Achei superestimado. Desse filme, o que mais dá pra apreciar são as partidas de tênis, especialmente da cena final que é um espetáculo à parte. Apesar de esteticamente razoável, não me convenceu os saltos temporais que as legendas mais deixavam confusos do que esclareciam a linha do tempo. O filme até tem seus momentos de sensualidade, mas a triangulação amorosa é tão insossa quanto o tênis em si. Tem planos muito repetitivos que delongaram a duração do filme desnecessariamente, mas pelo menos tem Caetano pra abrilhantar a trilha.
Finalmente história de gays trambiqueiras. Ninguém aguenta mais só história de gay sofrendo. Queremos mais gays assim: gay empinando moto, gay dando tiro, etc.
O tema é bastante interessante, a obsessão um tanto psicótica do personagem com os números, especialmente em desvendar o pi. Me lembrou um excelente curso que fiz na faculdade, de lógica e filosofia da matemática. Entretanto, o ritmo desse filme não me envolveu. Apesar de gostar muito do Aronofsky, mesmo sendo o primeiro e com baixo orçamento eu esperava mais. Achei um tanto enfadonho, levei dois dias pra acabar. Mas é legal de ver o gestar criativo do diretor desde o princípio, pois esse filme dá a tônica dos demais de sua promissora carreira.
Jamais tinha visto sujeito tão perverso quanto o JP. E olhe que já vi muitos personagens simpáticos por atrocidades, como em Game of Thrones. Mas nada se compara a esse. Eu não duvido que exista um ser tão desprezível como o John Paul. Então violência não é uma pergunta, é a resposta. Cada episódio de reviravolta me dava um nervoso de saber que ninguém detinha esse cara. Mais resistente que baratas pra morrer, como a própria Bibi comenta num dos últimos episódios. Mas ver o desfecho desse homem podre lavou a alma, e saiu melhor do que as tentativas de assassinato atrapalhadas das irmãs. Série muito bem feita, com boa dose de dramédia pra abordar o tema tão delicado da violência contra a mulher em relacionamentos abusivos. É triste de acompanhar na vida real, e eu tenho várias amigas que já viveram com homens como JP, a tragédia de mulheres que demoram a reconhecer violência psicológica e passam anos sendo minadas em sua autoestima, desvitalizadas até se reduzirem a uma morta-viva, como a Grace.
"finalmente história de gays trambiqueiras. ninguém aguenta mais só história de gay sofrendo. queremos mais gays assim: gays empinando moto, gays dando tiro, etc."
Gostei. Mistura dramédia, equilibrando bem entre suspense e humor nonsense. Mesmo estilo cômico de situações trágicas como em "Better call Saul", que muito me agradou. Vou continuar acompanhando as estabanadas do Barry nas outras temporadas, comecei sem compromisso e foi satisfatório. Apesar de algumas situações óbvias e até irritantes de alguns personagens, a série tem potencial e consegue transitar bem entre os maneirismos do mundo da atuação e as agruras da vida real, que orbitam no entorno do protagonista. Aqui, evidentemente, a fórmula não é nova: mafiosos, situações-limite, dilemas morais, busca por redenção. Mas com certeza, a série é estimulante na jornada de tantos infortúnios e suas consequências, no melhor estilo desse gênero (como em Breaking Bad e Fargo, por exemplo), então recomendo muito.
Achei um tanto confusa no início, mas da metade pro fim ela engatou bem. É um tema atualíssimo, pois o fanatismo afeta várias instâncias da vida: técnica, política, artística. O fanatismo consumista pela "marca melhor", pela diva pop deificada pela indústria cultural, o fanatismo pelo político de estimação com discurso messiânico, o fanatismo religioso... e assim vemos a sociedade de massas se alienando e se destruindo pelo apego doentio a figuras públicas que surfam nessa onda, sendo tratadas como verdadeiras divindades no planeta. Com muito deboche e sarcamo, vemos pouco a pouco como é a mente do fanático, levado ao limite da degradação, sujeitando-se a sevícias para "devorar" seu artista preferido. Adorei a analogia com a diva pop - qualquer semelhança não é mera coincidência com a diva mais venerada do momento. O diálogo no último episódio me pegou, porque podia ter sido eu debatendo com algum fanático dessa fanbase. Algo do tipo "o ingresso custou uma fortuna, e a música nem é lá grandes coisas, só pra ver essa criatura performática e seu marido interesseiro!? Dispenso, prefiro gastar com uma viagem" 🗣 Não sei se vai ter outra temporada, mas o recado final me trouxe a ideia de que o colapso deixa de ser fatalista e passa a ser uma esperança.
Filme bom, porém final merda e totalmente em aberto. Achei muito superior a White Lotus, o conceito é o mesmo porém menos enfadonho. Para quem gosta de filmes com ricaços se fudendo, recomendo "o Menu", bem interessante também.
Ted Lasso é uma série encantadora. Encerrou de forma bonita e nostálgica, pois deixará muita saudade. Espero de verdade que ela ainda tenha o reconhecimento que merece. Ao ver essa série, entendi como o futebol mobiliza tanto as paixões humanas. Nunca fui fã do esporte, desde criança, seja jogando ou assistindo. Mas admito que essa capacidade de mobilizar massas inteiras de pessoas sempre me causou espanto, e percebo que se deve sobretudo às reviravoltas do jogo. Assim como ocorrem reviravoltas na vida, a série foi magistral ao mostrar o time saindo do abismo e encontrando a glória. Através de um treinador simples e otimista, conseguiu trazer o senso de pertença coletiva dos jogadores, criando novas estratégias que inclusive os encorajavam a elevar sua autoestima em campo. Com muito cuidado e dedicação, Ted trouxe pouco a pouco o senso originário de brincar com uma bola ao jogar, em vez de revanchismo. E é um brincar genuíno, comovente, repleto de delicadeza, que conectou a todos os integrantes do time, do gandula até a presidente do Richmond. Foi muito bonito acompanhar essa evolução dos personagens, e não posso deixar de destacar a importância (ainda que tímida) dada ao tema da saúde mental, especialmente quando introduziram uma psicóloga do esporte na temporada anterior. A abordagem comovente sobre o processo de transmutar a dor que Ted atravessara ao perder seu pai para o suicídio é o ponto alto da série. E tudo funcionou bem redondo no desenrolar das coisas. Apesar de algumas derrapadas da narrativa, gostei muito do ritmo e recomendo demais essa obra-prima.
Terminou em grande estilo, apesar que os flashes do futuro deixaram o enredo da temporada um pouco confuso. Não gostei do final indigno do Lenny, que sempre apostou na Midge. Mas é coerente com o estilo de vida errática que ele sempre levou, ainda que tenha sido um ótimo humorista. A briga e a reconciliação entre Miriam e Susie ficou mal explicado, a prisão e soltura(?) do ex(?) marido ainda mais. Sem falar que nos últimos episódios, insistiram na reatada do casal apenas a nível sugestivo, sem mostrar os desdobramentos. Fora tudo isso, a série tem seu mérito, ao trazer uma estória de época com mulheres ocupando postos de sucesso e reivindicando seu lugar no mundo. E sem se curvar à masculinidade frágil, muito visível principalmente no show business que é tomado pela soberba de artistas consagrados, empresários e roteiristas. Miriam conquistou um lugar ao sol com seu jeito encantador, sarcástico, sagaz e ousado, além do excelente apoio da Susie que, apesar de ranzinza, também trouxe vários momentos cômicos ao longo de toda a série. E ao contrário da parceria Xuxa/Marlene Matos, aqui teve final feliz e amizade duradoura. Vai deixar muita saudade.
Eu amo filmes que se baseiam em peças e passam a mesma ambientação de um teatro: poucos personagens, poucos cenários, em que os conflitos se desdobram com profundidade. A meu ver isso traz mais autenticidade, ainda mais se tratando de temas tão pesados como em "Mass", "Dogville", entre outros. E agora também nesse filme extremamente perturbador. "A baleia" pode ter tratado de modo polêmico o problema da compulsão alimentar e da obesidade, mas é basicamente um suicídio assistido as cenas em que Charlie descarrega todas as suas angústias na comida. Me causou um profundo mal estar, mas creio que o recado era esse mesmo, bem no estilo aronofskiano. Apesar das agruras do diretor, os diálogos também abordam crítica à religião, filosofando sobre a psicologia humana e o sentido da vida (ou falta de um). Com isso, o filme suscita reflexões bem interessantes. Questões dramáticas através de socos no estômago: assim é transmitida a mensagem do Aronofsky. Tô impactado ainda com o Brendan Fraser, o Oscar era todo dele, mais que merecido. E eu adoro os trabalhos da Hong Chau, essa atriz é maravilhosa. Quem reclama da conduta da Ellie parece desconhecer o período da adolescência, ou nunca passou pela fase. Me espanta tanto comentário infeliz a respeito disso, acho que a atriz entregou boa performance. Obviamente o abandono paterno e a dificuldade de relacionamentos da personagem a tornaram uma pessoa explosiva, irritadiça e insuportável, mas vejo mais salvação nela do que no crente. Fernanda Torres já disse numa memorável entrevista do Roda Viva: tenho pena quando um cara é tão crente na vida. Em seguida, ela diz em resposta a um repórter idiota: "não acho que o teatro vai salvar a vida de ninguém". Eu gosto muito dessa ideia, pois a Liz fala algo parecido no diálogo final: não acredito que a gente seja capaz de salvar as pessoas. Cada dia tô mais convencido disso. Nem mesmo terapia salva, se a pessoa não estiver implicada e buscando seu próprio sentido de viver e transmutar suas dores. Recentemente, perdi uma grande amiga para o suicídio, e sei que fiz tudo que podia e estava ao meu alcance para que ela não sucumbisse. Talvez eu nunca supere essa falta devastadora, mas desde que a conheci eu sabia desse risco, em função de tudo que ela já enfrentava. O que sei é que não temos controle das decisões de ninguém. Por mais que a gente faça de tudo, nunca será suficiente porque sempre escapa do nosso domínio a decisão do outro para seguir em frente ou abreviar sua própria vida. É até um tanto egoísta e megalomaníaco achar que estamos nesse poder.
Série linda, me surpreendeu bastante. Não gosto de futebol, nem acompanho Copa, não acho emocionante e não entendo nada do esporte. Mas a série é impecável, e mesmo sem grandes tensões consegue seduzir em questões densas que se equilibram entre o drama e o cômico na dose certa. Eu assisti de forma suave pois sei que em breve será lançada a terceira e última temporada. Deu um salto qualitativo em relação à primeira temporada, com ênfase nos aspectos psicológicos dos personagens. Além das excelentes atuações, queria destacar dois pontos: primeiro, a importância de uma psicóloga esportiva, que faz todo o diferencial no trabalho grupal, ainda que o desempenho do time esteja aquém nas partidas. Meu palpite é que a série vai fechar mostrando a glória dos Richmonds, mas posso estar enganado. A segunda coisa foi entender a fragilidade de Ted Lasso, um ponto de virada quando ele revela como se deu a morte de seu pai para a terapeuta. E aqui a série me pegou de jeito. Quando vi o episódio em que isso acontece, havia dado uma pausa na série por questões de trabalho. E nesse ínterim, perdi uma grande amiga para o suicídio. É um evento perturbador, principalmente para os mais próximos. Fica aquela amarga sensação de "falei algo que não devia", ou ainda, "o que não fiz de suficiente". Nada disso traz a pessoa de volta, só nos traz uma profunda melancolia. Mas é preciso seguir em frente, respeitando essa decisão tão devastadora (ainda que de difícil compreensão), e honrando as memórias afetuosas, para não dar lugar a sentimentos mesquinhos de revolta e ressentimento, que definitivamente não tornam as coisas melhores, apenas potencializam o pesar da nossa perda. Após 3 semanas desse ocorrido, de quando escrevo esse comentário, consegui finalizar a temporada, em meio a muitas lembranças queridas. A série me ajudou a atravessar o período tão difícil do luto, e mesmo que as coisas tivessem sido de outra forma, ainda assim seria uma série linda, porque é emocionante e aborda o tema do suicídio com bela sensibilidade. Gostei muito de terem explorado os demais personagens, porque são tão cativantes quanto o protagonista. É uma série que pisa em White Lotus e outros hypes por aí que não têm muito a oferecer, a não ser uma boa publicidade.
Narrativa truncada, ritmo tedioso. Adormeci em três momentos, tive de voltar as cenas pra pegar os diálogos pois lá pela metade do filme estava a ponto de desistir. Não se sabe a que veio, apesar das atuações muito bonitas. Achei um marasmo irritante esse vai e vem entre passado e presente. Muito hype pra pouco conteúdo. Acho que depois de White Lotus, esse tipo de estória me traz as impressões de um grande fiasco, então não me cativou nem um pouco.
Muito enfadonha, o desenvolvimento é péssimo. Apesar do desfecho previsível, é um final que podia ter sido mais interessante, sem necessariamente mudar o rumo da estória. Pra mim, a maior frustração foi a mãe não ser executada, justamente porque ela consentia com todas as atrocidades do filho serial killer. Apesar de ser perturbadora na proposta, eu levei uma eternidade pra terminar. Proposta que até tem potencial, mas foi mal executada. As motivações do assassino não são muito claras e pouco aprofundadas, dá a impressão que ele era apenas um homem medíocre que matava por razões fúteis. De modo geral, a série é muito longa para o que se propõe, pois enche muita linguiça em dez episódios que não deveriam durar mais que meia hora. Gostei de ver o Steve Carell num papel dramático, cumpriu com maestria. Mas pela perda de tempo, não recomendo.
Essa série parece uma novela do Manoel Carlos: enfadonha, com belas paisagens e um enredo inútil. Tudo é bem previsível no roteiro: a fórmula se repete com um assassinato misterioso, personagens irritantes, casais em crise durante a viagem que sempre retornam reconciliados. Se vc gosta de white people problems, dramalhões de ricaços insuportáveis, estória arrastada em que nada acontece, diálogos inócuos que levam o nada a lugar algum, é um prato cheio. A meu ver, é uma série superestimada, nem o hype da segunda temporada me pegou. Vou parar por aqui porque se lançarem outra temporada vai ser ladeira abaixo pra mim, e não vou insistir se o estilo não me cativou. Os personagens são tão descartáveis que a certa altura eu já assistia como Sopranos, esperando loucamente que acontecesse alguma coisa e matasse logo eles de uma forma rápida. Chega a ser um tormento em cena. Tanya desde a primeira temporada continua insuportavelmente sequelada, narcisista, sem noção. A assistente dela é uma songamonga. Torci mesmo foi pras nativas se darem bem, até que elas tiveram um desfecho satisfatório. Do meio pro final, vai ficando super tedioso e sempre que algo parece levar o espectador ao clímax, não acontece absolutamente nada e a cena não se desenvolve. É só mais uma paisagem deslumbrante da Sicília. Tudo acaba de forma abrupta e mal explicada. Sendo um conteúdo da HBO, eu esperava uma melhor qualidade e cuidado. Não foi dessa vez, nem tudo é perfeito - ainda que as produções da HBO estejam acima da média em relação a outros canais de streaming. Dei meia estrela a mais em relação à primeira temporada por causa do belíssimo cenário italiano, a única coisa que me encantou aqui. De resto, nota Dó.
Comecei a ver a série sem compromisso. Ela demora, mas não engata. Termina sem fecho, o que me faz ter mais ranço porque comecei a segunda temporada frustrado. E mais frustrante ainda foi ver essa série sendo recomendada no saquinho de lixo, aí foi que me arrependi mesmo de ter começado. Humor duvidoso, chulo, derrubado, nonsense, sem graça. Como comédia não diverte, como drama nada emociona. Crítica social rasa, tosca, malfeita. Essa série é uma grande bizarrice esquecível. Agora que iniciei a segunda temporada, pelo menos aprecio as belas paisagens da Sicília. Mas recomendo a série pra ninguém, a HBO tem coisas mais interessantes.
Enredo bleh, meio enrolado, meio manjado. Achei meio pombo em diversos aspectos, mas ainda insisti porque adoro a história e o senso de humor mórbido dos Addams. E também porque gosto muito da Jenna Ortega, é uma atriz da nova geração bastante competente e com muito potencial. Esse ano vi várias coisas com ela, e não decepciona. Recomendo os filmes "X - a marca da morte", e "a vida depois", só pra citar algumas produções mais recentes.
O filme é divertido, até audacioso na proposta, pois acho que Sopranos bebeu dessa fonte. Mas o gênero de filmes mafiosos me parece meio batido, já vinha desgastando até esse filme, apesar que ainda teve uma sequência que ainda não vi. Algumas situações são realmente engraçadas e caricatas, mas tem alguns diálogos esteriotipados e datados. Apesar disso, vale a pena conferir, se olhar como um filme de seu tempo, sem grandes expectativas. Eu assisti devido a um texto que discutia sobre o filme, num seminário de psicanálise.
Revoltante demais. Enquanto o povo se fode, grandes executivos estão decidindo nossas vidas em jantares escusos. E ainda de mãos dadas com o Estado capetalista, que está disposto a defender seus interesses com unhas e dentes, já que é o mais podre balcão de negócios da burguesia, como diria o Marx. Todas as instituições e órgãos reguladores compradas, como a FDA nesse caso. O ator que interpreta Richard Sackler é estupendamente similar ao escroto da vida real. Fiquei abismado com a maestria de sua interpretação, pelo jeito psicopata, ao mesmo tempo profundamente irritante, filho da puta, complexado, de uma ganância incontrolável, que simplesmente ignora a tragédia de inúmeras vidas humanas. Para quem quiser conhecer mais sobre essa história terrível, recomendo a matéria da BBC, de 2017 (tentei botar aqui mas é preciso dar um google, pois aqui não é permitido compartilhar links). E não, não houve reparação às vítimas. O mercado só seguiu mais fortalecido e incólume. Aliás, já ficou bem óbvio que a mão invisível do mercado tá sempre ocupada pra tocar punheta pro nazifascismo, sempre sendo cúmplice dessa gente perversa que gerencia grandes corporações, mesmo nos piores momentos que a humanidade já atravessou, como pandemias. Enquanto houver sociedade capitalista e Estado burguês, jamais haverá justiça.
Esther e Moira totalmente esquecidas no churrasco. No final eu tava a ponto de desistir, mas aquele reencontro foi a glória, como no episódio de fuga e reviravolta, antes da Serena parir. A série não deve se arrastar mais, ainda bem que será encerrada. Temos que parar de romantizar histórias tão ótimas serem delongadas por pura ganância, o que acaba estragando o enredo sem necessidade. Insistir nisso sempre é desastroso; por mim essa já seria a última temporada, mas agora quero ver a queda de Gilead. Numa avaliação mais geral, acho que tem inconsistências nas temporadas 3 e 4, enquanto as duas primeiras são redondas, perfeitas. Gostei da ênfase geopolítica nessa 5ª temporada, mais evidenciado que nos anos anteriores. O que não me desce tanto é o Nick. Acho ele muito ambivalente, escorregadio. Não é alguém confiável, tá sempre clivado entre os sentimentos que nutre pela June e por exercer poder em Gilead. Agora é esperar ver o desfecho da história toda, ficará marcada como uma série memorável com muita qualidade técnica.
Adorei a ambientação do filme, para uma história que se passa nos anos da gripe espanhola achei bastante competente. Entendo os clichês do diretor como boas referências aos filmes antigos, o que torna as histórias muito interessantes com tensões na medida certa, aplicados de forma sugestiva e criativa. Sem falar que esteticamente são filmes com qualidade acima da média, não apenas focando em violência gratuita. Conhecer mais a história da Pearl fez todo sentido pro gancho do filme 'X', assisti ele novamente em seguida só porque gostei muito das histórias se cruzando. No aguardo pelo terceiro filme da trilogia, que vai focar na Maxine. Mia Goth é uma atriz cativante e com potencial excepcional, a sequência final é absurdamente foda. E o Ti West não promete nada mas entrega tudo.
Ô povinho pernóstico. "Sofrível", "sem graça", "pastelão", etc. Digam o que quiserem, a série é uma alternativa ótima de entretenimento para os dias tão pesados até o segundo turno. Estamos num trem descarrilado, mergulhados em violência política. Para recuperar do estrago de 4 anos de gestão bostonazi levará no mínimo umas duas décadas pra esse país voltar a entrar no eixo. Como distopia, a série não é nada risível, mas assustadora porque é bastante plausível mesmo. Apesar de caricata e com alguns clichês, me rendeu boas gargalhadas. E Clarice me surpreendeu nesse trabalho, mas ainda gostava dela no Porta dos Fundos. Um jeito que mistura meiguice, sandice, burrice e consegue tornar todos os personagens cativantes e irritantes na mesma medida. E a meu ver, essa história foi a síntese politicamente mais compatível já feita sobre o Rio de Nojeira.
Documentário excelente sobre uma história tão trágica, controversa, revoltante e perturbadora, com explicações que nunca alcançam tamanha crueldade. Não sei se dissecar o cérebro do Dahmer após a morte serviria para descobrir alguma disfunção do córtex pré-frontal. Mesmo porque as neurociências estavam engatinhando nesse período. Mas o que fica é a sensação de revolta por um sistema tão escroto que permitiu que a matança dele continuasse, pelas falhas da investigação que deram tantas brechas para ele escapar. Pelo simples fato de uma branquitude policialesca se lixar pra latinos, negros, asiáticos, homens gays, pobres. Os marcadores sociais nesse caso foram cruciais para que a chacina continuasse acontecendo, e reina a sensação de impunidade do serial killer, que simplesmente conseguiu contornar os policiais com uma lábia barata e seguiu de volta com uma das vítimas para seu apartamento. O que fica é um completo desprezo pela vida humana, através do descaso e da omissão por um segmento já vulnerabilizado, na época com o triste estigma da Aids. A psiquiatria e a psicologia forense não me parecem ter encontrado respostas satisfatórias para esse caso, mas sei perfeitamente que o apagamento simbólico desses eventos não soluciona o problema das perversões. Tombar ou não um memorial para as vítimas não impede que muitas pessoas sigam venerando alguém tão doentio como Jeffrey Dahmer. É consternador imaginar que ao revisitar essa história, as pessoas têm se fascinado ainda mais pelo assassino, apesar de tudo.
Gostei que a trilha original foi preservada. Mas a Pinhead andrógina não me cativou, prefiro o Doug Bradley que fazia o personagem dos mais diabólicos e sofisticados já vistos em franquias de terror. Só a voz do homem apavorava desde o filme original. A explicação para o funcionamento das recompensas coube bem aqui, inclusive o processo de surgimento de um cenobita. Mas os clichês ruins me tiraram do sério, sem falar que essa duração demorada nada foi saudosista, e sim enrolou mais do que entregou, não conseguindo manter o clímax da proposta. Ainda assim, valeu por revisitar um clássico subestimado, em meio a tantos filmes de horror descartáveis. E sr. Clive Barker, peço que melhore no enredo antes de assinar esses projetos para não ouvir ofensas nos próximos filmes. Não é porque vc lançou um filme memorável que deve se manter relapso ao revisitar a história.
Rivais
3.8 286Achei superestimado. Desse filme, o que mais dá pra apreciar são as partidas de tênis, especialmente da cena final que é um espetáculo à parte. Apesar de esteticamente razoável, não me convenceu os saltos temporais que as legendas mais deixavam confusos do que esclareciam a linha do tempo. O filme até tem seus momentos de sensualidade, mas a triangulação amorosa é tão insossa quanto o tênis em si. Tem planos muito repetitivos que delongaram a duração do filme desnecessariamente, mas pelo menos tem Caetano pra abrilhantar a trilha.
Saltburn
3.5 862Finalmente história de gays trambiqueiras. Ninguém aguenta mais só história de gay sofrendo. Queremos mais gays assim: gay empinando moto, gay dando tiro, etc.
Pi
3.8 769 Assista AgoraO tema é bastante interessante, a obsessão um tanto psicótica do personagem com os números, especialmente em desvendar o pi. Me lembrou um excelente curso que fiz na faculdade, de lógica e filosofia da matemática. Entretanto, o ritmo desse filme não me envolveu. Apesar de gostar muito do Aronofsky, mesmo sendo o primeiro e com baixo orçamento eu esperava mais. Achei um tanto enfadonho, levei dois dias pra acabar. Mas é legal de ver o gestar criativo do diretor desde o princípio, pois esse filme dá a tônica dos demais de sua promissora carreira.
Mal de Família (1ª Temporada)
4.2 25 Assista AgoraJamais tinha visto sujeito tão perverso quanto o JP. E olhe que já vi muitos personagens simpáticos por atrocidades, como em Game of Thrones. Mas nada se compara a esse. Eu não duvido que exista um ser tão desprezível como o John Paul. Então violência não é uma pergunta, é a resposta. Cada episódio de reviravolta me dava um nervoso de saber que ninguém detinha esse cara. Mais resistente que baratas pra morrer, como a própria Bibi comenta num dos últimos episódios. Mas ver o desfecho desse homem podre lavou a alma, e saiu melhor do que as tentativas de assassinato atrapalhadas das irmãs. Série muito bem feita, com boa dose de dramédia pra abordar o tema tão delicado da violência contra a mulher em relacionamentos abusivos. É triste de acompanhar na vida real, e eu tenho várias amigas que já viveram com homens como JP, a tragédia de mulheres que demoram a reconhecer violência psicológica e passam anos sendo minadas em sua autoestima, desvitalizadas até se reduzirem a uma morta-viva, como a Grace.
Barry (3ª Temporada)
4.2 74 Assista Agora"finalmente história de gays trambiqueiras. ninguém aguenta mais só história de gay sofrendo. queremos mais gays assim: gays empinando moto, gays dando tiro, etc."
Barry (1ª Temporada)
4.1 118 Assista AgoraGostei. Mistura dramédia, equilibrando bem entre suspense e humor nonsense. Mesmo estilo cômico de situações trágicas como em "Better call Saul", que muito me agradou. Vou continuar acompanhando as estabanadas do Barry nas outras temporadas, comecei sem compromisso e foi satisfatório. Apesar de algumas situações óbvias e até irritantes de alguns personagens, a série tem potencial e consegue transitar bem entre os maneirismos do mundo da atuação e as agruras da vida real, que orbitam no entorno do protagonista. Aqui, evidentemente, a fórmula não é nova: mafiosos, situações-limite, dilemas morais, busca por redenção. Mas com certeza, a série é estimulante na jornada de tantos infortúnios e suas consequências, no melhor estilo desse gênero (como em Breaking Bad e Fargo, por exemplo), então recomendo muito.
Enxame
3.8 96 Assista AgoraAchei um tanto confusa no início, mas da metade pro fim ela engatou bem. É um tema atualíssimo, pois o fanatismo afeta várias instâncias da vida: técnica, política, artística. O fanatismo consumista pela "marca melhor", pela diva pop deificada pela indústria cultural, o fanatismo pelo político de estimação com discurso messiânico, o fanatismo religioso... e assim vemos a sociedade de massas se alienando e se destruindo pelo apego doentio a figuras públicas que surfam nessa onda, sendo tratadas como verdadeiras divindades no planeta. Com muito deboche e sarcamo, vemos pouco a pouco como é a mente do fanático, levado ao limite da degradação, sujeitando-se a sevícias para "devorar" seu artista preferido.
Adorei a analogia com a diva pop - qualquer semelhança não é mera coincidência com a diva mais venerada do momento. O diálogo no último episódio me pegou, porque podia ter sido eu debatendo com algum fanático dessa fanbase. Algo do tipo "o ingresso custou uma fortuna, e a música nem é lá grandes coisas, só pra ver essa criatura performática e seu marido interesseiro!? Dispenso, prefiro gastar com uma viagem" 🗣
Não sei se vai ter outra temporada, mas o recado final me trouxe a ideia de que o colapso deixa de ser fatalista e passa a ser uma esperança.
Triângulo da Tristeza
3.6 731 Assista AgoraFilme bom, porém final merda e totalmente em aberto. Achei muito superior a White Lotus, o conceito é o mesmo porém menos enfadonho. Para quem gosta de filmes com ricaços se fudendo, recomendo "o Menu", bem interessante também.
Ted Lasso (3ª Temporada)
4.3 100Ted Lasso é uma série encantadora. Encerrou de forma bonita e nostálgica, pois deixará muita saudade. Espero de verdade que ela ainda tenha o reconhecimento que merece. Ao ver essa série, entendi como o futebol mobiliza tanto as paixões humanas. Nunca fui fã do esporte, desde criança, seja jogando ou assistindo. Mas admito que essa capacidade de mobilizar massas inteiras de pessoas sempre me causou espanto, e percebo que se deve sobretudo às reviravoltas do jogo. Assim como ocorrem reviravoltas na vida, a série foi magistral ao mostrar o time saindo do abismo e encontrando a glória. Através de um treinador simples e otimista, conseguiu trazer o senso de pertença coletiva dos jogadores, criando novas estratégias que inclusive os encorajavam a elevar sua autoestima em campo. Com muito cuidado e dedicação, Ted trouxe pouco a pouco o senso originário de brincar com uma bola ao jogar, em vez de revanchismo. E é um brincar genuíno, comovente, repleto de delicadeza, que conectou a todos os integrantes do time, do gandula até a presidente do Richmond. Foi muito bonito acompanhar essa evolução dos personagens, e não posso deixar de destacar a importância (ainda que tímida) dada ao tema da saúde mental, especialmente quando introduziram uma psicóloga do esporte na temporada anterior. A abordagem comovente sobre o processo de transmutar a dor que Ted atravessara ao perder seu pai para o suicídio é o ponto alto da série. E tudo funcionou bem redondo no desenrolar das coisas. Apesar de algumas derrapadas da narrativa, gostei muito do ritmo e recomendo demais essa obra-prima.
Maravilhosa Sra. Maisel (5ª Temporada)
4.5 101 Assista AgoraTerminou em grande estilo, apesar que os flashes do futuro deixaram o enredo da temporada um pouco confuso. Não gostei do final indigno do Lenny, que sempre apostou na Midge. Mas é coerente com o estilo de vida errática que ele sempre levou, ainda que tenha sido um ótimo humorista. A briga e a reconciliação entre Miriam e Susie ficou mal explicado, a prisão e soltura(?) do ex(?) marido ainda mais. Sem falar que nos últimos episódios, insistiram na reatada do casal apenas a nível sugestivo, sem mostrar os desdobramentos. Fora tudo isso, a série tem seu mérito, ao trazer uma estória de época com mulheres ocupando postos de sucesso e reivindicando seu lugar no mundo. E sem se curvar à masculinidade frágil, muito visível principalmente no show business que é tomado pela soberba de artistas consagrados, empresários e roteiristas. Miriam conquistou um lugar ao sol com seu jeito encantador, sarcástico, sagaz e ousado, além do excelente apoio da Susie que, apesar de ranzinza, também trouxe vários momentos cômicos ao longo de toda a série. E ao contrário da parceria Xuxa/Marlene Matos, aqui teve final feliz e amizade duradoura. Vai deixar muita saudade.
A Baleia
4.0 1,0K Assista AgoraEu amo filmes que se baseiam em peças e passam a mesma ambientação de um teatro: poucos personagens, poucos cenários, em que os conflitos se desdobram com profundidade. A meu ver isso traz mais autenticidade, ainda mais se tratando de temas tão pesados como em "Mass", "Dogville", entre outros. E agora também nesse filme extremamente perturbador. "A baleia" pode ter tratado de modo polêmico o problema da compulsão alimentar e da obesidade, mas é basicamente um suicídio assistido as cenas em que Charlie descarrega todas as suas angústias na comida. Me causou um profundo mal estar, mas creio que o recado era esse mesmo, bem no estilo aronofskiano. Apesar das agruras do diretor, os diálogos também abordam crítica à religião, filosofando sobre a psicologia humana e o sentido da vida (ou falta de um). Com isso, o filme suscita reflexões bem interessantes. Questões dramáticas através de socos no estômago: assim é transmitida a mensagem do Aronofsky.
Tô impactado ainda com o Brendan Fraser, o Oscar era todo dele, mais que merecido. E eu adoro os trabalhos da Hong Chau, essa atriz é maravilhosa. Quem reclama da conduta da Ellie parece desconhecer o período da adolescência, ou nunca passou pela fase. Me espanta tanto comentário infeliz a respeito disso, acho que a atriz entregou boa performance. Obviamente o abandono paterno e a dificuldade de relacionamentos da personagem a tornaram uma pessoa explosiva, irritadiça e insuportável, mas vejo mais salvação nela do que no crente. Fernanda Torres já disse numa memorável entrevista do Roda Viva: tenho pena quando um cara é tão crente na vida. Em seguida, ela diz em resposta a um repórter idiota: "não acho que o teatro vai salvar a vida de ninguém". Eu gosto muito dessa ideia, pois a Liz fala algo parecido no diálogo final: não acredito que a gente seja capaz de salvar as pessoas. Cada dia tô mais convencido disso. Nem mesmo terapia salva, se a pessoa não estiver implicada e buscando seu próprio sentido de viver e transmutar suas dores. Recentemente, perdi uma grande amiga para o suicídio, e sei que fiz tudo que podia e estava ao meu alcance para que ela não sucumbisse. Talvez eu nunca supere essa falta devastadora, mas desde que a conheci eu sabia desse risco, em função de tudo que ela já enfrentava. O que sei é que não temos controle das decisões de ninguém. Por mais que a gente faça de tudo, nunca será suficiente porque sempre escapa do nosso domínio a decisão do outro para seguir em frente ou abreviar sua própria vida. É até um tanto egoísta e megalomaníaco achar que estamos nesse poder.
Ted Lasso (2ª Temporada)
4.4 157Série linda, me surpreendeu bastante. Não gosto de futebol, nem acompanho Copa, não acho emocionante e não entendo nada do esporte. Mas a série é impecável, e mesmo sem grandes tensões consegue seduzir em questões densas que se equilibram entre o drama e o cômico na dose certa. Eu assisti de forma suave pois sei que em breve será lançada a terceira e última temporada. Deu um salto qualitativo em relação à primeira temporada, com ênfase nos aspectos psicológicos dos personagens. Além das excelentes atuações, queria destacar dois pontos: primeiro, a importância de uma psicóloga esportiva, que faz todo o diferencial no trabalho grupal, ainda que o desempenho do time esteja aquém nas partidas. Meu palpite é que a série vai fechar mostrando a glória dos Richmonds, mas posso estar enganado. A segunda coisa foi entender a fragilidade de Ted Lasso, um ponto de virada quando ele revela como se deu a morte de seu pai para a terapeuta. E aqui a série me pegou de jeito. Quando vi o episódio em que isso acontece, havia dado uma pausa na série por questões de trabalho. E nesse ínterim, perdi uma grande amiga para o suicídio. É um evento perturbador, principalmente para os mais próximos. Fica aquela amarga sensação de "falei algo que não devia", ou ainda, "o que não fiz de suficiente". Nada disso traz a pessoa de volta, só nos traz uma profunda melancolia. Mas é preciso seguir em frente, respeitando essa decisão tão devastadora (ainda que de difícil compreensão), e honrando as memórias afetuosas, para não dar lugar a sentimentos mesquinhos de revolta e ressentimento, que definitivamente não tornam as coisas melhores, apenas potencializam o pesar da nossa perda. Após 3 semanas desse ocorrido, de quando escrevo esse comentário, consegui finalizar a temporada, em meio a muitas lembranças queridas. A série me ajudou a atravessar o período tão difícil do luto, e mesmo que as coisas tivessem sido de outra forma, ainda assim seria uma série linda, porque é emocionante e aborda o tema do suicídio com bela sensibilidade. Gostei muito de terem explorado os demais personagens, porque são tão cativantes quanto o protagonista. É uma série que pisa em White Lotus e outros hypes por aí que não têm muito a oferecer, a não ser uma boa publicidade.
Aftersun
4.1 714Narrativa truncada, ritmo tedioso. Adormeci em três momentos, tive de voltar as cenas pra pegar os diálogos pois lá pela metade do filme estava a ponto de desistir. Não se sabe a que veio, apesar das atuações muito bonitas. Achei um marasmo irritante esse vai e vem entre passado e presente. Muito hype pra pouco conteúdo. Acho que depois de White Lotus, esse tipo de estória me traz as impressões de um grande fiasco, então não me cativou nem um pouco.
O Paciente
3.5 61Muito enfadonha, o desenvolvimento é péssimo. Apesar do desfecho previsível, é um final que podia ter sido mais interessante, sem necessariamente mudar o rumo da estória. Pra mim, a maior frustração foi a mãe não ser executada, justamente porque ela consentia com todas as atrocidades do filho serial killer. Apesar de ser perturbadora na proposta, eu levei uma eternidade pra terminar. Proposta que até tem potencial, mas foi mal executada. As motivações do assassino não são muito claras e pouco aprofundadas, dá a impressão que ele era apenas um homem medíocre que matava por razões fúteis. De modo geral, a série é muito longa para o que se propõe, pois enche muita linguiça em dez episódios que não deveriam durar mais que meia hora. Gostei de ver o Steve Carell num papel dramático, cumpriu com maestria. Mas pela perda de tempo, não recomendo.
The White Lotus (2ª Temporada)
4.2 346 Assista AgoraEssa série parece uma novela do Manoel Carlos: enfadonha, com belas paisagens e um enredo inútil. Tudo é bem previsível no roteiro: a fórmula se repete com um assassinato misterioso, personagens irritantes, casais em crise durante a viagem que sempre retornam reconciliados. Se vc gosta de white people problems, dramalhões de ricaços insuportáveis, estória arrastada em que nada acontece, diálogos inócuos que levam o nada a lugar algum, é um prato cheio. A meu ver, é uma série superestimada, nem o hype da segunda temporada me pegou. Vou parar por aqui porque se lançarem outra temporada vai ser ladeira abaixo pra mim, e não vou insistir se o estilo não me cativou. Os personagens são tão descartáveis que a certa altura eu já assistia como Sopranos, esperando loucamente que acontecesse alguma coisa e matasse logo eles de uma forma rápida. Chega a ser um tormento em cena. Tanya desde a primeira temporada continua insuportavelmente sequelada, narcisista, sem noção. A assistente dela é uma songamonga. Torci mesmo foi pras nativas se darem bem, até que elas tiveram um desfecho satisfatório. Do meio pro final, vai ficando super tedioso e sempre que algo parece levar o espectador ao clímax, não acontece absolutamente nada e a cena não se desenvolve. É só mais uma paisagem deslumbrante da Sicília. Tudo acaba de forma abrupta e mal explicada. Sendo um conteúdo da HBO, eu esperava uma melhor qualidade e cuidado. Não foi dessa vez, nem tudo é perfeito - ainda que as produções da HBO estejam acima da média em relação a outros canais de streaming. Dei meia estrela a mais em relação à primeira temporada por causa do belíssimo cenário italiano, a única coisa que me encantou aqui. De resto, nota Dó.
The White Lotus (1ª Temporada)
3.9 400 Assista AgoraComecei a ver a série sem compromisso. Ela demora, mas não engata. Termina sem fecho, o que me faz ter mais ranço porque comecei a segunda temporada frustrado. E mais frustrante ainda foi ver essa série sendo recomendada no saquinho de lixo, aí foi que me arrependi mesmo de ter começado. Humor duvidoso, chulo, derrubado, nonsense, sem graça. Como comédia não diverte, como drama nada emociona. Crítica social rasa, tosca, malfeita. Essa série é uma grande bizarrice esquecível. Agora que iniciei a segunda temporada, pelo menos aprecio as belas paisagens da Sicília. Mas recomendo a série pra ninguém, a HBO tem coisas mais interessantes.
Wandinha (1ª Temporada)
4.0 684 Assista AgoraEnredo bleh, meio enrolado, meio manjado. Achei meio pombo em diversos aspectos, mas ainda insisti porque adoro a história e o senso de humor mórbido dos Addams. E também porque gosto muito da Jenna Ortega, é uma atriz da nova geração bastante competente e com muito potencial. Esse ano vi várias coisas com ela, e não decepciona. Recomendo os filmes "X - a marca da morte", e "a vida depois", só pra citar algumas produções mais recentes.
Máfia no Divã
3.5 207 Assista AgoraO filme é divertido, até audacioso na proposta, pois acho que Sopranos bebeu dessa fonte. Mas o gênero de filmes mafiosos me parece meio batido, já vinha desgastando até esse filme, apesar que ainda teve uma sequência que ainda não vi. Algumas situações são realmente engraçadas e caricatas, mas tem alguns diálogos esteriotipados e datados. Apesar disso, vale a pena conferir, se olhar como um filme de seu tempo, sem grandes expectativas. Eu assisti devido a um texto que discutia sobre o filme, num seminário de psicanálise.
Dopesick
4.3 45 Assista AgoraRevoltante demais. Enquanto o povo se fode, grandes executivos estão decidindo nossas vidas em jantares escusos. E ainda de mãos dadas com o Estado capetalista, que está disposto a defender seus interesses com unhas e dentes, já que é o mais podre balcão de negócios da burguesia, como diria o Marx. Todas as instituições e órgãos reguladores compradas, como a FDA nesse caso. O ator que interpreta Richard Sackler é estupendamente similar ao escroto da vida real. Fiquei abismado com a maestria de sua interpretação, pelo jeito psicopata, ao mesmo tempo profundamente irritante, filho da puta, complexado, de uma ganância incontrolável, que simplesmente ignora a tragédia de inúmeras vidas humanas. Para quem quiser conhecer mais sobre essa história terrível, recomendo a matéria da BBC, de 2017 (tentei botar aqui mas é preciso dar um google, pois aqui não é permitido compartilhar links). E não, não houve reparação às vítimas. O mercado só seguiu mais fortalecido e incólume. Aliás, já ficou bem óbvio que a mão invisível do mercado tá sempre ocupada pra tocar punheta pro nazifascismo, sempre sendo cúmplice dessa gente perversa que gerencia grandes corporações, mesmo nos piores momentos que a humanidade já atravessou, como pandemias. Enquanto houver sociedade capitalista e Estado burguês, jamais haverá justiça.
O Conto da Aia (5ª Temporada)
4.0 175 Assista AgoraEsther e Moira totalmente esquecidas no churrasco. No final eu tava a ponto de desistir, mas aquele reencontro foi a glória, como no episódio de fuga e reviravolta, antes da Serena parir. A série não deve se arrastar mais, ainda bem que será encerrada. Temos que parar de romantizar histórias tão ótimas serem delongadas por pura ganância, o que acaba estragando o enredo sem necessidade. Insistir nisso sempre é desastroso; por mim essa já seria a última temporada, mas agora quero ver a queda de Gilead. Numa avaliação mais geral, acho que tem inconsistências nas temporadas 3 e 4, enquanto as duas primeiras são redondas, perfeitas. Gostei da ênfase geopolítica nessa 5ª temporada, mais evidenciado que nos anos anteriores. O que não me desce tanto é o Nick. Acho ele muito ambivalente, escorregadio. Não é alguém confiável, tá sempre clivado entre os sentimentos que nutre pela June e por exercer poder em Gilead. Agora é esperar ver o desfecho da história toda, ficará marcada como uma série memorável com muita qualidade técnica.
Pearl
3.9 999Adorei a ambientação do filme, para uma história que se passa nos anos da gripe espanhola achei bastante competente. Entendo os clichês do diretor como boas referências aos filmes antigos, o que torna as histórias muito interessantes com tensões na medida certa, aplicados de forma sugestiva e criativa. Sem falar que esteticamente são filmes com qualidade acima da média, não apenas focando em violência gratuita. Conhecer mais a história da Pearl fez todo sentido pro gancho do filme 'X', assisti ele novamente em seguida só porque gostei muito das histórias se cruzando. No aguardo pelo terceiro filme da trilogia, que vai focar na Maxine. Mia Goth é uma atriz cativante e com potencial excepcional, a sequência final é absurdamente foda. E o Ti West não promete nada mas entrega tudo.
Eleita (1ª Temporada)
3.3 25 Assista AgoraÔ povinho pernóstico. "Sofrível", "sem graça", "pastelão", etc. Digam o que quiserem, a série é uma alternativa ótima de entretenimento para os dias tão pesados até o segundo turno. Estamos num trem descarrilado, mergulhados em violência política. Para recuperar do estrago de 4 anos de gestão bostonazi levará no mínimo umas duas décadas pra esse país voltar a entrar no eixo. Como distopia, a série não é nada risível, mas assustadora porque é bastante plausível mesmo. Apesar de caricata e com alguns clichês, me rendeu boas gargalhadas. E Clarice me surpreendeu nesse trabalho, mas ainda gostava dela no Porta dos Fundos. Um jeito que mistura meiguice, sandice, burrice e consegue tornar todos os personagens cativantes e irritantes na mesma medida. E a meu ver, essa história foi a síntese politicamente mais compatível já feita sobre o Rio de Nojeira.
Conversando Com Um Serial Killer: O Canibal de Milwaukee
4.0 64 Assista AgoraDocumentário excelente sobre uma história tão trágica, controversa, revoltante e perturbadora, com explicações que nunca alcançam tamanha crueldade. Não sei se dissecar o cérebro do Dahmer após a morte serviria para descobrir alguma disfunção do córtex pré-frontal. Mesmo porque as neurociências estavam engatinhando nesse período. Mas o que fica é a sensação de revolta por um sistema tão escroto que permitiu que a matança dele continuasse, pelas falhas da investigação que deram tantas brechas para ele escapar. Pelo simples fato de uma branquitude policialesca se lixar pra latinos, negros, asiáticos, homens gays, pobres. Os marcadores sociais nesse caso foram cruciais para que a chacina continuasse acontecendo, e reina a sensação de impunidade do serial killer, que simplesmente conseguiu contornar os policiais com uma lábia barata e seguiu de volta com uma das vítimas para seu apartamento. O que fica é um completo desprezo pela vida humana, através do descaso e da omissão por um segmento já vulnerabilizado, na época com o triste estigma da Aids. A psiquiatria e a psicologia forense não me parecem ter encontrado respostas satisfatórias para esse caso, mas sei perfeitamente que o apagamento simbólico desses eventos não soluciona o problema das perversões. Tombar ou não um memorial para as vítimas não impede que muitas pessoas sigam venerando alguém tão doentio como Jeffrey Dahmer. É consternador imaginar que ao revisitar essa história, as pessoas têm se fascinado ainda mais pelo assassino, apesar de tudo.
Hellraiser
3.2 406 Assista AgoraGostei que a trilha original foi preservada. Mas a Pinhead andrógina não me cativou, prefiro o Doug Bradley que fazia o personagem dos mais diabólicos e sofisticados já vistos em franquias de terror. Só a voz do homem apavorava desde o filme original. A explicação para o funcionamento das recompensas coube bem aqui, inclusive o processo de surgimento de um cenobita. Mas os clichês ruins me tiraram do sério, sem falar que essa duração demorada nada foi saudosista, e sim enrolou mais do que entregou, não conseguindo manter o clímax da proposta. Ainda assim, valeu por revisitar um clássico subestimado, em meio a tantos filmes de horror descartáveis. E sr. Clive Barker, peço que melhore no enredo antes de assinar esses projetos para não ouvir ofensas nos próximos filmes. Não é porque vc lançou um filme memorável que deve se manter relapso ao revisitar a história.