Se havia uma característica que eu esperava de um filme de Oswaldo Montenegro era a ousadia, mas não imaginava que ela cairia tão bem. O longa assume uma postura teatral abusando do gênero para trazer a tona as questões dos personagens. Com um incrível roteiro, intenso e ao mesmo tempo dinâmico, os atores entregues e repletos de jovialidade lidam com o palco e com a vida de forma visceral e iluminada, destoando propositalmente da obscuridade pesada e destrutiva da personagem brilhantemente interpretada por Françoise Forton. Paloma Duarte está deliciosa em cena, seja nas lágrimas sentidas ou no sorriso resplandecente que compõe sabiamente sua Marina e o elenco jovem esbanja charme e talento por todos os lados. As músicas são escolhidas a dedo e muito bem interpretadas, causando exatamente o impacto proposto em cada cena. No final de tudo da gosto de ver que o longa abarca cada loucura proposta assumindo uma identidade ímpar no cinema brasileiro.
Os primeiros minutos do filme são incrivelmente chamativos e te lançam para o universo gay de Berlim, no entanto, como uma sombra surgem questões inerentes ao posicionamento político da Alemanha na época, o nazismo. Desse ponto para frente o filme é sufocante, doloroso e angustiante (as vezes até demais), mas em alguns momentos consegue ter trechos lindos onde o ser humano sobrepõe o ser prisioneiro. Duríssimo. Um bom trabalho de Clive Owen e Lothaire Bluteau, participação interessante de Mick Jagger e Jude Law dando uma ponta daquelas que, se você piscar, perde.
Fico realmente triste quando vejo um filme com tanto potencial ser mal aproveitado assim. A história é incrível, a ideia de trazer a mãe super protetora para dialogar com os componentes do universo da filha que morreu poderia render demais se não fosse percorrido com tanta superficialidade. O primeiro grande erro é certamente o mais comum, a ideia de ter uma grande atriz no elenco, como de fato Diane Keaton é, fez com que os demais personagens fossem mal aproveitados, o peso da história recai todo sobre a maneira histérica e invasiva que essa mãe ocupa o lugar da filha, tendo como consequência um cansaço do público diante dessa figura tão desnecessariamente irritante. Outra falha grave já aparece no roteiro, além de não investir para o público criar uma empatia forte com Sara para dar conta das revelações que viriam depois, é no mínimo ingênuo a maneira em que os personagens vão entregando seus segredos à Natalie (Keaton), o maior exemplo é
a cena da praia em que um dos personagens conta não ser fiel ao namorado como se contasse que comeu toda a sobremesa
, não há um investimento justificável nessa relação para tanto nesse momento do filme, pelo contrário, é visível o embate entre os outros personagens envolvidos. Por fim o filme todo fica sobre as largas costas de Diane Keaton, o que é uma pena, porque o elenco todo está muito bem e daria conta de ser exigido em cenas profundas.
A principal reclamação entre os admiradores de cinema é de que se trataria de um filme para tijucanos, familiarizados com a história local, ver. Entre alguns tijucanos existe a reclamação dessa mesma história local ser coadjuvante e poder ser melhor explorada. Acho que os dois casos restringem demais o filme. Realista, ele, acima de tudo elege e apresenta de forma inteligente, apesar de perdida, um lugar que funciona ativamente no longa. O roteiro oscila; ao mesmo tempo que a obra segue uma linearidade que te permite transitar não apenas pelo universo comum de seus personagens, como, em vários momentos, ter a exata sensação dos mesmos; também se perde em tantas referências políticas, históricas e sociais. O elenco é incomparável, brilhantemente encabeçado pelos veteranos Chico Díaz e Maria Padilha e pelos jovens não menos incríveis Isabela Meirelles e Gustavo Falcão. Acho que a história dos personagens acaba funcionando melhor do que as referências excessivas ao local. A fotografia também deixa a desejar em qualidade técnica. No final das contas acaba por ser um filme mediano que não chega a ser tão assertivo para agradar ao público direcionado e nem tão popular para agradar a massa.
Eu fico triste com essa tendência quase "catequética" dos filmes espíritas atuais. Não investem em qualidade técnica nenhuma, os roteiros estão podres e parecem estudos didáticos e redondos sobre a filosofia/doutrina e o que ela defende, algo como "Tecendo o Saber" de uma forma estendida. E isso é pouquíssimo inteligente se considerarmos que o gênero estava em alta com 'Chico Xavier', o que até relevou alguns problemas em 'Nosso Lar' que não chega a desagradar tanto o público. No entanto, em seguida nasce o tenebroso 'As Mães de Chico Xavier' que de bom só traz a atuação consciente de Tainá Muller e a fortíssima emoção de Vanessa Gerbelli, no mais o roteiro é ruim e parece uma maneira mal feita de argumentar contra algo tão polêmico como o aborto, ou a perda de um filho para uma mãe. Que fique claro que, independente do posicionamento ideológico do filme, o que critico é como levar uma discussão grandiosa de forma tão superficial, chega a ser uma piada a nível de argumentação, e para finalizar chegamos em "O Filme dos Espíritos" que é decepcionante, chato, estendido, mal feito, falas perdidas e óbvias e interpretações sem espaço ou talvez até mesmo sem talento para acontecerem. Acho que deveriam investir mais em qualidade ao pensar novamente em produzir filmes espíritas (e isso não é necessariamente financeiro, já que existem filmes excelentes de baixo orçamento), se não com o tempo parecerão apenas erros de percurso no movimento contemporâneo do cinema nacional.
Um bom filme sobre o encontro de duas pessoas e os atravessamentos que uma gera na outra, no entanto esperava que Bernardo Bertolucci se colocasse um pouco mais a respeito dos sentimentos envolvidos nessa relação,
Um roteiro inteligentíssimo, uma combinação de atores perfeitamente seguros e afinados no universo comédia/drama que o filme propõe. Bradley Cooper e Jenifer Lawrence estão esplêndidos com seus personagens que não fazem coro aos clichês americanos do gênero e a sensibilidade da atuação de Jacki Weaver é comovente.
A ideia de trabalhar no cinema com a telenovela, que realmente tem muito a ver com a cultura brasileira, é ousada e plausível. Mas são tantos os erros que é praticamente impossível acreditar na história. A trama, novelesca, se perde inicialmente em seguir um elemento típico de novela, seus personagens se enquadram em esteriótipos para facilitar a identificação, deixando assim quase todos tão rasos a ponto de não convencerem no tempo do cinema. Cláudia Ohana se esforça e dá seu máximo, mas sua atuação digna é totalmente encoberta por furos de todos os lados, seja a produção horrorosa e descuidada que permite gafes como as perucas da personagem de Vanessa Giácomo estarem mal colocadas, ou o péssimo enquadramento de algumas cenas em que você tem a nítida sensação de estar diante de um câmera amador. A escolha do elenco é pífia e você vê atores como Alexandre Nero e o iniciante Paulo Lontra tentarem dar algo à personagens exageradamente caricatos e superficiais. Mateus Solano está perdido nas suas aparições com um personagem cheio de questões que
"serve" ao longa meramente para ser o primeiro amor de Caio.
A ditadura também não convence por utilizar do que já conhecemos para justificar agressões e assassinatos. Por fim qualquer elemento bacana que aconteça não dá conta de suprir tantos erros.
O filme é muito bom e não se preocupa em corresponder ao espectador. De início já vai jogando a história e da mesma forma a finda sem muita explicação. É preciso compreender o foco e a importância que ele dá para a fragilidade e humanidade (no sentido mais amplo) das relações e isso fica ainda mais evidente na fala de uma personagem
sobre os cacos da louça no chão: "É inútil, nada voltará a ser igual".
As atuações estão no ponto lindamente lideradas por Maria de Medeiros e Antonia Liskova. Não é um longa para qualquer público, até por não ter intenção alguma de ajudar na "digestão".
O mais lindo do filme é a naturalidade com que tudo vai acontecendo, em nenhum momento alguma característica é tratada com olhar de estranhamento ou de bizarrice, seja a inclinação sexual do garoto ou a vida que sua mãe leva, até mesmo as críticas são feitas com exímia delicadeza. Outro ponto forte é a fotografia que, auxiliada pelas belezas naturais do lugar, escolhe os melhores ângulos para contar a história. O grande segredo do filme nem é o que conta, mas como conta.
Um filme que chega a ser muito bom, em especial por dar conta de criar o clima desconfortante que se propõe, ele é incômodo e em alguns momentos até exaustivo. O silêncio que percorre todo o longa ajuda muito em deixar pesado o sofrimento da personagem principal, no entanto empobrece outras questões que compõe a vida de Alejandra, foi uma escolha ousada do diretor que trouxe mais benefícios do que malefícios. O erro mais grave está
em uma escola tão rígida que chega a pedir constantes exames antidoping não perceber algumas manifestações grotescas em momentos que os adolescentes estariam a seu cuidado, tanto em sala de aula como na viagem escolar.
Uma pérola que te convida a desconstruir toda e qualquer concepção de gênero pré-estabelecida. O filme trata a transexualidade de uma forma imensamente palpável e ao mesmo tempo não deixa de ser abrangente e inovador. É a cara dos estudos contemporâneos que deixam de ser tão pragmatizados em uma identidade sexual rígida para valorizar os atravessamentos do contato humano. É apaixonante como o longa consegue mostrar as transformações de alguém que pretende fazer a cirurgia de adequação sexual utilizando a ótica correta de adequar o corpo ao gênero que se sente pertencente, independendo das possibilidades de sua orientação.
Na primeira vez que o assisti a ideia de reviver Renato Russo na atuação certeira de Thiago Mendonça ofuscou erros gravíssimos do filme. Após algum tempo lidando com os incômodos causados por uma segunda ida ao cinema, fica impossível não fazer uma crítica. O primeiro grande erro é, em um filme biográfico, dar tanta ênfase a uma personagem que não existiu: a Ana de Laila Zaid é um misto de várias relações de Renato com mulheres durante sua vida e sendo assim é no mínimo desonesto canalizar tudo isso para uma personagem só. Outra questão gritante é a heteronormatividade do diretor usada para lidar com a homossexualidade do cantor/compositor, apesar do personagem dizer ser gay, se apaixonar por alguém do mesmo sexo e admitir para a mãe que prefere meninos a meninas, não há uma cena de beijo com um homem, mesmo em um momento absurdamente cabível, correspondendo assim aos padrões normativos das novelas da Rede Globo, podendo até ser exibido no horário de Malhação. Os pais de Renato caracterizam outro erro exorbitante, já que estes são forçadamente vestidos de esteriótipos alienados que não condizem com a real relação de pais e filho existente nas biografias publicadas, enquanto acontece todas as mudanças até mesmo físicas do personagem correspondente a Renato, eles continuam sentados na mesma sala lidando com tudo do mesmo jeito como se fossem absurdamente alheios a quase tudo e incapazes de compreender o que acontecia com o filho, afinal, mesmo nos momentos em que lançam um ou outro questionamento raso, se satisfazem com as respostas mais rasas ainda deste. Temos assim um produto tão comercial e fácil de engolir que basta se entregar as canções geniais e jogá-lo para dentro sem precisar mastigar. O que fica? O medo de que essa tendência de transformar grandes ícones em protagonistas aprováveis pela massa crie mais “gênios Malhação”, que sim emocionam, mas estão longe de ser mais que isso. E por fim o que fica é a sensação de que Renato Russo era um personagem real de uma história inventada, sem muita diferença com Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros, por exemplo.
Musicais em geral não prendem mto minha atenção, alguns pq os diretores investem tanto em preenchê-los com músicas e danças, q acabam por empobrecer outros elementos como a qualidade da atuação e o silêncio como um componente dos personagens. Nesse filme Christophe Honoré se preocupa com cada elemento e acerta:o roteiro, q está a cargo do mesmo,flui naturalmente, nd é forçado, nem as canções q complementam os personagens de forma intensa e totalmente cabível ao q apresentam; o elenco como um todo está muito bom e Louis Garrel é a mais bela escolha, nunca o vi tão solto como na primeira metade do filme e, tanto sua linda voz como seus olhares expressivos compõem brilhantemente seu personagem; as locações são mto bem escolhidas e exploradas. A grande sacada do longa é não girar em torno de um único elemento, sejam as canções, as atuações ou as locações, todas convivem mto bem priorizando os sentidos do filme e por fim fica evidente q tds esses aparatos técnicos servem (no sentido mais amplo) à construção de uma obra q hospeda sentimentos tão humanos qto o público ao qual é apresentado.
Cine Holliúdy
3.5 609 Assista AgoraAlguém tem link, please?????
Léo e Bia
4.2 146Se havia uma característica que eu esperava de um filme de Oswaldo Montenegro era a ousadia, mas não imaginava que ela cairia tão bem. O longa assume uma postura teatral abusando do gênero para trazer a tona as questões dos personagens. Com um incrível roteiro, intenso e ao mesmo tempo dinâmico, os atores entregues e repletos de jovialidade lidam com o palco e com a vida de forma visceral e iluminada, destoando propositalmente da obscuridade pesada e destrutiva da personagem brilhantemente interpretada por Françoise Forton. Paloma Duarte está deliciosa em cena, seja nas lágrimas sentidas ou no sorriso resplandecente que compõe sabiamente sua Marina e o elenco jovem esbanja charme e talento por todos os lados. As músicas são escolhidas a dedo e muito bem interpretadas, causando exatamente o impacto proposto em cada cena. No final de tudo da gosto de ver que o longa abarca cada loucura proposta assumindo uma identidade ímpar no cinema brasileiro.
O Circo das Qualidades Humanas
2.6 2Sempre procurei e nunca achei para download =(
Bent
3.8 206Os primeiros minutos do filme são incrivelmente chamativos e te lançam para o universo gay de Berlim, no entanto, como uma sombra surgem questões inerentes ao posicionamento político da Alemanha na época, o nazismo. Desse ponto para frente o filme é sufocante, doloroso e angustiante (as vezes até demais), mas em alguns momentos consegue ter trechos lindos onde o ser humano sobrepõe o ser prisioneiro. Duríssimo. Um bom trabalho de Clive Owen e Lothaire Bluteau, participação interessante de Mick Jagger e Jude Law dando uma ponta daquelas que, se você piscar, perde.
Renda-se, Dorothy
3.1 21Fico realmente triste quando vejo um filme com tanto potencial ser mal aproveitado assim. A história é incrível, a ideia de trazer a mãe super protetora para dialogar com os componentes do universo da filha que morreu poderia render demais se não fosse percorrido com tanta superficialidade. O primeiro grande erro é certamente o mais comum, a ideia de ter uma grande atriz no elenco, como de fato Diane Keaton é, fez com que os demais personagens fossem mal aproveitados, o peso da história recai todo sobre a maneira histérica e invasiva que essa mãe ocupa o lugar da filha, tendo como consequência um cansaço do público diante dessa figura tão desnecessariamente irritante. Outra falha grave já aparece no roteiro, além de não investir para o público criar uma empatia forte com Sara para dar conta das revelações que viriam depois, é no mínimo ingênuo a maneira em que os personagens vão entregando seus segredos à Natalie (Keaton), o maior exemplo é
a cena da praia em que um dos personagens conta não ser fiel ao namorado como se contasse que comeu toda a sobremesa
Praça Saens Peña
2.7 32A principal reclamação entre os admiradores de cinema é de que se trataria de um filme para tijucanos, familiarizados com a história local, ver. Entre alguns tijucanos existe a reclamação dessa mesma história local ser coadjuvante e poder ser melhor explorada. Acho que os dois casos restringem demais o filme. Realista, ele, acima de tudo elege e apresenta de forma inteligente, apesar de perdida, um lugar que funciona ativamente no longa. O roteiro oscila; ao mesmo tempo que a obra segue uma linearidade que te permite transitar não apenas pelo universo comum de seus personagens, como, em vários momentos, ter a exata sensação dos mesmos; também se perde em tantas referências políticas, históricas e sociais. O elenco é incomparável, brilhantemente encabeçado pelos veteranos Chico Díaz e Maria Padilha e pelos jovens não menos incríveis Isabela Meirelles e Gustavo Falcão. Acho que a história dos personagens acaba funcionando melhor do que as referências excessivas ao local. A fotografia também deixa a desejar em qualidade técnica. No final das contas acaba por ser um filme mediano que não chega a ser tão assertivo para agradar ao público direcionado e nem tão popular para agradar a massa.
O Filme dos Espíritos
2.9 223Eu fico triste com essa tendência quase "catequética" dos filmes espíritas atuais. Não investem em qualidade técnica nenhuma, os roteiros estão podres e parecem estudos didáticos e redondos sobre a filosofia/doutrina e o que ela defende, algo como "Tecendo o Saber" de uma forma estendida. E isso é pouquíssimo inteligente se considerarmos que o gênero estava em alta com 'Chico Xavier', o que até relevou alguns problemas em 'Nosso Lar' que não chega a desagradar tanto o público. No entanto, em seguida nasce o tenebroso 'As Mães de Chico Xavier' que de bom só traz a atuação consciente de Tainá Muller e a fortíssima emoção de Vanessa Gerbelli, no mais o roteiro é ruim e parece uma maneira mal feita de argumentar contra algo tão polêmico como o aborto, ou a perda de um filho para uma mãe. Que fique claro que, independente do posicionamento ideológico do filme, o que critico é como levar uma discussão grandiosa de forma tão superficial, chega a ser uma piada a nível de argumentação, e para finalizar chegamos em "O Filme dos Espíritos" que é decepcionante, chato, estendido, mal feito, falas perdidas e óbvias e interpretações sem espaço ou talvez até mesmo sem talento para acontecerem. Acho que deveriam investir mais em qualidade ao pensar novamente em produzir filmes espíritas (e isso não é necessariamente financeiro, já que existem filmes excelentes de baixo orçamento), se não com o tempo parecerão apenas erros de percurso no movimento contemporâneo do cinema nacional.
Eu e Você
3.5 190 Assista AgoraUm bom filme sobre o encontro de duas pessoas e os atravessamentos que uma gera na outra, no entanto esperava que Bernardo Bertolucci se colocasse um pouco mais a respeito dos sentimentos envolvidos nessa relação,
até mesmo sobre um possível incesto
O Lado Bom da Vida
3.7 4,7K Assista AgoraUm roteiro inteligentíssimo, uma combinação de atores perfeitamente seguros e afinados no universo comédia/drama que o filme propõe. Bradley Cooper e Jenifer Lawrence estão esplêndidos com seus personagens que não fazem coro aos clichês americanos do gênero e a sensibilidade da atuação de Jacki Weaver é comovente.
A Novela das 8
3.3 107A ideia de trabalhar no cinema com a telenovela, que realmente tem muito a ver com a cultura brasileira, é ousada e plausível. Mas são tantos os erros que é praticamente impossível acreditar na história. A trama, novelesca, se perde inicialmente em seguir um elemento típico de novela, seus personagens se enquadram em esteriótipos para facilitar a identificação, deixando assim quase todos tão rasos a ponto de não convencerem no tempo do cinema. Cláudia Ohana se esforça e dá seu máximo, mas sua atuação digna é totalmente encoberta por furos de todos os lados, seja a produção horrorosa e descuidada que permite gafes como as perucas da personagem de Vanessa Giácomo estarem mal colocadas, ou o péssimo enquadramento de algumas cenas em que você tem a nítida sensação de estar diante de um câmera amador. A escolha do elenco é pífia e você vê atores como Alexandre Nero e o iniciante Paulo Lontra tentarem dar algo à personagens exageradamente caricatos e superficiais. Mateus Solano está perdido nas suas aparições com um personagem cheio de questões que
"serve" ao longa meramente para ser o primeiro amor de Caio.
Shelter Me
3.1 12O filme é muito bom e não se preocupa em corresponder ao espectador. De início já vai jogando a história e da mesma forma a finda sem muita explicação. É preciso compreender o foco e a importância que ele dá para a fragilidade e humanidade (no sentido mais amplo) das relações e isso fica ainda mais evidente na fala de uma personagem
sobre os cacos da louça no chão: "É inútil, nada voltará a ser igual".
No Caminho das Dunas
3.7 305O mais lindo do filme é a naturalidade com que tudo vai acontecendo, em nenhum momento alguma característica é tratada com olhar de estranhamento ou de bizarrice, seja a inclinação sexual do garoto ou a vida que sua mãe leva, até mesmo as críticas são feitas com exímia delicadeza. Outro ponto forte é a fotografia que, auxiliada pelas belezas naturais do lugar, escolhe os melhores ângulos para contar a história. O grande segredo do filme nem é o que conta, mas como conta.
Depois de Lúcia
3.8 1,1K Assista AgoraUm filme que chega a ser muito bom, em especial por dar conta de criar o clima desconfortante que se propõe, ele é incômodo e em alguns momentos até exaustivo. O silêncio que percorre todo o longa ajuda muito em deixar pesado o sofrimento da personagem principal, no entanto empobrece outras questões que compõe a vida de Alejandra, foi uma escolha ousada do diretor que trouxe mais benefícios do que malefícios. O erro mais grave está
em uma escola tão rígida que chega a pedir constantes exames antidoping não perceber algumas manifestações grotescas em momentos que os adolescentes estariam a seu cuidado, tanto em sala de aula como na viagem escolar.
Romeus
3.6 69Uma pérola que te convida a desconstruir toda e qualquer concepção de gênero pré-estabelecida. O filme trata a transexualidade de uma forma imensamente palpável e ao mesmo tempo não deixa de ser abrangente e inovador. É a cara dos estudos contemporâneos que deixam de ser tão pragmatizados em uma identidade sexual rígida para valorizar os atravessamentos do contato humano. É apaixonante como o longa consegue mostrar as transformações de alguém que pretende fazer a cirurgia de adequação sexual utilizando a ótica correta de adequar o corpo ao gênero que se sente pertencente, independendo das possibilidades de sua orientação.
Somos Tão Jovens
3.3 2,0KNa primeira vez que o assisti a ideia de reviver Renato Russo na atuação certeira de Thiago Mendonça ofuscou erros gravíssimos do filme. Após algum tempo lidando com os incômodos causados por uma segunda ida ao cinema, fica impossível não fazer uma crítica.
O primeiro grande erro é, em um filme biográfico, dar tanta ênfase a uma personagem que não existiu: a Ana de Laila Zaid é um misto de várias relações de Renato com mulheres durante sua vida e sendo assim é no mínimo desonesto canalizar tudo isso para uma personagem só. Outra questão gritante é a heteronormatividade do diretor usada para lidar com a homossexualidade do cantor/compositor, apesar do personagem dizer ser gay, se apaixonar por alguém do mesmo sexo e admitir para a mãe que prefere meninos a meninas, não há uma cena de beijo com um homem, mesmo em um momento absurdamente cabível, correspondendo assim aos padrões normativos das novelas da Rede Globo, podendo até ser exibido no horário de Malhação.
Os pais de Renato caracterizam outro erro exorbitante, já que estes são forçadamente vestidos de esteriótipos alienados que não condizem com a real relação de pais e filho existente nas biografias publicadas, enquanto acontece todas as mudanças até mesmo físicas do personagem correspondente a Renato, eles continuam sentados na mesma sala lidando com tudo do mesmo jeito como se fossem absurdamente alheios a quase tudo e incapazes de compreender o que acontecia com o filho, afinal, mesmo nos momentos em que lançam um ou outro questionamento raso, se satisfazem com as respostas mais rasas ainda deste.
Temos assim um produto tão comercial e fácil de engolir que basta se entregar as canções geniais e jogá-lo para dentro sem precisar mastigar.
O que fica? O medo de que essa tendência de transformar grandes ícones em protagonistas aprováveis pela massa crie mais “gênios Malhação”, que sim emocionam, mas estão longe de ser mais que isso.
E por fim o que fica é a sensação de que Renato Russo era um personagem real de uma história inventada, sem muita diferença com Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros, por exemplo.
Canções de Amor
4.1 829 Assista AgoraMusicais em geral não prendem mto minha atenção, alguns pq os diretores investem tanto em preenchê-los com músicas e danças, q acabam por empobrecer outros elementos como a qualidade da atuação e o silêncio como um componente dos personagens. Nesse filme Christophe Honoré se preocupa com cada elemento e acerta:o roteiro, q está a cargo do mesmo,flui naturalmente, nd é forçado, nem as canções q complementam os personagens de forma intensa e totalmente cabível ao q apresentam; o elenco como um todo está muito bom e Louis Garrel é a mais bela escolha, nunca o vi tão solto como na primeira metade do filme e, tanto sua linda voz como seus olhares expressivos compõem brilhantemente seu personagem; as locações são mto bem escolhidas e exploradas.
A grande sacada do longa é não girar em torno de um único elemento, sejam as canções, as atuações ou as locações, todas convivem mto bem priorizando os sentidos do filme e por fim fica evidente q tds esses aparatos técnicos servem (no sentido mais amplo) à construção de uma obra q hospeda sentimentos tão humanos qto o público ao qual é apresentado.