qualé a da expressão abatida do psicoterapeuta? E qual é a intenção do curta? Ilustrar a "cura pela palavra"? Mostrar que o psicoterapeuta também é humano? Que todos deveriam fazer psicoterapia? Qualquer que seja, penso que o diretor foi muito infeliz na construção da metáfora. Um mergulhador, pesca o peixe (problema) e o traz à mesa (consciência) do psicoterapeuta faz muito sentido e eu gostei. Mas martelá-lo com o símbolo de um sorriso foi, ao meu ver, muito infeliz. Por dois motivos: (1) isso demonstra uma lógica paternalista da posição do psicoterapeuta, como se este fosse o detentor do saber. Mesma lógica da relação professor->aluno, em que o primeiro ensina e o segundo aprende; ou do médico->paciente. Uma relação unilateral. Isso é absurdo, porque ilustra um (2) pensamento linear acerca de um problema existencial de um ser humano (que é a coisa mais complexa que existe), do tipo: "eu pego o seu problema, resolvo, e te devolvo traduzido em palavras floreadas". Seria muito mais lúcida uma metáfora em que o psicoterapeuta ILUMINASSE o problema, no sentido de colocar uma luz sobre, elucidar as emoções, sentimentos, perspectivas, memórias, recursividades e padrões de comportamento. Como se estivesse dizendo: "olha, eu estou aqui pra te AJUDAR a elucidar o seu problema. Eu não vou resolvê-lo. É você que vai fazer isso". Não se resolve problemas existenciais martelando felicidade em cima deles. Vida saudável depende da elaboração dos conflitos e isso não quer dizer desabafo e nem conselhos. Por isso que psicoterapia não é instantânea. Na boa, se as pessoas entendem que esse curta pode ser uma ilustração do que acontece em uma psicoterapia, este curta é um desserviço.
Como a própria Mara Telles (uma das pesquisadoras) escreve: "Qualquer um que tenha acompanhado as convocações para os protestos que têm acontecido em 2015 no Brasil conhece o viés antigovernista de tais atos. Mas a diversidade de opiniões encontrada nas entrevistas evidencia que os manifestantes não compõem um grupo homogêneo, tampouco foram às ruas apenas para reivindicar o impeachment da presidente. Alguns dos entrevistados defendem a intervenção militar, enquanto outros a rejeitam; uns pedem pelo fim do comunismo no Brasil e a maioria adota o discurso anticorrupção e condena partidos e líderes políticos". Fica a pergunta: como estes manifestantes se informam? A única coisa que percebo que é homogênea nesse grupo é a oscilação entre o clima de copa do mundo e a indignação carregada de ódio "contra tudo que está aí". Para eles, está tudo ruim, está tudo errado. Demagogia rolando solta com um "Tira o PT do governo"; mas ninguém sabe o que fazer depois. "Tem que acabar com a corrupção", mas são poucos os que se preocupam, por exemplo, com o financiamento privado de campanha política. Surgem termos como "reformulação", "reforma política" e outros, mas ninguém sabe o que realmente significa ou que que propor. Parece que quem reclamar mais e demonstrar mais ódio é o mais inteligente. Já dizia o Criolo: "quem toma banho de ódio exala o aroma da morte".
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Saúde e Alimentação do Povo Xavante
1Alguém sabe onde tem disponível pra assistir ou baixar?
Peixe-Médico
4.0 11Eu fiquei pensando sobre esse curta durante horas, mas sério, não consegui ver algo de positivo. Primeiro,
qualé a da expressão abatida do psicoterapeuta? E qual é a intenção do curta? Ilustrar a "cura pela palavra"? Mostrar que o psicoterapeuta também é humano? Que todos deveriam fazer psicoterapia? Qualquer que seja, penso que o diretor foi muito infeliz na construção da metáfora. Um mergulhador, pesca o peixe (problema) e o traz à mesa (consciência) do psicoterapeuta faz muito sentido e eu gostei. Mas martelá-lo com o símbolo de um sorriso foi, ao meu ver, muito infeliz. Por dois motivos: (1) isso demonstra uma lógica paternalista da posição do psicoterapeuta, como se este fosse o detentor do saber. Mesma lógica da relação professor->aluno, em que o primeiro ensina e o segundo aprende; ou do médico->paciente. Uma relação unilateral. Isso é absurdo, porque ilustra um (2) pensamento linear acerca de um problema existencial de um ser humano (que é a coisa mais complexa que existe), do tipo: "eu pego o seu problema, resolvo, e te devolvo traduzido em palavras floreadas". Seria muito mais lúcida uma metáfora em que o psicoterapeuta ILUMINASSE o problema, no sentido de colocar uma luz sobre, elucidar as emoções, sentimentos, perspectivas, memórias, recursividades e padrões de comportamento. Como se estivesse dizendo: "olha, eu estou aqui pra te AJUDAR a elucidar o seu problema. Eu não vou resolvê-lo. É você que vai fazer isso".
Não se resolve problemas existenciais martelando felicidade em cima deles. Vida saudável depende da elaboração dos conflitos e isso não quer dizer desabafo e nem conselhos. Por isso que psicoterapia não é instantânea. Na boa, se as pessoas entendem que esse curta pode ser uma ilustração do que acontece em uma psicoterapia, este curta é um desserviço.
A culpa é das estrelas: a manifestação
4.0 1Como a própria Mara Telles (uma das pesquisadoras) escreve:
"Qualquer um que tenha acompanhado as convocações para os protestos que têm acontecido em 2015 no Brasil conhece o viés antigovernista de tais atos. Mas a diversidade de opiniões encontrada nas entrevistas evidencia que os manifestantes não compõem um grupo homogêneo, tampouco foram às ruas apenas para reivindicar o impeachment da presidente. Alguns dos entrevistados defendem a intervenção militar, enquanto outros a rejeitam; uns pedem pelo fim do comunismo no Brasil e a maioria adota o discurso anticorrupção e condena partidos e líderes políticos".
Fica a pergunta: como estes manifestantes se informam?
A única coisa que percebo que é homogênea nesse grupo é a oscilação entre o clima de copa do mundo e a indignação carregada de ódio "contra tudo que está aí". Para eles, está tudo ruim, está tudo errado. Demagogia rolando solta com um "Tira o PT do governo"; mas ninguém sabe o que fazer depois. "Tem que acabar com a corrupção", mas são poucos os que se preocupam, por exemplo, com o financiamento privado de campanha política. Surgem termos como "reformulação", "reforma política" e outros, mas ninguém sabe o que realmente significa ou que que propor. Parece que quem reclamar mais e demonstrar mais ódio é o mais inteligente.
Já dizia o Criolo: "quem toma banho de ódio exala o aroma da morte".