Acho que o que mais me chamou atenção no filme é que provavelmente a relação do protagonista com a prostituta é a relação que ele queria ter tido com a mãe. Ele queria ter salvado dos abusos do avô. ( " Você acha que eu sou um velho doente?')
Era um espelho da relação que ele queria ter vivido com a mãe. Não há nada de sexual, só de cuidado.
A coincidência foi que eu havia assistido " A Casa Usher" do Poe uns 2 filmes antes de assistir " O substituto" mostrando a relação da metáfora de estarmos todos desmoronando.
Fala muito sobre amadurecimento e impaciência do jovem de construir alguma coisa significativa. Shizuku ,como eu, tem pressa de fazer sua maior obra e quando se depara com a necessidade do progresso evolutivo lento se frusta.
Não é uma corrida. Não é uma competição.
As coisas levam tempo assim como a pedra valiosa demora a ser lapidada. Ainda há tempo. Muito.
A maior análise a ser feita é como as relações de poder são exercidas pelos alunos. E como ela pode refletir na vivência de todos ali. O fato de Kujo "rejeitar" ou nem ligar (parcialmente) para esse sistema faz com que Aoki perca completamente o controle.
Aoki precisa seguir "o sistema" e ele amava aquela hierarquia. Já Kujo foi perfeitamente representado pelo diálogo que resume a maioria dos adolescentes " Há flores que nunca florescem?" Esse é tom que permeia durante esse período. Vazio, inutilidade, desesperança, incerteza. Todos ali tinha exatamente isso em comum. A sensação de nunca se encaixarem em nada e o medo de futuramente nunca "florescerem" em algum lugar.
O filme apresenta críticas a uma visão militante egocêntrica da maioria juventude daquela época e por consequência da nossa. Como o próprio Godard fala "O filme poderia se chamar filhos de Marx e Coca-Cola", quando aborda uma juventude vaidosa que se importa mais em fechar uma porta do que interromper uma briga covarde de marido e mulher. E também da visão machista que o homem tinha ( e ainda tem) sobre o espaço da mulher da sociedade como uma figura fraca, carente e dependente.
"Qual é o centro do mundo para você?" "É o amor, eu acho." "Engraçado, eu teria dito 'eu'"
Até em momentos sutis como quando a palavra "Masculino" possui dois significados avulsos e do "Feminino" não possui nenhum.
O filme todo é um retrato de uma máscara. O próprio Bergman nós revela isso quando a partir da metalinguagem quebra nossa perspectiva de realidade ao colocar cortes que atribuem a nossa consciência de que se trata de um filme. Não vida real.
Toda a atmosfera permeia em um tom onírico com duas personagens ligadas, até mesmo pela fotografia que brinca com essa visão, de que Alma e Elisabeth são duas mulheres, independentemente de seu passado. Alma carrega o peso na consciência e só através de sua "persona" (máscara grega utilizada que atribui anonimato) consegue desabafar com outrem libertando-se de seus pecados. Consegue então encarar o espelho e ser ver como mulher, ser humano, falho. Perfeito.
O próprio cinema funciona como uma persona do Bergman, e para todos os cineastas.
Eu acho que o principal do filme não é nem sobre ele ter conseguido o dinheiro ou não, mas a sensação que ele teve. É como a trilha sonora sugere , intitulada também de "Uncut Gems" , ele já havia completado sua "odisseia" , já havia tido a sensação de sua vitória triunfante e já estava em transe.
Acho que o mais importante da figura de Bento XVI foi a renuncia. Um homem renunciar de um dos cargos mais poderosos do mundo é algo quase ficcional. Ainda se você levar o pressuposto de que Ratzinger era extremamente conservador e valorizava demais as hierarquias e tradições católicas.
Em contra-partida temos a figura do Bergoglio, o inverso do conservadorismo tão preponderante na igreja católica e por ironia do destino, ou talvez um sinal, foi escolhido pra cumprir a necessidade de mudança que a religião precisa.
As transições do filme que oscilava entre colorido/preto e branco, a fumaça que subiu no final da cena e todos os sutis sinais que o filme dava servem tanto como complemento como pra contar a história. É um filme fantástico até pra quem, como eu, não é religioso.
Não achei essa aberração que todos falaram , mas achei realmente ruim eles terem voltado com Palpatine. Não precisaria radicalizar tanto, bastava trazer outro vilão ou até a Rey das trevas tomar mais enfoque junto as histórias do Sith. Bom mediano.
Um filme muito sensível. Sobre a solidão, sobre sua casa verdadeira. A dependência a emocional de um filho com um pai e como deixá-lo ir era a única forma de alcançar a felicidade.
A fotografia realça ainda mais a sensação de isolamento da pequenez do ser humano diante do universo.
Destaque para um jogo de luz onde aparente a escuridão tomando conta do Roy enquanto ele vaga até a nave.
Tecnicamente está dentro do nível de dos os outros filmes famosos do gênero.
Ps1: eu teria focado em deixar o Roy dúbio para que no fim o encontro com seu pai tivesse a possibilidade de ser metafórico.
Ps2: teria cortado o filme na cena das estrelas. Antes do desabafo final. Não precisávamos ver aquilo. Sabíamos que ele, finalmente, estava livre.
O importante ressaltar que tipos de filme como esse não são feitos para as pessoas adotarem um lado. A trama é feita para vermos a unilateralidade de ambos os casos e como fica fácil tomarmos opinião de um deles, independentemente da complexidade que seja.
O que pude extrair de mais importante foi que individualidade, os anseios e as vontades próprias existem ainda em um casamento. E que ninguém deve se repartir para se sentir completo.
O comércio de advogados também é abordado, são relações frias, apelativas e desgastantes. Ao mesmo momento que eles parecem se importar na verdade é uma luta de ego, o caso é secundário.
O final fechou perfeitamente a trama. Uns dos melhores do ano.
Bacurau é uma grande metáfora. Há vários contrapontos aqui e claro que seria um filme polêmico.
Primeiro de tudo vemos a crítica relacionada ao descaso das instituições políticas sobre o inteirior do Brasil além da venda de nossa riquezas ao exterior, principalmente diante de nosso governo atual.
Há também o descaso sobre a nossa própria cultura e valorização de práticas etnocêntricas, como a cena do museu, por exemplo.
Outro soco no estômago é o diálogo que reflete os movimentos separatistas do sul e como os americanos se sentem em relação a nós.
A violência e poder exercido por eles não têm uma causa aqui. É meramente por entretenimento. É diversão americana. E como valorizamos a dele em detrimento da nossa.
E o estranhamento que sentimos estarmos familiarizados com a cultura deles em vez da nossa.
Diálogos orgânicos, personagens aprofundados e uma filosofia instrospectiva pesada. Scorsese está de volta e com um tema que já aparentava estar saturado dentro das temáticas do cinema, porém toma novos ares, sem deixar de diferenciar da sua cinegrafia.
O Irlandês traz uma duração longa , mas não perde seu ritmo. Muitos que se assustam com o tempo esquecem quando são levados pelo roteiro e até mesmo aqueles que não gostam de filmes longos têm espaço aqui.
Os detalhes são imensos, feitos com carinho com um enredo que não expõe sua história e não presume a burrice do telespectador. Muito do não dito é compreendido e isso é graças ao roteiro e a direção. Bastou o olhar da mulher de Frank para sabermos que ela sabia da verdade. Ou de um olhar triste do Russel pra compreendermos que não havia mais chance para o Jimmy.
A filosofia (paradoxal até mesmo) foi que todos ali sucumbiram de algum modo, mesmo que não pelo maior mal que fizeram. Frank, por exemplo, "pintou muitas paredes". Mas sua maior pena foi por uma besteira com o carro.
No fim, o protagonista é confrontado pela solidão."Não sobrou ninguém, quem você está defendendo?" Ele perdeu sua família, sua paz e sua consciência. E tudo que restou foi uma porta semiaberta, que simboliza um feixe de esperança, de não morrer ali , completamente sozinho.
Além da luta de classes clara no filme, achei o enredo sensacional e o final fechado como se não fosse um conto de fadas. Pois fica quase que intrínseco de o filho não conseguiria comprar aquela casa futuramente, por causa do diálogo com seu pai anteriormente. "Não devemos fazer planos." Que foi justamente contrariado pelo filho que tentou executar o plano pra lidar com o casal que vivia no Bunker e acabou ferrando tudo.
" Setorize sua alegria. Se divirta no recreio. Mas no fundo você vive nas horas vagas. Sendo programado pra odiar seu trabalho, pra adorar à sexta-feira. Pra quando for se divertir estar tão pressionando que você não vai se divertir; vai descarregar; nesse descarrego você vai consumir; e nesse consumir você vai dar lucro."
Eduardo Marinho resume em si a vivência da teoria de vários pensadores. Uma visão crua da sociedade, vista pelo olhos de um homem que olha além de sua época, que faz parte da mudança e entende que algum dia ela chegará.
O mundo mais colaborativo. Menos competitivo.
" Não precisa mudar o mundo. O mundo já está mudando. Basta buscar mudar sua vida."
Além da denúncia que muito movimentos fazem com jovens sedentos pra mudar o mundo. O que fazem eles serem muitas vezes adultos frustrados. Mudança leva tempo. Pode não ser nesse século que ela virá, e talvez nem no outro. Mas um dia venceremos e isso que importa. Fazemos parte da grande mudança, mesmo que não vivemos nela. E aceitar isso é o mais difícil.
" Não é viver no mundo justo. É virar o nariz pro mundo justo e seguir. Você fez o que pode"
" Não atingimos o patamar de humanidade ainda estamos nos ensaios." Milton Santos
" Não tenho que ter certeza nenhuma. Eu abraço minha dúvida."
"Nem todo mundo precisa de uma mudança radical. Basta que você busque viver bem e já é revolucionário. Você não aceita um emprego que te sacrifique você já tá sendo revolucionário. Se você já criar seus valores, você já está sendo super revolucionário."
Essa é a hora alguém cita Sartre pra ele e ele responde: eu nem sei quem é esse defunto.
Essa é a história de uma mulher foda que apoiou seu marido merda por longos anos e foi trocada por uma menina nova que só queria o dinheiro dele. Pollock lixo humano, Lee rainha. A arte dele não existiria sem o apoio de Lee.
Sobre a direção e atuação ficou tudo impecável, principalmente se você pesquisar as fotos, são todas praticamente cópias e bastantes fiéis a realidade. Como da resvista Life por exemplo. Foi um trabalho feito com carinho pelo diretor/ator.
Não é necessário, mas foi bom rever como Bryan Cranston tem presença numa cena com um personagem tão icônico da cultura pop. E como no fundo ele tinha o desejo que Jesse tivesse um recomeço. Tudo dentro da média, nada de extraordinário.
O melhor são as cenas que une o personagem de Jesse com personagens antigos. Walt falando como ele tem sorte de não ter esperado a vida toda para realizar "algo" e a filosofia de Jane que era terrível. E que sempre é melhor tomarmos a decisão. Jesse finalmente tomou a sua.
O processo de desmitificação da Nova York, solidão do homem moderno, processo de culpa pela guerra atrelada a insônia, submundo urbano,proteção a inocência, sociedade corrompida, eleição de falsos líderes. Crítica ainda maior ao Self-made man (cujo sucesso residia nos próprios indivíduos, não em condições externas), onde Rousseau mostra o indivíduo como fruto do meio. Uma sociedade doente, gera pessoas doentes.
Está tudo lá, atribuído a Travis e sua visão da cidade e no final encontra sua redenção (real ou não) mas nunca consegue a "cura"
Tanto em Taxi Driver quanto em Coringa vemos uma sociedade decadente, violenta e pútrida. E como "indivíduo subterrâneo" de Dostoiévski se aplica a ela.
Ambos os filmes mostram como o Homem não faz o mal por ser mal e sim por considerá-lo com o bem para si. (sei que há exceções). E como uma sociedade frágil é suscetível a eleger extremistas.
O coringa assim como Travis eram homens que fizeram justiça com as próprias mãos. E foram recepcionados positivamente por isso. Pela mesma sociedade. Por pessoas tão frágeis e carentes como eles.
As imagens da natureza no final parecem mostrar o quanto nossa existência parece ser irrelevante para ela. Como nossa tempestuosas relações parecem pífeas diante da grandiosidade que universo tem. No início vemos velhos barcos, como um presságio pro caos que será instaurado logo a seguir.
Minha grande crítica em relação ao filme é que a consequência maior do protagonista não foi gerada pelo estado em si. Não foi pelo grande "leviatã". Suas relações internas familiares foram sendo corrompidas não por um estado opressor, claro que foram atenuadas, porém o suicídio/assassinato ( não se sabe) fora provocado pelo sufocamento da relação que vivia com o protagonista. Não se sabe, por exemplo, se ela foi morta por Roma , ou por algum agente do prefeito que queria incriminar o protagonista. E se essa traição não tivesse ocorrido, ele provavelmente nunca seria preso. Óbvio que, o processos judiciais também estavam corrompidos e de qualquer forma o protagonista tivesse um fim trágico, mas essa traição pareceu-me como um facilitador narrativo para que o enredo não ficasse tão óbvio. Mesmo que liviatã( demônio) tivesse ligação com o pecado da inveja, acho que o enfoque maior do filme era focar na influência do estado/religião, e não entrar no âmbito das relações frágeis que podem ser destruídas por uma "onda". Certamente que o leviatã pode ter várias formas e se manifestar dos mais variados jeitos, então provavelmente o diretor queria mostrar toda aquela família ser envolta por sua presença.
Mas o mistério sobre a morte de mulher surge quase como uma paranóia em nossa mente, nos mostrando como sutil e cruel pode ser o leviatã. E sua presença nos persegue.
O final foi arrebatador. Uma crítica tanto a política russa como as grandes instituições, que termina com uma visão pessimista, de que um indivíduo sozinho é fraco demais pra enfrentá-las. O estado ligado com a religião e como ele comanda a vida civil ao seu entender. Porém, como leviatã não tem uma presença física, ele pode se manifestar cada vez que a opressão ocorre no filme. Sendo ele a repressão que o filho sofre por ter sua família acabada, a mulher pela infelicidade de sua vida, o homem por ter tudo arrancado de si. A natureza frágil que leva a criação de um monstro que controla a catástrofe de nossa vidas.
O final do padre falando sobre "a verdade" é assustador. Tanto pelo presença hipócrita de políticos que vivem das mentiras, os falsos profetas que as vendem e o povo que iludido e carente, a compra.
Stand by me é sobre despedida da infância e como o processo de crescimento pode ser doloroso.
Quando você está no mundo lá fora é muito difícil na fase adulta fazer amizades fiéis e honestas como quando você tinha 12 anos. Além da perca da inocência e entrada no mundo adulto, perdendo assim aquele mundo mágico da infância.
A vida de certa forma também pode ser dolorosa, principalmente quando aquele amigo de infância que você jurava amizade eterna se torna um estranho. Ou é perdido pro mundo das drogas ou até a morte o leva.
Então por mais trágica que a vida possa parecer em certos momentos, o mais importante é se lembrar que existem momentos eternos. Onde a magia flutua durante a tarde nos campos. Quando o ar é leve e você tem alguém do seu lado que sempre vai poder contar. Não importa onde esteja.
O Substituto
4.4 1,7K Assista AgoraAcho que o que mais me chamou atenção no filme é que provavelmente a relação do protagonista com a prostituta é a relação que ele queria ter tido com a mãe. Ele queria ter salvado dos abusos do avô. ( " Você acha que eu sou um velho doente?')
Era um espelho da relação que ele queria ter vivido com a mãe. Não há nada de sexual, só de cuidado.
A coincidência foi que eu havia assistido " A Casa Usher" do Poe uns 2 filmes antes de assistir " O substituto" mostrando a relação da metáfora de estarmos todos desmoronando.
Sussurros do Coração
4.3 482 Assista AgoraFala muito sobre amadurecimento e impaciência do jovem de construir alguma coisa significativa. Shizuku ,como eu, tem pressa de fazer sua maior obra e quando se depara com a necessidade do progresso evolutivo lento se frusta.
Não é uma corrida. Não é uma competição.
As coisas levam tempo assim como a pedra valiosa demora a ser lapidada.
Ainda há tempo. Muito.
Blue Spring
4.1 12A maior análise a ser feita é como as relações de poder são exercidas pelos alunos. E como ela pode refletir na vivência de todos ali. O fato de Kujo "rejeitar" ou nem ligar (parcialmente) para esse sistema faz com que Aoki perca completamente o controle.
Aoki precisa seguir "o sistema" e ele amava aquela hierarquia. Já Kujo foi perfeitamente representado pelo diálogo que resume a maioria dos adolescentes " Há flores que nunca florescem?"
Esse é tom que permeia durante esse período. Vazio, inutilidade, desesperança, incerteza. Todos ali tinha exatamente isso em comum. A sensação de nunca se encaixarem em nada e o medo de futuramente nunca "florescerem" em algum lugar.
Masculino-Feminino
3.9 159 Assista AgoraO filme apresenta críticas a uma visão militante egocêntrica da maioria juventude daquela época e por consequência da nossa. Como o próprio Godard fala "O filme poderia se chamar filhos de Marx e Coca-Cola", quando aborda uma juventude vaidosa que se importa mais em fechar uma porta do que interromper uma briga covarde de marido e mulher. E também da visão machista que o homem tinha ( e ainda tem) sobre o espaço da mulher da sociedade como uma figura fraca, carente e dependente.
"Qual é o centro do mundo para você?"
"É o amor, eu acho."
"Engraçado, eu teria dito 'eu'"
Até em momentos sutis como quando a palavra "Masculino" possui dois significados avulsos e do "Feminino" não possui nenhum.
Quase Famosos
4.1 1,4K Assista AgoraRoad Trip digna, que aventura!
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraO filme todo é um retrato de uma máscara. O próprio Bergman nós revela isso quando a partir da metalinguagem quebra nossa perspectiva de realidade ao colocar cortes que atribuem a nossa consciência de que se trata de um filme. Não vida real.
Toda a atmosfera permeia em um tom onírico com duas personagens ligadas, até mesmo pela fotografia que brinca com essa visão, de que Alma e Elisabeth são duas mulheres, independentemente de seu passado. Alma carrega o peso na consciência e só através de sua "persona" (máscara grega utilizada que atribui anonimato) consegue desabafar com outrem libertando-se de seus pecados. Consegue então encarar o espelho e ser ver como mulher, ser humano, falho. Perfeito.
O próprio cinema funciona como uma persona do Bergman, e para todos os cineastas.
Joias Brutas
3.7 1,1K Assista AgoraEu acho que o principal do filme não é nem sobre ele ter conseguido o dinheiro ou não, mas a sensação que ele teve. É como a trilha sonora sugere , intitulada também de "Uncut Gems" , ele já havia completado sua "odisseia" , já havia tido a sensação de sua vitória triunfante e já estava em transe.
Dois Papas
4.1 962 Assista AgoraAcho que o mais importante da figura de Bento XVI foi a renuncia. Um homem renunciar de um dos cargos mais poderosos do mundo é algo quase ficcional. Ainda se você levar o pressuposto de que Ratzinger era extremamente conservador e valorizava demais as hierarquias e tradições católicas.
Em contra-partida temos a figura do Bergoglio, o inverso do conservadorismo tão preponderante na igreja católica e por ironia do destino, ou talvez um sinal, foi escolhido pra cumprir a necessidade de mudança que a religião precisa.
As transições do filme que oscilava entre colorido/preto e branco, a fumaça que subiu no final da cena e todos os sutis sinais que o filme dava servem tanto como complemento como pra contar a história. É um filme fantástico até pra quem, como eu, não é religioso.
Star Wars, Episódio IX: A Ascensão Skywalker
3.2 1,3K Assista AgoraNão achei essa aberração que todos falaram , mas achei realmente ruim eles terem voltado com Palpatine. Não precisaria radicalizar tanto, bastava trazer outro vilão ou até a Rey das trevas tomar mais enfoque junto as histórias do Sith. Bom mediano.
O Rei da Comédia
4.0 366 Assista AgoraScorsese não decepciona. Impressionante como Joker bebeu dessa fonte.
O filme abre margem para as mais variadas discussões: doenças mentais, fanatismo, fama e etc. Mas o que define o filme é o monólogo de Robert De Niro.
É genial. Mostra o quão difícil é ,por mais que você seja bom, entrar nesse ramo e como a realidade pode ser aceita como comédia.
E o mais importante ainda: como a sociedade e mídia compra e explora figuras controvérsias e o quanto o marketing negativo funciona. Até hoje.
"Melhor ser rei por uma noite do que um idiota a vida inteira"
Space Jam: O Jogo do Século
3.3 787 Assista AgoraAGORA ENTENDI PQ CONHECIA A MÚSICA DE PULP FICTION ANTES DE ASSISTIR KKKKKKKKKKKKK
Ad Astra: Rumo às Estrelas
3.3 852 Assista AgoraUm filme muito sensível. Sobre a solidão, sobre sua casa verdadeira. A dependência a emocional de um filho com um pai e como deixá-lo ir era a única forma de alcançar a felicidade.
A fotografia realça ainda mais a sensação de isolamento da pequenez do ser humano diante do universo.
Destaque para um jogo de luz onde aparente a escuridão tomando conta do Roy enquanto ele vaga até a nave.
Tecnicamente está dentro do nível de dos os outros filmes famosos do gênero.
Ps1: eu teria focado em deixar o Roy dúbio para que no fim o encontro com seu pai tivesse a possibilidade de ser metafórico.
Ps2: teria cortado o filme na cena das estrelas. Antes do desabafo final. Não precisávamos ver aquilo. Sabíamos que ele, finalmente, estava livre.
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraO importante ressaltar que tipos de filme como esse não são feitos para as pessoas adotarem um lado. A trama é feita para vermos a unilateralidade de ambos os casos e como fica fácil tomarmos opinião de um deles, independentemente da complexidade que seja.
O que pude extrair de mais importante foi que individualidade, os anseios e as vontades próprias existem ainda em um casamento. E que ninguém deve se repartir para se sentir completo.
O comércio de advogados também é abordado, são relações frias, apelativas e desgastantes. Ao mesmo momento que eles parecem se importar na verdade é uma luta de ego, o caso é secundário.
O final fechou perfeitamente a trama. Uns dos melhores do ano.
Bacurau
4.3 2,8K Assista Agora" O nordestino é antes de tudo um forte."
Bacurau é uma grande metáfora. Há vários contrapontos aqui e claro que seria um filme polêmico.
Primeiro de tudo vemos a crítica relacionada ao descaso das instituições políticas sobre o inteirior do Brasil além da venda de nossa riquezas ao exterior, principalmente diante de nosso governo atual.
Há também o descaso sobre a nossa própria cultura e valorização de práticas etnocêntricas, como a cena do museu, por exemplo.
Outro soco no estômago é o diálogo que reflete os movimentos separatistas do sul e como os americanos se sentem em relação a nós.
A violência e poder exercido por eles não têm uma causa aqui. É meramente por entretenimento. É diversão americana. E como valorizamos a dele em detrimento da nossa.
E o estranhamento que sentimos estarmos familiarizados com a cultura deles em vez da nossa.
Bacurau é sem dúvidas, necessário.
O Irlandês
4.0 1,5K Assista AgoraDiálogos orgânicos, personagens aprofundados e uma filosofia instrospectiva pesada. Scorsese está de volta e com um tema que já aparentava estar saturado dentro das temáticas do cinema, porém toma novos ares, sem deixar de diferenciar da sua cinegrafia.
O Irlandês traz uma duração longa , mas não perde seu ritmo. Muitos que se assustam com o tempo esquecem quando são levados pelo roteiro e até mesmo aqueles que não gostam de filmes longos têm espaço aqui.
Os detalhes são imensos, feitos com carinho com um enredo que não expõe sua história e não presume a burrice do telespectador. Muito do não dito é compreendido e isso é graças ao roteiro e a direção. Bastou o olhar da mulher de Frank para sabermos que ela sabia da verdade. Ou de um olhar triste do Russel pra compreendermos que não havia mais chance para o Jimmy.
A filosofia (paradoxal até mesmo) foi que todos ali sucumbiram de algum modo, mesmo que não pelo maior mal que fizeram. Frank, por exemplo, "pintou muitas paredes". Mas sua maior pena foi por uma besteira com o carro.
No fim, o protagonista é confrontado pela solidão."Não sobrou ninguém, quem você está defendendo?" Ele perdeu sua família, sua paz e sua consciência. E tudo que restou foi uma porta semiaberta, que simboliza um feixe de esperança, de não morrer ali , completamente sozinho.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraAlém da luta de classes clara no filme, achei o enredo sensacional e o final fechado como se não fosse um conto de fadas. Pois fica quase que intrínseco de o filho não conseguiria comprar aquela casa futuramente, por causa do diálogo com seu pai anteriormente. "Não devemos fazer planos." Que foi justamente contrariado pelo filho que tentou executar o plano pra lidar com o casal que vivia no Bunker e acabou ferrando tudo.
Observar e Absorver
4.4 64" Setorize sua alegria. Se divirta no recreio. Mas no fundo você vive nas horas vagas. Sendo programado pra odiar seu trabalho, pra adorar à sexta-feira. Pra quando for se divertir estar tão pressionando que você não vai se divertir; vai descarregar; nesse descarrego você vai consumir; e nesse consumir você vai dar lucro."
Eduardo Marinho resume em si a vivência da teoria de vários pensadores. Uma visão crua da sociedade, vista pelo olhos de um homem que olha além de sua época, que faz parte da mudança e entende que algum dia ela chegará.
O mundo mais colaborativo. Menos competitivo.
" Não precisa mudar o mundo. O mundo já está mudando. Basta buscar mudar sua vida."
Além da denúncia que muito movimentos fazem com jovens sedentos pra mudar o mundo. O que fazem eles serem muitas vezes adultos frustrados. Mudança leva tempo. Pode não ser nesse século que ela virá, e talvez nem no outro. Mas um dia venceremos e isso que importa. Fazemos parte da grande mudança, mesmo que não vivemos nela. E aceitar isso é o mais difícil.
" Não é viver no mundo justo. É virar o nariz pro mundo justo e seguir. Você fez o que pode"
" Não atingimos o patamar de humanidade ainda estamos nos ensaios." Milton Santos
" Não tenho que ter certeza nenhuma. Eu abraço minha dúvida."
"Nem todo mundo precisa de uma mudança radical. Basta que você busque viver bem e já é revolucionário. Você não aceita um emprego que te sacrifique você já tá sendo revolucionário. Se você já criar seus valores, você já está sendo super revolucionário."
Essa é a hora alguém cita Sartre pra ele e ele responde: eu nem sei quem é esse defunto.
Porque pra ele bastou. Observar e Absover.
Pollock
3.7 100Essa é a história de uma mulher foda que apoiou seu marido merda por longos anos e foi trocada por uma menina nova que só queria o dinheiro dele. Pollock lixo humano, Lee rainha. A arte dele não existiria sem o apoio de Lee.
Sobre a direção e atuação ficou tudo impecável, principalmente se você pesquisar as fotos, são todas praticamente cópias e bastantes fiéis a realidade. Como da resvista Life por exemplo. Foi um trabalho feito com carinho pelo diretor/ator.
El Camino: Um Filme de Breaking Bad
3.7 843 Assista AgoraNão é necessário, mas foi bom rever como Bryan Cranston tem presença numa cena com um personagem tão icônico da cultura pop. E como no fundo ele tinha o desejo que Jesse tivesse um recomeço. Tudo dentro da média, nada de extraordinário.
O melhor são as cenas que une o personagem de Jesse com personagens antigos. Walt falando como ele tem sorte de não ter esperado a vida toda para realizar "algo" e a filosofia de Jane que era terrível. E que sempre é melhor tomarmos a decisão. Jesse finalmente tomou a sua.
Taxi Driver
4.2 2,6K Assista AgoraO processo de desmitificação da Nova York, solidão do homem moderno, processo de culpa pela guerra atrelada a insônia, submundo urbano,proteção a inocência, sociedade corrompida, eleição de falsos líderes. Crítica ainda maior ao Self-made man (cujo sucesso residia nos próprios indivíduos, não em condições externas), onde Rousseau mostra o indivíduo como fruto do meio. Uma sociedade doente, gera pessoas doentes.
Está tudo lá, atribuído a Travis e sua visão da cidade e no final encontra sua redenção (real ou não) mas nunca consegue a "cura"
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraTanto em Taxi Driver quanto em Coringa vemos uma sociedade decadente, violenta e pútrida. E como "indivíduo subterrâneo" de Dostoiévski se aplica a ela.
Ambos os filmes mostram como o Homem não faz o mal por ser mal e sim por considerá-lo com o bem para si. (sei que há exceções). E como uma sociedade frágil é suscetível a eleger extremistas.
O coringa assim como Travis eram homens que fizeram justiça com as próprias mãos. E foram recepcionados positivamente por isso. Pela mesma sociedade. Por pessoas tão frágeis e carentes como eles.
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista AgoraA vingança de um homem contra um Deus (médico) injusto.
Leviatã
3.8 299As imagens da natureza no final parecem mostrar o quanto nossa existência parece ser irrelevante para ela. Como nossa tempestuosas relações parecem pífeas diante da grandiosidade que universo tem. No início vemos velhos barcos, como um presságio pro caos que será instaurado logo a seguir.
Minha grande crítica em relação ao filme é que a consequência maior do protagonista não foi gerada pelo estado em si. Não foi pelo grande "leviatã". Suas relações internas familiares foram sendo corrompidas não por um estado opressor, claro que foram atenuadas, porém o suicídio/assassinato ( não se sabe) fora provocado pelo sufocamento da relação que vivia com o protagonista. Não se sabe, por exemplo, se ela foi morta por Roma , ou por algum agente do prefeito que queria incriminar o protagonista. E se essa traição não tivesse ocorrido, ele provavelmente nunca seria preso. Óbvio que, o processos judiciais também estavam corrompidos e de qualquer forma o protagonista tivesse um fim trágico, mas essa traição pareceu-me como um facilitador narrativo para que o enredo não ficasse tão óbvio. Mesmo que liviatã( demônio) tivesse ligação com o pecado da inveja, acho que o enfoque maior do filme era focar na influência do estado/religião, e não entrar no âmbito das relações frágeis que podem ser destruídas por uma "onda". Certamente que o leviatã pode ter várias formas e se manifestar dos mais variados jeitos, então provavelmente o diretor queria mostrar toda aquela família ser envolta por sua presença.
Mas o mistério sobre a morte de mulher surge quase como uma paranóia em nossa mente, nos mostrando como sutil e cruel pode ser o leviatã. E sua presença nos persegue.
O final foi arrebatador. Uma crítica tanto a política russa como as grandes instituições, que termina com uma visão pessimista, de que um indivíduo sozinho é fraco demais pra enfrentá-las. O estado ligado com a religião e como ele comanda a vida civil ao seu entender. Porém, como leviatã não tem uma presença física, ele pode se manifestar cada vez que a opressão ocorre no filme. Sendo ele a repressão que o filho sofre por ter sua família acabada, a mulher pela infelicidade de sua vida, o homem por ter tudo arrancado de si. A natureza frágil que leva a criação de um monstro que controla a catástrofe de nossa vidas.
O final do padre falando sobre "a verdade" é assustador. Tanto pelo presença hipócrita de políticos que vivem das mentiras, os falsos profetas que as vendem e o povo que iludido e carente, a compra.
Conta Comigo
4.3 1,9K Assista AgoraStand by me é sobre despedida da infância e como o processo de crescimento pode ser doloroso.
Quando você está no mundo lá fora é muito difícil na fase adulta fazer amizades fiéis e honestas como quando você tinha 12 anos. Além da perca da inocência e entrada no mundo adulto, perdendo assim aquele mundo mágico da infância.
A vida de certa forma também pode ser dolorosa, principalmente quando aquele amigo de infância que você jurava amizade eterna se torna um estranho. Ou é perdido pro mundo das drogas ou até a morte o leva.
Então por mais trágica que a vida possa parecer em certos momentos, o mais importante é se lembrar que existem momentos eternos. Onde a magia flutua durante a tarde nos campos. Quando o ar é leve e você tem alguém do seu lado que sempre vai poder contar. Não importa onde esteja.