À margem de tudo e todos (O cinema marginal é, com folga, o movimento cinematográfico mais ousado e à frente do seu tempo que nós já tivemos. Pena que as gerações posteriores não deram prosseguimento ao seu legado)
Existem cinemas feitos para arrebanhar cifras estratosféricas, lotar cinemas multiplex e alienar a cabeça de espectadores facilmente manipuláveis enquanto eles consomem pipoca e refrigerante. E também existem cinemas que incomodam tanto, mas tanto, que o último lugar no qual são exibidos é a própria sala de cinema e, por isso, precisam procurar seu próprio espaço, seu próprio modelo de distribuição. Mas ainda assim, com toda essa dificuldade e luta, fazem história e marcam uma geração.
O cinema marginal (também conhecido, na época, como cinema de invenção ou movimento udigrudi, uma corruptela da expressão underground) cabe perfeitamente nessa categoria. E ainda digo mais: acho que é o melhor exemplo de cinema cult que nós temos em toda a nossa cinematografia.
Ponto vital para entendermos o que foi esse movimento: é praticamente impossível falar do cinema marginal sem mencionar o grupo do cinema novo, pois parte da temática dos marginais (expressão, por sinal, à qual eles próprios não gostavam de se ver associados) partia de um sentimento de decepção com o outro grupo. Eles, os marginais, reclamavam que os cineastas do cinema novo haviam traído sua própria proposta cinematográfica ao deixar de lado a chamada estética da fome - que retratava as injustiças sociais da época - para realizar um cinema mais comercial, de apelo popular. E o que eles queriam mesmo era desconstruir a realidade vivida naquela época.
O pontapé inicial é dado quando os militares decretam o Ato Institucional número 5 (em 1968) e endurecem ainda mais a vida dos cidadãos brasileiros durante o regime militar. A repressão ganha status e os cineastas, revoltados, pois tiveram suas vidas devassadas, alguns até presos, decidem fazer de sua sétima arte uma luta contra o governo. Em outras palavras: mais do que mera forma de arte, os filmes desse período ganham o status de oposição ao governo, por suas temáticas fortes e, por vezes, dolorosas.
A estética proposta pelo grupo era o grotesco. Logo, o público espectador daquele período poderia esperar por absolutamente tudo: imagens imperfeitas, desfocadas; enquadramento longe do convencional; deboche, ironia, exotismo, política, violência, sexo, escatologia, os corpos dos atores em cena ganham um novo aporte. Até mesmo a paródia e a chanchada, criticada pelos artistas do cinema novo, é revalorizada aqui. As tramas são insólitas, abordam o incomum, em muitos casos o anormal. Não tem o menor compromisso com a norma culta ou a regra. Pelo contrário... Querem chocar, incomodar o quanto puder.
Que o digam o jovem que mata os pais à faca e depois vai ao cinema; o marginal popstar, que assalta e se aproveita de mulheres indefesas, levando à loucura as autoridades policiais, mais conhecido como o bandido da luz vermelha ou mesmo Sônia Silk, a prostituta que sonha ser cantora de rádio, todos personagens anti-heróicos, desestruturados, à margem da sociedade, como bem preferem os cineastas desse período!
As produções, de baixo orçamento, praticamente experimentais, são produzidas em sua grande maioria na Boca do Lixo, em São Paulo (produção essa que, anos depois, acabou estigmatizada ou rechaçada como vulgar por alguns setores da sociedade, tendo em vista a temática erótica que propunha em muitos longas) e na Belair Filmes, no Rio de Janeiro (produtora idealizada pelos cineastas Rogério Sganzerla e Júlio Bressane, que realizou sete longas mas acabou fechando as portas por pressão da ditadura).
Dentre os grandes realizadores desse período (além dos fundadores da Belair), faz-se imprescindível aos espectadores de hoje e das próximas gerações conhecer a obra de Carlos Reichenbach (que, anos depois do fim do movimento, realizaria os fundamentais Lílian M.- relatório confidencial e Filme demência), Ozualdo Candeias (responsável pelo pioneiro A margem), Andréa Tonacci, José Mojica Marins (o Zé do Caixão), Olney São Paulo (do extraordinário Manhã cinzenta) e Luiz Rozemberg. E isso para ficar apenas nos nomes mais óbvios.
E para quem deseja conhecer um pouco do clima barra-pesada daquela época e do sufoco pelo qual os artistas daquele período passaram recomendo de olhos fechados o média-metragem Horror Palace Hotel, do diretor Jairo Ferreira - facilmente encontrado no you tube -, que embora seja de 1978 (portanto, posterior ao cinema marginal) mostra com exatidão o tom de frustração do meio artístico com o país naqueles tempos sombrios. Considero a obra um documento histórico!
De tristeza mesmo somente o fato de que a geração posterior (da chamada retomada do cinema nacional) não deu continuidade ao legado proposto por esses visionários e acabou, com o tempo, preferindo perder tempo com comédias insossas e produções de estética televisiva barata e artificial. Mesmo os cineastas de viés mais autoral, acabaram tomando um caminho diferente. Eu confesso que gostaria de ver um pouco dessa coragem na nossa sétima arte contemporânea, pois ela anda fazendo falta.
Mais isso é só um mero detalhe desse crítico chato que não tem mais o que fazer e acabou mostrando sua faceta ranzinza no final deste artigo!
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Esse ritmo que é só nosso! (Forró é declarado patrimônio cultural e imaterial do Brasil)
Que me desculpem os fãs do carnaval, dos trios elétricos, do sambódromo e do confete e serpentina, mas para mim o grande feriado nacional são as festas juninas. Adoro aquele clima de fogueiras, pé de moleque, quadrilhas dançando, canjica, quentão e outras gostosuras. Mas, principalmente, pelo prazer de ouvir o velho e bom forró.
Engraçado que o forró nasceu meio que internacional, por conta de antigos bailes que aconteciam no país e que recebiam a visita de figuras estrangeiras (por isso, na entrada dos estabelecimentos culturais, era muito comum verem uma placa com os dizeres "for all people", ou para todas as pessoas).
Portanto, For all virou com o tempo forró.
Aqui mesmo, em casa, se existe um artista que é ouvido quase o tempo todo, esse indivíduo é Luiz Gonzaga, o rei do baião. Certamente a frase que mais ouvi no rádio da minha tia desde que me entendo por gente foi "minha vida é andar por esse país pra ver se um dia descanso feliz". Mas não somente o Gonzagão. Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Trio Nordestino e outras feras do gênero também dão as caras por aqui.
E é com enorme felicidade - mesmo! - que leio no jornal a matéria que informa que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) declarou o forró patrimônio cultural e imaterial do Brasil. Notícia mais justa e merecida do que essa, impossível! Ainda mais num momento em que os povos nordestinos vêm sendo tão atacados, de forma tão covarde, por um segmento alienado e ignorante da população.
Ainda segundo a decisão, que foi anunciada pelo Ministro do Turismo a apenas três dias do Dia do Forró, o gênero musical foi considerado um "supergênero", por também agrupar outras expressões musicais típicas, como o baião, o xote e o xaxado. Achei essa especificação o máximo, porque tem muita gente no país que realmente pensa que é tudo a mesma coisa. Não é. Procurem no you tube vídeos sobre os diferentes estilos e entenderão melhor o que eu estou dizendo.
Os artistas nordestinos - sanfoneiros, cordelistas, forrozeiros, xaxadeiros, etc - vinham aguardando esse dia há mais de três décadas, sempre esbarrando em alguma burocracia ou a falta de decisão de nossos dirigentes. Pois eis que esse momento glorioso enfim chega para a alegria desse povo tantas vezes injustiçado ao longo da história, mas que muitos não conseguem entender que sua existência se confunde com a cultura desse país.
O que seria do Brasil, de sua diversidade étnica, folclórica, cultural, não fossem figuras como Cora Coralina, Patativa do Assaré, Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz, Raimundo Fagner, Humberto Teixeira, Ariano Suassuna, e tantos outros que me fogem à mente neste exato momento?
Se existe uma palavra que exemplifica o nosso país como poucas, essa palavra é o nordeste. E sempre vi o forró como uma grande porta de entrada para conhecermos esse universo rico, porém doloroso; heroico, mas não menos sofrido (já bem dizia Euclides da Cunha, quando escreveu em Os sertões que "o sertanejo era, antes de tudo, um forte."). Nenhuma região do país é capaz de entender o significado da expressão "abrir mão" como o nordestino. E é justamente isso que faz deles um povo único, brilhante em suas intenções.
Termino esta rápida homenagem em forma de texto, emocionado. Sou filho de uma baiana arretada que, infelizmente, já partiu para o andar de cima, não sem antes me ensinar o valor e poder desse povo que não entrega o ouro ao bandido de jeito nenhum. E tenho certeza que ela teria ficado muito feliz de ter lido esta notícia hoje.
Viva o forró, esse ritmo que é só nosso. Sempre!
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Nosso cinéma vérité (O incêndio na Cinemateca brasileira em SP mostra o quanto não damos a mínima nem para nossa cultura nem para nossa memória. E isso é devastador!)
Não existe nada mais triste para um cinéfilo de carteirinha do que ver a estrutura organizacional referente à sétima arte ser destruída ou mesmo arranhada, pois isso é a prova viva de que existem pessoas que não dão a mínima para o que está sendo feito ali. Pessoas que preferem acreditar que aquilo - a chamada sétima arte - não serve para absolutamente nada. É reles entretenimento barato.
Dito isto, é muito triste ver de novo (não tem muito tempo tivemos um baque com o incêndio do Museu Nacional) uma sede pública ligada à Secretaria de cultura pegar fogo. Desta vez o atingido foi um galpão da Cinemateca Brasileira, na Vila Leopoldina, em São Paulo.
Vi a notícia no telejornal à noite e vislumbrei um homem (certamente um produtor do meio) às lágrimas, reclamando do descaso com o lugar, que já vem sofrendo uma crise sem precedentes nos últimos anos. Mais uma vez a expressão "tragédia anunciada" recai sobre uma catástrofe nesse país de exageros, distorções e falta de memória.
Sim, o incêndio na Cinemateca nos faz reviver uma velha máxima de nosso povo: somos um país de desmemoriados imediatistas, que não entendem a necessidade de produzir um legado ou uma história. Falar do ontem num país como o nosso virou sinônimo, nos tempos atuais, de esnobismo ou assunto "de quem não tem mais o que fazer da vida".
E o roteiro que conduziu à tragédia na noite de quarta-feira é ainda mais assustador: incêndio no galpão em Vila Madalena em 2016 (que destruiu cerca de 500 obras), enchente no ano passado nesse mesmo galpão que pegou fogo anteontem, abandono, troca de gestão, entrega das chaves, funcionários demitidos, protestos... Sim, eu sei... Mais macabro do que isso, impossível!
Chego a crer que a tal tragédia anunciada é nosso melhor exemplo de cinéma vérité e, que diferentemente do formato original, não levará a nenhum reality show espalhafatoso ou mesmo tendencioso. Permanecerá, isso sim, nesse ostracismo e/ou desmantelamento cultural no qual estamos inseridos há tempos.
Já prevejo os eternos boçais de sempre inundando a internet com comentários grotescos de quinta categoria ou fazendo piadinhas negras do tipo "espero que tenha queimado os filmes dos comunistas do cinema novo, aquela raça desgraçada!" ou então "já queimou tarde! aquilo ali não servia para nada mesmo", isso só para lembrar do óbvio ululante, pois nessas horas aparecem declarações ainda mais horrendas, bem ao nível do mundo virtual contemporâneo cheio de prepotentes e ressentidos.
E como bem diz o ditado popular em que "não adianta chorar sobre o leite derramado", só nos resta, como cinéfilos apaixonados, esperar ou rezar por dias melhores, estadistas mais interessados, gente comprometida com o futuro e a história e não somente com o lucro.
E uma provocação vem à minha mente neste exato momento: aposto que se pegasse fogo a sede da Petrobrás na Avenida Chile, no Rio de Janeiro, muitos desses que hoje estão de braços cruzados já estariam se mobilizando para reconstruir o prédio.
Embora um segmento político do país tenha dito que irá fazer uma representação criminal contra o governo para apurar a tragédia, tudo na prática ainda é muito raso (o que não deixa de também ser óbvio nessa pátria lenta e desinteressada). Logo, como terminar este texto-desabafo? Ora! Deste jeito mesmo. Inacabado. Que nem o Brasil.
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O cronista visual da Guanabara (Meu passeio em casa pela exposição virtual J. Carlos - além do tempo)
Como é bom ter acesso a boa informação sem precisar sair de casa, pegar trânsito e encarar fila em bilheteria...
Em tempos de confinamento social (eu sei... não seguido por muita gente negacionista e nada afeita à acatar ordens estatais) e muito estabelecimento cultural fechado, torna-se para o colunista cultural uma saga hercúlea encontrar bons temas sobre o qual escrever. E ainda assim - acreditem! - é sempre uma grande surpresa, principalmente para os interessados em conhecimento, encontrar boas ideias que reapresentem a maneira de saírmos em busca de cultura, de informação de entretenimento.
Foi exatamente isso que aconteceu essa semana, quando sem sair de casa pude apreciar a maravilhosa exposição virtual J. Carlos além do tempo, de curadoria de Rafael Peixoto, no site da Galeria Danielian, cuja sede física fica localizada no bairro da Gávea.
Conheci a obra de J. Carlos uns 15 anos atrás, através de revistas antigas que faziam parte do acervo de uma biblioteca pública de subúrbio da qual fui sócio quando morava no Méier. E é díficil classificá-lo em uma só categoria: chargista, ilustrador, designer, cartunista, caricaturista, desenhista, ufa! Honestamente... Prefiro ficar com a expressão gênio do traço. Mais do que isso: J. Carlos foi um cronista visual de nossa cidade. E conheceu-a como poucos em sua época.
Dito isto, a exposição realizada num 3D imersivo preenche de forma esplêndida a barreira de não podermos ver a exposição in loco. Foi minha primeira experiência com o formato e desde já adianto que fiquei encantado. Imaginava algo mecânico, sem graça, mas não foi essa a percepção que tive. Pelo contrário. É possível "passear" pela galeria, olhar quadro a quadro, subir escadas, puxar resumos... Há links os mais diversos (inclusive, para os interessados em comprar as obras, o valor de cada uma disponível).
Vê-se um retrato básico de tudo que nossa cidade representou e representa até hoje: sátiras políticas - inclusive com as caricaturas de figuras famosas como Mussolini, Hitler, Churchill -, tipos populares, carnaval, as mulheres (que eram a coqueluche do artista, que o diga a melindrosa!, tanto que as roupas que desenhou para elas em suas telas viraram tendência junto ao mercado de confecção de roupas da burguesia que viveu aqueles dias), etc etc etc... Eu não quero me estender mais do que isso, senão estrago a surpresa de quem ainda não viu a expo.
Era um nacionalista de mão cheia, volta e meia fazia questão de mostrar a bandeira nacional e os desafios pelo qual o país passava em seus trabalhos e combateu de forma ferrenha o fascismo que surgia naquele período. Certamente enfrentaria muita briga no Brasil de hoje!
Teve seus trabalhos publicados para revistas como Careta, Fon Fon e Tico-Tico, entre outras, além de anúncios publicitários que realizou para a Caixa Econômica Federal e a Souza Cruz. Por sinal, fica aqui uma dica para estudiosos de artes visuais e desenhos em geral: há uma série de trabalhos expostos que são estudos para capa de revista (ou seja, trabalhos ainda a lápis, crus). Logo, a expo é também uma grande oportunidade de conhecer um pouco do processo criativo do artista.
Ao fim do passeio grandioso, fico na expectativa de que mesmo depois de passada a pandemia e suas consequências catastróficas, que outras galerias de arte e espaços culturais também ofereçam este formato virtual. Fiquei realmente impressionado com a qualidade da plataforma e o quanto de informação ela foi capaz de me proporcionar no conforto da minha residência.
Já estou a espera da próxima aventura online, ansioso.
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Matemática alternativa vem bem a calhar em tempos extremistas como esses em que estamos vivendo atualmente. E o pior é que se não tomarmos vergonha na cara o quanto antes e respeitarmos o que é estabelecido, normativo, corremos o sério risco de nos tornarmos uma idiocracia mundial. Aí sim será um caos!
Como é que eu nunca tinha assistido esse curtametragem antes? É praticamente um guia de sobrevivência para turistas que não conhecem absolutamente nada sobre a cultura asiática. Simplesmente sensacional!
O cinema precisa de pouco para acontecer, para ser brilhante. Chaplin entendeu isso, Buster Keaton também (e não à toa entraram para o panteão dos gênios). Contudo, muito provavelmente a sétima arte não teria existido de fato não fosse o trabalho árduo de visionários como George Méliès que recentemente recebeu uma justa homenagem de Martin Scorsese no longa A invenção de Hugo Cabret (onde foi interpretado por Ben Kingsley).
No seu filme mais famoso, Viagem à lua, ele conta a história do professor Barbenfouillis (interpretado pelo próprio Méliès), um cientista que convence seus colegas de ofício a realizarem uma expedição à lua. Ele partem numa missão rumo ao inesperado e aterrissam no olho direito do planeta. São abordados por habitantes hostis, que quando percebem estar em contato com uma civilização nunca antes vista, os levam à seu rei. Começa então um grande embate na tentativa de manter o mínimo de civilidade, mas isso acaba não sendo possível dada a rusticidade da população e eles são tornados reféns. O único aliado que eles possuem para conseguir fugir do planeta é o guarda-chuva do professor, capaz de desintegrar os habitantes.
Apesar do enredo confuso e pobre, não se deixem iludir: Viagem à lua é uma das maiores revoluções da história do cinema, comparável à obras-primas como Cidadão Kane e O Encouraçado Potemkim. Mélies consegue criar magia antes mesmo da existência de efeitos especiais, abusa dos gimmicks (truques) e nos presenteia com um curtametragem lúdico e apaixonante.
P.S: decidi postar o filme na íntegra, tamanha a minha admiração pelo cinema de Méliès e por aquilo que eu considero o verdadeiro papel do cinema. Aproveitem!!!
Cinema Marginal
3.2 5À margem de tudo e todos
(O cinema marginal é, com folga, o movimento cinematográfico mais ousado e à frente do seu tempo que nós já tivemos. Pena que as gerações posteriores não deram prosseguimento ao seu legado)
Existem cinemas feitos para arrebanhar cifras estratosféricas, lotar cinemas multiplex e alienar a cabeça de espectadores facilmente manipuláveis enquanto eles consomem pipoca e refrigerante. E também existem cinemas que incomodam tanto, mas tanto, que o último lugar no qual são exibidos é a própria sala de cinema e, por isso, precisam procurar seu próprio espaço, seu próprio modelo de distribuição. Mas ainda assim, com toda essa dificuldade e luta, fazem história e marcam uma geração.
O cinema marginal (também conhecido, na época, como cinema de invenção ou movimento udigrudi, uma corruptela da expressão underground) cabe perfeitamente nessa categoria. E ainda digo mais: acho que é o melhor exemplo de cinema cult que nós temos em toda a nossa cinematografia.
Ponto vital para entendermos o que foi esse movimento: é praticamente impossível falar do cinema marginal sem mencionar o grupo do cinema novo, pois parte da temática dos marginais (expressão, por sinal, à qual eles próprios não gostavam de se ver associados) partia de um sentimento de decepção com o outro grupo. Eles, os marginais, reclamavam que os cineastas do cinema novo haviam traído sua própria proposta cinematográfica ao deixar de lado a chamada estética da fome - que retratava as injustiças sociais da época - para realizar um cinema mais comercial, de apelo popular. E o que eles queriam mesmo era desconstruir a realidade vivida naquela época.
O pontapé inicial é dado quando os militares decretam o Ato Institucional número 5 (em 1968) e endurecem ainda mais a vida dos cidadãos brasileiros durante o regime militar. A repressão ganha status e os cineastas, revoltados, pois tiveram suas vidas devassadas, alguns até presos, decidem fazer de sua sétima arte uma luta contra o governo. Em outras palavras: mais do que mera forma de arte, os filmes desse período ganham o status de oposição ao governo, por suas temáticas fortes e, por vezes, dolorosas.
A estética proposta pelo grupo era o grotesco. Logo, o público espectador daquele período poderia esperar por absolutamente tudo: imagens imperfeitas, desfocadas; enquadramento longe do convencional; deboche, ironia, exotismo, política, violência, sexo, escatologia, os corpos dos atores em cena ganham um novo aporte. Até mesmo a paródia e a chanchada, criticada pelos artistas do cinema novo, é revalorizada aqui. As tramas são insólitas, abordam o incomum, em muitos casos o anormal. Não tem o menor compromisso com a norma culta ou a regra. Pelo contrário... Querem chocar, incomodar o quanto puder.
Que o digam o jovem que mata os pais à faca e depois vai ao cinema; o marginal popstar, que assalta e se aproveita de mulheres indefesas, levando à loucura as autoridades policiais, mais conhecido como o bandido da luz vermelha ou mesmo Sônia Silk, a prostituta que sonha ser cantora de rádio, todos personagens anti-heróicos, desestruturados, à margem da sociedade, como bem preferem os cineastas desse período!
As produções, de baixo orçamento, praticamente experimentais, são produzidas em sua grande maioria na Boca do Lixo, em São Paulo (produção essa que, anos depois, acabou estigmatizada ou rechaçada como vulgar por alguns setores da sociedade, tendo em vista a temática erótica que propunha em muitos longas) e na Belair Filmes, no Rio de Janeiro (produtora idealizada pelos cineastas Rogério Sganzerla e Júlio Bressane, que realizou sete longas mas acabou fechando as portas por pressão da ditadura).
Dentre os grandes realizadores desse período (além dos fundadores da Belair), faz-se imprescindível aos espectadores de hoje e das próximas gerações conhecer a obra de Carlos Reichenbach (que, anos depois do fim do movimento, realizaria os fundamentais Lílian M.- relatório confidencial e Filme demência), Ozualdo Candeias (responsável pelo pioneiro A margem), Andréa Tonacci, José Mojica Marins (o Zé do Caixão), Olney São Paulo (do extraordinário Manhã cinzenta) e Luiz Rozemberg. E isso para ficar apenas nos nomes mais óbvios.
E para quem deseja conhecer um pouco do clima barra-pesada daquela época e do sufoco pelo qual os artistas daquele período passaram recomendo de olhos fechados o média-metragem Horror Palace Hotel, do diretor Jairo Ferreira - facilmente encontrado no you tube -, que embora seja de 1978 (portanto, posterior ao cinema marginal) mostra com exatidão o tom de frustração do meio artístico com o país naqueles tempos sombrios. Considero a obra um documento histórico!
De tristeza mesmo somente o fato de que a geração posterior (da chamada retomada do cinema nacional) não deu continuidade ao legado proposto por esses visionários e acabou, com o tempo, preferindo perder tempo com comédias insossas e produções de estética televisiva barata e artificial. Mesmo os cineastas de viés mais autoral, acabaram tomando um caminho diferente. Eu confesso que gostaria de ver um pouco dessa coragem na nossa sétima arte contemporânea, pois ela anda fazendo falta.
Mais isso é só um mero detalhe desse crítico chato que não tem mais o que fazer e acabou mostrando sua faceta ranzinza no final deste artigo!
Quer saber mais sobre cinema?
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grupo Fade out
Forró, Minha Vida
2.5 1Esse ritmo que é só nosso!
(Forró é declarado patrimônio cultural e imaterial do Brasil)
Que me desculpem os fãs do carnaval, dos trios elétricos, do sambódromo e do confete e serpentina, mas para mim o grande feriado nacional são as festas juninas. Adoro aquele clima de fogueiras, pé de moleque, quadrilhas dançando, canjica, quentão e outras gostosuras. Mas, principalmente, pelo prazer de ouvir o velho e bom forró.
Engraçado que o forró nasceu meio que internacional, por conta de antigos bailes que aconteciam no país e que recebiam a visita de figuras estrangeiras (por isso, na entrada dos estabelecimentos culturais, era muito comum verem uma placa com os dizeres "for all people", ou para todas as pessoas).
Portanto, For all virou com o tempo forró.
Aqui mesmo, em casa, se existe um artista que é ouvido quase o tempo todo, esse indivíduo é Luiz Gonzaga, o rei do baião. Certamente a frase que mais ouvi no rádio da minha tia desde que me entendo por gente foi "minha vida é andar por esse país pra ver se um dia descanso feliz". Mas não somente o Gonzagão. Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Trio Nordestino e outras feras do gênero também dão as caras por aqui.
E é com enorme felicidade - mesmo! - que leio no jornal a matéria que informa que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) declarou o forró patrimônio cultural e imaterial do Brasil. Notícia mais justa e merecida do que essa, impossível! Ainda mais num momento em que os povos nordestinos vêm sendo tão atacados, de forma tão covarde, por um segmento alienado e ignorante da população.
Ainda segundo a decisão, que foi anunciada pelo Ministro do Turismo a apenas três dias do Dia do Forró, o gênero musical foi considerado um "supergênero", por também agrupar outras expressões musicais típicas, como o baião, o xote e o xaxado. Achei essa especificação o máximo, porque tem muita gente no país que realmente pensa que é tudo a mesma coisa. Não é. Procurem no you tube vídeos sobre os diferentes estilos e entenderão melhor o que eu estou dizendo.
Os artistas nordestinos - sanfoneiros, cordelistas, forrozeiros, xaxadeiros, etc - vinham aguardando esse dia há mais de três décadas, sempre esbarrando em alguma burocracia ou a falta de decisão de nossos dirigentes. Pois eis que esse momento glorioso enfim chega para a alegria desse povo tantas vezes injustiçado ao longo da história, mas que muitos não conseguem entender que sua existência se confunde com a cultura desse país.
O que seria do Brasil, de sua diversidade étnica, folclórica, cultural, não fossem figuras como Cora Coralina, Patativa do Assaré, Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz, Raimundo Fagner, Humberto Teixeira, Ariano Suassuna, e tantos outros que me fogem à mente neste exato momento?
Se existe uma palavra que exemplifica o nosso país como poucas, essa palavra é o nordeste. E sempre vi o forró como uma grande porta de entrada para conhecermos esse universo rico, porém doloroso; heroico, mas não menos sofrido (já bem dizia Euclides da Cunha, quando escreveu em Os sertões que "o sertanejo era, antes de tudo, um forte."). Nenhuma região do país é capaz de entender o significado da expressão "abrir mão" como o nordestino. E é justamente isso que faz deles um povo único, brilhante em suas intenções.
Termino esta rápida homenagem em forma de texto, emocionado. Sou filho de uma baiana arretada que, infelizmente, já partiu para o andar de cima, não sem antes me ensinar o valor e poder desse povo que não entrega o ouro ao bandido de jeito nenhum. E tenho certeza que ela teria ficado muito feliz de ter lido esta notícia hoje.
Viva o forró, esse ritmo que é só nosso. Sempre!
Quer saber mais sobre música?
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Cinemateca Brasileira
3.6 5Nosso cinéma vérité
(O incêndio na Cinemateca brasileira em SP mostra o quanto não damos a mínima nem para nossa cultura nem para nossa memória. E isso é devastador!)
Não existe nada mais triste para um cinéfilo de carteirinha do que ver a estrutura organizacional referente à sétima arte ser destruída ou mesmo arranhada, pois isso é a prova viva de que existem pessoas que não dão a mínima para o que está sendo feito ali. Pessoas que preferem acreditar que aquilo - a chamada sétima arte - não serve para absolutamente nada. É reles entretenimento barato.
Dito isto, é muito triste ver de novo (não tem muito tempo tivemos um baque com o incêndio do Museu Nacional) uma sede pública ligada à Secretaria de cultura pegar fogo. Desta vez o atingido foi um galpão da Cinemateca Brasileira, na Vila Leopoldina, em São Paulo.
Vi a notícia no telejornal à noite e vislumbrei um homem (certamente um produtor do meio) às lágrimas, reclamando do descaso com o lugar, que já vem sofrendo uma crise sem precedentes nos últimos anos. Mais uma vez a expressão "tragédia anunciada" recai sobre uma catástrofe nesse país de exageros, distorções e falta de memória.
Sim, o incêndio na Cinemateca nos faz reviver uma velha máxima de nosso povo: somos um país de desmemoriados imediatistas, que não entendem a necessidade de produzir um legado ou uma história. Falar do ontem num país como o nosso virou sinônimo, nos tempos atuais, de esnobismo ou assunto "de quem não tem mais o que fazer da vida".
E o roteiro que conduziu à tragédia na noite de quarta-feira é ainda mais assustador: incêndio no galpão em Vila Madalena em 2016 (que destruiu cerca de 500 obras), enchente no ano passado nesse mesmo galpão que pegou fogo anteontem, abandono, troca de gestão, entrega das chaves, funcionários demitidos, protestos... Sim, eu sei... Mais macabro do que isso, impossível!
Chego a crer que a tal tragédia anunciada é nosso melhor exemplo de cinéma vérité e, que diferentemente do formato original, não levará a nenhum reality show espalhafatoso ou mesmo tendencioso. Permanecerá, isso sim, nesse ostracismo e/ou desmantelamento cultural no qual estamos inseridos há tempos.
Já prevejo os eternos boçais de sempre inundando a internet com comentários grotescos de quinta categoria ou fazendo piadinhas negras do tipo "espero que tenha queimado os filmes dos comunistas do cinema novo, aquela raça desgraçada!" ou então "já queimou tarde! aquilo ali não servia para nada mesmo", isso só para lembrar do óbvio ululante, pois nessas horas aparecem declarações ainda mais horrendas, bem ao nível do mundo virtual contemporâneo cheio de prepotentes e ressentidos.
E como bem diz o ditado popular em que "não adianta chorar sobre o leite derramado", só nos resta, como cinéfilos apaixonados, esperar ou rezar por dias melhores, estadistas mais interessados, gente comprometida com o futuro e a história e não somente com o lucro.
E uma provocação vem à minha mente neste exato momento: aposto que se pegasse fogo a sede da Petrobrás na Avenida Chile, no Rio de Janeiro, muitos desses que hoje estão de braços cruzados já estariam se mobilizando para reconstruir o prédio.
Embora um segmento político do país tenha dito que irá fazer uma representação criminal contra o governo para apurar a tragédia, tudo na prática ainda é muito raso (o que não deixa de também ser óbvio nessa pátria lenta e desinteressada). Logo, como terminar este texto-desabafo? Ora! Deste jeito mesmo. Inacabado. Que nem o Brasil.
Quer saber mais sobre cinema?
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Quem KISS Teve
3.5 2Do ponto de vista sociológico este curta é de uma atualidade impressionante!
J. Carlos - O Cronista do Rio
4.4 2O cronista visual da Guanabara
(Meu passeio em casa pela exposição virtual J. Carlos - além do tempo)
Como é bom ter acesso a boa informação sem precisar sair de casa, pegar trânsito e encarar fila em bilheteria...
Em tempos de confinamento social (eu sei... não seguido por muita gente negacionista e nada afeita à acatar ordens estatais) e muito estabelecimento cultural fechado, torna-se para o colunista cultural uma saga hercúlea encontrar bons temas sobre o qual escrever. E ainda assim - acreditem! - é sempre uma grande surpresa, principalmente para os interessados em conhecimento, encontrar boas ideias que reapresentem a maneira de saírmos em busca de cultura, de informação de entretenimento.
Foi exatamente isso que aconteceu essa semana, quando sem sair de casa pude apreciar a maravilhosa exposição virtual J. Carlos além do tempo, de curadoria de Rafael Peixoto, no site da Galeria Danielian, cuja sede física fica localizada no bairro da Gávea.
Conheci a obra de J. Carlos uns 15 anos atrás, através de revistas antigas que faziam parte do acervo de uma biblioteca pública de subúrbio da qual fui sócio quando morava no Méier. E é díficil classificá-lo em uma só categoria: chargista, ilustrador, designer, cartunista, caricaturista, desenhista, ufa! Honestamente... Prefiro ficar com a expressão gênio do traço. Mais do que isso: J. Carlos foi um cronista visual de nossa cidade. E conheceu-a como poucos em sua época.
Dito isto, a exposição realizada num 3D imersivo preenche de forma esplêndida a barreira de não podermos ver a exposição in loco. Foi minha primeira experiência com o formato e desde já adianto que fiquei encantado. Imaginava algo mecânico, sem graça, mas não foi essa a percepção que tive. Pelo contrário. É possível "passear" pela galeria, olhar quadro a quadro, subir escadas, puxar resumos... Há links os mais diversos (inclusive, para os interessados em comprar as obras, o valor de cada uma disponível).
Vê-se um retrato básico de tudo que nossa cidade representou e representa até hoje: sátiras políticas - inclusive com as caricaturas de figuras famosas como Mussolini, Hitler, Churchill -, tipos populares, carnaval, as mulheres (que eram a coqueluche do artista, que o diga a melindrosa!, tanto que as roupas que desenhou para elas em suas telas viraram tendência junto ao mercado de confecção de roupas da burguesia que viveu aqueles dias), etc etc etc... Eu não quero me estender mais do que isso, senão estrago a surpresa de quem ainda não viu a expo.
Era um nacionalista de mão cheia, volta e meia fazia questão de mostrar a bandeira nacional e os desafios pelo qual o país passava em seus trabalhos e combateu de forma ferrenha o fascismo que surgia naquele período. Certamente enfrentaria muita briga no Brasil de hoje!
Teve seus trabalhos publicados para revistas como Careta, Fon Fon e Tico-Tico, entre outras, além de anúncios publicitários que realizou para a Caixa Econômica Federal e a Souza Cruz. Por sinal, fica aqui uma dica para estudiosos de artes visuais e desenhos em geral: há uma série de trabalhos expostos que são estudos para capa de revista (ou seja, trabalhos ainda a lápis, crus). Logo, a expo é também uma grande oportunidade de conhecer um pouco do processo criativo do artista.
Ao fim do passeio grandioso, fico na expectativa de que mesmo depois de passada a pandemia e suas consequências catastróficas, que outras galerias de arte e espaços culturais também ofereçam este formato virtual. Fiquei realmente impressionado com a qualidade da plataforma e o quanto de informação ela foi capaz de me proporcionar no conforto da minha residência.
Já estou a espera da próxima aventura online, ansioso.
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Matemática Alternativa
3.9 14Matemática alternativa vem bem a calhar em tempos extremistas como esses em que estamos vivendo atualmente. E o pior é que se não tomarmos vergonha na cara o quanto antes e respeitarmos o que é estabelecido, normativo, corremos o sério risco de nos tornarmos uma idiocracia mundial. Aí sim será um caos!
Vida Maria
4.3 133É o ciclo da vida das famílias que não vivem nas grandes metrópoles. Triste retrato do Brasil. Já o curta, lindíssimo!
Adeus
4.0 3É impressão minha ou esse curta teve influência da obra do Moebius e da geração por trás da revista francesa Métal Hurlant?
Deus é Pai
3.2 34 Assista AgoraNesse Brasil bunda mole e religioso em excesso de hoje em dia, ver algo como isso aqui é de uma profunda ousadia!!!
De Janela pro Cinema
4.0 1Uma grande homenagem ao cinema mundial de ontem, hoje, amanhã e sempre.
Até a China
4.2 12Como é que eu nunca tinha assistido esse curtametragem antes? É praticamente um guia de sobrevivência para turistas que não conhecem absolutamente nada sobre a cultura asiática. Simplesmente sensacional!
A Piscina de Caíque
3.9 6Simples, sem invenciones. É de mais produções como essa que o nosso cinema anda precisando. Ao invés disso, perdemos tempo com vaidade e exotismo.
Viagem à Lua
4.4 857 Assista AgoraO cinema precisa de pouco para acontecer, para ser brilhante. Chaplin entendeu isso, Buster Keaton também (e não à toa entraram para o panteão dos gênios). Contudo, muito provavelmente a sétima arte não teria existido de fato não fosse o trabalho árduo de visionários como George Méliès que recentemente recebeu uma justa homenagem de Martin Scorsese no longa A invenção de Hugo Cabret (onde foi interpretado por Ben Kingsley).
No seu filme mais famoso, Viagem à lua, ele conta a história do professor Barbenfouillis (interpretado pelo próprio Méliès), um cientista que convence seus colegas de ofício a realizarem uma expedição à lua. Ele partem numa missão rumo ao inesperado e aterrissam no olho direito do planeta. São abordados por habitantes hostis, que quando percebem estar em contato com uma civilização nunca antes vista, os levam à seu rei. Começa então um grande embate na tentativa de manter o mínimo de civilidade, mas isso acaba não sendo possível dada a rusticidade da população e eles são tornados reféns. O único aliado que eles possuem para conseguir fugir do planeta é o guarda-chuva do professor, capaz de desintegrar os habitantes.
Apesar do enredo confuso e pobre, não se deixem iludir: Viagem à lua é uma das maiores revoluções da história do cinema, comparável à obras-primas como Cidadão Kane e O Encouraçado Potemkim. Mélies consegue criar magia antes mesmo da existência de efeitos especiais, abusa dos gimmicks (truques) e nos presenteia com um curtametragem lúdico e apaixonante.
P.S: decidi postar o filme na íntegra, tamanha a minha admiração pelo cinema de Méliès e por aquilo que eu considero o verdadeiro papel do cinema. Aproveitem!!!
Cine Holiúdy - O Astista Contra o Cabra do Mal
3.7 34O pontapé inicial do filme. Ótimo!
Kung Fury
4.2 366 Assista AgoraUma homenagem fantástica aos trash movies.
O Farol
4.4 97Magnífico
Temporal
2.8 7Gostei da anarquia promovida pelos convidados da festa das filhas do fanático religioso.
O Diário da Terra
3.7 7Achei divertidíssimo! Poderia ser maior um pouquinho.
Por Que as Namoradas Devem Amar Mais do que Seus …
2.0 5Bem bolado!
Assaltaram a Gramática
4.3 7Para fãs de poesia, um prato cheio até a borda!
O Som e o Resto
3.9 3Achei o final estupendo.
Recife Frio
4.3 313Adorei a ideia. A cada filme o Kleber Mendonça cresce mais no meu conceito.
Frankenstein Punk
3.9 25Não deve nada a muitas animações feitas nos EUA e na Europa. Belíssimo!
The Black Mamba
3.9 47O nome do curta está errado. É The Black Bomba! Uma porcaria sem sentido...