no momento em que ele "vira", e então passa a acontecer num mundo com covid, eu levei um susto grande. perceber o quanto Terri, a heroína, envelheceu nesse intervalo de quase um ano fez com que eu me visse um pouquinho nela, com que eu visse, aliás, todas as pessoas que conheço e amo.
estamos todos um tanto mais velhos, mais cansados, mais tristes. estamos mais fortes, claro. mais conscientes de nossa força, de nossa coragem. talvez estejamos mais esperançosos. acho que o que fica dessa temporada, porque se repete de alguma forma, com muita delicadeza, em cada um dos episódios, é o lembrete, o alívio, a responsabilidade: estamos vivos.
eu amo em Elena Ferrante o fato dela não sacralizar as mulheres. todas as suas personagens femininas, em todos os livros, são dúbias, mentem, traem, gozam, sentem ódio, sentem inveja, sentem culpa, sentem amor. algumas até abandonam as filhas e/ou roubam bonecas de desconhecidos. são, afinal, mulheres. mulheres vivendo em um mundo machista e violento e tentando sobreviver a ele.
eu amei demais o filme! é lindo, cru e obscuro, como o livro. como a vida. por mim, Olivia Colman e Maggie Gyllenhaal ganham todos os prêmios e a obra de Ferrante chega em todas as pessoas, porque é imensa, poderosa, necessária.
que obra de arte 🖤 destaquei alguns trechos das minhas crônicas favoritas no filme:
story #1 "- o que você quer pintar? - o futuro. que é você."
"- eu cresci numa fazenda. nós não escrevíamos poesia. não fazíamos música. não esculpíamos estátuas nem pintávamos. aprendi sobre o ofício da arte e suas técnicas nos livros da livraria da prisão, e os ensino como voluntária. eu não sei o que você sabe, sei apenas o que você é. posso ver seu sofrimento. posso ver que é difícil. pode até ficar pior, mas então ficará melhor. você entenderá qualquer que seja o seu problema. qual é o seu problema? - eu não sei o que pintar. - você vai saber o que pintar, e vai acreditar em você (como eu acredito). e vai ter problemas, e então, na primavera, ou talvez no verão, possivelmente no outono, ou, no máximo, no inverno: esse novo trabalho estará completo."
story #3 "- qual foi a acusação? - amor. sabe, as pessoas podem ou não se sentirem ameaçadas por sua raiva, seu ódio, seu orgulho, mas ame da maneira errada e você se encontrará em grande perigo."
"- admiro a sua coragem, tenente. - não sou corajoso. eu só não estava a fim de ser uma decepção para todos. sou um estrangeiro, sabe? - essa cidade está cheia de nós, não? eu mesmo sou um. - procurando algo que se perdeu. sentindo falta de algo que ficou para trás. talvez, com alguma sorte, encontraremos o que nos encantou nos lugares que já chamamos de lar."
revi todas as temporadas há uns dois meses e terminei pensando que, em 2021, Veep é a série mais triste do mundo todinho. todas as situações exageradas, os escândalos, as relações, as cenas em que a gente pensa "mas não é possível que algo assim aconteça, que uma decisão que vai afetar a vida de milhares de pessoas seja tomada dessa forma". nada disso é metáfora para o brasil, é tudo o que estamos vivendo, literalmente, nos últimos anos. que tristeza.
fora isso, que série genial! engraçada demais, demais! mostra porque Julia Louis-Dreyfus é a melhor atriz estadunidense (entre homens e mulheres) fazendo comédia. a mulher é gigante faz muito tempo (alô, seinfeld), mas em Veep ela ultrapassa todos os limites, é impressionante e bonito de ver.
que bom que bom que bom que essa reunião aconteceu esse ano, justo nesse ano em que todos envelhecemos tanto, de repente.
eu chorei do início ao fim porque era como estar reencontrando amigos queridos que há muito tempo eu não via. e as rugas e as cicatrizes e as memórias, as memórias, as músicas, as piadas bobas para escamotear coisas sérias.
eu não sei, ainda não sei, mas quero acreditar que, como tantas outras coisas que eu desejei viver enquanto assistia a Friends ainda adolescente, uma duas três dez vezes, também isso vai virar realidade: em breve, um sofá, café, amigos. abraços. e amigos.
ai, gente, eu amei o filme! já sabia que ia gostar porque the Leslie Knope energy em tudo que Amy faz é contagiante e inspirador, mas me surpreendeu realmente. achei que todas as escolhas foram acertadas e que, apesar da pegada adolescente, trata os temas com profundidade (pelo menos a profundidade possível). mostrar, por exemplo, que na "época da mãe" não havia interseccionalidade foi muito legal, e também que o feminismo da menina branca não é o mesmo da menina negra ou da menina asiática ou da menina trans, mas que todas elas têm pelo menos um ponto em comum.
para mim, que precisava ver algo leve, Moxie foi um alento.
gostei muito da honestidade com que o romance foi desenvolvido. tem coisa mais desconfortável que primeiro encontro? não tem, né? em nenhum momento eu senti que o casal se envolveu "magicamente", pelo contrário, várias vezes houve um silêncio incômodo, um não saber onde colocar as mãos, um estranhamento. exatamente como acontece com duas pessoas que acabaram de se conhecer e que ficam juntas não por força do destino ou porque tinha que ser, mas por escolha. amor é decisão.
eu, que enquanto assistia me lembrei muito de Parasita, fiquei esperando pelo momento em que Maria colocaria um veneno no chá da patroa sim, não vou mentir.
mas que filme bom! tragicômico na medida certa, cheio de críticas e questões político-sociais extremamente importantes. tenho a minha teoria de que
Anne não conta a verdade sobre Maria a David, inventa uma história qualquer, e na cena do chá ela é ignorada não por vingança, mas por indiferença. ele não a viu. elas são invisíveis, afinal.
e assim o sistema capitalista segue enriquecendo a burguesia, explorando e desumanizando a classe trabalhadora...
ah, e Toni Collette segue sendo maravilhosa demais!
se existe um lugar seguro nesse momento, esse lugar é o documentário de Michelle Obama. a força e a determinação dessa mulher que parece ter entendido perfeitamente o propósito de sua existência - e que não recua diante disso, não hesita, não teme - são inspiradoras. e por isso o filme, como o livro, que é um dos mais poderosos que li nos últimos anos, é tão tão necessário, cheio de urgências febris e sutilezas violentas.
ao mesmo tempo em que conta sua história, Michelle abre espaço para que outras pessoas - mulheres, meninas, mulheres e meninas negras - contem as delas. e isso é tanto. isso, em tempos como os nossos, é tanto.
me fez chorar, sim, muito, mas também me deu o que poucas vezes e em poucos lugares eu encontrei nesse ano de 2020, me deu esperança.
quando todas as crianças puderem sentir orgulho de quem são, do jeitinho que são, sem precisarem se encaixar em expectativas e padrões criados por adultos, quase sempre frustrados e infelizes, o mundo será um lugar bom. até lá, seguiremos cantando: let the children lose it let the children use it let all the children boogie.
vocês percebem que a 'síndrome da resignação' é um efeito direto da política de extrema-direita que sobe ao poder - em todo o mundo? que o horror, a angústia, o trauma vivido pelas crianças refugiadas é também responsabilidade nossa? que, enquanto humanidade, nós falhamos miseravelmente?
parece que esse documentário é um soco no estômago - urgente e necessário - pra nos fazer acordar dessa resignação, desse sono voluntário em que nós, os adultos, escolhemos estar.
ainda não sei se considero esse filme terrível ou maravilhoso.
é terrível e maravilhoso ver a história da guerra pelos olhos de uma criança, sem todo o peso e horror que ela carrega. é terrivelmente perigoso perceber certos ídolos e messias que certas nações elegem para si e o quanto isso acaba, de um jeito ou de outro, atingindo as nossas crianças, que de repente estão por aí fazendo arminha com a mão. é maravilhoso, meu deus, maravilhoso sentir o amor dessa mãe, uma mãe capaz de deixar o filho ser nazista, se isso for protegê-lo e até livrá-lo da morte. (ainda não superei a cena do jantar, pra mim a coisa mais linda do mundo.) é maravilhoso morrer de rir e de chorar e rir e então chorar com uma história tão absolutamente terrível e maravilhosa, absurda e necessária, e urgente urgente urgente.
fuck off, hittler - and alvim, and bolnosauro. it's definitely not a good time to be a nazi.
sigo chocada com o tamanho e a força desse filme. Bacurau é imenso! é, ao mesmo tempo, um réquiem para um brasil agonizante e uma carta de amor à resistência do Nordeste. porque, sim, nós resistimos. nós somos essa resistência toda sim. que emoção ver isso na tela do cinema. saí de lá mais forte, mais brava, com mais forças para continuar, com vontade de gritar para o mundo ouvir que "ninguém há de me calar".
daqui a alguns anos é hoje e "quem (ainda) não entendeu, não perde por esperar".
ps: o brasil do sul ainda vai nos pedir desculpas por ter eleito o bonolsaro, vocês vão ver.
quando os musicais surgiram, lá pela década de 1920, com suas tramas simples, fantasiosas e escapistas, foram recebidos como um alento por uma sociedade americana que vivia naquele momento, vejam só, a grande depressão. parece-me que saber desse fato enquanto se assiste a crazy ex-girlfriend faz muita - senão toda - diferença.
comovente! essa série é comovente, não só porque subverte e ironiza o que se espera dela - mais uma comédia romântica clichê - mas porque, enquanto faz isso, fala sobre assuntos tão tão importantes. gente, fala sobre saúde mental. não é à toa que os números musicais são o refúgio de rebecca, o lugar para onde ela vai sempre que o mundo já não faz sentido - quase nunca faz. não é à toa também que depois de uma jornada longa, que inclui tentativa de suicídio, diagnóstico, idas e vindas na terapia, medicação errada, medicação correta - além de muita loucura, claro - a personagem, lá no finalzinho, tenha sentido esse desejo tão bonito de reunir todas as pessoas que ama para, finalmente, a ouvirem cantar uma música que ela escreveu. isso é lindo. é imenso.
espero que todas as pessoas sejam tocadas por essa série como eu fui. ela me comoveu, me emocionou, me fez gargalhar. e isso, em tempos como os nossos, é mesmo um alento.
talvez eu esteja um pouquinho obcecada pela rachel bloom e já tenha visto todos os vídeos do canal dela no youtube (aliás maravilhoso)? talvez sim, but hey i'm not crazy. or am i?!?!?!
é incrível, e absolutamente maravilhoso, o quanto essa série foi além de contar a história de uma garota pretensiosa e mimada e seus white people problems (mesmo!) na prisão - que reproduz, afinal, as estruturas da sociedade.
aqui se falou sobre assuntos importantíssimos, urgentes, reais, através de escolhas narrativas estrategicamente pensadas para te fazer ou morrer de rir ou de chorar ou te dar uns bons socos no estômago. porque uma coisa é certa: de orange is the new black você não sai ileso.
nessa última temporada, entre tantas, três coisas me comoveram especialmente: 1. a metáfora do galinheiro, sutil e certeira; 2. o amadurecimento de suzanne; e 3. natasha lyonne 🖤
also: everything can be a dildo if you're brave enough!
as lutas dessas Mulheres (tão bem representadas nesse documentário) são nossas lutas. nossas vozes. nossa resistência. nossa esperança. precisamos, tambem nós, virar a mesa do poder porque "brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês"! 🖤
que mulher gigante, meu deus! parece que o maior propósito de todas as coisas que ela faz é deixar esse mundo um lugar maior, e melhor. tudo que ela toca, por alguma razão bonita e misteriosa, cresce. eu mesma levantei do sofá uma mulher alguns centímetros mais alta...
thank you, queen bee. que honra dividir um mesmo planeta e uma mesma época com você.
enquanto por aqui nós estamos discutindo/aprovando/desaprovando o copinho e as pantys, há mulheres que não têm acesso sequer ao absorvente descartável. pior ainda: há meninas para quem a primeira menstruação significa que elas terão que interromper os estudos. a consequência é, claro, o espaço privado, o casamento compulsório, a impossibilidade de trabalhar. negar às mulheres conhecimento sobre o próprio corpo é uma forma de controle patriarcal.
e por isso nós precisamos sim! do feminismo. nenhuma de nós será livre até que todas estejamos livres.
ps: acertaram em cheio na tradução do título, hein. maravilhoso.
Queer Eye: Mais Que um Makeover (6ª Temporada)
4.5 32o episódio um me quebrou inteira.
no momento em que ele "vira", e então passa a acontecer num mundo com covid, eu levei um susto grande.
perceber o quanto Terri, a heroína, envelheceu nesse intervalo de quase um ano fez com que eu me visse um pouquinho nela, com que eu visse, aliás, todas as pessoas que conheço e amo.
estamos todos um tanto mais velhos, mais cansados, mais tristes.
estamos mais fortes, claro. mais conscientes de nossa força, de nossa coragem. talvez estejamos mais esperançosos.
acho que o que fica dessa temporada, porque se repete de alguma forma, com muita delicadeza, em cada um dos episódios, é o lembrete, o alívio, a responsabilidade:
estamos vivos.
A Filha Perdida
3.6 573eu amo em Elena Ferrante o fato dela não sacralizar as mulheres. todas as suas personagens femininas, em todos os livros, são dúbias, mentem, traem, gozam, sentem ódio, sentem inveja, sentem culpa, sentem amor. algumas até abandonam as filhas e/ou roubam bonecas de desconhecidos.
são, afinal, mulheres.
mulheres vivendo em um mundo machista e violento e tentando sobreviver a ele.
eu amei demais o filme! é lindo, cru e obscuro, como o livro. como a vida.
por mim, Olivia Colman e Maggie Gyllenhaal ganham todos os prêmios e a obra de Ferrante chega em todas as pessoas, porque é imensa, poderosa, necessária.
A Crônica Francesa
3.5 287 Assista Agoraque obra de arte 🖤
destaquei alguns trechos das minhas crônicas favoritas no filme:
story #1
"- o que você quer pintar?
- o futuro. que é você."
"- eu cresci numa fazenda.
nós não escrevíamos poesia.
não fazíamos música.
não esculpíamos estátuas nem pintávamos.
aprendi sobre o ofício da arte e suas técnicas nos livros da livraria da prisão, e os ensino como voluntária.
eu não sei o que você sabe, sei apenas o que você é. posso ver seu sofrimento. posso ver que é difícil. pode até ficar pior, mas então ficará melhor. você entenderá qualquer que seja o seu problema.
qual é o seu problema?
- eu não sei o que pintar.
- você vai saber o que pintar, e vai acreditar em você (como eu acredito). e vai ter problemas, e então, na primavera, ou talvez no verão, possivelmente no outono, ou, no máximo, no inverno: esse novo trabalho estará completo."
story #3
"- qual foi a acusação?
- amor.
sabe, as pessoas podem ou não se sentirem ameaçadas por sua raiva, seu ódio, seu orgulho, mas ame da maneira errada e você se encontrará em grande perigo."
"- admiro a sua coragem, tenente.
- não sou corajoso. eu só não estava a fim de ser uma decepção para todos. sou um estrangeiro, sabe?
- essa cidade está cheia de nós, não? eu mesmo sou um.
- procurando algo que se perdeu. sentindo falta de algo que ficou para trás.
talvez, com alguma sorte, encontraremos o que nos encantou nos lugares que já chamamos de lar."
NO CRYING
Seinfeld (3ª Temporada)
4.5 101 Assista Agorai hate men, but i'm not a lesbian
Veep (7ª Temporada)
4.4 51 Assista Agorarevi todas as temporadas há uns dois meses e terminei pensando que, em 2021, Veep é a série mais triste do mundo todinho.
todas as situações exageradas, os escândalos, as relações, as cenas em que a gente pensa "mas não é possível que algo assim aconteça, que uma decisão que vai afetar a vida de milhares de pessoas seja tomada dessa forma". nada disso é metáfora para o brasil, é tudo o que estamos vivendo, literalmente, nos últimos anos. que tristeza.
fora isso,
que série genial! engraçada demais, demais!
mostra porque Julia Louis-Dreyfus é a melhor atriz estadunidense (entre homens e mulheres) fazendo comédia. a mulher é gigante faz muito tempo (alô, seinfeld), mas em Veep ela ultrapassa todos os limites, é impressionante e bonito de ver.
Amor Moderno (2ª Temporada)
3.6 199"here's to healing
in all it's forms"
o amor, gente.
o amor...
Friends: A Reunião
4.2 330 Assista Agoraque bom que bom que bom
que essa reunião aconteceu esse ano,
justo nesse ano em que todos envelhecemos tanto, de repente.
eu chorei do início ao fim porque era como estar reencontrando amigos queridos que há muito tempo eu não via.
e as rugas e as cicatrizes e as memórias,
as memórias,
as músicas,
as piadas bobas para escamotear coisas sérias.
eu não sei,
ainda não sei,
mas quero acreditar que,
como tantas outras coisas que eu desejei viver enquanto assistia a Friends ainda adolescente,
uma duas três dez vezes,
também isso vai virar realidade:
em breve,
um sofá, café, amigos.
abraços. e amigos.
obrigada,
amigos 💙
Fevereiros
4.3 35bethânia é o brasil que a gente deseja e acredita.
por aqui, seguem ecoando as
palavras-oração dela em janeiro desse ano:
vacina,
respeito,
verdade e
misericórdia
pra nós.
pra bolsonaro, cadeia
(essas palavras são minhas)
Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta
3.6 214 Assista AgoraAmy Poehler, por favor, dirija a minha vida 🖤
ai, gente, eu amei o filme!
já sabia que ia gostar porque the Leslie Knope energy em tudo que Amy faz é contagiante e inspirador, mas me surpreendeu realmente. achei que todas as escolhas foram acertadas e que, apesar da pegada adolescente, trata os temas com profundidade (pelo menos a profundidade possível). mostrar, por exemplo, que na "época da mãe" não havia interseccionalidade foi muito legal, e também que o feminismo da menina branca não é o mesmo da menina negra ou da menina asiática ou da menina trans, mas que todas elas têm pelo menos um ponto em comum.
para mim, que precisava ver algo leve, Moxie foi um alento.
Como Defender um Assassino (6ª Temporada)
4.2 321 Assista Agoraa Viola Davis é gigante!!!
deus é uma mulher preta sim 🖤
A Fotografia
3.6 55gostei muito da honestidade com que o romance foi desenvolvido.
tem coisa mais desconfortável que primeiro encontro? não tem, né?
em nenhum momento eu senti que o casal se envolveu "magicamente", pelo contrário, várias vezes houve um silêncio incômodo, um não saber onde colocar as mãos, um estranhamento. exatamente como acontece com duas pessoas que acabaram de se conhecer e que ficam juntas não por força do destino ou porque tinha que ser, mas por escolha.
amor é decisão.
Madame
3.2 100 Assista Agoraeu, que enquanto assistia me lembrei muito de Parasita, fiquei esperando pelo momento em que Maria colocaria um veneno no chá da patroa sim, não vou mentir.
mas que filme bom! tragicômico na medida certa, cheio de críticas e questões político-sociais extremamente importantes.
tenho a minha teoria de que
Anne não conta a verdade sobre Maria a David, inventa uma história qualquer, e na cena do chá ela é ignorada não por vingança, mas por indiferença. ele não a viu. elas são invisíveis, afinal.
e assim o sistema capitalista segue enriquecendo a burguesia, explorando e desumanizando a classe trabalhadora...
ah, e Toni Collette segue sendo maravilhosa demais!
The Home Edit: A Arte de Organizar (1ª Temporada)
3.6 21neil patrick harris e david burtka, me adotem, por favor
Becoming: A Minha História
4.2 52 Assista Agorase existe um lugar seguro nesse momento, esse lugar é o documentário de Michelle Obama.
a força e a determinação dessa mulher que parece ter entendido perfeitamente o propósito de sua existência - e que não recua diante disso, não hesita, não teme - são inspiradoras. e por isso o filme, como o livro, que é um dos mais poderosos que li nos últimos anos, é tão tão necessário, cheio de urgências febris e sutilezas violentas.
ao mesmo tempo em que conta sua história, Michelle abre espaço para que outras pessoas - mulheres, meninas, mulheres e meninas negras - contem as delas. e isso é tanto.
isso, em tempos como os nossos, é tanto.
me fez chorar, sim, muito, mas também me deu o que poucas vezes e em poucos lugares eu encontrei nesse ano de 2020, me deu esperança.
💙
Tropa Zero
4.0 170 Assista Agoraque coisa mais linda do universo inteirinho!
quando todas as crianças puderem sentir orgulho de quem são, do jeitinho que são, sem precisarem se encaixar em expectativas e padrões criados por adultos, quase sempre frustrados e infelizes, o mundo será um lugar bom.
até lá, seguiremos cantando:
let the children lose it
let the children use it
let all the children boogie.
ps: Viola Davis, você é minha starwoman.
Learning to Skateboard in a Warzone (If You're a Girl)
4.2 51coragem é ir pra escola e estudar
(se você é uma menina)
❤
A Vida em Mim
3.6 57falhamos miseravelmente.
vocês percebem que a 'síndrome da resignação' é um efeito direto da política de extrema-direita que sobe ao poder - em todo o mundo?
que o horror, a angústia, o trauma vivido pelas crianças refugiadas é também responsabilidade nossa?
que, enquanto humanidade, nós falhamos miseravelmente?
parece que esse documentário é um soco no estômago - urgente e necessário - pra nos fazer acordar dessa resignação, desse sono voluntário em que nós, os adultos, escolhemos estar.
Jojo Rabbit
4.2 1,6K Assista Agoraainda não sei se considero esse filme terrível ou maravilhoso.
é terrível e maravilhoso ver a história da guerra pelos olhos de uma criança, sem todo o peso e horror que ela carrega.
é terrivelmente perigoso perceber certos ídolos e messias que certas nações elegem para si e o quanto isso acaba, de um jeito ou de outro, atingindo as nossas crianças, que de repente estão por aí fazendo arminha com a mão.
é maravilhoso, meu deus, maravilhoso sentir o amor dessa mãe, uma mãe capaz de deixar o filho ser nazista, se isso for protegê-lo e até livrá-lo da morte. (ainda não superei a cena do jantar, pra mim a coisa mais linda do mundo.)
é maravilhoso morrer de rir e de chorar e rir e então chorar com uma história tão absolutamente terrível e maravilhosa, absurda e necessária, e urgente urgente urgente.
fuck off, hittler - and alvim, and bolnosauro. it's definitely not a good time to be a nazi.
Bacurau
4.3 2,8K Assista Agorasigo chocada com o tamanho e a força desse filme. Bacurau é imenso!
é, ao mesmo tempo, um réquiem para um brasil agonizante e uma carta de amor à resistência do Nordeste.
porque, sim, nós resistimos.
nós somos essa resistência toda sim.
que emoção ver isso na tela do cinema.
saí de lá mais forte, mais brava, com mais forças para continuar, com vontade de gritar para o mundo ouvir que "ninguém há de me calar".
daqui a alguns anos é hoje e "quem (ainda) não entendeu, não perde por esperar".
ps: o brasil do sul ainda vai nos pedir desculpas por ter eleito o bonolsaro, vocês vão ver.
Crazy Ex-Girlfriend (4ª Temporada)
4.2 56 Assista Agoraquando os musicais surgiram, lá pela década de 1920, com suas tramas simples, fantasiosas e escapistas, foram recebidos como um alento por uma sociedade americana que vivia naquele momento, vejam só, a grande depressão. parece-me que saber desse fato enquanto se assiste a crazy ex-girlfriend faz muita - senão toda - diferença.
comovente! essa série é comovente, não só porque subverte e ironiza o que se espera dela - mais uma comédia romântica clichê - mas porque, enquanto faz isso, fala sobre assuntos tão tão importantes.
gente, fala sobre saúde mental.
não é à toa que os números musicais são o refúgio de rebecca, o lugar para onde ela vai sempre que o mundo já não faz sentido - quase nunca faz. não é à toa também que depois de uma jornada longa, que inclui tentativa de suicídio, diagnóstico, idas e vindas na terapia, medicação errada, medicação correta - além de muita loucura, claro - a personagem, lá no finalzinho, tenha sentido esse desejo tão bonito de reunir todas as pessoas que ama para, finalmente, a ouvirem cantar uma música que ela escreveu. isso é lindo. é imenso.
espero que todas as pessoas sejam tocadas por essa série como eu fui.
ela me comoveu, me emocionou, me fez gargalhar. e isso, em tempos como os nossos, é mesmo um alento.
talvez eu esteja um pouquinho obcecada pela rachel bloom e já tenha visto todos os vídeos do canal dela no youtube (aliás maravilhoso)?
talvez sim, but hey i'm not crazy.
or am i?!?!?!
Orange is the New Black (7ª Temporada)
4.3 302é incrível, e absolutamente maravilhoso, o quanto essa série foi além de contar a história de uma garota pretensiosa e mimada e seus white people problems (mesmo!) na prisão - que reproduz, afinal, as estruturas da sociedade.
aqui se falou sobre assuntos importantíssimos, urgentes, reais, através de escolhas narrativas estrategicamente pensadas para te fazer ou morrer de rir ou de chorar ou te dar uns bons socos no estômago. porque uma coisa é certa: de orange is the new black você não sai ileso.
nessa última temporada, entre tantas, três coisas me comoveram especialmente:
1. a metáfora do galinheiro, sutil e certeira;
2. o amadurecimento de suzanne; e
3. natasha lyonne 🖤
also: everything can be a dildo if you're brave enough!
Virando a Mesa do Poder
4.2 37poderoso. inspirador. urgente. necessário.
as lutas dessas Mulheres (tão bem representadas nesse documentário) são nossas lutas. nossas vozes. nossa resistência. nossa esperança.
precisamos, tambem nós, virar a mesa do poder porque "brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês"!
🖤
ps: seria Ocasio a Leslie Knope da vida real?
HOMECOMING: A Film by Beyoncé
4.5 311que mulher gigante, meu deus!
parece que o maior propósito de todas as coisas que ela faz é deixar esse mundo um lugar maior, e melhor. tudo que ela toca, por alguma razão bonita e misteriosa, cresce. eu mesma levantei do sofá uma mulher alguns centímetros mais alta...
thank you, queen bee.
que honra dividir um mesmo planeta e uma mesma época com você.
Absorvendo o Tabu
4.4 201 Assista Agoraenquanto por aqui nós estamos discutindo/aprovando/desaprovando o copinho e as pantys, há mulheres que não têm acesso sequer ao absorvente descartável. pior ainda: há meninas para quem a primeira menstruação significa que elas terão que interromper os estudos. a consequência é, claro, o espaço privado, o casamento compulsório, a impossibilidade de trabalhar.
negar às mulheres conhecimento sobre o próprio corpo é uma forma de controle patriarcal.
e por isso nós precisamos sim! do feminismo.
nenhuma de nós será livre até que todas estejamos livres.
ps: acertaram em cheio na tradução do título, hein. maravilhoso.