Jamais tinha visto sujeito tão perverso quanto o JP. E olhe que já vi muitos personagens simpáticos por atrocidades, como em Game of Thrones. Mas nada se compara a esse. Eu não duvido que exista um ser tão desprezível como o John Paul. Então violência não é uma pergunta, é a resposta. Cada episódio de reviravolta me dava um nervoso de saber que ninguém detinha esse cara. Mais resistente que baratas pra morrer, como a própria Bibi comenta num dos últimos episódios. Mas ver o desfecho desse homem podre lavou a alma, e saiu melhor do que as tentativas de assassinato atrapalhadas das irmãs. Série muito bem feita, com boa dose de dramédia pra abordar o tema tão delicado da violência contra a mulher em relacionamentos abusivos. É triste de acompanhar na vida real, e eu tenho várias amigas que já viveram com homens como JP, a tragédia de mulheres que demoram a reconhecer violência psicológica e passam anos sendo minadas em sua autoestima, desvitalizadas até se reduzirem a uma morta-viva, como a Grace.
"finalmente história de gays trambiqueiras. ninguém aguenta mais só história de gay sofrendo. queremos mais gays assim: gays empinando moto, gays dando tiro, etc."
Gostei. Mistura dramédia, equilibrando bem entre suspense e humor nonsense. Mesmo estilo cômico de situações trágicas como em "Better call Saul", que muito me agradou. Vou continuar acompanhando as estabanadas do Barry nas outras temporadas, comecei sem compromisso e foi satisfatório. Apesar de algumas situações óbvias e até irritantes de alguns personagens, a série tem potencial e consegue transitar bem entre os maneirismos do mundo da atuação e as agruras da vida real, que orbitam no entorno do protagonista. Aqui, evidentemente, a fórmula não é nova: mafiosos, situações-limite, dilemas morais, busca por redenção. Mas com certeza, a série é estimulante na jornada de tantos infortúnios e suas consequências, no melhor estilo desse gênero (como em Breaking Bad e Fargo, por exemplo), então recomendo muito.
Achei um tanto confusa no início, mas da metade pro fim ela engatou bem. É um tema atualíssimo, pois o fanatismo afeta várias instâncias da vida: técnica, política, artística. O fanatismo consumista pela "marca melhor", pela diva pop deificada pela indústria cultural, o fanatismo pelo político de estimação com discurso messiânico, o fanatismo religioso... e assim vemos a sociedade de massas se alienando e se destruindo pelo apego doentio a figuras públicas que surfam nessa onda, sendo tratadas como verdadeiras divindades no planeta. Com muito deboche e sarcamo, vemos pouco a pouco como é a mente do fanático, levado ao limite da degradação, sujeitando-se a sevícias para "devorar" seu artista preferido. Adorei a analogia com a diva pop - qualquer semelhança não é mera coincidência com a diva mais venerada do momento. O diálogo no último episódio me pegou, porque podia ter sido eu debatendo com algum fanático dessa fanbase. Algo do tipo "o ingresso custou uma fortuna, e a música nem é lá grandes coisas, só pra ver essa criatura performática e seu marido interesseiro!? Dispenso, prefiro gastar com uma viagem" 🗣 Não sei se vai ter outra temporada, mas o recado final me trouxe a ideia de que o colapso deixa de ser fatalista e passa a ser uma esperança.
Ted Lasso é uma série encantadora. Encerrou de forma bonita e nostálgica, pois deixará muita saudade. Espero de verdade que ela ainda tenha o reconhecimento que merece. Ao ver essa série, entendi como o futebol mobiliza tanto as paixões humanas. Nunca fui fã do esporte, desde criança, seja jogando ou assistindo. Mas admito que essa capacidade de mobilizar massas inteiras de pessoas sempre me causou espanto, e percebo que se deve sobretudo às reviravoltas do jogo. Assim como ocorrem reviravoltas na vida, a série foi magistral ao mostrar o time saindo do abismo e encontrando a glória. Através de um treinador simples e otimista, conseguiu trazer o senso de pertença coletiva dos jogadores, criando novas estratégias que inclusive os encorajavam a elevar sua autoestima em campo. Com muito cuidado e dedicação, Ted trouxe pouco a pouco o senso originário de brincar com uma bola ao jogar, em vez de revanchismo. E é um brincar genuíno, comovente, repleto de delicadeza, que conectou a todos os integrantes do time, do gandula até a presidente do Richmond. Foi muito bonito acompanhar essa evolução dos personagens, e não posso deixar de destacar a importância (ainda que tímida) dada ao tema da saúde mental, especialmente quando introduziram uma psicóloga do esporte na temporada anterior. A abordagem comovente sobre o processo de transmutar a dor que Ted atravessara ao perder seu pai para o suicídio é o ponto alto da série. E tudo funcionou bem redondo no desenrolar das coisas. Apesar de algumas derrapadas da narrativa, gostei muito do ritmo e recomendo demais essa obra-prima.
Terminou em grande estilo, apesar que os flashes do futuro deixaram o enredo da temporada um pouco confuso. Não gostei do final indigno do Lenny, que sempre apostou na Midge. Mas é coerente com o estilo de vida errática que ele sempre levou, ainda que tenha sido um ótimo humorista. A briga e a reconciliação entre Miriam e Susie ficou mal explicado, a prisão e soltura(?) do ex(?) marido ainda mais. Sem falar que nos últimos episódios, insistiram na reatada do casal apenas a nível sugestivo, sem mostrar os desdobramentos. Fora tudo isso, a série tem seu mérito, ao trazer uma estória de época com mulheres ocupando postos de sucesso e reivindicando seu lugar no mundo. E sem se curvar à masculinidade frágil, muito visível principalmente no show business que é tomado pela soberba de artistas consagrados, empresários e roteiristas. Miriam conquistou um lugar ao sol com seu jeito encantador, sarcástico, sagaz e ousado, além do excelente apoio da Susie que, apesar de ranzinza, também trouxe vários momentos cômicos ao longo de toda a série. E ao contrário da parceria Xuxa/Marlene Matos, aqui teve final feliz e amizade duradoura. Vai deixar muita saudade.
Série linda, me surpreendeu bastante. Não gosto de futebol, nem acompanho Copa, não acho emocionante e não entendo nada do esporte. Mas a série é impecável, e mesmo sem grandes tensões consegue seduzir em questões densas que se equilibram entre o drama e o cômico na dose certa. Eu assisti de forma suave pois sei que em breve será lançada a terceira e última temporada. Deu um salto qualitativo em relação à primeira temporada, com ênfase nos aspectos psicológicos dos personagens. Além das excelentes atuações, queria destacar dois pontos: primeiro, a importância de uma psicóloga esportiva, que faz todo o diferencial no trabalho grupal, ainda que o desempenho do time esteja aquém nas partidas. Meu palpite é que a série vai fechar mostrando a glória dos Richmonds, mas posso estar enganado. A segunda coisa foi entender a fragilidade de Ted Lasso, um ponto de virada quando ele revela como se deu a morte de seu pai para a terapeuta. E aqui a série me pegou de jeito. Quando vi o episódio em que isso acontece, havia dado uma pausa na série por questões de trabalho. E nesse ínterim, perdi uma grande amiga para o suicídio. É um evento perturbador, principalmente para os mais próximos. Fica aquela amarga sensação de "falei algo que não devia", ou ainda, "o que não fiz de suficiente". Nada disso traz a pessoa de volta, só nos traz uma profunda melancolia. Mas é preciso seguir em frente, respeitando essa decisão tão devastadora (ainda que de difícil compreensão), e honrando as memórias afetuosas, para não dar lugar a sentimentos mesquinhos de revolta e ressentimento, que definitivamente não tornam as coisas melhores, apenas potencializam o pesar da nossa perda. Após 3 semanas desse ocorrido, de quando escrevo esse comentário, consegui finalizar a temporada, em meio a muitas lembranças queridas. A série me ajudou a atravessar o período tão difícil do luto, e mesmo que as coisas tivessem sido de outra forma, ainda assim seria uma série linda, porque é emocionante e aborda o tema do suicídio com bela sensibilidade. Gostei muito de terem explorado os demais personagens, porque são tão cativantes quanto o protagonista. É uma série que pisa em White Lotus e outros hypes por aí que não têm muito a oferecer, a não ser uma boa publicidade.
Muito enfadonha, o desenvolvimento é péssimo. Apesar do desfecho previsível, é um final que podia ter sido mais interessante, sem necessariamente mudar o rumo da estória. Pra mim, a maior frustração foi a mãe não ser executada, justamente porque ela consentia com todas as atrocidades do filho serial killer. Apesar de ser perturbadora na proposta, eu levei uma eternidade pra terminar. Proposta que até tem potencial, mas foi mal executada. As motivações do assassino não são muito claras e pouco aprofundadas, dá a impressão que ele era apenas um homem medíocre que matava por razões fúteis. De modo geral, a série é muito longa para o que se propõe, pois enche muita linguiça em dez episódios que não deveriam durar mais que meia hora. Gostei de ver o Steve Carell num papel dramático, cumpriu com maestria. Mas pela perda de tempo, não recomendo.
Essa série parece uma novela do Manoel Carlos: enfadonha, com belas paisagens e um enredo inútil. Tudo é bem previsível no roteiro: a fórmula se repete com um assassinato misterioso, personagens irritantes, casais em crise durante a viagem que sempre retornam reconciliados. Se vc gosta de white people problems, dramalhões de ricaços insuportáveis, estória arrastada em que nada acontece, diálogos inócuos que levam o nada a lugar algum, é um prato cheio. A meu ver, é uma série superestimada, nem o hype da segunda temporada me pegou. Vou parar por aqui porque se lançarem outra temporada vai ser ladeira abaixo pra mim, e não vou insistir se o estilo não me cativou. Os personagens são tão descartáveis que a certa altura eu já assistia como Sopranos, esperando loucamente que acontecesse alguma coisa e matasse logo eles de uma forma rápida. Chega a ser um tormento em cena. Tanya desde a primeira temporada continua insuportavelmente sequelada, narcisista, sem noção. A assistente dela é uma songamonga. Torci mesmo foi pras nativas se darem bem, até que elas tiveram um desfecho satisfatório. Do meio pro final, vai ficando super tedioso e sempre que algo parece levar o espectador ao clímax, não acontece absolutamente nada e a cena não se desenvolve. É só mais uma paisagem deslumbrante da Sicília. Tudo acaba de forma abrupta e mal explicada. Sendo um conteúdo da HBO, eu esperava uma melhor qualidade e cuidado. Não foi dessa vez, nem tudo é perfeito - ainda que as produções da HBO estejam acima da média em relação a outros canais de streaming. Dei meia estrela a mais em relação à primeira temporada por causa do belíssimo cenário italiano, a única coisa que me encantou aqui. De resto, nota Dó.
Comecei a ver a série sem compromisso. Ela demora, mas não engata. Termina sem fecho, o que me faz ter mais ranço porque comecei a segunda temporada frustrado. E mais frustrante ainda foi ver essa série sendo recomendada no saquinho de lixo, aí foi que me arrependi mesmo de ter começado. Humor duvidoso, chulo, derrubado, nonsense, sem graça. Como comédia não diverte, como drama nada emociona. Crítica social rasa, tosca, malfeita. Essa série é uma grande bizarrice esquecível. Agora que iniciei a segunda temporada, pelo menos aprecio as belas paisagens da Sicília. Mas recomendo a série pra ninguém, a HBO tem coisas mais interessantes.
Enredo bleh, meio enrolado, meio manjado. Achei meio pombo em diversos aspectos, mas ainda insisti porque adoro a história e o senso de humor mórbido dos Addams. E também porque gosto muito da Jenna Ortega, é uma atriz da nova geração bastante competente e com muito potencial. Esse ano vi várias coisas com ela, e não decepciona. Recomendo os filmes "X - a marca da morte", e "a vida depois", só pra citar algumas produções mais recentes.
Revoltante demais. Enquanto o povo se fode, grandes executivos estão decidindo nossas vidas em jantares escusos. E ainda de mãos dadas com o Estado capetalista, que está disposto a defender seus interesses com unhas e dentes, já que é o mais podre balcão de negócios da burguesia, como diria o Marx. Todas as instituições e órgãos reguladores compradas, como a FDA nesse caso. O ator que interpreta Richard Sackler é estupendamente similar ao escroto da vida real. Fiquei abismado com a maestria de sua interpretação, pelo jeito psicopata, ao mesmo tempo profundamente irritante, filho da puta, complexado, de uma ganância incontrolável, que simplesmente ignora a tragédia de inúmeras vidas humanas. Para quem quiser conhecer mais sobre essa história terrível, recomendo a matéria da BBC, de 2017 (tentei botar aqui mas é preciso dar um google, pois aqui não é permitido compartilhar links). E não, não houve reparação às vítimas. O mercado só seguiu mais fortalecido e incólume. Aliás, já ficou bem óbvio que a mão invisível do mercado tá sempre ocupada pra tocar punheta pro nazifascismo, sempre sendo cúmplice dessa gente perversa que gerencia grandes corporações, mesmo nos piores momentos que a humanidade já atravessou, como pandemias. Enquanto houver sociedade capitalista e Estado burguês, jamais haverá justiça.
Esther e Moira totalmente esquecidas no churrasco. No final eu tava a ponto de desistir, mas aquele reencontro foi a glória, como no episódio de fuga e reviravolta, antes da Serena parir. A série não deve se arrastar mais, ainda bem que será encerrada. Temos que parar de romantizar histórias tão ótimas serem delongadas por pura ganância, o que acaba estragando o enredo sem necessidade. Insistir nisso sempre é desastroso; por mim essa já seria a última temporada, mas agora quero ver a queda de Gilead. Numa avaliação mais geral, acho que tem inconsistências nas temporadas 3 e 4, enquanto as duas primeiras são redondas, perfeitas. Gostei da ênfase geopolítica nessa 5ª temporada, mais evidenciado que nos anos anteriores. O que não me desce tanto é o Nick. Acho ele muito ambivalente, escorregadio. Não é alguém confiável, tá sempre clivado entre os sentimentos que nutre pela June e por exercer poder em Gilead. Agora é esperar ver o desfecho da história toda, ficará marcada como uma série memorável com muita qualidade técnica.
Ô povinho pernóstico. "Sofrível", "sem graça", "pastelão", etc. Digam o que quiserem, a série é uma alternativa ótima de entretenimento para os dias tão pesados até o segundo turno. Estamos num trem descarrilado, mergulhados em violência política. Para recuperar do estrago de 4 anos de gestão bostonazi levará no mínimo umas duas décadas pra esse país voltar a entrar no eixo. Como distopia, a série não é nada risível, mas assustadora porque é bastante plausível mesmo. Apesar de caricata e com alguns clichês, me rendeu boas gargalhadas. E Clarice me surpreendeu nesse trabalho, mas ainda gostava dela no Porta dos Fundos. Um jeito que mistura meiguice, sandice, burrice e consegue tornar todos os personagens cativantes e irritantes na mesma medida. E a meu ver, essa história foi a síntese politicamente mais compatível já feita sobre o Rio de Nojeira.
Documentário excelente sobre uma história tão trágica, controversa, revoltante e perturbadora, com explicações que nunca alcançam tamanha crueldade. Não sei se dissecar o cérebro do Dahmer após a morte serviria para descobrir alguma disfunção do córtex pré-frontal. Mesmo porque as neurociências estavam engatinhando nesse período. Mas o que fica é a sensação de revolta por um sistema tão escroto que permitiu que a matança dele continuasse, pelas falhas da investigação que deram tantas brechas para ele escapar. Pelo simples fato de uma branquitude policialesca se lixar pra latinos, negros, asiáticos, homens gays, pobres. Os marcadores sociais nesse caso foram cruciais para que a chacina continuasse acontecendo, e reina a sensação de impunidade do serial killer, que simplesmente conseguiu contornar os policiais com uma lábia barata e seguiu de volta com uma das vítimas para seu apartamento. O que fica é um completo desprezo pela vida humana, através do descaso e da omissão por um segmento já vulnerabilizado, na época com o triste estigma da Aids. A psiquiatria e a psicologia forense não me parecem ter encontrado respostas satisfatórias para esse caso, mas sei perfeitamente que o apagamento simbólico desses eventos não soluciona o problema das perversões. Tombar ou não um memorial para as vítimas não impede que muitas pessoas sigam venerando alguém tão doentio como Jeffrey Dahmer. É consternador imaginar que ao revisitar essa história, as pessoas têm se fascinado ainda mais pelo assassino, apesar de tudo.
A semelhança do ator que interpreta o assassino é assustadora, e a atuação dele é magistral. Do Taron também não fica de fora, aqui ele revela toda sua competência, e espero que ganhe reconhecimento ainda maior em outros trabalhos. Os últimos episódios são bem perturbadores e elucidativos. O cara se o mostra o verdadeiro monstro que é, uma pena não ter revelado com precisão os locais onde enterrou as vítimas. Essa pra mim foi a parte mais triste, por outro lado, o Jimmy real continua usando seus artifícios pra fins investigativos, ajudando a polícia a desvelar outros crimes de serial killers. Fiquei curioso para conhecer melhor a história em livro da qual a série se baseou, mas não sei se aguento acompanhar todo o horror em riqueza de detalhes e realismo.
Spin-off muito competente. Jimmy e Kim é tipo Bonnie e Clyde. Eu amei esse casal como poucas vezes em série. Acho que a última vez que vi uma química tão boa assim foi em The Americans. Achei o final meio clichê, não esperava redenção mas de repente ele mete o louco e se mostra arrependido. De uma forma até melancólica, ele nem viu muita saída a não ser contar a real e assim reconquistar o apreço de Kim. Achei uma injustiça ela ter sucumbido a uma vida mediana meio merda. Mas entendo que essa foi a forma que ela encontrou pra suportar tudo que houve, já que não era possível reparar o estrago. Achei superior a Breaking Bad, pois o ritmo paciente e metódico me agradou nesses seis anos. A outra série tinha um ritmo mais frenético e uma proposta diferente, mas pra mim a qualidade artística de Better Call Saul é gritante. Apesar que nem precisávamos comparar as duas. Vai deixar muitas saudades. Mesmo que ainda não tenha o devido reconhecimento, fico feliz de ter acompanhado a história desde o princípio.
Mesmo sendo mediana, Westworld ainda consegue ser muito boa. Em relação a outros seriados, considero esse acima da média. Gosto da ambivalência dos personagens, pois se tratando de sentimentos humanos nem sempre se aplica o maniqueísmo. Somos todos um pouco de vilões e mocinhos, ora perversos, ora benevolentes. E é nisso que a série brilha: uma protagonista que ora é vilã, ora salvadora. Um humanóide que é péssimo na conduta, mas simboliza um "vírus" filosófico que pode salvar a humanidade do aniquilamento. E por aí vai, a série caminha nesse lastro de entregar mais perguntas que respostas, e nisso ela só cresce. Dolores em sua configuração originária tem um magnetismo a cada aparição, mesmo com as idas e vindas de personagens tão queridos como Maeve e Bernard. Todos os reveses da série cumprem algum propósito, alguns não sabemos de imediato mas aos poucos a trama vai se costurando e ganhando forma. As outras versões da Dolores, como a Christine, não me pegaram muito. Achei até meio songamonga no começo, depois conquistou minha simpatia quando ela começou a tomar consciência. Enfim, se a série acabou de fato ou não eu não sei, mas pode ser encerrada de forma digna, a depender da decisão da HBO. De toda forma, acredito que seria mais viável, caso venha a ser renovada, numa possível quinta temporada, pois arrastar tanto uma história tão enigmática e envolvente pode estragar todo o mérito dela. A HBO já fez isso com outras tantas séries de sucesso, como True Blood e Game of Thrones. Espero que não seja o caso dessa obra irretocável, que deixará um legado de ótima qualidade no rol de séries da atualidade.
Patrícia Arquette assombrosamente impecável, como em cada atuação dela. A Joey King foi uma grata surpresa, não conhecia trabalhos dela até então. Eu demorei a ver essa série porque desde que saiu, na época achei muito pesada de encarar devido à história perturbadora. Mas vi finalmente, e em paralelo assisti ao documentário. Só não dei nota máxima porque senti falta do julgamento, ficou meio atropelado mas o documentário se complementa muito bem porque foca mais nisso. A minissérie consegue documentar artisticamente de forma sensível e cuidadosa sobre a síndrome de Munchausen por procuração. Acho que essa série deu um banho em "Objetos cortantes", que me agradou menos. Quem quiser entender melhor as motivações da Gypsy face aos abusos psicológicos e físicos, recomendo que veja o documentário que também é muito bom. Nessa história toda, o mais lamentável foi ver o desfecho do Nick. Ele deveria cumprir pena num hospital psiquiátrico sob custódia ou algo assim. Mesmo que ele tenha perversões como bdsm, ele é totalmente desequilibrado, pois opera numa lógica de mando/obediência e cometeu o crime a pedido de Gypsy. Aplicar prisão perpétua mostra como existem distorções e injustiças nesse sistema.
Ruim que dói! Achei muita generosidade essa temporada ainda receber 3 estrelas aqui. Eu queria desver isso. Nada integra o arco das duas partes. Em síntese, um show de horrores, no sentido mais abjeto. Pior de todas as dez temporadas em disparado. Após a bela porcaria da primeira parte e seu final cagado, dei uma segunda chance. Não junta lé com cré. A segunda história foi a que mais criei expectativa, e acabei passando mais raiva: amo as referências de Arquivo X, um clássico que adoro. A mistura de horror e ficção sempre foi atraente, mas do jeito que contaram foi super caricato. Uma mistura de aliens com reptilianos, teorias da conspiração contemporâneas sendo o mote da narrativa. Bizarro, medonho, constrangedor, pavoroso de ruim. As yags com "instintos maternais" pra garantir a sobrevivência das criaturas, OI? Me deu vergonha alheia essa segunda parte. Terminei da forma mais arrastada possível, os finais piores possíveis e mais decepcionantes em toda a história da série. Pra mim deu, não acompanho mais. Acho que o Ryan Murphy errou a mão nessa série e tá sendo superestimado pelo nome, porque mesmo tacando o louco nos roteiros ele lança qualquer coisa desqualificada.
Ruim que dói! Pela primeira vez, vou julgar só pelo piloto e nem vou me torturar de ver essa porcaria até o final da temporada. Quanta coisa dispensável hoje em dia tem sido produzida em torno do universo teenager, tanto pela Amazon quanto pela Netflix. É de cair o cú da bunda, melhor seria ter assistido um desenho animado em vez de desperdiçar uma hora preciosa de vida numa bosta dessa.
A cada temporada essa série foi ficando mediana, agora tá chegando ao medíocre. Muito zoado, parece até que o criador recebe um mega orçamento pra entregar qualquer porcaria, só porque tem grande prestígio. Cenas desconexas e patéticas de tão trash. Acho que o Ryan Murphy anda precisando de uma dessas pílulas pretas pra entregar mais qualidade, rs. Auditório em que todo mundo aceita tomar a droga, pra terminar num grande apocalipse zumbi é zombar da inteligência do espectador. Mas só vou continuar a temporada porque vem outra história. Tá na hora de parar por aqui, pois quando começo a passar raiva assistindo é porque a série não vale mais a pena, como larguei The Walking Dead depois de anos lá pela 7a temporada. Já deu...
Mucho loca essa temporada, mesmo assim gostei bastante. Achei aquém em relação à primeira temporada pois os personagens são cheios de maneirismos, mas rende boas risadas no geral. Por um instante achei que fosse ter um desfecho "Romeu e Julieta" às avessas, mas o final é digno. A inversão de vilãs e mocinhas é o auge.
Final coerente com a personagem, achei um pouco corrido alguns desfechos mas entregaram coisas plausíveis. Mesmo porque desde o início dessa temporada, já foram preparando a narrativa para o encerramento da história. Infelizmente essa série não é aclamada como merece, mas indico pra geral. Vai deixar muitas saudades.
Mal de Família (1ª Temporada)
4.2 25 Assista AgoraJamais tinha visto sujeito tão perverso quanto o JP. E olhe que já vi muitos personagens simpáticos por atrocidades, como em Game of Thrones. Mas nada se compara a esse. Eu não duvido que exista um ser tão desprezível como o John Paul. Então violência não é uma pergunta, é a resposta. Cada episódio de reviravolta me dava um nervoso de saber que ninguém detinha esse cara. Mais resistente que baratas pra morrer, como a própria Bibi comenta num dos últimos episódios. Mas ver o desfecho desse homem podre lavou a alma, e saiu melhor do que as tentativas de assassinato atrapalhadas das irmãs. Série muito bem feita, com boa dose de dramédia pra abordar o tema tão delicado da violência contra a mulher em relacionamentos abusivos. É triste de acompanhar na vida real, e eu tenho várias amigas que já viveram com homens como JP, a tragédia de mulheres que demoram a reconhecer violência psicológica e passam anos sendo minadas em sua autoestima, desvitalizadas até se reduzirem a uma morta-viva, como a Grace.
Barry (3ª Temporada)
4.2 74 Assista Agora"finalmente história de gays trambiqueiras. ninguém aguenta mais só história de gay sofrendo. queremos mais gays assim: gays empinando moto, gays dando tiro, etc."
Barry (1ª Temporada)
4.1 118 Assista AgoraGostei. Mistura dramédia, equilibrando bem entre suspense e humor nonsense. Mesmo estilo cômico de situações trágicas como em "Better call Saul", que muito me agradou. Vou continuar acompanhando as estabanadas do Barry nas outras temporadas, comecei sem compromisso e foi satisfatório. Apesar de algumas situações óbvias e até irritantes de alguns personagens, a série tem potencial e consegue transitar bem entre os maneirismos do mundo da atuação e as agruras da vida real, que orbitam no entorno do protagonista. Aqui, evidentemente, a fórmula não é nova: mafiosos, situações-limite, dilemas morais, busca por redenção. Mas com certeza, a série é estimulante na jornada de tantos infortúnios e suas consequências, no melhor estilo desse gênero (como em Breaking Bad e Fargo, por exemplo), então recomendo muito.
Enxame
3.8 96 Assista AgoraAchei um tanto confusa no início, mas da metade pro fim ela engatou bem. É um tema atualíssimo, pois o fanatismo afeta várias instâncias da vida: técnica, política, artística. O fanatismo consumista pela "marca melhor", pela diva pop deificada pela indústria cultural, o fanatismo pelo político de estimação com discurso messiânico, o fanatismo religioso... e assim vemos a sociedade de massas se alienando e se destruindo pelo apego doentio a figuras públicas que surfam nessa onda, sendo tratadas como verdadeiras divindades no planeta. Com muito deboche e sarcamo, vemos pouco a pouco como é a mente do fanático, levado ao limite da degradação, sujeitando-se a sevícias para "devorar" seu artista preferido.
Adorei a analogia com a diva pop - qualquer semelhança não é mera coincidência com a diva mais venerada do momento. O diálogo no último episódio me pegou, porque podia ter sido eu debatendo com algum fanático dessa fanbase. Algo do tipo "o ingresso custou uma fortuna, e a música nem é lá grandes coisas, só pra ver essa criatura performática e seu marido interesseiro!? Dispenso, prefiro gastar com uma viagem" 🗣
Não sei se vai ter outra temporada, mas o recado final me trouxe a ideia de que o colapso deixa de ser fatalista e passa a ser uma esperança.
Ted Lasso (3ª Temporada)
4.3 100Ted Lasso é uma série encantadora. Encerrou de forma bonita e nostálgica, pois deixará muita saudade. Espero de verdade que ela ainda tenha o reconhecimento que merece. Ao ver essa série, entendi como o futebol mobiliza tanto as paixões humanas. Nunca fui fã do esporte, desde criança, seja jogando ou assistindo. Mas admito que essa capacidade de mobilizar massas inteiras de pessoas sempre me causou espanto, e percebo que se deve sobretudo às reviravoltas do jogo. Assim como ocorrem reviravoltas na vida, a série foi magistral ao mostrar o time saindo do abismo e encontrando a glória. Através de um treinador simples e otimista, conseguiu trazer o senso de pertença coletiva dos jogadores, criando novas estratégias que inclusive os encorajavam a elevar sua autoestima em campo. Com muito cuidado e dedicação, Ted trouxe pouco a pouco o senso originário de brincar com uma bola ao jogar, em vez de revanchismo. E é um brincar genuíno, comovente, repleto de delicadeza, que conectou a todos os integrantes do time, do gandula até a presidente do Richmond. Foi muito bonito acompanhar essa evolução dos personagens, e não posso deixar de destacar a importância (ainda que tímida) dada ao tema da saúde mental, especialmente quando introduziram uma psicóloga do esporte na temporada anterior. A abordagem comovente sobre o processo de transmutar a dor que Ted atravessara ao perder seu pai para o suicídio é o ponto alto da série. E tudo funcionou bem redondo no desenrolar das coisas. Apesar de algumas derrapadas da narrativa, gostei muito do ritmo e recomendo demais essa obra-prima.
Maravilhosa Sra. Maisel (5ª Temporada)
4.5 100 Assista AgoraTerminou em grande estilo, apesar que os flashes do futuro deixaram o enredo da temporada um pouco confuso. Não gostei do final indigno do Lenny, que sempre apostou na Midge. Mas é coerente com o estilo de vida errática que ele sempre levou, ainda que tenha sido um ótimo humorista. A briga e a reconciliação entre Miriam e Susie ficou mal explicado, a prisão e soltura(?) do ex(?) marido ainda mais. Sem falar que nos últimos episódios, insistiram na reatada do casal apenas a nível sugestivo, sem mostrar os desdobramentos. Fora tudo isso, a série tem seu mérito, ao trazer uma estória de época com mulheres ocupando postos de sucesso e reivindicando seu lugar no mundo. E sem se curvar à masculinidade frágil, muito visível principalmente no show business que é tomado pela soberba de artistas consagrados, empresários e roteiristas. Miriam conquistou um lugar ao sol com seu jeito encantador, sarcástico, sagaz e ousado, além do excelente apoio da Susie que, apesar de ranzinza, também trouxe vários momentos cômicos ao longo de toda a série. E ao contrário da parceria Xuxa/Marlene Matos, aqui teve final feliz e amizade duradoura. Vai deixar muita saudade.
Ted Lasso (2ª Temporada)
4.4 157Série linda, me surpreendeu bastante. Não gosto de futebol, nem acompanho Copa, não acho emocionante e não entendo nada do esporte. Mas a série é impecável, e mesmo sem grandes tensões consegue seduzir em questões densas que se equilibram entre o drama e o cômico na dose certa. Eu assisti de forma suave pois sei que em breve será lançada a terceira e última temporada. Deu um salto qualitativo em relação à primeira temporada, com ênfase nos aspectos psicológicos dos personagens. Além das excelentes atuações, queria destacar dois pontos: primeiro, a importância de uma psicóloga esportiva, que faz todo o diferencial no trabalho grupal, ainda que o desempenho do time esteja aquém nas partidas. Meu palpite é que a série vai fechar mostrando a glória dos Richmonds, mas posso estar enganado. A segunda coisa foi entender a fragilidade de Ted Lasso, um ponto de virada quando ele revela como se deu a morte de seu pai para a terapeuta. E aqui a série me pegou de jeito. Quando vi o episódio em que isso acontece, havia dado uma pausa na série por questões de trabalho. E nesse ínterim, perdi uma grande amiga para o suicídio. É um evento perturbador, principalmente para os mais próximos. Fica aquela amarga sensação de "falei algo que não devia", ou ainda, "o que não fiz de suficiente". Nada disso traz a pessoa de volta, só nos traz uma profunda melancolia. Mas é preciso seguir em frente, respeitando essa decisão tão devastadora (ainda que de difícil compreensão), e honrando as memórias afetuosas, para não dar lugar a sentimentos mesquinhos de revolta e ressentimento, que definitivamente não tornam as coisas melhores, apenas potencializam o pesar da nossa perda. Após 3 semanas desse ocorrido, de quando escrevo esse comentário, consegui finalizar a temporada, em meio a muitas lembranças queridas. A série me ajudou a atravessar o período tão difícil do luto, e mesmo que as coisas tivessem sido de outra forma, ainda assim seria uma série linda, porque é emocionante e aborda o tema do suicídio com bela sensibilidade. Gostei muito de terem explorado os demais personagens, porque são tão cativantes quanto o protagonista. É uma série que pisa em White Lotus e outros hypes por aí que não têm muito a oferecer, a não ser uma boa publicidade.
O Paciente
3.5 61Muito enfadonha, o desenvolvimento é péssimo. Apesar do desfecho previsível, é um final que podia ter sido mais interessante, sem necessariamente mudar o rumo da estória. Pra mim, a maior frustração foi a mãe não ser executada, justamente porque ela consentia com todas as atrocidades do filho serial killer. Apesar de ser perturbadora na proposta, eu levei uma eternidade pra terminar. Proposta que até tem potencial, mas foi mal executada. As motivações do assassino não são muito claras e pouco aprofundadas, dá a impressão que ele era apenas um homem medíocre que matava por razões fúteis. De modo geral, a série é muito longa para o que se propõe, pois enche muita linguiça em dez episódios que não deveriam durar mais que meia hora. Gostei de ver o Steve Carell num papel dramático, cumpriu com maestria. Mas pela perda de tempo, não recomendo.
The White Lotus (2ª Temporada)
4.2 343 Assista AgoraEssa série parece uma novela do Manoel Carlos: enfadonha, com belas paisagens e um enredo inútil. Tudo é bem previsível no roteiro: a fórmula se repete com um assassinato misterioso, personagens irritantes, casais em crise durante a viagem que sempre retornam reconciliados. Se vc gosta de white people problems, dramalhões de ricaços insuportáveis, estória arrastada em que nada acontece, diálogos inócuos que levam o nada a lugar algum, é um prato cheio. A meu ver, é uma série superestimada, nem o hype da segunda temporada me pegou. Vou parar por aqui porque se lançarem outra temporada vai ser ladeira abaixo pra mim, e não vou insistir se o estilo não me cativou. Os personagens são tão descartáveis que a certa altura eu já assistia como Sopranos, esperando loucamente que acontecesse alguma coisa e matasse logo eles de uma forma rápida. Chega a ser um tormento em cena. Tanya desde a primeira temporada continua insuportavelmente sequelada, narcisista, sem noção. A assistente dela é uma songamonga. Torci mesmo foi pras nativas se darem bem, até que elas tiveram um desfecho satisfatório. Do meio pro final, vai ficando super tedioso e sempre que algo parece levar o espectador ao clímax, não acontece absolutamente nada e a cena não se desenvolve. É só mais uma paisagem deslumbrante da Sicília. Tudo acaba de forma abrupta e mal explicada. Sendo um conteúdo da HBO, eu esperava uma melhor qualidade e cuidado. Não foi dessa vez, nem tudo é perfeito - ainda que as produções da HBO estejam acima da média em relação a outros canais de streaming. Dei meia estrela a mais em relação à primeira temporada por causa do belíssimo cenário italiano, a única coisa que me encantou aqui. De resto, nota Dó.
The White Lotus (1ª Temporada)
3.9 400 Assista AgoraComecei a ver a série sem compromisso. Ela demora, mas não engata. Termina sem fecho, o que me faz ter mais ranço porque comecei a segunda temporada frustrado. E mais frustrante ainda foi ver essa série sendo recomendada no saquinho de lixo, aí foi que me arrependi mesmo de ter começado. Humor duvidoso, chulo, derrubado, nonsense, sem graça. Como comédia não diverte, como drama nada emociona. Crítica social rasa, tosca, malfeita. Essa série é uma grande bizarrice esquecível. Agora que iniciei a segunda temporada, pelo menos aprecio as belas paisagens da Sicília. Mas recomendo a série pra ninguém, a HBO tem coisas mais interessantes.
Wandinha (1ª Temporada)
4.0 683 Assista AgoraEnredo bleh, meio enrolado, meio manjado. Achei meio pombo em diversos aspectos, mas ainda insisti porque adoro a história e o senso de humor mórbido dos Addams. E também porque gosto muito da Jenna Ortega, é uma atriz da nova geração bastante competente e com muito potencial. Esse ano vi várias coisas com ela, e não decepciona. Recomendo os filmes "X - a marca da morte", e "a vida depois", só pra citar algumas produções mais recentes.
Dopesick
4.3 45 Assista AgoraRevoltante demais. Enquanto o povo se fode, grandes executivos estão decidindo nossas vidas em jantares escusos. E ainda de mãos dadas com o Estado capetalista, que está disposto a defender seus interesses com unhas e dentes, já que é o mais podre balcão de negócios da burguesia, como diria o Marx. Todas as instituições e órgãos reguladores compradas, como a FDA nesse caso. O ator que interpreta Richard Sackler é estupendamente similar ao escroto da vida real. Fiquei abismado com a maestria de sua interpretação, pelo jeito psicopata, ao mesmo tempo profundamente irritante, filho da puta, complexado, de uma ganância incontrolável, que simplesmente ignora a tragédia de inúmeras vidas humanas. Para quem quiser conhecer mais sobre essa história terrível, recomendo a matéria da BBC, de 2017 (tentei botar aqui mas é preciso dar um google, pois aqui não é permitido compartilhar links). E não, não houve reparação às vítimas. O mercado só seguiu mais fortalecido e incólume. Aliás, já ficou bem óbvio que a mão invisível do mercado tá sempre ocupada pra tocar punheta pro nazifascismo, sempre sendo cúmplice dessa gente perversa que gerencia grandes corporações, mesmo nos piores momentos que a humanidade já atravessou, como pandemias. Enquanto houver sociedade capitalista e Estado burguês, jamais haverá justiça.
O Conto da Aia (5ª Temporada)
4.0 172 Assista AgoraEsther e Moira totalmente esquecidas no churrasco. No final eu tava a ponto de desistir, mas aquele reencontro foi a glória, como no episódio de fuga e reviravolta, antes da Serena parir. A série não deve se arrastar mais, ainda bem que será encerrada. Temos que parar de romantizar histórias tão ótimas serem delongadas por pura ganância, o que acaba estragando o enredo sem necessidade. Insistir nisso sempre é desastroso; por mim essa já seria a última temporada, mas agora quero ver a queda de Gilead. Numa avaliação mais geral, acho que tem inconsistências nas temporadas 3 e 4, enquanto as duas primeiras são redondas, perfeitas. Gostei da ênfase geopolítica nessa 5ª temporada, mais evidenciado que nos anos anteriores. O que não me desce tanto é o Nick. Acho ele muito ambivalente, escorregadio. Não é alguém confiável, tá sempre clivado entre os sentimentos que nutre pela June e por exercer poder em Gilead. Agora é esperar ver o desfecho da história toda, ficará marcada como uma série memorável com muita qualidade técnica.
Eleita (1ª Temporada)
3.3 23 Assista AgoraÔ povinho pernóstico. "Sofrível", "sem graça", "pastelão", etc. Digam o que quiserem, a série é uma alternativa ótima de entretenimento para os dias tão pesados até o segundo turno. Estamos num trem descarrilado, mergulhados em violência política. Para recuperar do estrago de 4 anos de gestão bostonazi levará no mínimo umas duas décadas pra esse país voltar a entrar no eixo. Como distopia, a série não é nada risível, mas assustadora porque é bastante plausível mesmo. Apesar de caricata e com alguns clichês, me rendeu boas gargalhadas. E Clarice me surpreendeu nesse trabalho, mas ainda gostava dela no Porta dos Fundos. Um jeito que mistura meiguice, sandice, burrice e consegue tornar todos os personagens cativantes e irritantes na mesma medida. E a meu ver, essa história foi a síntese politicamente mais compatível já feita sobre o Rio de Nojeira.
Conversando Com Um Serial Killer: O Canibal de Milwaukee
4.0 64 Assista AgoraDocumentário excelente sobre uma história tão trágica, controversa, revoltante e perturbadora, com explicações que nunca alcançam tamanha crueldade. Não sei se dissecar o cérebro do Dahmer após a morte serviria para descobrir alguma disfunção do córtex pré-frontal. Mesmo porque as neurociências estavam engatinhando nesse período. Mas o que fica é a sensação de revolta por um sistema tão escroto que permitiu que a matança dele continuasse, pelas falhas da investigação que deram tantas brechas para ele escapar. Pelo simples fato de uma branquitude policialesca se lixar pra latinos, negros, asiáticos, homens gays, pobres. Os marcadores sociais nesse caso foram cruciais para que a chacina continuasse acontecendo, e reina a sensação de impunidade do serial killer, que simplesmente conseguiu contornar os policiais com uma lábia barata e seguiu de volta com uma das vítimas para seu apartamento. O que fica é um completo desprezo pela vida humana, através do descaso e da omissão por um segmento já vulnerabilizado, na época com o triste estigma da Aids. A psiquiatria e a psicologia forense não me parecem ter encontrado respostas satisfatórias para esse caso, mas sei perfeitamente que o apagamento simbólico desses eventos não soluciona o problema das perversões. Tombar ou não um memorial para as vítimas não impede que muitas pessoas sigam venerando alguém tão doentio como Jeffrey Dahmer. É consternador imaginar que ao revisitar essa história, as pessoas têm se fascinado ainda mais pelo assassino, apesar de tudo.
Black Bird
4.2 94 Assista AgoraA semelhança do ator que interpreta o assassino é assustadora, e a atuação dele é magistral. Do Taron também não fica de fora, aqui ele revela toda sua competência, e espero que ganhe reconhecimento ainda maior em outros trabalhos. Os últimos episódios são bem perturbadores e elucidativos. O cara se o mostra o verdadeiro monstro que é, uma pena não ter revelado com precisão os locais onde enterrou as vítimas. Essa pra mim foi a parte mais triste, por outro lado, o Jimmy real continua usando seus artifícios pra fins investigativos, ajudando a polícia a desvelar outros crimes de serial killers. Fiquei curioso para conhecer melhor a história em livro da qual a série se baseou, mas não sei se aguento acompanhar todo o horror em riqueza de detalhes e realismo.
Better Call Saul (6ª Temporada)
4.7 406 Assista AgoraSpin-off muito competente. Jimmy e Kim é tipo Bonnie e Clyde. Eu amei esse casal como poucas vezes em série. Acho que a última vez que vi uma química tão boa assim foi em The Americans. Achei o final meio clichê, não esperava redenção mas de repente ele mete o louco e se mostra arrependido. De uma forma até melancólica, ele nem viu muita saída a não ser contar a real e assim reconquistar o apreço de Kim. Achei uma injustiça ela ter sucumbido a uma vida mediana meio merda. Mas entendo que essa foi a forma que ela encontrou pra suportar tudo que houve, já que não era possível reparar o estrago. Achei superior a Breaking Bad, pois o ritmo paciente e metódico me agradou nesses seis anos. A outra série tinha um ritmo mais frenético e uma proposta diferente, mas pra mim a qualidade artística de Better Call Saul é gritante. Apesar que nem precisávamos comparar as duas. Vai deixar muitas saudades. Mesmo que ainda não tenha o devido reconhecimento, fico feliz de ter acompanhado a história desde o princípio.
Westworld (4ª Temporada)
3.6 123Mesmo sendo mediana, Westworld ainda consegue ser muito boa. Em relação a outros seriados, considero esse acima da média. Gosto da ambivalência dos personagens, pois se tratando de sentimentos humanos nem sempre se aplica o maniqueísmo. Somos todos um pouco de vilões e mocinhos, ora perversos, ora benevolentes. E é nisso que a série brilha: uma protagonista que ora é vilã, ora salvadora. Um humanóide que é péssimo na conduta, mas simboliza um "vírus" filosófico que pode salvar a humanidade do aniquilamento. E por aí vai, a série caminha nesse lastro de entregar mais perguntas que respostas, e nisso ela só cresce. Dolores em sua configuração originária tem um magnetismo a cada aparição, mesmo com as idas e vindas de personagens tão queridos como Maeve e Bernard. Todos os reveses da série cumprem algum propósito, alguns não sabemos de imediato mas aos poucos a trama vai se costurando e ganhando forma. As outras versões da Dolores, como a Christine, não me pegaram muito. Achei até meio songamonga no começo, depois conquistou minha simpatia quando ela começou a tomar consciência. Enfim, se a série acabou de fato ou não eu não sei, mas pode ser encerrada de forma digna, a depender da decisão da HBO. De toda forma, acredito que seria mais viável, caso venha a ser renovada, numa possível quinta temporada, pois arrastar tanto uma história tão enigmática e envolvente pode estragar todo o mérito dela. A HBO já fez isso com outras tantas séries de sucesso, como True Blood e Game of Thrones. Espero que não seja o caso dessa obra irretocável, que deixará um legado de ótima qualidade no rol de séries da atualidade.
The Act
4.3 392Patrícia Arquette assombrosamente impecável, como em cada atuação dela. A Joey King foi uma grata surpresa, não conhecia trabalhos dela até então. Eu demorei a ver essa série porque desde que saiu, na época achei muito pesada de encarar devido à história perturbadora. Mas vi finalmente, e em paralelo assisti ao documentário. Só não dei nota máxima porque senti falta do julgamento, ficou meio atropelado mas o documentário se complementa muito bem porque foca mais nisso. A minissérie consegue documentar artisticamente de forma sensível e cuidadosa sobre a síndrome de Munchausen por procuração. Acho que essa série deu um banho em "Objetos cortantes", que me agradou menos. Quem quiser entender melhor as motivações da Gypsy face aos abusos psicológicos e físicos, recomendo que veja o documentário que também é muito bom. Nessa história toda, o mais lamentável foi ver o desfecho do Nick. Ele deveria cumprir pena num hospital psiquiátrico sob custódia ou algo assim. Mesmo que ele tenha perversões como bdsm, ele é totalmente desequilibrado, pois opera numa lógica de mando/obediência e cometeu o crime a pedido de Gypsy. Aplicar prisão perpétua mostra como existem distorções e injustiças nesse sistema.
American Horror Story: Double Feature (10ª Temporada)
2.7 251Ruim que dói! Achei muita generosidade essa temporada ainda receber 3 estrelas aqui. Eu queria desver isso. Nada integra o arco das duas partes. Em síntese, um show de horrores, no sentido mais abjeto. Pior de todas as dez temporadas em disparado. Após a bela porcaria da primeira parte e seu final cagado, dei uma segunda chance. Não junta lé com cré. A segunda história foi a que mais criei expectativa, e acabei passando mais raiva: amo as referências de Arquivo X, um clássico que adoro. A mistura de horror e ficção sempre foi atraente, mas do jeito que contaram foi super caricato. Uma mistura de aliens com reptilianos, teorias da conspiração contemporâneas sendo o mote da narrativa. Bizarro, medonho, constrangedor, pavoroso de ruim. As yags com "instintos maternais" pra garantir a sobrevivência das criaturas, OI? Me deu vergonha alheia essa segunda parte. Terminei da forma mais arrastada possível, os finais piores possíveis e mais decepcionantes em toda a história da série. Pra mim deu, não acompanho mais. Acho que o Ryan Murphy errou a mão nessa série e tá sendo superestimado pelo nome, porque mesmo tacando o louco nos roteiros ele lança qualquer coisa desqualificada.
Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado (1ª …
2.1 184Ruim que dói! Pela primeira vez, vou julgar só pelo piloto e nem vou me torturar de ver essa porcaria até o final da temporada. Quanta coisa dispensável hoje em dia tem sido produzida em torno do universo teenager, tanto pela Amazon quanto pela Netflix. É de cair o cú da bunda, melhor seria ter assistido um desenho animado em vez de desperdiçar uma hora preciosa de vida numa bosta dessa.
American Horror Story: Double Feature (10ª Temporada)
2.7 251A cada temporada essa série foi ficando mediana, agora tá chegando ao medíocre. Muito zoado, parece até que o criador recebe um mega orçamento pra entregar qualquer porcaria, só porque tem grande prestígio. Cenas desconexas e patéticas de tão trash. Acho que o Ryan Murphy anda precisando de uma dessas pílulas pretas pra entregar mais qualidade, rs.
Auditório em que todo mundo aceita tomar a droga, pra terminar num grande apocalipse zumbi é zombar da inteligência do espectador. Mas só vou continuar a temporada porque vem outra história. Tá na hora de parar por aqui, pois quando começo a passar raiva assistindo é porque a série não vale mais a pena, como larguei The Walking Dead depois de anos lá pela 7a temporada. Já deu...
Por Que as Mulheres Matam (2ª Temporada)
4.0 45 Assista AgoraMucho loca essa temporada, mesmo assim gostei bastante. Achei aquém em relação à primeira temporada pois os personagens são cheios de maneirismos, mas rende boas risadas no geral. Por um instante achei que fosse ter um desfecho "Romeu e Julieta" às avessas, mas o final é digno. A inversão de vilãs e mocinhas é o auge.
Nurse Jackie (7ª Temporada)
3.8 11Final coerente com a personagem, achei um pouco corrido alguns desfechos mas entregaram coisas plausíveis. Mesmo porque desde o início dessa temporada, já foram preparando a narrativa para o encerramento da história. Infelizmente essa série não é aclamada como merece, mas indico pra geral. Vai deixar muitas saudades.