Não sei se as pessoas estão indo com muita má vontade ver os filmes do David Gordon Green (até comentei na página de Halloween Ends os motivos de ter considerado o filme um dos melhores da franquia) ou se estão assistindo tudo no piloto automático porque boa parte das críticas que vi contra o filme são injustas.
Uma coisa é fato: O Exorcista original não é um filme aterrorizante, mas é um filme que te dá medo pela aura que ele cria. Quando você chega ao final percebe que nem fazia tanto sentido ficar amedrontado mas, mesmo assim, ele cria uma aura de tensão que te acompanha do início ao fim, um filme pesado.
E O Devoto segue essa mesma característica e parte do plano base de O Exorcista. Se lá era uma mãe solteira, aqui é um pai. Se lá Regan brinca com um tabuleiro ouija encontrado no porão, aqui a jovem faz um ritual. E até mesmo a personagem de Ellen Burstyn tem relação com o Padre Karras do primeiro filme: a pessoa que era crente e, após tanto tempo, passa a ter duvidas de suas próprias crenças.
Confesso que em alguns momentos fiquei incomodado com a falta de correspondência dos ritos criados neste Exorcista com a realidade e, por sorte, todos estes problemas são corrigidos. Ellen Burstyn em nenhum momento é uma exorcista ou de fato julga que foi o patriarcado o culpado por não poder participar o ritual (tanto que ela fala isso como uma piada, rindo logo em seguida),
mas a sua soberba a faz ser punida quando inicia o ritual. De mesmo modo todos os envolvidos que, por não possuírem conhecimento, realizam o ritual de forma infrutífera. Ou o padre que, mesmo buscando fazer o ritual sem autorização, acaba sendo morto, também tendo sua punição. O ritual não foi feito, o que aconteceu foi que os personagens fizeram um pacto com o demônio livrando uma das garotas, e talvez nisso seja a ideia base da trilogia.
E por esses cuidados eu acho que o filme realmente vale a pena e as críticas são injustas. Em nenhum momento ele desrespeita o original, ao contrário, ele mostra quais são as consequências de quando você quebra as regras estabelecidas.
Seu único ponto negativo, para mim, é a queda dessa tensão após a primeira hora quando, em realidade, deveria deixar o espectador apreensivo na cadeira. Fora isso, não tenho do que reclamar.
Segue muito o estilo de Sam Raimi em Evil Dead, com os mesmos exageros e cenas cômicas. No entanto, enquanto lá o foco da trama é o humor e a ação, estes aqui são coadjuvantes, tendo como foco o terror e os sustos que, mesmo sendo constantes, funcionam. Você compra a história da protagonista e quer ajudá-la a resolver o problema. A protagonista, escolhida a dedo, nos ajuda nessa missão de torcermos por ela pois mesmo fazendo coisas terríveis e, de certo modo, merecendo sua maldição, ainda assim tem um rosto tão ingênuo que nos cativa a protege-la.
Seu problema maior é a repetição à exaustão, com diversos comportamentos sendo utilizados sucessivamente pelo Sam Raimi a ponto de se tornarem cansativos, como por exemplo algo nojento sempre acabar indo na boca dos personagens. Em Evil Dead isso já existia, mas ocorria somente em uma cena ou outra quando aqui ele busca inserir em praticamente todas as cenas de conflito.
Esse me pegou de surpresa principalmente por sua qualidade. John Landis não economiza nos bons efeitos e em buscar construir uma trama que seja ao mesmo tempo leve e crítica. E é bacana ver como ele insere o monstro americano como uma espécie de invasão, inserindo-o sempre com figuras relacionadas ao cinema americano, colocando pôsteres de hamburger, transformando a Picadilly Circus em uma Times Square e inserindo sua cena final em um cinema pornô, como se quisesse mostrar que o "monstro americano" já se encontrava em sua sociedade através dos costumes. E mesmo sem todo esse subtexto ainda assim é um filme grandioso, seguindo a linha dos monstros clássicos como King Kong, a criatura que é trazida do interior para a cidade grande e aterroriza a população. É total Stephen King, e não duvido que o autor tenha se inspirado nas cenas dos diálogos no cinema pornô para criar a cena do Casamento Maldito em Christine.
Há uns 13 anos, quando saiu Cisne Negro, conheci Aronofsky por causa do Rapaduracast que fez um programa todo sobre a obra do diretor. Vi todos os filmes, menos Requiem para um sonho que diziam que era extremamente pesado e te fazia se sentir mal com o que era mostrado. Somente após tanto tempo é que tive coragem de assistir e, talvez por causa do Hype, não gostei tanto. Sim, é um bom filme, com uma primeira cena que é uma das melhores coisas que o cinema já fez, bem editada e mostrando ao mesmo tempo dois pontos de vista. Seus efeitos são legais e é bem sincero ao mostrar diversos tipos de vício, não somente os ilegais. No entanto, acabei achando que o filme acabou não indo a lugar nenhum. Seus personagens tem seus altos e baixos e, diferente de um roteiro cíclico em que o retorno ao ponto de partida ao menos te surpreende com toda a jornada feita, aqui você já sabe desde o início como tudo irá acabar pois são poucas as alterações. Esperava ao menos alguma surpresa quando, em realidade, o filme mais parecia uma reportagem.
Ele segue na loucura do segundo filme o que, ao menos para mim, funcionou bem já que o ponto alto é ver os atores se divertindo ao fazer uma cena insana ou interagindo com efeitos especiais. Confesso que me surpreendi com os efeitos e achei bem competentes, não te tirando daquela atmosfera. Os "mini Ash" são incríveis e dá para ver que Peter Jackson se inspirou aqui na composição de sua batalha final em As Duas Torres.
No início achei que seria um filme problemático quando, em realidade, tudo aquilo que é mostrado não possui qualquer carga romântica ou justificável. Ele é proposital, escancarado, no sentido de mostrar que nenhuma daquelas pessoas ali é valorosa, por mais que defenda comportamentos e decoros, sendo até mesmo a guerra o elemento mais tranquilo de toda a situação, como se até mesmo ela tivesse medo de entrar naquela casa. Mesmo com uma direção bem ruim, quase como de um filme feito para a televisão com diversos closes repentinos com a música subindo para marcar as frases de efeito, ainda assim consegue ser um filme bem competente pela sua história, que vai nos fazendo mudar de opinião ao longo de toda a trama. Os poucos momentos em sépia também são excelentes, deixando o filme idêntico às fotografias do período.
Não é tão bom quanto o anterior, que trouxe muitos elementos que agregavam à mitologia de Dragon Ball quando o costume era somente tratar os filmes como fillers. No entanto, este não chega a ser uma completa perda de tempo, trazendo alguns personagens bem interessantes à saga e a condição de Shenlong de atender a dois desejos ao invés de apenas um, bem como algumas limitações no seu poder de ressurreição que antes não existiam. Tem uma luta final excelente, que faz valer todo o filme, e eleva muito a importância de alguns personagens, como Kuririn e Vegeta, que nunca representavam um perigo real a seus inimigos.
Faz parte daqueles filmes que eu gostei muito mais após terminarem. Ao longo de todo o documentário ficava pensando qual seria a intenção do Kleber Mendonça ao fazer o filme já que, de fato, ele aparenta ser um mero colacionado de aspectos diversos de sua vida, retratos esparsos, sendo essa uma tênue ligação entre os temas que, ao menos para mim, poderia ter sido mostrada de uma maneira mais forte: como o cinema sempre fez parte de sua vida e de sua cidade, seja por meio de locais que não existem mais ou de uma vida cultural efervescente. Com isso, saí do filme com um gosto amargo na boca, tendo plena consciência de que ele não chegava aos pés dos filmes anteriores. No entanto, ele continua na sua cabeça, e você começa a rir das ironias que vão surgindo na história, lembra do latido contínuo do cachorro, da história do projecionista, tem vontade de visitar o Cine São Luís e então ele muda de figura, pois suas lembranças se tornam muito melhores, com esses fantasmas do passado te perseguindo ao longo do dia.
Seguindo o estilo dos filmes de terror que trazem aspectos mais humanos como a maternidade, ao estilo Babadook, Sob a Sombra consegue ser diferente ao menos para nós, ocidentais, ao inserir no terror mais dois elementos: a vida em um país em conflito e as criaturas místicas do oriente médio. Ele não é totalmente eficaz, óbvio, já que demora demais para inserir seu âmbito de terror e perde muito tempo com o personagem do marido, que pouco agrega ao contexto geral, mas ainda assim traz umas reflexões bem legais sobre quem são os demônios de hoje em dia, a síndrome de impostor e os medos internos. E, confesso, levei alguns sustos próximo ao final.
Pode não ser a versão definitiva sobre Carmen Miranda, mas com certeza é uma das mais completas, sendo exaustivo o esforço em mostrar todos os aspectos que tornaram Carmen Miranda quem foi, as roupas, a música, a dança e também o pessoal, o político e o psicológico. Gostei muito dos atores contratados que, auxiliados por uma fotografia muito competente, de fato nos fizeram enxergar Carmen Miranda no dia a dia, seja vendendo chapéus ou respondendo à perguntas da imprensa. É um filme que você respira o início do século XX, e talvez isso seja uma das maiores belezas que se pode encontrar em um filme.
Ele segue uma linha bem distinta do primeiro filme. Se o anterior focava mais no terror e no estilo found footage, aqui o foco do filme é o suspense, apenas tendo alguns elementos que situam o espectador naquele universo do primeiro filme. Com isso, para quem já assistiu Cloverfield, boa parte do mistério do filme que vigora na primeira meia hora se perde
, somente vindo a partir desse momento toda a desconfiança sobre quem ali está falando a verdade ou mentindo e nos jogando nesse ambiente. Perde muito do seu ritmo na metade, quando os personagens começam com o clássico elemento de contar histórias aleatórias para se conhecerem melhor, só retomando o interesse do espectador por volta da meia hora final. Não é uma maravilha do cinema, mas entretém, e é legal ver John Goodman nos testando com seus momentos good cop/bad cop.
O que mais me chamou a atenção foi como ele toma o cuidado para que não fiquemos 100% defendendo um único lado. Por vezes defendemos o monstro, querendo que ele seja deixado em paz, mas o primeiro ataque partiu dele junto aos trabalhadores que sequer mexeram no lago. Em seguida passamos a defender os cientistas, os quais passam a fazer uma busca implacável, mas perseguem mesmo quando este foge, utilizando venenos e outros objetos terríveis. E é por causa disso que o filme até hoje funciona, mesmo com alguns elementos ficando datados: porque ele mexe com aquilo que você acredita. As cenas gravadas em baixo d'água são incríveis, principalmente a última luta submersa, em que a criatura, devido ao movimento e aos cortes, realmente parece um animal marinho. Este é um dos filmes que deveriam ter sido feitos coloridos, principalmente pelas cenas na selva.
Simples e direto ao ponto, não dando tempo sequer para o filme ter momentos de tédio, somente contando o essencial para a história. O que mais chama a atenção é que em plenos anos 40, quando ainda havia toda a segregação racial nos Estados Unidos, o filme se preocupa em trazer atores negros e traz toda a parte religiosa de forma respeitosa, colocando o conflito entre superstição e religião. Seus mitos e representações tem muito do aspecto sulista da Louisiana e do Mississipi, inclusive com momentos de cantores que nos remetem ao Delta Blues, talvez a parte mais agradável de toda a história pois a música cantada é muito boa. Uma grata surpresa.
Mesmo com as cenas de terror ou suspense em si não funcionando hoje da mesma forma como funcionavam nos anos 60, é impossível não dizer que é um filme perfeito. Muito inspirado em Hitchcock e seu Janela Indiscreta, e inspirando o próprio diretor anos mais tarde quando foi fazer ser Frenesí a ponto de repetir a mesma atriz, Michael Powell consegue nos prender ainda hoje porque sua história é tensa e interessante o suficiente para nos cativar (e, confesso, eu até tinha ido assistir ao filme de má vontade, não esperando nada por ele).
O que mais impressiona é o ritmo incrível que o filme tem, principalmente na cena com a atriz no set.
Seu personagem, poucos anos antes do surgimento do termo "serial killer", já tinha todas as características bem definidas de um psicopata, com seus comportamentos, principalmente na primeira metade, nos remetendo a um Travis de Taxi Driver (tanto que é clara a influência dele no filme de Scorsese quando Travis, em seu primeiro encontro, leva a namorada a um cinema pornô enquanto aqui leva Helen para ver um filme caseiro). Mas seu personagem consegue crescer tanto que vai além: ele não quer somente retratar alguém transtornado, com seus gatilhos, mas também alguém que sofre com isso, que deseja se recuperar mas desiste por não ser algo fácil.
Mark é quase como um tratado científico, sendo muito interessante seu discurso final sobre o medo, algo que eleva o filme a uma obra-prima do cinema. Ele critica a si próprio, a sociedade e a indústria do cinema com a fixação pela desgraça. Ele não quer apenas mostrar, ele também busca entender e fica desolado com as poucas respostas que encontra.
Esse pegou todo mundo de surpresa. Com uma trama que nos deixa interessados por querermos saber como um laboratório e uma cabana irão se misturar, o filme segue, já no final dos anos 2000, uma linha que vinha sendo trabalhada nos anos 90: a de deturpar os estereótipos de gênero de terror, como em Pânico e o próprio Halloween 8. E ele nos pega de surpresa por justamente vir após considerarmos que toda essa fase já havia passado. É engraçado e seu terror não vem das coisas que acontecem com os personagens, já que sabemos desde o início sobre o experimento, mas sim de tudo o que há oculto nesse experimento em si. Centenas de referências aos filmes de terror, do Lobisomem até o IT clássico, passando por Alien e Anaconda e, sinceramente, gosto muito quando o final foge do costumeiro "e tudo voltou a ser como antes".
Bem melhor do que o primeiro considerando que o anterior é basicamente um filme comum de terror dos anos 80, com jovens passando o dia em uma cabana. Aqui Sam Raimi acaba fazendo um reboot, desconsiderando os eventos do primeiro filme a ponto de Ash sequer reconhecer o livro, e criar uma história insana.
O filme só funciona porque você consegue perceber que os atores estão se divertindo com a ideia, volta e meia vazando um sorriso no meio dos gritos ou dos banhos de sangue, e com isso acabamos comprando a ideia. Bruce Campbell se dedica ao personagem quase chegando na exaustão física, a ponto de nós ficarmos cansados juntos com tanta correria e golpes. Não é uma atuação digna de Oscar, mas de fato também não é uma atuação para qualquer um. A parte da mão puxando o corpo desmaiado é muito boa.
E até mesmo os efeitos, que boa parte restaram datados, ainda tem alguns elementos que são surpreendentes, como por exemplo os objetos que começam a rir. Esse filme me ganhou.
Me espantei com a nota baixa dessa filme já que ele é muito bem feito. Claro que Audie Murphy não está em sua melhor forma, em vários momentos lembrando mais um Marty McFly em De Volta para o Futuro 3 do que um personagem do Western, mas isso não atrapalha o roteiro que é muito bom. É instigante, te deixa com raiva dos vilões e tem um ritmo frenético que não te deixa ver o tempo passar. Sempre gosto de ver as ambientações dos faroestes e esta aqui mais uma vez não deve em nada aos bons filmes do gênero, com as diligências de pintura gasta, o barro e a poeira, reaproveitando algumas paisagens onde também foi filmado Ronda de Sangue do John Wayne.
Uma boa história, feita para as sessões de matinês dos anos 40 a fim de ser exibido antes do longa-metragem da noite. Com isso, sua história acaba sendo mais concisa, com seus personagens sendo divididos em vários núcleos a fim de aproveitar melhor o tempo. Está longe de ser uma obra-prima do cinema, ainda mais levando-se em consideração que foi lançado justamente na época em que o próprio Western estava se transformando com obras como No tempo das diligências. No entanto, chama a atenção por contemporizar o faroeste ao próprio período, inserindo veículos de grandes porte.
Entretém, mas não chega nem perto do anterior, focando mais no conflito entre pessoas do que mostrando as diversas criaturas pré-históricas. Acaba apelando demais para efeitos especiais sem necessidade, com inúmeras cenas escuras no fundo do mar, super-trajes e afins, coisas que não agregam em nada à história geral já que o que todo mundo quer ver são os Megalodons. Pelo menos não é cansativo, mas não é suficiente para tornar um bom filme.
Eu sou um mega fã da Bonelli, daquele que só não lê tudo que a editora lança por não ter condições de comprar todos os personagens, então só de ver finalmente a editora lançando sua produtora, com aquele curta inicial de Tex cruzando os vários cenários, já me causou uma alegria maior do que um Vingadores Ultimato (de verdade, isso me deixou muito feliz).
E isso melhorou ao ver que o filme de Dampyr é bom. Ele não é perfeito, claro, tem muitos diálogos que não se encaixam por serem algo característico dos quadrinhos, necessitando de uma alteração para outras mídias a fim de não ser caricato, mas ainda assim ele consegue contar uma boa história desse personagem e de uma maneira bem competente. Os efeitos estão bons, a fotografia e até mesmo as atuações. Você percebe que o filme foi feito com todo o cuidado para ser um produto vendável, gravado diretamente em inglês, e é bem sucedido nisso. Digo até que poderia ser mais simples, já que o filme ainda tem muitas mudanças de cenários, o que torna a condução um pouco cansativa, mudanças estas que também são característica dos quadrinhos. No entanto, o resultado final ainda é muito agradável.
Não chegou a me incomodar a duração ou o ritmo já que assisti como uma minissérie de três episódios, podendo perceber com clareza quando cada episódio termina quando acontece algum plot twist na história ou a cena se encerra congelada. Assim, com exceção da primeira hora inicial que de fato é bem cansativa, com poucos acontecimentos e voltada mais para apresentar todos os moradores da cidade, a história é incrível. Lembrava pouco do livro, considerando que o li já tem mais de 10 anos, e decidi assistir o filme devido aos contos complementares que existem em Sombras da Noite. É interessante ver que o filme tem toda a noção de que ele é galhofa e que sua tecnologia é defasada, podendo tirar o espectador daquele universo, então toda vez que precisa se utilizar de algum desses elementos, como por exemplo seu vampiro Nosferatu, ele insere alguma outra técnica para aumentar o terror, seja diminuindo o ritmo e os sons antes dele aparecer, para nos dar um susto, ou até alguma técnica de câmera, e então o filme consegue realmente passar o medo e a tensão. Vale muito ver, independente dessa uma hora inicial.
O Dólar Furado tem uma meia hora inicial excelente e prossegue com boas cenas de lutas e tiroteios. No entanto, peca em um elemento característico dos Western Spaghetti: o excesso de subtramas e plot twists. Apesar de inicialmente ser divertido ver Giuliano Gemma se embrenhando no meio dos bandidos, com uma postura idêntica à um Tex Willer (tanto que viveu o personagem nos cinemas), o filme acaba querendo ser tão surpreendente que fica cansativo, com o espectador não sabendo mais em quem confiar e, ao final, até pensando "Se continuar assim ele vai ter que fazer uma limpa na cidade". Ainda assim, um bom entretenimento.
Mesmo já tendo visto Os Sete Samurais, Sete Homens e Um Destino é um filme completamente autônomo que não deve e sequer se vincula ao original. Ele apenas se utiliza da mesma base, sete homens protegendo um vilarejo mas, afora isso, toma todas as liberdades para contar sua história por si só, sem se preocupar em fazer referências ou criar personagens com as mesmas características. E nisso ele cria uma história que atrai até mesmo quem viu o original, pois ficamos na dúvida em saber como será o seu encerramento. É divertido, instigante, como um Vingadores dos anos 60 já que o filme faz questão de mostrar quão grandiosa era a reunião entre aqueles atores, aumentando a música quando estes se encontram.
De fato, Yul Brynner é quem rouba a cena, merecidamente fugindo dos seus papeis estereotipados de sheik, rei ou vizir, e você consegue ver na tela como ele está se divertindo com essa maior liberdade que conseguiu. É um daqueles personagens que te dá vontade de ser amigo.
Faz parte daqueles filmes que ajudou a firmar a figura de Henry Fonda como um pilar moral em seus personagens no cinema americano, algo que se consolidaria muitos anos depois com Doze Homens e Uma Sentença e O Homem Errado, mas que já era abordado aqui e em As Vinhas da Ira.
É a base do forasteiro que vê todo o caos acontecer e se encontra de mãos atadas para solucionar a questão. Ele sabe que tudo aqui está errado, mas não tem condições suficientes para convencer aos outros de que estão errados (e sequer tem a certeza disso, já que esteve fora por um bom tempo).
É revoltante e nos faz sair do filme com uma carga pesada, ao estilo dos próprios personagens na cena final, pois sabemos que, se estivéssemos na mesma situação, provavelmente também nos comportaríamos como Henry Fonda, e por querermos uma punição que nunca chega.
O que mais me chamou a atenção é a similaridade entre a primeira e a última cena, em que até o mesmo cachorro atravessa a rua em sentido oposto. Se isso não foi proposital, foi realmente um golpe de sorte.
O Exorcista: O Devoto
2.1 405 Assista AgoraNão sei se as pessoas estão indo com muita má vontade ver os filmes do David Gordon Green (até comentei na página de Halloween Ends os motivos de ter considerado o filme um dos melhores da franquia) ou se estão assistindo tudo no piloto automático porque boa parte das críticas que vi contra o filme são injustas.
Uma coisa é fato: O Exorcista original não é um filme aterrorizante, mas é um filme que te dá medo pela aura que ele cria. Quando você chega ao final percebe que nem fazia tanto sentido ficar amedrontado mas, mesmo assim, ele cria uma aura de tensão que te acompanha do início ao fim, um filme pesado.
E O Devoto segue essa mesma característica e parte do plano base de O Exorcista. Se lá era uma mãe solteira, aqui é um pai. Se lá Regan brinca com um tabuleiro ouija encontrado no porão, aqui a jovem faz um ritual. E até mesmo a personagem de Ellen Burstyn tem relação com o Padre Karras do primeiro filme: a pessoa que era crente e, após tanto tempo, passa a ter duvidas de suas próprias crenças.
Confesso que em alguns momentos fiquei incomodado com a falta de correspondência dos ritos criados neste Exorcista com a realidade e, por sorte, todos estes problemas são corrigidos. Ellen Burstyn em nenhum momento é uma exorcista ou de fato julga que foi o patriarcado o culpado por não poder participar o ritual (tanto que ela fala isso como uma piada, rindo logo em seguida),
mas a sua soberba a faz ser punida quando inicia o ritual. De mesmo modo todos os envolvidos que, por não possuírem conhecimento, realizam o ritual de forma infrutífera. Ou o padre que, mesmo buscando fazer o ritual sem autorização, acaba sendo morto, também tendo sua punição. O ritual não foi feito, o que aconteceu foi que os personagens fizeram um pacto com o demônio livrando uma das garotas, e talvez nisso seja a ideia base da trilogia.
Seu único ponto negativo, para mim, é a queda dessa tensão após a primeira hora quando, em realidade, deveria deixar o espectador apreensivo na cadeira. Fora isso, não tenho do que reclamar.
Arraste-me para o Inferno
2.8 2,8KSegue muito o estilo de Sam Raimi em Evil Dead, com os mesmos exageros e cenas cômicas. No entanto, enquanto lá o foco da trama é o humor e a ação, estes aqui são coadjuvantes, tendo como foco o terror e os sustos que, mesmo sendo constantes, funcionam. Você compra a história da protagonista e quer ajudá-la a resolver o problema. A protagonista, escolhida a dedo, nos ajuda nessa missão de torcermos por ela pois mesmo fazendo coisas terríveis e, de certo modo, merecendo sua maldição, ainda assim tem um rosto tão ingênuo que nos cativa a protege-la.
Seu problema maior é a repetição à exaustão, com diversos comportamentos sendo utilizados sucessivamente pelo Sam Raimi a ponto de se tornarem cansativos, como por exemplo algo nojento sempre acabar indo na boca dos personagens. Em Evil Dead isso já existia, mas ocorria somente em uma cena ou outra quando aqui ele busca inserir em praticamente todas as cenas de conflito.
Um Lobisomem Americano em Londres
3.7 612Esse me pegou de surpresa principalmente por sua qualidade. John Landis não economiza nos bons efeitos e em buscar construir uma trama que seja ao mesmo tempo leve e crítica. E é bacana ver como ele insere o monstro americano como uma espécie de invasão, inserindo-o sempre com figuras relacionadas ao cinema americano, colocando pôsteres de hamburger, transformando a Picadilly Circus em uma Times Square e inserindo sua cena final em um cinema pornô, como se quisesse mostrar que o "monstro americano" já se encontrava em sua sociedade através dos costumes. E mesmo sem todo esse subtexto ainda assim é um filme grandioso, seguindo a linha dos monstros clássicos como King Kong, a criatura que é trazida do interior para a cidade grande e aterroriza a população.
É total Stephen King, e não duvido que o autor tenha se inspirado nas cenas dos diálogos no cinema pornô para criar a cena do Casamento Maldito em Christine.
Réquiem para um Sonho
4.3 4,4K Assista AgoraHá uns 13 anos, quando saiu Cisne Negro, conheci Aronofsky por causa do Rapaduracast que fez um programa todo sobre a obra do diretor. Vi todos os filmes, menos Requiem para um sonho que diziam que era extremamente pesado e te fazia se sentir mal com o que era mostrado. Somente após tanto tempo é que tive coragem de assistir e, talvez por causa do Hype, não gostei tanto.
Sim, é um bom filme, com uma primeira cena que é uma das melhores coisas que o cinema já fez, bem editada e mostrando ao mesmo tempo dois pontos de vista. Seus efeitos são legais e é bem sincero ao mostrar diversos tipos de vício, não somente os ilegais. No entanto, acabei achando que o filme acabou não indo a lugar nenhum. Seus personagens tem seus altos e baixos e, diferente de um roteiro cíclico em que o retorno ao ponto de partida ao menos te surpreende com toda a jornada feita, aqui você já sabe desde o início como tudo irá acabar pois são poucas as alterações. Esperava ao menos alguma surpresa quando, em realidade, o filme mais parecia uma reportagem.
Uma Noite Alucinante 3
3.5 530 Assista AgoraEle segue na loucura do segundo filme o que, ao menos para mim, funcionou bem já que o ponto alto é ver os atores se divertindo ao fazer uma cena insana ou interagindo com efeitos especiais. Confesso que me surpreendi com os efeitos e achei bem competentes, não te tirando daquela atmosfera. Os "mini Ash" são incríveis e dá para ver que Peter Jackson se inspirou aqui na composição de sua batalha final em As Duas Torres.
O Estranho Que Nós Amamos
3.9 131 Assista AgoraNo início achei que seria um filme problemático quando, em realidade, tudo aquilo que é mostrado não possui qualquer carga romântica ou justificável. Ele é proposital, escancarado, no sentido de mostrar que nenhuma daquelas pessoas ali é valorosa, por mais que defenda comportamentos e decoros, sendo até mesmo a guerra o elemento mais tranquilo de toda a situação, como se até mesmo ela tivesse medo de entrar naquela casa.
Mesmo com uma direção bem ruim, quase como de um filme feito para a televisão com diversos closes repentinos com a música subindo para marcar as frases de efeito, ainda assim consegue ser um filme bem competente pela sua história, que vai nos fazendo mudar de opinião ao longo de toda a trama.
Os poucos momentos em sépia também são excelentes, deixando o filme idêntico às fotografias do período.
Dragon Ball Z: O Renascimento de Freeza
3.3 258Não é tão bom quanto o anterior, que trouxe muitos elementos que agregavam à mitologia de Dragon Ball quando o costume era somente tratar os filmes como fillers. No entanto, este não chega a ser uma completa perda de tempo, trazendo alguns personagens bem interessantes à saga e a condição de Shenlong de atender a dois desejos ao invés de apenas um, bem como algumas limitações no seu poder de ressurreição que antes não existiam. Tem uma luta final excelente, que faz valer todo o filme, e eleva muito a importância de alguns personagens, como Kuririn e Vegeta, que nunca representavam um perigo real a seus inimigos.
Retratos Fantasmas
4.2 231 Assista AgoraFaz parte daqueles filmes que eu gostei muito mais após terminarem. Ao longo de todo o documentário ficava pensando qual seria a intenção do Kleber Mendonça ao fazer o filme já que, de fato, ele aparenta ser um mero colacionado de aspectos diversos de sua vida, retratos esparsos, sendo essa uma tênue ligação entre os temas que, ao menos para mim, poderia ter sido mostrada de uma maneira mais forte: como o cinema sempre fez parte de sua vida e de sua cidade, seja por meio de locais que não existem mais ou de uma vida cultural efervescente. Com isso, saí do filme com um gosto amargo na boca, tendo plena consciência de que ele não chegava aos pés dos filmes anteriores. No entanto, ele continua na sua cabeça, e você começa a rir das ironias que vão surgindo na história, lembra do latido contínuo do cachorro, da história do projecionista, tem vontade de visitar o Cine São Luís e então ele muda de figura, pois suas lembranças se tornam muito melhores, com esses fantasmas do passado te perseguindo ao longo do dia.
Sob a Sombra
3.4 338 Assista AgoraSeguindo o estilo dos filmes de terror que trazem aspectos mais humanos como a maternidade, ao estilo Babadook, Sob a Sombra consegue ser diferente ao menos para nós, ocidentais, ao inserir no terror mais dois elementos: a vida em um país em conflito e as criaturas místicas do oriente médio. Ele não é totalmente eficaz, óbvio, já que demora demais para inserir seu âmbito de terror e perde muito tempo com o personagem do marido, que pouco agrega ao contexto geral, mas ainda assim traz umas reflexões bem legais sobre quem são os demônios de hoje em dia, a síndrome de impostor e os medos internos. E, confesso, levei alguns sustos próximo ao final.
Carmen Miranda: Bananas Is My Business
4.2 51 Assista AgoraPode não ser a versão definitiva sobre Carmen Miranda, mas com certeza é uma das mais completas, sendo exaustivo o esforço em mostrar todos os aspectos que tornaram Carmen Miranda quem foi, as roupas, a música, a dança e também o pessoal, o político e o psicológico. Gostei muito dos atores contratados que, auxiliados por uma fotografia muito competente, de fato nos fizeram enxergar Carmen Miranda no dia a dia, seja vendendo chapéus ou respondendo à perguntas da imprensa. É um filme que você respira o início do século XX, e talvez isso seja uma das maiores belezas que se pode encontrar em um filme.
Rua Cloverfield, 10
3.5 1,9KEle segue uma linha bem distinta do primeiro filme. Se o anterior focava mais no terror e no estilo found footage, aqui o foco do filme é o suspense, apenas tendo alguns elementos que situam o espectador naquele universo do primeiro filme. Com isso, para quem já assistiu Cloverfield, boa parte do mistério do filme que vigora na primeira meia hora se perde
pois sabemos que a parte do "ataque" é real
Não é uma maravilha do cinema, mas entretém, e é legal ver John Goodman nos testando com seus momentos good cop/bad cop.
O Monstro da Lagoa Negra
3.6 130O que mais me chamou a atenção foi como ele toma o cuidado para que não fiquemos 100% defendendo um único lado. Por vezes defendemos o monstro, querendo que ele seja deixado em paz, mas o primeiro ataque partiu dele junto aos trabalhadores que sequer mexeram no lago. Em seguida passamos a defender os cientistas, os quais passam a fazer uma busca implacável, mas perseguem mesmo quando este foge, utilizando venenos e outros objetos terríveis. E é por causa disso que o filme até hoje funciona, mesmo com alguns elementos ficando datados: porque ele mexe com aquilo que você acredita.
As cenas gravadas em baixo d'água são incríveis, principalmente a última luta submersa, em que a criatura, devido ao movimento e aos cortes, realmente parece um animal marinho.
Este é um dos filmes que deveriam ter sido feitos coloridos, principalmente pelas cenas na selva.
A Morta-Viva
3.8 64Simples e direto ao ponto, não dando tempo sequer para o filme ter momentos de tédio, somente contando o essencial para a história. O que mais chama a atenção é que em plenos anos 40, quando ainda havia toda a segregação racial nos Estados Unidos, o filme se preocupa em trazer atores negros e traz toda a parte religiosa de forma respeitosa, colocando o conflito entre superstição e religião. Seus mitos e representações tem muito do aspecto sulista da Louisiana e do Mississipi, inclusive com momentos de cantores que nos remetem ao Delta Blues, talvez a parte mais agradável de toda a história pois a música cantada é muito boa. Uma grata surpresa.
A Tortura do Medo
3.9 149Mesmo com as cenas de terror ou suspense em si não funcionando hoje da mesma forma como funcionavam nos anos 60, é impossível não dizer que é um filme perfeito. Muito inspirado em Hitchcock e seu Janela Indiscreta, e inspirando o próprio diretor anos mais tarde quando foi fazer ser Frenesí a ponto de repetir a mesma atriz, Michael Powell consegue nos prender ainda hoje porque sua história é tensa e interessante o suficiente para nos cativar (e, confesso, eu até tinha ido assistir ao filme de má vontade, não esperando nada por ele).
O que mais impressiona é o ritmo incrível que o filme tem, principalmente na cena com a atriz no set.
Seu personagem, poucos anos antes do surgimento do termo "serial killer", já tinha todas as características bem definidas de um psicopata, com seus comportamentos, principalmente na primeira metade, nos remetendo a um Travis de Taxi Driver (tanto que é clara a influência dele no filme de Scorsese quando Travis, em seu primeiro encontro, leva a namorada a um cinema pornô enquanto aqui leva Helen para ver um filme caseiro). Mas seu personagem consegue crescer tanto que vai além: ele não quer somente retratar alguém transtornado, com seus gatilhos, mas também alguém que sofre com isso, que deseja se recuperar mas desiste por não ser algo fácil.
Mark é quase como um tratado científico, sendo muito interessante seu discurso final sobre o medo, algo que eleva o filme a uma obra-prima do cinema. Ele critica a si próprio, a sociedade e a indústria do cinema com a fixação pela desgraça. Ele não quer apenas mostrar, ele também busca entender e fica desolado com as poucas respostas que encontra.
O Segredo da Cabana
3.0 3,2KEsse pegou todo mundo de surpresa. Com uma trama que nos deixa interessados por querermos saber como um laboratório e uma cabana irão se misturar, o filme segue, já no final dos anos 2000, uma linha que vinha sendo trabalhada nos anos 90: a de deturpar os estereótipos de gênero de terror, como em Pânico e o próprio Halloween 8. E ele nos pega de surpresa por justamente vir após considerarmos que toda essa fase já havia passado. É engraçado e seu terror não vem das coisas que acontecem com os personagens, já que sabemos desde o início sobre o experimento, mas sim de tudo o que há oculto nesse experimento em si. Centenas de referências aos filmes de terror, do Lobisomem até o IT clássico, passando por Alien e Anaconda e, sinceramente, gosto muito quando o final foge do costumeiro "e tudo voltou a ser como antes".
Uma Noite Alucinante 2
3.8 711 Assista AgoraBem melhor do que o primeiro considerando que o anterior é basicamente um filme comum de terror dos anos 80, com jovens passando o dia em uma cabana. Aqui Sam Raimi acaba fazendo um reboot, desconsiderando os eventos do primeiro filme a ponto de Ash sequer reconhecer o livro, e criar uma história insana.
O filme só funciona porque você consegue perceber que os atores estão se divertindo com a ideia, volta e meia vazando um sorriso no meio dos gritos ou dos banhos de sangue, e com isso acabamos comprando a ideia. Bruce Campbell se dedica ao personagem quase chegando na exaustão física, a ponto de nós ficarmos cansados juntos com tanta correria e golpes. Não é uma atuação digna de Oscar, mas de fato também não é uma atuação para qualquer um. A parte da mão puxando o corpo desmaiado é muito boa.
E até mesmo os efeitos, que boa parte restaram datados, ainda tem alguns elementos que são surpreendentes, como por exemplo os objetos que começam a rir. Esse filme me ganhou.
Onde Impera a Traição
3.3 9 Assista AgoraMe espantei com a nota baixa dessa filme já que ele é muito bem feito. Claro que Audie Murphy não está em sua melhor forma, em vários momentos lembrando mais um Marty McFly em De Volta para o Futuro 3 do que um personagem do Western, mas isso não atrapalha o roteiro que é muito bom. É instigante, te deixa com raiva dos vilões e tem um ritmo frenético que não te deixa ver o tempo passar.
Sempre gosto de ver as ambientações dos faroestes e esta aqui mais uma vez não deve em nada aos bons filmes do gênero, com as diligências de pintura gasta, o barro e a poeira, reaproveitando algumas paisagens onde também foi filmado Ronda de Sangue do John Wayne.
A Ronda de Sangue
2.8 5Uma boa história, feita para as sessões de matinês dos anos 40 a fim de ser exibido antes do longa-metragem da noite. Com isso, sua história acaba sendo mais concisa, com seus personagens sendo divididos em vários núcleos a fim de aproveitar melhor o tempo. Está longe de ser uma obra-prima do cinema, ainda mais levando-se em consideração que foi lançado justamente na época em que o próprio Western estava se transformando com obras como No tempo das diligências. No entanto, chama a atenção por contemporizar o faroeste ao próprio período, inserindo veículos de grandes porte.
Megatubarão 2
2.3 278 Assista AgoraEntretém, mas não chega nem perto do anterior, focando mais no conflito entre pessoas do que mostrando as diversas criaturas pré-históricas. Acaba apelando demais para efeitos especiais sem necessidade, com inúmeras cenas escuras no fundo do mar, super-trajes e afins, coisas que não agregam em nada à história geral já que o que todo mundo quer ver são os Megalodons. Pelo menos não é cansativo, mas não é suficiente para tornar um bom filme.
Dampyr - O Filho do Vampiro
2.7 6 Assista AgoraEu sou um mega fã da Bonelli, daquele que só não lê tudo que a editora lança por não ter condições de comprar todos os personagens, então só de ver finalmente a editora lançando sua produtora, com aquele curta inicial de Tex cruzando os vários cenários, já me causou uma alegria maior do que um Vingadores Ultimato (de verdade, isso me deixou muito feliz).
E isso melhorou ao ver que o filme de Dampyr é bom. Ele não é perfeito, claro, tem muitos diálogos que não se encaixam por serem algo característico dos quadrinhos, necessitando de uma alteração para outras mídias a fim de não ser caricato, mas ainda assim ele consegue contar uma boa história desse personagem e de uma maneira bem competente. Os efeitos estão bons, a fotografia e até mesmo as atuações. Você percebe que o filme foi feito com todo o cuidado para ser um produto vendável, gravado diretamente em inglês, e é bem sucedido nisso. Digo até que poderia ser mais simples, já que o filme ainda tem muitas mudanças de cenários, o que torna a condução um pouco cansativa, mudanças estas que também são característica dos quadrinhos. No entanto, o resultado final ainda é muito agradável.
Os Vampiros de Salem
3.3 79Não chegou a me incomodar a duração ou o ritmo já que assisti como uma minissérie de três episódios, podendo perceber com clareza quando cada episódio termina quando acontece algum plot twist na história ou a cena se encerra congelada. Assim, com exceção da primeira hora inicial que de fato é bem cansativa, com poucos acontecimentos e voltada mais para apresentar todos os moradores da cidade, a história é incrível. Lembrava pouco do livro, considerando que o li já tem mais de 10 anos, e decidi assistir o filme devido aos contos complementares que existem em Sombras da Noite. É interessante ver que o filme tem toda a noção de que ele é galhofa e que sua tecnologia é defasada, podendo tirar o espectador daquele universo, então toda vez que precisa se utilizar de algum desses elementos, como por exemplo seu vampiro Nosferatu, ele insere alguma outra técnica para aumentar o terror, seja diminuindo o ritmo e os sons antes dele aparecer, para nos dar um susto, ou até alguma técnica de câmera, e então o filme consegue realmente passar o medo e a tensão. Vale muito ver, independente dessa uma hora inicial.
O Dólar Furado
3.8 83O Dólar Furado tem uma meia hora inicial excelente e prossegue com boas cenas de lutas e tiroteios. No entanto, peca em um elemento característico dos Western Spaghetti: o excesso de subtramas e plot twists. Apesar de inicialmente ser divertido ver Giuliano Gemma se embrenhando no meio dos bandidos, com uma postura idêntica à um Tex Willer (tanto que viveu o personagem nos cinemas), o filme acaba querendo ser tão surpreendente que fica cansativo, com o espectador não sabendo mais em quem confiar e, ao final, até pensando "Se continuar assim ele vai ter que fazer uma limpa na cidade".
Ainda assim, um bom entretenimento.
Sete Homens e Um Destino
4.1 236 Assista AgoraMesmo já tendo visto Os Sete Samurais, Sete Homens e Um Destino é um filme completamente autônomo que não deve e sequer se vincula ao original. Ele apenas se utiliza da mesma base, sete homens protegendo um vilarejo mas, afora isso, toma todas as liberdades para contar sua história por si só, sem se preocupar em fazer referências ou criar personagens com as mesmas características. E nisso ele cria uma história que atrai até mesmo quem viu o original, pois ficamos na dúvida em saber como será o seu encerramento. É divertido, instigante, como um Vingadores dos anos 60 já que o filme faz questão de mostrar quão grandiosa era a reunião entre aqueles atores, aumentando a música quando estes se encontram.
De fato, Yul Brynner é quem rouba a cena, merecidamente fugindo dos seus papeis estereotipados de sheik, rei ou vizir, e você consegue ver na tela como ele está se divertindo com essa maior liberdade que conseguiu. É um daqueles personagens que te dá vontade de ser amigo.
Consciências Mortas
4.2 72Faz parte daqueles filmes que ajudou a firmar a figura de Henry Fonda como um pilar moral em seus personagens no cinema americano, algo que se consolidaria muitos anos depois com Doze Homens e Uma Sentença e O Homem Errado, mas que já era abordado aqui e em As Vinhas da Ira.
É a base do forasteiro que vê todo o caos acontecer e se encontra de mãos atadas para solucionar a questão. Ele sabe que tudo aqui está errado, mas não tem condições suficientes para convencer aos outros de que estão errados (e sequer tem a certeza disso, já que esteve fora por um bom tempo).
É revoltante e nos faz sair do filme com uma carga pesada, ao estilo dos próprios personagens na cena final, pois sabemos que, se estivéssemos na mesma situação, provavelmente também nos comportaríamos como Henry Fonda, e por querermos uma punição que nunca chega.
O que mais me chamou a atenção é a similaridade entre a primeira e a última cena, em que até o mesmo cachorro atravessa a rua em sentido oposto. Se isso não foi proposital, foi realmente um golpe de sorte.