Engraçadíssimo imaginar Ingrid Bergman e Cary Grant como espiões norte-americanos usando aquelas roupas de tweed no calorzão de Copacabana, rs. Fora isso, é um ótimo filme de suspense com um toque de melodrama, uma história sólida e que nos prende à atenção do início ao fim, aliás, finais são uma coisa que o Hitchcock não tinha paciência mesmo pra fazer né, fica na cara.
Pra variar um pouco, a adaptação da maravilhosa obra do Milan Kundera é curiosamente aceitável. Diria até que é bastante fiel ao livro, na medida do possível, em relação à sequência de eventos que ocorre no livro e no retrato da personalidade de cada personagem do livro, no entanto, por se tratar de uma história extremamente subjetiva e abstrata, o que é essencial sempre vai acabar escapando à linguagem do cinema. Gostei muito da performance dos atores, a Juliette Binoche, sem dúvidas, é a que mais combina com a personagem do livro.
Gostei do cuidado que eles tiveram para mostrar imagens reais da invasão russa na Tchecoslováquia, em 1968, li que muitas pessoas lotaram as salas de exibição russas na década de 80, pois foi a primeira vez que muitas pessoas puderam ver a invasão do ponto de vista dos tchecos. Além disso, reza a lenda de que esse filme quase fez com que o Daniel Day-Lewis parasse de atuar, diz que ele ficou bastante deprimido e um tanto quanto arrependido de ter aceitado o papel...não sei até que ponto é verdade, mas dá pra ver que ele está um pouco desconfortável no papel do Tomas, e sei que já chegou a dizer em entrevista que A Insustentável Leveza era o filme que todos queriam fazer em 1988, logo, isso já é um grande motivo para alguém não aceitar fazer parte, haha.
Já tinha assistido a essa cinebiografia logo quando saiu, mas resolvi rever hoje, após, finalmente, ter concluído a leitura de "À Sangue Frio", e se mostrou essencial para o total aproveitamento do filme. Se antes eu havia achado o filme longo demais, agora as quase 2 horas passaram voando. Não acredito que cabe uma comparação com o livro, pois seria uma metalinguagem desnecessária, tendo em vista que o próprio livro flerta com a ficção, somente posso dizer que a atuação do Philip Seymour Hoffman torna a experiência de todo esse fenômeno histórico muito mais real.
A atuação do Clifton Collins Jr. (e por que não, do Mark Pellegrino também!) como o "assassino sem causa" Perry Smith é simplesmente maravilhosa, quando se vê os retratos do verdadeiro Perry, seu olhar transmite a mesma sensação.
Além de tudo, achei muito interessante o quanto o filme não fica em cima de muro, tendo assumido a difícil tarefa de abordar a questão ética do relacionamento entre o Perry Smith e o Capote, as questões narcísicas que levaram ele a escrever o livro, em primeiro lugar. O que se sucedeu foi, realmente, uma inovação que fez História e alterou a forma como a literatura jornalística é escrita e lida, mas, parece que todo esse prestígio não veio a um preço baixo.
"- We are one with the power that created us. We're safe and all is well in our world".
Filme bastante peculiar e instigante, apesar de ter me cansado um pouco no ritmo e no tempo de duração, além de ter dois momentos totalmente diferentes. Eu, particularmente, achei mais interessante a primeira metade da história, na qual acompanhamos Carol White na sua vida suburbana em San Fernando Valley, em todo o seu potencial alienante e opressor. Julianne Moore, nada de novo sob o sol, a sua performance é magnífica e consegue transmitir exatamente o grau de aniquilação da própria subjetividade pela qual a personagem passa. O tema da primeira parte me lembrou vagamente o pesado "Sétimo Continente" do Michael Haneke, sobre as mazelas da vida burguesa padrão (#whitepeopleproblems).
Genial como nessa parte, a maioria dos planos escolhidos são bastante amplos, como que para mostrar o quanto a personagem é uma só com o ambiente (o modo como ela se preocupada excessivamente com a decoração da casa e mantém tudo sob controle, por exemplo), como se ela não possuísse uma individualidade ou uma auto consciência sobre a sua própria situação, aliás, até acredito que tivesse, mas o pensamento é tão angustiante que acaba sendo reprimido e não aparece a não ser da forma mais absurda possível.
Após a internação de Carol no retiro Wrenwood, várias outras questões se apresentam, dessa vez, em nível social. Fico fascinada em relação à capacidade de auto doutrinação que a nossa espécie tem, somos facilmente impressionados por um discurso que nos promete segurança (essa é a palavra-chave do filme, assim como Lester é um dos personagens-chave) e paz interna, em detrimento da real experiência da vida. As voltas que as pessoas dão para não precisarem se haver consigo mesmas e com seus próprios desejos! A condição retratada no filme não é ficcional, se trata de uma síndrome não reconhecida pela OMS nem por nenhuma associação médica, o que também indica os fortes subtextos psicossomáticos, mas é interessante justamente de notar quantas pessoas se auto diagnosticam com isso, sendo a ser chamada de "doença do século XX", altas reflexões surgem a partir do filme, que nada mais é do que um estudo de personagem bastante profundo.
P.S.: NÃO leia a sinopse aqui do Filmow, ela é bastante tendenciosa.
A cada vez que revejo esse filme tenho mais apreço pela obra do Cronenberg e do Dick Smith (artista responsável também pela maquiagem d'O Exorcista), mas convenhamos que o filme não envelheceu bem, principalmente pela dublagem do áudio na pós-produção que soa bem falsa. Apesar de hoje ser considerado um dos trabalhos mais famosos do diretor, Scanners dá gosto de assistir justamente por aquela atmosfera de ficção científica "B-zona", que foca no gore e no (acidental) subtexto com mensagem social.
Dessa vez que reassisti, me pareceu muito que o filme faz uma metáfora entre a droga Ephemerol com heroína ou alguma outra substância medicamentosa, que é utilizada pelos poderosos para sedar as mentes pensantes, uma metáfora louca, mas fiquei viajando nisso enquanto o assistia. Adoro o quanto os filmes do Cronenberg, particularmente dessa década, são tão detalhados e criam seu próprio universo de conspirações e inverno. Impossível não se deliciar com a atuação maquiavélica do Michael Ironside, sempre ótimo!!
O que dizer desse filme que foi uma das minhas experiências cinemáticas mais intensas? (digo de filmes assistidos em uma sala de cinema, literalmente). Em certo momento do filme, simplesmente senti vontade de abandonar tudo e sair correndo da sala, em negação a tudo o que eu tinha acabado de presenciar na tela.
A experiência foi tão intensa que eu e meus amigos, ao final do filme, ficamos olhando os créditos rolarem, embasbacados, só depois de um tempo conseguimos reunir forças para sair da sala e ficamos perambulando a esmo pelo shopping...sei que, nesse momento, por algum motivo, só conseguimos enxergar bebês e crianças que cruzavam o nosso caminho, até que chegamos no estacionamento, que é a céu aberto, e ficamos discutindo todas as interpretações e sentimentos que tinham saído daquelas últimas 2h. Como um bom filme do Aronofsky, mother! é um material muito rico pra interpretar do jeito que entendermos, sendo que não há uma única verdade...
as referências bíblicas são mais do que na cara, mas acho que não é a única forma possível de ver a sequência da história...
Agora, escrevendo esse comentário, lembro do quanto o filme me impactou e sinto que já preciso assistir novamente pra refrescar a memória...mas, o que ficou de sensação, foi o absoluto caos subjetivo em que essa obra nos coloca, senti ódio, nojo, medo, humilhação, esperança, etc. Me senti literalmente na pele da protagonista, e os closes no rosto da Jennifer Lawrence só intensificam isso.
Já faz alguns anos que eu li o livro, não é fácil chegar ao final das 1.138 páginas (imagino o quanto deve ter nevado pro King naquele inverno de 1986...), mas mesmo não tendo a memória tão fresca da obra literária, acredito que o filme tenha feito juz tanto ao livro quanto à minissérie da década de 90 (o objetivo não é comparar ambas, mas acaba sendo inevitável).
A grande questão que não queria calar era se a atuação do Bill Skarsgård seria "à altura" da do Tim Curry, o que na minha opinião, foi totalmente! Ele trouxe ainda mais à tona a qualidade de humor obscuro que o Pennywise tem no livro, além de ser macabro pra caralho.
Não sou fã de exploração "até onde não dá mais" das obras, mas confesso que me surpreendi que vai haver uma continuação e fico aguardando ansiosa desde já. Minha única crítica, sem dúvidas, é em relação à adultização da personagem da Sophia Lillis, assim como já ocorre com a Milly Bobby Brown em Stranger Things, a Bev parece muito mais velha e madura do que todos os seus companheiros do clube dos perdedores, aquele velho cliché de que "meninas amadurecem mais cedo" ou só pretexto pra sexualização precoce?
Gente, vim aqui escrever o comentário e descobri que a tradução do filme é "Juventude Assassina", apenas um momento de silêncio para apreciar a qualidade "Linha Direta" desse título.
Esse filme é um primo problemático e desajustado de "O Clube dos Cinco", que também fala sobre uma cidade pequena na qual os adolescentes estão reprimidos e entediados, no que só pode resultar caos. Sou fascinada por esses filmes que mostram a força e também o vazio que podem decorrer da experiência de ser jovem (Over the Edge e Out of the Blue, também com Dennis Hopper, são ótimos!).
Em meio a tantos "coming of age films", River's Edge, ops, Juventude Assassina, é uma pérola esquecida, talvez por não ter envelhecido tão bem quanto outros do mesmo gênero. Além disso, a sensação é de anacronismo, já que, quando fui revê-lo, percebi o quanto é misógino, não combina com nossa realidade hoje, obg jesus.
Também tem certas peculiaridades e excentricidades que certamente impediram que o filme fosse mais reconhecido, por exemplo, o personagem do Crispin Glover é bizarro demais (um pleonasmo, mas ok) para que qualquer pessoa se identifique com ele, bem como o personagem do Dennis Hopper (que parece ter sido escrito sob medida pra ele, mas que acabou sendo uma vesão suavizada do Frank Booth, que ele interpretou no mesmo ano em Blue Velvet). Apesar disso, consigo apreciar o filme enquanto uma obra que quase alcançou o seu potencial total.
"- Don't treat me like a mental patient who has to humoured! I also majored in Psychology!"
Esse filme é a epítome do filme de terror antigo (da era clássica), bem executado e bem sucedido, mesmo que seus efeitos especiais sejam anacrônicos e talvez não assustem nem crianças, ele é utilizado com muito bom gosto e sem exagero, a história depende totalmente da atuação e do roteiro, diferentemente dos filmes de terror atuais. Não diria que é um filme B porque é tão bem escrito e editado que poderia muito bem ter sido eleito para um remake mais recente...esse seria um que eu gostaria de ver!
Mas, o mais difícil de ser recriado seria, com certeza, a atmosfera obscura e misteriosa que o filme exala, seja na cena...
...do corredor em que Holden sente uma presença ao redor dele, ou na cena em que Karswell produz um "vendaval", a cena do Stonehenge, a cena do cartão voando na lareira, a cena da família sinistra naquela cabana, mesmo a cena do "demônio" que é tosquinha provoca uma sensação de estranheza surreal.
Jacques Tourneur pra mim é sinônimo de filmes de terror clássicos muito bem produzidos e com senso estético marcante...junto com "Out of the Past" e "Cat People", Night of the Demon é um filme de terror que eu sempre irei revisitar.
Pfffft....difícil achar uma expressão que descreva bem a experiência sensorial do que foi assistir a esse filme, talvez "cãibra cerebral" se aproxime um pouco. A Netflix poderia ter utilizado esse dinheiro em tantas outras produções mais proveitosas. Porque, acredito que se propôr a fazer uma adaptação de um mangá/anime famosos e contratar um ator principal desses. Além disso, pegar o Willem Dafoe pra interpretar o Ryuk e usar aquele CGI? Apenas destruiu o melhor elemento da história! Joga em cima um romance cliché e tosco, mais um final com muitos cliffhangers (literalmente) inúteis, e temos esse remake totalmente desnecessário.
Filme único com aquela sacada à la David Fincher (vocês já assistiram Mindhunter??), o que mais gostei foi a singularidade da protagonista, muito bem escrita por sinal, Rosamund Pike está genial em todas as cenas, acredito que tenha sido um papel dificílimo, pois desafia todas as representações que o público tem acerca das mulheres. Quero dizer, a personagem parece uma típica mulher branca norte americana vivendo em um relacionamento heterossexual genérico, até que o filme nos leva até os limites disso...
...chegando a se tornar um escracho da ideia em si, ao mesmo tempo em que flerta maravilhosamente com a patologia. Bem como também brinca com a representação do homem, que, em oposição à Amy, é o total previsível e estereotipado.
Um filme que te deixa pensando por muito tempo depois, pensando se você acabou de ser enganado ou não.
Percebi que minha tolerância para filmes sangrentos tem diminuído cada vez mais. Se antes eu era sempre parceira pra assistir qualquer gore ou exploitation fedorento, hoje em dia só o faço muito seletivamente e com o estado de espírito certo pro momento. Posso estar viajando, mas penso que isso tem a ver com a idade mesmo, sinto mais empatia com as personagens e menos vontade de ver alguém sendo brutalmente assassinado ou torturado da forma mais mirabolante que o diretor conseguiu pensar.
Desculpa aí Takashi, mas não sou a melhor pessoa pra fazer uma crítica de nenhum dos seus filmes talvez nem pra assistí-los, simplesmente não consegui passar da cena em que o Kakihara começa a torturar uma mulher. Filmes violentos não são para todo mundo, assim como musicais não o são...prefiro abordagens menos gráficas e mais simbólicas ao terror.
p.s.: mas, Blade of the Immortal, filme novo dele que saiu esse mês, parece afudê.
Jake Johnson foi a única parte minimamente agradável nisso tudo. Porque se o filme for depender do carisma do ator principal ou do próprio roteiro, saímos sem nada. Já faz um tempo que Com Truise, ops, Tom Cruise se tornou uma piada...talvez desde o episódio maníaco no programa da Oprah, e, principalmente, depois de deixar bem claras suas crenças na cientologia. Fico chocada com o fato de pessoas com tanto acesso à informação acreditarem em uma religião tão fajuta quanto a manufaturada pelo L. Ron Hubbard (procurem o episódio de South Park sobre cientologia, por favor!). Ah, Tom Cruise também disse que a psiquiatria é uma "pseudociência"...logo, eu imaginei que alguém com um senso crítico dessa magnitude não faria um filme como esse, rs. Mas, todo mundo precisa dos seus milhões pra comprar uns castelinhos na Europa, né mesmo?
Mas, em um tom mais sério, depois que a imagem pública do Tom Cruise se tornar maior do que seu trabalho como ator, parece que nos últimos tempos tem colecionado sequências desnecessárias e filmes de ação sem muito propósito, e A Múmia não é diferente. Não estaria exagerando se eu dissesse que o filme de 1999, mesmo tendo sido lançado há 18 anos atrás, ainda é melhor do que o atual. Não vi propósito para esse filme existir, tirando o fato de que Hollywood nos força ciclicamente a engolir remakes de seus "clássicos" (Amazing Spider-Man, alguém?), e aquela mistureba de Múmia com Dr. Jekyll & Mr. Hyde só deixou mais claro o quanto isso foi manufaturado para ser um produto. Teremos, em breve, uma Liga da Justiça dos monstros da Universal?
Aliás, a própria combinação de Tom Cruise com Russell Crowe torna a digestão ainda mais difícil. O drama envolvendo a Sofia Boutella não convence e parece que o filme fica sem saber pra qual lado/gênero ir e acaba resolvendo o conflito de forma genérica. Sei que negação é um mecanismo primitivo, mas se puderem, apenas evitem esse.
Confesso que apesar de toda a exploração de temas "feministas" pelas grandes franquias cinematográficas nos últimos tempos, incluindo princesas da Disney e filmes de super heroína como este, é um "mal" que vem para o bem. Sabemos que, mais do que nunca, a indústria do cinema é um empreendimento que envolve muita grana, muitos figurões e muito poder...mas, se todos esses mecanismos de controle estão empenhados em vender algo "politicamente correto" e que entra em consonância com o que os movimentos sociais reivindicam nos filmes - e Hollywood SABE disso - qual o problema, afinal? Prefiro que eles estejam vendendo produtos mais diversos e que façam sentido para o momento que estamos vivendo agora do que continuar repetindo o modelo de sempre, é hora de dar espaço para que outras narrativas que não as hegemônicas encontrem espaço nas telas.
Claro, não podemos ter expectativas tão altas a ponto de pensar que as minorias vão ser devidamente representadas, Gal Gadot pode ser uma atriz israelense, mas ela se enquadra totalmente nos padrões de beleza (inclusive concorreu ao "Miss Universo"), as amazonas podem ser mulheres guerreiras e autossuficientes, mas elas também são representadas estranhamente de forma assexuada.
Foras as críticas de gênero, achei o filme no geral bem sem inspiração e genérico, como qualquer outro filme de super-heroi, esperava mais de uma heroína cujo processo de criação foi tão interessante. Mas, é um filme importante por inverter papeis de gênero (apesar de não ir muito além disso) e espero que seja uma obra precursora para que dê lugar a outras melhores.
Repito, adaptações cinematográficas dos livros do Stephen King simplesmente parecem não funcionar! Eu entendo que ele curta muito cinema e queira aumentar ($$) sua fanbase, mas com algumas exceções, as suas histórias, em geral, são fantásticas demais para serem confinadas a um filme apenas, ele lida com temas tão absurdos e abstratos que é melhor deixar nossa mente viajar e construir seu próprio universo em cima dos livros. Apenas mais uma coisa a dizer:
Sei que um filme é realmente único e original quando ele me deixa absolutamente sem palavras, sem uma opinião formada, tal foi o seu impacto divisor sobre a minha mente. Não posso dizer que gostei ou não gostei do filme, pois ele não cabe em juízos de valor, mas posso dizer que ele me deixou um tanto perturbada e fascinada, questionando vários valores que eu tinha como certos, e, só por isso, já valeu a viagem.
Fiquei fascinada com essa mulher, Barbara Loden, que apenas escreveu, dirigiu e atuou em sua própria obra, não preciso dizer a importância social disso, e, pelo fato de "Wanda" ter sido lançado na década de 1970, só deixa tudo ainda mais admirável.
Creio que, acima de tudo, Wanda é um filme sobre subversão. É o tipo de história totalmente centrada em sua protagonista, que dá todo o sentido ao que estamos assistindo, o filme todo depende de sua singularidade e de suas oscilações. Wanda é uma mulher que vai vivendo sua vida conforme acontece, seguindo em frente apesar das rupturas.
Há a tentativa de constituir família, casou-se e teve filhos, mas não se passou muito tempo até que abrisse mão disso em lugar de algo que nem ela sabia como nomear. Ela sai de um relacionamento infeliz e acaba entrando em outros tão abusivos quanto. Fiquei pensando o quanto esse filme se relaciona com a vivência de muitas mulheres, é claro que dá pra dizer que Wanda tem algum tipo de personalidade dependente, pena que conhecemos apenas um retalho de sua vida, mas é como se ela somente existisse através de seus parceiros - relaciona-se com a socialização feminina, o quanto aprendemos que qualquer relação, por pior que seja, que nos ofereça qualquer tipo de alimento afetivo, é o suficiente, assim, aprendemos a nos contentar com pouco e a não identificar sinais de abuso, afinal, não merecemos aquilo mesmo?
Sinceramente, não sei se o objetivo de Barbara Loden foi fazer algum tipo de crítica social ou qualquer coisa do tipo, se é que houve objetivo específico, mas acredito que o filme fala, grita por si só quando nos mostra a intimidade de personagens tão peculiares.
Fiquei instantaneamente atraída pela arte que fizeram para a capa do filme, gostei da estética "heavy metal", por mais clichê e ultrapassado que pareça em nossos tempos fluidos pós-modernos. É uma espécie de "cabin fever" que acomete uma família aparentemente feliz. Acredito que faltaram alguns elementos que teriam deixado a história um pouco mais interessantes, pois me pareceu uma colagem de várias ideias que já foram tentadas antes, montadas sob um conceito específico da cultura pop. Mas, por outro lado, o que eu gostei em "The Devil's Candy" foi exatamente esse estilo, a guitarra como um instrumento de Satã, bem como a figura do seu mensageiro, geralmente representado por um homem mentalmente perturbado, Pruitt Taylor Vince dá uma performance que relembra um pouco Vincent D'Onofrio em Full Metal Jacket.
É um bom filme se você gosta do combo visualmente estilizado de rock + horror, certamente uma obra bem mais feliz do que outras que tentaram o mesmo, justamente pelo fato de que tenta ser realmente um filme de horror e não apenas um produto ambulante, tipo "Trick or Treat", "Shock 'Em Dead" ou o filme de terror do KISS, haha. Vale a pena conferir.
Tenho tido mais esperanças pelo horror enquanto gênero desde que vi algumas obras recentes como "Get Out", "It Follows" e essa produção francesa, cujo tom subversivo traz uma perspectiva diferente acerca de um tema cada vez mais relevante em nossas vidas contemporâneas: gênero e sexualidade. Gosto da forma como temas sociais são abordados em metáforas, nos fazendo pensar.
Cada geração teve seus filmes de horror catárticos, nos anos 60, Rosemary's Baby representou bem o pavor em relação aos crimes da família Manson (que ocorreram logo depois), nos anos 70, eram os slashers com seus vilões inescapáveis e onipresentes, nos anos 90, a metalinguagem e a "auto-sátira" reviveram o propósito do gênero. Após a virada do século, tivemos muitas poucas incursões ao horror, acredito que pela associação a algo de mau gosto, meio que uma diversão barata incapaz de nos dizer algo de relevante sobre nossas vidas, mas, após um longo período um tanto quanto "infértil", parece que, novamente, temos filmes de horror que estão atraindo a atenção do público em geral, pois o foco não está apenas no sangue e tripas (apesar de eu também apreciar esse subgênero), mas sim em nossas fobias contemporâneas, quase inconscientes...o racismo, o contágio por DST's, a sexualidade fora de controle, etc.
Parece que filmes franceses, por estarem fora da zona de influência de Hollywood, conseguem ir um pouco além na forma como retratam seus personagens, no que escolhem e podem mostrar. O que vemos em "Grave" não é a França politicamente correta que nos é apresentada sempre, da nouvelle vague, boinas, cigarros e atitude blasé, é uma realidade selvagem onde existe uma faculdade de Medicina Veterinária, na qual os estudantes são encorajados a libertar totalmente seus impulsos animais (o cenário não é coincidência), é o país da pós (?) "New French Extremity", uma evolução coerente após filmes como "Baise-Moi", "À l’intérieur" e "Mártires", etc.
Enfim, a trilha sonora é muito boa, bem como as atuações, curti particularmente a cena em que Justine dança lascivamente em frente ao espelho, ao som de ORTIES, uma música que fala sobre sexo necrofágico e outras coisas perversas.
casal jovem e realizado que perde o filho por alguma doença ou tragédia
Achei interessante a ideia do filme, consigo apreciar um horror atmosférico, que apesar de ser lento, serve ao propósito de nos deixar o mais tensos possível...mas acredito que "The Invitation" poderia ter sido muito melhor, ficou apenas no quase.
Achei terrivelmente mal escrito, os diálogos não são nada acreditáveis e interpretados de forma precária, e é difícil de entender o porquê de tudo aquilo estar acontecendo, bem como do porquê aquelas pessoas permanecem ali naquele espaço. Eu entendo que é para que o filme em si possa se desenrolar, mas...poderia ter sido pensado de forma mais efetiva, com motivações menos aleatórias.
Curti o plot que relembra os fatos ocorridos com a família Manson e tantos outros cultos religiosos e totalitários (tipo o massacre do suicídio coletivo que ocorreu em Jonestown, na Guiana dos anos 70) que tentam absorver por completo a essência da vida de seus seguidores, inclusive fazendo uma lavagem tão poderosa que são capazes de impôr sua vontade sobre terceiros.
Unbreakable foi lançado há 17 anos atrás! Só pra parar um momento e se sentir velho. Lembro desse filme em formato VHS na locadora (bem na época da transição para o DVD, há pessoas aqui que ainda nem tinham nascido nesses tempos obscuros), era o grande hit do diretor que estava bombando mais do que qualquer outro. Após o lançamento de "O Sexto Sentido", acho que dá pra dizer que M. Night Shyamalan foi um dos mais, senão o mais, simbólico(s) diretor(es) dos anos 2000...assistimos à sua ascensão e queda, em pouco tempo, o seu grande truque escondido na manga se tornou uma grande piada clichê, inspirando inclusive alguns "memes" (sei que é uma palavra recente, mas não sei qual outra usar), tipo "What a twist!", da animação "Robot Chicken". Em resumo, Shyamalan surgiu com "O Sexto Sentido" e se acabou em "The Happening" (talvez até antes).
Parece que hoje, após alguns filmes respeitáveis, as pessoas estão aos poucos perdendo o receio e a vergonha de ver um filme dele. Principalmente "Split", fez com que eu quisesse assistir esse drama tão peculiar com o Bruce Willis e o Samuel L. Jackson (btw, Split tem seus grandes problemas, o que me fez apreciar o filme foi a atuação do James McAvoy). Eu até gostei de Unbreakable, mas não dá pra dizer que ele foi refrescante nem original, aí está o meu problema com o Shyamalan. É tão previsível o modo como ele pensa e conduz seus filmes! Eu, sinceramente, acho legal o estilo que ele criou, tem personalidade própria e um ritmo sombrio no modo como ele move a câmera e enquadra as expressões mais vulneráveis de seus protagonistas. Mas, após assistir a um filme seu, já sabemos como todos os outros vão terminar, por isso este só valeu pra matar a curiosidade mesmo.
Apesar de tudo, foi uma metáfora sagaz sobre envelhecimento masculino e a obrigação de se sentir sempre forte, sempre invencível, mesmo passando por uma crise de meia-idade e perceber que sua vida tomou outros caminhos. Por exemplo, a cena em que o David está dormindo com o filho e, no meio da noite, vai no closet pegar e examinar a sua arma que está caindo no desuso...sugestivo, no mínimo. Nós entendemos, Shyamalan.
Geralmente detesto filmes blockbuster de super-heróis, pois acredito que, na maioria das vezes, trazem implícitos ideais preocupantes de imperialismo e chauvinismo, mas, com X-Me, senti que é diferente, apesar de também ser "filmão americanão" e trazer toda a questão da Guerra Fria (todos sabemos de que lado do mapa os mutantes estão, né), é um filme que faz pensar sobre nossa condição de humanos, o quanto detestamos tudo aquilo que é diferente de nós, etc.
Além de também ser um ótimo passatempo, é aquele tipo de filme que te dá tudo numa bandeja, faz você se sentir eufórico e depois triste, mas pra tudo isso não precisamos abstrair muito, é só aproveitar a carona.
Me senti afeiçoada pelos mutantes (bateu a nostalgia da infância quando lia os quadrinhos e assistia ao desenho animado na TV), até mesmo por aqueles que se sentiam ameaçados pelos humanos e querem destruí-los, o que de certa forma, é totalmente compreensível, podemos ser malignos. Acho interessante a ideia de unir a história ficcional dos X-Men com a História do Ocidente (isto é, achei mais legal e divertido que eles estejam envolvidos na Guerra Fria ao invés de em alguma batalha em algum planeta longínquo...o que também acontece em "Days of Future Past".
Enfim, "X-Men: First Class" segue a fórmula típica de filmes de super-herói, o eterno Yin-yang entre bem e mal, bem como o forte apelo emocional em prol de uma causa faz com que nós possamos nos identificar com as personagens, mas nesse caso, é interessante porque acabamos nos identificando justamente com os "desajustados"...James McAvoy e Michael Fassbender trazem uma dinâmica intensa e genial ao filme, um "bromance" para todo o sempre, rs.
Interlúdio
4.0 269 Assista AgoraEngraçadíssimo imaginar Ingrid Bergman e Cary Grant como espiões norte-americanos usando aquelas roupas de tweed no calorzão de Copacabana, rs. Fora isso, é um ótimo filme de suspense com um toque de melodrama, uma história sólida e que nos prende à atenção do início ao fim, aliás, finais são uma coisa que o Hitchcock não tinha paciência mesmo pra fazer né, fica na cara.
A Insustentável Leveza do Ser
3.8 338 Assista AgoraPra variar um pouco, a adaptação da maravilhosa obra do Milan Kundera é curiosamente aceitável. Diria até que é bastante fiel ao livro, na medida do possível, em relação à sequência de eventos que ocorre no livro e no retrato da personalidade de cada personagem do livro, no entanto, por se tratar de uma história extremamente subjetiva e abstrata, o que é essencial sempre vai acabar escapando à linguagem do cinema.
Gostei muito da performance dos atores, a Juliette Binoche, sem dúvidas, é a que mais combina com a personagem do livro.
Gostei do cuidado que eles tiveram para mostrar imagens reais da invasão russa na Tchecoslováquia, em 1968, li que muitas pessoas lotaram as salas de exibição russas na década de 80, pois foi a primeira vez que muitas pessoas puderam ver a invasão do ponto de vista dos tchecos. Além disso, reza a lenda de que esse filme quase fez com que o Daniel Day-Lewis parasse de atuar, diz que ele ficou bastante deprimido e um tanto quanto arrependido de ter aceitado o papel...não sei até que ponto é verdade, mas dá pra ver que ele está um pouco desconfortável no papel do Tomas, e sei que já chegou a dizer em entrevista que A Insustentável Leveza era o filme que todos queriam fazer em 1988, logo, isso já é um grande motivo para alguém não aceitar fazer parte, haha.
Capote
3.8 373 Assista AgoraJá tinha assistido a essa cinebiografia logo quando saiu, mas resolvi rever hoje, após, finalmente, ter concluído a leitura de "À Sangue Frio", e se mostrou essencial para o total aproveitamento do filme. Se antes eu havia achado o filme longo demais, agora as quase 2 horas passaram voando. Não acredito que cabe uma comparação com o livro, pois seria uma metalinguagem desnecessária, tendo em vista que o próprio livro flerta com a ficção, somente posso dizer que a atuação do Philip Seymour Hoffman torna a experiência de todo esse fenômeno histórico muito mais real.
A atuação do Clifton Collins Jr. (e por que não, do Mark Pellegrino também!) como o "assassino sem causa" Perry Smith é simplesmente maravilhosa, quando se vê os retratos do verdadeiro Perry, seu olhar transmite a mesma sensação.
Além de tudo, achei muito interessante o quanto o filme não fica em cima de muro, tendo assumido a difícil tarefa de abordar a questão ética do relacionamento entre o Perry Smith e o Capote, as questões narcísicas que levaram ele a escrever o livro, em primeiro lugar. O que se sucedeu foi, realmente, uma inovação que fez História e alterou a forma como a literatura jornalística é escrita e lida, mas, parece que todo esse prestígio não veio a um preço baixo.
Mal do Século
3.6 98 Assista Agora"- We are one with the power that created us. We're safe and all is well in our world".
Filme bastante peculiar e instigante, apesar de ter me cansado um pouco no ritmo e no tempo de duração, além de ter dois momentos totalmente diferentes. Eu, particularmente, achei mais interessante a primeira metade da história, na qual acompanhamos Carol White na sua vida suburbana em San Fernando Valley, em todo o seu potencial alienante e opressor. Julianne Moore, nada de novo sob o sol, a sua performance é magnífica e consegue transmitir exatamente o grau de aniquilação da própria subjetividade pela qual a personagem passa. O tema da primeira parte me lembrou vagamente o pesado "Sétimo Continente" do Michael Haneke, sobre as mazelas da vida burguesa padrão (#whitepeopleproblems).
Genial como nessa parte, a maioria dos planos escolhidos são bastante amplos, como que para mostrar o quanto a personagem é uma só com o ambiente (o modo como ela se preocupada excessivamente com a decoração da casa e mantém tudo sob controle, por exemplo), como se ela não possuísse uma individualidade ou uma auto consciência sobre a sua própria situação, aliás, até acredito que tivesse, mas o pensamento é tão angustiante que acaba sendo reprimido e não aparece a não ser da forma mais absurda possível.
Após a internação de Carol no retiro Wrenwood, várias outras questões se apresentam, dessa vez, em nível social. Fico fascinada em relação à capacidade de auto doutrinação que a nossa espécie tem, somos facilmente impressionados por um discurso que nos promete segurança (essa é a palavra-chave do filme, assim como Lester é um dos personagens-chave) e paz interna, em detrimento da real experiência da vida. As voltas que as pessoas dão para não precisarem se haver consigo mesmas e com seus próprios desejos!
A condição retratada no filme não é ficcional, se trata de uma síndrome não reconhecida pela OMS nem por nenhuma associação médica, o que também indica os fortes subtextos psicossomáticos, mas é interessante justamente de notar quantas pessoas se auto diagnosticam com isso, sendo a ser chamada de "doença do século XX", altas reflexões surgem a partir do filme, que nada mais é do que um estudo de personagem bastante profundo.
P.S.: NÃO leia a sinopse aqui do Filmow, ela é bastante tendenciosa.
Scanners: Sua Mente Pode Destruir
3.5 251"- I'm here, Kim. We've won, we've won..."
A cada vez que revejo esse filme tenho mais apreço pela obra do Cronenberg e do Dick Smith (artista responsável também pela maquiagem d'O Exorcista), mas convenhamos que o filme não envelheceu bem, principalmente pela dublagem do áudio na pós-produção que soa bem falsa. Apesar de hoje ser considerado um dos trabalhos mais famosos do diretor, Scanners dá gosto de assistir justamente por aquela atmosfera de ficção científica "B-zona", que foca no gore e no (acidental) subtexto com mensagem social.
Dessa vez que reassisti, me pareceu muito que o filme faz uma metáfora entre a droga Ephemerol com heroína ou alguma outra substância medicamentosa, que é utilizada pelos poderosos para sedar as mentes pensantes, uma metáfora louca, mas fiquei viajando nisso enquanto o assistia. Adoro o quanto os filmes do Cronenberg, particularmente dessa década, são tão detalhados e criam seu próprio universo de conspirações e inverno. Impossível não se deliciar com a atuação maquiavélica do Michael Ironside, sempre ótimo!!
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraO que dizer desse filme que foi uma das minhas experiências cinemáticas mais intensas? (digo de filmes assistidos em uma sala de cinema, literalmente). Em certo momento do filme, simplesmente senti vontade de abandonar tudo e sair correndo da sala, em negação a tudo o que eu tinha acabado de presenciar na tela.
A experiência foi tão intensa que eu e meus amigos, ao final do filme, ficamos olhando os créditos rolarem, embasbacados, só depois de um tempo conseguimos reunir forças para sair da sala e ficamos perambulando a esmo pelo shopping...sei que, nesse momento, por algum motivo, só conseguimos enxergar bebês e crianças que cruzavam o nosso caminho, até que chegamos no estacionamento, que é a céu aberto, e ficamos discutindo todas as interpretações e sentimentos que tinham saído daquelas últimas 2h. Como um bom filme do Aronofsky, mother! é um material muito rico pra interpretar do jeito que entendermos, sendo que não há uma única verdade...
as referências bíblicas são mais do que na cara, mas acho que não é a única forma possível de ver a sequência da história...
Agora, escrevendo esse comentário, lembro do quanto o filme me impactou e sinto que já preciso assistir novamente pra refrescar a memória...mas, o que ficou de sensação, foi o absoluto caos subjetivo em que essa obra nos coloca, senti ódio, nojo, medo, humilhação, esperança, etc. Me senti literalmente na pele da protagonista, e os closes no rosto da Jennifer Lawrence só intensificam isso.
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista AgoraJá faz alguns anos que eu li o livro, não é fácil chegar ao final das 1.138 páginas (imagino o quanto deve ter nevado pro King naquele inverno de 1986...), mas mesmo não tendo a memória tão fresca da obra literária, acredito que o filme tenha feito juz tanto ao livro quanto à minissérie da década de 90 (o objetivo não é comparar ambas, mas acaba sendo inevitável).
A grande questão que não queria calar era se a atuação do Bill Skarsgård seria "à altura" da do Tim Curry, o que na minha opinião, foi totalmente! Ele trouxe ainda mais à tona a qualidade de humor obscuro que o Pennywise tem no livro, além de ser macabro pra caralho.
Não sou fã de exploração "até onde não dá mais" das obras, mas confesso que me surpreendi que vai haver uma continuação e fico aguardando ansiosa desde já. Minha única crítica, sem dúvidas, é em relação à adultização da personagem da Sophia Lillis, assim como já ocorre com a Milly Bobby Brown em Stranger Things, a Bev parece muito mais velha e madura do que todos os seus companheiros do clube dos perdedores, aquele velho cliché de que "meninas amadurecem mais cedo" ou só pretexto pra sexualização precoce?
Juventude Assassina
3.3 18Gente, vim aqui escrever o comentário e descobri que a tradução do filme é "Juventude Assassina", apenas um momento de silêncio para apreciar a qualidade "Linha Direta" desse título.
Esse filme é um primo problemático e desajustado de "O Clube dos Cinco", que também fala sobre uma cidade pequena na qual os adolescentes estão reprimidos e entediados, no que só pode resultar caos. Sou fascinada por esses filmes que mostram a força e também o vazio que podem decorrer da experiência de ser jovem (Over the Edge e Out of the Blue, também com Dennis Hopper, são ótimos!).
Em meio a tantos "coming of age films", River's Edge, ops, Juventude Assassina, é uma pérola esquecida, talvez por não ter envelhecido tão bem quanto outros do mesmo gênero. Além disso, a sensação é de anacronismo, já que, quando fui revê-lo, percebi o quanto é misógino, não combina com nossa realidade hoje, obg jesus.
Também tem certas peculiaridades e excentricidades que certamente impediram que o filme fosse mais reconhecido, por exemplo, o personagem do Crispin Glover é bizarro demais (um pleonasmo, mas ok) para que qualquer pessoa se identifique com ele, bem como o personagem do Dennis Hopper (que parece ter sido escrito sob medida pra ele, mas que acabou sendo uma vesão suavizada do Frank Booth, que ele interpretou no mesmo ano em Blue Velvet). Apesar disso, consigo apreciar o filme enquanto uma obra que quase alcançou o seu potencial total.
A Noite do Demônio
3.8 57 Assista Agora"- Don't treat me like a mental patient who has to humoured! I also majored in Psychology!"
Esse filme é a epítome do filme de terror antigo (da era clássica), bem executado e bem sucedido, mesmo que seus efeitos especiais sejam anacrônicos e talvez não assustem nem crianças, ele é utilizado com muito bom gosto e sem exagero, a história depende totalmente da atuação e do roteiro, diferentemente dos filmes de terror atuais. Não diria que é um filme B porque é tão bem escrito e editado que poderia muito bem ter sido eleito para um remake mais recente...esse seria um que eu gostaria de ver!
Mas, o mais difícil de ser recriado seria, com certeza, a atmosfera obscura e misteriosa que o filme exala, seja na cena...
...do corredor em que Holden sente uma presença ao redor dele, ou na cena em que Karswell produz um "vendaval", a cena do Stonehenge, a cena do cartão voando na lareira, a cena da família sinistra naquela cabana, mesmo a cena do "demônio" que é tosquinha provoca uma sensação de estranheza surreal.
Jacques Tourneur pra mim é sinônimo de filmes de terror clássicos muito bem produzidos e com senso estético marcante...junto com "Out of the Past" e "Cat People", Night of the Demon é um filme de terror que eu sempre irei revisitar.
Death Note
1.8 1,5K Assista AgoraPfffft....difícil achar uma expressão que descreva bem a experiência sensorial do que foi assistir a esse filme, talvez "cãibra cerebral" se aproxime um pouco. A Netflix poderia ter utilizado esse dinheiro em tantas outras produções mais proveitosas. Porque, acredito que se propôr a fazer uma adaptação de um mangá/anime famosos e contratar um ator principal desses. Além disso, pegar o Willem Dafoe pra interpretar o Ryuk e usar aquele CGI? Apenas destruiu o melhor elemento da história! Joga em cima um romance cliché e tosco, mais um final com muitos cliffhangers (literalmente) inúteis, e temos esse remake totalmente desnecessário.
Garota Exemplar
4.2 5,0K Assista AgoraFilme único com aquela sacada à la David Fincher (vocês já assistiram Mindhunter??), o que mais gostei foi a singularidade da protagonista, muito bem escrita por sinal, Rosamund Pike está genial em todas as cenas, acredito que tenha sido um papel dificílimo, pois desafia todas as representações que o público tem acerca das mulheres. Quero dizer, a personagem parece uma típica mulher branca norte americana vivendo em um relacionamento heterossexual genérico, até que o filme nos leva até os limites disso...
...chegando a se tornar um escracho da ideia em si, ao mesmo tempo em que flerta maravilhosamente com a patologia. Bem como também brinca com a representação do homem, que, em oposição à Amy, é o total previsível e estereotipado.
Um filme que te deixa pensando por muito tempo depois, pensando se você acabou de ser enganado ou não.
Ichi: O Assassino
3.7 302 Assista AgoraPercebi que minha tolerância para filmes sangrentos tem diminuído cada vez mais. Se antes eu era sempre parceira pra assistir qualquer gore ou exploitation fedorento, hoje em dia só o faço muito seletivamente e com o estado de espírito certo pro momento. Posso estar viajando, mas penso que isso tem a ver com a idade mesmo, sinto mais empatia com as personagens e menos vontade de ver alguém sendo brutalmente assassinado ou torturado da forma mais mirabolante que o diretor conseguiu pensar.
Desculpa aí Takashi, mas não sou a melhor pessoa pra fazer uma crítica de nenhum dos seus filmes talvez nem pra assistí-los, simplesmente não consegui passar da cena em que o Kakihara começa a torturar uma mulher. Filmes violentos não são para todo mundo, assim como musicais não o são...prefiro abordagens menos gráficas e mais simbólicas ao terror.
p.s.: mas, Blade of the Immortal, filme novo dele que saiu esse mês, parece afudê.
A Múmia
2.5 1K Assista AgoraJake Johnson foi a única parte minimamente agradável nisso tudo. Porque se o filme for depender do carisma do ator principal ou do próprio roteiro, saímos sem nada. Já faz um tempo que Com Truise, ops, Tom Cruise se tornou uma piada...talvez desde o episódio maníaco no programa da Oprah, e, principalmente, depois de deixar bem claras suas crenças na cientologia. Fico chocada com o fato de pessoas com tanto acesso à informação acreditarem em uma religião tão fajuta quanto a manufaturada pelo L. Ron Hubbard (procurem o episódio de South Park sobre cientologia, por favor!). Ah, Tom Cruise também disse que a psiquiatria é uma "pseudociência"...logo, eu imaginei que alguém com um senso crítico dessa magnitude não faria um filme como esse, rs. Mas, todo mundo precisa dos seus milhões pra comprar uns castelinhos na Europa, né mesmo?
Mas, em um tom mais sério, depois que a imagem pública do Tom Cruise se tornar maior do que seu trabalho como ator, parece que nos últimos tempos tem colecionado sequências desnecessárias e filmes de ação sem muito propósito, e A Múmia não é diferente. Não estaria exagerando se eu dissesse que o filme de 1999, mesmo tendo sido lançado há 18 anos atrás, ainda é melhor do que o atual. Não vi propósito para esse filme existir, tirando o fato de que Hollywood nos força ciclicamente a engolir remakes de seus "clássicos" (Amazing Spider-Man, alguém?), e aquela mistureba de Múmia com Dr. Jekyll & Mr. Hyde só deixou mais claro o quanto isso foi manufaturado para ser um produto. Teremos, em breve, uma Liga da Justiça dos monstros da Universal?
Aliás, a própria combinação de Tom Cruise com Russell Crowe torna a digestão ainda mais difícil. O drama envolvendo a Sofia Boutella não convence e parece que o filme fica sem saber pra qual lado/gênero ir e acaba resolvendo o conflito de forma genérica. Sei que negação é um mecanismo primitivo, mas se puderem, apenas evitem esse.
Mulher-Maravilha
4.1 2,9K Assista AgoraConfesso que apesar de toda a exploração de temas "feministas" pelas grandes franquias cinematográficas nos últimos tempos, incluindo princesas da Disney e filmes de super heroína como este, é um "mal" que vem para o bem. Sabemos que, mais do que nunca, a indústria do cinema é um empreendimento que envolve muita grana, muitos figurões e muito poder...mas, se todos esses mecanismos de controle estão empenhados em vender algo "politicamente correto" e que entra em consonância com o que os movimentos sociais reivindicam nos filmes - e Hollywood SABE disso - qual o problema, afinal? Prefiro que eles estejam vendendo produtos mais diversos e que façam sentido para o momento que estamos vivendo agora do que continuar repetindo o modelo de sempre, é hora de dar espaço para que outras narrativas que não as hegemônicas encontrem espaço nas telas.
Claro, não podemos ter expectativas tão altas a ponto de pensar que as minorias vão ser devidamente representadas, Gal Gadot pode ser uma atriz israelense, mas ela se enquadra totalmente nos padrões de beleza (inclusive concorreu ao "Miss Universo"), as amazonas podem ser mulheres guerreiras e autossuficientes, mas elas também são representadas estranhamente de forma assexuada.
Foras as críticas de gênero, achei o filme no geral bem sem inspiração e genérico, como qualquer outro filme de super-heroi, esperava mais de uma heroína cujo processo de criação foi tão interessante. Mas, é um filme importante por inverter papeis de gênero (apesar de não ir muito além disso) e espero que seja uma obra precursora para que dê lugar a outras melhores.
Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio
3.2 669 Assista AgoraAquele "guilty pleasure".
Em Ritmo de Fuga
4.0 1,9K Assista AgoraWas he slow?
Sonâmbulos
3.1 244 Assista AgoraRepito, adaptações cinematográficas dos livros do Stephen King simplesmente parecem não funcionar! Eu entendo que ele curta muito cinema e queira aumentar ($$) sua fanbase, mas com algumas exceções, as suas histórias, em geral, são fantásticas demais para serem confinadas a um filme apenas, ele lida com temas tão absurdos e abstratos que é melhor deixar nossa mente viajar e construir seu próprio universo em cima dos livros.
Apenas mais uma coisa a dizer:
"COP KEBAB!!!"
Wanda
3.8 18Sei que um filme é realmente único e original quando ele me deixa absolutamente sem palavras, sem uma opinião formada, tal foi o seu impacto divisor sobre a minha mente. Não posso dizer que gostei ou não gostei do filme, pois ele não cabe em juízos de valor, mas posso dizer que ele me deixou um tanto perturbada e fascinada, questionando vários valores que eu tinha como certos, e, só por isso, já valeu a viagem.
Fiquei fascinada com essa mulher, Barbara Loden, que apenas escreveu, dirigiu e atuou em sua própria obra, não preciso dizer a importância social disso, e, pelo fato de "Wanda" ter sido lançado na década de 1970, só deixa tudo ainda mais admirável.
Creio que, acima de tudo, Wanda é um filme sobre subversão. É o tipo de história totalmente centrada em sua protagonista, que dá todo o sentido ao que estamos assistindo, o filme todo depende de sua singularidade e de suas oscilações. Wanda é uma mulher que vai vivendo sua vida conforme acontece, seguindo em frente apesar das rupturas.
Há a tentativa de constituir família, casou-se e teve filhos, mas não se passou muito tempo até que abrisse mão disso em lugar de algo que nem ela sabia como nomear. Ela sai de um relacionamento infeliz e acaba entrando em outros tão abusivos quanto. Fiquei pensando o quanto esse filme se relaciona com a vivência de muitas mulheres, é claro que dá pra dizer que Wanda tem algum tipo de personalidade dependente, pena que conhecemos apenas um retalho de sua vida, mas é como se ela somente existisse através de seus parceiros - relaciona-se com a socialização feminina, o quanto aprendemos que qualquer relação, por pior que seja, que nos ofereça qualquer tipo de alimento afetivo, é o suficiente, assim, aprendemos a nos contentar com pouco e a não identificar sinais de abuso, afinal, não merecemos aquilo mesmo?
Sinceramente, não sei se o objetivo de Barbara Loden foi fazer algum tipo de crítica social ou qualquer coisa do tipo, se é que houve objetivo específico, mas acredito que o filme fala, grita por si só quando nos mostra a intimidade de personagens tão peculiares.
Doces Para o Diabo
3.2 83Fiquei instantaneamente atraída pela arte que fizeram para a capa do filme, gostei da estética "heavy metal", por mais clichê e ultrapassado que pareça em nossos tempos fluidos pós-modernos. É uma espécie de "cabin fever" que acomete uma família aparentemente feliz. Acredito que faltaram alguns elementos que teriam deixado a história um pouco mais interessantes, pois me pareceu uma colagem de várias ideias que já foram tentadas antes, montadas sob um conceito específico da cultura pop. Mas, por outro lado, o que eu gostei em "The Devil's Candy" foi exatamente esse estilo, a guitarra como um instrumento de Satã, bem como a figura do seu mensageiro, geralmente representado por um homem mentalmente perturbado, Pruitt Taylor Vince dá uma performance que relembra um pouco Vincent D'Onofrio em Full Metal Jacket.
É um bom filme se você gosta do combo visualmente estilizado de rock + horror, certamente uma obra bem mais feliz do que outras que tentaram o mesmo, justamente pelo fato de que tenta ser realmente um filme de horror e não apenas um produto ambulante, tipo "Trick or Treat", "Shock 'Em Dead" ou o filme de terror do KISS, haha. Vale a pena conferir.
Grave
3.4 1,1KTenho tido mais esperanças pelo horror enquanto gênero desde que vi algumas obras recentes como "Get Out", "It Follows" e essa produção francesa, cujo tom subversivo traz uma perspectiva diferente acerca de um tema cada vez mais relevante em nossas vidas contemporâneas: gênero e sexualidade. Gosto da forma como temas sociais são abordados em metáforas, nos fazendo pensar.
Cada geração teve seus filmes de horror catárticos, nos anos 60, Rosemary's Baby representou bem o pavor em relação aos crimes da família Manson (que ocorreram logo depois), nos anos 70, eram os slashers com seus vilões inescapáveis e onipresentes, nos anos 90, a metalinguagem e a "auto-sátira" reviveram o propósito do gênero. Após a virada do século, tivemos muitas poucas incursões ao horror, acredito que pela associação a algo de mau gosto, meio que uma diversão barata incapaz de nos dizer algo de relevante sobre nossas vidas, mas, após um longo período um tanto quanto "infértil", parece que, novamente, temos filmes de horror que estão atraindo a atenção do público em geral, pois o foco não está apenas no sangue e tripas (apesar de eu também apreciar esse subgênero), mas sim em nossas fobias contemporâneas, quase inconscientes...o racismo, o contágio por DST's, a sexualidade fora de controle, etc.
Parece que filmes franceses, por estarem fora da zona de influência de Hollywood, conseguem ir um pouco além na forma como retratam seus personagens, no que escolhem e podem mostrar. O que vemos em "Grave" não é a França politicamente correta que nos é apresentada sempre, da nouvelle vague, boinas, cigarros e atitude blasé, é uma realidade selvagem onde existe uma faculdade de Medicina Veterinária, na qual os estudantes são encorajados a libertar totalmente seus impulsos animais (o cenário não é coincidência), é o país da pós (?) "New French Extremity", uma evolução coerente após filmes como "Baise-Moi", "À l’intérieur" e "Mártires", etc.
Enfim, a trilha sonora é muito boa, bem como as atuações, curti particularmente a cena em que Justine dança lascivamente em frente ao espelho, ao som de ORTIES, uma música que fala sobre sexo necrofágico e outras coisas perversas.
O Convite
3.3 1,1KUltimamente, tenho me deparado com vários filmes com esse mesmo assunto, o que mostra que talvez essa seja uma nóia bem atual da nossa geração?
casal jovem e realizado que perde o filho por alguma doença ou tragédia
Achei interessante a ideia do filme, consigo apreciar um horror atmosférico, que apesar de ser lento, serve ao propósito de nos deixar o mais tensos possível...mas acredito que "The Invitation" poderia ter sido muito melhor, ficou apenas no quase.
Achei terrivelmente mal escrito, os diálogos não são nada acreditáveis e interpretados de forma precária, e é difícil de entender o porquê de tudo aquilo estar acontecendo, bem como do porquê aquelas pessoas permanecem ali naquele espaço. Eu entendo que é para que o filme em si possa se desenrolar, mas...poderia ter sido pensado de forma mais efetiva, com motivações menos aleatórias.
Curti o plot que relembra os fatos ocorridos com a família Manson e tantos outros cultos religiosos e totalitários (tipo o massacre do suicídio coletivo que ocorreu em Jonestown, na Guiana dos anos 70) que tentam absorver por completo a essência da vida de seus seguidores, inclusive fazendo uma lavagem tão poderosa que são capazes de impôr sua vontade sobre terceiros.
Corpo Fechado
3.7 1,3K Assista AgoraUnbreakable foi lançado há 17 anos atrás! Só pra parar um momento e se sentir velho. Lembro desse filme em formato VHS na locadora (bem na época da transição para o DVD, há pessoas aqui que ainda nem tinham nascido nesses tempos obscuros), era o grande hit do diretor que estava bombando mais do que qualquer outro. Após o lançamento de "O Sexto Sentido", acho que dá pra dizer que M. Night Shyamalan foi um dos mais, senão o mais, simbólico(s) diretor(es) dos anos 2000...assistimos à sua ascensão e queda, em pouco tempo, o seu grande truque escondido na manga se tornou uma grande piada clichê, inspirando inclusive alguns "memes" (sei que é uma palavra recente, mas não sei qual outra usar), tipo "What a twist!", da animação "Robot Chicken". Em resumo, Shyamalan surgiu com "O Sexto Sentido" e se acabou em "The Happening" (talvez até antes).
Parece que hoje, após alguns filmes respeitáveis, as pessoas estão aos poucos perdendo o receio e a vergonha de ver um filme dele. Principalmente "Split", fez com que eu quisesse assistir esse drama tão peculiar com o Bruce Willis e o Samuel L. Jackson (btw, Split tem seus grandes problemas, o que me fez apreciar o filme foi a atuação do James McAvoy). Eu até gostei de Unbreakable, mas não dá pra dizer que ele foi refrescante nem original, aí está o meu problema com o Shyamalan. É tão previsível o modo como ele pensa e conduz seus filmes! Eu, sinceramente, acho legal o estilo que ele criou, tem personalidade própria e um ritmo sombrio no modo como ele move a câmera e enquadra as expressões mais vulneráveis de seus protagonistas. Mas, após assistir a um filme seu, já sabemos como todos os outros vão terminar, por isso este só valeu pra matar a curiosidade mesmo.
Apesar de tudo, foi uma metáfora sagaz sobre envelhecimento masculino e a obrigação de se sentir sempre forte, sempre invencível, mesmo passando por uma crise de meia-idade e perceber que sua vida tomou outros caminhos.
Por exemplo, a cena em que o David está dormindo com o filho e, no meio da noite, vai no closet pegar e examinar a sua arma que está caindo no desuso...sugestivo, no mínimo. Nós entendemos, Shyamalan.
X-Men: Apocalipse
3.5 2,1K Assista AgoraAinda tentando tirar "Sweet Dreams" do loop eterno na minha mente.
X-Men: Primeira Classe
3.9 3,4K Assista AgoraGeralmente detesto filmes blockbuster de super-heróis, pois acredito que, na maioria das vezes, trazem implícitos ideais preocupantes de imperialismo e chauvinismo, mas, com X-Me, senti que é diferente, apesar de também ser "filmão americanão" e trazer toda a questão da Guerra Fria (todos sabemos de que lado do mapa os mutantes estão, né), é um filme que faz pensar sobre nossa condição de humanos, o quanto detestamos tudo aquilo que é diferente de nós, etc.
Além de também ser um ótimo passatempo, é aquele tipo de filme que te dá tudo numa bandeja, faz você se sentir eufórico e depois triste, mas pra tudo isso não precisamos abstrair muito, é só aproveitar a carona.
Me senti afeiçoada pelos mutantes (bateu a nostalgia da infância quando lia os quadrinhos e assistia ao desenho animado na TV), até mesmo por aqueles que se sentiam ameaçados pelos humanos e querem destruí-los, o que de certa forma, é totalmente compreensível, podemos ser malignos. Acho interessante a ideia de unir a história ficcional dos X-Men com a História do Ocidente (isto é, achei mais legal e divertido que eles estejam envolvidos na Guerra Fria ao invés de em alguma batalha em algum planeta longínquo...o que também acontece em "Days of Future Past".
Enfim, "X-Men: First Class" segue a fórmula típica de filmes de super-herói, o eterno Yin-yang entre bem e mal, bem como o forte apelo emocional em prol de uma causa faz com que nós possamos nos identificar com as personagens, mas nesse caso, é interessante porque acabamos nos identificando justamente com os "desajustados"...James McAvoy e Michael Fassbender trazem uma dinâmica intensa e genial ao filme, um "bromance" para todo o sempre, rs.