Esse filme...tenta ser uma espécie de Gus Van Sant meets Gregg Araki, mas acaba sendo apenas um filme medíocre escrito pelo James Franco. Traz, realmente, muitas questões interessantes sobre adolescência, processo de amadurecimento e como a vida não faz nenhum sentido, blah blah blah, mas, em meio a tantos outros filmes tão mais marcantes e realísticos, acaba sendo apenas mais uma tentativa sem graça de fazer algo radical e "cool".
Basicamente, todas as personagens nesse filme são babacas apáticos e narcisistas (alguns com fortes tendências antissociais e suicidas...essa é sua ideia de crítica pedagógica à adolescência norteamericana?). Por outro lado, temos Emma Roberts, é estranho vê-la em um papel tão contido, depois de ter descoberto ela como Madison Montgomery em American Horror Story...April é tão boazinha que chega a se tornar irreal, também não consigo deixar de pensar que foi uma personagem idealizada pelo próprio diretor, que também interpreta alguém que se interessa por ela na história...proposital ou não, é um tanto desconfortável pensar que essa é a idealização feminina que povoa os sonhos molhados do James Franco, hahahah.
Aliás, nenhum outro papel se encaixaria melhor pra ele do que o treinador do time de futebol com tendências pedofílicas (qual é a dos professores de educação física? alguém mais lembrou de Mysterious Skin?), me pergunto o que levou o Franco a investir nesses tipos de projeto, Palo Alto, foi algo totalmente concebido por ele...apesar de não ter curtido o filme, consigo admirar a atitude dele em se envolver em projetos tão singulares, e, muitas vezes, bizarro (Spring Breakers foi algo extremamente insano, mas adorei o filme...e confesso que estou esperando ansiosamente pela interpretação dele como Tommy Wiseau, em "The Disaster Artist", que sairá em breve, quero só ver).
Um dos aspectos que, para mim, mais caracterizam o trabalho do diretor Martin Scorsese, é o espectro de temas e estilos pelos quais ele conseguiu transitar ao longo de mais de 40 anos de carreira no cinema. Se eu tivesse começado a assistir "Alice não mora mais aqui", sem saber nada sobre o filme previamente, com certeza, não diria que foi uma obra do Scorsese, chutaria um Hal Ashby, talvez. Mas, Scorsese também fez parte do movimento da Nova Hollywood da década de 1970, com seus personagens idiossincráticos e histórias realísticas e singulares (se hoje se priorizam narrativas grandiosas, naquela época, os retratos humanos eram bem mais intimistas e subjetivos), bem antes de se tornar conhecido pelos filmes com gângsteres antissociais e homens com complexo de narciso. Outro ponto que me chamou à atenção foi o fato do filme contar a história sob a perspectiva de uma mulher, conseguimos sentir na pele a sensação de isolamento e arrebatamento que Alice sente ao se ver de repente sem marido e sem meios de se sustentar, apenas uma vocação há muito tempo não praticada, inclusive proibida pelo casamento...além disso, há toda a violência inesperada de figuras masculinas que mostram quem realmente são, caídas suas máscaras de civilidade. Há também raros mas preciosos momentos de sororidade. Em meio a tudo isso, essa figura feminina, interpretada genialmente pela Ellen Burstyn (como sempre), segue sempre em frente, pois ela necessita, pois é inevitável, pois é a única coisa que ela aprendeu a fazer, por si e também por seu filho. Acredito que esse filme seja um ótimo estudo de personagem, porque assim como diz de uma vivência singular, também diz de vários aspectos da experiência de ser uma mulher, mãe solteira, viúva, com esperanças de encontrar um novo amor...e, ainda por cima, em meio a uma paisagem do sul dos Estados Unidos na década de 1970, não é pouca coisa.
Difícil formar uma opinião sobre Charlie Countryman, tanto sobre o filme em si quanto sobre o personagem, quando o conhecemos, ele está passando por uma perda, e em nenhum momento somos informados sobre qualquer aspecto da sua personalidade ou de sua vida antes daqueles episódios. O filme tem um humor quase ingênuo (Budapeste?! haha), o que combina com Charlie, alguém que aparenta ser um idealista apaixonado. Particularmente, a persona pública do Shia LaBeouf não me agrada tanto, mas admito que ele consegue se despir completamente de seu narcisismo e encarnar o personagem de corpo e alma. A história desse filme é estranha, não consigo pensar em outra palavra, talvez porque fui assistí-lo sem ter a mínima ideia sobre o que se tratava, mas me parece ser proposital a maneira como eventos inesperados acontecem na vida de pessoas inesperadas. Quero dizer, quais as chances de que um americano qualquer se aventure pela Romênia e passe por situações que vão mudar sua vida definitivamente? Uma chance muito mínima, esse filme é essa chance mínima. A sensação que passa é a de estarmos sendo companheiros de viagem de Charlie, esperando de mente aberta, que coisas boas aconteçam, o que não é sempre o caso... Resumindo, as atuações são geniais, Evan Rachel Wood é foda pra caralho, tem a dose perfeita de poesia e porradaria, vai assistir.
Um filme perfeitamente pós-moderno. Já vimos a temática muitas vezes antes, mas aqui aparece com nova roupagem...acredito que, de certa forma, Get Out reinventa o gênero "terror", pois não fala sobre um monstro ou serial killer, no qual concentramos toda a nossa energia negativa, fala sobre nossa sociedade e, sim, fala sobre racismo. Ainda, o filme consegue ser perturbador, mas também engraçado em alguns momentos, quase uma sátira de si próprio. Por isso a relação com a pós-modernidade, filmes fluidos e camaleônicos, sem se fixar em clichês do gênero.
Suspiria é um dos meus filmes favoritos de terror, mas, a cada vez que assisto (principalmente se for com outras pessoas), consigo perceber mais falhas. Sem dúvidas, o filme envelheceu mal, parte do seu grande atrativo, que é a fotografia, as cores e o cenários com texturas e papeis de parede insanos, parece um tanto artificial hoje, os efeitos especiais
são datados e quase risíveis. Por outro lado, sim, é um filme que foi feito há 40 anos atrás (!!!), isso precisa ser levado em consideração. Hoje, já vimos inúmeros outros com histórias parecidas e que utilizaram semelhantes efeitos, mas, acredito que seja um filme único para sua época. Argento nunca deixará de ser gênio por ter arquitetado de forma tão brutal e linda algumas cenas
(a morte de Pat e Sarah no arame farpado são minhas favoritas)
e aquela trilha sonora? isso é subjetivo, mas atrevo a dizer que se diferencia da maioria das trilhas de filmes de horror norteamericanos, pois te envolve totalmente em uma atmosfera de incosnsciência e pesadelo.
"I'd just like to say I'm sailing with the rock, and I'll be back like Independence Day, with Jesus, June 6, like the movie, big mother ship and all, I'll be back."
Independente das questões que tocam na culpabilidade de Aileen, ao longo do documentário, fiquei me perguntando sobre o propósito dele inclusive existir...principalmente, depois que percebi que o diretor, Nick Broomfield, alguns anos antes, dirigiu o desastroso/vergonhoso documentário "Kurt & Courtney", no qual ele tentava, de todas as formas, provar a teoria da conspiração que diz que Courtney Love mandou assassinar Kurt Cobain, expondo algumas teorias muito obscuras e mirabolantes, sem muito embasamento científico. Esse é um diretor que atacou uma mulher deliberadamente e fez um filme tentando provar que ela era uma assassina, nada de imparcialidade jornalística, e agora ele fez um documentário acompanhando os últimos meses de vida da Aileen Wuornos...entende? achei no mínimo, curioso.
Mas, mesmo que o seu documentário anterior tenha sido ridículo, devo confessar que esse trabalho foi muito bom, sem dúvidas, ele foi uma das poucas pessoas da mídia que conseguiu se "aproximar" dela, justamente por ter como objetivo retratar as falas e a imagem dela de forma honesta e não exploratória, e acredito que foi o que aconteceu.
Em vários momentos, somos apresentados a novas teorias sobre o que realmente teria acontecido, Aileen em um momento, confessa ter mentido sobre as tentativas de estupro e a auto-defesa ("the lying biz", como ela diz), mas em outros, ela aparenta estar tão cansada da burocracia e da tortura lenta de estar aguardando uma resolução, e, sabendo que não há mais possibilidade de vida pra ela, apenas escolhe morrer, afirmando que, sim, foi auto-defesa e que os policiais sabiam, mas prefere não falar mais sobre. A última entrevista que ela concede a Nick demonstram claramente que seu estado mental estava indo de mal a pior (não esperava menos...), a fala dela é muito poderosa e, ao mesmo tempo, perturbadora, quando ela manda todos à merda, a polícia, a mídia, o sistema, perverso, que criou a personagem serial killer, em primeiro lugar. Sem nem falar nas circunstâncias psicológicas e sociais que a levaram até aquele ponto, seu pai era diagnosticado com esquizofrenia, acusado de pedofilia, se enforcou na prisão...sua mãe a abandonou com 6 meses de idade, a lista só cresce. Ainda, o fato de ser abertamente lésbica e se prostituir para sobreviver, sem dúvidas ajudou a torná-la ainda mais odiada.
O que mais me incomoda é uma questão inclusive colocada por ela em algumas entrevistas, a de que, em meio a todo esse caos, sempre há pessoas querendo lucrar. É insana a ideia de que já haviam pessoas querendo adquirir direitos para produzir um filme e um livro (o pacote todo), já na década de 1990, incluindo nesse grupo a própria companheira de Aileen. Acho um ato de resistência genial ela não ter falado o que realmente se passou durante os encontros com os homens, já que ela sabia que aquilo iria se tornar material de filme. Por isso, a importância de retratos verídicos como esse, que tentou capturar a figura atrás do mito da "primeira serial killer mulher". E, realmente, um ano após a sua execução, Charlize Theron ganhou o Oscar por "Monster"...
Gostei bastante do filme, em uma era onde a qualidade dos filmes de terror são medidas pelo número de jump scares, A Autópsia conseguiu um pouco mais do que isso...o que me levou a assisti-lo foi a indicação do Stephen King, em primeiro lugar, assim como a presença do Emile Hirsch num filme de terror, no mínimo, curioso.
Claro, os sustos também estão aqui, mas acredito que o filme conseguiu criar uma atmosfera sombria que envolve, apesar de pegarmos logo de cara o que está rolando...ainda assim, o final foi inesperado. Da série: dormir com a luz ligada.
O "tema principal" foi previsível, principalmente pra chegados em witchcraft e fãs de Supernatural, aquele saquinho de hex deixou tudo claro desde o início, haha...depois de uma febre com vampiros, parece que as bruxas são o novo plot device a ser explorado? Nesse caso, achei realmente interessante que eles optaram por mostrar a bruxa como sendo alguém não essencialmente mau, mas que se tornou assim justamente por conta do que outros fizeram com ela...enfim, se alguém quer ver uma visão diferente sobre bruxas, vá assistir The Love Witch! Mas, A Autópsia cumpriu seu propósito, sem dúvidas. Achei ótima a ideia da música das "McGuire Sisters", que se tornou um símbolo da presença de algo estranho no ambiente, o que contrasta totalmente com o clima feliz da letra...acho que poderiam ter caprichado um pouco mais na capa também, parece clichê demais, como um daqueles filmes tipo "O Último Exorcismo", se bem que se tivessem criado uma arte baseada nos símbolos wicca, teriam dado spoilers demais!
Para além da mensagem simplista que, por vezes, pode parecer que o filme passa, acredito que fala, sobretudo, sobre uma cultura machista (ainda existem ecos dessa história hoje) em que os papeis de gênero são tão polarizados a ponto de se tornarem estereótipos...onde as mulheres eram ensinadas a consumir e elas próprias a se transformarem em objetos a serem consumidos por "bons partidos". Fica claro que Jenny é uma menina "diferente" por não ser apenas bonitinha, mas a escolha dela é difícil por se tratar de tudo ou nada, ou você é bonita ou você é inteligente, ela duela com a ideia de que é preciso escolher um lado ou outro para ser feliz...a questão é, ao longo do filme todo ela faz o que é esperado dela, tanto pela família quanto pelo David. Para mim, o mais interessante desse filme, é que se trata de uma jornada de descoberta pessoal, literalmente, sobre educação, sobre encontrar a si própria em meio a tantas expectativas e poderes de outros, o que, para uma mulher, especialmente na década de 1960, era bem mais difícil do que ainda o é hoje. A conclusão foi mais do que satisfatória e inspiradora, mas você precisa descobrir por si própria, assim como a protagonista.
P.s.: Uma das cenas mais interessantes pra mim, e que é extremamente relevante hoje, levando em conta as discussões do feminismo, é a cena onde Jenny presencia Helen ser humilhada por não saber sobre determinado assunto "erudito", por ser apenas uma mulher considerada bonita, entretanto, sem nenhum atrativo intelectual...percebemos que Jenny fica um tanto constrangida com a situação, mas não diz nada. É claro, somos ensinadas a apreciar e buscar sempre a aprovação masculina, bem como competir por um lugar ao sol com outras mulheres...me pergunto o que a personagem sentiu naquele momento? ela se sentiu grata por ser inteligente e culta o suficiente por receber aprovação dupla de Jack e Danny? ou ela se sentiu repentinamente desconfortável por conta da identificação que sentia pela amiga? Para mim, esse assunto da sororidade é muito relevante em filmes. Teste de Bechdel, alguém?
Muitos outros filmes já tentaram se apropriar desse transtorno mental tão controverso, "As Três Faces de Eva", "Sybil" e "Identidade" são os que me vêm à cabeça sem fazer muito esforço...a patologização de certos transtornos menos conhecidos e/ou que causam mais temor à maioria das pessoas (assim como "Disforia de Gênero", ainda trazido nos manuais de diagnósticos), tendem a ser retratados de forma bem negativa e polarizante (geralmente, as personagens são unidimensionais, "boas" ou "más", induzindo-se que isso seja culpa do dito transtorno)...no caso de "Fragmentado", não foi muito diferente.
O que realmente evita que o filme caia num lugar-comum empobrecido e entendiante, sem dúvidas, é a atuação do James McAvoy, independente de nossa opinião (pessoal) sobre o Shyamalan, né! Afinal, acredito que é um papel bem arriscado de se escolher, trabalhar com um diretor ex-mega-famoso, que está tentando voltar a ocupar seu lugarzinho ao sol, além disso, o espectro de personalidades que ele interpreta é grande, o que deve ter dado muito trabalho...no final, poderia ter saído tudo errado (Hedwig, alguém?! outros tentaram e não conseguiram, haha), mas saiu só um pouco errado.
A parte do "um pouco", pra mim, diz respeito à direção do Shyamalan, que insiste em renovar o seu "IT'S A TWIST". Achei aquele final lindo (o final mesmo, não aquele "epílogo" bosta), confesso que na hora me emocionei, mas se você começa a pensar na mensagem trazida de forma tão EXPLÍCITA E ESCRACHADA:
"OS PROBLEMÁTICOS SÃO MAIS EVOLUÍDOS" - não lembro como era a frase original em inglês, mas na minha legenda apareceu isso!
...talvez comece a pensar na artificialidade de como toda a história foi arquitetada para que chegasse àquele momento que envolve mensagens "politicamente corretas" (o que quer que isso signifique na mente do Shyamalan), e um tanto quanto exploratórias (vide: "exploitation film") em relação aos protagonistas.
P.S.: Cara, eu juro que a minha lembrança e crítica do filme teriam sido muito melhores sem aquela última baforada na nossa cara, olha...desnecessário.
Palo Alto
3.2 429Esse filme...tenta ser uma espécie de Gus Van Sant meets Gregg Araki, mas acaba sendo apenas um filme medíocre escrito pelo James Franco. Traz, realmente, muitas questões interessantes sobre adolescência, processo de amadurecimento e como a vida não faz nenhum sentido, blah blah blah, mas, em meio a tantos outros filmes tão mais marcantes e realísticos, acaba sendo apenas mais uma tentativa sem graça de fazer algo radical e "cool".
Basicamente, todas as personagens nesse filme são babacas apáticos e narcisistas (alguns com fortes tendências antissociais e suicidas...essa é sua ideia de crítica pedagógica à adolescência norteamericana?). Por outro lado, temos Emma Roberts, é estranho vê-la em um papel tão contido, depois de ter descoberto ela como Madison Montgomery em American Horror Story...April é tão boazinha que chega a se tornar irreal, também não consigo deixar de pensar que foi uma personagem idealizada pelo próprio diretor, que também interpreta alguém que se interessa por ela na história...proposital ou não, é um tanto desconfortável pensar que essa é a idealização feminina que povoa os sonhos molhados do James Franco, hahahah.
Aliás, nenhum outro papel se encaixaria melhor pra ele do que o treinador do time de futebol com tendências pedofílicas (qual é a dos professores de educação física? alguém mais lembrou de Mysterious Skin?), me pergunto o que levou o Franco a investir nesses tipos de projeto, Palo Alto, foi algo totalmente concebido por ele...apesar de não ter curtido o filme, consigo admirar a atitude dele em se envolver em projetos tão singulares, e, muitas vezes, bizarro (Spring Breakers foi algo extremamente insano, mas adorei o filme...e confesso que estou esperando ansiosamente pela interpretação dele como Tommy Wiseau, em "The Disaster Artist", que sairá em breve, quero só ver).
Alice Não Mora Mais Aqui
3.8 167 Assista AgoraUm dos aspectos que, para mim, mais caracterizam o trabalho do diretor Martin Scorsese, é o espectro de temas e estilos pelos quais ele conseguiu transitar ao longo de mais de 40 anos de carreira no cinema. Se eu tivesse começado a assistir "Alice não mora mais aqui", sem saber nada sobre o filme previamente, com certeza, não diria que foi uma obra do Scorsese, chutaria um Hal Ashby, talvez.
Mas, Scorsese também fez parte do movimento da Nova Hollywood da década de 1970, com seus personagens idiossincráticos e histórias realísticas e singulares (se hoje se priorizam narrativas grandiosas, naquela época, os retratos humanos eram bem mais intimistas e subjetivos), bem antes de se tornar conhecido pelos filmes com gângsteres antissociais e homens com complexo de narciso.
Outro ponto que me chamou à atenção foi o fato do filme contar a história sob a perspectiva de uma mulher, conseguimos sentir na pele a sensação de isolamento e arrebatamento que Alice sente ao se ver de repente sem marido e sem meios de se sustentar, apenas uma vocação há muito tempo não praticada, inclusive proibida pelo casamento...além disso, há toda a violência inesperada de figuras masculinas que mostram quem realmente são, caídas suas máscaras de civilidade. Há também raros mas preciosos momentos de sororidade.
Em meio a tudo isso, essa figura feminina, interpretada genialmente pela Ellen Burstyn (como sempre), segue sempre em frente, pois ela necessita, pois é inevitável, pois é a única coisa que ela aprendeu a fazer, por si e também por seu filho. Acredito que esse filme seja um ótimo estudo de personagem, porque assim como diz de uma vivência singular, também diz de vários aspectos da experiência de ser uma mulher, mãe solteira, viúva, com esperanças de encontrar um novo amor...e, ainda por cima, em meio a uma paisagem do sul dos Estados Unidos na década de 1970, não é pouca coisa.
Conquistas Perigosas
3.6 328Difícil formar uma opinião sobre Charlie Countryman, tanto sobre o filme em si quanto sobre o personagem, quando o conhecemos, ele está passando por uma perda, e em nenhum momento somos informados sobre qualquer aspecto da sua personalidade ou de sua vida antes daqueles episódios. O filme tem um humor quase ingênuo (Budapeste?! haha), o que combina com Charlie, alguém que aparenta ser um idealista apaixonado. Particularmente, a persona pública do Shia LaBeouf não me agrada tanto, mas admito que ele consegue se despir completamente de seu narcisismo e encarnar o personagem de corpo e alma.
A história desse filme é estranha, não consigo pensar em outra palavra, talvez porque fui assistí-lo sem ter a mínima ideia sobre o que se tratava, mas me parece ser proposital a maneira como eventos inesperados acontecem na vida de pessoas inesperadas. Quero dizer, quais as chances de que um americano qualquer se aventure pela Romênia e passe por situações que vão mudar sua vida definitivamente? Uma chance muito mínima, esse filme é essa chance mínima. A sensação que passa é a de estarmos sendo companheiros de viagem de Charlie, esperando de mente aberta, que coisas boas aconteçam, o que não é sempre o caso...
Resumindo, as atuações são geniais, Evan Rachel Wood é foda pra caralho, tem a dose perfeita de poesia e porradaria, vai assistir.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraUm filme perfeitamente pós-moderno. Já vimos a temática muitas vezes antes, mas aqui aparece com nova roupagem...acredito que, de certa forma, Get Out reinventa o gênero "terror", pois não fala sobre um monstro ou serial killer, no qual concentramos toda a nossa energia negativa, fala sobre nossa sociedade e, sim, fala sobre racismo. Ainda, o filme consegue ser perturbador, mas também engraçado em alguns momentos, quase uma sátira de si próprio. Por isso a relação com a pós-modernidade, filmes fluidos e camaleônicos, sem se fixar em clichês do gênero.
Suspiria
3.8 981 Assista AgoraSuspiria é um dos meus filmes favoritos de terror, mas, a cada vez que assisto (principalmente se for com outras pessoas), consigo perceber mais falhas. Sem dúvidas, o filme envelheceu mal, parte do seu grande atrativo, que é a fotografia, as cores e o cenários com texturas e papeis de parede insanos, parece um tanto artificial hoje, os efeitos especiais
(cena do cachorro, cena da Helena Markos)
são datados e quase risíveis. Por outro lado, sim, é um filme que foi feito há 40 anos atrás (!!!), isso precisa ser levado em consideração. Hoje, já vimos inúmeros outros com histórias parecidas e que utilizaram semelhantes efeitos, mas, acredito que seja um filme único para sua época. Argento nunca deixará de ser gênio por ter arquitetado de forma tão brutal e linda algumas cenas
(a morte de Pat e Sarah no arame farpado são minhas favoritas)
e aquela trilha sonora? isso é subjetivo, mas atrevo a dizer que se diferencia da maioria das trilhas de filmes de horror norteamericanos, pois te envolve totalmente em uma atmosfera de incosnsciência e pesadelo.
Aileen: Vida e Morte de Uma Serial Killer
3.8 53"I'd just like to say I'm sailing with the rock, and I'll be back like Independence Day, with Jesus, June 6, like the movie, big mother ship and all, I'll be back."
Independente das questões que tocam na culpabilidade de Aileen, ao longo do documentário, fiquei me perguntando sobre o propósito dele inclusive existir...principalmente, depois que percebi que o diretor, Nick Broomfield, alguns anos antes, dirigiu o desastroso/vergonhoso documentário "Kurt & Courtney", no qual ele tentava, de todas as formas, provar a teoria da conspiração que diz que Courtney Love mandou assassinar Kurt Cobain, expondo algumas teorias muito obscuras e mirabolantes, sem muito embasamento científico. Esse é um diretor que atacou uma mulher deliberadamente e fez um filme tentando provar que ela era uma assassina, nada de imparcialidade jornalística, e agora ele fez um documentário acompanhando os últimos meses de vida da Aileen Wuornos...entende? achei no mínimo, curioso.
Mas, mesmo que o seu documentário anterior tenha sido ridículo, devo confessar que esse trabalho foi muito bom, sem dúvidas, ele foi uma das poucas pessoas da mídia que conseguiu se "aproximar" dela, justamente por ter como objetivo retratar as falas e a imagem dela de forma honesta e não exploratória, e acredito que foi o que aconteceu.
Em vários momentos, somos apresentados a novas teorias sobre o que realmente teria acontecido, Aileen em um momento, confessa ter mentido sobre as tentativas de estupro e a auto-defesa ("the lying biz", como ela diz), mas em outros, ela aparenta estar tão cansada da burocracia e da tortura lenta de estar aguardando uma resolução, e, sabendo que não há mais possibilidade de vida pra ela, apenas escolhe morrer, afirmando que, sim, foi auto-defesa e que os policiais sabiam, mas prefere não falar mais sobre.
A última entrevista que ela concede a Nick demonstram claramente que seu estado mental estava indo de mal a pior (não esperava menos...), a fala dela é muito poderosa e, ao mesmo tempo, perturbadora, quando ela manda todos à merda, a polícia, a mídia, o sistema, perverso, que criou a personagem serial killer, em primeiro lugar. Sem nem falar nas circunstâncias psicológicas e sociais que a levaram até aquele ponto, seu pai era diagnosticado com esquizofrenia, acusado de pedofilia, se enforcou na prisão...sua mãe a abandonou com 6 meses de idade, a lista só cresce. Ainda, o fato de ser abertamente lésbica e se prostituir para sobreviver, sem dúvidas ajudou a torná-la ainda mais odiada.
O que mais me incomoda é uma questão inclusive colocada por ela em algumas entrevistas, a de que, em meio a todo esse caos, sempre há pessoas querendo lucrar. É insana a ideia de que já haviam pessoas querendo adquirir direitos para produzir um filme e um livro (o pacote todo), já na década de 1990, incluindo nesse grupo a própria companheira de Aileen. Acho um ato de resistência genial ela não ter falado o que realmente se passou durante os encontros com os homens, já que ela sabia que aquilo iria se tornar material de filme. Por isso, a importância de retratos verídicos como esse, que tentou capturar a figura atrás do mito da "primeira serial killer mulher". E, realmente, um ano após a sua execução, Charlize Theron ganhou o Oscar por "Monster"...
A Autópsia
3.3 1,0K Assista Agora"Open up your heart...And let the sun shine in!"
Gostei bastante do filme, em uma era onde a qualidade dos filmes de terror são medidas pelo número de jump scares, A Autópsia conseguiu um pouco mais do que isso...o que me levou a assisti-lo foi a indicação do Stephen King, em primeiro lugar, assim como a presença do Emile Hirsch num filme de terror, no mínimo, curioso.
Claro, os sustos também estão aqui, mas acredito que o filme conseguiu criar uma atmosfera sombria que envolve, apesar de pegarmos logo de cara o que está rolando...ainda assim, o final foi inesperado. Da série: dormir com a luz ligada.
O "tema principal" foi previsível, principalmente pra chegados em witchcraft e fãs de Supernatural, aquele saquinho de hex deixou tudo claro desde o início, haha...depois de uma febre com vampiros, parece que as bruxas são o novo plot device a ser explorado? Nesse caso, achei realmente interessante que eles optaram por mostrar a bruxa como sendo alguém não essencialmente mau, mas que se tornou assim justamente por conta do que outros fizeram com ela...enfim, se alguém quer ver uma visão diferente sobre bruxas, vá assistir The Love Witch! Mas, A Autópsia cumpriu seu propósito, sem dúvidas. Achei ótima a ideia da música das "McGuire Sisters", que se tornou um símbolo da presença de algo estranho no ambiente, o que contrasta totalmente com o clima feliz da letra...acho que poderiam ter caprichado um pouco mais na capa também, parece clichê demais, como um daqueles filmes tipo "O Último Exorcismo", se bem que se tivessem criado uma arte baseada nos símbolos wicca, teriam dado spoilers demais!
Educação
3.8 1,2K Assista AgoraPara além da mensagem simplista que, por vezes, pode parecer que o filme passa, acredito que fala, sobretudo, sobre uma cultura machista (ainda existem ecos dessa história hoje) em que os papeis de gênero são tão polarizados a ponto de se tornarem estereótipos...onde as mulheres eram ensinadas a consumir e elas próprias a se transformarem em objetos a serem consumidos por "bons partidos".
Fica claro que Jenny é uma menina "diferente" por não ser apenas bonitinha, mas a escolha dela é difícil por se tratar de tudo ou nada, ou você é bonita ou você é inteligente, ela duela com a ideia de que é preciso escolher um lado ou outro para ser feliz...a questão é, ao longo do filme todo ela faz o que é esperado dela, tanto pela família quanto pelo David.
Para mim, o mais interessante desse filme, é que se trata de uma jornada de descoberta pessoal, literalmente, sobre educação, sobre encontrar a si própria em meio a tantas expectativas e poderes de outros, o que, para uma mulher, especialmente na década de 1960, era bem mais difícil do que ainda o é hoje. A conclusão foi mais do que satisfatória e inspiradora, mas você precisa descobrir por si própria, assim como a protagonista.
P.s.: Uma das cenas mais interessantes pra mim, e que é extremamente relevante hoje, levando em conta as discussões do feminismo, é a cena onde Jenny presencia Helen ser humilhada por não saber sobre determinado assunto "erudito", por ser apenas uma mulher considerada bonita, entretanto, sem nenhum atrativo intelectual...percebemos que Jenny fica um tanto constrangida com a situação, mas não diz nada. É claro, somos ensinadas a apreciar e buscar sempre a aprovação masculina, bem como competir por um lugar ao sol com outras mulheres...me pergunto o que a personagem sentiu naquele momento? ela se sentiu grata por ser inteligente e culta o suficiente por receber aprovação dupla de Jack e Danny? ou ela se sentiu repentinamente desconfortável por conta da identificação que sentia pela amiga? Para mim, esse assunto da sororidade é muito relevante em filmes. Teste de Bechdel, alguém?
Alice Não Mora Mais Aqui
3.8 167 Assista AgoraOnde encontrar? :(
Fragmentado
3.9 3,0K Assista AgoraMuitos outros filmes já tentaram se apropriar desse transtorno mental tão controverso, "As Três Faces de Eva", "Sybil" e "Identidade" são os que me vêm à cabeça sem fazer muito esforço...a patologização de certos transtornos menos conhecidos e/ou que causam mais temor à maioria das pessoas (assim como "Disforia de Gênero", ainda trazido nos manuais de diagnósticos), tendem a ser retratados de forma bem negativa e polarizante (geralmente, as personagens são unidimensionais, "boas" ou "más", induzindo-se que isso seja culpa do dito transtorno)...no caso de "Fragmentado", não foi muito diferente.
O que realmente evita que o filme caia num lugar-comum empobrecido e entendiante, sem dúvidas, é a atuação do James McAvoy, independente de nossa opinião (pessoal) sobre o Shyamalan, né! Afinal, acredito que é um papel bem arriscado de se escolher, trabalhar com um diretor ex-mega-famoso, que está tentando voltar a ocupar seu lugarzinho ao sol, além disso, o espectro de personalidades que ele interpreta é grande, o que deve ter dado muito trabalho...no final, poderia ter saído tudo errado (Hedwig, alguém?! outros tentaram e não conseguiram, haha), mas saiu só um pouco errado.
A parte do "um pouco", pra mim, diz respeito à direção do Shyamalan, que insiste em renovar o seu "IT'S A TWIST". Achei aquele final lindo (o final mesmo, não aquele "epílogo" bosta), confesso que na hora me emocionei, mas se você começa a pensar na mensagem trazida de forma tão EXPLÍCITA E ESCRACHADA:
"OS PROBLEMÁTICOS SÃO MAIS EVOLUÍDOS" - não lembro como era a frase original em inglês, mas na minha legenda apareceu isso!
...talvez comece a pensar na artificialidade de como toda a história foi arquitetada para que chegasse àquele momento que envolve mensagens "politicamente corretas" (o que quer que isso signifique na mente do Shyamalan), e um tanto quanto exploratórias (vide: "exploitation film") em relação aos protagonistas.
P.S.: Cara, eu juro que a minha lembrança e crítica do filme teriam sido muito melhores sem aquela última baforada na nossa cara, olha...desnecessário.
Cobain: Montage of Heck
4.2 344 Assista Agora50 anos hoje.
Mulheres do Século XX
4.0 415 Assista Agora"The punk scene is very divisive".
A Cor da Romã
4.1 133https://www.youtube.com/watch?v=v8LY2VgiikE
Alta Tensão
3.5 570Filme tão tosco e sem sentido que dá até vontade de rir...pena que cê tem que chegar até o final pra perceber. Diretor sexista do caralho.
Caçador de Assassinos
3.5 158 Assista AgoraIn-A-Gadda-Da-Vida.
Betty Blue
4.1 81Mas que desserviço à saúde mental ein.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista Agora-Power to the people.
-Stick it to the man.
O Globo de Prata
4.1 59Meu cérebro foi obliterado logo após.
Antiviral
3.2 159Parece que o Brandon Cronenberg é tão humano quanto nós, já que ele também está em conflito pra superar as neuroses paternas.
O Gato Preto
3.5 68 Assista Agora"- Supernatural, perhaps...baloney, perhaps not."
Stalker
4.3 504 Assista Agora-"Estou farto de porcas com pano."
Rubin e Ed
3.4 4I AM THE KING OF THE ECHO PEOPLE!
O Sétimo Continente
4.0 174WOW. Haneke, seu filho da puta.
Chamas da Morte
3.2 211Art Vandelay.