o que materializa o desejo de Richard Wanley a sair da mesmice, a se aventurar é o retrato, imutável, da mulher considerada ideal para a situação, mas o retrato mais interessante é aquele recortado pela câmera de Fritz Lang, que é o rosto do próprio protagonista, que, esse sim, vai mudando no decorrer do filme, desde um rosto inseguro mas com certa esperança de que pitadas de felicidades surgirão até... bom, quem assistiu sabe. grande filme.
o dinheiro do filme, sendo falso ou não, continua 'funcionando', vivendo uma transação de cada vez, assim como as pessoas captadas por Friedkin, verdadeiras ou falsas, elas vivendo um momento de cada vez, e isso transborda na forma como o filme é contada, que muitas vezes pode parecer desconjuntada, mas é apenas um reflexo de seus personagens. o fio condutor que conecta o filme é muito fino, quase que imperceptível. filmaço.
sem palavras pra descrever a obra-prima que é 'Miami Vice'. um dos auges do cinema de Mann, uma trama policial que não tem rédeas, os caminhos vão sendo traçados ali na hora mesmo, o planejamento é jogado pela janela a cada minuto porque toda hora existe um fato novo sendo introduzido. mas como em todo filme de Mann, é mais um filme sobre pessoas. existe o sentimento de confiança, amizade, entre a dupla principal, e é uma pancada o fato de os dois caminharem caminhos distintos, culminando em um dos finais mais cruéis do cinema.
incrível como os filmes de Ferrara ganharam uma cara diferente pós-'Blackout', mas ainda representam sua evolução enquanto cineasta. existe a noção de que sua câmera não é mais a única fonte de imagens no mundo tecnológico representado no filme (que, sim, dialoga com o presente), tanto que o filme se passa quase sempre em lugares fechados, e é através dessas outras fontes de imagem e dispositivos eletrônicos que existe a comunicação com o 'mundo exterior'. e mesmo com essa coisa toda, os personagens também continuam Ferrarianos. a vontade de 'X' de fugir de tudo aquilo, e vê na Asia Argento sua possibilidade de redenção, dialoga com outros personagens de Ferrara. e o que se passa no hotel do título original é assombroso, com o personagem cavocando dentro de sua memória as imagens que ficaram faltando, analisando o que tinha sido mostrado, sons sendo deslocados, coisa soberba. bom, e Asia Argento, que isso... e Christopher Walken na, talvez, atuação mais Walkeniana de todas, haha, sensacional. obra-prima.
que isso, que isso, que isso. mais uma vez uma descida ao inferno sem volta orquestrada por Abel Ferrara. é curioso que, por mais que Abel Ferrara não pinte o ser humano como apenas preenchido pelo mal, ele não descarta a possibilidade da faceta sombria ser mais evidente, ainda mais mostrando que, sim, um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar - protagonista azarada, hein. muito interessante também o fato de a protagonista ser muda, fazendo com que seus gestos, olhares, pequenas expressões faciais ganhem ainda mais importante, e pra isso é necessário um diretor de talento, coisa que Abel Ferrara é. e a linha dividindo o céu e o inferno já é tênue pra caramba desde esse filme, é só ver, por exemplo, a cena em que um crucifixo habita o mesmo quadro que uma arma - coisa parecida acontece em 'Vício Frenético', só trocar a arma por um cara cheirando cocaína.
muito inteligente da parte de Renoir ir pra Índia e filmar um filme assumidamente estrangeiro. não só a Índia era um país estranho para o diretor, como os Estados Unidos, onde havia filmado filmes anteriores. normalmente não gosto de narrações em off, costumam ser óbvias, mas aqui conseguiu adicionar ao desenvolvimento das ideias. e, sendo um 'filme estrangeiro', Renoir consegue fazê-lo muito bem ao impregnar um sentimento de deslocamento presente em quase todos os personagens - com mais clareza no Capitão John. belo filme.
bem como diz a sinopse, um retrato irreverente, não só daquele grupo de atores, mas também da sociedade japonesa como um todo. principalmente do homem, com seu pensamento voltado quase que exclusivamente para o sexo - acaba a parte das mulheres no teatro, vai todo mundo embora, haha. mas o bom é que não chega a vangloriar essa atitude machista dos homens (roubar mulheres e pá), mas eles são retratados de maneira bem tosca (eles são toscos, não o retrato). mesmo com a câmera comportada na maior parte do filme, Imamura consegue captar seus personagens de maneira interessante, muitas vezes exprimidos em um mesmo quadro, passando a ideia de toda aquela baderna. boa estreia.
Poucos constroem pessoas como Renoir. não chega a ser um micro-universo como nos filmes mais famosos, mas é um dos triângulos amorosos mais perturbados que eu já vi, com personagens pra lá de complexos, e como deve ser, falhas, pessoas de carne e osso, mas que possuem sentimentos nobres do mesmo jeito, mas que nem sempre escolhem os melhores caminhos para satisfazê-los. obra-prima.
o trato de Renoir com seus personagens é único. é interessante porque, em alguns dos filmes de Renoir existe aquele momento impactante, mas ele é potencializado porque o diretor sabe que eles são ainda melhores se nós conhecermos as pessoas envolvidas. por isso um desenvolvimento tão intenso e paciente, não só aqui, mas como em O Crime do Sr. Lange, por exemplo. esteticamente um primor, com uma câmera que sabe ler seus personagens como poucas, closes precisos, cortes certeiros na hora de demonstrar emoções, a chuva também, quando aparece, se torna elemento chave da mise-en-scène, etc, etc, é muita coisa. e lindo demais o paralelo entre Lantier e o trem, principalmente a fornalha, primeira imagem a aparecer no filme. obra-prima.
genial como Renoir cria universos em seus filmes, onde não dá pra colocar todo mundo num quadro, por isso a movimentação intensa dos personagens, e os movimentos incansáveis da câmera.
ah, não tem como, poucos filmam como Renoir. um bocado de planos-sequências embasbacantes, e enquadramentos mais rígidos que extraem o máximo das situações. e mais os personagens complexos de Renoir, com relações intrincadas, como sempre. baita filme.
A minha intenção inicial era ir ao cinema assistir a “Os Mercenários 2” depois de assistir o original, lançado originalmente em 2010, mas a estrada da vida impediu a realização dessa vontade, e acabei entrando na sala sem saber nada sobre o filme anterior. O que eu sabia era o mesmo que todo mundo: Stallone juntando a galera bad-ass do cinema de ação oitentista pra chutar bundas até não dar mais. Eu não sei se essa sequência é um avançou ou um retrocesso em relação ao outro, só sei que eu me diverti pra caramba, como poucos filmes de ação fizeram nos últimos tempos – tudo bem que não sou um dos melhores especialistas do assunto.
mais longe dos Boetticher vingativos, mais peto do herói de "O Resgate do Bandoleiro", o herói que ajuda por ajudar, independente da pátria, no caso, um mexicano. continua um Boetticher bem mais maduro que seus filmes do começo dos anos 50, muito seguro ao contar sua história. belo uso dos espaços, principalmente os fechados e escuros nos momentos mais tensos.
a câmera de Boetticher mais madura, a primeira aparição do protagonista já é acompanhada por uma visão trêmula e inconstante. a vingança é novamente tema de um de seus filmes, e aqui fica claro a sensação de impotência perante aos sentimentos. por mais que sejam dadas explicações lógicas sobre o porque Scott não precisa tomar aquelas atitudes, elas não são nada perto dos sentimentos. e é isso, tudo parece muito bonito, mas não é à toa que Scott sai bêbado e resmungando com todo mundo, e com a carroça quebrada sempre sendo enquadrada junto.
dos filmes pré-Randolph Scott que assisti do Boetticher, esse é o mais apurado, em termos de mise-en-scène. enquanto em outros filmes era algo muitas vezes sem brilho, apenas seguro, aqui ganha uma importância muito maior no 'contar a história'. ele usa muito bem alguns elementos da natureza, como o pântano onde moram os índios (o caminho até lá, principalmente, areia movediça, animais e tudo mais), e a chuva que chega no clímax (assim como em alguns momentos em "Sete Homens Sem Destino", se não me engano). a história também foge um pouco dos outros westerns de Boetticher dessa época, o exército americano é o inimigo, na história, e os índios são "pacíficos", apresentando uma disposição interessante.
o pesadelo filmado por Orson Welles. é interessante que o início do filme nos dá esse tom de que aquilo que vamos ver tá longe de ser algo calcado na realidade, e sim um pesadelo. Welles tem uma de suas direções mais insanas (Mr. Arkadin tá ali perto), mas é genial demais. porque não é um filme contando uma história de maneira convencional, mas mais sobre esse sentimento de estar sufocado, o desespero, e como as imagens vão se formando aos olhos do protagonista. obra-prima gigante.
A trilogia “Batman” dirigida por Christopher Nolan recebeu tanta atenção nos últimos anos, que acho inútil ficar tecendo qualquer tipo de introdução sobre como os filmes se encaixam no mercado cinematográfico e no gênero de super-heróis/adaptações de HQ’s. Nolan é um diretor que gera polêmica, porque poucos são os que ficam indiferentes ao seu trabalho. Alguns o idolatram e consideram Nolan um dos melhores diretores da atualidade, já outros enxergam apenas um farsante ou coisa do tipo. No meu caso, eu não gosto da obra do diretor, analisando como um todo. Mas acredito que foi em “Batman – O Cavaleiro das Trevas” que existiu um equilíbrio entre seus méritos e suas falhas. Fui assistir “A Origem” achando que seria mais um passo na frente na carreira do cineasta, mas não foi o que aconteceu. Entrei na sala de cinema para assistir “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” sem nenhum tipo de pressão, apenas esperando um bom filme.
pode ter sido picotado e tal, o filme dá essa impressão mesmo, mas o filme sobrevive porque Welles é dos diretores mais geniais e sabe construir uma cena como poucos, e isso transborda em todos os planos, todos os movimentos. ótimo filme mesmo, o que é coisa normal pro diretor.
vi no elenco a maior força. Tom Hardy muito bem, e o Christian Bale como o Batman definitivo nos cinemas, digo em termos de atuação (a melhor dele nos três), e o Michael Caine rouba a cena, deu um nó na garganta na última fala dele. mas o Nolan voltou a repetir vários de seus erros, que tinham sido escondidos um pouco em O Cavaleiro das Trevas, daí acaba que puxa o filme pra baixo.
não só a repressão sexual, mas o desespero pela imposição de todo um estilo de vida. os atores conseguem passar muito bem (elenco sensacional) quando, por exemplo, Bud vai falar com o pai, logo na primeira cena juntos, e ele não consegue, é interrompido pelo velho toda vez que solta uma sílaba. Kazan utiliza muito bem os objetos que compõem os cenários, como as portas, lustres e abajures, tudo pra sufocar seus personagens. e, mais uma vez, é interessante reparar nos personagens no início do filme, e ao final, toda a mudança que sofreram, e como tudo isso aconteceu de forma, digamos, "natural", sintoma de uma direção que sabe o que faz.
obra-prima gigante, o ápice (pelo menos até agora) da filmografia de Kazan. Elia era um diretor que sempre trabalhou muito bem seus personagens, e, tirando um ou outro caso, todos tinham suas motivações e não podíamos apontar quem estava certo ou errado, e essa característica é levada a níveis ainda maiores em "Rio Violento". é o mais hipnótico de Kazan, também, ele consegue alterar o tom quando passa da cidade para a ilha de maneira brilhante, com um domínio de tempo/espaço no auge de sua maturidade, uma decupagem também pra deixar qualquer um babando. mais sobre a dificuldade de se desprender das raízes, e também de criá-las, além do desejo reprimido, tema recorrente na filmografia do diretor. obra-prima gigante, não canso de repetir!
interessante notar como o filme vai escurecendo. o começo é claro, personagens sorridentes, carismáticos, num tom leve. quando as coisas complicam, tudo fica mais escuro, as sombras ficam mais presentes, a voz/risada rasgada do Lonesome vai deixando de ser uma marca registrada de seu carisma pra se transformar em algo assustador, símbolo de sua "loucura". grande filme de Kazan.
Um Retrato de Mulher
4.1 97o que materializa o desejo de Richard Wanley a sair da mesmice, a se aventurar é o retrato, imutável, da mulher considerada ideal para a situação, mas o retrato mais interessante é aquele recortado pela câmera de Fritz Lang, que é o rosto do próprio protagonista, que, esse sim, vai mudando no decorrer do filme, desde um rosto inseguro mas com certa esperança de que pitadas de felicidades surgirão até... bom, quem assistiu sabe. grande filme.
Viver e Morrer em Los Angeles
3.8 91 Assista Agorao dinheiro do filme, sendo falso ou não, continua 'funcionando', vivendo uma transação de cada vez, assim como as pessoas captadas por Friedkin, verdadeiras ou falsas, elas vivendo um momento de cada vez, e isso transborda na forma como o filme é contada, que muitas vezes pode parecer desconjuntada, mas é apenas um reflexo de seus personagens. o fio condutor que conecta o filme é muito fino, quase que imperceptível. filmaço.
Miami Vice
3.1 207 Assista Agorasem palavras pra descrever a obra-prima que é 'Miami Vice'. um dos auges do cinema de Mann, uma trama policial que não tem rédeas, os caminhos vão sendo traçados ali na hora mesmo, o planejamento é jogado pela janela a cada minuto porque toda hora existe um fato novo sendo introduzido. mas como em todo filme de Mann, é mais um filme sobre pessoas. existe o sentimento de confiança, amizade, entre a dupla principal, e é uma pancada o fato de os dois caminharem caminhos distintos, culminando em um dos finais mais cruéis do cinema.
Enigma do Poder
3.5 40incrível como os filmes de Ferrara ganharam uma cara diferente pós-'Blackout', mas ainda representam sua evolução enquanto cineasta. existe a noção de que sua câmera não é mais a única fonte de imagens no mundo tecnológico representado no filme (que, sim, dialoga com o presente), tanto que o filme se passa quase sempre em lugares fechados, e é através dessas outras fontes de imagem e dispositivos eletrônicos que existe a comunicação com o 'mundo exterior'. e mesmo com essa coisa toda, os personagens também continuam Ferrarianos. a vontade de 'X' de fugir de tudo aquilo, e vê na Asia Argento sua possibilidade de redenção, dialoga com outros personagens de Ferrara. e o que se passa no hotel do título original é assombroso, com o personagem cavocando dentro de sua memória as imagens que ficaram faltando, analisando o que tinha sido mostrado, sons sendo deslocados, coisa soberba. bom, e Asia Argento, que isso... e Christopher Walken na, talvez, atuação mais Walkeniana de todas, haha, sensacional. obra-prima.
Maria
3.4 11a tênue linha entre céu e inferno, ficção e realidade, cada vez mais difícil de se enxergar.
Sedução e Vingança
3.7 151 Assista Agoraque isso, que isso, que isso. mais uma vez uma descida ao inferno sem volta orquestrada por Abel Ferrara. é curioso que, por mais que Abel Ferrara não pinte o ser humano como apenas preenchido pelo mal, ele não descarta a possibilidade da faceta sombria ser mais evidente, ainda mais mostrando que, sim, um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar - protagonista azarada, hein. muito interessante também o fato de a protagonista ser muda, fazendo com que seus gestos, olhares, pequenas expressões faciais ganhem ainda mais importante, e pra isso é necessário um diretor de talento, coisa que Abel Ferrara é. e a linha dividindo o céu e o inferno já é tênue pra caramba desde esse filme, é só ver, por exemplo, a cena em que um crucifixo habita o mesmo quadro que uma arma - coisa parecida acontece em 'Vício Frenético', só trocar a arma por um cara cheirando cocaína.
O Rio Sagrado
4.1 8muito inteligente da parte de Renoir ir pra Índia e filmar um filme assumidamente estrangeiro. não só a Índia era um país estranho para o diretor, como os Estados Unidos, onde havia filmado filmes anteriores. normalmente não gosto de narrações em off, costumam ser óbvias, mas aqui conseguiu adicionar ao desenvolvimento das ideias. e, sendo um 'filme estrangeiro', Renoir consegue fazê-lo muito bem ao impregnar um sentimento de deslocamento presente em quase todos os personagens - com mais clareza no Capitão John. belo filme.
Desejo Não Alcançado
3.6 4bem como diz a sinopse, um retrato irreverente, não só daquele grupo de atores, mas também da sociedade japonesa como um todo. principalmente do homem, com seu pensamento voltado quase que exclusivamente para o sexo - acaba a parte das mulheres no teatro, vai todo mundo embora, haha. mas o bom é que não chega a vangloriar essa atitude machista dos homens (roubar mulheres e pá), mas eles são retratados de maneira bem tosca (eles são toscos, não o retrato). mesmo com a câmera comportada na maior parte do filme, Imamura consegue captar seus personagens de maneira interessante, muitas vezes exprimidos em um mesmo quadro, passando a ideia de toda aquela baderna. boa estreia.
A mulher desejada
3.5 5Poucos constroem pessoas como Renoir. não chega a ser um micro-universo como nos filmes mais famosos, mas é um dos triângulos amorosos mais perturbados que eu já vi, com personagens pra lá de complexos, e como deve ser, falhas, pessoas de carne e osso, mas que possuem sentimentos nobres do mesmo jeito, mas que nem sempre escolhem os melhores caminhos para satisfazê-los. obra-prima.
A Besta Humana
3.9 27o trato de Renoir com seus personagens é único. é interessante porque, em alguns dos filmes de Renoir existe aquele momento impactante, mas ele é potencializado porque o diretor sabe que eles são ainda melhores se nós conhecermos as pessoas envolvidas. por isso um desenvolvimento tão intenso e paciente, não só aqui, mas como em O Crime do Sr. Lange, por exemplo. esteticamente um primor, com uma câmera que sabe ler seus personagens como poucas, closes precisos, cortes certeiros na hora de demonstrar emoções, a chuva também, quando aparece, se torna elemento chave da mise-en-scène, etc, etc, é muita coisa. e lindo demais o paralelo entre Lantier e o trem, principalmente a fornalha, primeira imagem a aparecer no filme. obra-prima.
O Crime do Sr. Lange
3.6 8genial como Renoir cria universos em seus filmes, onde não dá pra colocar todo mundo num quadro, por isso a movimentação intensa dos personagens, e os movimentos incansáveis da câmera.
O Submundo
4.0 5ah, não tem como, poucos filmam como Renoir. um bocado de planos-sequências embasbacantes, e enquadramentos mais rígidos que extraem o máximo das situações. e mais os personagens complexos de Renoir, com relações intrincadas, como sempre. baita filme.
Os Mercenários 2
3.5 2,3K Assista AgoraA minha intenção inicial era ir ao cinema assistir a “Os Mercenários 2” depois de assistir o original, lançado originalmente em 2010, mas a estrada da vida impediu a realização dessa vontade, e acabei entrando na sala sem saber nada sobre o filme anterior. O que eu sabia era o mesmo que todo mundo: Stallone juntando a galera bad-ass do cinema de ação oitentista pra chutar bundas até não dar mais. Eu não sei se essa sequência é um avançou ou um retrocesso em relação ao outro, só sei que eu me diverti pra caramba, como poucos filmes de ação fizeram nos últimos tempos – tudo bem que não sou um dos melhores especialistas do assunto.
Continua em:
Fibra de Herói
3.5 10mais longe dos Boetticher vingativos, mais peto do herói de "O Resgate do Bandoleiro", o herói que ajuda por ajudar, independente da pátria, no caso, um mexicano. continua um Boetticher bem mais maduro que seus filmes do começo dos anos 50, muito seguro ao contar sua história. belo uso dos espaços, principalmente os fechados e escuros nos momentos mais tensos.
Entardecer Sangrento
3.3 15 Assista Agoraa câmera de Boetticher mais madura, a primeira aparição do protagonista já é acompanhada por uma visão trêmula e inconstante. a vingança é novamente tema de um de seus filmes, e aqui fica claro a sensação de impotência perante aos sentimentos. por mais que sejam dadas explicações lógicas sobre o porque Scott não precisa tomar aquelas atitudes, elas não são nada perto dos sentimentos. e é isso, tudo parece muito bonito, mas não é à toa que Scott sai bêbado e resmungando com todo mundo, e com a carroça quebrada sempre sendo enquadrada junto.
Seminole
3.5 7dos filmes pré-Randolph Scott que assisti do Boetticher, esse é o mais apurado, em termos de mise-en-scène. enquanto em outros filmes era algo muitas vezes sem brilho, apenas seguro, aqui ganha uma importância muito maior no 'contar a história'. ele usa muito bem alguns elementos da natureza, como o pântano onde moram os índios (o caminho até lá, principalmente, areia movediça, animais e tudo mais), e a chuva que chega no clímax (assim como em alguns momentos em "Sete Homens Sem Destino", se não me engano). a história também foge um pouco dos outros westerns de Boetticher dessa época, o exército americano é o inimigo, na história, e os índios são "pacíficos", apresentando uma disposição interessante.
O Processo
4.0 128 Assista Agorao pesadelo filmado por Orson Welles. é interessante que o início do filme nos dá esse tom de que aquilo que vamos ver tá longe de ser algo calcado na realidade, e sim um pesadelo. Welles tem uma de suas direções mais insanas (Mr. Arkadin tá ali perto), mas é genial demais. porque não é um filme contando uma história de maneira convencional, mas mais sobre esse sentimento de estar sufocado, o desespero, e como as imagens vão se formando aos olhos do protagonista. obra-prima gigante.
Drive
3.9 3,5K Assista Agoragosto mais das referências que do filme. mas a cena inicial é genial.
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
4.2 6,4K Assista AgoraA trilogia “Batman” dirigida por Christopher Nolan recebeu tanta atenção nos últimos anos, que acho inútil ficar tecendo qualquer tipo de introdução sobre como os filmes se encaixam no mercado cinematográfico e no gênero de super-heróis/adaptações de HQ’s. Nolan é um diretor que gera polêmica, porque poucos são os que ficam indiferentes ao seu trabalho. Alguns o idolatram e consideram Nolan um dos melhores diretores da atualidade, já outros enxergam apenas um farsante ou coisa do tipo. No meu caso, eu não gosto da obra do diretor, analisando como um todo. Mas acredito que foi em “Batman – O Cavaleiro das Trevas” que existiu um equilíbrio entre seus méritos e suas falhas. Fui assistir “A Origem” achando que seria mais um passo na frente na carreira do cineasta, mas não foi o que aconteceu. Entrei na sala de cinema para assistir “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” sem nenhum tipo de pressão, apenas esperando um bom filme.
Continua em:
Soberba
3.8 75 Assista Agorapode ter sido picotado e tal, o filme dá essa impressão mesmo, mas o filme sobrevive porque Welles é dos diretores mais geniais e sabe construir uma cena como poucos, e isso transborda em todos os planos, todos os movimentos. ótimo filme mesmo, o que é coisa normal pro diretor.
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
4.2 6,4K Assista Agoravi no elenco a maior força. Tom Hardy muito bem, e o Christian Bale como o Batman definitivo nos cinemas, digo em termos de atuação (a melhor dele nos três), e o Michael Caine rouba a cena, deu um nó na garganta na última fala dele. mas o Nolan voltou a repetir vários de seus erros, que tinham sido escondidos um pouco em O Cavaleiro das Trevas, daí acaba que puxa o filme pra baixo.
eu eu acho um exagero achar que aquele
final é imaginação ou algo do tipo
Clamor do Sexo
4.2 92 Assista Agoranão só a repressão sexual, mas o desespero pela imposição de todo um estilo de vida. os atores conseguem passar muito bem (elenco sensacional) quando, por exemplo, Bud vai falar com o pai, logo na primeira cena juntos, e ele não consegue, é interrompido pelo velho toda vez que solta uma sílaba. Kazan utiliza muito bem os objetos que compõem os cenários, como as portas, lustres e abajures, tudo pra sufocar seus personagens. e, mais uma vez, é interessante reparar nos personagens no início do filme, e ao final, toda a mudança que sofreram, e como tudo isso aconteceu de forma, digamos, "natural", sintoma de uma direção que sabe o que faz.
Rio Violento
3.8 17obra-prima gigante, o ápice (pelo menos até agora) da filmografia de Kazan. Elia era um diretor que sempre trabalhou muito bem seus personagens, e, tirando um ou outro caso, todos tinham suas motivações e não podíamos apontar quem estava certo ou errado, e essa característica é levada a níveis ainda maiores em "Rio Violento". é o mais hipnótico de Kazan, também, ele consegue alterar o tom quando passa da cidade para a ilha de maneira brilhante, com um domínio de tempo/espaço no auge de sua maturidade, uma decupagem também pra deixar qualquer um babando. mais sobre a dificuldade de se desprender das raízes, e também de criá-las, além do desejo reprimido, tema recorrente na filmografia do diretor. obra-prima gigante, não canso de repetir!
Um Rosto na Multidão
4.3 42interessante notar como o filme vai escurecendo. o começo é claro, personagens sorridentes, carismáticos, num tom leve. quando as coisas complicam, tudo fica mais escuro, as sombras ficam mais presentes, a voz/risada rasgada do Lonesome vai deixando de ser uma marca registrada de seu carisma pra se transformar em algo assustador, símbolo de sua "loucura". grande filme de Kazan.