filmow.com/usuario/victornhugo
    Você está em
  1. > Home
  2. > Usuários
  3. > victornhugo
22 years
Usuário desde Março de 2023
Grau de compatibilidade cinéfila
Baseado em 0 avaliações em comum

Últimas opiniões enviadas

  • Victor N Hugo

    Imagine se você fosse na casa de uma tia e encontrasse esquecido de baixo da cama um baú com imagens e vídeos do filho dela (seu tio). Seu jeitinho arrumadinho e semblante neutro não trazem nada de especial, entretanto a cada imagem vasculhada no baú você fica cada vez mais fascinado, pelas figuras e lugares de seu passado, pela personalidade daquele sujeito e concluí que é uma lástima não o ter conhecido... poderiam ter sido grandes amigos.

    Inconfissões é sobre isso, é sobre encontrar fragmentos deixados por um homem que buscava a liberdade no mundo, a liberdade do afeto, a liberdade que a arte traz, quase como um sonho, atravessado pela crueza da realidade.

    Inconfissões (2017): "Mais do que isso não sei se ele contaria".

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Victor N Hugo

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    Escrevo esse comentário ao som de "The Power Of Love", canção dos anos 1980 que muitos assim como eu devem ter ouvido pela primeira vez na intimista e desoladora cena final, do qual Adam abraça e consola um Harry que nunca de fato chegou a conhecer de verdade para além de uma breve conversa na porta de seu apartamento.

    O filme não é o mais bem executado na montagem, ao meu ver, as trocas de cena entre Adam indo visitar seus pais e seus momentos com o Harry ficaram um pouco monótonas. Entretanto, é em toda a ambientação que o filme se destaca, o prédio sem vida, a falta de contato entre o protagonista e os desconhecidos nas escassas vezes que ele opta por sair de casa… é tudo muito sufocante e executado com muito cuidado pela produção.

    Adam e Harry são solitários mesmo na multidão, isso fala muita coisa, não só sobre eles mas sobre nós, desconhecidos, estranhos nas relações diárias com os outros. Caramujos que carregam suas pesadas conchas nas costas e no contato com os outros se escondem nelas, a qualquer sinal de suposta ameaça ao que consideramos seguro.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    A partir do momento que o pai de Adam aparece, estranhei aquela figura tão fora de contexto visual com o mundo atual (diga-se nossa década), o mesmo vale para a mãe e seu cabelo anos 80 e todo o ambiente da casa.
    Quando aquelas figuras mais jovens que Adam o chamam de filho, aquilo tudo fez sentido e comecei a desconfiar que Harry também não fosse real, talvez nunca tivesse sido, apenas mais uma manifestação personificada das angústias de Adam ao lidar com seus próprios conflitos.

    Entretanto fui pego de surpresa ao ver toda a sequência de aproximação de Adam ao quarto onde Harry se encontrava morto na cama. Fiquei o tempo todo em um processo de negação torcendo para que o Harry morto fosse apenas mais uma alucinação na cabeça daquele atormentado homem, mas não foi.

    O que mais machuca é saber que em todos os momentos, nas pouquíssimas vezes que ele interage com alguém, nenhum deles estava realmente ali e todo filme se trata da relação solitária e conturbada de um homem consigo mesmo.

    Breves apontamentos:
    Muitas podem ser as interpretações do filme como um todo, acredito que possa ser visto até por uma visão religiosa, mas por convicções pessoais tendo a levar para o lado dos conflitos internos e manifestações psicológicas.

    Queria muito saber como teria sido se Adam tivesse recebido Harry (ainda em vida) no seu apartamento, poderiam realmente ficar juntos ou talvez não.

    Grande parte do que deixa o final ainda mais duro foi o fato dos pais de Adam terem dito para ele seguir com a vida e parar de ficar preso no trauma que envolve eles, uma das sugestões era ele tentar seguir em frente com a vida na companhia de Harry.
    Penso que Adam com o tempo e ajuda do Harry poderia realmente superar (na medida do possível) esse trauma e ajudar o próprio Harry a lidar com as dores da vida dele, mas o que ele ganha no fim das contas é mais um fantasma em sua vida.

    All Of Us Strangers (2023): “I'll protect you from the hooded claw
    Keep the vampires from your door”
    Nota: 8/10

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Victor N Hugo

    Terminei de assistir Saltburn decepcionado, ao meu ver o filme pode ser dividido em dois, farei meus comentários com isso em mente.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    A primeira parte se estende do início do filme até a morte do Felix, temos aqui a introdução do Oliver na faculdade, todo o processo da tentativa de aproximação com seu objeto de desejo e suas frustrações durante todo esse processo. Nesse momento do filme me senti tão curioso pela personalidade deste protagonista quanto sobre a do Felix, a sensação de deslocamento, da humilhação sofrida pelo personagem no ambiente elitista e a relação que se forma entre eles é muito bem desenvolvida nesse momento. Certos detalhes fazem falta, mas é compreensível por estar ainda só no começo do filme, a cena da qual Oliver desabafa e apresenta (tanto ao Felix quanto ao público) um pouco de sua vida, é muito bem executada. A pedra que é jogada por Oliver em homenagem ao suposto pai morto e não caí na água, mostra uma atenção aos detalhes muito bem trabalhada pelos realizadores que se manifesta também em outros momentos adiante.



    O filme que nas cenas em Oxford, parecia um drama jovem da Netflix (um dos bons), já ao nos apresentar a locação de Saltburn se torna a emulação de um thriller de suspense que parece se encaminhar ao nível de um clássico.
    Pode notar que eu disse emulação, pois na superfície realmente parece ser um suspense de qualidade que não se torna de fato um.

    O personagem deslocado que chega ao castelo do qual ele não sabe as regras de convivência, se vê perdido na forma de se comportar em meio aquela gente e aos poucos vai sendo apresentado aos integrantes da família que a todo momento não parecem pessoas confiáveis.
    São personagens excêntricos e caricatos, o filme não poupa nas piadas ácidas e depreciativas, o que não se trata de um problema. Um thriller não necessariamente precisa ser sério, temos o exemplo do excelente "Corra" de Jordan Peele, que traz esse suspense com altas doses de humor sem que os personagens resumam-se a isso (inclusive me lembrei de Corra na menção de que o Oliver não foi o primeiro amigo a ter ido lá, me fazendo pensar que talvez Saltburn tivesse um enredo parecido ou optasse por subverter e de fato ele faz). Saltburn até adiciona um superficial subtexto para certos personagens, como a filha bulímica Venetia ou Pamela (a menosprezada amiga da família que constantemente é lembrada que deve ir embora), mas desperdiça excelentes atores como Rosamund Pike (que interpreta a matriarca da família), cuja a personagem é remetida apenas ao arquétipo de mãe manipuladora e egocentrada.

    As cenas são de uma fotografia ímpar, como na cena do Oliver deitado com o reflexo do castelo na água, o filme sabe dessa sua qualidade e o tempo todo joga isso na nossa cara, como se dissesse "Olha como minha fotografia é foda" e não há nada de errado com isso.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    A fotografia em certos momentos torna-se impressionante, o que aliada ao roteiro que coloca os personagens em diversas situações esdrúxulas, mostram o ponto alto desse filme. Vejam bem, a cena do "annilingus" no ralo da banheira é uma das cenas mais espetaculares que já pude ver em alguma obra audiovisual, a representação do buraco do ralo e o desejo reprimido, a estimulação oral nesse espaço, nesse objeto íntimo frio e inane que fora usado por outra pessoa e na ausência é tudo que resta dela e do que é possível para sentir, é de uma poesia fortíssima.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    Mais para o fim do filme isso se repete com uma cova, onde agora sim a ausência é total, não há volta e agora o sexo é penetrativo.



    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    A partir do momento em que por descuido de Oliver, Felix descobre seu verdadeiro passado todas as estranhas guinadas manipulatórias que Oliver foi manifestando em Saltburn começam a fazer sentido, não é que Saltburn o tenha deixado assim (ou ele esteja fazendo algo como uma adaptação ao espaço), ele é assim, manipulador, frio, calculista… e agora em sua segunda parte que o filme degringola de vez.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    Foi após a primeira briga entre Oliver e Felix que cheguei a conclusão que infelizmente Felix não seria propriamente desenvolvido, esperei até o último segundo para que ele tivesse o desenvolvimento de personagem pelo menos ao nível do Oliver (muito bem transmitido pelo excelente Barry Keoghan), mas não foi o que aconteceu, ficou relegado ao mesmo tipo de desenvolvimento de seus familiares, um arquétipo.

    Mesmo assim devo dizer que pude sentir a ausência de Felix, ele realmente faz falta naquela família, a cena deles na mesa de jantar enquanto do lado de fora o corpo dele era retirado, é triste, muito triste. Ver a Venetia e o Farleight chorando enquanto os pais tentam fingir que seu filho não está morto é um soco no estômago, a cortina que é fechada deixando o salão vermelho e claustrofóbico é de uma sutileza cirúrgica.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    A partir daí o filme me lembrou uma cena de American Horror Story: Freak Show, onde um personagem pega uma pistola e sai matando freneticamente parte do elenco, a morte de Felix foi só a primeira de uma sucessão de mortes e consequências que só são aceitáveis se o espectador ligar totalmente o modo suspensão de descrença. Para piorar o filme faz questão de deixar tudo explicadinho, em uma superexposição de flashbacks que subestimam a inteligência de seus espectadores.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    Por fim Oliver consegue o que quer e agora ouve música e dança pelado pelo castelo, livre, leve e solto… um dos clichês que mais me saturo de ver, que é o do psicopata dançando ou matando ao som de música pop, rock ou música clássica.

    Comentário contando partes do filme. Mostrar.

    Antes de finalizar, devo fazer um adendo, vi alguns comentários sobre o trato da sexualidade do filme, com cenas explícitas (ainda bem comportadas se comparadas a um Lars Von Trier) que chocaram alguma pessoas ou se tornaram motivo de piadas no nível quinta série. No Globo de Ouro vi piadas e trocadilhos envolvendo essas cenas, que assim como pude ver também na recepção de alguns sobre o filme da Barbie, provam mais uma vez que nossa sociedade (norte-americanizada) emula um progressismo que só existe na superfície.

    Concluindo, Saltburn é um bom filme que poderia ser excelente.

    Saltburn (2023): “É pau, é pedra, é o fim do caminho”.
    Nota: 6/10

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Nenhum recado para Victor N Hugo.

Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.

Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.