É possível assistir e gostar um pouco por conta da personagem feminina, que tem ótimas ideias. O protagonista é muito burro, a ponto de incomodar o espectador e tornar algumas cenas inverossímeis. A analogia da pandemia do Covid-19 com apocalipse zumbi trazem certa empatia nos momentos de distanciamento social.
As atuações e a trama principal seguram bem a obra, mas há decisões técnicas muito esquisitas: um personagem de repente viaja e não aparece mais; a outra que gera expectativa como coadjuvante, mal aparece no filme; a trama paralela não se resolve nem ajuda a desenvolver a história; a cena esperada da revelação simplesmente não acontece. O filme vale a pena, mas poderia ter focado na força da história e na atuação da Sandra Bullock, já seria suficiente.
O ritmo é muito ruim. Como amante de sci-fi, gostei da atmosfera criada, do didatismo tentando explicar nomes, histórias e contextos. Porém, assistir a adaptação de uma obra pioneira é mais relevante quando a obra tem adaptações atualizadas e conversa com o público atual. Percebo um esforço muito grande de explicar e clamar por grandeza, mas a verdade é que é o roteiro é fraco e os personagens foram mal construídos.
Uma história difícil de ser contada, cheia de contexto, literalmente de milhares de anos. Os flashbacks são naturalizados e vamos nos acostumando ao longo da obra em tê-los, sempre trazendo respostas para transparecer mais verdade e justificativa. É muito fácil criticar tempo de tela de um personagem e cobrar seriedade total da Marvel. É um sci-fi contemplativo e apoteótico, com ritmo calmo e palatável, mas os elementos da Marvel estão lá, forçados ás vezes, mas estão lá. Uma boa surpresa para mim, que já estou saturado da fórmula de heróis.
O clima criado com a ambientação, as falas melancólicas, o ritmo, a cor cinzenta, toda essa atmosfera se harmoniza com o tema tratado no filme: solidão. A carência e apatia da personagem principal é contrastada gradativamente com a raiva e a violência iminente. Essa climax é construido com cautela, guardando mistérios, que podem ser descobertos durante a sessão ou até mesmo depois de assistir a obra, como foi no meu caso. A relação afetiva e o senso de pertencimento com a figura mítica do demônio tem uma abordagem original, pouco visitada no cinema de horror.
Após acompanharmos o martírio de Lucas, é doloroso, mas compreensível ele querer continuar morando no mesmo local, tentar recuperar os amigos, a família. O personagem precisa ter um equilíbrio psicológico absurdo para retomar a vida e estabelecer confiança novamente. A obra é sobre falsas verdades, delírio coletivo, linchamento, papéis pautados numa sociedade cheia de tradições (e alguns preconceitos). É sobre o espectador, que mesmo depois da ótica privilegiada e didática do diretor sobre o protagonista, ainda duvida da inocência do Lucas.
A cena do Lucas com a pequena Klara no final, é uma das cenas mais angustiantes que já assisti. Há uma torcida desesperada para que Lucas não se aproxime, pois não há um ponto de retorno para o momento antes da acusação.
É uma boa comédia romântica. Nesse gênero, é comum ter uma fórmula em que 1 do casal é alienado ou cheio de preconceitos. Neste caso, é a jornalista. É a mesma fórmula do patinho feio, que na verdade, esconde um grande talento ou beleza padrão escondida para os demais personagens, mas não para o espectadores. O Natal foi bem incorporado na história. Este filme também tem o grande mérito de fazer o espectador querer rever Duro de Matar.
Tem boas cenas com zumbis, principalmente o tigre zumbi, mas de resto, é cheio de melodrama fora de hora, que não ajuda a amadurecer os personagens. A história quando parece que vai engatar, volta a chatear apresentando mais um drama pessoal. O filme erra em encher de personagens e querer abordar algo pessoal de cada um. Tem alguns que você até esquece que ainda estavam na história. Assistir antes o ótimo Exército de ladrões e fui na expectativa da sequência, esperando o último cofre em meio aos zumbis, mas percebi que neste o arrombador de cofres é apenas o alivio cômico.
Uma divertida comédia de ação, com muitas situações inverossímeis, mas com personagens coesos e com propósitos instigantes. O elo central é muito forte e bem apresentado nos momentos de tensão do filme. A fotografia se destaca, bem como as paisagens mais abertas, o que acaba sendo agradável para ambientar áreas externas e a arquitetura dos bancos. Não pouparam esforços em desenhar cofres bonitos e em fazer ótimas animações sobre a estrutura interna. Apesar de Army of the Dead ter sido lançado antes, a ordem correta é assistir este primeiro. E adianto que este consegue ser muito melhor.
Uma trama bem construída, que vai se desenhando aos poucos. Lembra muito o terror característico do Sam Raimi. É encantador ver um terror trash com movimentos de câmera inventivos, ver cenas de confrontos em planos abertos, ver cenários que remetem a fantasia típica do giallo italiano. É interessante como o diretor brinca com o tipo de terror que está sendo apresentado, ora um suspense, que caminha para um terror de espíritos e conclui com um trash de grande apelo popular, pela estética do Gabriel. Também é interessante a discussão nas entrelinhas sobre violência doméstica, pois é onde a história começa e afinal, é sobre um "homem" que subjuga uma mulher no âmago da sua psique.
A premissa do filme é muito boa: Um prólogo ambientado com samurais. Se o foco da obra fosse Scorpion x Sub-zero, teria sido um filme bem melhor. Este aqui, de forma geral, consegue ser pior do que o primeiro lá de 1995. O primeiro pelo menos tem um torneio acontecendo e tem uma unidade estilística mais agradável.
Bastante sensacionalista, principalmente por não entregar respostas claras, pois não existem. A primeira parte com foco na carreira da atriz e nos desdobramentos das pressões sofridas são bem cativantes. Porém, quando o foco passa a ser o marido destoa consideravelmente. O doc sugere além do aceitável, ao invés de apenas apresentar os fatos. O gancho dado com a mãe do marido indica grandes revelações, mas depois afunda em comentários evasivos e pouco elucidativos. Vale a pena para conhecer mais da carreira da atriz e pelos depoimentos do legistas e investigadores.
A obra traz uma dualidade sombria, pois podemos compreende-la como a representação elitista do pobre ou como uma representação de todas as mazelas sociais juntas e exageradas numa mesma família. Como representação preconceituosa, a visão deturpada de uma pessoa pobre incomoda e não tem nada de engraçado, pois é uma visão que omite a função social do trabalho que alguns ali exercem, omite o senso de comunidade, de bondade, omite cultura, representação da fé, amor próprio e o aproveitamento das raras oportunidade de melhorar de vida. Ao omitir a humanidade nos personagens, a visão elitista é legitimada aos olhares do espectador que é incapaz de dentro da sua bolha perceber que aquelas pessoas precisam de intervenção do Estado, de oportunidades, de justiça social, de dignidade, de proteção, de cuidado. Timidamente, a obra discute o abandono e desprezo da sociedade com aquelas pessoas. A presença da jovem adolescente é o único elemento de humanidade que nos mostra de forma melancólica, que aquela personagem tão representativa, apesar de não estar presa no cercadinho das crianças, está presa na realidade e não há maneira de fugir.
Talvez o contexto histórico fizesse mais sentido na época de lançamento do filme, mas vendo hoje, sinto que perdi alguma coisa sobre a 1° era Vargas. É difícil compreender a intenção, os motivos e o desenvolvimento individual de cada personagem. O personagem Graciliano é um observador, estranhamente blindado nas prisões. Por vezes, tive a sensação de que a memória nunca era dele, mas dos outros. Nenhum desses elementos diminuem as qualidades do filme: com cenas marcantes, diálogos inteligentes e situações que retratam bem as relações entre aqueles personagens, militares, ladrões e presos políticos. As 3h não incomodam se você for assistir numa tarde livre.
Uma bela encenação remetendo a várias referências, e aqui, em certo equilíbrio entre as norte americanas e japonesas. É daqueles filmes de ação que se preocupam em manter uma história curta e simples e que dá foco quase que integralmente a ambientação. A obra encontra o tom certo ao não se levar a sério, a ter um pouco de canastrice e a remeter a memória do espectador sem pudor: escolha sua referência e reviva esses momentos nessa roupagem pouco remodelada.
Uma aula atemporal de filme de ação com cenas de luta. Essas lutas remetem imagens distintas ao espectador, com sensações agradáveis: ora a um tom teatral pelo aproveitamento do espaço e de praticamente todos os elementos de cena, passando por um efeito que lembra bons planos sequência, graças a ausência de muitos cortes e o fácil acompanhamento dos movimentos de luta, e por fim, traz sensação do videogame, com cenários e desafios que mais parecem fases de jogos, além da história ser simples, que possa caber em breves diálogos. Fora as lutas, algumas cenas são bastante inventivas, como o discurso encenado três vezes pelos policiais aos seus superiores, ou a divertida cena da discussão de casal passando pelo vestiário. Se reflete no filme um ambiente de muita criatividade e pouca aversão aos riscos.
Um trabalho de direção muito competente. Os cenários urbanos são como imagens históricas, que contrastam bem com o clima de esperança ingênua dos personagens. Há um tom pessimista no protagonista, que envolve o espectador. De maneira geral, a obra é permeada por personagens que subjugam ou se aproveitam dos demais. Interessante também a complexidade do personagem principal, com um inusitado código, fruto de seus traumas e pela conturbada relação com religião e morte.
Um filme infantil e de baixo orçamento cujo pano de fundo é formado pelos deuses de Valhalla. A garotinha protagonista segura bem o filme. Há lições interessantes para crianças, de amizade, superação e inocência. De forma geral, é uma aventura que vai gerando interesse a cada cena, mesmo com a estranheza de termos deuses sem muitos efeitos especiais.
Tem um ritmo lento e em dado momento, parece que o protagonista vai se perder completamente. Incomodou um pouco a inércia provocada pela falta de necessidade de trabalhar. No entanto, é muito inventivo o trecho de descrição das mazelas. Encanta também os flashbacks na casa/caverna, que não apela para o melodrama, além dos incríveis reencontros que a trama vai entregando gradativamente. O que há de mais marcante na obra é a relação do protagonista com a mãe, construída com memórias de diversos tempos. É uma relação que vai se mostrando complexa, que sugere temas polêmicos, mas deixa implícito alguns tabus. É uma relação das mais comuns entre mãe e filho, e por isso mesmo, bastante representativa para muitos espectadores.
A forma é primordial, uma conjunção de belas imagens com elementos arquitetônicos e apoteóticos. Chega um ponto em que o desavisado percebe que nem o protagonista nem a mulher vão concordar quanto as memórias. Ao passo que algumas narrações e cenas se repetem com leves variações, o tom de melancolia aumenta. Há claramente uma sensação de estar preso, envolto em um ciclo sem fim, cada qual com seu sentimento predominante: um com sua obsessão, outra com medo e ansiedade e até o estranho, tem seu sentimento de vitória, mas que não traz nenhuma felicidade. Ao final, temos um certo afago da trama, mas já sabemos que essa versão é uma das várias que serão revisitadas nos confins da memória. O filme é um enigma que não apresenta resposta, mas cujas imagens perduram na nossa mente.
O filme causa sentimentos ambíguos em relação ao tema que trata. Por alguns momentos, o drama adolescente típico dos anos 90 se sobressai, ao passo que você, espectador, é lembrado que aquele drama é grave, se repete e afeta terrivelmente a vida de quem convive com depressão, entre outras patologias. A atuação da Christina desperta igualmente essa dualidade: ora é assertiva, realista, contundente, mas em momentos de choro percebemos claramente uma dificuldade na atuação. Creio que tenha acertado em cheio muitos jovens adultos, que começaram a ouvir Lou Reed e que tinham de alguma forma a sensação de estar fora da caixinha da normalidade.
#Alive
3.2 496 Assista AgoraÉ possível assistir e gostar um pouco por conta da personagem feminina, que tem ótimas ideias. O protagonista é muito burro, a ponto de incomodar o espectador e tornar algumas cenas inverossímeis. A analogia da pandemia do Covid-19 com apocalipse zumbi trazem certa empatia nos momentos de distanciamento social.
Blackout: A Batalha Final
2.8 37Filme de fim do mundo em que o herói não é norte americano, já vale a pena.
Imperdoável
3.6 521 Assista AgoraAs atuações e a trama principal seguram bem a obra, mas há decisões técnicas muito esquisitas: um personagem de repente viaja e não aparece mais; a outra que gera expectativa como coadjuvante, mal aparece no filme; a trama paralela não se resolve nem ajuda a desenvolver a história; a cena esperada da revelação simplesmente não acontece. O filme vale a pena, mas poderia ter focado na força da história e na atuação da Sandra Bullock, já seria suficiente.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraO ritmo é muito ruim. Como amante de sci-fi, gostei da atmosfera criada, do didatismo tentando explicar nomes, histórias e contextos. Porém, assistir a adaptação de uma obra pioneira é mais relevante quando a obra tem adaptações atualizadas e conversa com o público atual. Percebo um esforço muito grande de explicar e clamar por grandeza, mas a verdade é que é o roteiro é fraco e os personagens foram mal construídos.
Eternos
3.4 1,1K Assista AgoraUma história difícil de ser contada, cheia de contexto, literalmente de milhares de anos. Os flashbacks são naturalizados e vamos nos acostumando ao longo da obra em tê-los, sempre trazendo respostas para transparecer mais verdade e justificativa. É muito fácil criticar tempo de tela de um personagem e cobrar seriedade total da Marvel. É um sci-fi contemplativo e apoteótico, com ritmo calmo e palatável, mas os elementos da Marvel estão lá, forçados ás vezes, mas estão lá. Uma boa surpresa para mim, que já estou saturado da fórmula de heróis.
A Enviada do Mal
3.0 286 Assista AgoraO clima criado com a ambientação, as falas melancólicas, o ritmo, a cor cinzenta, toda essa atmosfera se harmoniza com o tema tratado no filme: solidão. A carência e apatia da personagem principal é contrastada gradativamente com a raiva e a violência iminente. Essa climax é construido com cautela, guardando mistérios, que podem ser descobertos durante a sessão ou até mesmo depois de assistir a obra, como foi no meu caso. A relação afetiva e o senso de pertencimento com a figura mítica do demônio tem uma abordagem original, pouco visitada no cinema de horror.
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraApós acompanharmos o martírio de Lucas, é doloroso, mas compreensível ele querer continuar morando no mesmo local, tentar recuperar os amigos, a família. O personagem precisa ter um equilíbrio psicológico absurdo para retomar a vida e estabelecer confiança novamente. A obra é sobre falsas verdades, delírio coletivo, linchamento, papéis pautados numa sociedade cheia de tradições (e alguns preconceitos). É sobre o espectador, que mesmo depois da ótica privilegiada e didática do diretor sobre o protagonista, ainda duvida da inocência do Lucas.
A cena do Lucas com a pequena Klara no final, é uma das cenas mais angustiantes que já assisti. Há uma torcida desesperada para que Lucas não se aproxime, pois não há um ponto de retorno para o momento antes da acusação.
Um Match Surpresa
3.2 338 Assista AgoraÉ uma boa comédia romântica. Nesse gênero, é comum ter uma fórmula em que 1 do casal é alienado ou cheio de preconceitos. Neste caso, é a jornalista. É a mesma fórmula do patinho feio, que na verdade, esconde um grande talento ou beleza padrão escondida para os demais personagens, mas não para o espectadores. O Natal foi bem incorporado na história. Este filme também tem o grande mérito de fazer o espectador querer rever Duro de Matar.
Army of the Dead: Invasão em Las Vegas
2.8 957Tem boas cenas com zumbis, principalmente o tigre zumbi, mas de resto, é cheio de melodrama fora de hora, que não ajuda a amadurecer os personagens. A história quando parece que vai engatar, volta a chatear apresentando mais um drama pessoal. O filme erra em encher de personagens e querer abordar algo pessoal de cada um. Tem alguns que você até esquece que ainda estavam na história. Assistir antes o ótimo Exército de ladrões e fui na expectativa da sequência, esperando o último cofre em meio aos zumbis, mas percebi que neste o arrombador de cofres é apenas o alivio cômico.
Exército de Ladrões: Invasão da Europa
3.2 181Uma divertida comédia de ação, com muitas situações inverossímeis, mas com personagens coesos e com propósitos instigantes. O elo central é muito forte e bem apresentado nos momentos de tensão do filme. A fotografia se destaca, bem como as paisagens mais abertas, o que acaba sendo agradável para ambientar áreas externas e a arquitetura dos bancos. Não pouparam esforços em desenhar cofres bonitos e em fazer ótimas animações sobre a estrutura interna. Apesar de Army of the Dead ter sido lançado antes, a ordem correta é assistir este primeiro. E adianto que este consegue ser muito melhor.
Maligno
3.3 1,2KUma trama bem construída, que vai se desenhando aos poucos. Lembra muito o terror característico do Sam Raimi. É encantador ver um terror trash com movimentos de câmera inventivos, ver cenas de confrontos em planos abertos, ver cenários que remetem a fantasia típica do giallo italiano. É interessante como o diretor brinca com o tipo de terror que está sendo apresentado, ora um suspense, que caminha para um terror de espíritos e conclui com um trash de grande apelo popular, pela estética do Gabriel. Também é interessante a discussão nas entrelinhas sobre violência doméstica, pois é onde a história começa e afinal, é sobre um "homem" que subjuga uma mulher no âmago da sua psique.
Mortal Kombat
2.7 1,0K Assista AgoraA premissa do filme é muito boa: Um prólogo ambientado com samurais. Se o foco da obra fosse Scorpion x Sub-zero, teria sido um filme bem melhor. Este aqui, de forma geral, consegue ser pior do que o primeiro lá de 1995. O primeiro pelo menos tem um torneio acontecendo e tem uma unidade estilística mais agradável.
What Happened, Brittany Murphy?
3.4 50Bastante sensacionalista, principalmente por não entregar respostas claras, pois não existem. A primeira parte com foco na carreira da atriz e nos desdobramentos das pressões sofridas são bem cativantes. Porém, quando o foco passa a ser o marido destoa consideravelmente. O doc sugere além do aceitável, ao invés de apenas apresentar os fatos. O gancho dado com a mãe do marido indica grandes revelações, mas depois afunda em comentários evasivos e pouco elucidativos. Vale a pena para conhecer mais da carreira da atriz e pelos depoimentos do legistas e investigadores.
O Culpado
3.0 453 Assista AgoraVim dar nota baixa para este filme horrível e ainda descubro que é mais um exemplar de remakes de filmes estrangeiros recentes.
Feios, Sujos e Malvados
4.2 107 Assista AgoraA obra traz uma dualidade sombria, pois podemos compreende-la como a representação elitista do pobre ou como uma representação de todas as mazelas sociais juntas e exageradas numa mesma família. Como representação preconceituosa, a visão deturpada de uma pessoa pobre incomoda e não tem nada de engraçado, pois é uma visão que omite a função social do trabalho que alguns ali exercem, omite o senso de comunidade, de bondade, omite cultura, representação da fé, amor próprio e o aproveitamento das raras oportunidade de melhorar de vida. Ao omitir a humanidade nos personagens, a visão elitista é legitimada aos olhares do espectador que é incapaz de dentro da sua bolha perceber que aquelas pessoas precisam de intervenção do Estado, de oportunidades, de justiça social, de dignidade, de proteção, de cuidado. Timidamente, a obra discute o abandono e desprezo da sociedade com aquelas pessoas. A presença da jovem adolescente é o único elemento de humanidade que nos mostra de forma melancólica, que aquela personagem tão representativa, apesar de não estar presa no cercadinho das crianças, está presa na realidade e não há maneira de fugir.
Memórias do Cárcere
3.8 49 Assista AgoraTalvez o contexto histórico fizesse mais sentido na época de lançamento do filme, mas vendo hoje, sinto que perdi alguma coisa sobre a 1° era Vargas. É difícil compreender a intenção, os motivos e o desenvolvimento individual de cada personagem. O personagem Graciliano é um observador, estranhamente blindado nas prisões. Por vezes, tive a sensação de que a memória nunca era dele, mas dos outros. Nenhum desses elementos diminuem as qualidades do filme: com cenas marcantes, diálogos inteligentes e situações que retratam bem as relações entre aqueles personagens, militares, ladrões e presos políticos. As 3h não incomodam se você for assistir numa tarde livre.
Kate
3.3 301 Assista AgoraUma bela encenação remetendo a várias referências, e aqui, em certo equilíbrio entre as norte americanas e japonesas. É daqueles filmes de ação que se preocupam em manter uma história curta e simples e que dá foco quase que integralmente a ambientação. A obra encontra o tom certo ao não se levar a sério, a ter um pouco de canastrice e a remeter a memória do espectador sem pudor: escolha sua referência e reviva esses momentos nessa roupagem pouco remodelada.
Police Story 2: Codinome Radical
3.7 62 Assista AgoraUma aula atemporal de filme de ação com cenas de luta. Essas lutas remetem imagens distintas ao espectador, com sensações agradáveis: ora a um tom teatral pelo aproveitamento do espaço e de praticamente todos os elementos de cena, passando por um efeito que lembra bons planos sequência, graças a ausência de muitos cortes e o fácil acompanhamento dos movimentos de luta, e por fim, traz sensação do videogame, com cenários e desafios que mais parecem fases de jogos, além da história ser simples, que possa caber em breves diálogos. Fora as lutas, algumas cenas são bastante inventivas, como o discurso encenado três vezes pelos policiais aos seus superiores, ou a divertida cena da discussão de casal passando pelo vestiário. Se reflete no filme um ambiente de muita criatividade e pouca aversão aos riscos.
Tocaia no Asfalto
4.0 22Um trabalho de direção muito competente. Os cenários urbanos são como imagens históricas, que contrastam bem com o clima de esperança ingênua dos personagens. Há um tom pessimista no protagonista, que envolve o espectador. De maneira geral, a obra é permeada por personagens que subjugam ou se aproveitam dos demais. Interessante também a complexidade do personagem principal, com um inusitado código, fruto de seus traumas e pela conturbada relação com religião e morte.
Valhalla: A Lenda de Thor
2.3 32 Assista AgoraUm filme infantil e de baixo orçamento cujo pano de fundo é formado pelos deuses de Valhalla. A garotinha protagonista segura bem o filme. Há lições interessantes para crianças, de amizade, superação e inocência. De forma geral, é uma aventura que vai gerando interesse a cada cena, mesmo com a estranheza de termos deuses sem muitos efeitos especiais.
Dor e Glória
4.2 619 Assista AgoraTem um ritmo lento e em dado momento, parece que o protagonista vai se perder completamente. Incomodou um pouco a inércia provocada pela falta de necessidade de trabalhar. No entanto, é muito inventivo o trecho de descrição das mazelas. Encanta também os flashbacks na casa/caverna, que não apela para o melodrama, além dos incríveis reencontros que a trama vai entregando gradativamente. O que há de mais marcante na obra é a relação do protagonista com a mãe, construída com memórias de diversos tempos. É uma relação que vai se mostrando complexa, que sugere temas polêmicos, mas deixa implícito alguns tabus. É uma relação das mais comuns entre mãe e filho, e por isso mesmo, bastante representativa para muitos espectadores.
Sem Remorso
3.0 283 Assista AgoraTrailer fantástico, filme medíocre. Tive que assistir em duas partes. É provável que no futuro próximo nem lembre que assisti.
O Ano Passado em Marienbad
4.2 156 Assista AgoraA forma é primordial, uma conjunção de belas imagens com elementos arquitetônicos e apoteóticos. Chega um ponto em que o desavisado percebe que nem o protagonista nem a mulher vão concordar quanto as memórias. Ao passo que algumas narrações e cenas se repetem com leves variações, o tom de melancolia aumenta. Há claramente uma sensação de estar preso, envolto em um ciclo sem fim, cada qual com seu sentimento predominante: um com sua obsessão, outra com medo e ansiedade e até o estranho, tem seu sentimento de vitória, mas que não traz nenhuma felicidade. Ao final, temos um certo afago da trama, mas já sabemos que essa versão é uma das várias que serão revisitadas nos confins da memória. O filme é um enigma que não apresenta resposta, mas cujas imagens perduram na nossa mente.
Geração Prozac
3.6 465O filme causa sentimentos ambíguos em relação ao tema que trata. Por alguns momentos, o drama adolescente típico dos anos 90 se sobressai, ao passo que você, espectador, é lembrado que aquele drama é grave, se repete e afeta terrivelmente a vida de quem convive com depressão, entre outras patologias. A atuação da Christina desperta igualmente essa dualidade: ora é assertiva, realista, contundente, mas em momentos de choro percebemos claramente uma dificuldade na atuação. Creio que tenha acertado em cheio muitos jovens adultos, que começaram a ouvir Lou Reed e que tinham de alguma forma a sensação de estar fora da caixinha da normalidade.