A história nos joga em uma espiral crescente de loucura e degradação cuja interpretação vai depender do espectador. Afinal há elementos de horror corporal, uma crítica à guerra, a demonização do feminismo e a destruição do casamento. Tudo isso somado a atuação hipnótica de Isabelle Adjani. Para fãs de horror ou não.
Como o próprio título diz, o filme se trata de uma biografia imaginada da fotógrafa norte-americana Diane Arbus, cujo trabalho retratava pessoas marginalizadas. No filme, Diane se vê fascinada pelo seu novo vizinho, Lionel, que tem hipertricose, uma condição que faz com que seu corpo seja coberto de pelos. O universo "excêntrico" dele atrai Diane, que vive em uma bolha de riqueza e busca de fotos perfeitas para anúncios e capas de revistas. O diretor, que já havia feito juntamente com a excelente roteirista Erin Cressida Wilson o kinky-cult "Secretária" usa o trabalho controverso da fotógrafa e cria um paralelo com seu próprio trabalho fetichista. Impossível não perceber como Lionel na verdade representa o desejo artístico/sexual da própria Diane, pois ele vive no andar de cima recluso e (sem spoilers) para evitar que ele sufoque ela deve deixar que ele se torne parte dela.
Uma nova versão do filme de 1977 de Dario Argento, essa versão além de atualizar a parte visual traz elementos novos pro roteiro e um pano de fundo histórico que dá profundidade à história. Três pontos são excelentes no filme: A atuação de Tilda Swinton, que consegue oferecer uma gama complexa de emoções como a severa Madame Blanc, que chega ao ápice na crescente tensão sexual entre ela e Suzie, que não se limita às entrelinhas da história. A ambientação da história no contexto da Alemanha dividida pelo muro de Berlin e durante a semana do sequestro do vôo Lufthansa 181, pedindo a liberação do grupo Baader-Meinhof, nos leva a refletir no uso da violência como modo de sobrevivência, criando um paralelo com o Markos Tanz Company e seus objetivos macabros. Por último porém não menos importante a liberdade criativa de Guadagnino, que cria um filme com uma fotografia belíssima, trilha sonora incrível composta por Thom Yorke, movimentos de câmera desconcertantes, pesadelos recortados com imagens belas, sensuais e hediondas. Assim como ele apresenta a dança no filme, hipnótica, bela e dolorosa. Talvez o único defeito tenha sido no final optar por mascarar um pouco a violência explícita, talvez por medo de usar efeitos visuais não tão bons, mas que seria a oportunidade de ser o ponto de erupção na história, que manteve o suspense com maestria até a revelação final. P.S. Me lembrou muito mais "Possessão" de Żuławski, do que o trabalho de Argento, pelo contexto e estilo de suspense.
O filme consegue nos transportar para os anos 20 e despertar o sentimento de fascinação pelo desconhecido que domina o protagonista. Ele mostra Fawcett sob uma perspectiva favorável, um homem que tentou provar que os nativos tinham uma sociedade desenvolvida, o que foi mal recebido porque ia contra a ideia da superioridade do homem europeu, que foi a principal justificativa para dominar os novos territórios. Porém isso não passa de ficção, pois apesar de pregar a paz com os índios, Fawcett os comparava a macacos e acreditava que os habitantes da hipotética cidade Z tinham suas origens na Europa. Outro defeito do filme é não utilizar bem as cenas de Fawcett com sua família, que desaceleram o ritmo do filme e mostram apenas superficialmente os conflitos entre ele e sua mulher, criando uma falsa sensação de equivalência entre o poder de escolha dos dois para tornar a história mais atual, contrariando fatos, mas criando uma ótima aventura.
O tema central do filme são as expectativas não cumpridas. O jovem que conhece seu provável pai e a jornalista que conhece seu herói de infância, ambos descobrindo que ele é um homem detestável e se relacionando com a jornada do explorador egocêntrico que descobre que há uma enorme diferença entre o homem que ele acredita ser e o que ele realmente é. A fotografia cria um ar de documentário antigo e a trilha sonora é tão incrível quanto inapropriada, com versões das músicas de David Bowie criadas e executadas durante o filme pelo Seu Jorge, que casam perfeitamente com o humor peculiar de Wes Anderson.
Esse filme parece o resultado de alguém que leu as manchetes dos principais escândalos envolvendo a vigilância global pela Agência de Segurança Nacional Americana (NSA), e resolveu usar isso como pano de fundo para a história de uma jovem que procura sucesso em sua carreira e se vê envolvida em uma conspiração empresarial. O pano de fundo é mais interessante que a história de Mae (uma personagem sem profundidade cujos questionamentos morais não levam a nada), mas é abordado de forma tão ingênua que as vezes é impossível acreditar que não estamos assistindo a uma comédia. Por exemplo um momento importantíssimo do filme, que muda a percepção da personagem sobre a empresa, é um deus ex machina tão absurdo que nos dá a sensação de que o roteiro foi abortado por tratar de ideias complexas demais. A realidade é mais assustadora do que o filme pretende ser.
O filme tem um roteiro despretensioso e simples, focado nas atuações, que são ótimas, principalmente a de Mackenzie Davis como a explosiva Anna. O destaque é o uso da metalinguagem para abordar a relação entre duas atrizes em um conflito velado, que vai evoluindo de um humor leve envolvendo a indústria cinematográfica até se tornar insustentável com diálogos desconcertantes e rancorosos sobre a carreira das duas. Também temos o conflito interno de Anna, oscilando entre a importância de ter uma identidade própria ou abrir mão dela para agradar a todos e ter uma carreira bem-sucedida. O problema é que depois de tantos desentendimentos entre as duas, a escolha de suavizar o final quebra completamente o clima tenso construído minuciosamente durante o filme. Cenas mais explícitas poderiam ser polêmicas, mas seriam mais coerentes.
Em um mundo onde é permitido à população ter apenas um filho por casal, um grupo de sete gêmeas idênticas tenta desvendar o desaparecimento de uma delas enquanto luta para sobreviver. A premissa do filme é ótima, mas seu desenvolvimento é pobre e dificilmente podemos classificá-lo como mais do que um filme de ação futurista. Fica difícil acreditar durante o filme que um governo autoritário e bem desenvolvido tecnologicamente possa ser tão ineficaz em controlar o crescimento populacional. O uso da superpopulação, um problema que enfrentaremos no futuro, cria um problema no roteiro, como tornar o governo ameaçador e odiado? Isso é resolvido com uma revelação final, tarde demais para criar uma ligação com o esforço das personagens contra o mesmo. Os acertos são as cenas de ação, que são realmente ótimas, e a atuação de Noomi Rapace, cujo talento já não é novidade, mas não salva o filme de ser ruim.
O diretor sul-coreano Bong Joon-ho gosta de usar personagens caricatos com o objetivo de analisar e provocar uma autocrítica em seus espectadores. Nesse filme ele procura abordar o papel praticamente mitológico que a figura materna assume na sociedade em geral, que pode se tornar uma maldição. Ele usa muito humor, algo comum em seus filmes, mas nos mostra situações tão reais que sempre causam incômodo. Ele também subverte o subgênero suspense/vingança com reviravoltas que fogem dos clichês e que levam a uma reflexão sobre a inconsequente sede de justiça.
Don Johnston, abandonado por sua última namorada e sem propósito na vida, recebe uma carta anônima que o leva em uma viagem por seus relacionamentos do passado para tentar descobrir a identidade de seu suposto filho. Com um elenco feminino ótimo, que inclui Tilda Swinton e Sharon Stone, ele mostra as diversas ex-namoradas de Don, que servem de reflexo para o comportamento dele ao longo dos anos, além da vacuidade de seus relacionamentos. O ritmo com que Jarmusch conduz a história mostra como a carta lentamente muda a vida de Don, mostrando uma necessidade que ele, tão ocupado com sua vida cotidiana, não sabia que possuía. Com momentos de puro humor e repleto de situações moralmente duvidosas, Jarmusch cria um drama honesto que se nega a mostrar falsas catarses para entreter o espectador.
Essa sequência serve para fixar os Guardiões como uma das melhores franquias da Marvel, criando um estilo próprio e uma história auto contida, algo cada vez mais raro nos queridinhos "universos compartilhados" que acabam transformando os filmes em pequenas peças, partes de um quadro maior. James Gunn investe pesado nos elementos que fizeram o primeiro um sucesso: personagens cativantes e engraçados, efeitos especiais belos que ajudam a criar uma atmosfera espacial e cartunesca e sua maior qualidade, nunca se levar muito a sério. Seu único defeito é a falta de ousadia, que torna a maior parte da história previsível, mas isso se deve mais à saturação de filmes do gênero do que falhas no roteiro.
Uma verdadeira viagem que mostra desde várias vertentes de pensamento filosófico até pura bobagem esotérica. A animação, feita usando um software desenvolvido pelo diretor de arte Bob Sabiston, pode não ser sofisticada para os padrões atuais, mas permitiu que os animadores usassem as filmagens de Linklater como base para desenvolver o mundo dos sonhos, uma representação criativa que se destaca nos pequenos detalhes que representam graficamente as emoções e ideias dos personagens. A beleza do filme está no fato de Linklater ter escrito o roteiro baseado em seus próprios sonhos, utilizando uma grande diversidade de personagens e ideias, alguns complementares, outros conflitantes, criando ótimos diálogos, que analisam o significado da realidade e que continuarão na mente do espectador mesmo depois que o filme acabar.
O documentário revela os impactos ambientais da indústria agropecuária no meio ambiente e os motivos pelos quais o assunto é um tabu até mesmo para as maiores organizações ambientais do mundo. Para avaliar a qualidade do documentário basta analisar as reações ao seu lançamento. Alguns críticos o acusam de fazer propaganda vegana, outros negam os estudos citados sobre o papel da agropecuária no aquecimento global (alguns negam até o aquecimento em si). Essa calorosa rejeição e a recusa de grande parte da indústria e das organizações ambientais de simplesmente discutir o tema revela que o lucro e a popularidade são mais importantes do que a simples verdade: a indústria da carne causa um impacto negativo para o meio ambiente. Apesar do estilo pessoal e as vezes dramático com que Kip conduz o espectador, não se pode negar a maneira efetiva com que ele questiona o status quo e apresenta os problemas, suas implicações e a única solução viável para deter as grandes indústrias, que é cortando a demanda por seus serviços. Talvez por isso ele cause tanta aversão, ele não se limita a culpar o capitalismo desenfreado, deixando claro o papel do consumidor na aparente onipotência industrial.
Uma jovem lutando contra a anorexia encontra um médico com uma abordagem pouco convencional que a desafia a encarar seu problema. É extremamente difícil tratar de um tema tão delicado e incompreendido como distúrbios alimentares. Esse filme me surpreendeu positivamente ao optar por uma abordagem intimista, avaliando os efeitos desses distúrbios na vida das pessoas e seus familiares. Apesar de algumas cenas parecerem melodramáticas demais, nos créditos iniciais é avisado que pessoas que se encontram nas situações mostradas no filme foram consultadas para a construção do roteiro, isso quebra ideias estereotipadas, dando credibilidade à história e seus personagens. A própria Lily Collins admitiu que o filme foi muito pessoal para ela pois já enfrentou esse tipo de problema. Ela está muito bem no papel e devemos admirar sua coragem de emagrecer para viver a protagonista. O filme pode não ser tão didático, mas não é um documentário e a intenção é passar uma mensagem muito importante de que problema nenhum pode ser resolvido se não houver abertura para diálogo e empatia com as pessoas afetadas, que é justamente o que o público geral precisa nesse caso.
Uma distopia canibal nos desertos do Texas. Com uma indicação ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, o lançamento gerou grandes expectativas, que no início do filme foram atendidas, com a falta de detalhes específicos sobre o que levou ao futuro retratado, aliada ao suspense e uma bela fotografia, criando uma atmosfera interessante e envolvente. Os atores, principalmente Jason Momoa e Jim Carrey, fazem um trabalho relativamente competente, que combina com o clima de filme B de terror. O problema é quando o filme tenta abordar a ilusão do sonho americano e a decadência daqueles que o buscam, que seria válida e genial caso ele não perdesse seus elementos de suspense e terror, não agregando nada inovador, tornando seus personagens apáticos e a história repetitiva. O roteiro poderia mostrar a falta de significado das ambições humanas sem perder seu próprio significado.
Gore Verbinski retorna ao terror/suspense, território por onde não se arriscava desde 2002, quando dirigiu “O Chamado”. Aqui ele mostra todo seu talento para transformar paisagens tranquilas em lugares aterrorizantes. A fotografia e a direção de arte ajudam a dar um aspecto de lugar perdido no tempo ao centro de tratamento, que é essencial para a história. A atuação de Dane DeHaan como o jovem Lockhart é ótima e cria um personagem consistente que vai além do estereótipo de executivo de sucesso, outro destaque é Jason Isaacs como o Dr. Volmer, que faz até mesmo o espectador duvidar da sanidade de Lockhart. Apesar da parte técnica impecável, o roteiro não possui pontos fortes o suficiente para sustentar um filme de quase duas horas e meia, o que prejudica o ritmo e diminui o impacto das revelações finais, algumas se tornam óbvias meia hora antes do final.
No futuro, Major é resgatada de um acidente e tem seu cérebro colocado em um corpo cibernético, sendo recrutada na seção 9, onde combate os criminosos mais perigosos do mundo. Baseado no mangá homônimo criado por Masamune Shirow em 1989, o filme tenta criar uma ficção científica inteligente, mas simplesmente não consegue. A maioria das abordagens filosóficas e políticas do mangá são ignoradas e, talvez por subestimar a inteligência do público, a trama se torna previsível e caminha unicamente para o encerramento dos conflitos pessoais da protagonista. Os pontos positivos do filme são o elenco, que funciona muito bem, especialmente Scarlett Johansson, Michael Pitt e Pilou Asbæk, além dos efeitos especiais, que ajudam a construir uma atmosfera futurista e detalhada. Mas o roteiro, que devia ser uma ficção científica melhor que a do mangá, se preocupa mais em propiciar cenas de ação do que em contar uma boa história. Considerando que a obra original foi escrita em 1989, as tecnologias atuais permitiriam abordagens mais interessantes.
Este documentário aborda a vida do diretor David Lynch e os eventos que moldaram seu processo criativo. Quem é fã de Lynch sabe que seus trabalhos são misteriosos e hipnóticos, sempre flertando com o surrealismo, permitindo desde uma “simples” experiência sensorial até uma análise profunda sobre os significados e impacto pessoal de cada obra. "A Vida de um Artista" oferece uma rara oportunidade de entender como funciona a arte do diretor. Por meio de histórias de seu passado e o uso de seus trabalhos como artista plástico, tão intrigantes quanto seus filmes, é criada uma narrativa consistente de uma criança criativa que se tornou o diretor por trás do clássico cult “Eraserhead”. Mas o maior trunfo do documentário é trazer o diretor para frente das câmeras e colocá-lo narrando seu passado, o que cria uma proximidade e mostra sua personalidade, o modo como ele encara sua arte e a importância dela em sua vida. Indispensável para qualquer fã de Lynch e seus filmes.
Em suspenses de sobrevivência no espaço dois pontos são cruciais, personagens que despertem a simpatia do espectador e um suspense opressivo e assustador. São esses dois pontos básicos que fizeram “Alien”, de 1979, um sucesso. Em “Vida” esses pontos são explorados, mas de maneira preguiçosa, tentando evocar a simpatia usando o passado dos personagens, mas sem o uso de flashbacks, o que é inútil, afinal a simples constatação de que um personagem possui uma família não faz com que você se importe com o mesmo. O suspense começa promissor, afinal o isolamento do espaço é o cenário perfeito, porém as cenas se tornam repetitivas o fato de cientistas que sabiam previamente que lidariam com uma forma de vida desconhecida não terem um plano de contenção mais eficiente e seguro é meio ridículo. Também entendo que o design da criatura tente mostrar algo ainda não visto no cinema, mas ele não a torna ameaçadora e às vezes é pouco crível o poder que ela possui. Tudo isso torna o filme mais um terror genérico com caríssimos efeitos especiais.
Triângulos amorosos se entrelaçam nessa história de traição e obsessão que tem como pano de fundo a cena musical de Austin, Texas. Isso é o que diz a sinopse, mas o problema é a forma como a história é contada, com cenas incompletas, diálogos minimalistas e até narrações, tentando dar um ar poético e profundidade aos personagens, que não funcionam. A citada "cena musical de Austin" consiste em aparições de diversos cantores, como Iggy Pop e Patti Smith, porém elas não contribuem e sequer se encaixam na história, e para quem conhece a vida de Patti Smith, tentar relacioná-la com a personagem Faye (Rooney Mara) chega a ser ofensivo. Em uma história tão focada no comportamento e conflito dos personagens, a falta de paixão e qualquer momento catártico os torna superficiais e tira o impacto de momentos importantes do filme. O destaque fica para a fotografia, mas depois de dezenas de cenas onde algum personagem acaricia a barriga de Faye, mesmo o trabalho do renomado diretor de fotografia Emmanuel Lubezki deixa de ser interessante.
Maureen, uma personal shopper vivendo em Paris, se nega a deixar a cidade enquanto não conseguir contatar seu irmão morto. Impossível tentar encaixar esse filme em um gênero específico, pois é uma mistura suspense-psicológico \drama\terror-sobrenatural, mas ele vai te prender do começo ao fim, pelo menos se você gosta de filmes com um leque de interpretações possíveis. A atuação de Kristen Stewart como Maureen é impecável, ela nos faz sentir a solidão e o luto da personagem, sua entrega a uma profissão onde ela, às vezes literalmente, calça os sapatos de uma pessoa famosa, na tentativa de escapar de seus próprios problemas. Além de seu conflito principal, dividida entre seu lado racional e a necessidade emocional que sente de comprovar as teorias de seu irmão sobre a vida após a morte. Claro que crenças pessoais influenciam muito e cada um interpretará o filme da maneira que lhe convém, mas seu maior mérito é justamente não assumir uma posição e não recorrer a falácias para pender a balança para o lado sobrenatural, como muitos filmes classificados como “espiritualistas” fazem. Assistir a um filme deve ser uma experiência que ultrapasse os créditos, algo que Olivier Assayas, premiado em Cannes ano passado por este filme, conseguiu com êxito.
O jovem afro-americano Chris viaja com Rose, sua namorada, para conhecer os pais brancos dela que vivem em uma casa isolada na floresta. A tensão inicial evolui e se torna um pesadelo. O filme usa nossas expectativas e habilidade para imaginar sempre o pior para tornar cada cena enervante. O racismo implícito e a aparente civilidade da família de Rose os tornam uma representação fiel do racismo velado disfarçado de liberdade de expressão que ainda existe atualmente. O personagem Rod (amigo de Chris) serve como alívio cômico, mas vai além, ironizando as situações e relacionando elas com o mundo em que vivemos. O roteiro só peca ao inserir uma reviravolta desnecessária, que em vez de complementar a história descaracteriza alguns de seus elementos mais autênticos, principalmente os antagonistas, que se tornam estereótipos do terror comum, somente para amarrar pontas que não estavam necessariamente soltas. Mesmo assim o filme cumpre seu objetivo, deixando o espectador tenso do começo ao fim.
O filme mostra como Diana, princesa das Amazonas, se tornou a heroína Mulher-Maravilha. A primeira parte do filme é dedicada a apresentação da personagem e é muito bem executada, usando elementos da história para mostrar a personalidade da heroína e cativar o espectador sem assumir aquele tom de explicação comum em filmes de heróis. A fotografia é incrível e estabelece uma fronteira clara entre a mitológica Themyscira, ilha das amazonas, e o resto do mundo tomado pela guerra. As cenas de ação são perfeitas e a história das amazonas renderia um grande filme. Há uma mensagem sobre manter seus ideais mesmo quando a sociedade espera o contrário. A inocência de Diana e seu primeiro contato com o mundo fora de Themyscira são ótimos para analisar as idiossincrasias da raça humana, questões feministas são retratadas com humor e ironia, o que pode inspirar essa nova geração a questionar e negar o ridículo status quo e seguir seus próprios ideais. Ninguém pode negar que a Mulher-Maravilha chegou com muito potencial e a personagem possui uma história tão rica que deixou todos querendo ver mais.
Possessão
3.9 589A história nos joga em uma espiral crescente de loucura e degradação cuja interpretação vai depender do espectador.
Afinal há elementos de horror corporal, uma crítica à guerra, a demonização do feminismo e a destruição do casamento. Tudo isso somado a atuação hipnótica de Isabelle Adjani.
Para fãs de horror ou não.
A Pele
3.6 264Como o próprio título diz, o filme se trata de uma biografia imaginada da fotógrafa norte-americana Diane Arbus, cujo trabalho retratava pessoas marginalizadas.
No filme, Diane se vê fascinada pelo seu novo vizinho, Lionel, que tem hipertricose, uma condição que faz com que seu corpo seja coberto de pelos. O universo "excêntrico" dele atrai Diane, que vive em uma bolha de riqueza e busca de fotos perfeitas para anúncios e capas de revistas.
O diretor, que já havia feito juntamente com a excelente roteirista Erin Cressida Wilson o kinky-cult "Secretária" usa o trabalho controverso da fotógrafa e cria um paralelo com seu próprio trabalho fetichista.
Impossível não perceber como Lionel na verdade representa o desejo artístico/sexual da própria Diane, pois ele vive no andar de cima recluso e (sem spoilers) para evitar que ele sufoque ela deve deixar que ele se torne parte dela.
Suspíria: A Dança do Medo
3.7 1,2K Assista AgoraUma nova versão do filme de 1977 de Dario Argento, essa versão além de atualizar a parte visual traz elementos novos pro roteiro e um pano de fundo histórico que dá profundidade à história.
Três pontos são excelentes no filme:
A atuação de Tilda Swinton, que consegue oferecer uma gama complexa de emoções como a severa Madame Blanc, que chega ao ápice na crescente tensão sexual entre ela e Suzie, que não se limita às entrelinhas da história.
A ambientação da história no contexto da Alemanha dividida pelo muro de Berlin e durante a semana do sequestro do vôo Lufthansa 181, pedindo a liberação do grupo Baader-Meinhof, nos leva a refletir no uso da violência como modo de sobrevivência, criando um paralelo com o Markos Tanz Company e seus objetivos macabros.
Por último porém não menos importante a liberdade criativa de Guadagnino, que cria um filme com uma fotografia belíssima, trilha sonora incrível composta por Thom Yorke, movimentos de câmera desconcertantes, pesadelos recortados com imagens belas, sensuais e hediondas. Assim como ele apresenta a dança no filme, hipnótica, bela e dolorosa.
Talvez o único defeito tenha sido no final optar por mascarar um pouco a violência explícita, talvez por medo de usar efeitos visuais não tão bons, mas que seria a oportunidade de ser o ponto de erupção na história, que manteve o suspense com maestria até a revelação final.
P.S. Me lembrou muito mais "Possessão" de Żuławski, do que o trabalho de Argento, pelo contexto e estilo de suspense.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraFiz um vídeo sobre o filme, quem quiser conferir! (Contém Spoilers)
https://youtu.be/hUIRppuI330
Z: A Cidade Perdida
3.4 320 Assista AgoraO filme consegue nos transportar para os anos 20 e despertar o sentimento de fascinação pelo desconhecido que domina o protagonista. Ele mostra Fawcett sob uma perspectiva favorável, um homem que tentou provar que os nativos tinham uma sociedade desenvolvida, o que foi mal recebido porque ia contra a ideia da superioridade do homem europeu, que foi a principal justificativa para dominar os novos territórios. Porém isso não passa de ficção, pois apesar de pregar a paz com os índios, Fawcett os comparava a macacos e acreditava que os habitantes da hipotética cidade Z tinham suas origens na Europa.
Outro defeito do filme é não utilizar bem as cenas de Fawcett com sua família, que desaceleram o ritmo do filme e mostram apenas superficialmente os conflitos entre ele e sua mulher, criando uma falsa sensação de equivalência entre o poder de escolha dos dois para tornar a história mais atual, contrariando fatos, mas criando uma ótima aventura.
A Vida Marinha com Steve Zissou
3.8 454 Assista AgoraO tema central do filme são as expectativas não cumpridas. O jovem que conhece seu provável pai e a jornalista que conhece seu herói de infância, ambos descobrindo que ele é um homem detestável e se relacionando com a jornada do explorador egocêntrico que descobre que há uma enorme diferença entre o homem que ele acredita ser e o que ele realmente é.
A fotografia cria um ar de documentário antigo e a trilha sonora é tão incrível quanto inapropriada, com versões das músicas de David Bowie criadas e executadas durante o filme pelo Seu Jorge, que casam perfeitamente com o humor peculiar de Wes Anderson.
O Círculo
2.6 587 Assista AgoraEsse filme parece o resultado de alguém que leu as manchetes dos principais escândalos envolvendo a vigilância global pela Agência de Segurança Nacional Americana (NSA), e resolveu usar isso como pano de fundo para a história de uma jovem que procura sucesso em sua carreira e se vê envolvida em uma conspiração empresarial.
O pano de fundo é mais interessante que a história de Mae (uma personagem sem profundidade cujos questionamentos morais não levam a nada), mas é abordado de forma tão ingênua que as vezes é impossível acreditar que não estamos assistindo a uma comédia. Por exemplo um momento importantíssimo do filme, que muda a percepção da personagem sobre a empresa, é um deus ex machina tão absurdo que nos dá a sensação de que o roteiro foi abortado por tratar de ideias complexas demais. A realidade é mais assustadora do que o filme pretende ser.
Brilho Eterno
3.2 37 Assista AgoraO filme tem um roteiro despretensioso e simples, focado nas atuações, que são ótimas, principalmente a de Mackenzie Davis como a explosiva Anna.
O destaque é o uso da metalinguagem para abordar a relação entre duas atrizes em um conflito velado, que vai evoluindo de um humor leve envolvendo a indústria cinematográfica até se tornar insustentável com diálogos desconcertantes e rancorosos sobre a carreira das duas. Também temos o conflito interno de Anna, oscilando entre a importância de ter uma identidade própria ou abrir mão dela para agradar a todos e ter uma carreira bem-sucedida.
O problema é que depois de tantos desentendimentos entre as duas, a escolha de suavizar o final quebra completamente o clima tenso construído minuciosamente durante o filme. Cenas mais explícitas poderiam ser polêmicas, mas seriam mais coerentes.
Onde Está Segunda?
3.6 1,3K Assista AgoraEm um mundo onde é permitido à população ter apenas um filho por casal, um grupo de sete gêmeas idênticas tenta desvendar o desaparecimento de uma delas enquanto luta para sobreviver.
A premissa do filme é ótima, mas seu desenvolvimento é pobre e dificilmente podemos classificá-lo como mais do que um filme de ação futurista. Fica difícil acreditar durante o filme que um governo autoritário e bem desenvolvido tecnologicamente possa ser tão ineficaz em controlar o crescimento populacional.
O uso da superpopulação, um problema que enfrentaremos no futuro, cria um problema no roteiro, como tornar o governo ameaçador e odiado? Isso é resolvido com uma revelação final, tarde demais para criar uma ligação com o esforço das personagens contra o mesmo.
Os acertos são as cenas de ação, que são realmente ótimas, e a atuação de Noomi Rapace, cujo talento já não é novidade, mas não salva o filme de ser ruim.
Mother - A Busca Pela Verdade
4.1 279O diretor sul-coreano Bong Joon-ho gosta de usar personagens caricatos com o objetivo de analisar e provocar uma autocrítica em seus espectadores. Nesse filme ele procura abordar o papel praticamente mitológico que a figura materna assume na sociedade em geral, que pode se tornar uma maldição. Ele usa muito humor, algo comum em seus filmes, mas nos mostra situações tão reais que sempre causam incômodo.
Ele também subverte o subgênero suspense/vingança com reviravoltas que fogem dos clichês e que levam a uma reflexão sobre a inconsequente sede de justiça.
Flores Partidas
3.6 201 Assista AgoraDon Johnston, abandonado por sua última namorada e sem propósito na vida, recebe uma carta anônima que o leva em uma viagem por seus relacionamentos do passado para tentar descobrir a identidade de seu suposto filho.
Com um elenco feminino ótimo, que inclui Tilda Swinton e Sharon Stone, ele mostra as diversas ex-namoradas de Don, que servem de reflexo para o comportamento dele ao longo dos anos, além da vacuidade de seus relacionamentos.
O ritmo com que Jarmusch conduz a história mostra como a carta lentamente muda a vida de Don, mostrando uma necessidade que ele, tão ocupado com sua vida cotidiana, não sabia que possuía.
Com momentos de puro humor e repleto de situações moralmente duvidosas, Jarmusch cria um drama honesto que se nega a mostrar falsas catarses para entreter o espectador.
Guardiões da Galáxia Vol. 2
4.0 1,7K Assista AgoraEssa sequência serve para fixar os Guardiões como uma das melhores franquias da Marvel, criando um estilo próprio e uma história auto contida, algo cada vez mais raro nos queridinhos "universos compartilhados" que acabam transformando os filmes em pequenas peças, partes de um quadro maior.
James Gunn investe pesado nos elementos que fizeram o primeiro um sucesso: personagens cativantes e engraçados, efeitos especiais belos que ajudam a criar uma atmosfera espacial e cartunesca e sua maior qualidade, nunca se levar muito a sério.
Seu único defeito é a falta de ousadia, que torna a maior parte da história previsível, mas isso se deve mais à saturação de filmes do gênero do que falhas no roteiro.
Acordar para a Vida
4.3 789Uma verdadeira viagem que mostra desde várias vertentes de pensamento filosófico até pura bobagem esotérica.
A animação, feita usando um software desenvolvido pelo diretor de arte Bob Sabiston, pode não ser sofisticada para os padrões atuais, mas permitiu que os animadores usassem as filmagens de Linklater como base para desenvolver o mundo dos sonhos, uma representação criativa que se destaca nos pequenos detalhes que representam graficamente as emoções e ideias dos personagens.
A beleza do filme está no fato de Linklater ter escrito o roteiro baseado em seus próprios sonhos, utilizando uma grande diversidade de personagens e ideias, alguns complementares, outros conflitantes, criando ótimos diálogos, que analisam o significado da realidade e que continuarão na mente do espectador mesmo depois que o filme acabar.
A Conspiração da Vaca: O Segredo da Sustentabilidade
4.4 212 Assista AgoraO documentário revela os impactos ambientais da indústria agropecuária no meio ambiente e os motivos pelos quais o assunto é um tabu até mesmo para as maiores organizações ambientais do mundo.
Para avaliar a qualidade do documentário basta analisar as reações ao seu lançamento. Alguns críticos o acusam de fazer propaganda vegana, outros negam os estudos citados sobre o papel da agropecuária no aquecimento global (alguns negam até o aquecimento em si). Essa calorosa rejeição e a recusa de grande parte da indústria e das organizações ambientais de simplesmente discutir o tema revela que o lucro e a popularidade são mais importantes do que a simples verdade: a indústria da carne causa um impacto negativo para o meio ambiente.
Apesar do estilo pessoal e as vezes dramático com que Kip conduz o espectador, não se pode negar a maneira efetiva com que ele questiona o status quo e apresenta os problemas, suas implicações e a única solução viável para deter as grandes indústrias, que é cortando a demanda por seus serviços. Talvez por isso ele cause tanta aversão, ele não se limita a culpar o capitalismo desenfreado, deixando claro o papel do consumidor na aparente onipotência industrial.
O Mínimo Para Viver
3.5 622 Assista AgoraUma jovem lutando contra a anorexia encontra um médico com uma abordagem pouco convencional que a desafia a encarar seu problema.
É extremamente difícil tratar de um tema tão delicado e incompreendido como distúrbios alimentares. Esse filme me surpreendeu positivamente ao optar por uma abordagem intimista, avaliando os efeitos desses distúrbios na vida das pessoas e seus familiares.
Apesar de algumas cenas parecerem melodramáticas demais, nos créditos iniciais é avisado que pessoas que se encontram nas situações mostradas no filme foram consultadas para a construção do roteiro, isso quebra ideias estereotipadas, dando credibilidade à história e seus personagens.
A própria Lily Collins admitiu que o filme foi muito pessoal para ela pois já enfrentou esse tipo de problema. Ela está muito bem no papel e devemos admirar sua coragem de emagrecer para viver a protagonista.
O filme pode não ser tão didático, mas não é um documentário e a intenção é passar uma mensagem muito importante de que problema nenhum pode ser resolvido se não houver abertura para diálogo e empatia com as pessoas afetadas, que é justamente o que o público geral precisa nesse caso.
Amores Canibais
2.4 393 Assista AgoraUma distopia canibal nos desertos do Texas.
Com uma indicação ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, o lançamento gerou grandes expectativas, que no início do filme foram atendidas, com a falta de detalhes específicos sobre o que levou ao futuro retratado, aliada ao suspense e uma bela fotografia, criando uma atmosfera interessante e envolvente. Os atores, principalmente Jason Momoa e Jim Carrey, fazem um trabalho relativamente competente, que combina com o clima de filme B de terror.
O problema é quando o filme tenta abordar a ilusão do sonho americano e a decadência daqueles que o buscam, que seria válida e genial caso ele não perdesse seus elementos de suspense e terror, não agregando nada inovador, tornando seus personagens apáticos e a história repetitiva.
O roteiro poderia mostrar a falta de significado das ambições humanas sem perder seu próprio significado.
A Cura
3.0 707 Assista AgoraGore Verbinski retorna ao terror/suspense, território por onde não se arriscava desde 2002, quando dirigiu “O Chamado”. Aqui ele mostra todo seu talento para transformar paisagens tranquilas em lugares aterrorizantes. A fotografia e a direção de arte ajudam a dar um aspecto de lugar perdido no tempo ao centro de tratamento, que é essencial para a história.
A atuação de Dane DeHaan como o jovem Lockhart é ótima e cria um personagem consistente que vai além do estereótipo de executivo de sucesso, outro destaque é Jason Isaacs como o Dr. Volmer, que faz até mesmo o espectador duvidar da sanidade de Lockhart.
Apesar da parte técnica impecável, o roteiro não possui pontos fortes o suficiente para sustentar um filme de quase duas horas e meia, o que prejudica o ritmo e diminui o impacto das revelações finais, algumas se tornam óbvias meia hora antes do final.
A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell
3.2 1,0K Assista AgoraNo futuro, Major é resgatada de um acidente e tem seu cérebro colocado em um corpo cibernético, sendo recrutada na seção 9, onde combate os criminosos mais perigosos do mundo.
Baseado no mangá homônimo criado por Masamune Shirow em 1989, o filme tenta criar uma ficção científica inteligente, mas simplesmente não consegue. A maioria das abordagens filosóficas e políticas do mangá são ignoradas e, talvez por subestimar a inteligência do público, a trama se torna previsível e caminha unicamente para o encerramento dos conflitos pessoais da protagonista.
Os pontos positivos do filme são o elenco, que funciona muito bem, especialmente Scarlett Johansson, Michael Pitt e Pilou Asbæk, além dos efeitos especiais, que ajudam a construir uma atmosfera futurista e detalhada.
Mas o roteiro, que devia ser uma ficção científica melhor que a do mangá, se preocupa mais em propiciar cenas de ação do que em contar uma boa história. Considerando que a obra original foi escrita em 1989, as tecnologias atuais permitiriam abordagens mais interessantes.
David Lynch: A Vida de Um Artista
4.0 45Este documentário aborda a vida do diretor David Lynch e os eventos que moldaram seu processo criativo.
Quem é fã de Lynch sabe que seus trabalhos são misteriosos e hipnóticos, sempre flertando com o surrealismo, permitindo desde uma “simples” experiência sensorial até uma análise profunda sobre os significados e impacto pessoal de cada obra.
"A Vida de um Artista" oferece uma rara oportunidade de entender como funciona a arte do diretor. Por meio de histórias de seu passado e o uso de seus trabalhos como artista plástico, tão intrigantes quanto seus filmes, é criada uma narrativa consistente de uma criança criativa que se tornou o diretor por trás do clássico cult “Eraserhead”.
Mas o maior trunfo do documentário é trazer o diretor para frente das câmeras e colocá-lo narrando seu passado, o que cria uma proximidade e mostra sua personalidade, o modo como ele encara sua arte e a importância dela em sua vida. Indispensável para qualquer fã de Lynch e seus filmes.
Vida
3.4 1,2K Assista AgoraEm suspenses de sobrevivência no espaço dois pontos são cruciais, personagens que despertem a simpatia do espectador e um suspense opressivo e assustador. São esses dois pontos básicos que fizeram “Alien”, de 1979, um sucesso.
Em “Vida” esses pontos são explorados, mas de maneira preguiçosa, tentando evocar a simpatia usando o passado dos personagens, mas sem o uso de flashbacks, o que é inútil, afinal a simples constatação de que um personagem possui uma família não faz com que você se importe com o mesmo.
O suspense começa promissor, afinal o isolamento do espaço é o cenário perfeito, porém as cenas se tornam repetitivas o fato de cientistas que sabiam previamente que lidariam com uma forma de vida desconhecida não terem um plano de contenção mais eficiente e seguro é meio ridículo.
Também entendo que o design da criatura tente mostrar algo ainda não visto no cinema, mas ele não a torna ameaçadora e às vezes é pouco crível o poder que ela possui.
Tudo isso torna o filme mais um terror genérico com caríssimos efeitos especiais.
De Canção Em Canção
2.9 373 Assista AgoraTriângulos amorosos se entrelaçam nessa história de traição e obsessão que tem como pano de fundo a cena musical de Austin, Texas.
Isso é o que diz a sinopse, mas o problema é a forma como a história é contada, com cenas incompletas, diálogos minimalistas e até narrações, tentando dar um ar poético e profundidade aos personagens, que não funcionam.
A citada "cena musical de Austin" consiste em aparições de diversos cantores, como Iggy Pop e Patti Smith, porém elas não contribuem e sequer se encaixam na história, e para quem conhece a vida de Patti Smith, tentar relacioná-la com a personagem Faye (Rooney Mara) chega a ser ofensivo.
Em uma história tão focada no comportamento e conflito dos personagens, a falta de paixão e qualquer momento catártico os torna superficiais e tira o impacto de momentos importantes do filme.
O destaque fica para a fotografia, mas depois de dezenas de cenas onde algum personagem acaricia a barriga de Faye, mesmo o trabalho do renomado diretor de fotografia Emmanuel Lubezki deixa de ser interessante.
Personal Shopper
3.1 384 Assista AgoraMaureen, uma personal shopper vivendo em Paris, se nega a deixar a cidade enquanto não conseguir contatar seu irmão morto.
Impossível tentar encaixar esse filme em um gênero específico, pois é uma mistura suspense-psicológico \drama\terror-sobrenatural, mas ele vai te prender do começo ao fim, pelo menos se você gosta de filmes com um leque de interpretações possíveis.
A atuação de Kristen Stewart como Maureen é impecável, ela nos faz sentir a solidão e o luto da personagem, sua entrega a uma profissão onde ela, às vezes literalmente, calça os sapatos de uma pessoa famosa, na tentativa de escapar de seus próprios problemas. Além de seu conflito principal, dividida entre seu lado racional e a necessidade emocional que sente de comprovar as teorias de seu irmão sobre a vida após a morte.
Claro que crenças pessoais influenciam muito e cada um interpretará o filme da maneira que lhe convém, mas seu maior mérito é justamente não assumir uma posição e não recorrer a falácias para pender a balança para o lado sobrenatural, como muitos filmes classificados como “espiritualistas” fazem.
Assistir a um filme deve ser uma experiência que ultrapasse os créditos, algo que Olivier Assayas, premiado em Cannes ano passado por este filme, conseguiu com êxito.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraO jovem afro-americano Chris viaja com Rose, sua namorada, para conhecer os pais brancos dela que vivem em uma casa isolada na floresta. A tensão inicial evolui e se torna um pesadelo.
O filme usa nossas expectativas e habilidade para imaginar sempre o pior para tornar cada cena enervante. O racismo implícito e a aparente civilidade da família de Rose os tornam uma representação fiel do racismo velado disfarçado de liberdade de expressão que ainda existe atualmente.
O personagem Rod (amigo de Chris) serve como alívio cômico, mas vai além, ironizando as situações e relacionando elas com o mundo em que vivemos.
O roteiro só peca ao inserir uma reviravolta desnecessária, que em vez de complementar a história descaracteriza alguns de seus elementos mais autênticos, principalmente os antagonistas, que se tornam estereótipos do terror comum, somente para amarrar pontas que não estavam necessariamente soltas.
Mesmo assim o filme cumpre seu objetivo, deixando o espectador tenso do começo ao fim.
Mulher-Maravilha
4.1 2,9K Assista AgoraO filme mostra como Diana, princesa das Amazonas, se tornou a heroína Mulher-Maravilha.
A primeira parte do filme é dedicada a apresentação da personagem e é muito bem executada, usando elementos da história para mostrar a personalidade da heroína e cativar o espectador sem assumir aquele tom de explicação comum em filmes de heróis.
A fotografia é incrível e estabelece uma fronteira clara entre a mitológica Themyscira, ilha das amazonas, e o resto do mundo tomado pela guerra. As cenas de ação são perfeitas e a história das amazonas renderia um grande filme.
Há uma mensagem sobre manter seus ideais mesmo quando a sociedade espera o contrário. A inocência de Diana e seu primeiro contato com o mundo fora de Themyscira são ótimos para analisar as idiossincrasias da raça humana, questões feministas são retratadas com humor e ironia, o que pode inspirar essa nova geração a questionar e negar o ridículo status quo e seguir seus próprios ideais.
Ninguém pode negar que a Mulher-Maravilha chegou com muito potencial e a personagem possui uma história tão rica que deixou todos querendo ver mais.