O documentário não tem medo do contraditório na sua hipótese do "auto atentado" e corretamente passa longe de insinuar que fecha questão.
Mas de todo modo, lança sim alguns indícios no mínimo muito suspeitos, como as promoções de vários seguranças a posteriori (depois de supostamente FALHAREM na missão de proteger o candidato), a localização da cicatriz e o encontro de Adélio com Carluxo em Floripa, pouco antes mas muito longe do evento em Juiz de Fora.
Zé droguinha mala sem alça do c@r@lh*. Parece uma versão de TRANSPOTTING sem a edição mais tresloucada. O único filme pelo menos bonzinho de Gus van Sant deve ser MILK mesmo.
Pra quem se interessar, a representação de facetas políticas da Itália nas décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial me lembraram muito "54", um livro italiano assinado pelo autor coletivo Wu Ming que li neste ano. Lá inclusive tem também um Nicola, como personagem alusivo a Lênin.
Tanto no caso do filme quanto do livro, achei a pegada meia-boca e só. Mas pra quem porventura gostar mais do filme que eu, deixo a recomendação do livro de Ming.
Três filmes conferidos, já posso bater o martelo que o tal do Dreyer é mesmo um pé no saco.
No caso desse GERTRUD, nem os bons momentos estéticos isolados dos filmes mudos dele encontramos aqui. Só um enredo à la Anna Karenina, porém naquele verniz "agora um poema" que se leva extremamente a sério, como se tivesse reinventando Shakespeare ou qualquer coisa que queira posar de fina flor da sensibilidade artística (o que está a anos-luz de ser), com performances teatrais e propositalmente afetadas dignas do Quico de CHAVES recitando "Mamãe Querida".
Inacreditável que uma espécie de primo pobre de TABU, do Murnau (mas sem o elenco carismático e a direção estonteante), tenha sido considerado o melhor filme dos anos noventa (apesar de ser de 86) por ninguém menos que Martin Scorsese.
A trama é manjada e não causa maior interesse em momento algum. Sempre é um mau sinal que uma sessão de pouco mais de oitenta minutos pareça ter mais de duas horas.
De bom a exploração plástica das locações, mas nem nisso é particularmente memorável já que um punhado de filmes chineses (inclusive mais velhos) são infinitamente superiores também neste aspecto.
Bem melhor do que eu esperava em densidade dramática (graças ao elenco, sobretudo a atriz) e roteiro. Abordagem corajosa da surdez, mais interessante, por exemplo, que o recente "O Som do Silêncio".
Assunto denso, complexo e hipnótico infelizmente diluído na montagem banal e televisiva do tal Nick Broomfield. O cineasta roda, roda e não sai do lugar com entrevistados tolos que pouco ou nada dizem da mente da criminosa.
Só realmente ganha relevância no final, quando entrevista a própria Aileen, para que ela faça sua defesa sem intermediários que tem a profundidade de uma poça d'água.
Vale mais a conferida o longa ficcional sobre a serial killer que deu o Oscar a Charlize Theron. Esse documentário aqui é só um complemento medíocre e infelizmente é daqueles que parece desperdiçar a chance de escarafunchar o tema certo no momento certo (mas com as pessoas e a montagem erradas).
Errou no desfecho covarde e clichê. No geral, sabor agridoce de uma China que ergue a cabeça contra os ocidentais (vide a ótima cena-prologo), no entanto repete os mesmos cacoetes de burguesia mimada dos EUA e Europa ocidental.
Relevante tematicamemte - o colaboracionismo de vários franceses com o nazismo alemão é uma chaga naquele país até hoje - embora peque por certa redundância.
Encontrado no YouTube, sem legendas (exceto as automáticas em inglês mesmo), num VHS rip de baixa qualidade de imagem e som. É um filme raro, então valeu a pena esse tipo de desconforto pra finalmente assistir, na cara e na coragem.
Para os padrões tanto temáticos quanto estéticos da época em que foi produzido, é um longa ousado e inovador. Trata de uma ferida aberta até hoje na sociedade estadunidense e muito do que vimos ali segue (infelizmente) atual, de modo que THE COOL WORLD acaba sendo relevante e perene não só como "retrato de época", mas também sobre hoje.
Perde um pouco do impacto inicial, claro, visto à luz de 2021, quase seis décadas após o lançamento. Entretanto, é ainda um longa de impacto acima da média, produzido pelo ótimo Frederick Wiseman (daí o teor meio documental) e trilha musical jazzística competente.
Vale a conferida mesmo em cópia de resolução audiovisual ruim. E deve ser melhor ainda numa boa.
Abobalhada sessão da tarde que só não é mais banal e descartável por conta do bom elenco coadjuvante (em contraposição ao inexpressivo ator principal) e uma trilha musical empolgante do saudoso James Horner.
Infelizmente pouca gente vai fazer uma interpretação mais densa sobre DE ILUSÃO TAMBÉM SE VIVE (curiosamente, o título em português acerta em cheio e ajuda a esclarecer meu ponto).
Será muito mais interessante se entendido como uma contraproposta teísta ao ateísmo que depois veríamos no excelente O VENTO SERÁ TUA HERANÇA, de Stanley Kramer.
É só trocar "Mr Kringle" por "deus" no roteiro pra comprovar que é uma defesa ideológica escancarada da religião enquanto escapismo distracionista (o "ópio do povo", como sabiamente a definiu o verdadeiro bom velhinho) em contraposição ao natural ceticismo crítico das crianças (a garotinha), da ciência (o psicólogo) e em certo ponto da forma social jurídica (o juiz).
Tem uma primeira metade bem boboca e rastaquera, com toda a pieguice tosca e hipocrisia de ser "contra a comercialização do espírito natalino" enquanto na prática defende exatamente o contrário, tanto nas entrelinhas do roteiro quanto na próprio venda de ingressos que o filme gerou.
Entretanto, é a partir da cena do tribunal que o longa mostra a que veio e pelo menos serve como ilustrativa defesa do teísmo nos moldes do que descrevi acima, o que tem sua utilidade ainda que eu divirja ideologicamente de cabo a rabo do que foi apresentado.
Cenografia boa e, esteticamente, só isso de bom. Roteiro e ator principal muito ruins. Bem inferior ao longa de 82, que por sua vez envelheceu mal esteticamente e hoje é só meia boca.
Aquém do primeiro, principalmente pelo baixo aproveitamento de personagens secundários outrarora carismáticos (como o Nigel) e adição de novos pouco expressivos.
Sequer o título se salva, já que é meio que um "estelionato" uma vez que as araras vão para a Amazônia.
De bom, só a rã "mulher de malandro", que rouba a cena e é a única personagem nova carismática.
Dietrich magnética, porém elenco secundário fraco. Direção irregular. De resto, me pareceu a turma dos países que depois formariam a OTAN quebrando a cabeça, sem muito sucesso, pra entender a política interna da China na fase do conflito entre revolucionários e Kai Chek.
Sessão da tarde banal e clichê, sendo propaganda comercial e até pessoal de Walt Disney (aqui vivido por um Tom Hanks no piloto automático - desde O TERMINAL ele não faz uma performance diferente e marcante).
O que engrandece um pouco é a performance de Emma Thompson e o quê de psicanálise na avaliação de como a relação com o pai afetou a arte de sua personagem.
O longa mais conhecido e celebrada de Abel Gance (do ótimo "A Roda") é ao mesmo tempo uma aula de História, de política e de sétima arte.
Para quem gostar desses três assuntos, será um banquete do "creme de la creme" da grandiosidade da História em ação, seja no retrato de uma biografia implacável, seja no que no que o filme brilha - e até lança tendências vistas só décadas depois, como a "widescreen" (tela larga) - em termos de estética de cinema.
Sua duração efetivamente muito longa só talvez seja questionável por prolongar demais alguns detalhes nos atos dois e três (são quatro ao todo), que ficam entre um início e um clímax pra lá de retumbantes e a gente acaba se questionando se, com todas essas cinco horas e meia, era o caso do roteiro contar a vida toda de Bonaparte e não só até um de seus muitos triunfos. Mas até que dá pra entender pelo teor apoteótico que o diretor buscava no final e acaba sendo compreensível e justificável. Dessa forma, NAPOLEÃO não chegou a me incomodar pela longuíssima duração, como também A RODA passou tranquilo para mim.
Sobre o elenco, é excelente e a atuação de Albert Dieudonné passa com brilhantismo a aura mítica e altiva do personagem-título. Tanto Dieudonné quanto Gance tiveram, além disso, a inteligência de dar traços humanos ao seu protagonista, com momentos de certas inseguranças e simplicidades que nos ajudam, afinal, a não ver nele só um "deus do Olimpo" muito acima de nós o tempo todo.
O cara que faz o Robespierre (uma das minhas figuras históricas favoritas de todos os tempos) tem uma baita presença em cena e a gente chega a lamentar que tão pouco seja contado sobre ele. E apesar dessa figura imensamente complexa novamente ser meio vilanizada aqui, o patriotismo de Gance não resiste a ser imensamente respeitoso com ele e acaba sendo um retrato do velho Maximilien muito menos maniqueísta, por exemplo, que aquele visto em ÓRFÃS DA TEMPESTADE do Griffith.
Ainda sobre o patriotismo, que normalmente me incomodaria vindo de um país imperialista como a França, aqui não atrapalha justamente porque retrata a fase mais progressista e construtiva da revolução francesa/burguesa, quando ela de fato gerou um legado positivos e não era só a rapinagem imperialista que é hoje. Se até Marx, o maior crítico da história do capitalismo, muito corretamente reconhece isso no "Manifesto Comunista", não é no longa estonteante e poderoso de Gance que vou ver reacionarismo (diferente, por exemplo, do DANTON do Wajda).
Enfim, um colosso audiovisual com tomadas arrojadas e inventivas, coroadas por uma montagem criativa. Se você conhecer algo sobre a revolução francesa antes de ver, vai apreciar melhor a experiência. Filmaço!
Visto hoje a versão de quatro horas e meia e, com exceção do terceiro ato no Mont Blanc que é arrastado e redundante, o resto todo passou voando.
O ator que faz o Sisif está sensacional nas diferentes fases do personagem e a condução de sua tragédia grega é magistralmente conduzida pela direção de Abel Gance e pela edição inteligente e arrojada (mesmo para os padrões de hoje, quase um século todo depois da estréia). Coadjuvantes satisfatórios, embora nenhum chegue aos pés do maquinista turrão porém de fundo crescente emotivo feito por Severin-Mars.
Sobre o conceito e o título do filme, que estão relacionados pela quantidade de vezes em que as rodas são mostradas por Gance, interpreto que tem múltiplos sentidos. É a roda do progresso e do trabalho, é também a do mundo que "dá voltas no coração" (como na música de Chico Buarque) e faz a História girar, é ainda a possibilidade do giro de trezentos e sessenta graus e conduzir os arcos dramáticos de volta a onde tudo começou.
Fica a dúvida se a versão ainda maior segura tão bem a peteca quanto essa de uns 270 minutos. Mas pelo menos essa eu recomendo sem maiores restrições pra quem quiser tirar uma tarde toda de pura sétima arte.
O cinema francês dos anos 30, 40 e 50 era de finíssima estampa. Até ser enterrado pelos boçais pedantes da Nouvelle Vague.
Trocaram cineastas do calibre de Renoir, Clouzot (meu favorito daquele país), Carné, Pagnol e etc por Godard e similares. Que desperdício...
No caso de BOUDU, tem uma hilária performance de Michel Simon (que vinha do excelente A CADELA, também com Renoir) num humor de sátira da "caridade burguesa" que lembra a acidez de VIRIDIANA, do Bunuel, ou o certeiro e infelizmente pouco conhecido longa romeno FILANTROPICA, exatos setenta anos mais novo que este clássico francês ainda tão atual.
Bolsonaro e Adélio - Uma Fakeada No Coração Do Brasil
3.4 24O documentário não tem medo do contraditório na sua hipótese do "auto atentado" e corretamente passa longe de insinuar que fecha questão.
Mas de todo modo, lança sim alguns indícios no mínimo muito suspeitos, como as promoções de vários seguranças a posteriori (depois de supostamente FALHAREM na missão de proteger o candidato), a localização da cicatriz e o encontro de Adélio com Carluxo em Floripa, pouco antes mas muito longe do evento em Juiz de Fora.
Cedo Demais/Tarde Demais
2.7 4 Assista AgorazzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZZ......
Drugstore Cowboy
3.7 107 Assista AgoraZé droguinha mala sem alça do c@r@lh*. Parece uma versão de TRANSPOTTING sem a edição mais tresloucada. O único filme pelo menos bonzinho de Gus van Sant deve ser MILK mesmo.
O Fascismo de Todos os Dias
4.6 13Narração over sarcástica em cima de um roteiro incisivo. Muito bom.
Três Irmãos
3.2 9Pra quem se interessar, a representação de facetas políticas da Itália nas décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial me lembraram muito "54", um livro italiano assinado pelo autor coletivo Wu Ming que li neste ano. Lá inclusive tem também um Nicola, como personagem alusivo a Lênin.
Tanto no caso do filme quanto do livro, achei a pegada meia-boca e só. Mas pra quem porventura gostar mais do filme que eu, deixo a recomendação do livro de Ming.
Gertrud
4.1 33Três filmes conferidos, já posso bater o martelo que o tal do Dreyer é mesmo um pé no saco.
No caso desse GERTRUD, nem os bons momentos estéticos isolados dos filmes mudos dele encontramos aqui. Só um enredo à la Anna Karenina, porém naquele verniz "agora um poema" que se leva extremamente a sério, como se tivesse reinventando Shakespeare ou qualquer coisa que queira posar de fina flor da sensibilidade artística (o que está a anos-luz de ser), com performances teatrais e propositalmente afetadas dignas do Quico de CHAVES recitando "Mamãe Querida".
Um porre total.
O Ladrão de Cavalos
3.4 11TABU AGUADO
Inacreditável que uma espécie de primo pobre de TABU, do Murnau (mas sem o elenco carismático e a direção estonteante), tenha sido considerado o melhor filme dos anos noventa (apesar de ser de 86) por ninguém menos que Martin Scorsese.
A trama é manjada e não causa maior interesse em momento algum. Sempre é um mau sinal que uma sessão de pouco mais de oitenta minutos pareça ter mais de duas horas.
De bom a exploração plástica das locações, mas nem nisso é particularmente memorável já que um punhado de filmes chineses (inclusive mais velhos) são infinitamente superiores também neste aspecto.
Filhos do Silêncio
3.6 80 Assista AgoraBem melhor do que eu esperava em densidade dramática (graças ao elenco, sobretudo a atriz) e roteiro. Abordagem corajosa da surdez, mais interessante, por exemplo, que o recente "O Som do Silêncio".
Aileen Wuornos: The Selling of a Serial Killer
3.7 23CINEASTA ERRADO COM O TEMA CERTO
Assunto denso, complexo e hipnótico infelizmente diluído na montagem banal e televisiva do tal Nick Broomfield. O cineasta roda, roda e não sai do lugar com entrevistados tolos que pouco ou nada dizem da mente da criminosa.
Só realmente ganha relevância no final, quando entrevista a própria Aileen, para que ela faça sua defesa sem intermediários que tem a profundidade de uma poça d'água.
Vale mais a conferida o longa ficcional sobre a serial killer que deu o Oscar a Charlize Theron. Esse documentário aqui é só um complemento medíocre e infelizmente é daqueles que parece desperdiçar a chance de escarafunchar o tema certo no momento certo (mas com as pessoas e a montagem erradas).
Podres de Ricos
3.5 509 Assista AgoraErrou no desfecho covarde e clichê. No geral, sabor agridoce de uma China que ergue a cabeça contra os ocidentais (vide a ótima cena-prologo), no entanto repete os mesmos cacoetes de burguesia mimada dos EUA e Europa ocidental.
A Tristeza e a Piedade
3.8 15Relevante tematicamemte - o colaboracionismo de vários franceses com o nazismo alemão é uma chaga naquele país até hoje - embora peque por certa redundância.
The Cool World
3.1 5REGISTRO DE UMA FERIDA ABERTA
Encontrado no YouTube, sem legendas (exceto as automáticas em inglês mesmo), num VHS rip de baixa qualidade de imagem e som. É um filme raro, então valeu a pena esse tipo de desconforto pra finalmente assistir, na cara e na coragem.
Para os padrões tanto temáticos quanto estéticos da época em que foi produzido, é um longa ousado e inovador. Trata de uma ferida aberta até hoje na sociedade estadunidense e muito do que vimos ali segue (infelizmente) atual, de modo que THE COOL WORLD acaba sendo relevante e perene não só como "retrato de época", mas também sobre hoje.
Perde um pouco do impacto inicial, claro, visto à luz de 2021, quase seis décadas após o lançamento. Entretanto, é ainda um longa de impacto acima da média, produzido pelo ótimo Frederick Wiseman (daí o teor meio documental) e trilha musical jazzística competente.
Vale a conferida mesmo em cópia de resolução audiovisual ruim. E deve ser melhor ainda numa boa.
Frankenweenie
3.8 1,5K Assista AgoraHenry Selick >>> Tim Burton
Rocketeer
3.3 98 Assista AgoraAbobalhada sessão da tarde que só não é mais banal e descartável por conta do bom elenco coadjuvante (em contraposição ao inexpressivo ator principal) e uma trilha musical empolgante do saudoso James Horner.
De Ilusão Também Se Vive
3.9 91 Assista AgoraADVOCACIA IDEOLÓGICA DA RELIGIÃO
Infelizmente pouca gente vai fazer uma interpretação mais densa sobre DE ILUSÃO TAMBÉM SE VIVE (curiosamente, o título em português acerta em cheio e ajuda a esclarecer meu ponto).
Será muito mais interessante se entendido como uma contraproposta teísta ao ateísmo que depois veríamos no excelente O VENTO SERÁ TUA HERANÇA, de Stanley Kramer.
É só trocar "Mr Kringle" por "deus" no roteiro pra comprovar que é uma defesa ideológica escancarada da religião enquanto escapismo distracionista (o "ópio do povo", como sabiamente a definiu o verdadeiro bom velhinho) em contraposição ao natural ceticismo crítico das crianças (a garotinha), da ciência (o psicólogo) e em certo ponto da forma social jurídica (o juiz).
Tem uma primeira metade bem boboca e rastaquera, com toda a pieguice tosca e hipocrisia de ser "contra a comercialização do espírito natalino" enquanto na prática defende exatamente o contrário, tanto nas entrelinhas do roteiro quanto na próprio venda de ingressos que o filme gerou.
Entretanto, é a partir da cena do tribunal que o longa mostra a que veio e pelo menos serve como ilustrativa defesa do teísmo nos moldes do que descrevi acima, o que tem sua utilidade ainda que eu divirja ideologicamente de cabo a rabo do que foi apresentado.
Tron: O Legado
3.2 1,8K Assista AgoraCenografia boa e, esteticamente, só isso de bom. Roteiro e ator principal muito ruins. Bem inferior ao longa de 82, que por sua vez envelheceu mal esteticamente e hoje é só meia boca.
Malévola: Dona do Mal
3.4 617 Assista AgoraEsquelética Angelina Jolie e roteiro bastante inferior ao primeiro (que era só razoável, mas dava pro gasto). Descartável e esquecível.
Rio 2
3.3 606 Assista AgoraAquém do primeiro, principalmente pelo baixo aproveitamento de personagens secundários outrarora carismáticos (como o Nigel) e adição de novos pouco expressivos.
Sequer o título se salva, já que é meio que um "estelionato" uma vez que as araras vão para a Amazônia.
De bom, só a rã "mulher de malandro", que rouba a cena e é a única personagem nova carismática.
O Expresso de Xangai
3.7 54Dietrich magnética, porém elenco secundário fraco. Direção irregular. De resto, me pareceu a turma dos países que depois formariam a OTAN quebrando a cabeça, sem muito sucesso, pra entender a política interna da China na fase do conflito entre revolucionários e Kai Chek.
Walt nos Bastidores de Mary Poppins
3.8 580 Assista AgoraSessão da tarde banal e clichê, sendo propaganda comercial e até pessoal de Walt Disney (aqui vivido por um Tom Hanks no piloto automático - desde O TERMINAL ele não faz uma performance diferente e marcante).
O que engrandece um pouco é a performance de Emma Thompson e o quê de psicanálise na avaliação de como a relação com o pai afetou a arte de sua personagem.
Napoleão
4.2 33VIVE LA REVOLUCION!
O longa mais conhecido e celebrada de Abel Gance (do ótimo "A Roda") é ao mesmo tempo uma aula de História, de política e de sétima arte.
Para quem gostar desses três assuntos, será um banquete do "creme de la creme" da grandiosidade da História em ação, seja no retrato de uma biografia implacável, seja no que no que o filme brilha - e até lança tendências vistas só décadas depois, como a "widescreen" (tela larga) - em termos de estética de cinema.
Sua duração efetivamente muito longa só talvez seja questionável por prolongar demais alguns detalhes nos atos dois e três (são quatro ao todo), que ficam entre um início e um clímax pra lá de retumbantes e a gente acaba se questionando se, com todas essas cinco horas e meia, era o caso do roteiro contar a vida toda de Bonaparte e não só até um de seus muitos triunfos. Mas até que dá pra entender pelo teor apoteótico que o diretor buscava no final e acaba sendo compreensível e justificável. Dessa forma, NAPOLEÃO não chegou a me incomodar pela longuíssima duração, como também A RODA passou tranquilo para mim.
Sobre o elenco, é excelente e a atuação de Albert Dieudonné passa com brilhantismo a aura mítica e altiva do personagem-título. Tanto Dieudonné quanto Gance tiveram, além disso, a inteligência de dar traços humanos ao seu protagonista, com momentos de certas inseguranças e simplicidades que nos ajudam, afinal, a não ver nele só um "deus do Olimpo" muito acima de nós o tempo todo.
O cara que faz o Robespierre (uma das minhas figuras históricas favoritas de todos os tempos) tem uma baita presença em cena e a gente chega a lamentar que tão pouco seja contado sobre ele. E apesar dessa figura imensamente complexa novamente ser meio vilanizada aqui, o patriotismo de Gance não resiste a ser imensamente respeitoso com ele e acaba sendo um retrato do velho Maximilien muito menos maniqueísta, por exemplo, que aquele visto em ÓRFÃS DA TEMPESTADE do Griffith.
Ainda sobre o patriotismo, que normalmente me incomodaria vindo de um país imperialista como a França, aqui não atrapalha justamente porque retrata a fase mais progressista e construtiva da revolução francesa/burguesa, quando ela de fato gerou um legado positivos e não era só a rapinagem imperialista que é hoje. Se até Marx, o maior crítico da história do capitalismo, muito corretamente reconhece isso no "Manifesto Comunista", não é no longa estonteante e poderoso de Gance que vou ver reacionarismo (diferente, por exemplo, do DANTON do Wajda).
Enfim, um colosso audiovisual com tomadas arrojadas e inventivas, coroadas por uma montagem criativa. Se você conhecer algo sobre a revolução francesa antes de ver, vai apreciar melhor a experiência. Filmaço!
A Roda
3.7 26RODA VIVA DAS TRAGÉDIAS
Visto hoje a versão de quatro horas e meia e, com exceção do terceiro ato no Mont Blanc que é arrastado e redundante, o resto todo passou voando.
O ator que faz o Sisif está sensacional nas diferentes fases do personagem e a condução de sua tragédia grega é magistralmente conduzida pela direção de Abel Gance e pela edição inteligente e arrojada (mesmo para os padrões de hoje, quase um século todo depois da estréia). Coadjuvantes satisfatórios, embora nenhum chegue aos pés do maquinista turrão porém de fundo crescente emotivo feito por Severin-Mars.
Sobre o conceito e o título do filme, que estão relacionados pela quantidade de vezes em que as rodas são mostradas por Gance, interpreto que tem múltiplos sentidos. É a roda do progresso e do trabalho, é também a do mundo que "dá voltas no coração" (como na música de Chico Buarque) e faz a História girar, é ainda a possibilidade do giro de trezentos e sessenta graus e conduzir os arcos dramáticos de volta a onde tudo começou.
Fica a dúvida se a versão ainda maior segura tão bem a peteca quanto essa de uns 270 minutos. Mas pelo menos essa eu recomendo sem maiores restrições pra quem quiser tirar uma tarde toda de pura sétima arte.
Ama-me Esta Noite
3.8 26 Assista AgoraVersão muzzzZZZZZical de "A Princesa e o Plebeu".
Boudu Salvo das Águas
3.8 18O cinema francês dos anos 30, 40 e 50 era de finíssima estampa. Até ser enterrado pelos boçais pedantes da Nouvelle Vague.
Trocaram cineastas do calibre de Renoir, Clouzot (meu favorito daquele país), Carné, Pagnol e etc por Godard e similares. Que desperdício...
No caso de BOUDU, tem uma hilária performance de Michel Simon (que vinha do excelente A CADELA, também com Renoir) num humor de sátira da "caridade burguesa" que lembra a acidez de VIRIDIANA, do Bunuel, ou o certeiro e infelizmente pouco conhecido longa romeno FILANTROPICA, exatos setenta anos mais novo que este clássico francês ainda tão atual.