Por incrível que pareça só começa a entregar algo um pouco mais interessante quando entra na parte mais dramática, que é mais pro final. Os trechos de comédia são muito ruins, as piadas são tão bobas que nem criança ri. Proposta interessante, porém muito mal executada. Nem vale a pena.
O Acampamento é um suspense que conta estória de casal que acampa perto de rio e acabam encontrando um bebê perdido. A partir daí começa a tensão.
Tenho que elogiar a montagem do filme. A forma como é apresentada a narrativa é MUITO bem idealizada, deixando o suspense elevado por bastante tempo. Basicamente: há 2 estórias se passando, uma no presente e outra no futuro. A grande sacada está em contar ambas as estórias entrecortadas e NÃO diferenciar passado e presente por cor ou efeitos diferenciador de imagem (o mais comum). Aqui ambas as estórias são contadas com mesma linguagem e pode parecer confuso, mas o público atento percebe a alternância logo quando esta acontece. O fato de ambas as estórias serem entrecortadas aumenta e MUITO o suspense porque eles cortam sempre no meio de um perigo em potencial. Uma sacada narrativa e tanto (sem falar das elipses de tempo).
Outro ponto positivo é a ausência de jumpscare. Não há apelo pra esse recurso raso porque o diretor consegue transmitir intensidade e medo usando pouquíssima trilha sonora (zero quase) e muito som ambiente. O silêncio já te deixa aflito. A fotografia opta pelo tom naturalista, tanto que a noite é REALMENTE escuro. A trama em si é simples e não há nada surreal. O que agrava a tensão é o medo da violência, principalmente quando se tem um bebê envolvido (há uma cena com o bebê que choca). Outro fator que corrobora é a violência brutal porque além de fazerem algo terrível com as mulheres, ainda fazem um jogo sádico de tiro ao alvo com as vítimas (é chocante e cruel). Isso faz você clamar pela sobrevivência do casal. Mais um fator positivo: a transformação da Sam (ponto pro roteiro). Ela começa como uma mulher insegura e sempre esperando pelo namorado e muda pra uma mulher decidida e até mais MACHO que o próprio Homem (impossível não ficar com raiva daquele frouxo kkk).
Surpreso com o filme que consegue te deixar tenso do início ao fim. Suspense, terror sugestivo e gráfico. Aliás, notei que o pessoal que assistia não curtiu o final, mas aquele PLANO no hospital marcam final disse muito com pouco.
Uma viagem ao mundo misterioso e surreal de Lynch que conta sua origem até seu primeiro filme. Por se tratar de um grande diretor, esperava mais do documentário que, em ritmo lento e arrastado, opta pela história de Lynch, encurtando-a até apenas seu primeiro filme, Ereaserhead. Mas, foi bom saber como ele vivia e como tudo começou.
Quem é fã vai até gostar, mas eu queria mais. Tanto que quando acabou eu fiquei: mas já!?
Pense num filme que incomoda sem ser vazio. É visceral e ousado. Num contexto de horror misturado com drama, temos uma excelente analogia com a transição da adolescência pra juventude, da escola pra faculdade, da dependência pra independência. A protagonista se transforma de uma doce jovem para uma libertina e selvagem. Mudança de forma orgânica e muito bem construída.
Outra lição e já entro na parte dramática, é a não evolução do ser humano. É triste ver a degradação de quando o ser humano se torna um animal. Fiquei impressionado de como a diretora conseguiu passar esses dois tons num filme. Aliás, a trilha sonora é sensacional também, confesso que meio intrusa às vezes, mas nada demais. É irônico o fato deles serem estudantes de veterinária que cuidam dos animais, mas não cuidam deles mesmos.
Outro ponto que notei foi uma espécie de canibalismo aliado a um ultra sadomasoquismo. O prazer dela está em comer carne humana. A cena do espelho, da transformação é muito boa. Ela começa dançando devagar e vai acelerando e se soltando. As cores do filme também são excelentes, com presença forte do vermelho. É uma obra singular e muito bem realizada. Gostei de cada minuto do filme.
Filme prazeroso de se assistir. Uma direção pontual, que não visa o glamour ou o exagero. Até porque estamos tratando de um tema que necessidade de tranquilidade e frieza. Aliás, interessante notar como o relacionamento dos personagens é frio e calculista. É deixado claro que a emoção atrapalha e prejudica o jogo. O roteiro é bem escrito e só vejo um problema nele:
protagonista demora muito pra entender o que o público atento compreende bem antes
(quando o público antecipa o óbvio e a personagem não, isso é péssimo para um filme). Lembrando que essa antecipação não me ocorreu durante todo o filme, APENAS quando acontece uma situação no final do segundo ato. Quando se vê a situação se entende. Mas, em parte é compreensível por causa da fragilidade da protagonista que é deixado claro no decorrer do filme.
Sem mais a falar, todo conceito do filme é bem realizado. O trabalho de som é louvável porque usa muito do silêncio e do som ambiente, permitindo ser um filme que prima pelos detalhes imagéticos. Caso houvesse muito uso de trilha, acabaria dispersando o público. A fotografia chega próximo ao Noir com luz, sombra e fumaça. É um excelente filme. Confesso que "Truque de Mestre" deveria ser nesse estilo: realista e inteligente e não aquela fantasia non-sense que faz perder até a graça.
Só assisti ao primeiro filme que foi muito bom. O segundo não tive vontade. O terceiro só assisti por causa de um plano (PRIMEPASS) que tenho onde só vale a pena quando se assiste muitos filmes no cinema.
Grata surpresa. Somos projetados para uma aventura símia onde há luta entre valores particulares (conflito interno) e gerais (conflito externo - físico). A transformação de de Cesar é bem trabalhada e desenvolvida. Você sente o que ele se torna sem se sentir forçado a isso. Vale lembrar que Cesar foi obrigado pelas circunstâncias a estar na guerra, e isso é um ponto fortíssimo da narrativa porque sai do herói que quer ser herói e se torna herói. As cenas são muito bem fotografadas e dirigidas. O trabalho de efeito visual também está incrível. Não teve momento em que falei: "Ahh não, ali foi efeito".
O filme me surpreendeu também pelo fato de ser corajoso em algumas decisões (principalmente a do final). Há várias mortes no filme dramáticas. O que é bom porque numa batalha alguém sempre morre, e alguém próximo (ao contrário dessa onda de super-heróis que na batalha ninguém morre e mal se fere --'). Fui surpreendido positivamente. A falha do filme está nos momentos onde quase sempre a trilha sonora está presente pra te obrigar a chorar ou ficar tenso. Às vezes o silêncio seria mais épico. Outra questão é o fato do Generalzão lá ser o puro Coronel Kurtz de Apocalypse Now. Inspiração? Sim, mas deveria ter um limite. Tanto que ficou em alguns momentos inferior a tentativa do ator Woody Harrelson de ser Marlon Brando.
Enfim, são detalhes mínimos que comprometem pouco o filme. Gostei do que vi. Esperava menos. Aliás, a analogia clara com a saga de Moisés da Bíblia. Temos Moisés, povo escravo, terra prometida e até a
São contos bem interessantes, mas começar com o melhor é ruim porque há uma expectativa para os outros serem tão bons quanto, mas não é.
O primeiro (A Caixa) segue a linha do terror mais subjetivo e intelectual, principalmente com aquele final e o mistério da caixa. O melhor em vários termos, principalmente como roteiro que cumpre precisamente o papel de terror. A direção também é afiada, deixando-nos tensos, mesmo sem saber a razão exata. O melhor dos 4.
O segundo (A Festa de Aniversário) tá mais pra comitradégia (tragédia cômica). O terror ali é do fato em si, mas da forma como nos é mostrada tá mais pra humor. Além de ter um apelo pra te forçar a se assustar com aquela famosa trilha repentina e aguda. Não curti tanto.
O terceiro (Não Caia) é um classicão. Vi mais como uma homenagem do que qualquer coisa. Os personagens são batidos e estereotipados e as situações também. Esse é daqueles pra ver a uma certa distância e se divertir (não há tensão nem tensão - o primeiro faz isso bem). É uma mistura de cenário de Wolf Creek com a criatura do filme A Caverna. Nada demais.
O quarto (Meu Único Filho Vivo) é sinistro e com uma história mais potente. Também achei bem interessante. Filmes que lembrem esse curta: Bebê de Rosemary e Fragmentado. Está claro elementos desses filmes. Instigante.
Filme com uma das melhores sequências de suspense já criadas e uma excelente exploração da temática: homem vs natureza.
Confesso que no ato 1 fiquei muito confuso porque não é deixado claro o que realmente está acontecendo. Você vê ações específicas em locais diferentes e ponto. Há muita referência para o contexto da época que talvez possa ter afetado minha interpretação. Mas, ainda sim o roteiro não esclarece pontos inicias para te fazer engajar com os personagens. E isso vai até os 40/50 minutos em média.
O ato 2 é uma aula de desenvolvimento de ação, direção e montagem. Quando eles partem pra aventurar-se no comboio o filme torna-se tenso no mais extremo da palavra. O diretor opta por vários planos que te deixam claro o perigo e a montagem intercala bem entre fechado (focando no perigo) e aberto (elevando mais ainda o perigo). Eis uma sequência que é uma escola de como fazer suspense.
O ato 3 conclui a obra, normalmente. No decorrer do filme não há um aprofundamento com os personagens, não empatia por personagem X ou Y (e quando há uma ponta disso acontece algo surpreendente). Interessante essa escolha porque apesar de estranha, no ato 2 você fica do lado deles porque eles estão enfrentando algo em comum: A Natureza. O que importa não é quem são, mas o que estão enfrentando.
É um excelente filme, apesar de início extremamente confuso. A linguagem adotada pelo diretor é precisa e dinâmica (isso ajuda bastante o filme).
É um bom documentário sim, independente da visão ou temática. Há um cuidado da direção com a forma, não sendo apenas uma colocada de câmera na frente de entrevistado (linguagem jornalística). Tanto que no primeiro diálogo do entrevistador com Olavo, há uma quebra de eixo na hora do corte que achei interessante, revelando que Olavo é contra a regra atual, ou seja, a onda alienada. No decorrer da projeção vemos um misto entre a vida particular e a vida filosófica. É importante e relevante mostrar esse lado familiar porque desmistifica a visão que alguns tem dele (isolado, solitário, louco etc). Ele é um cara comum, com diferencial de grande pensamento e estudo.
Também elogio a parte 3, onde temos uma reflexão sobre a eternidade (foi o trecho que mais gostei no documentário). O cenário é sombrio e a fotografia é dramática, com destaque vivo entre luz e sombra. Isso complementa a temática discutida que é geralmente tida como algo fora do comum. Filosofia pra uns é loucura, quando na realidade é uma necessidade do homem (talvez seja por isso que há muita alienação no meio moderno). A construção das sequências foi agradável e a duração também. 1h 20min é um tempo excelente para documentários assim. Mais do que isso ficaria enfadonho. Outro ponto interessante é que há uma quebra ao mostrar imagens de filmes antigos e que refletem o que se está falando (louvável porque com documentário você precisa encontrar meios de tornar o visual mais interessante e claro).
Eis aqui um exemplo de quando o conteúdo é maior que a forma. Admiro o esforço da direção, mas é complicado dirigir um filme onde o texto é maior que o visual. Mas, documentário é isso, o assunto é maior que o visual. Nesse caso ficou mais denso porque filosofia é pra se refletir no tempo do ouvinte e o cinema não proporciona isso porque o tempo é criado pela montagem e direção do filme (tanto que às vezes me peguei na dúvida entre refletir sobre a fala ou atentar para imagem - mas lembremos que documentário é mais texto do que imagem). Não costumo assistir documentário, mas gostei do que vi.
É preciso ter muito cuidado quando se propõe algo nos trailers, cartazes, slogan (marketing em geral) e vemos outro nas telonas. A expectativa gerada pode ser um problema. Para se reverter a situação é preciso que a obra entregue algo incrível e bom, mesmo que diferente.
Nesse caso "Ao Cair da Noite" cumpre com a reversão de expectativa e entrega um drama. E aliás, que drama envolvente, sombrio e claustrofóbico. O filme é sobre as relações humanas e o comportamento deles quando se está isolado por causa de uma doença mortal. O diretor sabe o que faz, nos mostrando a todo instante pistas falsas que fazem você pensar que é uma coisa X. Em outros momentos você pensa que é Y. No fim, não é nem X e nem Y. Isso é bom com um limite porque você acaba despertando um desejo imaginário no público que não tem haver com a trama e consequentemente, o filme não supre a necessidade de ver essa outra coisa.
A fotografia é bem escura e fria. Há um jogo de tomadas com um espelho que aumenta o clima de tensão. O roteiro é bem arquitetado, nos entregando personagens críveis e verossímeis. Nada forçado pra te obrigar a gostar ou não gostar. Outro ponto forte é o clima de paranoia. Não se sabe quase nada da doença, a não ser detalhes necessários para a trama (como o fato de não entrar em contato físico com a pessoa doente). O diretor sabendo disso nos mostra certas cenas que fazem você pensar: "huuumm, sei não, mas acho que aquele cara X é.....". Esse jogo paranoico é criado inteligentemente pela direção e atuações dos atores, que também estão incríveis. Uma das vantagens de não entrar no clichê de: "era tudo uma farsa e vocês foram enganados" é que 1 - já foi feito isso inúmeras vezes em outros filmes; 2 - seria apenas mais um filme de suspense interessante; 3 - permite que a obra se eleve mais em conteúdo; Mas,
aí entro noutra questão que pra mim foi problemático: o filme se parece com outros filmes já realizados (cenário, personagens, tema de isolamento etc). Vide Bruxa, A Vila etc. Isso deixa o filme sem identidade própria. A diferença está claramente na forma de abordagem do tema. Aliás, um outro tema que pra mim foi o 2° principal é a fase da puberdade (A cena incrível do diálogo entre Travis e Kim com subtexto sexual revela essa temática). Seria o filme também uma analogia ao que, na fase da puberdade de um homem, se faz a noite quando os desejos íntimos e sexuais se tornam vívidos? Também.
O tema de isolamento e paranoia é muito bem construído. E as consequências de ambos também são bem desenvolvidas, nada beirando ao surreal ou impossível. Aquilo é mais real do que se imagina. Destaco também a brilhante cena da conversa na mesa quando um GRAVE problema surge e uma questão fica no ar: Quem fez AQUILO? (lembro-me de ter me ajeitado na cadeira e pensado: agora o bicho vai pegar). Não espere um terror físico de monstros noturnos assustadores, até porque os "monstros" no filme não são físicos. Excelente filme sobre drama de relacionamento. Vale a pena conferir.
É um filme mediano, assim como a maioria dos filmes de super-herói. Vamos aos pontos:
1 - A relação da Mulher Maravilha com o Capitão Steve é bem divertida, leve e natural (as melhores cenas são com eles);
2 - O fato da personagem da Mulher Maravilha ser inocente com relação ao mundo real foi outro ponto forte do filme. E essa inocência é bem transmitida no decorrer do filme nos dando cenas BEM divertidas e engraçadas;
3 - O roteiro é bem construído quando se trata de filmes dessa linha. Apesar dos pesares, conseguem transmitir bem a mensagem e contextualizar os personagens, motivação etc.;
4 - As sequências de batalha são muito boas. A coreografia é bem feita e você se empolga com as lutas, principalmente a sequência de luta na "Ilha do Paraíso";
5 - A trilha sonora tá perfeita para a personagem. Eis uma das melhores coisas do filme;
Com relação as fraquezas do filme estão a sequência de batalha final que é só visual e visual. Não há um dilema forte. Além do mais a resolução parece desenho infantil dando lição sobre o amor, bem fraco. A cena quando ela descobre que matando o suposto Ares não se resolve a maldade humana é MUITO boa. Essa queda de expectativa da personagem poderia ser mantida, mas, quem sou eu pra sonhar assim, estamos falando de filme-pipoca-super herói. Daí logo depois é jogado na lata do lixo o que ela pensava e sentia sobre isso. Esses filmes deveriam aprender com Animes a criar lutas com dilemas fortes e motivações que realmente emocionam.
Outra coisa é que a Gal Gadot tem um perfil interessante (principalmente como uma agente), mas ainda falta o lado mais dramático dela ser realçado. Não senti emoção nas cenas mais dramáticas e uma decisão lá de matar um personagem foi uma necessidade, então acabou não sendo tão forte. Tem muito dedo de Snyder, claro. Mas vejo isso como um problema porque todos os filmes da DC tem a mesma cara --'
Enfim, é divertido o filme (as melhores cenas foram as cômicas da relação entre o casalzinho), e as sequências de luta, de resto fica na mesma e só muda porque é uma mulher batalhando.
QUE FILME! A proposta é um tanto bizarra (uma festa onde é preciso dançar por dias até o fim), mas quando entende-se a mensagem, eleva o filme a um patamar maior de qualidade. O desespero é tanto que as pessoas aceitam o desafio pra conseguir algum dinheiro e sobreviver mais um pouco no período negro que foi a Grande Depressão. Os personagens são cativantes, tanto a Glória quanto Robert refletem um certo carisma, mesmo sendo tão opostos. Gloria (Jane Fonda) é uma mulher seca e grossa. Fruto do tempo e do período. Robert (Michael Sarrazin) é um andarilho que só participou do evento porque estava lá observando e não tinha outra coisa pra fazer (O que há de se fazer num Estados Unidos devastado!?).
O roteiro é inteligente e nos dá pistas do período. Você se importa com os personagens e torce por eles (realço que a torcia não é só pelos principais, mas há personagens secundários que você se compadece e acaba desejando que vençam também). Os diálogos são bem costurados e nos permite entrar naquele mundo. Interessante notar que há uma certa elegância no evento. Elegância mascarada pelo tempo sombrio. Aquela famosa frase: "O show deve continuar" traduz bem a mensagem do filme. Aliás, a única esperança que nos é dada no filme é
TIRADA no ato final que nos revela que no fim, o prêmio se resumiria a quase nada em dinheiro por causa dos gastos com o evento. E pra fechar com chave de ouro a temática crua e seca, o final é chocante e trágico.
Já listei entre os melhores filmes que já assisti. O filme todo, além de uma mensagem direta e sem rodeios (O que a necessidade de um pouco de comida e água leva o ser humano a fazer), é bem realizado.
Confesso que o filme é até original na maioria dos elementos escolhidos. Me surpreendeu positivamente. A solução do roteiro em ter 3 personagens, sendo que 1 só entra na ação no final do segundo ato foi muito boa. Essa originalidade muda o clima totalmente, mas, mesmo assim, foi mal aproveitado porque poderiam explorar essa questão de 1 não saber e os outros 2 saberem. Fiquei surpreso também porque os personagens não tomam decisões tolas e eles agem rápido. Não perde-se tempo discutindo quem é o perseguidor (tanto que a garota do filme, mesmo não sabendo direito da situação, já aceita fugir imaginando o perigo). Outra coisa boa foi a motivação que levou o perseguidor a fazer o que fez. Achei bem original.
O filme é um bom suspense de estrada. Mas, eu não gosto quando há muita destruição à la hollywood. Seria melhor se fosse uma coisa mais fechada, só os jovens contra o perseguidor (Wolf Creek 1 é excelente por causa disso também). E no ato 3 temos quase que uma destruição em massa (um hotel é destruído com policiais lá e tudo). Seria mais desesperador, volto a dizer, se ficasse só entre os jovens e o perseguidor. Mas, em geral o filme é muito bom. As decisões do roteiro e dos personagens são críveis. Só alguns diálogos que são sofríveis e clichês.
Primeiro minuto do filme e o público já está apreensivo. Os minutos passam e no decorrer do filme todo é um vai e vem de tragédias atrás de tragédias. Impossível não se grudar na cadeira. Louvor ao trabalho do roteirista e da direção. O roteiro estabelece um personagem com quem já temos empatia e nos importamos com ele. No decorrer do filme nos dá uma transformação gritante do personagem, mas tudo motivado pelas circunstâncias e, mesmo assim, você permanece do lado do protagonista.
A direção é precisa ao nos revelar apenas o essencial e o pontual. Não há desvios para uma romantização desnecessária (vemos o suficiente com o que nos é mostrado). Não há desvio para o drama (daqueles que aumentam a trilha pra te obrigarem a chorar). A opção foi o suspense e a tortura. O filme é bastante físico. O estopim da mudança do personagem rendeu uma das cenas mais belas que já assisti:
Conto sobre a moralidade e os escrúpulos dos vigaristas que enganam as pessoas pobres por serem ignorantes e facilmente ludibriadas (critica a Igreja católica e ao estado). Com isso você já sente nojo dos personagens que, de vez em quando, é apresentado alguma humanidade, porém, em alguns deles, apenas aparente. A podridão às claras é mostrado através de uma festa de fim de ano onde os ricos e ladrões curtem uma festa, a festa do vazio moral e felicidade aparente.
Aos poucos um dos personagens mostra-se amável e arrependido. Tanto que na parte final você sente pena dele e até torce pra ele se redimir, mas, o clímax final é cru e seco. Como um carinha comentou abaixo: "não há possibilidade de redenção" e o fim é a desgraça e a solidão.
Filme bonito, apesar do assunto sujo. É meu primeiro filme de Frederico Fellini e gostei do toque dele. Consegue te fazer ficar emotivo mesmo com canalhas.
O conceito de Batman aplicado a um tom realista. Desejo de Matar é um excelente filme. O roteiro é preciso e objetivo, citando apenas os momentos dramáticos e que poderiam ser até explorados (como a filha traumatizada), mas, inteligentemente, eles não desenvolvem tanto esse arco, até porque ficaria um drama, o que claramente não é o objetivo do filme (e QUE BOM que não é). Paul Kersey é bem interpretado por Bronson com sua frieza e naturalidade de um cidadão comum: vida familiar tranquila, trabalho ordinário e cotidiano real. A mudança do personagem após o ato contra sua família é mostrada bem pela linguagem cinematográfica, exemplo, a cena em que ele está sozinho no escuro e em casa (claramente ali há uma abertura para mudança de homem pacífico para justiceiro solitário). Notei alguns problemas pequenos aqui e ali, mas nada demais (me refiro ao roteiro).
O filme é claramente pró-armamentista e sai em defesa da auto-defesa. Confesso que cai como uma luva para os dias atuais no Brasil. A bandidagem rola solta e não há, claramente, controle da polícia que parece não estar nem aí. Em alguns momentos soa muito expositivo o discurso de precisar ter uma arma, o que suja um pouco o filme porque poderia ser mostrado de forma mais inteligente e visual. Às vezes beira a como se tivesse falando para crianças. O protagonista e o arco tanto dramático quanto fílmico é bem construído. Você torce por ele e gosta quando ele sai pelas ruas procurando algum bandido pra matar. Como eu citei acima, a parta da filha em estado crítico de sanidade você nem quer saber tanto porque o filme, com habilidade, nos deixa apenas com o "lobo solitário Paul". O filme deixa claro também o erro da justiça porque a maioria dos bandidos citados já tiveram ficha criminal ou estavam em condicional (concluímos que o sistema carcerário não deu conta).
O discurso gira em torno da vingança própria, já que a justiça não é competente. Confesso que o 3° ato dá a entender que vai para um caminho que seria ruim, mas no fim dele, nos dá um clímax MUITO BOM e um final digno e empolgante. Adorei o filme.
Ele até mantém um excelente ritmo (teve um momento que falei: já tá na hora de acontecer tal coisa, e logo na cena seguinte, acontece) e uma história diferenciada dos 3 (O 1° foi suspense sugestivo, o 2° ação militarista e esse 3° tragédia pura), o que é ótimo, mas, peca em algumas coisas que o deixam apenas mediano (Digamos que da trilogia a escala de qualidade é decrescente da ordem dos filmes).
O filme é depressivo do início ao fim. Desde a cena inicial e quando descobrimos o que acontece com os passageiros que estavam com ela (resultado do final do segundo filme), você já fica pra baixo. Isso é uma forma realmente BEM diferente de começar, porém, criativa e original. Todo contexto também ajuda a criar essa atmosfera depressiva (ela como única mulher num planeta com homens E ex-assassinos, estupradores etc). Pra piorar no meio do filme desconfiamos de algo e depois nos é revelado que deixa-o mais TRÁGICO ainda. Esse clima me agrada no filme.
Ressalto aqui a fotografia que é simples, mas transmite bem todo esse ambiente negativo. Vemos tons bem amarelados, muitos planos fechados e em contra-plongé (ao invés de mostrar superioridade, revela um certo desnorteamento ou falta de equilíbrio). O roteiro é até interessante, mas possui muito diálogo filosófico desnecessário, inclusive isso poderia ser explorado mais e de outra forma (a exemplo temos Mad Max: Estrada da Fúria). Outro ponto fraquíssimo foi o CGI usado no Alien que sinceramente, tira toda possibilidade de paixão eterna pelo filme. Sei que CGI não deve importar, mas ali tava HORRÍVEL!! Ainda bem que Fincher é um bom diretor e tentou contornar com uma direção ágil (como na visão subjetiva do Alien correndo atrás dos homens). Eis outro ponto fraco, os personagens secundários são completamente inúteis e idiotizados. Foi uma espécie de humor forçado.
Enfim, o filme tem uma excelente proposta, um ritmo hábil, direção até ousada, mas com roteiro fraco fica difícil. Li que houve muita interferência dos produtores, então talvez se Fincher tivesse mais liberdade, faria algo BEM MELHOR. É mediano, mas vale a assistida.
Filme de terror requintado. Não espere por monstros feios, jumpscares gratuitos e falta de conteúdo (terror pelo terror). Eis o tipo de filme de terror que me agrada.
A história é sobre rapaz negro que vai visitar os parentes da namorada para conhecê-los. A cena de abertura já nos mostra que veremos algo de primeira com um plano sequência muito bem executado. Interessante notar também que o suspense está na atmosfera do ambiente e não em sustos. E isso casa perfeitamente com a proposta do filme, que está claro no trailer. O grande lance aqui estão nos detalhes e a tensão é bem estabelecida e construída no primeiro ato.
O desenvolvimento mantém a peteca no alto devido às situações bem criadas, porém, ao meu ver, poderiam ser mais exploradas. Além do mais algumas decisões de roteiro do meio pro final me deixaram com um pé atrás porque poderiam ser melhor desenvolvidas (há uma cena em que algo importante nos é revelado, mas não examinado e só voltamos a isso no final). Pra mim foram falhas simples que poderia torná-lo melhor. Neste caso, a duração poderia ser maior.
Outra coisa é a exposição demais em algumas cenas que são tão faladas quando mostradas (só mostrar já basta). Como eu disse, é bem didático o filme. Em certos momentos chegam a nos pegar pelas mãos como se fossemos criança, o que é ruim (a exemplo temos a cena que citei acima sobre o algo importante - seria como se o vilão dissesse o ponto fraco em alto e bom som). Outro ponto aparentemente destoante mas que é bem executado é o humor do filme. Há cenas muito engraçadas que ajudam a aliviar a tensão.
Apesar desses pormenores o filme é excelente. Me lembrou o Corrente do Mal que é terror com pano de fundo falando sobre tema relevante: DST. Tem umas sacadas interessantes no filme e uma delas é bem executada quando revelada. Vale a assistida.
Na primeira vez que assisti o filme, achei normal. Hoje, após mais de 7 anos, assisti novamente e reconheço sua genialidade.
Shayamalan tem características próprias em suas direções e seus filmes: ritmo lento, tomadas simples e objetiva, e movimentação de câmera quase que em todas as cenas. Logo na primeira cena quando Dan começa diálogo com passageira que está ao lado e criança no banco da frente observa-o, percebemos seu estilo simples, mas belo e eficaz. Vemos a conversa como que dos olhos da criança (a câmera está na poltrona da frente e vai e vem lateralmente). Há muito significados também nos enquadramentos, como quando vemos o nascimento do Sr. Vidro (enquadrado através de espelhos). O ritmo lento do filme não atrapalha porque o roteiro e os diálogos são muito bem trabalhados. O estilo do filme é intimista, assim como a proposta do herói.
"Corpo Fechado" nada mais é do que uma história de super-herói como as outras, porém sem a extravagância de cidades destruídas, vilões querendo dominar o mundo etc. Como eu disse acima, é algo intimista. Os elementos de narrativa heroica estão todos ali: Descobrimento do poder (Dan não se quebra os ossos), Negação (Dan, a princípio, não acredita nessa "bobagem"), Treinamento da habilidade (cena da musculação), Salvamento (Dan salva família de cativeiro), Herói com ponto fraco, Batalha contra o mal (Dan contra o assassino e sequestrador), Capa do herói (batman é aquela roupa de morcego, Dan é aquela capa de chuva) entre outros mais.
O genial é justamente essa forma como Shayamalan trabalha isso adaptado aos moldes humanos em contexto humano (nada de outro planeta ou aliens). Outro ponto forte é o roteiro que nos entrega um significado maior e motivação mais filosófica (por exemplo: O vilão
apenas quer encontrar o seu oposto e não dominar o mundo)
. E há todo um discurso em volta disso, algo como Yin-Yang.
É um filme que precisa ser revisitado por muitos. Detalhe que o lançamento foi MUITO antes dessa onda de super heróis atual. Mas, apesar de antigo, é MUITO melhor que a maioria dos filmes de heróis da atualidade. Com relação ao final e ao anseio pelo plot twist:
A proposta é muito boa e promissora. A execução não é ousada. O resultado é um filme abaixo da média e comum.
Qualquer filme tem uma premissa básica e NECESSÁRIA, dependendo do que se propõe. E claramente esse tem como alvo o desespero e a claustrofobia. Porém, apenas um destes é executado bem e mesmo assim com limitações. A atuação do Ryan Reynolds se resume a gritos de desespero e xingamentos. Não há momento intimista de desespero que com certeza agravaria mais. A direção não ajuda a passar sensação de claustrofobia por causa de algumas tomadas de câmera e incoerências. Exemplo: temos uma noção de espacialidade que é quebrada quando vemos uma tomada mostrando a câmera se distanciando do personagem (tudo bem que o objetivo era mostrar o quão isolado ele estava, porém, em consequência, era uma vez claustrofobia). Essas decisões acabam por negativar a sensação de desespero por falta de ar e de espaço. Não fiquei com essa sensação e isso é ruim pra um filme como esse.
Outro problema está relacionado ao roteiro. A ideia é passar o quanto
as corporações não ligam para um simples funcionário
. Só que há algumas situações que forçaram a barra como o diálogo com um dos diretores da companhia. Além disso temos algumas decisões estranhas do personagem (ou seria falta delas!?). Em determinado momento sabemos do desespero do personagem, mas ele acha tempo pra, por exemplo, quando o celular toca (ressalvo que é o ÚNICO meio de comunicação que poderá ajudar ele a sair), mas ele demora a atender por estar puto com uma outra situação ou apenas refletindo (isso não faz nenhum sentido pra quem tá ENTERRADO VIVO e SEM AR). Enfim, há outros casos que lembram exemplos do que citei.
A tensão é passada, contudo, de forma quase que obrigando o público a sentir o que querem que sintam. Exemplo: a trilha sonora em certos momentos aumenta quando o personagem precisa agir rápido. Só que isso é um recurso pobre e barato que até transmite com eficácia a aflição, mas poderia ter sido de outra forma. Pareceu preguiçã e forçação por falta de outra ideia.
O filme entretém como propõe. Mas deixa brechas que faz você pensar: por que ele não fez isso? Ou aquilo? E quando isso acontece é porque algo está errado com o filme. Ele é bonzinho, divertido e com final interessante, mas apenas mais um.
Difícil dar nota pra esse filme. Surrealismo puro e puxado para o terror. Confesso que no meio do filme queria parar de assistir, não pela qualidade ruim, mas porque é grotesco, estranho, sinistro, inquietante. A trilha sonora atordoa com sons como se fossem de fábrica (um barulho constante). É um filme que provavelmente te dará repulsa. A menina que dança é angustiante. O bebê é esdrúxulo.
Mas, vindo de Lynch, tudo é proposital e tá ali para causar justamente esses sentimentos estranhos. Apesar do tom enigmático, dá para se notar críticas pontuais, julgando pelo contexto do filme: fábrica, pobreza etc.
Taí um filme que queria pra terminar logo pra acabar com a agonia que sentia durante o filme. Talvez a beleza dele está na estranheza.
Filme que conta de forma artística o que acontece atualmente. O ator Joaquin transmite muito bem o senso de carência e anti-socialismo do personagem. Logo no começo percebemos isso. A história que fala sobre a falta de relacionamento e o apego extremo à tecnologia é bem contada (o roteiro é bem escrito e foca também no lado imaginativo das coisas - exemplo da cena onde Theodore faz "sexo" com o Sistema Operacional e apenas ouvimos e não vemos imagem), bem dirigida (a relação dos personagens com a história é perfeitamente plausível e assustadoramente real) e bem fotografada (as cores do filme são maravilhosas).
Alguns assuntos podem ser levantados que o filme critica: apego à tecnologia e frieza nos relacionamentos humanos (a própria profissão dele mostra isso, onde ele terceiriza cartas de amor para outros - mais fácil pagar alguém pra escrever algo do que a própria pessoa escrever - frieza total). A relação de apego com o sistema é tanto que em certos momentos beira ao terror (é assustador isso, pessoas amando uma inteligência artificial). Outro ponto fortíssimo é o trabalho da sugestão. Destaco o ponto forte da sugestão de sexo, por exemplo. Você apenas ouve a voz e sente as palavras, mas não vê o ato em si, e mesmo assim fica agitado como se visse, gosto de filmes assim. Vemos muitos planos fechados no rosto do Theodore, mostrando o quão sufocado é a vida dele. Além disso o figurino realça o quão deslocado ele é da sociedade (as roupas deles são diferentes).
É um excelente filme que aborda assuntos interessantes e relevantes. Os problemas que achei foram 2:
1 - A duração é longa demais. Claramente a história poderia ser contada com muito menos. Portanto, em certos momentos, fica enfadonho;
2 - Solução infantil para acontecer o que acontece no final. Claramente a inteligência artificial assume papel de mulher física e real, inclusive com os problemas (entendo que seja a humanização desta), mas, ao meu ver poderia ser menos agudo essa humanização e consciência do AI, além da mulher ter sido unidimensional, ou seja, as mulheres, mesmo como AI, são daquele jeito: estérica, ciumenta etc. (achei pobre isso);
Independente do que for, a poesia visual impera nesse filme. Há um trabalho simétrico muito bem dirigido e fotografado. O filme é uma história convencional de caso amoroso, mas contada de forma nada convencional (surrealismo). O filme é recheado com trilha sonora de suspense e mistério, aliado a interpretações, propositadamente, frias e distantes. Uma grande obra de Alan Resnais. Confesso que fiquei encantado com o que vi.
Infelizmente não pude apreciar da melhor forma por não saber francês, o que inevitavelmente te faz perder alguns detalhes. Esse é o karma de apreciar arte estrangeira. Precisarei assistir novamente para apreciar melhor. Mas, quanto a trama em si, apesar do surreal, ela conta algo pé no chão. Interessante que o filme aborda sobre como as nossas lembranças são fragmentadas e por isso, às vezes, lembramos de parte do todo ou talvez nem da parte.
O problema aqui é que não há um envolvimento com os personagens. Você não se importa com eles. Mas, pode ter sido proposital porque as interpretações são frias e mortas e o filme é mais de sensação e apreciação do que outra coisa. Outra questão é a duração que, apesar de pequena, me passou a ideia de que a história poderia ser contada em bem menos tempo.
No mais é um excelente filme, saí encantado com a obra.
Excelente! O filme te prende até o final com uma história batida de inteligência artificial, porém com identidade própria.
Um dos pontos fortes é a objetividade. O filme não perde tempo e vai direto ao assunto no qual a história gira em torno. Também notamos desde o início que será uma trama sinistra e que o perigo espreita o protagonista (Caleb) por causa da trilha sonora que causa estranheza, o local onde mora o poderoso da CEO (Nathan) que é um lugar isolado e escondido de todos, quase um QG militar. A fotografia também revela a estranheza do filme quando nos mostra iluminação clara, mas sempre com sombras dramáticas. Além disso, os planos do cenário que cercam a casa nos mostram a ideia de confinamento, prisão.
Com relação ao roteiro ressalvo a história que é bem escrita, apesar de alguns itens não convincentes. A exemplo temos o fato do Nathan estar trabalhando em algo inovador para humanidade e, mesmo falando da preocupação
mostrando o contrato e com toda aquela tecnologia, ele ainda usa um sistema de CARTÃO para entrar e sair (sistema de reconhecimento digital ou biométrico mandou lembranças).
Quanto ao mais é interessante e os diálogos são bem construídos. Até uma simples conversa nos revela algo da história (às vezes conversas do cotidiano são só pra encher linguiça). O personagem de Nathan é isolado, prepotente e vazio em sentimentos (seria uma analogia a visão do roteirista sobre Deus? Pareceu).
Parabenizo a direção que é espetacular!! Caleb são os olhos do público e também os sentimentos. Sabendo disso o diretor nos faz sentir pena de Ava (androide) com planos fechados do rosto de Ava, mostrando nuances de emoção, medo e receio. E paixão, quando nos mostra tomadas de Ava colocando vestido, peruca, como se tivesse se arrumando para encontro (lembro de ter ficado torcendo pra o personagem do Caleb ve-la como mulher mesmo e não robô). Lembro também dos olhos da atriz que demonstram que apesar de robô, ali há algo com mesmos sentimentos humanos. O filme é bastante competente nisso e não se limita ao suspense pelo suspense, há ali toques de discussões filosóficas, existenciais e até éticas. O extraordinário também foi a escolha de optarem por uma mulher robô com pequenos traços humanos e não a clássica de uma mulher real, mas com comportamento robô (É genial porque a imagem dela com fios e luzes dentro do corpo é bizarra, mas mesmo assim você sente apreço e até releva isso).
lembro-me da cena onde Caleb vê que os robôs queriam fugir e a cena nos faz sentir asco de Nathan.
Mas, se formos pensar, são apenas robôs e não deveríamos estar sentindo pena deles (esse trecho fiquei refletindo depois e achei um tanto perigoso porque: vai que querem fazer isso mesmo no futuro - robôs com mais direitos do que humanos). Interessante que ao final vemos que Ava
entendeu como funciona a mente humana e a manipulou, usando duas das piores características humanas: oportunismo e egoísmo (quem viu saberá que aquilo tudo foi sacanagem). Percebemos isso no teste que a androide faz com Caleb onde uma das perguntas é: "você é bom!?" e após a respota de Caleb, ela não fala se ele está mentindo ou não, mas pela expressão dele sabemos que ele demonstrou algo que ela queria para coneguir seu objetivo: inocência.
A analogia mais forte é sobre a criação, onde temos elementos: Criação, propósito de vida, criador opressivo e criatura querendo liberdade etc. Quanto ao final, não esperava aquela escolha (não esperava porque torcia por outra escolha), mas a escolha foi boa.
Emoji: O Filme
2.7 263 Assista AgoraPor incrível que pareça só começa a entregar algo um pouco mais interessante quando entra na parte mais dramática, que é mais pro final. Os trechos de comédia são muito ruins, as piadas são tão bobas que nem criança ri. Proposta interessante, porém muito mal executada. Nem vale a pena.
O Acampamento
3.0 113 Assista AgoraO Acampamento é um suspense que conta estória de casal que acampa perto de rio e acabam encontrando um bebê perdido. A partir daí começa a tensão.
Tenho que elogiar a montagem do filme. A forma como é apresentada a narrativa é MUITO bem idealizada, deixando o suspense elevado por bastante tempo. Basicamente: há 2 estórias se passando, uma no presente e outra no futuro. A grande sacada está em contar ambas as estórias entrecortadas e NÃO diferenciar passado e presente por cor ou efeitos diferenciador de imagem (o mais comum). Aqui ambas as estórias são contadas com mesma linguagem e pode parecer confuso, mas o público atento percebe a alternância logo quando esta acontece. O fato de ambas as estórias serem entrecortadas aumenta e MUITO o suspense porque eles cortam sempre no meio de um perigo em potencial. Uma sacada narrativa e tanto (sem falar das elipses de tempo).
Outro ponto positivo é a ausência de jumpscare. Não há apelo pra esse recurso raso porque o diretor consegue transmitir intensidade e medo usando pouquíssima trilha sonora (zero quase) e muito som ambiente. O silêncio já te deixa aflito. A fotografia opta pelo tom naturalista, tanto que a noite é REALMENTE escuro. A trama em si é simples e não há nada surreal. O que agrava a tensão é o medo da violência, principalmente quando se tem um bebê envolvido (há uma cena com o bebê que choca). Outro fator que corrobora é a violência brutal porque além de fazerem algo terrível com as mulheres, ainda fazem um jogo sádico de tiro ao alvo com as vítimas (é chocante e cruel). Isso faz você clamar pela sobrevivência do casal. Mais um fator positivo: a transformação da Sam (ponto pro roteiro). Ela começa como uma mulher insegura e sempre esperando pelo namorado e muda pra uma mulher decidida e até mais MACHO que o próprio Homem (impossível não ficar com raiva daquele frouxo kkk).
Surpreso com o filme que consegue te deixar tenso do início ao fim. Suspense, terror sugestivo e gráfico. Aliás, notei que o pessoal que assistia não curtiu o final, mas aquele PLANO no hospital marcam final disse muito com pouco.
David Lynch: A Vida de Um Artista
4.0 45Uma viagem ao mundo misterioso e surreal de Lynch que conta sua origem até seu primeiro filme. Por se tratar de um grande diretor, esperava mais do documentário que, em ritmo lento e arrastado, opta pela história de Lynch, encurtando-a até apenas seu primeiro filme, Ereaserhead. Mas, foi bom saber como ele vivia e como tudo começou.
Quem é fã vai até gostar, mas eu queria mais. Tanto que quando acabou eu fiquei: mas já!?
OBS: aquele curta experimental dele é assustador.
Grave
3.4 1,1KPense num filme que incomoda sem ser vazio. É visceral e ousado. Num contexto de horror misturado com drama, temos uma excelente analogia com a transição da adolescência pra juventude, da escola pra faculdade, da dependência pra independência. A protagonista se transforma de uma doce jovem para uma libertina e selvagem. Mudança de forma orgânica e muito bem construída.
Outra lição e já entro na parte dramática, é a não evolução do ser humano. É triste ver a degradação de quando o ser humano se torna um animal. Fiquei impressionado de como a diretora conseguiu passar esses dois tons num filme. Aliás, a trilha sonora é sensacional também, confesso que meio intrusa às vezes, mas nada demais. É irônico o fato deles serem estudantes de veterinária que cuidam dos animais, mas não cuidam deles mesmos.
Outro ponto que notei foi uma espécie de canibalismo aliado a um ultra sadomasoquismo. O prazer dela está em comer carne humana. A cena do espelho, da transformação é muito boa. Ela começa dançando devagar e vai acelerando e se soltando. As cores do filme também são excelentes, com presença forte do vermelho. É uma obra singular e muito bem realizada. Gostei de cada minuto do filme.
O Jogo de Emoções
3.9 20 Assista AgoraFilme prazeroso de se assistir. Uma direção pontual, que não visa o glamour ou o exagero. Até porque estamos tratando de um tema que necessidade de tranquilidade e frieza. Aliás, interessante notar como o relacionamento dos personagens é frio e calculista. É deixado claro que a emoção atrapalha e prejudica o jogo. O roteiro é bem escrito e só vejo um problema nele:
protagonista demora muito pra entender o que o público atento compreende bem antes
Sem mais a falar, todo conceito do filme é bem realizado. O trabalho de som é louvável porque usa muito do silêncio e do som ambiente, permitindo ser um filme que prima pelos detalhes imagéticos. Caso houvesse muito uso de trilha, acabaria dispersando o público. A fotografia chega próximo ao Noir com luz, sombra e fumaça. É um excelente filme. Confesso que "Truque de Mestre" deveria ser nesse estilo: realista e inteligente e não aquela fantasia non-sense que faz perder até a graça.
Planeta dos Macacos: A Guerra
4.0 968 Assista AgoraSó assisti ao primeiro filme que foi muito bom. O segundo não tive vontade. O terceiro só assisti por causa de um plano (PRIMEPASS) que tenho onde só vale a pena quando se assiste muitos filmes no cinema.
Grata surpresa. Somos projetados para uma aventura símia onde há luta entre valores particulares (conflito interno) e gerais (conflito externo - físico). A transformação de de Cesar é bem trabalhada e desenvolvida. Você sente o que ele se torna sem se sentir forçado a isso. Vale lembrar que Cesar foi obrigado pelas circunstâncias a estar na guerra, e isso é um ponto fortíssimo da narrativa porque sai do herói que quer ser herói e se torna herói. As cenas são muito bem fotografadas e dirigidas. O trabalho de efeito visual também está incrível. Não teve momento em que falei: "Ahh não, ali foi efeito".
O filme me surpreendeu também pelo fato de ser corajoso em algumas decisões (principalmente a do final). Há várias mortes no filme dramáticas. O que é bom porque numa batalha alguém sempre morre, e alguém próximo (ao contrário dessa onda de super-heróis que na batalha ninguém morre e mal se fere --'). Fui surpreendido positivamente. A falha do filme está nos momentos onde quase sempre a trilha sonora está presente pra te obrigar a chorar ou ficar tenso. Às vezes o silêncio seria mais épico. Outra questão é o fato do Generalzão lá ser o puro Coronel Kurtz de Apocalypse Now. Inspiração? Sim, mas deveria ter um limite. Tanto que ficou em alguns momentos inferior a tentativa do ator Woody Harrelson de ser Marlon Brando.
Enfim, são detalhes mínimos que comprometem pouco o filme. Gostei do que vi. Esperava menos. Aliás, a analogia clara com a saga de Moisés da Bíblia. Temos Moisés, povo escravo, terra prometida e até a
não entrada do Cesar na terra prometida.
XX
2.7 241São contos bem interessantes, mas começar com o melhor é ruim porque há uma expectativa para os outros serem tão bons quanto, mas não é.
O primeiro (A Caixa) segue a linha do terror mais subjetivo e intelectual, principalmente com aquele final e o mistério da caixa. O melhor em vários termos, principalmente como roteiro que cumpre precisamente o papel de terror. A direção também é afiada, deixando-nos tensos, mesmo sem saber a razão exata. O melhor dos 4.
O segundo (A Festa de Aniversário) tá mais pra comitradégia (tragédia cômica). O terror ali é do fato em si, mas da forma como nos é mostrada tá mais pra humor. Além de ter um apelo pra te forçar a se assustar com aquela famosa trilha repentina e aguda. Não curti tanto.
O terceiro (Não Caia) é um classicão. Vi mais como uma homenagem do que qualquer coisa. Os personagens são batidos e estereotipados e as situações também. Esse é daqueles pra ver a uma certa distância e se divertir (não há tensão nem tensão - o primeiro faz isso bem). É uma mistura de cenário de Wolf Creek com a criatura do filme A Caverna. Nada demais.
O quarto (Meu Único Filho Vivo) é sinistro e com uma história mais potente. Também achei bem interessante. Filmes que lembrem esse curta: Bebê de Rosemary e Fragmentado. Está claro elementos desses filmes. Instigante.
O Comboio do Medo
4.1 135Filme com uma das melhores sequências de suspense já criadas e uma excelente exploração da temática: homem vs natureza.
Confesso que no ato 1 fiquei muito confuso porque não é deixado claro o que realmente está acontecendo. Você vê ações específicas em locais diferentes e ponto. Há muita referência para o contexto da época que talvez possa ter afetado minha interpretação. Mas, ainda sim o roteiro não esclarece pontos inicias para te fazer engajar com os personagens. E isso vai até os 40/50 minutos em média.
O ato 2 é uma aula de desenvolvimento de ação, direção e montagem. Quando eles partem pra aventurar-se no comboio o filme torna-se tenso no mais extremo da palavra. O diretor opta por vários planos que te deixam claro o perigo e a montagem intercala bem entre fechado (focando no perigo) e aberto (elevando mais ainda o perigo). Eis uma sequência que é uma escola de como fazer suspense.
O ato 3 conclui a obra, normalmente. No decorrer do filme não há um aprofundamento com os personagens, não empatia por personagem X ou Y (e quando há uma ponta disso acontece algo surpreendente). Interessante essa escolha porque apesar de estranha, no ato 2 você fica do lado deles porque eles estão enfrentando algo em comum: A Natureza. O que importa não é quem são, mas o que estão enfrentando.
É um excelente filme, apesar de início extremamente confuso. A linguagem adotada pelo diretor é precisa e dinâmica (isso ajuda bastante o filme).
O Jardim das Aflições
3.5 152É um bom documentário sim, independente da visão ou temática. Há um cuidado da direção com a forma, não sendo apenas uma colocada de câmera na frente de entrevistado (linguagem jornalística). Tanto que no primeiro diálogo do entrevistador com Olavo, há uma quebra de eixo na hora do corte que achei interessante, revelando que Olavo é contra a regra atual, ou seja, a onda alienada. No decorrer da projeção vemos um misto entre a vida particular e a vida filosófica. É importante e relevante mostrar esse lado familiar porque desmistifica a visão que alguns tem dele (isolado, solitário, louco etc). Ele é um cara comum, com diferencial de grande pensamento e estudo.
Também elogio a parte 3, onde temos uma reflexão sobre a eternidade (foi o trecho que mais gostei no documentário). O cenário é sombrio e a fotografia é dramática, com destaque vivo entre luz e sombra. Isso complementa a temática discutida que é geralmente tida como algo fora do comum. Filosofia pra uns é loucura, quando na realidade é uma necessidade do homem (talvez seja por isso que há muita alienação no meio moderno). A construção das sequências foi agradável e a duração também. 1h 20min é um tempo excelente para documentários assim. Mais do que isso ficaria enfadonho. Outro ponto interessante é que há uma quebra ao mostrar imagens de filmes antigos e que refletem o que se está falando (louvável porque com documentário você precisa encontrar meios de tornar o visual mais interessante e claro).
Eis aqui um exemplo de quando o conteúdo é maior que a forma. Admiro o esforço da direção, mas é complicado dirigir um filme onde o texto é maior que o visual. Mas, documentário é isso, o assunto é maior que o visual. Nesse caso ficou mais denso porque filosofia é pra se refletir no tempo do ouvinte e o cinema não proporciona isso porque o tempo é criado pela montagem e direção do filme (tanto que às vezes me peguei na dúvida entre refletir sobre a fala ou atentar para imagem - mas lembremos que documentário é mais texto do que imagem). Não costumo assistir documentário, mas gostei do que vi.
Ao Cair da Noite
3.1 977 Assista AgoraÉ preciso ter muito cuidado quando se propõe algo nos trailers, cartazes, slogan (marketing em geral) e vemos outro nas telonas. A expectativa gerada pode ser um problema. Para se reverter a situação é preciso que a obra entregue algo incrível e bom, mesmo que diferente.
Nesse caso "Ao Cair da Noite" cumpre com a reversão de expectativa e entrega um drama. E aliás, que drama envolvente, sombrio e claustrofóbico. O filme é sobre as relações humanas e o comportamento deles quando se está isolado por causa de uma doença mortal. O diretor sabe o que faz, nos mostrando a todo instante pistas falsas que fazem você pensar que é uma coisa X. Em outros momentos você pensa que é Y. No fim, não é nem X e nem Y. Isso é bom com um limite porque você acaba despertando um desejo imaginário no público que não tem haver com a trama e consequentemente, o filme não supre a necessidade de ver essa outra coisa.
A fotografia é bem escura e fria. Há um jogo de tomadas com um espelho que aumenta o clima de tensão. O roteiro é bem arquitetado, nos entregando personagens críveis e verossímeis. Nada forçado pra te obrigar a gostar ou não gostar. Outro ponto forte é o clima de paranoia. Não se sabe quase nada da doença, a não ser detalhes necessários para a trama (como o fato de não entrar em contato físico com a pessoa doente). O diretor sabendo disso nos mostra certas cenas que fazem você pensar: "huuumm, sei não, mas acho que aquele cara X é.....". Esse jogo paranoico é criado inteligentemente pela direção e atuações dos atores, que também estão incríveis. Uma das vantagens de não entrar no clichê de: "era tudo uma farsa e vocês foram enganados" é que 1 - já foi feito isso inúmeras vezes em outros filmes; 2 - seria apenas mais um filme de suspense interessante; 3 - permite que a obra se eleve mais em conteúdo; Mas,
aí entro noutra questão que pra mim foi problemático: o filme se parece com outros filmes já realizados (cenário, personagens, tema de isolamento etc). Vide Bruxa, A Vila etc. Isso deixa o filme sem identidade própria. A diferença está claramente na forma de abordagem do tema. Aliás, um outro tema que pra mim foi o 2° principal é a fase da puberdade (A cena incrível do diálogo entre Travis e Kim com subtexto sexual revela essa temática). Seria o filme também uma analogia ao que, na fase da puberdade de um homem, se faz a noite quando os desejos íntimos e sexuais se tornam vívidos? Também.
O tema de isolamento e paranoia é muito bem construído. E as consequências de ambos também são bem desenvolvidas, nada beirando ao surreal ou impossível. Aquilo é mais real do que se imagina. Destaco também a brilhante cena da conversa na mesa quando um GRAVE problema surge e uma questão fica no ar: Quem fez AQUILO? (lembro-me de ter me ajeitado na cadeira e pensado: agora o bicho vai pegar). Não espere um terror físico de monstros noturnos assustadores, até porque os "monstros" no filme não são físicos. Excelente filme sobre drama de relacionamento. Vale a pena conferir.
Mulher-Maravilha
4.1 2,9K Assista AgoraÉ um filme mediano, assim como a maioria dos filmes de super-herói. Vamos aos pontos:
1 - A relação da Mulher Maravilha com o Capitão Steve é bem divertida, leve e natural (as melhores cenas são com eles);
2 - O fato da personagem da Mulher Maravilha ser inocente com relação ao mundo real foi outro ponto forte do filme. E essa inocência é bem transmitida no decorrer do filme nos dando cenas BEM divertidas e engraçadas;
3 - O roteiro é bem construído quando se trata de filmes dessa linha. Apesar dos pesares, conseguem transmitir bem a mensagem e contextualizar os personagens, motivação etc.;
4 - As sequências de batalha são muito boas. A coreografia é bem feita e você se empolga com as lutas, principalmente a sequência de luta na "Ilha do Paraíso";
5 - A trilha sonora tá perfeita para a personagem. Eis uma das melhores coisas do filme;
Com relação as fraquezas do filme estão a sequência de batalha final que é só visual e visual. Não há um dilema forte. Além do mais a resolução parece desenho infantil dando lição sobre o amor, bem fraco. A cena quando ela descobre que matando o suposto Ares não se resolve a maldade humana é MUITO boa. Essa queda de expectativa da personagem poderia ser mantida, mas, quem sou eu pra sonhar assim, estamos falando de filme-pipoca-super herói. Daí logo depois é jogado na lata do lixo o que ela pensava e sentia sobre isso. Esses filmes deveriam aprender com Animes a criar lutas com dilemas fortes e motivações que realmente emocionam.
Outra coisa é que a Gal Gadot tem um perfil interessante (principalmente como uma agente), mas ainda falta o lado mais dramático dela ser realçado. Não senti emoção nas cenas mais dramáticas e uma decisão lá de matar um personagem foi uma necessidade, então acabou não sendo tão forte. Tem muito dedo de Snyder, claro. Mas vejo isso como um problema porque todos os filmes da DC tem a mesma cara --'
Enfim, é divertido o filme (as melhores cenas foram as cômicas da relação entre o casalzinho), e as sequências de luta, de resto fica na mesma e só muda porque é uma mulher batalhando.
A Noite dos Desesperados
4.2 112 Assista AgoraQUE FILME! A proposta é um tanto bizarra (uma festa onde é preciso dançar por dias até o fim), mas quando entende-se a mensagem, eleva o filme a um patamar maior de qualidade. O desespero é tanto que as pessoas aceitam o desafio pra conseguir algum dinheiro e sobreviver mais um pouco no período negro que foi a Grande Depressão. Os personagens são cativantes, tanto a Glória quanto Robert refletem um certo carisma, mesmo sendo tão opostos. Gloria (Jane Fonda) é uma mulher seca e grossa. Fruto do tempo e do período. Robert (Michael Sarrazin) é um andarilho que só participou do evento porque estava lá observando e não tinha outra coisa pra fazer (O que há de se fazer num Estados Unidos devastado!?).
O roteiro é inteligente e nos dá pistas do período. Você se importa com os personagens e torce por eles (realço que a torcia não é só pelos principais, mas há personagens secundários que você se compadece e acaba desejando que vençam também). Os diálogos são bem costurados e nos permite entrar naquele mundo. Interessante notar que há uma certa elegância no evento. Elegância mascarada pelo tempo sombrio. Aquela famosa frase: "O show deve continuar" traduz bem a mensagem do filme. Aliás, a única esperança que nos é dada no filme é
TIRADA no ato final que nos revela que no fim, o prêmio se resumiria a quase nada em dinheiro por causa dos gastos com o evento. E pra fechar com chave de ouro a temática crua e seca, o final é chocante e trágico.
Já listei entre os melhores filmes que já assisti. O filme todo, além de uma mensagem direta e sem rodeios (O que a necessidade de um pouco de comida e água leva o ser humano a fazer), é bem realizado.
Perseguição: A Estrada da Morte
3.4 368 Assista AgoraConfesso que o filme é até original na maioria dos elementos escolhidos. Me surpreendeu positivamente. A solução do roteiro em ter 3 personagens, sendo que 1 só entra na ação no final do segundo ato foi muito boa. Essa originalidade muda o clima totalmente, mas, mesmo assim, foi mal aproveitado porque poderiam explorar essa questão de 1 não saber e os outros 2 saberem. Fiquei surpreso também porque os personagens não tomam decisões tolas e eles agem rápido. Não perde-se tempo discutindo quem é o perseguidor (tanto que a garota do filme, mesmo não sabendo direito da situação, já aceita fugir imaginando o perigo). Outra coisa boa foi a motivação que levou o perseguidor a fazer o que fez. Achei bem original.
O filme é um bom suspense de estrada. Mas, eu não gosto quando há muita destruição à la hollywood. Seria melhor se fosse uma coisa mais fechada, só os jovens contra o perseguidor (Wolf Creek 1 é excelente por causa disso também). E no ato 3 temos quase que uma destruição em massa (um hotel é destruído com policiais lá e tudo). Seria mais desesperador, volto a dizer, se ficasse só entre os jovens e o perseguidor. Mas, em geral o filme é muito bom. As decisões do roteiro e dos personagens são críveis. Só alguns diálogos que são sofríveis e clichês.
Grata surpresa no NETFLIX.
O Expresso da Meia-Noite
4.1 476 Assista AgoraPrimeiro minuto do filme e o público já está apreensivo. Os minutos passam e no decorrer do filme todo é um vai e vem de tragédias atrás de tragédias. Impossível não se grudar na cadeira. Louvor ao trabalho do roteirista e da direção. O roteiro estabelece um personagem com quem já temos empatia e nos importamos com ele. No decorrer do filme nos dá uma transformação gritante do personagem, mas tudo motivado pelas circunstâncias e, mesmo assim, você permanece do lado do protagonista.
A direção é precisa ao nos revelar apenas o essencial e o pontual. Não há desvios para uma romantização desnecessária (vemos o suficiente com o que nos é mostrado). Não há desvio para o drama (daqueles que aumentam a trilha pra te obrigarem a chorar). A opção foi o suspense e a tortura. O filme é bastante físico. O estopim da mudança do personagem rendeu uma das cenas mais belas que já assisti:
aquela que ele espanca o guarda escroto lá.
A prova de que todo filme é bem realizado é que você só fica aliviado filme acabou e aconteceu o que aconteceu. E até no minuto final o roteiro
te dá uma pista falsa que faz a pessoa pensar: "Ahhh não acredito."
Mas calma, foi só um susto.
FIlmaço. Já está entre meus favoritos.
A Trapaça
3.9 36 Assista AgoraConto sobre a moralidade e os escrúpulos dos vigaristas que enganam as pessoas pobres por serem ignorantes e facilmente ludibriadas (critica a Igreja católica e ao estado). Com isso você já sente nojo dos personagens que, de vez em quando, é apresentado alguma humanidade, porém, em alguns deles, apenas aparente. A podridão às claras é mostrado através de uma festa de fim de ano onde os ricos e ladrões curtem uma festa, a festa do vazio moral e felicidade aparente.
Aos poucos um dos personagens mostra-se amável e arrependido. Tanto que na parte final você sente pena dele e até torce pra ele se redimir, mas, o clímax final é cru e seco. Como um carinha comentou abaixo: "não há possibilidade de redenção" e o fim é a desgraça e a solidão.
Filme bonito, apesar do assunto sujo. É meu primeiro filme de Frederico Fellini e gostei do toque dele. Consegue te fazer ficar emotivo mesmo com canalhas.
Desejo de Matar
3.6 237 Assista AgoraO conceito de Batman aplicado a um tom realista. Desejo de Matar é um excelente filme. O roteiro é preciso e objetivo, citando apenas os momentos dramáticos e que poderiam ser até explorados (como a filha traumatizada), mas, inteligentemente, eles não desenvolvem tanto esse arco, até porque ficaria um drama, o que claramente não é o objetivo do filme (e QUE BOM que não é). Paul Kersey é bem interpretado por Bronson com sua frieza e naturalidade de um cidadão comum: vida familiar tranquila, trabalho ordinário e cotidiano real. A mudança do personagem após o ato contra sua família é mostrada bem pela linguagem cinematográfica, exemplo, a cena em que ele está sozinho no escuro e em casa (claramente ali há uma abertura para mudança de homem pacífico para justiceiro solitário). Notei alguns problemas pequenos aqui e ali, mas nada demais (me refiro ao roteiro).
O filme é claramente pró-armamentista e sai em defesa da auto-defesa. Confesso que cai como uma luva para os dias atuais no Brasil. A bandidagem rola solta e não há, claramente, controle da polícia que parece não estar nem aí. Em alguns momentos soa muito expositivo o discurso de precisar ter uma arma, o que suja um pouco o filme porque poderia ser mostrado de forma mais inteligente e visual. Às vezes beira a como se tivesse falando para crianças. O protagonista e o arco tanto dramático quanto fílmico é bem construído. Você torce por ele e gosta quando ele sai pelas ruas procurando algum bandido pra matar. Como eu citei acima, a parta da filha em estado crítico de sanidade você nem quer saber tanto porque o filme, com habilidade, nos deixa apenas com o "lobo solitário Paul". O filme deixa claro também o erro da justiça porque a maioria dos bandidos citados já tiveram ficha criminal ou estavam em condicional (concluímos que o sistema carcerário não deu conta).
O discurso gira em torno da vingança própria, já que a justiça não é competente. Confesso que o 3° ato dá a entender que vai para um caminho que seria ruim, mas no fim dele, nos dá um clímax MUITO BOM e um final digno e empolgante. Adorei o filme.
Alien 3
3.2 542 Assista AgoraEle até mantém um excelente ritmo (teve um momento que falei: já tá na hora de acontecer tal coisa, e logo na cena seguinte, acontece) e uma história diferenciada dos 3 (O 1° foi suspense sugestivo, o 2° ação militarista e esse 3° tragédia pura), o que é ótimo, mas, peca em algumas coisas que o deixam apenas mediano (Digamos que da trilogia a escala de qualidade é decrescente da ordem dos filmes).
O filme é depressivo do início ao fim. Desde a cena inicial e quando descobrimos o que acontece com os passageiros que estavam com ela (resultado do final do segundo filme), você já fica pra baixo. Isso é uma forma realmente BEM diferente de começar, porém, criativa e original. Todo contexto também ajuda a criar essa atmosfera depressiva (ela como única mulher num planeta com homens E ex-assassinos, estupradores etc). Pra piorar no meio do filme desconfiamos de algo e depois nos é revelado que deixa-o mais TRÁGICO ainda. Esse clima me agrada no filme.
Ressalto aqui a fotografia que é simples, mas transmite bem todo esse ambiente negativo. Vemos tons bem amarelados, muitos planos fechados e em contra-plongé (ao invés de mostrar superioridade, revela um certo desnorteamento ou falta de equilíbrio). O roteiro é até interessante, mas possui muito diálogo filosófico desnecessário, inclusive isso poderia ser explorado mais e de outra forma (a exemplo temos Mad Max: Estrada da Fúria). Outro ponto fraquíssimo foi o CGI usado no Alien que sinceramente, tira toda possibilidade de paixão eterna pelo filme. Sei que CGI não deve importar, mas ali tava HORRÍVEL!! Ainda bem que Fincher é um bom diretor e tentou contornar com uma direção ágil (como na visão subjetiva do Alien correndo atrás dos homens). Eis outro ponto fraco, os personagens secundários são completamente inúteis e idiotizados. Foi uma espécie de humor forçado.
Enfim, o filme tem uma excelente proposta, um ritmo hábil, direção até ousada, mas com roteiro fraco fica difícil. Li que houve muita interferência dos produtores, então talvez se Fincher tivesse mais liberdade, faria algo BEM MELHOR. É mediano, mas vale a assistida.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraFilme de terror requintado. Não espere por monstros feios, jumpscares gratuitos e falta de conteúdo (terror pelo terror). Eis o tipo de filme de terror que me agrada.
A história é sobre rapaz negro que vai visitar os parentes da namorada para conhecê-los. A cena de abertura já nos mostra que veremos algo de primeira com um plano sequência muito bem executado. Interessante notar também que o suspense está na atmosfera do ambiente e não em sustos. E isso casa perfeitamente com a proposta do filme, que está claro no trailer. O grande lance aqui estão nos detalhes e a tensão é bem estabelecida e construída no primeiro ato.
O desenvolvimento mantém a peteca no alto devido às situações bem criadas, porém, ao meu ver, poderiam ser mais exploradas. Além do mais algumas decisões de roteiro do meio pro final me deixaram com um pé atrás porque poderiam ser melhor desenvolvidas (há uma cena em que algo importante nos é revelado, mas não examinado e só voltamos a isso no final). Pra mim foram falhas simples que poderia torná-lo melhor. Neste caso, a duração poderia ser maior.
Outra coisa é a exposição demais em algumas cenas que são tão faladas quando mostradas (só mostrar já basta). Como eu disse, é bem didático o filme. Em certos momentos chegam a nos pegar pelas mãos como se fossemos criança, o que é ruim (a exemplo temos a cena que citei acima sobre o algo importante - seria como se o vilão dissesse o ponto fraco em alto e bom som). Outro ponto aparentemente destoante mas que é bem executado é o humor do filme. Há cenas muito engraçadas que ajudam a aliviar a tensão.
Apesar desses pormenores o filme é excelente. Me lembrou o Corrente do Mal que é terror com pano de fundo falando sobre tema relevante: DST. Tem umas sacadas interessantes no filme e uma delas é bem executada quando revelada. Vale a assistida.
Corpo Fechado
3.7 1,3K Assista AgoraNa primeira vez que assisti o filme, achei normal. Hoje, após mais de 7 anos, assisti novamente e reconheço sua genialidade.
Shayamalan tem características próprias em suas direções e seus filmes: ritmo lento, tomadas simples e objetiva, e movimentação de câmera quase que em todas as cenas. Logo na primeira cena quando Dan começa diálogo com passageira que está ao lado e criança no banco da frente observa-o, percebemos seu estilo simples, mas belo e eficaz. Vemos a conversa como que dos olhos da criança (a câmera está na poltrona da frente e vai e vem lateralmente). Há muito significados também nos enquadramentos, como quando vemos o nascimento do Sr. Vidro (enquadrado através de espelhos). O ritmo lento do filme não atrapalha porque o roteiro e os diálogos são muito bem trabalhados. O estilo do filme é intimista, assim como a proposta do herói.
"Corpo Fechado" nada mais é do que uma história de super-herói como as outras, porém sem a extravagância de cidades destruídas, vilões querendo dominar o mundo etc. Como eu disse acima, é algo intimista. Os elementos de narrativa heroica estão todos ali: Descobrimento do poder (Dan não se quebra os ossos), Negação (Dan, a princípio, não acredita nessa "bobagem"), Treinamento da habilidade (cena da musculação), Salvamento (Dan salva família de cativeiro), Herói com ponto fraco, Batalha contra o mal (Dan contra o assassino e sequestrador), Capa do herói (batman é aquela roupa de morcego, Dan é aquela capa de chuva) entre outros mais.
O genial é justamente essa forma como Shayamalan trabalha isso adaptado aos moldes humanos em contexto humano (nada de outro planeta ou aliens). Outro ponto forte é o roteiro que nos entrega um significado maior e motivação mais filosófica (por exemplo: O vilão
apenas quer encontrar o seu oposto e não dominar o mundo)
É um filme que precisa ser revisitado por muitos. Detalhe que o lançamento foi MUITO antes dessa onda de super heróis atual. Mas, apesar de antigo, é MUITO melhor que a maioria dos filmes de heróis da atualidade. Com relação ao final e ao anseio pelo plot twist:
a questão nem é a revelação do vilão em si, mas sim a construção do todo e de toda atrocidade que ele fez para conseguir satisfazer seu objetivo.
Enterrado Vivo
3.1 1,6KA proposta é muito boa e promissora. A execução não é ousada. O resultado é um filme abaixo da média e comum.
Qualquer filme tem uma premissa básica e NECESSÁRIA, dependendo do que se propõe. E claramente esse tem como alvo o desespero e a claustrofobia. Porém, apenas um destes é executado bem e mesmo assim com limitações. A atuação do Ryan Reynolds se resume a gritos de desespero e xingamentos. Não há momento intimista de desespero que com certeza agravaria mais. A direção não ajuda a passar sensação de claustrofobia por causa de algumas tomadas de câmera e incoerências. Exemplo: temos uma noção de espacialidade que é quebrada quando vemos uma tomada mostrando a câmera se distanciando do personagem (tudo bem que o objetivo era mostrar o quão isolado ele estava, porém, em consequência, era uma vez claustrofobia). Essas decisões acabam por negativar a sensação de desespero por falta de ar e de espaço. Não fiquei com essa sensação e isso é ruim pra um filme como esse.
Outro problema está relacionado ao roteiro. A ideia é passar o quanto
as corporações não ligam para um simples funcionário
A tensão é passada, contudo, de forma quase que obrigando o público a sentir o que querem que sintam. Exemplo: a trilha sonora em certos momentos aumenta quando o personagem precisa agir rápido. Só que isso é um recurso pobre e barato que até transmite com eficácia a aflição, mas poderia ter sido de outra forma. Pareceu preguiçã e forçação por falta de outra ideia.
O filme entretém como propõe. Mas deixa brechas que faz você pensar: por que ele não fez isso? Ou aquilo? E quando isso acontece é porque algo está errado com o filme. Ele é bonzinho, divertido e com final interessante, mas apenas mais um.
Eraserhead
3.9 922 Assista AgoraDifícil dar nota pra esse filme. Surrealismo puro e puxado para o terror. Confesso que no meio do filme queria parar de assistir, não pela qualidade ruim, mas porque é grotesco, estranho, sinistro, inquietante. A trilha sonora atordoa com sons como se fossem de fábrica (um barulho constante). É um filme que provavelmente te dará repulsa. A menina que dança é angustiante. O bebê é esdrúxulo.
Mas, vindo de Lynch, tudo é proposital e tá ali para causar justamente esses sentimentos estranhos. Apesar do tom enigmático, dá para se notar críticas pontuais, julgando pelo contexto do filme: fábrica, pobreza etc.
Taí um filme que queria pra terminar logo pra acabar com a agonia que sentia durante o filme. Talvez a beleza dele está na estranheza.
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraFilme que conta de forma artística o que acontece atualmente. O ator Joaquin transmite muito bem o senso de carência e anti-socialismo do personagem. Logo no começo percebemos isso. A história que fala sobre a falta de relacionamento e o apego extremo à tecnologia é bem contada (o roteiro é bem escrito e foca também no lado imaginativo das coisas - exemplo da cena onde Theodore faz "sexo" com o Sistema Operacional e apenas ouvimos e não vemos imagem), bem dirigida (a relação dos personagens com a história é perfeitamente plausível e assustadoramente real) e bem fotografada (as cores do filme são maravilhosas).
Alguns assuntos podem ser levantados que o filme critica: apego à tecnologia e frieza nos relacionamentos humanos (a própria profissão dele mostra isso, onde ele terceiriza cartas de amor para outros - mais fácil pagar alguém pra escrever algo do que a própria pessoa escrever - frieza total). A relação de apego com o sistema é tanto que em certos momentos beira ao terror (é assustador isso, pessoas amando uma inteligência artificial). Outro ponto fortíssimo é o trabalho da sugestão. Destaco o ponto forte da sugestão de sexo, por exemplo. Você apenas ouve a voz e sente as palavras, mas não vê o ato em si, e mesmo assim fica agitado como se visse, gosto de filmes assim. Vemos muitos planos fechados no rosto do Theodore, mostrando o quão sufocado é a vida dele. Além disso o figurino realça o quão deslocado ele é da sociedade (as roupas deles são diferentes).
É um excelente filme que aborda assuntos interessantes e relevantes. Os problemas que achei foram 2:
1 - A duração é longa demais. Claramente a história poderia ser contada com muito menos. Portanto, em certos momentos, fica enfadonho;
2 - Solução infantil para acontecer o que acontece no final. Claramente a inteligência artificial assume papel de mulher física e real, inclusive com os problemas (entendo que seja a humanização desta), mas, ao meu ver poderia ser menos agudo essa humanização e consciência do AI, além da mulher ter sido unidimensional, ou seja, as mulheres, mesmo como AI, são daquele jeito: estérica, ciumenta etc. (achei pobre isso);
O Ano Passado em Marienbad
4.2 156 Assista AgoraIndependente do que for, a poesia visual impera nesse filme. Há um trabalho simétrico muito bem dirigido e fotografado. O filme é uma história convencional de caso amoroso, mas contada de forma nada convencional (surrealismo). O filme é recheado com trilha sonora de suspense e mistério, aliado a interpretações, propositadamente, frias e distantes. Uma grande obra de Alan Resnais. Confesso que fiquei encantado com o que vi.
Infelizmente não pude apreciar da melhor forma por não saber francês, o que inevitavelmente te faz perder alguns detalhes. Esse é o karma de apreciar arte estrangeira. Precisarei assistir novamente para apreciar melhor. Mas, quanto a trama em si, apesar do surreal, ela conta algo pé no chão. Interessante que o filme aborda sobre como as nossas lembranças são fragmentadas e por isso, às vezes, lembramos de parte do todo ou talvez nem da parte.
O problema aqui é que não há um envolvimento com os personagens. Você não se importa com eles. Mas, pode ter sido proposital porque as interpretações são frias e mortas e o filme é mais de sensação e apreciação do que outra coisa. Outra questão é a duração que, apesar de pequena, me passou a ideia de que a história poderia ser contada em bem menos tempo.
No mais é um excelente filme, saí encantado com a obra.
Ex Machina: Instinto Artificial
3.9 2,0K Assista AgoraExcelente! O filme te prende até o final com uma história batida de inteligência artificial, porém com identidade própria.
Um dos pontos fortes é a objetividade. O filme não perde tempo e vai direto ao assunto no qual a história gira em torno. Também notamos desde o início que será uma trama sinistra e que o perigo espreita o protagonista (Caleb) por causa da trilha sonora que causa estranheza, o local onde mora o poderoso da CEO (Nathan) que é um lugar isolado e escondido de todos, quase um QG militar. A fotografia também revela a estranheza do filme quando nos mostra iluminação clara, mas sempre com sombras dramáticas. Além disso, os planos do cenário que cercam a casa nos mostram a ideia de confinamento, prisão.
Com relação ao roteiro ressalvo a história que é bem escrita, apesar de alguns itens não convincentes. A exemplo temos o fato do Nathan estar trabalhando em algo inovador para humanidade e, mesmo falando da preocupação
mostrando o contrato e com toda aquela tecnologia, ele ainda usa um sistema de CARTÃO para entrar e sair (sistema de reconhecimento digital ou biométrico mandou lembranças).
Parabenizo a direção que é espetacular!! Caleb são os olhos do público e também os sentimentos. Sabendo disso o diretor nos faz sentir pena de Ava (androide) com planos fechados do rosto de Ava, mostrando nuances de emoção, medo e receio. E paixão, quando nos mostra tomadas de Ava colocando vestido, peruca, como se tivesse se arrumando para encontro (lembro de ter ficado torcendo pra o personagem do Caleb ve-la como mulher mesmo e não robô). Lembro também dos olhos da atriz que demonstram que apesar de robô, ali há algo com mesmos sentimentos humanos. O filme é bastante competente nisso e não se limita ao suspense pelo suspense, há ali toques de discussões filosóficas, existenciais e até éticas. O extraordinário também foi a escolha de optarem por uma mulher robô com pequenos traços humanos e não a clássica de uma mulher real, mas com comportamento robô (É genial porque a imagem dela com fios e luzes dentro do corpo é bizarra, mas mesmo assim você sente apreço e até releva isso).
Quanto a discussão ética,
lembro-me da cena onde Caleb vê que os robôs queriam fugir e a cena nos faz sentir asco de Nathan.
entendeu como funciona a mente humana e a manipulou, usando duas das piores características humanas: oportunismo e egoísmo (quem viu saberá que aquilo tudo foi sacanagem). Percebemos isso no teste que a androide faz com Caleb onde uma das perguntas é: "você é bom!?" e após a respota de Caleb, ela não fala se ele está mentindo ou não, mas pela expressão dele sabemos que ele demonstrou algo que ela queria para coneguir seu objetivo: inocência.
A analogia mais forte é sobre a criação, onde temos elementos: Criação, propósito de vida, criador opressivo e criatura querendo liberdade etc. Quanto ao final, não esperava aquela escolha (não esperava porque torcia por outra escolha), mas a escolha foi boa.