Destaque para a cena que ele vai pro centro e olha todo mundo atravessando a rua de cabeça baixa olhando pro celular feito zumbis, enquanto que o idoso que dançava sozinho na praça é visto dançando com as mãos abertas em sinal de liberdade no meio de toda aquela gente. Essa cena pra mim resumiu perfeitamente qual o verdadeiro tema dessa obra.
No fim dos créditos finais do filme temos a explicação do fenômeno do Komorebi, que é a palavra japonesa criada para o brilho da luz que consegue atravessar as árvores e para as sombras das folhas balançando ao vento. Isso só acontece uma vez, aproveite o momento.
Se prestarem atenção na cena que a menina está trancada no depósito e olharem pro canto direito superior da tela vão ver um papel pegando fogo, era o roteiro do filme, rs
Eu não achei interessante. Considerando que é baseado na história real que aconteceu em 2011, o filme poderia ter uma mensagem mais importante e um retrato mais factual dos alunos e quais foram as consequências do incêndio. É muito lamentável a Netflix ter feito apenas uma trama de rivalidade feminina, poderia ter usado isso como uma oportunidade para expor o que aconteceu depois em uma escala maior do machismo que impede muitas mulheres de estudar e não apenas uma investigação mesquinha sobre valentonas do ensino médio em uma história fictícia que usa o evento real apenas para falar de um tema tão bobinho como a pressão por notas altas, tinha que ter explorado o machismo que está por trás dessa pressão, a forma como foi feito parece que tacaram o roteiro do filme no lixo.
Não curti o ator que faz o Wonka (ele não passa mistério e loucura igual o Johnny Depp, parece um rapaz franzino e bonzinho daqueles que você olha e já sabe tudo o que vai fazer) e os números musicais são facilmente esquecíveis e não causam emoção nenhuma (Me arrepio até hoje com a primeira aparição dos Oompa Loompas no filme do Burton ou no Original quando o Wonka canta Pure Imagination enquanto mostra a Fábrica), aqui só salva um ou outro, como o da aparição do Oompa Loompa, que nada mais é que a mesma música do Original reaproveitada.
Já o Hugh Grant está ótimo como Oompa Loompa (bem melhor que o da versão de Tim Burton, pena que aparece muito pouco) e o nosso eterno Mr Bean ficou muito bem também como clérigo corrupto, mas é decepcionante pois embora ele seja o vilão principal da trama, tive a sensação que ele aparece mais no trailer do que no filme.
Não entendo a necessidade do roteiro perder tanto tempo pra ficar mostrando o Wonka como bonzinho salvador de todos o tempo todo, é simplesmente repetitivo e aborrecedor, parece até mesmo aquelas palestras motivacionais em torno da imagem do empresário bem sucedido que começou como garotinho pobre que era sempre genial em tudo, que coisa mais chata. Bem diferente dos outros dois filmes, onde ele é um personagem intrigante e misterioso, apresentado uma personalidade perturbadora que denota vários traumas (Por exemplo, ele sempre engasga quando vai falar a palavra Pai no filme do Tim Burton)
Senti que o filme ficava dando voltas em torno dele mesmo e não se desenvolveu em momento algum, tudo no filme do Tim Burton parecia mais grandioso, até mesmo a fábrica, aqui é tudo tão infantil e simplificado, perto da genialidade dos outros filmes esse Wonka é apenas doce para crianças, toda cena eu falava: volta Tim Burton.
Mesmo sendo um filme de comédia, o terror dele gera mais mistério e suspense que muitos filmes de terror famosos, pois aqui não temos a menor ideia do que iremos encontrar pela frente.
Adorei a criativa reviravolta no final, mas confesso que não entendi muitas das piadas feitas, algumas coisas parecem tão desatualizadas para nós ocidentais (como as piadas envolvendo a maquete do hotel/casinha de boneca, como se fosse muito engraçado o rapaz ter brincado de boneca algum dia), que é difícil até de entender e muito mais difícil ainda de achar graça.
Mas no geral é tudo muito divertido, um filme que brinca com nossa percepção o tempo todo, nos deixando curiosos pro caminho que a trama vai seguir, também entrega pequenos momentos de drama, mas suficientes para tirar alguma emoção de quem assiste (a cena que ele relembra a experiência de criança de estar em uma casa mal assombrada de parque de diversões ao lado dos pais dele é de uma beleza surreal), no geral é um filme muito inventivo e diferente, o tipo de obra que o cinema ocidental (tão preso em fórmulas prontas) parece não produzir mais hoje em dia, pois aqui temos uma comédia, um terror e até um pequeno drama, um complementando o outro e tudo funcionando tão bem, o cinema de uma nota só do ocidente ainda tem muito que aprender com o cinema oriental.
Obs: Existe uma divertida cena durante os créditos finais revelando um dos mistérios da trama.
É muito mais do que uma comédia bobinha de fim de noite. É também um singelo drama sobre união familiar envolvendo trabalho em equipe de personalidades totalmente opostas indo em busca de seus sonhos.
O filme proporciona simpatia pelos personagens e arranca risadas sinceras o tempo todo de praticamente todos do elenco, até mesmo de personagens coadjuvantes que aparecem muito pouco, como o dono da pousada temática que se fantasia de um presidente dos EUA, a vizinha da protagonista que participa de momentos singelos e de cenas cômicas de rolar de rir, e destaque também para o personagem do Will Ferrell que está ótimo como apresentador de TV, protagonizando momentos cômicos e também emotivos, repetindo seu carisma visto em Barbie. A química entre as irmãs protagonistas é a cereja do bolo e a cena que uma delas fica doidona é uma das melhores que já vi em filmes de comédia.
Vencedor do prêmio de Melhor Filme para TV no Critics Choice Awards 2024
É apenas uma comédia romântica clichê. Os protagonistas até tem seus bons momentos juntos, mas perdem a química da metade pro fim do filme, pra piorar os coadjuvantes simplesmente não funcionam, tudo soa forçado e bobo demais, a parte que ele viaja pra Dublin pra encontrar ela por exemplo soa irreal e dava pra ser descartada completamente do filme que não faria diferença nenhuma (E aquele lugar não me pareceu ser Dublin), assim como os diálogos dos amigos dos personagens principais, que são bobos e forçados o filme inteiro, chegando a ser todos insuportáveis, principalmente o personagem de Adam Driver que parece que saiu de American Pie.
Com um elenco com grandes nomes como o Daniel Radicliffe (Do ótimo Um Cadáver para Sobreviver e também nosso eterno Harry Potter), Zoe Kazan (Dos ótimos Ela Disse e A Balada de Buster Scruggs) e Adam Driver (Dos ótimos Infiltrado na Klan e História de um Casamento) com certeza davam pra ter feito um filme muito melhor.
Interessante como o filme brinca com todos que o assistem, como quem sabe que o olhar das pessoas para a trama sempre será preconceituoso e sensacionalista, mesmo daqueles que se dizem sem "pré conceitos":
No primeiro ato somos levados a acreditar que o professor é o Monstro, as crianças suas vítimas indefesas, e a mãe do garotinho a pessoa que irá salvar todos do perigo. No segundo ato somos convidados a acreditar que a criança principal do filme é o verdadeiro Monstro, sua mãe a protetora raivosa do monstro mirim e os professores na verdade eram suas vítimas, assim como os demais alunos. Por fim, quando achamos que entendemos tudo e que a história vai virar um filme de terror, no terceiro ato descobrimos que ali não é o fim da história e sim o seu começo, então somos levados a conhecer que o Monstro não existe e ele é apenas o olhar preconceituoso e sensacionalista das pessoas com base nos "pré conceitos" da sociedade que geraram vários mal-entendidos, criando um monstro aonde não existe nenhum e assim começam todas as guerras.
Esse filme tinha que ser indicado urgente ao Oscar de Melhor Edição e sair vencedor.
Anne Hathaway e Thomasin McKenzie estão arrasando demais. É incrível que até um suspense que tinha tudo para não funcionar como esse daqui se fosse com outro elenco vira um baita filme na mão dessas ótimas atrizes. Não que seja um filme ruim, mas não consigo imaginar nenhuma atriz famosa fazendo elas com tanta maestria, qualquer outra atriz no lugar delas poderia fazer esse filme ser um fracasso monumental.
Se tivesse um Oscar de Melhor Química na Tela esse aqui ganhava o prêmio.
Achei muito parecido com "Ataque dos Cães" da Netflix a reviravolta envolvendo a Eileen, mas parei pra pensar e vi que o final do filme foi bom e não triste igual parece, se Rebecca não a tivesse abandonado no final, Eileen teria se tornado outra versão de Lee Polk (o pai que abusou sexualmente do filho antes de ser morto). Pelo menos agora ela terá a chance de viver fora desse ciclo de crimes. Pode não ser um final feliz, mas é o mais próximo que ela pode chegar. O gelo caindo e fazendo seu rosto sangrar quando ela deixou a casa no final do filme foi muito simbólico e eu interpretei como se isso quisesse dizer que agora ela saiu das asas do pai e entrou no mundo, essa cena do gelo em minha interpretação mostra ela sangrando fora de casa (no mundo), como uma prova de seu amadurecimento e agora ela terá a chance de fazer uma nova versão dela mesma, não sendo uma cópia piorada do seu pai.
Interessante como todos os elementos que antecederam o terceiro ato prepararam o público para uma sedução erótica, uma história de crime lasciva, ou ambos. Mas não existe sedução erótica. É bem possível que Eileen tenha interpretado mal todos esses sinais (Várias cenas do filme mostram que ela leva a sério todas as piadinhas por exemplo, provando interpretar mal as pessoas e até mesmo ter algum grau leve de autismo). E embora haja uma história de crime, não é lasciva. É totalmente grotesca e triste, como todo crime realmente é. Você poderia até chamar isso de anticlimático, mas essas revelações e resoluções foram repentinas e inquietantes por serem reais, o filme traí seu próprio gênero de thriller policial para desafiar as convenções de gênero com um novo propósito singular e perturbador de se fazer cinema.
Obs: Só agora vi a entrevista com a Anne Hathaway e descobri que Rebecca não existia e era apenas um produto da imaginação perturbada de Eileen, faz sentido, pois estranhei uma mulher dirigindo presídio e ainda toda empoderada em plenos anos 60, tal cena não deveria ser muito comum naquela época e dá pra ver que ela simplesmente desaparece do final do filme e deixa a Eileen sozinha pra terminar de matar a mulher, o que seria um baita erro ela fazer isso, pois a Rita poderia incriminar as duas, a única explicação lógica é realmente ela nunca ter existido.
Um filme muito minimalista, onde sentimos tudo o que acontece na trama apenas pela expressão facial dos atores, é sufocante como a diretora tem o controle total da narrativa e nos prende em cada cena pra observar cada detalhe milimétrico de cenas que parecem não terem a menor importância mas dizem muito, a história não precisa entrar em muitos detalhes pois as atuações excelentes comandam toda a narrativa.
Um filme de balada sem ser o típico filme teen Um filme de viagem de férias sem ser o típico filme de férias Um drama profundo sem ser o típico filme de drama
Um filme sobre expectativas x realidades, sobre ser mulher na sociedade moderna, e sobre tentar se encaixar com base nas expectativas dos outros e não em suas próprias.
Reparem nos segundos finais do filme no aeroporto, é triste constatar que a empolgação dela indo de volta pra casa lembra a alegria do começo, um filme que diz muito sem precisar falar nada.
Mortes muito criativas, easter eggs por todas as partes, crítica ao consumismo desenfreado muito divertida e inteligente, e realmente nos sentimos no Dia de Ação de Graças dos EUA (diferente de Pânico 6, que se passa no Halloween mas a única cena marcante que remete a data é aquela no metrô de Nova York com as pessoas fantasiadas), como ponto negativo fica o mistério em torno do vilão que é facilmente previsível pra quem já está acostumado com o subgênero slasher.
Eu por exemplo identifiquei o assassino nos primeiros 30 segundos do filme, se prestarem atenção a abertura é em homenagem a Halloween, mostra a casa de longe e a respiração ofegante no estilo Michael Myers chegando perto da porta, então ao atender a porta está o xerife, por causa disso a partir dos primeiros 30 segundos de filme já sabia que era ele o vilão por causa dessa homenagem feita pra franquia Halloween. Pra mim não teve graça o mistério da trama, mas pra quem não está familiarizado com o gênero vai se divertir bastante tentando descobrir quem é o vilão.
Obs: Existe uma cena adicional após os créditos finais.
Interessante como o filme começa nos agradando, apresentando uma simples comédia e vai nos deixando desconfortáveis conforme avança, adquirindo contornos mais sombrios e entrando em temas como cultura do cancelamento, publicidade abusiva, epidemia de transtornos mentais, ansiedade coletiva, paranoia das redes sociais, cultura da fama, etc.., é uma mistura de diversos temas e com várias conclusões diferentes.
A conclusão que fica é que antes a vida era mais simples, as pessoas apenas sonhavam e eventualmente tinham pesadelos, hoje tudo passa a ser visto como um grande problema e com tanta tecnologia o próximo passo é controlarmos nossos sonhos, e a cura da alma passa a ser apenas mais uma fonte de lucro para a iniciativa privada.
Obs: Nicolas Cage está excelente no papel e deve ter mudado de agente, pois agora só está fazendo filmes bons.
Um dos melhores filmes do ano. A atuação da Eliza Scanlen é digna de Oscar nessa incrível e emocionante história sobre crescimento e amadurecimento em meio ao fanatismo religioso.
Um filme que mostra como as mudanças naturais da vida podem ser dolorosas dependendo do contexto, mas não pense que isso aqui é um dramalhão, muito pelo contrário, embora tenha muitas cenas dramáticas exageradas como o cinema americano adora fazer, também tem muita sutileza, sentimentos e romance, esse filme é a mais pura poesia.
Muito legal, ao contrário dos outros filmes do Leandro Hassum aqui não tem sentimentalismo forçado e drama sem sentido jogado dentro da comédia. Muito pelo contrário, Meu Cunhado é um Vampiro é comédia escrachada do começo ao fim, e sabe que a tosquice diverte mais do que tentar fazer algo que contradiz seu estilo de Adam Sandler brasileiro.
Legal ver referências ao Zé do Caixão no quarto da menina (pôster do filme A Meia Noite Levarei sua Alma), a novela O Beijo do Vampiro na balada, alguns clássicos como Drácula de Bram Stocker (na fantasia de Hassum), e finalmente um filme brasileiro que se passa no Halloween. Só não gostei que escolheram um samba nada a ver com o gênero pra encerrar o filme, enquanto poderiam muito bem ter usado um rock nacional ou até mesmo uma Rita Lee - Meu Doce Vampiro.
Minha coletânea de piadas do filme que me fizeram chorar de rir:
- Ele dizendo que é um homem de fé, mesmo sem saber o que é Pai Nosso, pois todo gol que fazia apontava pro céu e dedicava a Jesus, baita zoeira com o Kaka, kkkkkk
- A mulher do cara quando viu a ex mulher dele transformada em vampira na festa dizendo que ela não fez harmonização facial e sim demonização facial, essa foi demais, kkkkkkkkk
- A água benta não fazendo efeito pois a catedral estava fechada e o cara resolveu benzer na Igreja do lado da casa dele chamada Deus é 10, kkkkkkkkkkkkk
- A cruz não fez efeito pra derrotar o Drácula, mas a camisa com o símbolo do Vasco (que é uma cruz de malta) fez efeito pois o cara depositou toda sua fé no time que sempre é derrotado, kkkkkkkkkkkkkkkkk
Nenhum filme dessa trilogia é realmente ótimo. Mas toda a ambientação e a atmosfera criada aqui é sem dúvida a melhor dos três filmes, e chega a ser mais interessante inclusive que a própria resolução do mistério final da trama.
Mesmo deixando a desejar no terror, A Noite das Bruxas entrega um suspense eficiente, mas o maior mistério continua sendo entender da onde surgiu o título do filme e suas bruxas, rs (A geração mais antiga chamava Halloween de Noite das Bruxas no Brasil quando o livro de Agatha Christie foi escrito nos anos 60), por isso que Halloween Party ganhou esse título no Brasil, acho que foi o único país do mundo que isso aconteceu.
Quando tudo termina a única sensação que fica é a vontade louca de passar uma noite de Halloween em Veneza.
Acerta no drama e na comédia o tempo todo, um gênero não anula o outro em nenhum momento do filme. Os taiwaneses estão ficando especialistas em comédias dramáticas de fantasmas, o representante de Taiwan no Oscar 2024 (Um Romance do Além) é do mesmo estilo desse aqui.
O elenco está em ótima sintonia e a relação amorosa presente no filme até pode ser meio apática para os padrões brasileiros, mas em nenhum momento soa forçada. Fui pego de surpresa pela reviravolta da trama em seu encerramento muito emocionante, só perde em emoção pela honra de ser o primeiro a avaliar esse ótimo filme aqui no Filmow.
Paul Giamatti é disparado o melhor ator de 2023 no melhor filme natalino do ano. E o que é o Natal, se não uma festa para fingir que não existe rejeição no mundo?
Mesmo no significado cristão do Natal, Jesus nasceu rejeitado em meio a animais em um estábulo, ou em seu significado pagão, onde a festa celebra o deus Saturno, que é na mitologia romana o próprio deus do tempo, também conhecido como dissolução.
Obs: A cena da indireta no Papai Noel do boliche foi demais
O filme tem boas atuações, por isso é triste constatar como essa obra envelheceu mal. Pra um filme de 1999, época de forte luta antimanicomial (os manicômios foram proibidos apenas em 2000 no Brasil), a obra não retrata as instituições como problemas, muito pelo contrário, endeusa e ignora como o local era usado pra mascarar os verdadeiros problemas da sociedade, tem até uma cena ridícula de um funcionário entrando de noite no quarto enquanto ela dormia pra trocar a lâmpada e olhando pro corpo dela e tudo sendo retratado pelo roteiro do filme como o coitadinho que foi expulso por causa da mulher devassa que o beijou (quando vi essa cena já saquei que o filme foi dirigido por um homem), que ridículo, as situações de abusos que ocorriam livremente nessas instituições são retratadas com uma normalidade doentia em um roteiro que parece culpabilizar todas as pacientes e retratar os funcionários como deuses.
Mas o pior mesmo é ver que o filme parece ignorar completamente como o local era usado pra isolamento e abandono dessas pessoas, o roteiro apresenta uma narrativa retrógrada demais ao mostrar manicômios como um mal necessário. Com direito até a liçãozinha de moral no final que devem ter tirado de algum livro de auto ajuda barato.
Um Estranho no Ninho, mesmo sendo um filme de 1975, é muito mais moderno que esse daqui e está muito a frente de todos os temas discutidos de forma preguiçosa aqui e por isso envelheceu muito bem, continuando atual até os dias de hoje.
Mas o mais triste nem foi tudo isso (Alerta de Spoiler e de gatilho forte)
o pior mesmo foi constatar que a atriz Brittany Murphy teve um fim igual a personagem principal do filme iria ter na cena de abertura, não sei se ela se inspirou nesse filme inclusive, mas não me espantaria se tivesse, achei tudo aqui problemático demais na abordagem feita de transtornos mentais, culpabilizando as vítimas em muitos momentos com discursos de auto ajuda ridículos (a enfermeira chamando as personagens de preguiçosas foi uma das cenas mais preconceituosas que já assisti em toda minha vida) e retratando os manicômios como deuses, com direito até a obrigações de tomar remédios inócuos (até laxantes) contra a vontade dos pacientes sendo retratados pelo filme como se fosse algo aceitável para o processo de cura a longo prazo, que grande porcaria foi isso aqui, estou até sem palavras.
O filme segue todos os clichês do gênero de filmes colegiais, apenas insere algumas cenas de violência exageradas em alguns poucos momentos pra apresentar algo "diferente" do padrão, mas todo o algoritmo de filmes colegiais continuam cravados lá.
Embora exagere na violência a ousadia nunca chega realmente na trama, pois os personagens são apenas estereótipos, e da mesma forma que jorra sangue em qualquer luta (nem sei se dá pra chamar de luta), basta duas meninas irem pra cama juntas que a câmera foge da cena igual o diabo foge da cruz, ou seja, o conservadorismo americano continua escondido por lá. Não consegui ver esse filme todo ousado que a crítica está falando, será que o filme é realmente revolucionário por ter inserido pessoas queer ou o cinema norte americano que ficou careta demais nos últimos anos?
Como ponto positivo fica a trilha sonora, embora tenha parado em 2004 igual o roteiro do filme, pelo menos é sempre divertido ouvir Avril Lavigne novamente.
Concordo que esse filme mostra que os filmes do gênero besteirol dos anos 90 não precisavam ser sexistas, machistas e homofóbicos para serem engraçados. Mas a comédia colegial adolescente Nunca fui Santa (But I'm A Cheerleader) já fez tudo o que esse filme apresenta como revolucionário e de forma muito mais criativa, e o mais impressionante é que fez isso em pleno anos 90.
O idoso até desiste de ir morar em outro planeta com o alien pois se sentiu completo novamente.
Bonito e singelo, essa trama é simples mas com muito potencial emotivo, o alien é um mero simbolismo para o papel do terapeuta, já que ele apenas ouve os problemas, sem falar nada, uma reflexão de como o ato de ouvir é mais importante do que o de falar e ajuda muito mais as pessoas, tanto é que no começo do filme eles falavam muito e sempre as mesmas coisas na Câmara Municipal da cidade e nunca eram realmente ouvidos, mas passaram a fazer parte de uma comunidade quando se uniram pra ajudar o alien a voltar para sua casa, mas quem realmente acabou sendo ajudado foram eles. Moral da história, quando pedimos para os outros resolverem nossos problemas nunca nos sentimos tão preenchidos quando ajudamos os outros.
Gostei muito desse filme, ele é um terror invertido, a gente acho que vai ir para um caminho e no final vai por outro, pra mim é um dos melhores filmes de terror já produzidos no Brasil. Ele brinca com as lendas brasileiras dos anos 80, o chamado Pânico Satânico, mania essa importada dos evangélicos dos EUA, onde tudo era considerado do "capeta", então podemos ver o boneco Fofão escondido em algumas cenas, discos rodando ao contrário, e vários momentos que criam um clima de nostalgia do nosso próprio passado e aprofunda o terror da obra ao mesmo tempo.
E o que falar do final, quebra todas nossas expectativas e apresenta a pessoa mais "normal" da trama como o grande vilão.
Como podemos ver no final do filme quem estava possuído o tempo todo era o pai. O pai chamava a própria esposa falecida de louca o filme inteiro e fazia pouco caso das memórias do passado, com o ritual ele "volta a vida" e passa a se reconhecer como membro daquela família. A música dos créditos finais na voz da cantora Sandy é a cereja do bolo e um baita resumo do filme pra quem não entendeu nada, afinal, o que é a família se não uma fábrica de loucos que moram juntos? loucos um de amor pelos outros. No caso o personagem principal precisou perder o emprego pra se encontrar.
O objetivo central da obra aqui é fazer uma crítica a chamada nova classe média brasileira que prioriza o trabalho e deixa a família sempre em segundo plano.
Achei que seria como assistir a um episódio de Nancy Drew ou até mesmo Scooby Doo, mas fiquei desapontado. Não foi ruim mas só foi bom apenas para um público infantil. No entanto, senti que foi previsível demais e vi o final chegando a 40 minutos antes do fim. Também foi um filme muito curto e pouco emocionante, senti que eles poderiam ter feito um trabalho muito melhor com o que tinham em mãos.
Não chega nem perto da genialidade do filme anterior, aqui é puro fan service.
Achei que é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, nunca tivemos um filme do Homem Aranha tão corrido como esse aqui, faltam momentos de contemplação, cenas marcantes como as dos filmes do Sam Raimi (como esquecer daquele beijo na chuva?) não chegam nem perto de acontecer aqui, pois todo momento tem que estar acontecendo algo na tela, acaba ficando cansativo tanta correria, quando ele luta com o Mancha na primeira cena e fica atendendo o celular ao mesmo tempo, consegui entender que devem ter feito o filme corrido assim pra geração atual não conseguir fazer as duas coisas ao mesmo tempo, rs.
Esse Bagunçaverso não tem nada de impactante ou intrigante, é apenas muito chato, tem até gatinho aranha e dinossauro aranha, que coisa boba, saudades de filmes de viagem no tempo como Donnie Darko, poderiam ter se inspirado em algo mais sombrio ao compor o roteiro, acho que ficaram com medo de afastar o público infantil.
Emocionante demais, não conheço Recife e não vivi essa época dos cinemas de rua, quando eu nasci já eram cinemas apenas em shoppings, mas mesmo assim esse documentário me derrubou de emoção e nem sou um grande fã do gênero, mas a forma que esse filme foi filmado e contado é impressionante, ele mostra desde as casas simples e sem muros dos bairros de antigamente até os enormes arranha-céus com seus muros altos e com cercas elétricas, o glamour do centro da cidade ao seu derradeiro abandono, a ditadura militar até a democracia, os cinemas de rua até as igrejas evangélicas. Retratando as marcas profundas que as mudanças sociais vão deixando nas arquiteturas das cidades. Esse filme merece muito representar o Brasil no Oscar.
E quando acaba é triste constatar que toda nossa vida acaba sendo retratos fantasmas de um passado que já não existe mais.
Eu entendi que o taxista fantasma do final do filme é uma metáfora para o que é o próprio cinema, em tempos de Uber ele continua existindo, assim como o cinema, mas ficou invisível (plataforma de streaming), notem que o diretor do filme fala que seguia o aplicativo (Waze) para traçar a rota, mas isso o estressava pois queria passar por lugares diferentes, isso é uma clara referência a política de algoritmos dos serviços de streaming, onde é a plataforma que escolhe o que iremos ver com base em nossos gostos e não nós mesmos. A consequência disso é que temos cada vez mais produções parecidas umas com as outras, igual o final do filme onde mostra várias farmácias idênticas uma do lado da outra, só mudando o nome, mas o produto vendido é o mesmo (uma droga qualquer).
O Astronauta
2.9 119 Assista AgoraAdam Sandler salvou o cinema de comédia e agora vai salvar o cinema de drama
Dias Perfeitos
4.2 281 Assista AgoraDestaque para a cena que ele vai pro centro e olha todo mundo atravessando a rua de cabeça baixa olhando pro celular feito zumbis, enquanto que o idoso que dançava sozinho na praça é visto dançando com as mãos abertas em sinal de liberdade no meio de toda aquela gente. Essa cena pra mim resumiu perfeitamente qual o verdadeiro tema dessa obra.
No fim dos créditos finais do filme temos a explicação do fenômeno do Komorebi, que é a palavra japonesa criada para o brilho da luz que consegue atravessar as árvores e para as sombras das folhas balançando ao vento. Isso só acontece uma vez, aproveite o momento.
Alarme de Incêndio
2.7 8 Assista AgoraSe prestarem atenção na cena que a menina está trancada no depósito e olharem pro canto direito superior da tela vão ver um papel pegando fogo, era o roteiro do filme, rs
Eu não achei interessante. Considerando que é baseado na história real que aconteceu em 2011, o filme poderia ter uma mensagem mais importante e um retrato mais factual dos alunos e quais foram as consequências do incêndio. É muito lamentável a Netflix ter feito apenas uma trama de rivalidade feminina, poderia ter usado isso como uma oportunidade para expor o que aconteceu depois em uma escala maior do machismo que impede muitas mulheres de estudar e não apenas uma investigação mesquinha sobre valentonas do ensino médio em uma história fictícia que usa o evento real apenas para falar de um tema tão bobinho como a pressão por notas altas, tinha que ter explorado o machismo que está por trás dessa pressão, a forma como foi feito parece que tacaram o roteiro do filme no lixo.
Wonka
3.4 390 Assista AgoraNão curti o ator que faz o Wonka (ele não passa mistério e loucura igual o Johnny Depp, parece um rapaz franzino e bonzinho daqueles que você olha e já sabe tudo o que vai fazer) e os números musicais são facilmente esquecíveis e não causam emoção nenhuma (Me arrepio até hoje com a primeira aparição dos Oompa Loompas no filme do Burton ou no Original quando o Wonka canta Pure Imagination enquanto mostra a Fábrica), aqui só salva um ou outro, como o da aparição do Oompa Loompa, que nada mais é que a mesma música do Original reaproveitada.
Já o Hugh Grant está ótimo como Oompa Loompa (bem melhor que o da versão de Tim Burton, pena que aparece muito pouco) e o nosso eterno Mr Bean ficou muito bem também como clérigo corrupto, mas é decepcionante pois embora ele seja o vilão principal da trama, tive a sensação que ele aparece mais no trailer do que no filme.
Não entendo a necessidade do roteiro perder tanto tempo pra ficar mostrando o Wonka como bonzinho salvador de todos o tempo todo, é simplesmente repetitivo e aborrecedor, parece até mesmo aquelas palestras motivacionais em torno da imagem do empresário bem sucedido que começou como garotinho pobre que era sempre genial em tudo, que coisa mais chata. Bem diferente dos outros dois filmes, onde ele é um personagem intrigante e misterioso, apresentado uma personalidade perturbadora que denota vários traumas (Por exemplo, ele sempre engasga quando vai falar a palavra Pai no filme do Tim Burton)
Senti que o filme ficava dando voltas em torno dele mesmo e não se desenvolveu em momento algum, tudo no filme do Tim Burton parecia mais grandioso, até mesmo a fábrica, aqui é tudo tão infantil e simplificado, perto da genialidade dos outros filmes esse Wonka é apenas doce para crianças, toda cena eu falava: volta Tim Burton.
Secrets In The Hot Spring
3.5 27 Assista AgoraMesmo sendo um filme de comédia, o terror dele gera mais mistério e suspense que muitos filmes de terror famosos, pois aqui não temos a menor ideia do que iremos encontrar pela frente.
Adorei a criativa reviravolta no final, mas confesso que não entendi muitas das piadas feitas, algumas coisas parecem tão desatualizadas para nós ocidentais (como as piadas envolvendo a maquete do hotel/casinha de boneca, como se fosse muito engraçado o rapaz ter brincado de boneca algum dia), que é difícil até de entender e muito mais difícil ainda de achar graça.
Mas no geral é tudo muito divertido, um filme que brinca com nossa percepção o tempo todo, nos deixando curiosos pro caminho que a trama vai seguir, também entrega pequenos momentos de drama, mas suficientes para tirar alguma emoção de quem assiste (a cena que ele relembra a experiência de criança de estar em uma casa mal assombrada de parque de diversões ao lado dos pais dele é de uma beleza surreal), no geral é um filme muito inventivo e diferente, o tipo de obra que o cinema ocidental (tão preso em fórmulas prontas) parece não produzir mais hoje em dia, pois aqui temos uma comédia, um terror e até um pequeno drama, um complementando o outro e tudo funcionando tão bem, o cinema de uma nota só do ocidente ainda tem muito que aprender com o cinema oriental.
Obs: Existe uma divertida cena durante os créditos finais revelando um dos mistérios da trama.
Quiz Lady
3.5 47 Assista AgoraÉ muito mais do que uma comédia bobinha de fim de noite. É também um singelo drama sobre união familiar envolvendo trabalho em equipe de personalidades totalmente opostas indo em busca de seus sonhos.
O filme proporciona simpatia pelos personagens e arranca risadas sinceras o tempo todo de praticamente todos do elenco, até mesmo de personagens coadjuvantes que aparecem muito pouco, como o dono da pousada temática que se fantasia de um presidente dos EUA, a vizinha da protagonista que participa de momentos singelos e de cenas cômicas de rolar de rir, e destaque também para o personagem do Will Ferrell que está ótimo como apresentador de TV, protagonizando momentos cômicos e também emotivos, repetindo seu carisma visto em Barbie. A química entre as irmãs protagonistas é a cereja do bolo e a cena que uma delas fica doidona é uma das melhores que já vi em filmes de comédia.
Vencedor do prêmio de Melhor Filme para TV no Critics Choice Awards 2024
Será Que?
3.5 913 Assista AgoraÉ apenas uma comédia romântica clichê. Os protagonistas até tem seus bons momentos juntos, mas perdem a química da metade pro fim do filme, pra piorar os coadjuvantes simplesmente não funcionam, tudo soa forçado e bobo demais, a parte que ele viaja pra Dublin pra encontrar ela por exemplo soa irreal e dava pra ser descartada completamente do filme que não faria diferença nenhuma (E aquele lugar não me pareceu ser Dublin), assim como os diálogos dos amigos dos personagens principais, que são bobos e forçados o filme inteiro, chegando a ser todos insuportáveis, principalmente o personagem de Adam Driver que parece que saiu de American Pie.
Com um elenco com grandes nomes como o Daniel Radicliffe (Do ótimo Um Cadáver para Sobreviver e também nosso eterno Harry Potter), Zoe Kazan (Dos ótimos Ela Disse e A Balada de Buster Scruggs) e Adam Driver (Dos ótimos Infiltrado na Klan e História de um Casamento) com certeza davam pra ter feito um filme muito melhor.
Monstro
4.3 270 Assista AgoraInteressante como o filme brinca com todos que o assistem, como quem sabe que o olhar das pessoas para a trama sempre será preconceituoso e sensacionalista, mesmo daqueles que se dizem sem "pré conceitos":
No primeiro ato somos levados a acreditar que o professor é o Monstro, as crianças suas vítimas indefesas, e a mãe do garotinho a pessoa que irá salvar todos do perigo. No segundo ato somos convidados a acreditar que a criança principal do filme é o verdadeiro Monstro, sua mãe a protetora raivosa do monstro mirim e os professores na verdade eram suas vítimas, assim como os demais alunos. Por fim, quando achamos que entendemos tudo e que a história vai virar um filme de terror, no terceiro ato descobrimos que ali não é o fim da história e sim o seu começo, então somos levados a conhecer que o Monstro não existe e ele é apenas o olhar preconceituoso e sensacionalista das pessoas com base nos "pré conceitos" da sociedade que geraram vários mal-entendidos, criando um monstro aonde não existe nenhum e assim começam todas as guerras.
Esse filme tinha que ser indicado urgente ao Oscar de Melhor Edição e sair vencedor.
Meu Nome era Eileen
3.0 56 Assista AgoraAnne Hathaway e Thomasin McKenzie estão arrasando demais. É incrível que até um suspense que tinha tudo para não funcionar como esse daqui se fosse com outro elenco vira um baita filme na mão dessas ótimas atrizes. Não que seja um filme ruim, mas não consigo imaginar nenhuma atriz famosa fazendo elas com tanta maestria, qualquer outra atriz no lugar delas poderia fazer esse filme ser um fracasso monumental.
Se tivesse um Oscar de Melhor Química na Tela esse aqui ganhava o prêmio.
Achei muito parecido com "Ataque dos Cães" da Netflix a reviravolta envolvendo a Eileen, mas parei pra pensar e vi que o final do filme foi bom e não triste igual parece, se Rebecca não a tivesse abandonado no final, Eileen teria se tornado outra versão de Lee Polk (o pai que abusou sexualmente do filho antes de ser morto). Pelo menos agora ela terá a chance de viver fora desse ciclo de crimes. Pode não ser um final feliz, mas é o mais próximo que ela pode chegar. O gelo caindo e fazendo seu rosto sangrar quando ela deixou a casa no final do filme foi muito simbólico e eu interpretei como se isso quisesse dizer que agora ela saiu das asas do pai e entrou no mundo, essa cena do gelo em minha interpretação mostra ela sangrando fora de casa (no mundo), como uma prova de seu amadurecimento e agora ela terá a chance de fazer uma nova versão dela mesma, não sendo uma cópia piorada do seu pai.
Interessante como todos os elementos que antecederam o terceiro ato prepararam o público para uma sedução erótica, uma história de crime lasciva, ou ambos. Mas não existe sedução erótica. É bem possível que Eileen tenha interpretado mal todos esses sinais (Várias cenas do filme mostram que ela leva a sério todas as piadinhas por exemplo, provando interpretar mal as pessoas e até mesmo ter algum grau leve de autismo). E embora haja uma história de crime, não é lasciva. É totalmente grotesca e triste, como todo crime realmente é. Você poderia até chamar isso de anticlimático, mas essas revelações e resoluções foram repentinas e inquietantes por serem reais, o filme traí seu próprio gênero de thriller policial para desafiar as convenções de gênero com um novo propósito singular e perturbador de se fazer cinema.
Obs: Só agora vi a entrevista com a Anne Hathaway e descobri que Rebecca não existia e era apenas um produto da imaginação perturbada de Eileen, faz sentido, pois estranhei uma mulher dirigindo presídio e ainda toda empoderada em plenos anos 60, tal cena não deveria ser muito comum naquela época e dá pra ver que ela simplesmente desaparece do final do filme e deixa a Eileen sozinha pra terminar de matar a mulher, o que seria um baita erro ela fazer isso, pois a Rita poderia incriminar as duas, a única explicação lógica é realmente ela nunca ter existido.
How to Have Sex
3.7 110 Assista AgoraUm filme muito minimalista, onde sentimos tudo o que acontece na trama apenas pela expressão facial dos atores, é sufocante como a diretora tem o controle total da narrativa e nos prende em cada cena pra observar cada detalhe milimétrico de cenas que parecem não terem a menor importância mas dizem muito, a história não precisa entrar em muitos detalhes pois as atuações excelentes comandam toda a narrativa.
Um filme de balada sem ser o típico filme teen
Um filme de viagem de férias sem ser o típico filme de férias
Um drama profundo sem ser o típico filme de drama
Um filme sobre expectativas x realidades, sobre ser mulher na sociedade moderna, e sobre tentar se encaixar com base nas expectativas dos outros e não em suas próprias.
Reparem nos segundos finais do filme no aeroporto, é triste constatar que a empolgação dela indo de volta pra casa lembra a alegria do começo, um filme que diz muito sem precisar falar nada.
Meu primeiro filme de 2024.
Feriado Sangrento
3.1 402Mortes muito criativas, easter eggs por todas as partes, crítica ao consumismo desenfreado muito divertida e inteligente, e realmente nos sentimos no Dia de Ação de Graças dos EUA (diferente de Pânico 6, que se passa no Halloween mas a única cena marcante que remete a data é aquela no metrô de Nova York com as pessoas fantasiadas), como ponto negativo fica o mistério em torno do vilão que é facilmente previsível pra quem já está acostumado com o subgênero slasher.
Eu por exemplo identifiquei o assassino nos primeiros 30 segundos do filme, se prestarem atenção a abertura é em homenagem a Halloween, mostra a casa de longe e a respiração ofegante no estilo Michael Myers chegando perto da porta, então ao atender a porta está o xerife, por causa disso a partir dos primeiros 30 segundos de filme já sabia que era ele o vilão por causa dessa homenagem feita pra franquia Halloween. Pra mim não teve graça o mistério da trama, mas pra quem não está familiarizado com o gênero vai se divertir bastante tentando descobrir quem é o vilão.
Obs: Existe uma cena adicional após os créditos finais.
O Homem dos Sonhos
3.5 140Interessante como o filme começa nos agradando, apresentando uma simples comédia e vai nos deixando desconfortáveis conforme avança, adquirindo contornos mais sombrios e entrando em temas como cultura do cancelamento, publicidade abusiva, epidemia de transtornos mentais, ansiedade coletiva, paranoia das redes sociais, cultura da fama, etc.., é uma mistura de diversos temas e com várias conclusões diferentes.
A conclusão que fica é que antes a vida era mais simples, as pessoas apenas sonhavam e eventualmente tinham pesadelos, hoje tudo passa a ser visto como um grande problema e com tanta tecnologia o próximo passo é controlarmos nossos sonhos, e a cura da alma passa a ser apenas mais uma fonte de lucro para a iniciativa privada.
Obs: Nicolas Cage está excelente no papel e deve ter mudado de agente, pois agora só está fazendo filmes bons.
The Starling Girl
3.5 9Um dos melhores filmes do ano. A atuação da Eliza Scanlen é digna de Oscar nessa incrível e emocionante história sobre crescimento e amadurecimento em meio ao fanatismo religioso.
Um filme que mostra como as mudanças naturais da vida podem ser dolorosas dependendo do contexto, mas não pense que isso aqui é um dramalhão, muito pelo contrário, embora tenha muitas cenas dramáticas exageradas como o cinema americano adora fazer, também tem muita sutileza, sentimentos e romance, esse filme é a mais pura poesia.
Meu Cunhado é Um Vampiro
2.4 68Muito legal, ao contrário dos outros filmes do Leandro Hassum aqui não tem sentimentalismo forçado e drama sem sentido jogado dentro da comédia. Muito pelo contrário, Meu Cunhado é um Vampiro é comédia escrachada do começo ao fim, e sabe que a tosquice diverte mais do que tentar fazer algo que contradiz seu estilo de Adam Sandler brasileiro.
Legal ver referências ao Zé do Caixão no quarto da menina (pôster do filme A Meia Noite Levarei sua Alma), a novela O Beijo do Vampiro na balada, alguns clássicos como Drácula de Bram Stocker (na fantasia de Hassum), e finalmente um filme brasileiro que se passa no Halloween. Só não gostei que escolheram um samba nada a ver com o gênero pra encerrar o filme, enquanto poderiam muito bem ter usado um rock nacional ou até mesmo uma Rita Lee - Meu Doce Vampiro.
Minha coletânea de piadas do filme que me fizeram chorar de rir:
- Ele dizendo que é um homem de fé, mesmo sem saber o que é Pai Nosso, pois todo gol que fazia apontava pro céu e dedicava a Jesus, baita zoeira com o Kaka, kkkkkk
- A mulher do cara quando viu a ex mulher dele transformada em vampira na festa dizendo que ela não fez harmonização facial e sim demonização facial, essa foi demais, kkkkkkkkk
- A água benta não fazendo efeito pois a catedral estava fechada e o cara resolveu benzer na Igreja do lado da casa dele chamada Deus é 10, kkkkkkkkkkkkk
- A cruz não fez efeito pra derrotar o Drácula, mas a camisa com o símbolo do Vasco (que é uma cruz de malta) fez efeito pois o cara depositou toda sua fé no time que sempre é derrotado, kkkkkkkkkkkkkkkkk
Já quero a parte 2: Meu Sogro é um Lobisomem
A Noite das Bruxas
3.3 186Nenhum filme dessa trilogia é realmente ótimo. Mas toda a ambientação e a atmosfera criada aqui é sem dúvida a melhor dos três filmes, e chega a ser mais interessante inclusive que a própria resolução do mistério final da trama.
Mesmo deixando a desejar no terror, A Noite das Bruxas entrega um suspense eficiente, mas o maior mistério continua sendo entender da onde surgiu o título do filme e suas bruxas, rs (A geração mais antiga chamava Halloween de Noite das Bruxas no Brasil quando o livro de Agatha Christie foi escrito nos anos 60), por isso que Halloween Party ganhou esse título no Brasil, acho que foi o único país do mundo que isso aconteceu.
Quando tudo termina a única sensação que fica é a vontade louca de passar uma noite de Halloween em Veneza.
Olá, Fantasma!
4.4 7 Assista AgoraAcerta no drama e na comédia o tempo todo, um gênero não anula o outro em nenhum momento do filme. Os taiwaneses estão ficando especialistas em comédias dramáticas de fantasmas, o representante de Taiwan no Oscar 2024 (Um Romance do Além) é do mesmo estilo desse aqui.
O elenco está em ótima sintonia e a relação amorosa presente no filme até pode ser meio apática para os padrões brasileiros, mas em nenhum momento soa forçada. Fui pego de surpresa pela reviravolta da trama em seu encerramento muito emocionante, só perde em emoção pela honra de ser o primeiro a avaliar esse ótimo filme aqui no Filmow.
Os Rejeitados
4.0 319 Assista AgoraPaul Giamatti é disparado o melhor ator de 2023 no melhor filme natalino do ano. E o que é o Natal, se não uma festa para fingir que não existe rejeição no mundo?
Mesmo no significado cristão do Natal, Jesus nasceu rejeitado em meio a animais em um estábulo, ou em seu significado pagão, onde a festa celebra o deus Saturno, que é na mitologia romana o próprio deus do tempo, também conhecido como dissolução.
Obs: A cena da indireta no Papai Noel do boliche foi demais
Garota, Interrompida
4.1 1,9K Assista AgoraO filme tem boas atuações, por isso é triste constatar como essa obra envelheceu mal. Pra um filme de 1999, época de forte luta antimanicomial (os manicômios foram proibidos apenas em 2000 no Brasil), a obra não retrata as instituições como problemas, muito pelo contrário, endeusa e ignora como o local era usado pra mascarar os verdadeiros problemas da sociedade, tem até uma cena ridícula de um funcionário entrando de noite no quarto enquanto ela dormia pra trocar a lâmpada e olhando pro corpo dela e tudo sendo retratado pelo roteiro do filme como o coitadinho que foi expulso por causa da mulher devassa que o beijou (quando vi essa cena já saquei que o filme foi dirigido por um homem), que ridículo, as situações de abusos que ocorriam livremente nessas instituições são retratadas com uma normalidade doentia em um roteiro que parece culpabilizar todas as pacientes e retratar os funcionários como deuses.
Mas o pior mesmo é ver que o filme parece ignorar completamente como o local era usado pra isolamento e abandono dessas pessoas, o roteiro apresenta uma narrativa retrógrada demais ao mostrar manicômios como um mal necessário. Com direito até a liçãozinha de moral no final que devem ter tirado de algum livro de auto ajuda barato.
Um Estranho no Ninho, mesmo sendo um filme de 1975, é muito mais moderno que esse daqui e está muito a frente de todos os temas discutidos de forma preguiçosa aqui e por isso envelheceu muito bem, continuando atual até os dias de hoje.
Mas o mais triste nem foi tudo isso (Alerta de Spoiler e de gatilho forte)
o pior mesmo foi constatar que a atriz Brittany Murphy teve um fim igual a personagem principal do filme iria ter na cena de abertura, não sei se ela se inspirou nesse filme inclusive, mas não me espantaria se tivesse, achei tudo aqui problemático demais na abordagem feita de transtornos mentais, culpabilizando as vítimas em muitos momentos com discursos de auto ajuda ridículos (a enfermeira chamando as personagens de preguiçosas foi uma das cenas mais preconceituosas que já assisti em toda minha vida) e retratando os manicômios como deuses, com direito até a obrigações de tomar remédios inócuos (até laxantes) contra a vontade dos pacientes sendo retratados pelo filme como se fosse algo aceitável para o processo de cura a longo prazo, que grande porcaria foi isso aqui, estou até sem palavras.
Clube da Luta Para Meninas
3.4 229 Assista AgoraO filme segue todos os clichês do gênero de filmes colegiais, apenas insere algumas cenas de violência exageradas em alguns poucos momentos pra apresentar algo "diferente" do padrão, mas todo o algoritmo de filmes colegiais continuam cravados lá.
Embora exagere na violência a ousadia nunca chega realmente na trama, pois os personagens são apenas estereótipos, e da mesma forma que jorra sangue em qualquer luta (nem sei se dá pra chamar de luta), basta duas meninas irem pra cama juntas que a câmera foge da cena igual o diabo foge da cruz, ou seja, o conservadorismo americano continua escondido por lá. Não consegui ver esse filme todo ousado que a crítica está falando, será que o filme é realmente revolucionário por ter inserido pessoas queer ou o cinema norte americano que ficou careta demais nos últimos anos?
Como ponto positivo fica a trilha sonora, embora tenha parado em 2004 igual o roteiro do filme, pelo menos é sempre divertido ouvir Avril Lavigne novamente.
Concordo que esse filme mostra que os filmes do gênero besteirol dos anos 90 não precisavam ser sexistas, machistas e homofóbicos para serem engraçados. Mas a comédia colegial adolescente Nunca fui Santa (But I'm A Cheerleader) já fez tudo o que esse filme apresenta como revolucionário e de forma muito mais criativa, e o mais impressionante é que fez isso em pleno anos 90.
Nosso Amigo Extraordinário
3.5 78 Assista AgoraA verdadeira história desse filme é a solidão, quando ajudamos os outros nos sentimentos menos solitários, tanto é que no encerramento do filme..
O idoso até desiste de ir morar em outro planeta com o alien pois se sentiu completo novamente.
Bonito e singelo, essa trama é simples mas com muito potencial emotivo, o alien é um mero simbolismo para o papel do terapeuta, já que ele apenas ouve os problemas, sem falar nada, uma reflexão de como o ato de ouvir é mais importante do que o de falar e ajuda muito mais as pessoas, tanto é que no começo do filme eles falavam muito e sempre as mesmas coisas na Câmara Municipal da cidade e nunca eram realmente ouvidos, mas passaram a fazer parte de uma comunidade quando se uniram pra ajudar o alien a voltar para sua casa, mas quem realmente acabou sendo ajudado foram eles. Moral da história, quando pedimos para os outros resolverem nossos problemas nunca nos sentimos tão preenchidos quando ajudamos os outros.
Quando Eu Era Vivo
2.9 323Gostei muito desse filme, ele é um terror invertido, a gente acho que vai ir para um caminho e no final vai por outro, pra mim é um dos melhores filmes de terror já produzidos no Brasil. Ele brinca com as lendas brasileiras dos anos 80, o chamado Pânico Satânico, mania essa importada dos evangélicos dos EUA, onde tudo era considerado do "capeta", então podemos ver o boneco Fofão escondido em algumas cenas, discos rodando ao contrário, e vários momentos que criam um clima de nostalgia do nosso próprio passado e aprofunda o terror da obra ao mesmo tempo.
E o que falar do final, quebra todas nossas expectativas e apresenta a pessoa mais "normal" da trama como o grande vilão.
Como podemos ver no final do filme quem estava possuído o tempo todo era o pai. O pai chamava a própria esposa falecida de louca o filme inteiro e fazia pouco caso das memórias do passado, com o ritual ele "volta a vida" e passa a se reconhecer como membro daquela família. A música dos créditos finais na voz da cantora Sandy é a cereja do bolo e um baita resumo do filme pra quem não entendeu nada, afinal, o que é a família se não uma fábrica de loucos que moram juntos? loucos um de amor pelos outros. No caso o personagem principal precisou perder o emprego pra se encontrar.
O objetivo central da obra aqui é fazer uma crítica a chamada nova classe média brasileira que prioriza o trabalho e deixa a família sempre em segundo plano.
Um Mistério de Natal
2.8 2 Assista AgoraAchei que seria como assistir a um episódio de Nancy Drew ou até mesmo Scooby Doo, mas fiquei desapontado. Não foi ruim mas só foi bom apenas para um público infantil. No entanto, senti que foi previsível demais e vi o final chegando a 40 minutos antes do fim. Também foi um filme muito curto e pouco emocionante, senti que eles poderiam ter feito um trabalho muito melhor com o que tinham em mãos.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
4.3 520 Assista AgoraNão chega nem perto da genialidade do filme anterior, aqui é puro fan service.
Achei que é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, nunca tivemos um filme do Homem Aranha tão corrido como esse aqui, faltam momentos de contemplação, cenas marcantes como as dos filmes do Sam Raimi (como esquecer daquele beijo na chuva?) não chegam nem perto de acontecer aqui, pois todo momento tem que estar acontecendo algo na tela, acaba ficando cansativo tanta correria, quando ele luta com o Mancha na primeira cena e fica atendendo o celular ao mesmo tempo, consegui entender que devem ter feito o filme corrido assim pra geração atual não conseguir fazer as duas coisas ao mesmo tempo, rs.
Esse Bagunçaverso não tem nada de impactante ou intrigante, é apenas muito chato, tem até gatinho aranha e dinossauro aranha, que coisa boba, saudades de filmes de viagem no tempo como Donnie Darko, poderiam ter se inspirado em algo mais sombrio ao compor o roteiro, acho que ficaram com medo de afastar o público infantil.
Retratos Fantasmas
4.2 229 Assista AgoraEmocionante demais, não conheço Recife e não vivi essa época dos cinemas de rua, quando eu nasci já eram cinemas apenas em shoppings, mas mesmo assim esse documentário me derrubou de emoção e nem sou um grande fã do gênero, mas a forma que esse filme foi filmado e contado é impressionante, ele mostra desde as casas simples e sem muros dos bairros de antigamente até os enormes arranha-céus com seus muros altos e com cercas elétricas, o glamour do centro da cidade ao seu derradeiro abandono, a ditadura militar até a democracia, os cinemas de rua até as igrejas evangélicas. Retratando as marcas profundas que as mudanças sociais vão deixando nas arquiteturas das cidades. Esse filme merece muito representar o Brasil no Oscar.
E quando acaba é triste constatar que toda nossa vida acaba sendo retratos fantasmas de um passado que já não existe mais.
Eu entendi que o taxista fantasma do final do filme é uma metáfora para o que é o próprio cinema, em tempos de Uber ele continua existindo, assim como o cinema, mas ficou invisível (plataforma de streaming), notem que o diretor do filme fala que seguia o aplicativo (Waze) para traçar a rota, mas isso o estressava pois queria passar por lugares diferentes, isso é uma clara referência a política de algoritmos dos serviços de streaming, onde é a plataforma que escolhe o que iremos ver com base em nossos gostos e não nós mesmos. A consequência disso é que temos cada vez mais produções parecidas umas com as outras, igual o final do filme onde mostra várias farmácias idênticas uma do lado da outra, só mudando o nome, mas o produto vendido é o mesmo (uma droga qualquer).