Fiz uma média rápida dos últimos 50 comentários: Homens deram nota 2.9. Mulheres deram nota 4.0. Acredito que é um padrão que vai se repetir. Isso diz muito.
Não tem roteiro, não tem contextualização, umas cenas jogadas pra tentar fazer um plot Twist no final, mas é tudo absurdamente horrível. O filme não tem moral nenhuma. Horrível. Horrível.
Hospital Colônia de Barbacena tem muita história, tem muita informação, tem muito conteúdo, tem muita violência, muita violação de direito, muita trama política, coisas pesadíssimas. Quem chegou até aqui deve conhecer o livro e o documentário.
Tinha muito potencial pra ser um símbolo da Reforma Psiquiátrica e da luta antimanicomial. Mas essa série aqui é muito fraca. Muito arrastada, muito enrolada. Meu sonho era ver a trama dessa série com uma produção tal qual a da série Chernobyl.
A série é fantástica por dois motivos: primeiramente pelo roteiro, atuações, fotografia, trilha sonora, etc, os quais nem precisam de delongas. Em segundo lugar porque são marqueteiros profissionais de primeira linha. Ao mesmo tempo que contam a tragédia histórica, ideologias atravessam todo o discurso. E ignorar isto significa ignorar grande parcela do sucesso desta série. Vou elencar algumas observações:
1.: Toda a podridão do ser humano é simbolizada no Anatoly Dyatlov: ganância, egoísmo, corrupção, autoritarismo, arrogância, etc. 2.: O Estado é mentiroso, corrupto, deliberadamente oculta informações para manutenção do próprio poder. O que não é novidade para nenhum Estado ou governo que já existiu. Mas vamos admitir, não é qualquer Estado: é a União Soviética. São os socialistas. Isso tem um peso enorme dentro do mundo ocidental em que vivemos. O Estado e Dyatlov ficam bem próximos no imaginário que é difícil separá-los. O discurso de Gorbachev no final da série arremata o que todos já pensavam: é em um das tragédias histórias mais impactantes da humanidade em que o Estado socialista mostra sua verdadeira face de podridão e o castigo não demora a vir: Chernobyl foi a verdadeira causa do fim da União Soviética. 3.: mostrar toda a corrupção dos socialistas aliada às fantásticas cenas de sofrimento e suas consequências, sejam os bombeiros com os corpos mortificados, Lyudmilla perdendo o bebê ou os soldados assassinando os animais, os indefesos filhotes. Este último sob o manto do discurso socialista escrita na faixa ao fundo: "The Happiness of All Mankind", o qual é o título do 4º episódio. A sacada dos caras é sensacional. A associação é inevitável. 4.: e quem é o verdadeiro heroi? A ciência. Neutra, objetiva, racional. Que mostra que "contra fatos não há argumentos". A ciência que é ingênua, pura e traz a verdade. Passando a régua em qualquer possibilidade de análise crítica da história. 5.: após estas breves descrições, isto converge para um mesmo caminho que faz com que a própria série se venda através deste discurso: se a ciência é neutra, então a neutralidade é possível. A própria série poderia ser neutra e, portanto, isenta e pura de qualquer discurso ideológico. Qualquer um que venha colocar ideologias atravessadas no discurso da neutralidade racional científica está procurando pelo em ovo. 6.: somos metralhados por esses discursos o tempo todo. O melhor poder não é através da força, mas ideológico. A série condensa toda ideologia dominante numa história como essa. Os caras são excelentes.
O filme é muito bonito e muito emocionante. A jornada do Herói é fantástica. Mas o que me incomoda muito, e convido para a reflexão, é que em todas as animações (não só, mas principalmente as americanas) é a propaganda do ethos nacional americano: o American Dream ou o Sonho Americano. Para quem desconhece o termo, trago uma definição de James Truslow Adams, de 1931: "a vida deveria ser melhor e mais rica e mais completa para todos, com oportunidades para todos baseado em suas habilidades ou conquistas", independente de sua classe social ou circunstâncias do nascimento. Ou seja, é a afirmação de que todos são iguais e, portanto, "tenha fé que você consegue alcançar seus sonhos". Mas na construção de todas estas animações ocorre uma falha intrínseca nessa lógica do American Dream que é o acesso a oportunidades. Todas as personagens, de início, são pessoas comuns, ordinárias, mas todas elas precisam transcender seu status social de alguma forma. E quando chega nesse ponto, absolutamente todas as animações falham nisto dentro desta ideologia do American Dream. E aqui não é diferente. Miguel, por exemplo,
não tem violão pra tocar no concurso de música da praça da cidade. E aí, claro, como podemos afirmar que somos todos iguais? É somente a partir de um furto do violão no túmulo do De La Cruz que a jornada dele pode ir para a próxima etapa. Um furto. O que me faz pensar em duas alternativas para esse problema: ou estamos legitimando furtos para conseguir nossos sonhos ou essa lógica não se sustenta. Para mim, pelo menos, é óbvio que essa lógica não se sustenta. Mas mesmo assim, isto continua se vendendo como ideologia, que simplesmente ignora deliberadamente diferenças sociais claríssimas que existem em todos os lugares. É isso que a gente ensina para nossas crianças desde cedo como forma de ver o mundo. Até animações se tornam instrumentos políticos de afirmação de uma ideologia. E os caras são excelentes no que fazem: inserem isto dentro de uma animação fantástica e emocionante como essa, que tem, aqui no Filmow, nota 4,5 de mais de 12 mil pessoas no momento. Trágico.
Caí de paraquedas nesse documentário. Me interessei pelo tema das UPP's pelo recente assassinato da Marielle. E ela estava aqui. Um país onde a PM mata moradores de favelas. Uma intervenção federal é realizada onde dá mais poder e menos transparência às ações dos militares. Cria-se uma comissão para observar e evitar excesso dos militares. A relatora dessa comissão é executada. O Brasil é simples.
Arábia Saudita. Último país no mundo a proibir as mulheres de dirigir, bem hoje, dia 26/09/2017, isso caiu. A partir de junho de 2018 a ordem real permitirá a emissão de carteiras de motorista para as mulheres. Antes dessa conquista, elas tiveram outras. Antes de dirigir, elas aprenderam a pedalar. Filme simbólico para as conquistas das mulheres, sem falar que foi o primeiro filme dirigido por uma mulher neste país. Sensacional!
A história do Desmond Doss, apesar de espetacularizada, é muito bonita. Mas o que me incomoda nesses filmes é o retrato do outro. O retrato do adversário. O retrato, neste caso, dos japoneses. Cenas como a que os japoneses
rendidos, após levantarem a bandeira branca, atacam com granadas, só faz com que jogue no fundo da lata do lixo a humanidade que nós percebemos neles. Cenas como estas jogam no lixo a dignidade do outro. Faz com que o público não reconheça mais o valor humano do outro lado. E aí as pessoas falam após o filme: "esses japoneses são tudo filhos da p. mesmo, tudo kamikaze". Escutei isso, de verdade. É claro que o filme é de um americano sobre a versão americana da história. Mas isso só reforça uma ideologia binária de tudo o que não faz parte do "nós" não tem o menor resquício de humanidade e dignidade. Que "os outros" são capazes de qualquer coisa, das ações mais desumanas possíveis e que a única solução "pra eles" é a morte.
os índios são os bárbaros, os selvagens, os que cometem atrocidades, são os que matam mulheres e crianças, os sedentos por sangue, os que não podem dar um sorriso, que tem cara de mau e que podem atacar a qualquer momento. Esta é a premissa que se vende o tempo todo. Portanto, o ataque, ao final, é justificado pela própria defesa. Fosse boato ou não. A cena em que aparece a bandeira dos Estados Unidos hasteada ao lado da cabeça decapitada de Wituwamat é totalmente simbólica. O que fica claro é que a única alternativa era a de matar os índios pra ter paz. Isto, claro, entendido como legítima defesa. É esta a justificativa. Isto porque os índios sempre tiveram apenas duas opções: (1) ou "respeitavam a fé cristã", como enfatizam ao final sobre Hobbamock (como se esta suposta ação de "respeito" praticada por um indígena fosse algo louvável), o que significa, na verdade, que foram catequizados pelos europeus (e Massassoit usando um casaco pode ser visto apenas como proteção ao frio, mas também como simbólico de aquisição do novo estilo europeu); ou (2) morriam. Nunca existiu uma terceira opção, de que pudessem viver em harmonia. O final, que é exatamente isto, brancos e índios dançando juntos, é apenas uma ilusão. Final horrível, diga-se de passagem, que vai numa direção contrária a tudo que foi exposto anteriormente. O famoso "terminou em pizza". E a própria série deixa isso claro quando o filho de Winslow mata o filho de Massassoit, anos depois. Mas, obviamente, isto não é encenado. 3 horas demonstrando a selvageria dos índios e 1 minuto, apenas escrito, sobre o ataque dos europeus. A intenção é clara. E é justamente esta a questão que se repete: brancos europeus levando a boa nova pro mundo. E justificam isto através da premissa de que qualquer povo que não seja branco europeu é barbaro, primitivo, selvagem e/ou violento e que, portanto, precisam de uma intervenção, porque "perdoa-os, Pai, pois não sabem o que fazem". Lamentável.
O filme é bacana. Quando vi "thriller" no gênero até fiquei surpreso. Mas eu gostei da história. O problema pra mim é que quase todos os filmes sempre reforçam a ideia de que
Que homem! Seu trabalho deveria ser mais divulgado. Excelente! Eu tenho legenda em português do Mythos 1 e dos três primeiros episódios do Mythos 2. Tenho legenda em inglês pros outros dois episódios do Mythos 2. Se alguém quiser, deixe um recado. Se alguém conseguir legendas pro Mythos 3, em inglês ou português, por favor, me avise!
atento ou atenta aos vários indícios e isto não deu o choque que poderia dar
, de que forma, exatamente, isto desqualifica o filme? Tá se achando o diferentão ou diferentona por ter feito isso? A Maria que não vai com as outras? Se vocês se preocupam com isto, acredito que vocês estão perdendo a lição incrível que este filme dá. Tem coisa mais linda do que quando o Cawley fala:
"Jurei que eu podia construir a encenação mais radical e avançada já realizada na Psiquiatria. Achei que se vivesse essa fantasia, você veria como isso tudo é falso e impossível. Você se movimentou livre por dois dias. Me diga: cadê as experiências nazistas?".
Não sei até que ponto vocês estão familiarizados com um profissional de saúde que tem contato direto e, de frente, com pacientes e com o seu tratamento (e aqui me refiro não só, mas, principalmente, a psiquiatras e psicólogos e psicólogas), mas deixar que o paciente trilhe o seu próprio caminho é um dos maiores desafios no tratamento.
Cawley diz: "você se movimentou livre por dois dias". Conduzir o tratamento do paciente deixando que ele viva a sua loucura, em que o próprio paciente decide o caminho que quer trilhar (e esta foi uma das funções do Chuck, principalmente chamando-o de "boss"), na boa, foi lindo. E a mente elaborar uma história dessas pra não ter que lidar com a realidade também é de uma beleza fascinante. Infelizmente, a ciência ainda não sabe como curar um paciente psicótico. O que fazemos é medicar um paciente para que os seus sintomas psicóticos não se manifestem. E isso não é curar. E o final ainda dá uma reflexão mastigada: "fico imaginando o que é pior: viver como um monstro, ou morrer como um homem bom".
Incrível como a gente pode não falar sobre nossos problemas, mas acabamos colocando estes problemas no que fazemos pelas entrelinhas. É inevitável. Pode ser uma vontade de
acertar com um taco de beisebol a cabeça de um pai que abusa da filha. Pode ser um rap. Pode ser uma história de um polvo e de tubarão.
Metáforas que traduzem a nossa vida e nossos pensamentos. E o ser humano é tão fascinante que consegue transformar seus problemas em arte. Arte de uma situação humana que se torna passível de identificação por qualquer outro ser humano. E a gente se identifica. E a gente se une com outras pessoas que se identificaram. Mas o problema surge de como podemos compreender a história ou a metáfora do outro e quem consegue fazer isso. Que sejamos iguais
qualé a da expressão abatida do psicoterapeuta? E qual é a intenção do curta? Ilustrar a "cura pela palavra"? Mostrar que o psicoterapeuta também é humano? Que todos deveriam fazer psicoterapia? Qualquer que seja, penso que o diretor foi muito infeliz na construção da metáfora. Um mergulhador, pesca o peixe (problema) e o traz à mesa (consciência) do psicoterapeuta faz muito sentido e eu gostei. Mas martelá-lo com o símbolo de um sorriso foi, ao meu ver, muito infeliz. Por dois motivos: (1) isso demonstra uma lógica paternalista da posição do psicoterapeuta, como se este fosse o detentor do saber. Mesma lógica da relação professor->aluno, em que o primeiro ensina e o segundo aprende; ou do médico->paciente. Uma relação unilateral. Isso é absurdo, porque ilustra um (2) pensamento linear acerca de um problema existencial de um ser humano (que é a coisa mais complexa que existe), do tipo: "eu pego o seu problema, resolvo, e te devolvo traduzido em palavras floreadas". Seria muito mais lúcida uma metáfora em que o psicoterapeuta ILUMINASSE o problema, no sentido de colocar uma luz sobre, elucidar as emoções, sentimentos, perspectivas, memórias, recursividades e padrões de comportamento. Como se estivesse dizendo: "olha, eu estou aqui pra te AJUDAR a elucidar o seu problema. Eu não vou resolvê-lo. É você que vai fazer isso". Não se resolve problemas existenciais martelando felicidade em cima deles. Vida saudável depende da elaboração dos conflitos e isso não quer dizer desabafo e nem conselhos. Por isso que psicoterapia não é instantânea. Na boa, se as pessoas entendem que esse curta pode ser uma ilustração do que acontece em uma psicoterapia, este curta é um desserviço.
O filme tem uma atmosfera tensa. Penso que em alguns momentos podemos deixar de perceber alguma coisa ou algo passar batido por fazermos parte de uma cultura diferente. Temos que estar atentos ao significado da religiosidade e à participação social da mulher, que são diferentes da nossa cultura ocidental. Porém, por outro lado, mostra que alguns dilemas cotidianos do ser humano são universais.
Eu não sei até que ponto o divórcio, no início do filme, era apenas um meio para um fim, ou seja, para Simin conseguir viajar para o exterior. Não sei se Simin e Nader realmente queriam se divorciar, se se pensar no caráter da relação entre os dois. Simin fala, inclusive, que queria que Nader fosse junto. Será que queriam ficar separados mesmo?Porém, no final do filme, os dois realmente estavam se divorciando, independente de viagem para o exterior. Isso muda todo o sentido da separação do casal. E o significado que isso tem, depois de toda a construção do filme, é fascinante.
Por último, minha mãe disse: "ai, não acredito que não mostra com quem ela [Termeh] fica no final". Meu pai, respondendo: "eu acho que ela ficou com o pai". Minha mãe, retrucando: "eu acho que ela ficou com a mãe". A despeito de meu pai e minha mãe defenderem seus correspondentes no filme, importa mostrar com quem Termeh ficou?
Ajudem-me, sei que tem bem mais. Koyaanisqaatsi, The Corporation, Baraka, Nascido para Matar, Requiem para um Sonho, Eles Vivem, Magnólia, Gladiador, 1984, Bourne (não sei qual dos 3 primeiros). E aí?
Quando eu vi a média 4.6 aqui no Filmow com quase 1000 votos, pensei: "poha, preciso ver urgente esse filme". O filme é muito bom. Muita ação. Thriller intenso. Nem preciso comentar de todos os pontos positivos porque a galera tá descrevendo bem aí nos comentários. Mas além disso, tem um ponto muito importante que, ao meu ver, o filme deixou a desejar, que é a
construção do Max como personagem. Pra mim, ele foi um personagem muito superficial, no sentido de: quem é o Max? De onde ele vem? Pra onde vai? Como se identificar com o personagem? Tem um passado que o atormenta, mas não foi mostrado nada sobre o que realmente aconteceu nesse passado. Nesse sentido, acredito que a identificação que o telespectador pode ter com o Max está sujeita às deduções que cada um faz sobre ele, principalmente sobre o seu passado. Digo "deduções" porque nem tem o que "interpretar", já que não sabemos nada além das alucinações que ele tem. Tudo bem que era característica dele ser fechado, reservado e solitário. Mas eu o senti muito deslocado dos outros personagens, Até o Nux tem mais história no filme do que o Max. Se comparado com a Furiosa então, nem se fala. Nesse panorama, penso que a construção do personagem é essencial pra ocorrer uma identificação e, consequentemente, uma catarse. E pra mim isso não ocorreu.
Como a própria Mara Telles (uma das pesquisadoras) escreve: "Qualquer um que tenha acompanhado as convocações para os protestos que têm acontecido em 2015 no Brasil conhece o viés antigovernista de tais atos. Mas a diversidade de opiniões encontrada nas entrevistas evidencia que os manifestantes não compõem um grupo homogêneo, tampouco foram às ruas apenas para reivindicar o impeachment da presidente. Alguns dos entrevistados defendem a intervenção militar, enquanto outros a rejeitam; uns pedem pelo fim do comunismo no Brasil e a maioria adota o discurso anticorrupção e condena partidos e líderes políticos". Fica a pergunta: como estes manifestantes se informam? A única coisa que percebo que é homogênea nesse grupo é a oscilação entre o clima de copa do mundo e a indignação carregada de ódio "contra tudo que está aí". Para eles, está tudo ruim, está tudo errado. Demagogia rolando solta com um "Tira o PT do governo"; mas ninguém sabe o que fazer depois. "Tem que acabar com a corrupção", mas são poucos os que se preocupam, por exemplo, com o financiamento privado de campanha política. Surgem termos como "reformulação", "reforma política" e outros, mas ninguém sabe o que realmente significa ou que que propor. Parece que quem reclamar mais e demonstrar mais ódio é o mais inteligente. Já dizia o Criolo: "quem toma banho de ódio exala o aroma da morte".
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraFiz uma média rápida dos últimos 50 comentários:
Homens deram nota 2.9.
Mulheres deram nota 4.0.
Acredito que é um padrão que vai se repetir.
Isso diz muito.
La Octava Clausula
2.4 10Um dos piores filmes que já vi na vida. Sinceramente.
Não tem roteiro, não tem contextualização, umas cenas jogadas pra tentar fazer um plot Twist no final, mas é tudo absurdamente horrível.
O filme não tem moral nenhuma. Horrível. Horrível.
Colônia (1ª Temporada)
3.4 10 Assista AgoraHospital Colônia de Barbacena tem muita história, tem muita informação, tem muito conteúdo, tem muita violência, muita violação de direito, muita trama política, coisas pesadíssimas. Quem chegou até aqui deve conhecer o livro e o documentário.
Tinha muito potencial pra ser um símbolo da Reforma Psiquiátrica e da luta antimanicomial.
Mas essa série aqui é muito fraca. Muito arrastada, muito enrolada. Meu sonho era ver a trama dessa série com uma produção tal qual a da série Chernobyl.
Onde Está Meu Coração
4.1 11210 episódios e nem ao menos fazer uma citação sobre
a existência da Rede de Atenção Psicossocial do SUS para tratamento em saúde mental. Isso diz muito.
Transição - Via Celestina 2
2.9 8https://www.youtube.com/watch?v=o1XnmCnp6Bo
Chernobyl
4.7 1,4K Assista AgoraA série é fantástica por dois motivos: primeiramente pelo roteiro, atuações, fotografia, trilha sonora, etc, os quais nem precisam de delongas.
Em segundo lugar porque são marqueteiros profissionais de primeira linha. Ao mesmo tempo que contam a tragédia histórica, ideologias atravessam todo o discurso. E ignorar isto significa ignorar grande parcela do sucesso desta série. Vou elencar algumas observações:
1.: Toda a podridão do ser humano é simbolizada no Anatoly Dyatlov: ganância, egoísmo, corrupção, autoritarismo, arrogância, etc.
2.: O Estado é mentiroso, corrupto, deliberadamente oculta informações para manutenção do próprio poder. O que não é novidade para nenhum Estado ou governo que já existiu. Mas vamos admitir, não é qualquer Estado: é a União Soviética. São os socialistas. Isso tem um peso enorme dentro do mundo ocidental em que vivemos. O Estado e Dyatlov ficam bem próximos no imaginário que é difícil separá-los. O discurso de Gorbachev no final da série arremata o que todos já pensavam: é em um das tragédias histórias mais impactantes da humanidade em que o Estado socialista mostra sua verdadeira face de podridão e o castigo não demora a vir: Chernobyl foi a verdadeira causa do fim da União Soviética.
3.: mostrar toda a corrupção dos socialistas aliada às fantásticas cenas de sofrimento e suas consequências, sejam os bombeiros com os corpos mortificados, Lyudmilla perdendo o bebê ou os soldados assassinando os animais, os indefesos filhotes. Este último sob o manto do discurso socialista escrita na faixa ao fundo: "The Happiness of All Mankind", o qual é o título do 4º episódio. A sacada dos caras é sensacional. A associação é inevitável.
4.: e quem é o verdadeiro heroi? A ciência. Neutra, objetiva, racional. Que mostra que "contra fatos não há argumentos". A ciência que é ingênua, pura e traz a verdade. Passando a régua em qualquer possibilidade de análise crítica da história.
5.: após estas breves descrições, isto converge para um mesmo caminho que faz com que a própria série se venda através deste discurso: se a ciência é neutra, então a neutralidade é possível. A própria série poderia ser neutra e, portanto, isenta e pura de qualquer discurso ideológico. Qualquer um que venha colocar ideologias atravessadas no discurso da neutralidade racional científica está procurando pelo em ovo.
6.: somos metralhados por esses discursos o tempo todo. O melhor poder não é através da força, mas ideológico. A série condensa toda ideologia dominante numa história como essa. Os caras são excelentes.
A Noite de 12 Anos
4.3 302 Assista AgoraHello darkness, my old friend
Viva: A Vida é Uma Festa
4.5 2,5K Assista AgoraO filme é muito bonito e muito emocionante. A jornada do Herói é fantástica. Mas o que me incomoda muito, e convido para a reflexão, é que em todas as animações (não só, mas principalmente as americanas) é a propaganda do ethos nacional americano: o American Dream ou o Sonho Americano. Para quem desconhece o termo, trago uma definição de James Truslow Adams, de 1931: "a vida deveria ser melhor e mais rica e mais completa para todos, com oportunidades para todos baseado em suas habilidades ou conquistas", independente de sua classe social ou circunstâncias do nascimento. Ou seja, é a afirmação de que todos são iguais e, portanto, "tenha fé que você consegue alcançar seus sonhos".
Mas na construção de todas estas animações ocorre uma falha intrínseca nessa lógica do American Dream que é o acesso a oportunidades. Todas as personagens, de início, são pessoas comuns, ordinárias, mas todas elas precisam transcender seu status social de alguma forma. E quando chega nesse ponto, absolutamente todas as animações falham nisto dentro desta ideologia do American Dream. E aqui não é diferente. Miguel, por exemplo,
não tem violão pra tocar no concurso de música da praça da cidade. E aí, claro, como podemos afirmar que somos todos iguais? É somente a partir de um furto do violão no túmulo do De La Cruz que a jornada dele pode ir para a próxima etapa. Um furto. O que me faz pensar em duas alternativas para esse problema: ou estamos legitimando furtos para conseguir nossos sonhos ou essa lógica não se sustenta. Para mim, pelo menos, é óbvio que essa lógica não se sustenta. Mas mesmo assim, isto continua se vendendo como ideologia, que simplesmente ignora deliberadamente diferenças sociais claríssimas que existem em todos os lugares. É isso que a gente ensina para nossas crianças desde cedo como forma de ver o mundo. Até animações se tornam instrumentos políticos de afirmação de uma ideologia. E os caras são excelentes no que fazem: inserem isto dentro de uma animação fantástica e emocionante como essa, que tem, aqui no Filmow, nota 4,5 de mais de 12 mil pessoas no momento. Trágico.
O Estopim
4.4 11Caí de paraquedas nesse documentário. Me interessei pelo tema das UPP's pelo recente assassinato da Marielle. E ela estava aqui.
Um país onde a PM mata moradores de favelas.
Uma intervenção federal é realizada onde dá mais poder e menos transparência às ações dos militares.
Cria-se uma comissão para observar e evitar excesso dos militares.
A relatora dessa comissão é executada.
O Brasil é simples.
Blackfish: Fúria Animal
4.4 456Seria melhor até "Peixe Preto" do que "Fúria Animal" no título. Até parece que quem deu esse nome nem assistiu ao documentário.
Saúde e Alimentação do Povo Xavante
1Alguém sabe onde tem disponível pra assistir ou baixar?
O Sonho de Wadjda
4.2 137 Assista AgoraArábia Saudita. Último país no mundo a proibir as mulheres de dirigir, bem hoje, dia 26/09/2017, isso caiu. A partir de junho de 2018 a ordem real permitirá a emissão de carteiras de motorista para as mulheres. Antes dessa conquista, elas tiveram outras. Antes de dirigir, elas aprenderam a pedalar. Filme simbólico para as conquistas das mulheres, sem falar que foi o primeiro filme dirigido por uma mulher neste país. Sensacional!
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraA história do Desmond Doss, apesar de espetacularizada, é muito bonita. Mas o que me incomoda nesses filmes é o retrato do outro. O retrato do adversário. O retrato, neste caso, dos japoneses. Cenas como a que os japoneses
rendidos, após levantarem a bandeira branca, atacam com granadas, só faz com que jogue no fundo da lata do lixo a humanidade que nós percebemos neles. Cenas como estas jogam no lixo a dignidade do outro. Faz com que o público não reconheça mais o valor humano do outro lado. E aí as pessoas falam após o filme: "esses japoneses são tudo filhos da p. mesmo, tudo kamikaze". Escutei isso, de verdade. É claro que o filme é de um americano sobre a versão americana da história. Mas isso só reforça uma ideologia binária de tudo o que não faz parte do "nós" não tem o menor resquício de humanidade e dignidade. Que "os outros" são capazes de qualquer coisa, das ações mais desumanas possíveis e que a única solução "pra eles" é a morte.
Saints and Strangers
3.7 17Embora o retrato de ordem operacional pra se instalar uma colônia até seja interessante, tem algo durante a série que me incomoda muito:
os índios são os bárbaros, os selvagens, os que cometem atrocidades, são os que matam mulheres e crianças, os sedentos por sangue, os que não podem dar um sorriso, que tem cara de mau e que podem atacar a qualquer momento.
Esta é a premissa que se vende o tempo todo. Portanto, o ataque, ao final, é justificado pela própria defesa. Fosse boato ou não. A cena em que aparece a bandeira dos Estados Unidos hasteada ao lado da cabeça decapitada de Wituwamat é totalmente simbólica. O que fica claro é que a única alternativa era a de matar os índios pra ter paz. Isto, claro, entendido como legítima defesa. É esta a justificativa.
Isto porque os índios sempre tiveram apenas duas opções: (1) ou "respeitavam a fé cristã", como enfatizam ao final sobre Hobbamock (como se esta suposta ação de "respeito" praticada por um indígena fosse algo louvável), o que significa, na verdade, que foram catequizados pelos europeus (e Massassoit usando um casaco pode ser visto apenas como proteção ao frio, mas também como simbólico de aquisição do novo estilo europeu); ou (2) morriam.
Nunca existiu uma terceira opção, de que pudessem viver em harmonia. O final, que é exatamente isto, brancos e índios dançando juntos, é apenas uma ilusão. Final horrível, diga-se de passagem, que vai numa direção contrária a tudo que foi exposto anteriormente. O famoso "terminou em pizza". E a própria série deixa isso claro quando o filho de Winslow mata o filho de Massassoit, anos depois. Mas, obviamente, isto não é encenado. 3 horas demonstrando a selvageria dos índios e 1 minuto, apenas escrito, sobre o ataque dos europeus. A intenção é clara.
E é justamente esta a questão que se repete: brancos europeus levando a boa nova pro mundo. E justificam isto através da premissa de que qualquer povo que não seja branco europeu é barbaro, primitivo, selvagem e/ou violento e que, portanto, precisam de uma intervenção, porque "perdoa-os, Pai, pois não sabem o que fazem". Lamentável.
Um Porto Seguro
3.6 1,1K Assista AgoraO filme é bacana. Quando vi "thriller" no gênero até fiquei surpreso. Mas eu gostei da história. O problema pra mim é que quase todos os filmes sempre reforçam a ideia de que
pra fazer justiça alguém tem que morrer.
Mythos I and II
4.5 1Que homem! Seu trabalho deveria ser mais divulgado. Excelente!
Eu tenho legenda em português do Mythos 1 e dos três primeiros episódios do Mythos 2. Tenho legenda em inglês pros outros dois episódios do Mythos 2. Se alguém quiser, deixe um recado. Se alguém conseguir legendas pro Mythos 3, em inglês ou português, por favor, me avise!
Ilha do Medo
4.2 4,0K Assista AgoraEssa galera que já
adivinhou o plot twist
atento ou atenta aos vários indícios e isto não deu o choque que poderia dar
Se vocês se preocupam com isto, acredito que vocês estão perdendo a lição incrível que este filme dá. Tem coisa mais linda do que quando o Cawley fala:
"Jurei que eu podia construir a encenação mais radical e avançada já realizada na Psiquiatria. Achei que se vivesse essa fantasia, você veria como isso tudo é falso e impossível. Você se movimentou livre por dois dias. Me diga: cadê as experiências nazistas?".
Cawley diz: "você se movimentou livre por dois dias". Conduzir o tratamento do paciente deixando que ele viva a sua loucura, em que o próprio paciente decide o caminho que quer trilhar (e esta foi uma das funções do Chuck, principalmente chamando-o de "boss"), na boa, foi lindo. E a mente elaborar uma história dessas pra não ter que lidar com a realidade também é de uma beleza fascinante. Infelizmente, a ciência ainda não sabe como curar um paciente psicótico. O que fazemos é medicar um paciente para que os seus sintomas psicóticos não se manifestem. E isso não é curar. E o final ainda dá uma reflexão mastigada: "fico imaginando o que é pior: viver como um monstro, ou morrer como um homem bom".
Temporário 12
4.3 590Incrível como a gente pode não falar sobre nossos problemas, mas acabamos colocando estes problemas no que fazemos pelas entrelinhas. É inevitável. Pode ser uma vontade de
acertar com um taco de beisebol a cabeça de um pai que abusa da filha. Pode ser um rap. Pode ser uma história de um polvo e de tubarão.
a Grace para interpretar histórias de polvo e tubarão
Peixe-Médico
4.0 11Eu fiquei pensando sobre esse curta durante horas, mas sério, não consegui ver algo de positivo. Primeiro,
qualé a da expressão abatida do psicoterapeuta? E qual é a intenção do curta? Ilustrar a "cura pela palavra"? Mostrar que o psicoterapeuta também é humano? Que todos deveriam fazer psicoterapia? Qualquer que seja, penso que o diretor foi muito infeliz na construção da metáfora. Um mergulhador, pesca o peixe (problema) e o traz à mesa (consciência) do psicoterapeuta faz muito sentido e eu gostei. Mas martelá-lo com o símbolo de um sorriso foi, ao meu ver, muito infeliz. Por dois motivos: (1) isso demonstra uma lógica paternalista da posição do psicoterapeuta, como se este fosse o detentor do saber. Mesma lógica da relação professor->aluno, em que o primeiro ensina e o segundo aprende; ou do médico->paciente. Uma relação unilateral. Isso é absurdo, porque ilustra um (2) pensamento linear acerca de um problema existencial de um ser humano (que é a coisa mais complexa que existe), do tipo: "eu pego o seu problema, resolvo, e te devolvo traduzido em palavras floreadas". Seria muito mais lúcida uma metáfora em que o psicoterapeuta ILUMINASSE o problema, no sentido de colocar uma luz sobre, elucidar as emoções, sentimentos, perspectivas, memórias, recursividades e padrões de comportamento. Como se estivesse dizendo: "olha, eu estou aqui pra te AJUDAR a elucidar o seu problema. Eu não vou resolvê-lo. É você que vai fazer isso".
Não se resolve problemas existenciais martelando felicidade em cima deles. Vida saudável depende da elaboração dos conflitos e isso não quer dizer desabafo e nem conselhos. Por isso que psicoterapia não é instantânea. Na boa, se as pessoas entendem que esse curta pode ser uma ilustração do que acontece em uma psicoterapia, este curta é um desserviço.
A Separação
4.2 726 Assista AgoraO filme tem uma atmosfera tensa. Penso que em alguns momentos podemos deixar de perceber alguma coisa ou algo passar batido por fazermos parte de uma cultura diferente. Temos que estar atentos ao significado da religiosidade e à participação social da mulher, que são diferentes da nossa cultura ocidental. Porém, por outro lado, mostra que alguns dilemas cotidianos do ser humano são universais.
Eu não sei até que ponto o divórcio, no início do filme, era apenas um meio para um fim, ou seja, para Simin conseguir viajar para o exterior. Não sei se Simin e Nader realmente queriam se divorciar, se se pensar no caráter da relação entre os dois. Simin fala, inclusive, que queria que Nader fosse junto. Será que queriam ficar separados mesmo?Porém, no final do filme, os dois realmente estavam se divorciando, independente de viagem para o exterior. Isso muda todo o sentido da separação do casal. E o significado que isso tem, depois de toda a construção do filme, é fascinante.
Por último, minha mãe disse: "ai, não acredito que não mostra com quem ela [Termeh] fica no final". Meu pai, respondendo: "eu acho que ela ficou com o pai". Minha mãe, retrucando: "eu acho que ela ficou com a mãe". A despeito de meu pai e minha mãe defenderem seus correspondentes no filme, importa mostrar com quem Termeh ficou?
Da Servidão Moderna
4.2 114 Assista AgoraAjudem-me, sei que tem bem mais. Koyaanisqaatsi, The Corporation, Baraka, Nascido para Matar, Requiem para um Sonho, Eles Vivem, Magnólia, Gladiador, 1984, Bourne (não sei qual dos 3 primeiros). E aí?
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraConcretizando o que, por vezes, temos vontade de fazer.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraQuando eu vi a média 4.6 aqui no Filmow com quase 1000 votos, pensei: "poha, preciso ver urgente esse filme".
O filme é muito bom. Muita ação. Thriller intenso. Nem preciso comentar de todos os pontos positivos porque a galera tá descrevendo bem aí nos comentários. Mas além disso, tem um ponto muito importante que, ao meu ver, o filme deixou a desejar, que é a
construção do Max como personagem. Pra mim, ele foi um personagem muito superficial, no sentido de: quem é o Max? De onde ele vem? Pra onde vai? Como se identificar com o personagem? Tem um passado que o atormenta, mas não foi mostrado nada sobre o que realmente aconteceu nesse passado. Nesse sentido, acredito que a identificação que o telespectador pode ter com o Max está sujeita às deduções que cada um faz sobre ele, principalmente sobre o seu passado. Digo "deduções" porque nem tem o que "interpretar", já que não sabemos nada além das alucinações que ele tem. Tudo bem que era característica dele ser fechado, reservado e solitário. Mas eu o senti muito deslocado dos outros personagens, Até o Nux tem mais história no filme do que o Max. Se comparado com a Furiosa então, nem se fala. Nesse panorama, penso que a construção do personagem é essencial pra ocorrer uma identificação e, consequentemente, uma catarse. E pra mim isso não ocorreu.
Ps.: o que era aquele doidão tocando guitarra o tempo todo? HAHAHAHA!
A culpa é das estrelas: a manifestação
4.0 1Como a própria Mara Telles (uma das pesquisadoras) escreve:
"Qualquer um que tenha acompanhado as convocações para os protestos que têm acontecido em 2015 no Brasil conhece o viés antigovernista de tais atos. Mas a diversidade de opiniões encontrada nas entrevistas evidencia que os manifestantes não compõem um grupo homogêneo, tampouco foram às ruas apenas para reivindicar o impeachment da presidente. Alguns dos entrevistados defendem a intervenção militar, enquanto outros a rejeitam; uns pedem pelo fim do comunismo no Brasil e a maioria adota o discurso anticorrupção e condena partidos e líderes políticos".
Fica a pergunta: como estes manifestantes se informam?
A única coisa que percebo que é homogênea nesse grupo é a oscilação entre o clima de copa do mundo e a indignação carregada de ódio "contra tudo que está aí". Para eles, está tudo ruim, está tudo errado. Demagogia rolando solta com um "Tira o PT do governo"; mas ninguém sabe o que fazer depois. "Tem que acabar com a corrupção", mas são poucos os que se preocupam, por exemplo, com o financiamento privado de campanha política. Surgem termos como "reformulação", "reforma política" e outros, mas ninguém sabe o que realmente significa ou que que propor. Parece que quem reclamar mais e demonstrar mais ódio é o mais inteligente.
Já dizia o Criolo: "quem toma banho de ódio exala o aroma da morte".