Cada personagem é muito rico na personalidade, até mesmo aqueles que só deveriam possuir uma - o orgulho, ganância ou a irá - e é esse o ponto que deixou essa história tão linda de assistir. Cada ser com suas características próprias contribuiram para as conquistas finais. É assim que se preencheu o vazio até daquele com a maior das avarezas. É por isso que tudo é um e um é tudo... é união. Talvez o primeiro homunculo também seja um pecado, o egoísmo, a prisão daquele que tentou ser deus foi ficar sozinho. O ser dentro do frasco, o ser que acabou solitário dentro do mundo.
Eu amo B99. A série é incrível. O poder de representatividade e de comunicação sobre esteriótipos e masculinidade é impressionante. Mas nesse nosso cenário é até difícil engolir uma série sobre a polícia de Nova York sem sentir uma estranheza ou ter consciência de que não existe esse mundo cor de rosa. Não consegui rever os episódios sem ficar com essa questão na mente.
Minha experiência mais sombria com o cinema está aqui. Vazio! vazio puro foi o que senti. Vi a dois anos atrás e não sei se quero retomar a obra e correr o risco de estragar a experiência.
Funcionou como uma auto crítica para mim. Digo, o filme é construído nos detalhes. Na falta de compreensão do Gabriel de seus próprios privilégios e o quanto ele nem percebe em diversas ocasiões. Sua teimosia é o nêmesis natural da sua jornada de compreender a política economica dos países pobres, na qual ele não percebe a dimensão social em que ele mesmo se encontra. Eu mesmo ainda sou bem alienado quanto aos meus privilégios mesmo me esforçando o máximo para ter um olhar crítico. Demorei 20 anos para começar a ser proativo nisso tudo, me atrasei, desculpa. E ainda assim, parece que nunca é o bastante. Sempre tem tanta coisa para aprender e de fato tenho que seguir tentando me afastar dos erros do gabriel, ou do meus.
Esse filme se resume a importância dos olhares. Achei muito criativo dar ênfase a uma perspectiva feminina a um gênero que foi por anos feito e moldado na visão de homens.
Eu fiquei bem cativado com todo o contraste entre a não violência retratada, com base no respeito para com aquele que representava ameaça e esperança ao mesmo tempo.
O que deixou uma introspecção legal foi o fato da falta de linguagem entre eles, pela qual só existia comunicação em um encontro mútuo de olhares que refletiam diretamente no olhar do público. Millie representava uma visão, os olhares das personagens femininas uma outra. Do mesmo modo um público que via a confiança ou a ameaça iminente. E o filme não revela de fato qual aposta estava correta. E não importa!
A proposta da direção foi demonstrar que até mesmo naqueles tempos, retratados no gênero como "só sobrevive o mais durão", existiam outras apostas e a Kelly Reichardt conhecia as suas cartas.
Em o parasita, por exemplo, os símbolos funcionam para contar uma história e dar um recado. A PRIMEIRA impressão minha sobre o poço é algo com vários simbolismos esparsos, quase sem muita utilidade (a não ser parecer inteligente). Sinceramente, achei muito pedante e pouca coisa pra tanto alvoroço. A netflix sabe que esse tipo de obra tem atraido público, e tudo parece ser uma "crítica social" e as vezes vem aparecendo esse tipo de filme ruim que parece inteligente.
A pandemia trouxe a quarentena e com ela resolvi assistir um filme depois de uma longa data. Tinha tantos acumulados na minha lista e a chance era perfeita para diminuí-la. Eu não cheguei a acompanhar o Oscar e 1917 tinha um hype enorme até hoje e, para aumentar minha vontade, eu estou completamente viciado no Call of Duty. Nada mais justo que assistir o filme famoso mais recente sobre a primeira guerra mundial para novamente sentir prazer ao ver uma obrinha do cinema, certo? Errado!
Apesar de ser uma polêmica vazia trazer comparações, eu quero fazer! Primeiro assistindo o 1917 eu me diverti bastante e achei algumas coisas bem legais como a trilha sonora e a grandiosa fotografia. Mas para por ai o brilhantismo. O filme é feito em prol dessa estética e nada além. E vazio. Existe uma dicotomia de bem e mal e um pseudo heroísmo diante da narrativa, mais me lembrando o game que citei do que a própria guerra. É imaturo.
Ato contínuo, abri meu twitter e,por coincidência, o Pablo Villaça tinha acabado de publicar uma listinha intitulada "filmes sobre a guerra infinitamente melhores que 1917" contando com Glória feita de sangue em primeiro lugar. E obrigado Villaça, obrigado!!!
Glória feita de sangue é mais um título geniaaaal do Kubrik e tudo que me fez ter rejeição ao 1917 encontrei devidamente corrigido aqui, um filme de 6 décadas atrás. A guerra mundial não foi um jogo com todo um heroísmo lindo e engajado em grandiosas atitudes do bem contra o mal. É uma glória construído por bons e mals, por heroísmo e ganância, com humanos de ambos os lados. Glória feita do mais puro sangue humano derramado.
A primeira, e por enquanto única, vez que acompanhei está comédia foi em 2018 a amei muito. Todo esse lance de que nossas vidas são histórias - registros e o Ted contando para seus filhos me cativou demais. O Forrest Gump da televisão. A série utiliza essas pequenas histórias em formatos episódicos e em sua maioria, são ótimos. Meu problema foi com o final mesmo. Aquele mesmo raciocínio clichê sobre o final não ter valorizado a mãe (como conheci a sua mãe!!) e principalmente porque eu nunca engoli o casal Ted e Robin durante os episódios. O motivo principal? Eu via um relacionamento muito tóxico. E nem é questão de problematizar uma comédia, mas de discutir cultura, seja lá o seu alcance.
Além do protagonista estar em uma simbiose, ou seja, em uma bolha de dependência emocional pela Robin - os dois não tinham absolutamente nada a ver. Eram dois extremistas e opostos no jeito de ambos de enxergar o mundo. No primeiro encontro Ted já afirmou amar a Robin, do nada. E daí pra frente criou-se um sentimento obsessivo, falso amor "romântico clássico", que só piorava. E o Ted só ficava choramingando por atenção. Era uma espécie de os sofrimentos do jovem Ted Mosby. Até quando o mesmo encontrava uma outra pessoa nova para se relacionar, e no sitcom foram várias, ele não estava inteiramente presente. O ápice da obsessão foi quando, após a Scherbatsky dizer que não mais o amava (_Do you love me? _No!), ainda assim ele se manteve na dependência e a jornalista teve que mudar de casa para tentar o ajudar.
Por outro lado, Robin era muito egoísta e fria. Pelo menos em relação ao Mosby. Sua carreira estava sempre em única perspectiva. E não, não estou com o raciocínio do Ross de friends na discussão sobre amor e carreira. Ninguém tem que desistir dos sonhos para ter um relacionamento, do contrário este também é tóxico. Isto bem ilustrado na história "I'm here" do Spike Jonze. Contudo, como já citado, a Scherbatsky era muito extremista. Lembremos que um namoro é um acordo. Ambos devem ceder um pouco em prol deste acordo, mas respeitando o limite da individualidade de cada um. O que nunca acontecia. Era sempre carreira e somente. E o lance de não querer casar e ter filhos?. Eu sei que ninguém é obrigado às citadas responsabilidades, eu mesmo não sei se quero, mas o problema é que ela estabeleceu a ideia em um viés de confirmação e nem pensava em chances de muda-la. De acreditar em alguém.
Retomando ao começo, era diante do exposto o motivo de que eu não gostava do final. Mas agora, pensando de relance, eu acho que compreendo melhor. Foi um final polêmico, dúbio, porém condizente sim. A série sempre deixou claro para o público que o lance era realmente sobre o casal citado nós parágrafos anteriores. Sempre foi sobre eles. O episódio piloto se trata de "como conheci Robin." O motivo das histórias talvez seja um pedido de desculpas e principalmente um pedido de permissão aos filhos em dar mais uma chance a Robin. Não, não sobre o contrato deles dos 40 anos (acho que é isso mesmo kkk). Mas sobre uma possibilidade de um olhar mais maduro dos dois. As histórias deixaram claro o problema deles, mas também demonstraram um lento crescimento. Principalmente por parte do Mosby. E pensando nele, depois de realizar seu sonho de ser pai, de lidar com a perda da esposa, ele já não é mais o mesmo. A vida o ensinou lições e por obrigação, ele as teve que aprender. E se nossas vidas são histórias, e estas estão para nos fortalecer e ensinar, bom... crianças esta é a história de alguns amigos crescendo e aprendendo lições com os desafios da vida deles.
Não quis comentar sobre durante o hype. Acordei com vontade de comentar hoje, mas sinceramente, prefiro comentar sobre coisas que eu gosto. Vou me limitar a dizer: Que série nojenta!
Como é imensa a felicidade da virgem sem culpa. Esquecendo o mundo e por ele sendo esquecida. Brilho eterno de uma mente sem lembranças. Cada prece é aceita e cada desejo realizado. Obedientes sonhos dos quais podemos acordar e chorar.
Analisaram a brilhante história que é um grande exercício sobre lembranças e esquecimentos. A melhor forma de superar um problema é esquecendo? Qual o significado de felicidade? Todo mundo precisa de uma segunda chance? Bom, Encontro-me diante da obra do cinema mais importante da minha vida. É um dos roteiros mais bem escritos, a edição é perfeita. A trilha sonora é linda. Atuações e reflexões memoráveis. É identificação. Emoção. É sentir. É metamorfose. E a cada vez que vejo a obra novamente uma sensação nova, um aprendizado para lembrar. E Brilho eterno nunca foi tão importante como agora. Thanx vida!
A história dessa série já diverte muito por si só. Seja na trilha sonora certa no momento certo ou toda a criatividade deles em mudar a forma da narrativa em cada episódio, sendo que a qualidade só cresce. Inclusive me lembrou bastante a formula que This is us usou. Um grupo de irmãos cresceram no que se tornaria a casa assombrada mais famosa do país? Legal a sinopse, mas "A Maldição da Residência Hill" é muito mais profundo do que isso.
"Onde Vivem os Monstros?" Esse é o título de um dos filmes mais marcantes da minha infância. Spike Jonze dirigiu uma história lúdica e infantil sobre terror e monstros. Monstros? Eu me perguntei. Onde vivem? Quem são eles? E, como um cometário do filme aqui do Filmow descreveu: "Somos nós. São os nossos medos, nossas alegrias, nossas frustrações. Somos nós, frágeis, sendo agressivos, sendo tolos. Queremos ser reis, superiores a qualquer problema. Mas, erramos. Ao final, descobrimos quem somos, o que queremos e do que precisamos: amor." Mas, claro: Jonze tratou dos sentimentos e psique de uma criança e os desafios da sua idade. E no entanto, a história de fantasmas do Mike Flanagan... do que tratou-se?
Apesar do pouco contato que tenho com o gênero de terror tem algo que li uma vez e agora está muito claro: "Histórias de terror são ferramentas para construção de mensagens necessárias. No sentido mais humano possível." A história dirigida por Mike Flanagan é de uma família separada, a qual continua se distanciando justamente nos momentos em que a união é um pedido gritante. Da mesma forma que acontece no filme "Hereditário". Se trata de separações. É na desunião que vivem os monstros na série. Seja quando acontece a briga entre as irmãs no carro e... Pá! monstro. Ou briga da família e... Pá! Monstro derrubando caixão. Ou até mesmo no momento de separação física como quando Luke fica preso sozinho e... já entenderam. Mas também é no momento das aparições que eles juntam forças para se unir novamente, mesmo que sutilmente.[/spoiler]
"Em seu interior, as paredes continuam de pé, os tijolos se unem em simetria, o assoalho é firme e as portas estão fechadas. O silêncio repousa soberano sobre madeira e pedra da Residência Hill. E os que andam por lá... andam juntos." Esse trecho foi colocado no primeiro e último episódio, se não me falha a memória. E na minha interpretação só reafirma o sentido de separação e união que a obra carrega. No inicio senti o medo da casa. Da forma que ele separava e destruía todos. Mas no último episódio, no coração da casa, é quando a casa também passa a representar o amor. Amor no passado e no presente. A união. E a casa deixa de ser tão assustadora. Mas ao mesmo tempo foi tarde demais para alguns. E uma reconstrução para outros. E então Steven deixa a casa acreditando nesses monstros, mas compreendendo quem são e onde vivem. [spoiler]
Eu me sinto infinito! Como podemos ser apenas por um dia. Nós poderíamos ser infinitos, para todo o sempre. We can be heroes just for one day. Sentir-se infinito foi o sentimento inerente a minha experiência nessa última vez em que assisti "As vantagens de ser invisível". Antes disso já era um dos meus filmes preferidos, mas foi a experiência recente foi ainda mais forte e reconfortante. Ao assistir novamente com uma nova perspectiva o resultado foi vivenciar uma obra que me fez silenciar, transbordar!
Existem filmes que se tornam clássicos logo que surgem, “The Perks of Being a Wallflower” já se tornou um. Elenco, trilha sonora - Ah, a trilha sonora, - produção, direção e principalmente o roteiro, tudo muito bem organizado. E só esses elogios estão longe de ser o resumo merecido. Na verdade eu não consigo resumir objetivamente, mas sim compartilhar a magia que o cinema em si e o poder na a música me proporcionaram hoje. Com isso me mente, nunca antes encontrei em uma obra do cinema tamanha identificação. Mas, por que de tanta identificação? Nesse caso, veio no personagem Charlie. Pois, a obra narra as descobertas e pequenas batalhas diárias do garoto, o qual se sente invisível e anseia por mais inclusão sem mascarar todos os problemas. É sobre um garoto na busca por mais empatia em sua volta. (Ah!! Como a falta de empatia e a romantização dos sentimentos frios me incomodam.) E a mensagem mais importante, sendo a qual: é preciso perder-se para poder pertencer. E também alguns casos mais pessoais que elevam o quanto o protagonista me fez sentir representado, porém isso fica para outro desabafo.
E o filme caiu na graça dos fans de cinema e dos jovens espalhados pelo mundo. Assim como a mim, a galera se sentiu representada pelos personagens. Até mesmo aqueles que não são adolescentes. O longa meche muito com o nosso interior de uma forma extremamente honesta. Ele esbarra em tantos assuntos pertinentes a nossa adolescência e sem os clichês ou esteriótipos de gênero. É a narrativa de uma idade em que está todo mundo muito deslocado. Aqueles que sentem na pele o sentimento de confusão e não pertencimento como Charlie e eu, ou aqueles que fingem não sentir como Brad tentando fingir ser heterossexual assim como algumas pessoas fissuradas pela imagem do seu personagem nas redes sociais.
"Alguém com ansiedade está inclinado a achar que todos vão embora. A verdade é que eles precisam combater algo que não conseguem controlar, e há um sentimento de insegurança dentro de si mesmo quando se diz a respeito de relações. Eles sabem que é difícil e não querem te sobrecarregar com seus pensamentos e preocupações." Este trechinho de um texto que li me lembra muito a frase "Aceitamos o amor que achamos merecer". Por que aceitamos? Por que tanto medo de ir enfrenta e dizer o que sentimos para a pessoa certa? São tantos muros, Por quê?
Heroes... Canção composta por David Bowie e Brian Eno em 1977 (E que se tornará uma tatuagem na minha pele em breve haha). A música traz consigo a historia do seu produtor Tony Visconti e cantora de backup Antonia Maass e seu caso amoroso dividido pelo muro de Berlim. Isso mesmo! A necessidade da união esbarrando em um muro como barreira. Neil Gaiman completou uma frase que aqui se faz necessária: "Existe algo que não aprecia o muro... e o nome disso é humanidade."
"Eu sei que acabou, ainda assim me agarro" Esse é um dos trechos da música "I Know it's Over", do The Smiths. Enquanto eu assistia a obra essa música ecoava na minha mente. Não procurando relação em tudo, mas quando vi a letra percebi que ela se encaixou tão bem! "A vida de David Gale" é um filme com uma proposta incrível, muitas camadas para serem discutidas e um discurso que provocou muita reflexão sobre certo e errado. Essa dicotomia é um dos aspectos que faz o filme ser bom, né? A psicologia jurídica e a nova matéria: sociologia -- se alinham muito em pensamentos com o direito, por isso podem servir como ferramentas na resenha. O filme é um ótimo exemplo dessa ligação. Para levantar uma discussão sobre as motivações, para este filme o melhor caminho é a sociologia, mais especificamente a do Francês Emile Durkheim...
Todo o argumento do filme se passa em Flash- Back, David Gale contando tudo para a jornalista, vivida pela Kate Winslet... Ahh Kate!! Este recurso serviu para aprofundar mais o público com a subjetividade do personagem e humanizar o filme. Um professor bem sucedido e com problemas alcoólicos, vê sua vida desmoronar ao cair em uma armadilha. Esta que lhe custou emprego, família e amigos. Sem saída, o professor cai em depressão. A doença é bem retratada no filme com metáforas de direção ao colocar o personagem sempre isolado nas cenas. Começa então a jornada da jornalista em busca da inocência do Gale. Mas, no final do filme temos um Plot Twist, no qual o público, junto com a jornalista, descobre a verdade: Os acontecimentos eram conscientes e executados de forma intencional por ativistas. Eles estavam em busca de derrubar o sistema radical do Texas, que permite a pena de morte.
O cinema tem o poder de conceber idéias e ideais. Nesse caso, de promover uma discussão social. Um dos Estados, onde se concretiza a pena de morte, e os direitos daqueles que foram condenados a pena capital não eram absolutamente asseguradas. Pois, além de chances de erros do sistema, o próprio argumento é falho. Ademais, confiar a vida de alguém a uma sentença passível de abstrações? O discurso da teoria da prevenção geral negativa é justamente criticado porque confunde o direito como todo e toda ética social com o poder punitivo. Isso além de ser paliativo é uma forma primitiva de controle social, no qual um país, ou Estado não passa a ser desenvolvido só por usar. Longe disso. Conscientes disso, muitos ativistas procuraram maneiras de derrubar o falho sistema tradicional, mas como? A melhor maneira de derrubar esse radicalismo é provando suas falhas de forma concreta.
Mas afinal, por que David Gale e sua amiga iriam tão longe, a ponto de perder sua vida em busca de provar, de maneira concreta, as falhas do sistema? A ponte com a sociologia de Durkheim pode explicar. Gale seguia uma linha de pensamento com a consciência coletiva. Ou seja, a sociedade acima do próprio eu. Colocando as necessidades sociais, Gale se sacrificou pelos outros.É o que Drukheim chamou de suicídio altruísta. Sua consciência coletiva corresponde às normas e às práticas, aos códigos culturais, como a etiqueta, a moral e as representações coletivas. Ou seja, mesmo sendo um personagem até certo ponto apático, tinha uma moral baseada na empatia e solidariedade. A vida de David Gale, ou melhor, a vida de dois corajosos em virtude de vidas futuras. David e Constance sabiam que tudo havia acabado para eles, mas ainda sim se agarraram na esperança de uma sociedade mais... Justa?
E se eu falar que não há palavras para descrever o filme do Denis Villeneuve? E se eu avisar a você que vi um dos melhores filmes da década? A qualidade técnica, artística e ideológica de "Arrival" saltam aos olhos. É inerente a obra se emocionar. Uma narrativa mestral, na qual fiquei empolgado todas as vezes que assisti. Visualmente deslumbrante assim como tem um poder enorme o seu lado sonoro. O poder da música no cinema, ou a falta dela, se equivale ao visual tranquilamente e aqui não é diferente. Como já era de se esperar, em vista do elenco, os atores mandaram muito bem, principalmente a Amy. No mais, o melhor lado do filme são suas metáforas que servem como ponte para conceber ideias.
A ficção cientifica é o gênero que mais gosto e que sempre esteve presente na minha vida, no passado, presente e provavelmente no futuro. Não somente, o SCI Fi, além de gênero preferido é também um dos formadores de caráter. Ted Chiang, autor do conto que deu origem ao filme diz: ficção cientifica não é sobre efeitos especiais ou grandes batalhas entre o bem e o mal. "Sci fi" é sobre usar cenários especulativos como uma lente pra examinar a condição humana". É nesse ponto em que “Arrival” se destaca. Quantas “chegadas” já aconteceram durante a história humana? Os exemplos mais próximos são as grandes navegações... pelo visto, desenvolvemos a linguagem não para nós comunicarmos,e sim, para explorarmos, em todos os sentidos possíveis da palavra.
Pode ser mania de enxergar relação em tudo, mas minutos antes de ver o filme eu li uma frase do Mia Couto: "Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão. Nunca houve tanta estrada. E nunca nos visitamos tão pouco." A narrativa desse filme e o roteiro são grandes metáforas da sua própria crítica. que incrível!!! A linguagem do Heptapod é baseado na polidromia. O filme ilustra isso até no nome da filha de Louise: Hannah. Ou seja, é uma linguagem não linear. O roteiro, que é uma adaptação ( quase como se gritasse ADAPTAÇÃO NÃO É TRANSCRIÇÃO) também segue a forma da polidromia. A linguagem cinematográfica do filme é a linguagem dos aliens, o que estabelece mais comunicação entre o filme, critica social da obra e público. GENIAL!
Esse é um dos meus filmes favoritos. Os fãs da Ficção respiram aliviados com essa arte! Adoro fazer o paralelo do gênero com a simples e complexa perguntar “E SE?” E se você ligasse a televisão e recebesse a noticia de uma invasão alienígena? E se você pudesse ver o presente, passado e futuro ao mesmo tempo? E se você pudesse ver sua vida inteira do começo ao fim...mudaria as coisas? E se?
Rever grandes obras é uma atividade extremamente necessária. Depois de alguns anos resolvi voltar em Game Of Thrones, assim com ler os livros. No momento estou revendo a segunda temporada e lendo o segundo livro. É muito interessante como eu absorvi bem mais da série nessa segunda vez. E mais, simultaneamente ler o livro e ver a série é uma verdadeira aula sobre uma adaptação bem executada.
Falando sobre minha experiência ao revisitar GoT, a série, consegui digerir e observar muito mais comparado com a primeira vez. Ou seja, além de acontecimentos que ficaram mais claros para mim, percebi alguns detalhes sutis geniais, os quais não tinha notado. A série usa muito bem o recurso do "Foreshadowing" e percebe-los é divertidíssimo. Um bom exemplo disso é na primeira temporada, no "combate" entre Jaime e Ned Stark. Mais necessariamente, um dos guardas, braço direito do Stark. Em uma cena de diálogo entre os dois, o guarda e o Lannister, o braço direito de Ned diz que: em uma batalha, no qual lutou ao lado do Jaime, quase perdeu o olho. E, momentos depois, no combate, o Leão o mata ao furar seu olho. Além disso, outros recursos mais sutis são usados na segunda temporada( ou na série toda, espero). Um deles é o uso da auto referência e rimas visuais, que são simplesmente geniais.
No mais, que aula sobre como fazer uma adaptação!! Incrível! Agradeço sempre o fato do universo de George R.R. Martin ser adaptado para televisão. Acho que se encaixou bem demais e no formato de cinema não ficaria no mesmo nível. O livro, no caso o segundo, tem algumas diferenças com a série, mesmo nas cenas iguais. Um exemplo disso é que a série não segue a ordem de acontecimentos do livro. Na adaptação, cenas menos relevantes são mostradas primeiro, mesmo que no livro elas vêm depois. Isso acontece por um motivo: Criar tensões e fazer "Cliffhanger." São muitos detalhes que também mudam, o que é positivo, pois é uma adaptação, não transcrição.
Queria também deixar também uma menção honrosa a cena de diálogo entre tyrion e Varys – mais aproveitada no livro –, que aula de ciência política em uma página. Quem disse que o cinema não pode ser educativo tem que ler/assistir esse diálogo. Os criadores resumiram a história do universo do gelo e fogo em sua maioria nessa cena. E ai, quem tem o controle do mercenário( ou seria do povo? haha) o Sacerdote, o rei ou o rico? Eu fiquei o dia todo com isso na cabeça tentando elaborar minha opinião.
Enfim, rever filmes e séries pode ser cansativo, e parecer perda de tempo, até porquê já nascemos com uma dividade gigante com o cinema. Mas, algumas obras você deve dissecar o máximo possível. O universo do Jogo dos tronos é um desses. Não basta ver tudo em uma semana e pronto. Você deve ver, rever e observar atentamente cada detalhe, pois essa série é uma aula em vários aspectos.
A História Sem Fim
3.8 973 Assista AgoraCheira a nostalgia. Mas só. Não venceu o tempo.
Cujo
3.3 439 Assista AgoraQue aflição!!!!!!!!!! E é muito simbólico também. Quadro em branco fez um ensaio sobre a obra que me fez revê-la. Recomendo assistir.
Agora entendo Rachel e Joey assistindo juntos abraçados e assustados hahahahaha
Fullmetal Alchemist: Brotherhood
4.7 391Cada personagem é muito rico na personalidade, até mesmo aqueles que só deveriam possuir uma - o orgulho, ganância ou a irá - e é esse o ponto que deixou essa história tão linda de assistir. Cada ser com suas características próprias contribuiram para as conquistas finais. É assim que se preencheu o vazio até daquele com a maior das avarezas. É por isso que tudo é um e um é tudo... é união. Talvez o primeiro homunculo também seja um pecado, o egoísmo, a prisão daquele que tentou ser deus foi ficar sozinho. O ser dentro do frasco, o ser que acabou solitário dentro do mundo.
Faça a Coisa Certa
4.2 398Obrigado Zudizilla. Obrigado Spike Lee. Obrigado dublagem lindaaa.
Brooklyn Nine-Nine (5ª Temporada)
4.5 183 Assista AgoraEu amo B99. A série é incrível. O poder de representatividade e de comunicação sobre esteriótipos e masculinidade é impressionante. Mas nesse nosso cenário é até difícil engolir uma série sobre a polícia de Nova York sem sentir uma estranheza ou ter consciência de que não existe esse mundo cor de rosa. Não consegui rever os episódios sem ficar com essa questão na mente.
O Cavalo de Turim
4.2 211Minha experiência mais sombria com o cinema está aqui. Vazio! vazio puro foi o que senti. Vi a dois anos atrás e não sei se quero retomar a obra e correr o risco de estragar a experiência.
Gabriel e a Montanha
3.7 141 Assista AgoraFuncionou como uma auto crítica para mim. Digo, o filme é construído nos detalhes. Na falta de compreensão do Gabriel de seus próprios privilégios e o quanto ele nem percebe em diversas ocasiões. Sua teimosia é o nêmesis natural da sua jornada de compreender a política economica dos países pobres, na qual ele não percebe a dimensão social em que ele mesmo se encontra. Eu mesmo ainda sou bem alienado quanto aos meus privilégios mesmo me esforçando o máximo para ter um olhar crítico. Demorei 20 anos para começar a ser proativo nisso tudo, me atrasei, desculpa. E ainda assim, parece que nunca é o bastante. Sempre tem tanta coisa para aprender e de fato tenho que seguir tentando me afastar dos erros do gabriel, ou do meus.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraAté a chuva tem um impacto diferente para diferentes classes sociais e há quem diga que o impacto do coronavirus atinge todos de modo igual.
Os Brutos Também Amam
4.0 184 Assista AgoraCome back, shane!
Sobre a violência e o psicólogico daquele que é atingido por ela.
O Atalho
3.3 60 Assista AgoraEsse filme se resume a importância dos olhares. Achei muito criativo dar ênfase a uma perspectiva feminina a um gênero que foi por anos feito e moldado na visão de homens.
Eu fiquei bem cativado com todo o contraste entre a não violência retratada, com base no respeito para com aquele que representava ameaça e esperança ao mesmo tempo.
O que deixou uma introspecção legal foi o fato da falta de linguagem entre eles, pela qual só existia comunicação em um encontro mútuo de olhares que refletiam diretamente no olhar do público. Millie representava uma visão, os olhares das personagens femininas uma outra. Do mesmo modo um público que via a confiança ou a ameaça iminente. E o filme não revela de fato qual aposta estava correta. E não importa!
A proposta da direção foi demonstrar que até mesmo naqueles tempos, retratados no gênero como "só sobrevive o mais durão", existiam outras apostas e a Kelly Reichardt conhecia as suas cartas.
O Grande Dragão Branco
3.4 621 Assista AgoraVoltei aqui só pra ouvir Triumph de novo.
O Irlandês
4.0 1,5K Assista AgoraQue espetáculo!
O Poço
3.7 2,1K Assista AgoraEm o parasita, por exemplo, os símbolos funcionam para contar uma história e dar um recado. A PRIMEIRA impressão minha sobre o poço é algo com vários simbolismos esparsos, quase sem muita utilidade (a não ser parecer inteligente). Sinceramente, achei muito pedante e pouca coisa pra tanto alvoroço. A netflix sabe que esse tipo de obra tem atraido público, e tudo parece ser uma "crítica social" e as vezes vem aparecendo esse tipo de filme ruim que parece inteligente.
Glória Feita de Sangue
4.4 448 Assista AgoraA pandemia trouxe a quarentena e com ela resolvi assistir um filme depois de uma longa data. Tinha tantos acumulados na minha lista e a chance era perfeita para diminuí-la. Eu não cheguei a acompanhar o Oscar e 1917 tinha um hype enorme até hoje e, para aumentar minha vontade, eu estou completamente viciado no Call of Duty. Nada mais justo que assistir o filme famoso mais recente sobre a primeira guerra mundial para novamente sentir prazer ao ver uma obrinha do cinema, certo? Errado!
Apesar de ser uma polêmica vazia trazer comparações, eu quero fazer! Primeiro assistindo o 1917 eu me diverti bastante e achei algumas coisas bem legais como a trilha sonora e a grandiosa fotografia. Mas para por ai o brilhantismo. O filme é feito em prol dessa estética e nada além. E vazio. Existe uma dicotomia de bem e mal e um pseudo heroísmo diante da narrativa, mais me lembrando o game que citei do que a própria guerra. É imaturo.
Ato contínuo, abri meu twitter e,por coincidência, o Pablo Villaça tinha acabado de publicar uma listinha intitulada "filmes sobre a guerra infinitamente melhores que 1917" contando com Glória feita de sangue em primeiro lugar. E obrigado Villaça, obrigado!!!
Glória feita de sangue é mais um título geniaaaal do Kubrik e tudo que me fez ter rejeição ao 1917 encontrei devidamente corrigido aqui, um filme de 6 décadas atrás. A guerra mundial não foi um jogo com todo um heroísmo lindo e engajado em grandiosas atitudes do bem contra o mal. É uma glória construído por bons e mals, por heroísmo e ganância, com humanos de ambos os lados. Glória feita do mais puro sangue humano derramado.
Dear Basketball
3.7 70Kobe é eterno! Dear Kobe
Os Indomáveis
3.9 459Dan era o homem que ben Wade nunca conseguiu ser. Era tudo sobre respeito.
Como Eu Conheci Sua Mãe (9ª Temporada)
4.1 1,3K Assista AgoraA primeira, e por enquanto única, vez que acompanhei está comédia foi em 2018 a amei muito. Todo esse lance de que nossas vidas são histórias - registros e o Ted contando para seus filhos me cativou demais. O Forrest Gump da televisão. A série utiliza essas pequenas histórias em formatos episódicos e em sua maioria, são ótimos. Meu problema foi com o final mesmo. Aquele mesmo raciocínio clichê sobre o final não ter valorizado a mãe (como conheci a sua mãe!!) e principalmente porque eu nunca engoli o casal Ted e Robin durante os episódios. O motivo principal? Eu via um relacionamento muito tóxico. E nem é questão de problematizar uma comédia, mas de discutir cultura, seja lá o seu alcance.
Além do protagonista estar em uma simbiose, ou seja, em uma bolha de dependência emocional pela Robin - os dois não tinham absolutamente nada a ver. Eram dois extremistas e opostos no jeito de ambos de enxergar o mundo. No primeiro encontro Ted já afirmou amar a Robin, do nada. E daí pra frente criou-se um sentimento obsessivo, falso amor "romântico clássico", que só piorava. E o Ted só ficava choramingando por atenção. Era uma espécie de os sofrimentos do jovem Ted Mosby. Até quando o mesmo encontrava uma outra pessoa nova para se relacionar, e no sitcom foram várias, ele não estava inteiramente presente. O ápice da obsessão foi quando, após a Scherbatsky dizer que não mais o amava (_Do you love me? _No!), ainda assim ele se manteve na dependência e a jornalista teve que mudar de casa para tentar o ajudar.
Por outro lado, Robin era muito egoísta e fria. Pelo menos em relação ao Mosby. Sua carreira estava sempre em única perspectiva. E não, não estou com o raciocínio do Ross de friends na discussão sobre amor e carreira. Ninguém tem que desistir dos sonhos para ter um relacionamento, do contrário este também é tóxico. Isto bem ilustrado na história "I'm here" do Spike Jonze. Contudo, como já citado, a Scherbatsky era muito extremista. Lembremos que um namoro é um acordo. Ambos devem ceder um pouco em prol deste acordo, mas respeitando o limite da individualidade de cada um. O que nunca acontecia. Era sempre carreira e somente. E o lance de não querer casar e ter filhos?. Eu sei que ninguém é obrigado às citadas responsabilidades, eu mesmo não sei se quero, mas o problema é que ela estabeleceu a ideia em um viés de confirmação e nem pensava em chances de muda-la. De acreditar em alguém.
Retomando ao começo, era diante do exposto o motivo de que eu não gostava do final. Mas agora, pensando de relance, eu acho que compreendo melhor. Foi um final polêmico, dúbio, porém condizente sim. A série sempre deixou claro para o público que o lance era realmente sobre o casal citado nós parágrafos anteriores. Sempre foi sobre eles. O episódio piloto se trata de "como conheci Robin." O motivo das histórias talvez seja um pedido de desculpas e principalmente um pedido de permissão aos filhos em dar mais uma chance a Robin. Não, não sobre o contrato deles dos 40 anos (acho que é isso mesmo kkk). Mas sobre uma possibilidade de um olhar mais maduro dos dois. As histórias deixaram claro o problema deles, mas também demonstraram um lento crescimento. Principalmente por parte do Mosby. E pensando nele, depois de realizar seu sonho de ser pai, de lidar com a perda da esposa, ele já não é mais o mesmo. A vida o ensinou lições e por obrigação, ele as teve que aprender. E se nossas vidas são histórias, e estas estão para nos fortalecer e ensinar, bom... crianças esta é a história de alguns amigos crescendo e aprendendo lições com os desafios da vida deles.
13 Reasons Why (1ª Temporada)
3.8 1,5K Assista AgoraNão quis comentar sobre durante o hype. Acordei com vontade de comentar hoje, mas sinceramente, prefiro comentar sobre coisas que eu gosto. Vou me limitar a dizer: Que série nojenta!
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças
4.3 4,7K Assista AgoraComo é imensa a felicidade da virgem sem culpa. Esquecendo o mundo e por ele sendo esquecida. Brilho eterno de uma mente sem lembranças. Cada prece é aceita e cada desejo realizado. Obedientes sonhos dos quais podemos acordar e chorar.
Analisaram a brilhante história que é um grande exercício sobre lembranças e esquecimentos. A melhor forma de superar um problema é esquecendo? Qual o significado de felicidade? Todo mundo precisa de uma segunda chance? Bom, Encontro-me diante da obra do cinema mais importante da minha vida. É um dos roteiros mais bem escritos, a edição é perfeita. A trilha sonora é linda. Atuações e reflexões memoráveis. É identificação. Emoção. É sentir. É metamorfose. E a cada vez que vejo a obra novamente uma sensação nova, um aprendizado para lembrar. E Brilho eterno nunca foi tão importante como agora. Thanx vida!
A Maldição da Residência Hill
4.4 1,4K Assista AgoraA história dessa série já diverte muito por si só. Seja na trilha sonora certa no momento certo ou toda a criatividade deles em mudar a forma da narrativa em cada episódio, sendo que a qualidade só cresce. Inclusive me lembrou bastante a formula que This is us usou. Um grupo de irmãos cresceram no que se tornaria a casa assombrada mais famosa do país? Legal a sinopse, mas "A Maldição da Residência Hill" é muito mais profundo do que isso.
"Onde Vivem os Monstros?" Esse é o título de um dos filmes mais marcantes da minha infância. Spike Jonze dirigiu uma história lúdica e infantil sobre terror e monstros. Monstros? Eu me perguntei. Onde vivem? Quem são eles? E, como um cometário do filme aqui do Filmow descreveu: "Somos nós. São os nossos medos, nossas alegrias, nossas frustrações. Somos nós, frágeis, sendo agressivos, sendo tolos. Queremos ser reis, superiores a qualquer problema. Mas, erramos. Ao final, descobrimos quem somos, o que queremos e do que precisamos: amor." Mas, claro: Jonze tratou dos sentimentos e psique de uma criança e os desafios da sua idade. E no entanto, a história de fantasmas do Mike Flanagan... do que tratou-se?
Apesar do pouco contato que tenho com o gênero de terror tem algo que li uma vez e agora está muito claro: "Histórias de terror são ferramentas para construção de mensagens necessárias. No sentido mais humano possível." A história dirigida por Mike Flanagan é de uma família separada, a qual continua se distanciando justamente nos momentos em que a união é um pedido gritante. Da mesma forma que acontece no filme "Hereditário". Se trata de separações. É na desunião que vivem os monstros na série. Seja quando acontece a briga entre as irmãs no carro e... Pá! monstro. Ou briga da família e... Pá! Monstro derrubando caixão. Ou até mesmo no momento de separação física como quando Luke fica preso sozinho e... já entenderam. Mas também é no momento das aparições que eles juntam forças para se unir novamente, mesmo que sutilmente.[/spoiler]
"Em seu interior, as paredes continuam de pé, os tijolos se unem em simetria, o assoalho é firme e as portas estão fechadas. O silêncio repousa soberano sobre madeira e pedra da Residência Hill. E os que andam por lá... andam juntos." Esse trecho foi colocado no primeiro e último episódio, se não me falha a memória. E na minha interpretação só reafirma o sentido de separação e união que a obra carrega. No inicio senti o medo da casa. Da forma que ele separava e destruía todos. Mas no último episódio, no coração da casa, é quando a casa também passa a representar o amor. Amor no passado e no presente. A união. E a casa deixa de ser tão assustadora. Mas ao mesmo tempo foi tarde demais para alguns. E uma reconstrução para outros. E então Steven deixa a casa acreditando nesses monstros, mas compreendendo quem são e onde vivem. [spoiler]
As Vantagens de Ser Invisível
4.2 6,9K Assista AgoraEu me sinto infinito! Como podemos ser apenas por um dia. Nós poderíamos ser infinitos, para todo o sempre. We can be heroes just for one day. Sentir-se infinito foi o sentimento inerente a minha experiência nessa última vez em que assisti "As vantagens de ser invisível". Antes disso já era um dos meus filmes preferidos, mas foi a experiência recente foi ainda mais forte e reconfortante. Ao assistir novamente com uma nova perspectiva o resultado foi vivenciar uma obra que me fez silenciar, transbordar!
Existem filmes que se tornam clássicos logo que surgem, “The Perks of Being a Wallflower” já se tornou um. Elenco, trilha sonora - Ah, a trilha sonora, - produção, direção e principalmente o roteiro, tudo muito bem organizado. E só esses elogios estão longe de ser o resumo merecido. Na verdade eu não consigo resumir objetivamente, mas sim compartilhar a magia que o cinema em si e o poder na a música me proporcionaram hoje. Com isso me mente, nunca antes encontrei em uma obra do cinema tamanha identificação. Mas, por que de tanta identificação? Nesse caso, veio no personagem Charlie. Pois, a obra narra as descobertas e pequenas batalhas diárias do garoto, o qual se sente invisível e anseia por mais inclusão sem mascarar todos os problemas. É sobre um garoto na busca por mais empatia em sua volta. (Ah!! Como a falta de empatia e a romantização dos sentimentos frios me incomodam.) E a mensagem mais importante, sendo a qual: é preciso perder-se para poder pertencer. E também alguns casos mais pessoais que elevam o quanto o protagonista me fez sentir representado, porém isso fica para outro desabafo.
E o filme caiu na graça dos fans de cinema e dos jovens espalhados pelo mundo. Assim como a mim, a galera se sentiu representada pelos personagens. Até mesmo aqueles que não são adolescentes. O longa meche muito com o nosso interior de uma forma extremamente honesta. Ele esbarra em tantos assuntos pertinentes a nossa adolescência e sem os clichês ou esteriótipos de gênero. É a narrativa de uma idade em que está todo mundo muito deslocado. Aqueles que sentem na pele o sentimento de confusão e não pertencimento como Charlie e eu, ou aqueles que fingem não sentir como Brad tentando fingir ser heterossexual assim como algumas pessoas fissuradas pela imagem do seu personagem nas redes sociais.
"Alguém com ansiedade está inclinado a achar que todos vão embora. A verdade é que eles precisam combater algo que não conseguem controlar, e há um sentimento de insegurança dentro de si mesmo quando se diz a respeito de relações.
Eles sabem que é difícil e não querem te sobrecarregar com seus pensamentos e preocupações." Este trechinho de um texto que li me lembra muito a frase "Aceitamos o amor que achamos merecer". Por que aceitamos? Por que tanto medo de ir enfrenta e dizer o que sentimos para a pessoa certa? São tantos muros, Por quê?
Heroes... Canção composta por David Bowie e Brian Eno em 1977 (E que se tornará uma tatuagem na minha pele em breve haha). A música traz consigo a historia do seu produtor Tony Visconti e cantora de backup Antonia Maass e seu caso amoroso dividido pelo muro de Berlim. Isso mesmo! A necessidade da união esbarrando em um muro como barreira. Neil Gaiman completou uma frase que aqui se faz necessária: "Existe algo que não aprecia o muro... e o nome disso é humanidade."
A Vida de David Gale
4.2 947 Assista Agora"Eu sei que acabou, ainda assim me agarro" Esse é um dos trechos da música "I Know it's Over", do The Smiths. Enquanto eu assistia a obra essa música ecoava na minha mente. Não procurando relação em tudo, mas quando vi a letra percebi que ela se encaixou tão bem! "A vida de David Gale" é um filme com uma proposta incrível, muitas camadas para serem discutidas e um discurso que provocou muita reflexão sobre certo e errado. Essa dicotomia é um dos aspectos que faz o filme ser bom, né? A psicologia jurídica e a nova matéria: sociologia -- se alinham muito em pensamentos com o direito, por isso podem servir como ferramentas na resenha. O filme é um ótimo exemplo dessa ligação. Para levantar uma discussão sobre as motivações, para este filme o melhor caminho é a sociologia, mais especificamente a do Francês Emile Durkheim...
Todo o argumento do filme se passa em Flash- Back, David Gale contando tudo para a jornalista, vivida pela Kate Winslet... Ahh Kate!! Este recurso serviu para aprofundar mais o público com a subjetividade do personagem e humanizar o filme. Um professor bem sucedido e com problemas alcoólicos, vê sua vida desmoronar ao cair em uma armadilha. Esta que lhe custou emprego, família e amigos. Sem saída, o professor cai em depressão. A doença é bem retratada no filme com metáforas de direção ao colocar o personagem sempre isolado nas cenas. Começa então a jornada da jornalista em busca da inocência do Gale. Mas, no final do filme temos um Plot Twist, no qual o público, junto com a jornalista, descobre a verdade: Os acontecimentos eram conscientes e executados de forma intencional por ativistas. Eles estavam em busca de derrubar o sistema radical do Texas, que permite a pena de morte.
O cinema tem o poder de conceber idéias e ideais. Nesse caso, de promover uma discussão social. Um dos Estados, onde se concretiza a pena de morte, e os direitos daqueles que foram condenados a pena capital não eram absolutamente asseguradas. Pois, além de chances de erros do sistema, o próprio argumento é falho. Ademais, confiar a vida de alguém a uma sentença passível de abstrações? O discurso da teoria da prevenção geral negativa é justamente criticado porque confunde o direito como todo e toda ética social com o poder punitivo. Isso além de ser paliativo é uma forma primitiva de controle social, no qual um país, ou Estado não passa a ser desenvolvido só por usar. Longe disso. Conscientes disso, muitos ativistas procuraram maneiras de derrubar o falho sistema tradicional, mas como? A melhor maneira de derrubar esse radicalismo é provando suas falhas de forma concreta.
Mas afinal, por que David Gale e sua amiga iriam tão longe, a ponto de perder sua vida em busca de provar, de maneira concreta, as falhas do sistema? A ponte com a sociologia de Durkheim pode explicar. Gale seguia uma linha de pensamento com a consciência coletiva. Ou seja, a sociedade acima do próprio eu. Colocando as necessidades sociais, Gale se sacrificou pelos outros.É o que Drukheim chamou de suicídio altruísta. Sua consciência coletiva corresponde às normas e às práticas, aos códigos culturais, como a etiqueta, a moral e as representações coletivas. Ou seja, mesmo sendo um personagem até certo ponto apático, tinha uma moral baseada na empatia e solidariedade. A vida de David Gale, ou melhor, a vida de dois corajosos em virtude de vidas futuras. David e Constance sabiam que tudo havia acabado para eles, mas ainda sim se agarraram na esperança de uma sociedade mais... Justa?
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraE se eu falar que não há palavras para descrever o filme do Denis Villeneuve? E se eu avisar a você que vi um dos melhores filmes da década? A qualidade técnica, artística e ideológica de "Arrival" saltam aos olhos. É inerente a obra se emocionar. Uma narrativa mestral, na qual fiquei empolgado todas as vezes que assisti. Visualmente deslumbrante assim como tem um poder enorme o seu lado sonoro. O poder da música no cinema, ou a falta dela, se equivale ao visual tranquilamente e aqui não é diferente. Como já era de se esperar, em vista do elenco, os atores mandaram muito bem, principalmente a Amy. No mais, o melhor lado do filme são suas metáforas que servem como ponte para conceber ideias.
A ficção cientifica é o gênero que mais gosto e que sempre esteve presente na minha vida, no passado, presente e provavelmente no futuro. Não somente, o SCI Fi, além de gênero preferido é também um dos formadores de caráter. Ted Chiang, autor do conto que deu origem ao filme diz: ficção cientifica não é sobre efeitos especiais ou grandes batalhas entre o bem e o mal. "Sci fi" é sobre usar cenários especulativos como uma lente pra examinar a condição humana". É nesse ponto em que “Arrival” se destaca. Quantas “chegadas” já aconteceram durante a história humana? Os exemplos mais próximos são as grandes navegações... pelo visto, desenvolvemos a linguagem não para nós comunicarmos,e sim, para explorarmos, em todos os sentidos possíveis da palavra.
Pode ser mania de enxergar relação em tudo, mas minutos antes de ver o filme eu li uma frase do Mia Couto: "Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão. Nunca houve tanta estrada. E nunca nos visitamos tão pouco." A narrativa desse filme e o roteiro são grandes metáforas da sua própria crítica. que incrível!!! A linguagem do Heptapod é baseado na polidromia. O filme ilustra isso até no nome da filha de Louise: Hannah. Ou seja, é uma linguagem não linear. O roteiro, que é uma adaptação ( quase como se gritasse ADAPTAÇÃO NÃO É TRANSCRIÇÃO) também segue a forma da polidromia. A linguagem cinematográfica do filme é a linguagem dos aliens, o que estabelece mais comunicação entre o filme, critica social da obra e público. GENIAL!
Esse é um dos meus filmes favoritos. Os fãs da Ficção respiram aliviados com essa arte! Adoro fazer o paralelo do gênero com a simples e complexa perguntar “E SE?” E se você ligasse a televisão e recebesse a noticia de uma invasão alienígena? E se você pudesse ver o presente, passado e futuro ao mesmo tempo? E se você pudesse ver sua vida inteira do começo ao fim...mudaria as coisas? E se?
Game of Thrones (2ª Temporada)
4.6 1,6K Assista AgoraRever grandes obras é uma atividade extremamente necessária. Depois de alguns anos resolvi voltar em Game Of Thrones, assim com ler os livros. No momento estou revendo a segunda temporada e lendo o segundo livro. É muito interessante como eu absorvi bem mais da série nessa segunda vez. E mais, simultaneamente ler o livro e ver a série é uma verdadeira aula sobre uma adaptação bem executada.
Falando sobre minha experiência ao revisitar GoT, a série, consegui digerir e observar muito mais comparado com a primeira vez. Ou seja, além de acontecimentos que ficaram mais claros para mim, percebi alguns detalhes sutis geniais, os quais não tinha notado. A série usa muito bem o recurso do "Foreshadowing" e percebe-los é divertidíssimo. Um bom exemplo disso é na primeira temporada, no "combate" entre Jaime e Ned Stark. Mais necessariamente, um dos guardas, braço direito do Stark. Em uma cena de diálogo entre os dois, o guarda e o Lannister, o braço direito de Ned diz que: em uma batalha, no qual lutou ao lado do Jaime, quase perdeu o olho. E, momentos depois, no combate, o Leão o mata ao furar seu olho. Além disso, outros recursos mais sutis são usados na segunda temporada( ou na série toda, espero). Um deles é o uso da auto referência e rimas visuais, que são simplesmente geniais.
No mais, que aula sobre como fazer uma adaptação!! Incrível! Agradeço sempre o fato do universo de George R.R. Martin ser adaptado para televisão. Acho que se encaixou bem demais e no formato de cinema não ficaria no mesmo nível. O livro, no caso o segundo, tem algumas diferenças com a série, mesmo nas cenas iguais. Um exemplo disso é que a série não segue a ordem de acontecimentos do livro. Na adaptação, cenas menos relevantes são mostradas primeiro, mesmo que no livro elas vêm depois. Isso acontece por um motivo: Criar tensões e fazer "Cliffhanger." São muitos detalhes que também mudam, o que é positivo, pois é uma adaptação, não transcrição.
Queria também deixar também uma menção honrosa a cena de diálogo entre tyrion e Varys – mais aproveitada no livro –, que aula de ciência política em uma página. Quem disse que o cinema não pode ser educativo tem que ler/assistir esse diálogo. Os criadores resumiram a história do universo do gelo e fogo em sua maioria nessa cena. E ai, quem tem o controle do mercenário( ou seria do povo? haha) o Sacerdote, o rei ou o rico? Eu fiquei o dia todo com isso na cabeça tentando elaborar minha opinião.
Enfim, rever filmes e séries pode ser cansativo, e parecer perda de tempo, até porquê já nascemos com uma dividade gigante com o cinema. Mas, algumas obras você deve dissecar o máximo possível. O universo do Jogo dos tronos é um desses. Não basta ver tudo em uma semana e pronto. Você deve ver, rever e observar atentamente cada detalhe, pois essa série é uma aula em vários aspectos.