filosófica de intelectuais da Academia Chinesa de Ciências Sociais, é impossível não refletir bastante sobre o legado do marxismo na China e no mundo. Esse é um pequeno sinal que representa algo muito profundo para pensar as Ciências Sociais e as Relações Internacionais durante um período tão confuso da história.
Acho que dá para dizer que é uma pequena animação bastante didática e meio brega, mas capaz de acabar com qualquer reducionismo que se prega por aí quando se fala sobre China.
Onde Está Meu Coração
4.1 112Surpreendente para os padrões Globo de qualidade, mas ainda presa a vícios novelescos no pior sentido da expressão.
Esse negócio de criar subtramas para aumentar a vida útil da série só tornou tudo desnecessariamente denso. Eu não queria saber da irmã da protagonista nem do namorado sem graça dela. E é exatamente esse prolongamento que deu uma cara de novela para a série. Poderia ter só três ou cinco episódios objetivos e de qualidade, mas acabou tendo dez cheios de enrolação.
A trilha sonora é muito boa, mas reproduz tanto as mesmas músicas que o peso delas é relativamente descartado. Essa saturação da trilha sonora dá mais um quê de novela. As músicas do Nick Cave, do Elvis, do Depeche Mode e da MPB poderiam ter uma presença mais marcante se cada uma surgisse só uma vez dentro de um timing adequado.
Além disso, tem alguns pontos que não colaram tão bem no roteiro. Uma patricinha recém-formada em medicina não se viciaria em crack. Seria mais "verossímil" se ela cheirasse pó ou fosse alcoólatra. O vício em crack está relacionado principalmente com a pobreza, sendo uma droga muito comum entre moradores de rua. E por que os roteiristas erraram nisso e ninguém da produção corrigiu? É isso que acontece quando, em um trabalho artístico (que exige pesquisa mínima), o sujeito e o objeto não têm relação alguma e mesmo assim o primeiro quer se envolver com o segundo: dissonância absoluta devido a um tratamento alienígena. A série tem uma síndrome de "antropologia etnocêntrica" ao objetificar um estrato social do próprio país sem conseguir utilizar a lente correta.
Ainda assim, a fotografia é bonita (é obrigação de um estúdio com tantos recursos cumprir esse requisito) e as atuações naturais (nada teatrais) são de extrema qualidade. Fábio Assunção meio que se redimiu ao fazer esse papel de viciado em busca de superação. E a Letícia Colin possivelmente fez o melhor trabalho da carreira dela.
Do Not Split
3.6 36Péssimo documentário feito com objetivos exclusivamente políticos e desonestos. Lamentavelmente, só serve para desinformar ainda mais sobre o que ocorre em Hong Kong.
Esse documentário não mostra que os "protestantes pró-democracia" recebiam financiamento direto do NED (que foi criado para fazer o serviço sujo da CIA com um tom de soft power dos EUA), nem que assassinaram um idoso a tijoladas no crânio (porque estava trabalhando para o governo, limpando as ruas destruídas por eles) e também não mostra que tinha nazistas ucranianos participando das manifestações.
Para quem não sabe do ocorrido em relação ao idoso assassinado, leia sobre a morte de Luo Changqing. Tem um artigo na Wikipedia em inglês dedicada ao tema. Sobre o financiamento estrangeiro dos manifestantes, procurem no próprio site do NED a informação pública de que a instituição bancava o Demosistō. E, por fim, procurem sobre a presença dos fascistas ucranianos nas manifestações (diversos jornais repercutiram isso, inclusive alguns famosos, como a Vice).
E que fique claro que NENHUM dos protestantes foi morto pela polícia de Hong Kong. Faça sua pesquisa e verá que é verdade. A narrativa sobre a "brutalidade da polícia" é furada e só serve para insuflar ainda mais o Ocidente contra a potência emergente que desafia a hegemonia dos Estados Unidos. Isso deveria ser óbvio, mas infelizmente muitos não percebem.
Por que será que um protesto forçado, ilegítimo, criado principalmente com objetivos geopolíticos dos Estados Unidos, com mais pretensões externas do que internas, recebeu tantos holofotes ao longo de dois anos? Enquanto isso, por que será que os protestos aqui na América Latina mesmo, na Colômbia (que já deixaram 17 mortos em um mês) e no Equador (7 mortos em 2019), por exemplo, que foram muito mais legítimos e espontâneos, não receberam a mesma atenção na mídia? Quais dessas manifestações eram mais legítimas e quais foram mais "brutais"? A resposta é óbvia.
Encerro meu comentário com duas citações:
"Seria terrível para grupos democráticos em todo o mundo serem vistos como subsidiados pela CIA ... é por isso que o fundo patrimonial foi criado." - fundador do NED, Carl Gershman.
“Muito do que fazemos hoje foi feito secretamente há 25 anos pela CIA.” - fundador do NED, Allen Weinstein.
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraAntes de mais nada já falo: é uma superprodução, sem dúvidas, e qualquer um que negue isso não assistiu ao filme ou é desonesto. Concorde com a mensagem ou não, mas é um filmaço. Não é à toa que foi premiado no exterior.
A direção traz à tona todos os resultados da experiência do Wagner Moura como artista. Dá para ver uns traços de Narcos e Sérgio em diversas cenas que não vou citar para não dar spoiler, mas quem assistiu à série e ao filme citados vai sacar. Meio netflixiano? Tem um quê de José Padilha? Sim, mas isso é muito bom em termos técnicos e vai chamar a atenção de um público mais amplo. Além disso, tem coprodução do Fernando Meirelles. Como isso poderia dar errado? Então o roteiro conta com uma boa direção. Consequentemente, a fotografia também ficou de altíssimo nível. Quanto à trilha sonora, a sincronia é constante, e tudo que é esperado que deve tocar, toca na hora certa (ainda bem que não esqueceram da música dos Racionais).
O elenco é experiente e talentoso, e ainda por cima conta com a preparação da Fátima Toledo. Bella Camero e Humberto Carrão são as revelações do filme, enquanto Seu Jorge e Bruno Gagliasso obviamente cumprem o que prometem (apesar de ambos não se assemelharem às figuras históricas do Marighella e do Fleury - mas tudo bem, não vou problematizar isso como fizeram alguns babacas por aí).
E tem um bônus: o Pastor Henrique Vieira atuando como personagem-chave e, ainda por cima, como um padre! - Essa foi uma grande surpresa que revelou muito sobre o caráter, o ecumenismo, o talento e as capacidades desse grande ser humano (fica aí a dúvida: quantos pastores topariam atuar como padres?).
Bom, quanto ao roteiro, não poderia não ser triste. Não esperem por um filme agradável nesse sentido. Tem cenas pesadíssimas, mas serve para te fazer pensar. Foi feito para ser indigesto visualmente, mas profundo nas mensagens trazidas pelo script.
Tem dois pontos-chave que eu gostaria de destacar sobre o roteiro:
1) No momento em que o jornalista gringo vem entrevistar o Marighella e pergunta "você é leninista, trotskista ou maoista?" e ele responde "eu sou brasileiro", quem conhece sabe que ele era um leninista, mas acima disso era um patriota. Em várias cenas isso é enfatizado. Quando matam o próprio Marighella a mãe de seu filho grita: "esse homem amava o Brasil!" e quando o filme acaba todos cantam o hino nacional de forma emocionada. É muito importante destacar que a esquerda no século XX era patriota, sim, e essa não é uma bandeira que se deve deixar ser levantada só por entreguistas de direita (ainda mais nesse momento de governo Bolsonaro).
2) É difícil não cair no lugar-comum de romantizar a derrota quando se fala sobre a ditadura, e isso é errado se pensamos na necessidade de mudar a realidade. O filme tentou trazer uma pitada de esperança ao mostrar a continuidade da luta, mas já sabemos como acabou Lamarca e a maioria dos outros guerrilheiros. De qualquer forma o esforço do filme foi válido nesse sentido, pois o que importa é a continuidade da busca por mudança e a não romantização da derrota.
E para finalizar eu reitero algo que já falei em um comentário anterior. Eu não daria nota 5/5 para esse filme porque teve algumas forçadas de barra no discurso identitário e porque poderia ter abordado mais momentos da história do Marighella (eu sei que foi inspirado em um livro só, mas o Wagner Moura poderia ter aproveitado a liberdade artística para trazer mais cenas importantes para conhecermos esse personagem da nossa história). Daria 4/5, mas vou dar 5/5 porque boa parte das avaliações negativas nessa página foram feitas por pessoas que nem assistiram ao filme. Na boa, diante disso o melhor a ser feito é dar um 5/5 incondicional para consertar a merda que fizeram lá atrás.
Dead Pigs
3.6 12A problemática central de Dead Pigs lembra muito Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, mas não dá para estabelecer uma relação direta e completa entre ambos porque os motivos que constroem o ponto em comum são diferentes. Enquanto aqui no Brasil o despejo da protagonista se justificaria por uma substituição de construção em região já urbanizada, trazendo à tona principalmente a questão da especulação imobiliária; na China a discussão é evocada devido à crescente industrialização e modernização do país. Essa é a diferença entre um sistema socioeconômico rendido ao rentismo e outro que progride intensivamente em termos materiais.
O choque entre tradição rural e progresso industrial é reflexo da sociedade chinesa desde as reformas projetadas e executadas por Deng Xiaoping e seus sucessores (1979-). Apesar dos avanços econômicos, existe um problema social concreto que é discutido por diversos artistas famosos na China, como o grande Jia Zhangke. Filmes de denúncia sobre a urbanização desenfreada e "destrutiva" são bastante comuns, na verdade, e esse é mais um desses.
Interessante notar que a Administração Nacional de Rádio e Televisão (NRTA), a agência governamental responsável pela fiscalização e censura de obras cinematográficas, se flexibiliza perante filmes como este, que fazem críticas sociais referentes à poluição, à desigualdade e à urbanização exagerada (Lembrei também de Ave Rara, de Qiao Liang, que levanta discussões muito similares às deste filme). Então existe um reconhecimento das autoridades da China sobre as vulnerabilidades da sociedade e, portanto, uma abertura às críticas, para a surpresa de muitos.
Gostei muito da direção do filme, da forma descontraída de discutir problemas tão graves e do enredo relativamente complexo, composto por diversas subnarrativas que se encontram na hora certa.
No início o enredo é desenhado, você logo saca as relações entre as personagens e a função de cada e acha que já adivinhou como tudo vai acabar, mas tudo vai se desdobrando fora do planejado até que é construída uma solução desorganizada e inesperada. No final, tudo dá certo "por linhas tortas".
E gostei muito de notar os avanços em termos técnicos no cinema industrial chinês. Os enquadramentos da fotografia dão um tom bem contemplativo para o filme e a trilha sonora é bem moderninha e agradável. Fiquei surpreso, já que a grande maioria dos filmes industriais que tive a oportunidade de assistir, que passam pela NRTA (muitos disponíveis na Netflix mesmo), apresentam em geral uma qualidade técnica muito baixa - Por esse motivo que sempre gostei mais de acompanhar os filmes independentes mesmo. Então, talvez, esse filme represente um avanço técnico nesse ramo da produção cultural chinesa.
Nomadland
3.9 896 Assista AgoraQuem já sofreu alguma grande perda entende.
See you down the road.
Vida Após a Morte
3.4 51 Assista AgoraOs episódios 1, 4 e 6 são bastante honestos e científicos na medida do possível dentro do campo da metafísica.