A sinopse te atrai, o primeiro episódio te prende. A partir daí é ladeira a baixo. A série não consegue manter a qualidade da própria proposta e se torna um novelão à la globo. Os flashbacks são mal utilizados (alguns no começo eram interessantes, mas depois tornam-se enfadonhos). A melhor coisa da série é o embate entre o professor e a inspetora, mas cai em armadilhas ilógicas e não acertam na curva ascendente da tensão. Exemplo de cena inútil e que te força a ter uma tensão
MUITA cena pra encher linguiça e a série poderia ter menos episódios (sem dúvida seria tornaria a trama mais condensada e interessante). Há momentos bons aqui e ali, mas são pontuais e não o suficiente para deixar a série com qualidade alta. O personagem do professor é bom, mas poderia ser melhor trabalhado. O melhor personagem pra mim é o Berlim (bomba relógio tendo em vista o problema dele).
Enfim, quanto ao mais a série não é tudo o que estão falando. É bem ruim!
A série possui sim um tema mais do que relevante e é extremamente necessária para o contexto atual. Mas, isso por si só não a torna uma obra extraordinária APENAS por isso. Vamos aos porquês: ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- QUALIDADES:
- A fotografia que diferencia o passado do presente é bem realçada, deixando claro a diferença de tempo (passado com cores vibrantes e quentes, presente com cores frias e azuladas);
- O elenco é operante, principalmente os que interpretam a Hanna e o Clay. Passam bem as angústias, dores, aflições, breve alegrias etc.
- A transição de passado-presente é muito bem orquestrada com elipses (de movimento é a mais presente) que deixam a trama mais dinâmica;
PROBLEMAS:
- A forma como é retratada a paranoia do Clay é interessante quando pontual. Mas, ela acaba sendo utilizada demasiadamente, tornando chato e cansativo. Teve um episódio que foram 3 ou 4 momentos de paranoia que NOSSA, foi difícil engolir (eu pensei comigo mesmo: de novo toda hora!? kkk);
- A trama poderia muito bem ser resumida em 5 ou 6 episódios bem condensados (ou até menos). Há momentos muito arrastado e cansativo. Claramente pra encher linguiça. Teve momentos em que pensei: ainda faltam 5 episódios!? aaafff;
- O personagem do Clay oscila muito. Sei que é o retrato de um adolescente e seus problemas, mas há momentos em que essa oscilação foi um recurso utilizado pra motivar mais ainda o suicídio e pra fazer caminhar a narrativa e não que o personagem, da forma como tava sendo construído, faria algo assim; ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Confesso que fiquei preocupado com a cena
foi o motivo do conselheiro estar nas fitas, achei forçado. Pela conversa entre ele e Hanna, o diálogo mostra que o conselheiro queria tentar ajudar e entender, mas Hanna ficava na defensiva, como se já quisesse fazer o ato, independente do que o conselheiro dissesse. Uma frase transmite bem isso que é quando Clay está conversando com o conselheiro no último episódio, onde o conselheiro diz: "Hanna já queria fazer isso e não adiantaria falar o que fosse, mas ela não mudaria de opinião.
Em resumo o tema é excelente, pertinente e necessário. A execução, até certo ponto, foi boa e com qualidade, mas tem problemas sérios quanto a manutenção dessa qualidade e poderia ser MUITO mais objetivo e sem enrolação, o que pra mim fez perder força do próprio tema.
Lendo os comentários percebi que alguns não entenderam a proposta da série. Twin Peaks realmente é uma grande série e olha que odeio séries. A obra criada por Lynch tem um tom de novela, mas é claramente proposital e usa isso de forma bem humorada (maior prova é que algumas coisas são descobertas de forma forçada e surreal). Aliás, outro ponto positivo, é a surrealidade trazida à série. Isso deixa-a diferente e original (porque não nos limitamos a investigação racional).
Os personagens são sensacionais e bem, digamos, singulares. Cada um tem seu mistério, comportamento, ação e pensamento que os diferenciam dos outros. Realmente conseguiram criar um mundo onde, apesar das loucuras, você tem vontade de conhecer a cidade. Lembremos que a série é de 1990, então o termo datado não cabe aqui e pelo contrário, ela é bem atual, mesmo com tom oitentista. A trilha sonora é muito peculiar, dando um sentimento de nostalgia, doçura e mistério.
Lynch deu a partida na direção, mas nota-se claramente o controle nas outras direções. O tom Lynchiano paira no ar em TODOS os episódios. A combinação de Atuação + Direção + Trilha Sonora + Edição deixam, em certos momentos, a cena magistral. Por exemplo:
Donna e James conversando no meio do bosque no escuro
(tudo está escuro, vemos praticamente apenas os rostos em tom quente), SENSACIONAL. Cenas como essas mostram a qualidade superior da obra. Além disso é muito bem trabalhado o lado descritivo-imaginativo no público (cenas em que há uma descrição de algo intenso - desejo, morte, sexo etc).
Nota-se também que, apesar da premissa girar em torno de quem matou Laura Palmer, as vezes parece que isso é deixado em segundo plano para nos mostrar relacionamentos da cidade, conflitos, tramoias etc (estilo novela de raiz mesmo kkk). Mas, se as novelas fossem assim, eu seria fanático por elas.
La Casa de Papel (Parte 1)
4.2 1,3K Assista AgoraA sinopse te atrai, o primeiro episódio te prende. A partir daí é ladeira a baixo. A série não consegue manter a qualidade da própria proposta e se torna um novelão à la globo. Os flashbacks são mal utilizados (alguns no começo eram interessantes, mas depois tornam-se enfadonhos). A melhor coisa da série é o embate entre o professor e a inspetora, mas cai em armadilhas ilógicas e não acertam na curva ascendente da tensão. Exemplo de cena inútil e que te força a ter uma tensão
(cena do lixão --')
MUITA cena pra encher linguiça e a série poderia ter menos episódios (sem dúvida seria tornaria a trama mais condensada e interessante). Há momentos bons aqui e ali, mas são pontuais e não o suficiente para deixar a série com qualidade alta. O personagem do professor é bom, mas poderia ser melhor trabalhado. O melhor personagem pra mim é o Berlim (bomba relógio tendo em vista o problema dele).
Enfim, quanto ao mais a série não é tudo o que estão falando. É bem ruim!
13 Reasons Why (1ª Temporada)
3.8 1,5K Assista AgoraA série possui sim um tema mais do que relevante e é extremamente necessária para o contexto atual. Mas, isso por si só não a torna uma obra extraordinária APENAS por isso. Vamos aos porquês:
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
QUALIDADES:
- A fotografia que diferencia o passado do presente é bem realçada, deixando claro a diferença de tempo (passado com cores vibrantes e quentes, presente com cores frias e azuladas);
- O elenco é operante, principalmente os que interpretam a Hanna e o Clay. Passam bem as angústias, dores, aflições, breve alegrias etc.
- A transição de passado-presente é muito bem orquestrada com elipses (de movimento é a mais presente) que deixam a trama mais dinâmica;
PROBLEMAS:
- A forma como é retratada a paranoia do Clay é interessante quando pontual. Mas, ela acaba sendo utilizada demasiadamente, tornando chato e cansativo. Teve um episódio que foram 3 ou 4 momentos de paranoia que NOSSA, foi difícil engolir (eu pensei comigo mesmo: de novo toda hora!? kkk);
- A trama poderia muito bem ser resumida em 5 ou 6 episódios bem condensados (ou até menos). Há momentos muito arrastado e cansativo. Claramente pra encher linguiça. Teve momentos em que pensei: ainda faltam 5 episódios!? aaafff;
- O personagem do Clay oscila muito. Sei que é o retrato de um adolescente e seus problemas, mas há momentos em que essa oscilação foi um recurso utilizado pra motivar mais ainda o suicídio e pra fazer caminhar a narrativa e não que o personagem, da forma como tava sendo construído, faria algo assim;
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Confesso que fiquei preocupado com a cena
do suicídio porque foi bem gráfico e pareceu uma espécie de louvor ao suicídio.
Outra questão
foi o motivo do conselheiro estar nas fitas, achei forçado. Pela conversa entre ele e Hanna, o diálogo mostra que o conselheiro queria tentar ajudar e entender, mas Hanna ficava na defensiva, como se já quisesse fazer o ato, independente do que o conselheiro dissesse. Uma frase transmite bem isso que é quando Clay está conversando com o conselheiro no último episódio, onde o conselheiro diz: "Hanna já queria fazer isso e não adiantaria falar o que fosse, mas ela não mudaria de opinião.
Em resumo o tema é excelente, pertinente e necessário. A execução, até certo ponto, foi boa e com qualidade, mas tem problemas sérios quanto a manutenção dessa qualidade e poderia ser MUITO mais objetivo e sem enrolação, o que pra mim fez perder força do próprio tema.
Twin Peaks (1ª Temporada)
4.5 524Lendo os comentários percebi que alguns não entenderam a proposta da série. Twin Peaks realmente é uma grande série e olha que odeio séries. A obra criada por Lynch tem um tom de novela, mas é claramente proposital e usa isso de forma bem humorada (maior prova é que algumas coisas são descobertas de forma forçada e surreal). Aliás, outro ponto positivo, é a surrealidade trazida à série. Isso deixa-a diferente e original (porque não nos limitamos a investigação racional).
Os personagens são sensacionais e bem, digamos, singulares. Cada um tem seu mistério, comportamento, ação e pensamento que os diferenciam dos outros. Realmente conseguiram criar um mundo onde, apesar das loucuras, você tem vontade de conhecer a cidade. Lembremos que a série é de 1990, então o termo datado não cabe aqui e pelo contrário, ela é bem atual, mesmo com tom oitentista. A trilha sonora é muito peculiar, dando um sentimento de nostalgia, doçura e mistério.
Lynch deu a partida na direção, mas nota-se claramente o controle nas outras direções. O tom Lynchiano paira no ar em TODOS os episódios. A combinação de Atuação + Direção + Trilha Sonora + Edição deixam, em certos momentos, a cena magistral. Por exemplo:
Quando James está cantando na sala com Donna e Madeleine, há uma troca de olhares regado a musicalidade suave que é INCRÍVEL
Donna e James conversando no meio do bosque no escuro
Nota-se também que, apesar da premissa girar em torno de quem matou Laura Palmer, as vezes parece que isso é deixado em segundo plano para nos mostrar relacionamentos da cidade, conflitos, tramoias etc (estilo novela de raiz mesmo kkk). Mas, se as novelas fossem assim, eu seria fanático por elas.