Acho engraçado que as pessoas dão nota ruim porque o filme não foi explicado. A história é o que ela é, e DENTRO DO QUE ELA É que analisamos seu roteiro. Nesse caso a história é contada do ponto A ao B, no ambiente em que foi proposto, em sua completude.
Note que nunca nem ouvimos o que a empresa fala para a comandante. Eu amo quando os filmes me botam nessa posição de observador. É uma impotência que permite prestar atenção no filme sem entender o que vem a seguir.
Como e por que o cara estava na nave não importou, justamente porque o roteiro disse que não importa. O filme é sobre solucionar um impasse, e saber como o impasse foi gerado não resolve ele.
Sempre aparece esse público controlador que tem que saber tudo, se não, age como se a obra não pudesse ser aproveitada. Sua expectativa é chata, não só pra mim lendo esses comentários, mas pra você que não aproveita uma obra bem decente como essa!
Eu não imaginava que escreveria um comentário tão grande num filme como esse, mas pra finalizar vou deixar aqui uma frase da Clarice que gosto muito, pois eu não saberia colocar tão bem em palavras o prazer do não-saber:
"Não entender era tão vasto que ultrapassava qualquer entender - entender era sempre limitado. Mas não entender não tinha fronteiras e levava ao infinito, ao Deus. [,,,] O bom era ter uma inteligência e não entender. Era uma benção estranha como a de ter uma loucura sem ser doida. Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura de estupidez." - Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres
Senti sono na primeira meia hora, pausei e fui dormir hehe Quando voltei comentei com minha namorada que tinha a impressão de que havia só uma pessoa dentro do carro. Aqueles diálogos que alcançavam uma profundidade rápida podem até acontecer numa mesa de bar, mas a alteração de assunto era de uma rapidez e confusão que só podem acontecer dentro de uma só mente (ou uma mente só). Tese essa reforçada pela solidão ser trazida diversas vezes pelo casal, principalmente pelo tema do poema e das pinturas, e depois pela pista clara quando o filme nos mostra que o poema e as pinturas não são dela, mais sim dele.
A medida que o dia do zelador vai passando, ele vai adicionado elementos reais na sua história. A mocinha do filme de Zemeckis se torna sua namorada por alguns segundos, as garotas zombando dele na escola se tornam as atendentes zombeteiras na sorveteira, a dança ensaiada nos corredores da escola se torna um número do seu musical favorito. Mesmo assim, não é possível saber se ele está vivendo aquele dia ao mesmo tempo que os devaneios seguem, ou se ele vai lembrando de coisas da infância conforme limpa a escola a noite, completamente sozinho. Não adianta procurar linearidade temporal na história. Existe uma grande possibilidade de o zelador estar no carro congelado, surtando e morrendo de hipotermia durante o filme todo, incompreendido por uma legião de telespectadores.
ps.: Jake era pura insegurança, sem habilidades sociais, sem se deixar ser tocado. Ele nunca arriscou flertar com a menina do bar. Em sua própria fantasia ele era rejeitado e caçoado. Procurando mais sobre o filme descobri que na cena de dança do musical Oklahoma! não é o bailarino que morre, mas sim o agressor. Ou seja, até o fim Jake sonhava, mas não se enganava. O desfecho seria sempre uma derrota do amor para ele.
ps'.: mais alguém aqui acha que o porquinho animado foi outra referência ao Zemeckis?
O mordomo não é violento no livro, ele só é um servo quieto e sombrio, trazendo mais suspense a trama. O Dr. Armstrong não é histérico no livro, já na série ele é bizarro e de dar dó.
Tem aquela festa esquisita também, nada típico de Agatha.
Mais uma vez, ver a série antes de ler o livro teria sido a melhor pedida.
São dois filmes. Tinha o filme com a trama do jornalista e do encarcerado, e tinha a Felicity parecendo estar num livro do Dan Brown. Toda vez que voltamos para a casa, sai da trama psicológica e entra no mistério, com os desenhos e a pesquisa. Fiquei esperando a Jill encontrar o anticristo numa obra do Caravaggio, mas ela só não tinha nada a ver com a história mesmo.
Muito, muito, muito chororô. Eu achei bem difícil de chegar no final.
Tem pontos bacanas como a inspiração na história bizarra da Gypsy Blanchard, apesar desse núcleo ser um pouco enjoativo. Por exemplo a Jessica Lange é uma atriz boa de se assistir a cada cinco anos ou mais, menos que isso a interpretação dela cansa. O Ben Platt é muito bom ator e o que me levou a ver até o final foram Lucy e Gwyneth, por pura bajulação mesmo.
A segunda temporada parece ser mais interessante. Mais intrigas e menos lágrimas, mas com tantas opções acho difícil de voltar a ver.
O enredo consegue nos levar até o final, mas a falta de investimento é notável desde a abertura. Os personagens tem zero profundidade, e isso incomoda muito, porque eles tentam e tentam e tentam. Metade de cada episódio são lamentações forçadas ou flashbacks que falham em construir suas personalidades. Outra coisa que incomoda é a imprecisão temporal. Nos primeiros episódios é gritante a falta de uma linha cronológica. A história é baseada num período de 12 horas. Tempo importa. Se não é possível seguir uma linha cronológica contínua, a direção poderia usar recursos que nos ajudassem a entender essa cronologia. E esses são só alguns dos problemas
Mais uma vez o potencial dessa história foi desperdiçado.
Filme de uma cena só. Chega até a ser estranho o impacto que essa pequena sequencia traz, sendo que o filme todo não tem profundidade.
Apesar disso, o universo cyberpunk é magnífico e toda obra que contempla essa realidade tem um pouco de Blade Runner em si. Não é só clássico, mas referência.
Terrível. Pastelão de primeira, Thor Ragnarok merecia tudo, menos esse nome. O Grandmaster poderia até ser um alívio cômico no filme, porém o roteiro se apresenta como uma comédia de ponta a ponta de forma que Os Trapalhões - Ragnarok seria um título mais adequado. Ragnarok é o fim, é a morte de algo divino. Merecia muito mais densidade.
A introdução da vilã também foi um lixo. Muito precipitada.
E o pior de tudo é que a Marvel faz isso de propósito.
Talvez a protagonista que o Yance imaginou para o seu documentário fosse a impunidade e a dor seria apenas coadjuvante, mas o resultado foi muito mais pessoal, diria que esse documentário é sobre a dor e a vulnerabilidade por trás de uma feição dura, feição essa construída por anos de mágoa. Me parece que contar essa história é uma tentativa de espulgar todo esse sentimento de si, de dar uma chance de sua mãe se livrar disso também. Não acho que devemos julgar o caso, apenas me sinto grato por ele ter compartilhado isso tudo, e espero que encontre sua paz.
É um filme bem bom! Porém mais uma vez a indústria cinematográfica americana atropelou um jovem diretor tentando realizar seu primeiro filme. Coisas que me incomodaram no filme foram a montagem ruim com cortes inesperados e o papel do Keanu que não faz muito sentido. Infelizmente esses problemas são culpa da Lionsgate que no processo de edição contrariou o diretor do longa e quis dar mais visibilidade ao Keanu. O filme ficou tão diferente do que deveria que Malik pediu para usarem um pseudônimo nos créditos (prática comum quando os diretores não tem liberdade criativa durante a produção e acabam por odiar o resultado).
Devo ainda acrescentar que a Lionsgate alterou o nome do filme para Exposed, mas o título em português foi traduzido do nome que Malik pôs originalmente (Daughter of God), mostrando que os tradutores de títulos no Brasil acertam de vez em quando!
Seria dez só por aquela cena na posse, com o Francis dando tchauzinho pra câmera, fechando um ciclo de 5 anos. Mostra como esse roteiro ta bem fechado, sem espaço para pontas soltas. Mas falha em alguns momentos cruciais. Me refiro especificamente a Robin, que precisa treinar mais sua comunicação conosco. As duas vezes que ela dirigiu a palavra a nós foram bem ruins, nada introspectivo como o Spacey consegue. Uma próxima temporada sem melhoras nesse sentido vai comprometer bastante a qualidade.
Me lembrou os momentos densos de Garota Exemplar, só que esse filme explora mais essa atmosfera. A música de fundo que incomoda e deixa a sensação de que algo está errado, mesmo que tudo pareça normal. Os cortes também incomodam. Gostei bastante. Três relacionamentos abusivos diferentes, entrelaçados e suas diferentes consequências. Pelo trailer ser muito bom, achei que o filme me decepcionaria, mas manteve o nível. Tate Taylor deveria trabalhar mais.
Uma coisa é ser fã, a outra é ser cego. Filme com enredo fraco, protagonista fazendo mais do mesmo. Aliás se Redmayne não cuidar, vai se tornar o novo Depp, que só faz papéis extremamente caricatos e desaprendeu a atuar normalmente. Filmes produzidos por dinheiro me irritam, e esse é um claro exemplo. Dan Fogler é a única boa surpresa do filme, salvando o resto do elenco. No geral, senti muita falta do misticismo e da surpresa ao ser apresentado a um mundo de "criaturas fantásticas".
Será que existem atores contemporâneos capazes de desempenhar musicais como os mestres faziam antigamente? La La Land é um filme gostoso e divertido. Homenageia clássicos do passado ao mesmo tempo que não força muito o estilo habitual dos filmes musicais. E aí não da pra saber se La La Land tentou ser mais tragável para alcançar grandes públicos, ou se falhou sendo pouco ambicioso. E eu não posso dizer que não foi ambicioso visualmente, pois foi, com longas tomadas sem cortes, as cores da casa da Mia (melhor clipe do filme), mudanças de estilo durante o filme todo. Visualmente falha quando usa, exaustivamente, do holofote para mostrar somente o protagonista enquanto o resto da tela escurece. Na cena da Mia na audição "contando uma história" no dia que foi escalada para o elenco de um filme, o uso dessa técnica foi bem cretino, pois a música não refletiu a importância do momento, então o holofote deu evidência a algo ruim, tornando a cena horrível. Aliás, onde o filme falha realmente são nas músicas. Musicais tem o hábito de te fazer ficar cantando suas músicas por semanas, e até lembrar delas anos depois (It's electrifying!). A única música que lembro agora de La La Land é City of Stars, e é tão claro que é a única boa, que foi rearranjada de três ou quatro modos diferentes para ser repetida de novo e de novo... Emma e Ryan são grandes atores, eu adoro eles, mas por serem tão bons, eu queria mais. As coreografias não tinham complexidade. Não haviam muitos exageros teatrais (como a cara da Emma enrolada na cortina durante o clipe na casa da Mia), e isso fez falta, porque é essa explosão interpretativa que caracteriza um musical. "Estamos dançando porque não da para externar esses sentimentos só falando. Preciso cantar, dançar, subir na mesa, sapatear e fazer caras e bocas". É isso que um protagonista de musical passa. E não passou em La La Land. E pior que depois de tudo isso, eu ainda dei nota 9. Porque falha como musical, mas não falha como filme. É uma falha que, por a experiência ser tão boa, a gente finge que não vê.
Certas dores simplesmente nunca passam, apenas aprendemos a conviver com elas. Esse filme é uma obra construída com cem por cento de humanidade. E não é só na dor e melancolia que a humanidade se mostra, mas na agitação da adolescência, no misto entre impaciência e compreensão nas discussões familiares, no momento em que nada pode ser pior e você acaba esquecendo onde estacionou a porra do seu carro, quando a mulher fala para sua amiga ao telefone sobre suas fantasias com o zelador. Ingenuamente nós encaramos as outras pessoas sem o mínimo de profundidade.
Uma cena muito significativa, apesar de durar menos de um minuto, é quando Lee e Patrick estão discutindo e um estranho passa e diz "Great parenting". E aí você se pega pensando "Putz, foi falar isso logo pra ele". Se ele soubesse... Se nós soubéssemos quanta besteira falamos sem pensar... E que cena aquela entre Michelle Willians e Affleck. Perdão, amor, angustia. Como falar tudo aquilo? Não há modo de dizer certas coisas. Nem modo de escrever. Não há modo de Lonergan ter botado isso no roteiro. Essa cena foi de Willians e Affleck, impecáveis.
Jogos de cores básicos e necessários para contrastar um passado alegre com um presente mórbido, uma realidade em que a vida já não faz mais sentido. Nada como o inverno para transmitir tristeza ao espectador. Por fim a desistência. "I can't beat it. I'm sorry". Lonergan não promete que tudo vai melhorar, não dá esperança, não há superação. Lee mal chora. Não há sempre um final feliz. Existem dores que nunca passam. E isso é tudo.
Difícil escrever sobre uma produção dessas. São tantos elementos impressionantes que o pensamento que fica é: a que nível de produção chegamos com as séries! Os episódios com Churchill eram enérgicos de forma a poder sentir sua presença imponente, mesmo quando a velhice contrapunha seu senso de dever. Aliás, elegi o nono episódio como sendo o melhor, justamente o episódio que se trata dele e sua guerra interior. Mesmo com Lithgow sendo a pessoa por trás do papel que mais me interessou, foi Claire Foy que brilhou. E brilhou lindamente pois belas foram as direções de arte e fotografia. Já não são mais tão raras as vezes em que a luz é tão bem usada na construção de cenários, mas sempre que ocorre manuseio tão hábil da luminosidade eu fico estarrecido. O roteiro tem certos momentos muito bem construídos, permitindo jogos de imagens, tomadas intercaladas, que as falas de um personagem ecoem no universo de outros. E mais uma vez falando da fotografia, existe muita manipulação de cores na série, deixando ela densa, diferente do que outras séries sobre a coroa fizeram no passado. Não existe apenas doçura na corte, existe política, crise, proibições, ressentimento. E existe uma cena maravilhosa do sétimo capítulo que resume isso tudo:
Enquanto a Rainha pede conselhos ao seu tio pelo telefone sobre o casamento de sua irmã caçula e ele diz a ela: "We are half-people. Ripped from the pages of some bizarre mythology, the two sides within us, human and crown engaged in a fearful civil war, wich never ends."
O maior investimento da Netflix até agora é uma obra prima.
Nota: Deixemos de falar de Oscar. Tenham em mente que Oscar não importa, não diz nada. Todos assistimos esse filme porque ele ganhou o Oscar, mas se merecia ou desmerecia não importa. Faça um favor para si mesmo e esqueça o Oscar!
Esse filme conta uma história magnífica, e conta muito bem. McCarthy reuniu um elenco sensacional para um filme que não tem papéis em destaque, e isso agrega tanto à obra que incomoda os caçadores de atuações memoráveis. A narrativa corre de forma natural, sem decair e com apenas um momento de exaltação, que arrepia e nos traz ainda mais simpatia pelo esforçado repórter Michael. No mais, é tecnicamente impecável.
O filme mostra a trajetória da investigação sem nos forçar sentimentos, o que me lembrou muito de Zodíaco (2007).
Outro fato que me agradou foi a presença da igreja em vários momentos. O melhor deles foi durante o natal, num momento de total descrença do personagem de Ruffalo ele assiste a um coral infantil cantando durante um culto.
Spotlight é importante por dois motivos: trata de um assunto que não pode morrer até que seja resolvido e é um exemplo de como fazer jornalismo num mundo onde interesses contam mais do que a verdade.
É um bom filme sobre zumbis, mas tentando respeitar as opiniões de todos, essa nota 4 está meio forçada né? São muitos momentos ruins no filme. Close-ups combinados com slow motions melodramáticos mais comuns no cinema indiano sendo usados com uma intensidade dolorosa. Erros de continuidade desde os dez primeiros minutos de projeção.
A caracterização dos zumbis estava ótima, principalmente seus movimentos acelerados e contorcidos. A garotinha fez o papel dela muito bem, tem um dos choros mais convincentes que já vi na tela. Mas o vilão teve sua má índole reforçada repetidamente pelo mesmo gesto tantas vezes que cansei
Uma obra muito bela. Com uma história simples pode concentrar toda sua complexidade na construção dos personagens, principalmente nas seis crianças que juntos formam a personalidade dessa família única e cativante. Roteiro recheado de referências, cenas lindas, lições de vida, Virgo inteiro no papel e o que ficou foi a vontade de que o Noam Chomsky Day fosse realidade.
Fraco. Se repete em todos os capítulos. A apresentação é ruim com esse formato entrevistas reais e atores ilustrando o ocorrido, não funciona, deixa tudo muito artificial.
O curta tem grande importância histórica por ser a primeira animação com áudio. E por isso percebemos exagerada vontade de que cada componente da trama emita sons (música de fundo, assovio, buzina, animais, instrumentos musicais fora de contexto (compreensível, porém exagerada) a ponto de ficar massante.
É complicado, meus caros. Sempre levo minha expectativa ao chão quando vou assistir um filme de terror. Não vemos um grande diretor contemporâneo se aventurando nesse gênero, não vemos grandes atores aceitando esses papéis, e o por quê disso é bastante óbvio - diretores consagrados estão ocupados fazendo bons filmes e bons atores leem os roteiros antes de aceitar tomar parte na tragédia. Essa parece uma critica que desmerece o filme, contudo, é um filme de terror, e ninguém deve esperar que palavras sejam proferidas em sua defesa. No entanto, lá vai - o filme tem uma premissa maravilhosa e me parece ser realmente o melhor horror movie do ano. Infelizmente isso só quer dizer que o filme é ok. Essa mania de sexualizar o roteiro para atrair publico jovem estragou o filme. Aliás, o filme poderia se chamar "A DST Maligna", o que soa ridículo, assim como essa ideia. Outra coisa que aborrece o publico e deixou até o Tarantino bolado (http://www.vulture.com/2015/08/how-quentin-tarantino-would-fix-it-follows.html#) foi que o It Follows as vezes It Stops e It Stares You. E é por isso que a proposta falha. Ainda assim a ideia é boa e a execução tem seus momentos. É engraçado como filme de terror não alcança a nota 7 no IMDB. Esse está com 6,9. Para um bom arredondador, a metade boa desse filme basta. Dei 7. Expectativa baixa, use e abuse.
Um belíssimo filme de sobre como o tempo passa. Muitos querendo que Boyhood fosse mais, tivesse um roteiro épico, ou pelo menos que alguém tivesse morrido pra dar uma animada! Mas ele é simplesmente doze anos de algumas vidas passando. O roteiro é leve em sua maioria, com questionamentos sutis sobre a vida e com uma crise explosiva e pontual de meia idade. É disso que se trata o filme. É como nós tratamos a vida.
Linklater dirige bem, é especialista em filmar duas pessoas conversando, e a escola dele é a filófica. Não da pra ir a um filme dele esperando ver a jornada do herói. E o que mais gostei é que ele não perde a linha, não deixa situações que aconteceram durante os doze anos de produção afetarem o roteiro, o estilo ou algum personagem.
Passageiro Acidental
2.7 277Acho engraçado que as pessoas dão nota ruim porque o filme não foi explicado.
A história é o que ela é, e DENTRO DO QUE ELA É que analisamos seu roteiro. Nesse caso a história é contada do ponto A ao B, no ambiente em que foi proposto, em sua completude.
Note que nunca nem ouvimos o que a empresa fala para a comandante. Eu amo quando os filmes me botam nessa posição de observador. É uma impotência que permite prestar atenção no filme sem entender o que vem a seguir.
Como e por que o cara estava na nave não importou, justamente porque o roteiro disse que não importa. O filme é sobre solucionar um impasse, e saber como o impasse foi gerado não resolve ele.
Sempre aparece esse público controlador que tem que saber tudo, se não, age como se a obra não pudesse ser aproveitada.
Sua expectativa é chata, não só pra mim lendo esses comentários, mas pra você que não aproveita uma obra bem decente como essa!
Eu não imaginava que escreveria um comentário tão grande num filme como esse, mas pra finalizar vou deixar aqui uma frase da Clarice que gosto muito, pois eu não saberia colocar tão bem em palavras o prazer do não-saber:
"Não entender era tão vasto que ultrapassava qualquer entender - entender era sempre limitado. Mas não entender não tinha fronteiras e levava ao infinito, ao Deus. [,,,] O bom era ter uma inteligência e não entender. Era uma benção estranha como a de ter uma loucura sem ser doida. Era um desinteresse manso em relação às coisas ditas do intelecto, uma doçura de estupidez." - Clarice Lispector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres
Estou Pensando em Acabar com Tudo
3.1 1,0K Assista AgoraSenti sono na primeira meia hora, pausei e fui dormir hehe
Quando voltei comentei com minha namorada que tinha a impressão de que havia só uma pessoa dentro do carro. Aqueles diálogos que alcançavam uma profundidade rápida podem até acontecer numa mesa de bar, mas a alteração de assunto era de uma rapidez e confusão que só podem acontecer dentro de uma só mente (ou uma mente só).
Tese essa reforçada pela solidão ser trazida diversas vezes pelo casal, principalmente pelo tema do poema e das pinturas, e depois pela pista clara quando o filme nos mostra que o poema e as pinturas não são dela, mais sim dele.
A medida que o dia do zelador vai passando, ele vai adicionado elementos reais na sua história. A mocinha do filme de Zemeckis se torna sua namorada por alguns segundos, as garotas zombando dele na escola se tornam as atendentes zombeteiras na sorveteira, a dança ensaiada nos corredores da escola se torna um número do seu musical favorito.
Mesmo assim, não é possível saber se ele está vivendo aquele dia ao mesmo tempo que os devaneios seguem, ou se ele vai lembrando de coisas da infância conforme limpa a escola a noite, completamente sozinho.
Não adianta procurar linearidade temporal na história. Existe uma grande possibilidade de o zelador estar no carro congelado, surtando e morrendo de hipotermia durante o filme todo, incompreendido por uma legião de telespectadores.
ps.: Jake era pura insegurança, sem habilidades sociais, sem se deixar ser tocado. Ele nunca arriscou flertar com a menina do bar. Em sua própria fantasia ele era rejeitado e caçoado. Procurando mais sobre o filme descobri que na cena de dança do musical Oklahoma! não é o bailarino que morre, mas sim o agressor. Ou seja, até o fim Jake sonhava, mas não se enganava. O desfecho seria sempre uma derrota do amor para ele.
ps'.: mais alguém aqui acha que o porquinho animado foi outra referência ao Zemeckis?
E Não Sobrou Nenhum
4.2 123Não foi do meu agrado.
Elimina pontos chave do suspense do roteiro como:
Não nos contar o poema por completo desde o início. Esse elemento é crucial na história e nos acompanha no livro desde o inicio.
Além de alterar algumas personalidades de forma a incentivar nosso julgamento, como:
O mordomo não é violento no livro, ele só é um servo quieto e sombrio, trazendo mais suspense a trama. O Dr. Armstrong não é histérico no livro, já na série ele é bizarro e de dar dó.
Tem aquela festa esquisita também, nada típico de Agatha.
Mais uma vez, ver a série antes de ler o livro teria sido a melhor pedida.
A História Verdadeira
3.2 263 Assista AgoraGostei bastante, mas quero deixar uma observação.
São dois filmes. Tinha o filme com a trama do jornalista e do encarcerado, e tinha a Felicity parecendo estar num livro do Dan Brown. Toda vez que voltamos para a casa, sai da trama psicológica e entra no mistério, com os desenhos e a pesquisa.
Fiquei esperando a Jill encontrar o anticristo numa obra do Caravaggio, mas ela só não tinha nada a ver com a história mesmo.
The Politician (1ª Temporada)
3.7 115Muito, muito, muito chororô.
Eu achei bem difícil de chegar no final.
Tem pontos bacanas como a inspiração na história bizarra da Gypsy Blanchard, apesar desse núcleo ser um pouco enjoativo. Por exemplo a Jessica Lange é uma atriz boa de se assistir a cada cinco anos ou mais, menos que isso a interpretação dela cansa.
O Ben Platt é muito bom ator e o que me levou a ver até o final foram Lucy e Gwyneth, por pura bajulação mesmo.
A segunda temporada parece ser mais interessante. Mais intrigas e menos lágrimas, mas com tantas opções acho difícil de voltar a ver.
Fratura
3.3 921Vai um pouco além do suspense Tela Quente mas não vai tão longe a ponto de selecionar seu público.
É o tipo de filme que a gente precisa as vezes.
The Purge (1ª Temporada)
3.2 246Muito, muito, muito ruim.
O enredo consegue nos levar até o final, mas a falta de investimento é notável desde a abertura.
Os personagens tem zero profundidade, e isso incomoda muito, porque eles tentam e tentam e tentam. Metade de cada episódio são lamentações forçadas ou flashbacks que falham em construir suas personalidades.
Outra coisa que incomoda é a imprecisão temporal. Nos primeiros episódios é gritante a falta de uma linha cronológica. A história é baseada num período de 12 horas. Tempo importa. Se não é possível seguir uma linha cronológica contínua, a direção poderia usar recursos que nos ajudassem a entender essa cronologia.
E esses são só alguns dos problemas
Mais uma vez o potencial dessa história foi desperdiçado.
Blade Runner: O Caçador de Andróides
4.1 1,6K Assista AgoraFilme de uma cena só. Chega até a ser estranho o impacto que essa pequena sequencia traz, sendo que o filme todo não tem profundidade.
Apesar disso, o universo cyberpunk é magnífico e toda obra que contempla essa realidade tem um pouco de Blade Runner em si. Não é só clássico, mas referência.
Thor: Ragnarok
3.7 1,9K Assista AgoraTerrível. Pastelão de primeira, Thor Ragnarok merecia tudo, menos esse nome.
O Grandmaster poderia até ser um alívio cômico no filme, porém o roteiro se apresenta como uma comédia de ponta a ponta de forma que Os Trapalhões - Ragnarok seria um título mais adequado.
Ragnarok é o fim, é a morte de algo divino. Merecia muito mais densidade.
A introdução da vilã também foi um lixo. Muito precipitada.
E o pior de tudo é que a Marvel faz isso de propósito.
Strong Island
3.5 49Talvez a protagonista que o Yance imaginou para o seu documentário fosse a impunidade e a dor seria apenas coadjuvante, mas o resultado foi muito mais pessoal, diria que esse documentário é sobre a dor e a vulnerabilidade por trás de uma feição dura, feição essa construída por anos de mágoa.
Me parece que contar essa história é uma tentativa de espulgar todo esse sentimento de si, de dar uma chance de sua mãe se livrar disso também. Não acho que devemos julgar o caso, apenas me sinto grato por ele ter compartilhado isso tudo, e espero que encontre sua paz.
Filha de Deus
2.3 210 Assista AgoraÉ um filme bem bom! Porém mais uma vez a indústria cinematográfica americana atropelou um jovem diretor tentando realizar seu primeiro filme. Coisas que me incomodaram no filme foram a montagem ruim com cortes inesperados e o papel do Keanu que não faz muito sentido. Infelizmente esses problemas são culpa da Lionsgate que no processo de edição contrariou o diretor do longa e quis dar mais visibilidade ao Keanu. O filme ficou tão diferente do que deveria que Malik pediu para usarem um pseudônimo nos créditos (prática comum quando os diretores não tem liberdade criativa durante a produção e acabam por odiar o resultado).
Devo ainda acrescentar que a Lionsgate alterou o nome do filme para Exposed, mas o título em português foi traduzido do nome que Malik pôs originalmente (Daughter of God), mostrando que os tradutores de títulos no Brasil acertam de vez em quando!
House of Cards (5ª Temporada)
4.0 248 Assista AgoraSeria dez só por aquela cena na posse, com o Francis dando tchauzinho pra câmera, fechando um ciclo de 5 anos. Mostra como esse roteiro ta bem fechado, sem espaço para pontas soltas.
Mas falha em alguns momentos cruciais. Me refiro especificamente a Robin, que precisa treinar mais sua comunicação conosco. As duas vezes que ela dirigiu a palavra a nós foram bem ruins, nada introspectivo como o Spacey consegue. Uma próxima temporada sem melhoras nesse sentido vai comprometer bastante a qualidade.
A Garota no Trem
3.6 1,6K Assista AgoraMe lembrou os momentos densos de Garota Exemplar, só que esse filme explora mais essa atmosfera. A música de fundo que incomoda e deixa a sensação de que algo está errado, mesmo que tudo pareça normal. Os cortes também incomodam.
Gostei bastante. Três relacionamentos abusivos diferentes, entrelaçados e suas diferentes consequências. Pelo trailer ser muito bom, achei que o filme me decepcionaria, mas manteve o nível. Tate Taylor deveria trabalhar mais.
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista AgoraUma coisa é ser fã, a outra é ser cego. Filme com enredo fraco, protagonista fazendo mais do mesmo. Aliás se Redmayne não cuidar, vai se tornar o novo Depp, que só faz papéis extremamente caricatos e desaprendeu a atuar normalmente. Filmes produzidos por dinheiro me irritam, e esse é um claro exemplo.
Dan Fogler é a única boa surpresa do filme, salvando o resto do elenco.
No geral, senti muita falta do misticismo e da surpresa ao ser apresentado a um mundo de "criaturas fantásticas".
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraSerá que existem atores contemporâneos capazes de desempenhar musicais como os mestres faziam antigamente?
La La Land é um filme gostoso e divertido. Homenageia clássicos do passado ao mesmo tempo que não força muito o estilo habitual dos filmes musicais. E aí não da pra saber se La La Land tentou ser mais tragável para alcançar grandes públicos, ou se falhou sendo pouco ambicioso. E eu não posso dizer que não foi ambicioso visualmente, pois foi, com longas tomadas sem cortes, as cores da casa da Mia (melhor clipe do filme), mudanças de estilo durante o filme todo. Visualmente falha quando usa, exaustivamente, do holofote para mostrar somente o protagonista enquanto o resto da tela escurece. Na cena da Mia na audição "contando uma história" no dia que foi escalada para o elenco de um filme, o uso dessa técnica foi bem cretino, pois a música não refletiu a importância do momento, então o holofote deu evidência a algo ruim, tornando a cena horrível.
Aliás, onde o filme falha realmente são nas músicas. Musicais tem o hábito de te fazer ficar cantando suas músicas por semanas, e até lembrar delas anos depois (It's electrifying!). A única música que lembro agora de La La Land é City of Stars, e é tão claro que é a única boa, que foi rearranjada de três ou quatro modos diferentes para ser repetida de novo e de novo...
Emma e Ryan são grandes atores, eu adoro eles, mas por serem tão bons, eu queria mais. As coreografias não tinham complexidade. Não haviam muitos exageros teatrais (como a cara da Emma enrolada na cortina durante o clipe na casa da Mia), e isso fez falta, porque é essa explosão interpretativa que caracteriza um musical. "Estamos dançando porque não da para externar esses sentimentos só falando. Preciso cantar, dançar, subir na mesa, sapatear e fazer caras e bocas". É isso que um protagonista de musical passa. E não passou em La La Land.
E pior que depois de tudo isso, eu ainda dei nota 9. Porque falha como musical, mas não falha como filme. É uma falha que, por a experiência ser tão boa, a gente finge que não vê.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraCertas dores simplesmente nunca passam, apenas aprendemos a conviver com elas. Esse filme é uma obra construída com cem por cento de humanidade. E não é só na dor e melancolia que a humanidade se mostra, mas na agitação da adolescência, no misto entre impaciência e compreensão nas discussões familiares, no momento em que nada pode ser pior e você acaba esquecendo onde estacionou a porra do seu carro, quando a mulher fala para sua amiga ao telefone sobre suas fantasias com o zelador. Ingenuamente nós encaramos as outras pessoas sem o mínimo de profundidade.
Uma cena muito significativa, apesar de durar menos de um minuto, é quando Lee e Patrick estão discutindo e um estranho passa e diz "Great parenting". E aí você se pega pensando "Putz, foi falar isso logo pra ele". Se ele soubesse... Se nós soubéssemos quanta besteira falamos sem pensar...
E que cena aquela entre Michelle Willians e Affleck. Perdão, amor, angustia. Como falar tudo aquilo? Não há modo de dizer certas coisas. Nem modo de escrever. Não há modo de Lonergan ter botado isso no roteiro. Essa cena foi de Willians e Affleck, impecáveis.
Jogos de cores básicos e necessários para contrastar um passado alegre com um presente mórbido, uma realidade em que a vida já não faz mais sentido. Nada como o inverno para transmitir tristeza ao espectador.
Por fim a desistência. "I can't beat it. I'm sorry". Lonergan não promete que tudo vai melhorar, não dá esperança, não há superação. Lee mal chora. Não há sempre um final feliz. Existem dores que nunca passam. E isso é tudo.
The Crown (1ª Temporada)
4.5 389 Assista AgoraDifícil escrever sobre uma produção dessas. São tantos elementos impressionantes que o pensamento que fica é: a que nível de produção chegamos com as séries!
Os episódios com Churchill eram enérgicos de forma a poder sentir sua presença imponente, mesmo quando a velhice contrapunha seu senso de dever. Aliás, elegi o nono episódio como sendo o melhor, justamente o episódio que se trata dele e sua guerra interior.
Mesmo com Lithgow sendo a pessoa por trás do papel que mais me interessou, foi Claire Foy que brilhou. E brilhou lindamente pois belas foram as direções de arte e fotografia. Já não são mais tão raras as vezes em que a luz é tão bem usada na construção de cenários, mas sempre que ocorre manuseio tão hábil da luminosidade eu fico estarrecido.
O roteiro tem certos momentos muito bem construídos, permitindo jogos de imagens, tomadas intercaladas, que as falas de um personagem ecoem no universo de outros. E mais uma vez falando da fotografia, existe muita manipulação de cores na série, deixando ela densa, diferente do que outras séries sobre a coroa fizeram no passado. Não existe apenas doçura na corte, existe política, crise, proibições, ressentimento. E existe uma cena maravilhosa do sétimo capítulo que resume isso tudo:
Enquanto a Rainha pede conselhos ao seu tio pelo telefone sobre o casamento de sua irmã caçula e ele diz a ela:
"We are half-people.
Ripped from the pages of some bizarre mythology,
the two sides within us, human and crown
engaged in a fearful civil war, wich never ends."
O maior investimento da Netflix até agora é uma obra prima.
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraNota: Deixemos de falar de Oscar. Tenham em mente que Oscar não importa, não diz nada. Todos assistimos esse filme porque ele ganhou o Oscar, mas se merecia ou desmerecia não importa. Faça um favor para si mesmo e esqueça o Oscar!
Esse filme conta uma história magnífica, e conta muito bem. McCarthy reuniu um elenco sensacional para um filme que não tem papéis em destaque, e isso agrega tanto à obra que incomoda os caçadores de atuações memoráveis. A narrativa corre de forma natural, sem decair e com apenas um momento de exaltação, que arrepia e nos traz ainda mais simpatia pelo esforçado repórter Michael. No mais, é tecnicamente impecável.
O filme mostra a trajetória da investigação sem nos forçar sentimentos, o que me lembrou muito de Zodíaco (2007).
Outro fato que me agradou foi a presença da igreja em vários momentos. O melhor deles foi durante o natal, num momento de total descrença do personagem de Ruffalo ele assiste a um coral infantil cantando durante um culto.
Spotlight é importante por dois motivos: trata de um assunto que não pode morrer até que seja resolvido e é um exemplo de como fazer jornalismo num mundo onde interesses contam mais do que a verdade.
Invasão Zumbi
4.0 2,1K Assista AgoraÉ um bom filme sobre zumbis, mas tentando respeitar as opiniões de todos, essa nota 4 está meio forçada né?
São muitos momentos ruins no filme. Close-ups combinados com slow motions melodramáticos mais comuns no cinema indiano sendo usados com uma intensidade dolorosa. Erros de continuidade desde os dez primeiros minutos de projeção.
A caracterização dos zumbis estava ótima, principalmente seus movimentos acelerados e contorcidos. A garotinha fez o papel dela muito bem, tem um dos choros mais convincentes que já vi na tela. Mas o vilão teve sua má índole reforçada repetidamente pelo mesmo gesto tantas vezes que cansei
(jogar alguém pros zumbis e sair correndo)
Valeu pela diversão, mas para mim está longe de ser um dos melhores do gênero.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraUma obra muito bela. Com uma história simples pode concentrar toda sua complexidade na construção dos personagens, principalmente nas seis crianças que juntos formam a personalidade dessa família única e cativante.
Roteiro recheado de referências, cenas lindas, lições de vida, Virgo inteiro no papel e o que ficou foi a vontade de que o Noam Chomsky Day fosse realidade.
The Investigator: A British Crime Story (1ª Temporada)
2.7 13Fraco. Se repete em todos os capítulos. A apresentação é ruim com esse formato entrevistas reais e atores ilustrando o ocorrido, não funciona, deixa tudo muito artificial.
Me senti incomodado explorando o sofrimento da garota enquanto o jornalista se promovia. Além de que uma série de novas evidencias são mal explicadas
O Vapor Willie
3.9 79 Assista AgoraDe quando o Mickey era meio Pica-Pau.
O curta tem grande importância histórica por ser a primeira animação com áudio. E por isso percebemos exagerada vontade de que cada componente da trama emita sons (música de fundo, assovio, buzina, animais, instrumentos musicais fora de contexto (compreensível, porém exagerada) a ponto de ficar massante.
Corrente do Mal
3.2 1,8K Assista AgoraÉ complicado, meus caros. Sempre levo minha expectativa ao chão quando vou assistir um filme de terror. Não vemos um grande diretor contemporâneo se aventurando nesse gênero, não vemos grandes atores aceitando esses papéis, e o por quê disso é bastante óbvio - diretores consagrados estão ocupados fazendo bons filmes e bons atores leem os roteiros antes de aceitar tomar parte na tragédia.
Essa parece uma critica que desmerece o filme, contudo, é um filme de terror, e ninguém deve esperar que palavras sejam proferidas em sua defesa. No entanto, lá vai - o filme tem uma premissa maravilhosa e me parece ser realmente o melhor horror movie do ano.
Infelizmente isso só quer dizer que o filme é ok.
Essa mania de sexualizar o roteiro para atrair publico jovem estragou o filme. Aliás, o filme poderia se chamar "A DST Maligna", o que soa ridículo, assim como essa ideia.
Outra coisa que aborrece o publico e deixou até o Tarantino bolado (http://www.vulture.com/2015/08/how-quentin-tarantino-would-fix-it-follows.html#) foi que o It Follows as vezes It Stops e It Stares You. E é por isso que a proposta falha.
Ainda assim a ideia é boa e a execução tem seus momentos.
É engraçado como filme de terror não alcança a nota 7 no IMDB. Esse está com 6,9. Para um bom arredondador, a metade boa desse filme basta. Dei 7.
Expectativa baixa, use e abuse.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraUm belíssimo filme de sobre como o tempo passa.
Muitos querendo que Boyhood fosse mais, tivesse um roteiro épico, ou pelo menos que alguém tivesse morrido pra dar uma animada! Mas ele é simplesmente doze anos de algumas vidas passando.
O roteiro é leve em sua maioria, com questionamentos sutis sobre a vida e com uma crise explosiva e pontual de meia idade. É disso que se trata o filme. É como nós tratamos a vida.
Linklater dirige bem, é especialista em filmar duas pessoas conversando, e a escola dele é a filófica. Não da pra ir a um filme dele esperando ver a jornada do herói. E o que mais gostei é que ele não perde a linha, não deixa situações que aconteceram durante os doze anos de produção afetarem o roteiro, o estilo ou algum personagem.
Merece mesmo a indicação.