Não apresenta nada novo no gênero, mas homenageia e faz uso de elementos do suspense com competência. A trama mostra potencial para manter escondidos todos os segredos, mas não se pauta pelo desconhecido. Talvez o principal erro do filme é nutrir essa expectativa do desconhecido e depois dar foco ao trauma vivenciado pela protagonista. A Amy Adams atua sempre de forma a trazer mais camadas para o personagem, ela sugere que há mais a ser descoberto e que ainda falta uma ação de libertação. A direção poderia ter contribuído da mesma forma e aproveitado melhor o espaço da casa, as luzes e sombras. Este filme clamava por elementos do cinema noir.
Um deleite visual, teatral e arrebatador com seus cenários amplos. Uma câmera que pode estar muito distante sugerindo e convidando a ver aquela Europa fruto de um delírio, mas uma câmera que também incomoda nos seus closes. Tem uma construção episódica que dá um certo dinamismo a trama. É fácil e rápido entender o personagem principal e suas atitudes. As surpresas ficam por conta do ambiente e das interações escatológicas. Donald Sutherland tem uma atuação impecável.
Uma das melhores obras da Hammer. Há um clima bucólico que contrasta com o gênero terror. Apesar de simples, o filme tem um primeiro clímax que desperta a atenção para um segundo momento de vingança. A cor traz um charme a mais, sempre com alto contraste. O principal destaque é a personagem feminina, não pela atuação, mas pela história, de menina tímida, marcada no corpo e na mente, que entrega a vingança para o espectador, mas ao final convida a reflexão. Um ótimo acerto construir uma história envolvente sob o universo da obra de Mary Shelley.
Uma excelente comédia, com uma história bastante redonda. Não se preocupa em criar um universo nem em criar um drama facilitado pelo contexto, em contraponto tem foco nas relações, na superação, nas ironias e nos efeitos visuais dos monstros, tudo de maneira infantil, que enche os corações dos adultos.
A desagradável presença da protagonista revela uma bela construção de personagem. Torcemos para que ela se dê mal vagarosamente. No entanto, há o antagonismo de personagens inverossímeis. O roteiro peca em soluções fáceis e em desdobramentos que questionam a racionalidade do espectador. As atuações não compensam, apesar de serem bastante satisfatórias. O tom caricato que vai desabrochando ao longo do filme tem um sabor amargo e não se justifica. Se fosse pela caricatura de figuras extremistas do capitalismo, seria mais proveitoso fazer a senhora atirar com um fuzil logo na primeira visita da curadora.
Interessante como o desenvolvimento sugere determinadas hipóteses e vai minando cada uma delas. A profusão de sentimentos provocada pelas quebras de convicções aumenta a ligação entre o espectador e a protagonista. O final é uma grande cereja, que divide opiniões, mas é a forma mais coerente de concluir. É uma obra com dois clímax muito bem construídos e contextualizados.
Mais uma vez o filme se salva pela maquiagem, com a adição da ambientação, tanto do manicômio como do inferno. A imaginação exala pelos corredores do inferno, pelo cenário aberto do labirinto ou mesmo pelos azulejos do quarto. É contagiante acompanhar a Kirsty em uma nova aventura, acompanhada agora da calada Tiffany. As falhas na trama são facilmente suprimidas se você vier desarmado de verossimilhança e aberto para uma excelente experiência visual.
Uma boa premissa, uma abordagem original sobre viagem no tempo e boas cenas de luta com o contexto invertido. Esses elementos poderiam resultar em um bom filme de ação, mas a inocência do gênero é perdida com um roteiro fraco, que resulta em excesso de explicações, motivações rasas, frases de efeito contraditórias com o próprio argumento do filme e o péssimo hábito de confundir o espectador ao mesmo tempo que tem uma didatismo irritante.
O que o filme poderia ter fora do lugar comum é a profissão do protagonista, mas foi algo pouco explorado, pouco além do que o título sugere. O filme é uma passagem óbvia que se limita a ser somente a sinopse. E assim como um resumo mal feito, é raso e incompleto. Ainda que as atuações sejam competentes (falar isso do Tom hanks é chover no molhado), o filme tem um ritmo decadente que somado a falta de significado, se perde em uma trama tão comum que se parece com outros 20 filmes esquecíveis. Se a Helena Zengel continuar a carreira de atriz, vai valer a pena ter visto pelo registro histórico.
O filme cria uma atmosfera muito banal, em uma situação que poderia facilmente ocorrer. Poderia ser mais corajoso se não enrolasse tanto no drama familiar. No entanto, somos bem recompensados por um terror com iminência de perigo a todo momento, uma agonia constante, como se estivesse estabilizado em um momento crescente. É muito interessante perceber os traços de cansaço, calor, coragem, confusão mental, etc. E o cachorro irredutível, sobrenatural pela resistência, mas realista no contexto do filme e na sua composição suja.
Filme com grande potencial, que veio discutir nas entrelinhas um paralelo da guerra fria com acontecimentos atuais e que acerta muito na escolha dos atores. No entanto, peca por trazer fantasmas de volta, uma volta sem muita explicação, não dá pra compreender o mecanismo do rosto que é visto ou não é. Além disso, desperdiça alguns momentos que a mulher leopardo poderia ter em cena. É difícil entender a motivação de diversos personagens em diversos atos ao longo do filme, como alguém sair de casa e chamar uma pessoa na rua do nada, ou usar uma armadura pois agora deu vontade. Essas falhas infelizmente estão no roteiro, que é preguiçoso ao extremo. O final também não me desce. Em pleno 2020, extremistas no poder, negacionismo, ódio gratuito nas redes, falta de respeito e compaixão... As pessoas não tem nem a capacidade de demonstrar respeito usando máscara para não infectar outras pessoas. Isso tudo acabou quebrando a verossimilhança e a analogia com os desafios geopolíticos atuais. A melhor parte do filme é com aquele prólogo, que mais parece um curta, com a competição das bandeiras. Destoa bastante aquele início promissor com o restante do filme.
O argumento da obra é importante e necessário. Contar histórias de refugiados e através de uma alegoria potencializar os sentimentos, os sofrimentos vividos por essas pessoas, se revela um grande acerto. Por outro lado, o terror é muito mal explorado: a todo momento somos lembrados que a casa é grande, porém, o que vemos é um ambiente pequeno e claustrofóbico. A vizinhança e a ambientação parecem sugerir que há algo a ser desenvolvido, mas a fonte sobrenatural não tem nada a ver com o ambiente. As cenas de terror são desnecessariamente escuras e cheias de cortes. Enfim, faltou desenvolver melhor o gênero proposto.
Vale pelo samba do Martinho da Vila. O resto do filme entrega uma trama óbvia, com um certo charme e aquela enrolação típica de filme francês, que inexplicavelmente agrada.
Um filme adolescente com ingenuidade típica de filmes adolescentes, que não se assume como terror, nem como ação. Apesar de não ser o público-alvo do filme, tentei me conectar aos personagens e ignorei as falhas de desenvolvimento e as pieguices que deixam a trama mastigada, mas muito mastigada. Consegui me entreter e me importar com os personagens. Ficou inclusive uma vontade de continuar acompanhando esse universo fora da redoma. É estranho ver tantos comentários de frustração, quando há uma clara tendência de iniciar uma nova geração de X-Men e que por enquanto, não tem foco em quem já é adulto. É igualmente estranho nutrir expectativas a partir de um trailer. Qualquer sentimento pode ser gerado com um clip de 2 minutos cheio de cortes, daria pra vender esse filme como romance ou até um filme existencialista com uma pegada bergmaniana.
Começa como um filme sobre delinquência juvenil, passa brevemente por um romance cínico, até que se torna um sci-fi de mistério. Como se não bastasse, versa com uma das neuroses da Guerra Fria. Sai de uma trama intimista para uma trama de proporção global. Para completar, o pôster parece indicar um filme de terror. É confuso, raso e pouco convidativo, mas estranhamente tem um charme peculiar, uma inocência quanto a valores básicos de humanidade e de auto descobrimento. Como a maioria dos filmes da Hammer, envelheceu como um filme regular para mediano, mas que vale a pena ser assistido, seja pela história inusitada ou pela perspectiva do imaginário coletivo quanto ao desconhecido.
Infelizmente não me agradou. Primeiramente, a imagem, com um mal uso do preto e branco, que mais escondia a ambientação do que criava uma clima noir. A cena inicial no restaurante é bastante arrastada e o roteiro não ajuda. Quando inicia a série de flashbacks, eu já não tenho interesse nenhum na história do protagonista. De fato, os personagens são mal apresentados, atribuo a isso uma deficiência do roteiro, mas principalmente, escolhas erradas na direção.
Quando o autor coloca um conteúdo riquíssimo em interlocutores duvidosos. Tem uma montagem ágil e uma ambientação colorida, geométrica, dando a impressão de falsa bagunça em um ambiente bem decorado e que diz muito sobre os personagens. De vez em quando, há arroubos inteligíveis, no qual o espectador não sabe se é um veio artístico obscuro do diretor ou uma falta de referência do próprio espectador. Há um autoritarismo hipócrita permeando o casal principal, o que torna difícil gostar ou sentir empatia por qualquer um deles. Essa falta de empatia torna o filme difícil, mas ao mesmo tempo, deixa os personagens mais interessantes.
Além dos quesitos técnicos saltarem aos olhos, o filme de corrida sai do lugar comum por apresentar dois protagonistas com suas próprias questões e que desenvolvem bem suas narrativas. Também são méritos o roteiro e a montagem, trazendo uma agilidade e imersão pautadas por subtramas que se sustentam nos bastidores. É muito comum os filmes de esporte utilizarem os momentos do jogo como impulsionadores de emoções. Neste filme, o personagem do Damon roubar o cronômetro dos italianos é tão bom quanto a passagem de marcha do personagem do Bale.
O filme consegue êxito ao abordar o drama existencial, potencializado pela viagem espacial da protagonista. E enquanto o filme era um sci-fi, vinha desenvolvendo bem sua história. No entanto, após um contemplativo e chamativo primeiro ato, o segundo ato desenvolve uma história paralela de traição e auto degradação psicológica. O terceiro ato não consegue fechar bem nem uma das duas histórias. A bela atuação da Natalie Portman vale a assistida.
As ações do professor não dialogam com os fatos atribuídos a ele. Criamos uma expectativa de que um jogo psicológico e manipulativo está por se formar em uma teia complexa de nuances e pistas. No entanto, o professor ora parece ser quem já sabemos quem é, mas na maioria do tempo é um ser raso e maniqueísta. Infelizmente, a obra peca por escolher ser mais uma peça propagandista, em detrimento da verossimilhança e construção dos personagens. O que salta os olhos positivamente são os símbolos (o cachimbo, o relógio, a cruz) e a ambientação noir, com uma bela fotografia. Algumas tomadas são bastante inventivas, como a da esposa do professor atravessando o cemitério e a cena clímax do filme.
Uma obra incompreendida. É facilmente incluído em listas de terror comercial pastelão, mas é na verdade um exemplar do que deveria ser um bom filme de terror com uma leveza de comédia e que se assume trash. Acredito que terá seu lugar ao longo do tempo nos filmes do gênero sempre lembrados.
Enxergamos de perto o método e o processo comportamental de Jack, ao longo de vários arroubos de violência e entre os atos. A violência gráfica, em pequenas doses somada as justificativas do atos são o lugar comum de obras sobre serial killers. O que foge do comum é o cotidiano e o diálogo com o seu interlocutor. Ali, percebemos a normatização da violência, da misoginia e do machismo. A violência contra a mulher talvez seja o aspecto mordaz mais normatizado. O fato dele não ser capturado e sua ansiedade para sê-lo evidencia ainda mais essa normatização entranhada na sociedade. Ao mesmo tempo que o diretor polemiza ao incluir discussões sobre suas próprias obras sob a voz de Jack, também escancara nossa capacidade de parcialidade quanto aos signos e estigmas que reproduzimos, e que de certa forma, legitimam discursos e atos de ódio.
Sabe aquele suspense, aquela sensação boa de ouvir uma história, e somente com monólogos e diálogos, você é fisgado para o universo da história e fica tentando imaginar com uma ansiedade boa tudo que esta por vir? Um entretenimento puro, que apesar da bela ambientação e caracterização da época, cativa pelo áudio, pelo som. Esse filme consegue me fazer imaginar como era a sensação de acompanhar histórias na era do rádio.
Tira várias licenças poéticas para justificar o enredo, mas como um produto comercial, garante o entretenimento, com muita ação. Incomoda um pouco a falta de contexto para ambientar o espectador. Outro ponto limitante é o núcleo do pai (astronauta), a maioria das cenas de interação com a máquina MOSS são mal escritas. No entanto, a equipe que vai se formando ao longo do filme, consegue garantir empatia. A personagem Duoduo protagoniza o melhor momento do filme.
A Mulher na Janela
3.0 1,1K Assista AgoraNão apresenta nada novo no gênero, mas homenageia e faz uso de elementos do suspense com competência. A trama mostra potencial para manter escondidos todos os segredos, mas não se pauta pelo desconhecido. Talvez o principal erro do filme é nutrir essa expectativa do desconhecido e depois dar foco ao trauma vivenciado pela protagonista. A Amy Adams atua sempre de forma a trazer mais camadas para o personagem, ela sugere que há mais a ser descoberto e que ainda falta uma ação de libertação. A direção poderia ter contribuído da mesma forma e aproveitado melhor o espaço da casa, as luzes e sombras. Este filme clamava por elementos do cinema noir.
Casanova de Fellini
3.6 50 Assista AgoraUm deleite visual, teatral e arrebatador com seus cenários amplos. Uma câmera que pode estar muito distante sugerindo e convidando a ver aquela Europa fruto de um delírio, mas uma câmera que também incomoda nos seus closes. Tem uma construção episódica que dá um certo dinamismo a trama. É fácil e rápido entender o personagem principal e suas atitudes. As surpresas ficam por conta do ambiente e das interações escatológicas. Donald Sutherland tem uma atuação impecável.
Frankenstein Criou a Mulher
3.5 19Uma das melhores obras da Hammer. Há um clima bucólico que contrasta com o gênero terror. Apesar de simples, o filme tem um primeiro clímax que desperta a atenção para um segundo momento de vingança. A cor traz um charme a mais, sempre com alto contraste. O principal destaque é a personagem feminina, não pela atuação, mas pela história, de menina tímida, marcada no corpo e na mente, que entrega a vingança para o espectador, mas ao final convida a reflexão. Um ótimo acerto construir uma história envolvente sob o universo da obra de Mary Shelley.
Amor e Monstros
3.5 664 Assista AgoraUma excelente comédia, com uma história bastante redonda. Não se preocupa em criar um universo nem em criar um drama facilitado pelo contexto, em contraponto tem foco nas relações, na superação, nas ironias e nos efeitos visuais dos monstros, tudo de maneira infantil, que enche os corações dos adultos.
Eu Me Importo
3.3 1,2K Assista AgoraA desagradável presença da protagonista revela uma bela construção de personagem. Torcemos para que ela se dê mal vagarosamente. No entanto, há o antagonismo de personagens inverossímeis. O roteiro peca em soluções fáceis e em desdobramentos que questionam a racionalidade do espectador. As atuações não compensam, apesar de serem bastante satisfatórias. O tom caricato que vai desabrochando ao longo do filme tem um sabor amargo e não se justifica. Se fosse pela caricatura de figuras extremistas do capitalismo, seria mais proveitoso fazer a senhora atirar com um fuzil logo na primeira visita da curadora.
Rua Cloverfield, 10
3.5 1,9KInteressante como o desenvolvimento sugere determinadas hipóteses e vai minando cada uma delas. A profusão de sentimentos provocada pelas quebras de convicções aumenta a ligação entre o espectador e a protagonista. O final é uma grande cereja, que divide opiniões, mas é a forma mais coerente de concluir. É uma obra com dois clímax muito bem construídos e contextualizados.
Hellraiser II: Renascido das Trevas
3.4 304 Assista AgoraMais uma vez o filme se salva pela maquiagem, com a adição da ambientação, tanto do manicômio como do inferno. A imaginação exala pelos corredores do inferno, pelo cenário aberto do labirinto ou mesmo pelos azulejos do quarto. É contagiante acompanhar a Kirsty em uma nova aventura, acompanhada agora da calada Tiffany. As falhas na trama são facilmente suprimidas se você vier desarmado de verossimilhança e aberto para uma excelente experiência visual.
Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraUma boa premissa, uma abordagem original sobre viagem no tempo e boas cenas de luta com o contexto invertido. Esses elementos poderiam resultar em um bom filme de ação, mas a inocência do gênero é perdida com um roteiro fraco, que resulta em excesso de explicações, motivações rasas, frases de efeito contraditórias com o próprio argumento do filme e o péssimo hábito de confundir o espectador ao mesmo tempo que tem uma didatismo irritante.
Relatos do Mundo
3.5 316 Assista AgoraO que o filme poderia ter fora do lugar comum é a profissão do protagonista, mas foi algo pouco explorado, pouco além do que o título sugere. O filme é uma passagem óbvia que se limita a ser somente a sinopse. E assim como um resumo mal feito, é raso e incompleto. Ainda que as atuações sejam competentes (falar isso do Tom hanks é chover no molhado), o filme tem um ritmo decadente que somado a falta de significado, se perde em uma trama tão comum que se parece com outros 20 filmes esquecíveis. Se a Helena Zengel continuar a carreira de atriz, vai valer a pena ter visto pelo registro histórico.
Cujo
3.3 439 Assista AgoraO filme cria uma atmosfera muito banal, em uma situação que poderia facilmente ocorrer. Poderia ser mais corajoso se não enrolasse tanto no drama familiar. No entanto, somos bem recompensados por um terror com iminência de perigo a todo momento, uma agonia constante, como se estivesse estabilizado em um momento crescente. É muito interessante perceber os traços de cansaço, calor, coragem, confusão mental, etc. E o cachorro irredutível, sobrenatural pela resistência, mas realista no contexto do filme e na sua composição suja.
Mulher-Maravilha 1984
3.0 1,4K Assista AgoraFilme com grande potencial, que veio discutir nas entrelinhas um paralelo da guerra fria com acontecimentos atuais e que acerta muito na escolha dos atores. No entanto, peca por trazer fantasmas de volta, uma volta sem muita explicação, não dá pra compreender o mecanismo do rosto que é visto ou não é. Além disso, desperdiça alguns momentos que a mulher leopardo poderia ter em cena. É difícil entender a motivação de diversos personagens em diversos atos ao longo do filme, como alguém sair de casa e chamar uma pessoa na rua do nada, ou usar uma armadura pois agora deu vontade. Essas falhas infelizmente estão no roteiro, que é preguiçoso ao extremo. O final também não me desce. Em pleno 2020, extremistas no poder, negacionismo, ódio gratuito nas redes, falta de respeito e compaixão... As pessoas não tem nem a capacidade de demonstrar respeito usando máscara para não infectar outras pessoas. Isso tudo acabou quebrando a verossimilhança e a analogia com os desafios geopolíticos atuais.
A melhor parte do filme é com aquele prólogo, que mais parece um curta, com a competição das bandeiras. Destoa bastante aquele início promissor com o restante do filme.
O Que Ficou Para Trás
3.6 510 Assista AgoraO argumento da obra é importante e necessário. Contar histórias de refugiados e através de uma alegoria potencializar os sentimentos, os sofrimentos vividos por essas pessoas, se revela um grande acerto. Por outro lado, o terror é muito mal explorado: a todo momento somos lembrados que a casa é grande, porém, o que vemos é um ambiente pequeno e claustrofóbico. A vizinhança e a ambientação parecem sugerir que há algo a ser desenvolvido, mas a fonte sobrenatural não tem nada a ver com o ambiente. As cenas de terror são desnecessariamente escuras e cheias de cortes. Enfim, faltou desenvolver melhor o gênero proposto.
Tratamento Diabólico
3.1 16Vale pelo samba do Martinho da Vila. O resto do filme entrega uma trama óbvia, com um certo charme e aquela enrolação típica de filme francês, que inexplicavelmente agrada.
Os Novos Mutantes
2.6 719 Assista AgoraUm filme adolescente com ingenuidade típica de filmes adolescentes, que não se assume como terror, nem como ação. Apesar de não ser o público-alvo do filme, tentei me conectar aos personagens e ignorei as falhas de desenvolvimento e as pieguices que deixam a trama mastigada, mas muito mastigada. Consegui me entreter e me importar com os personagens. Ficou inclusive uma vontade de continuar acompanhando esse universo fora da redoma. É estranho ver tantos comentários de frustração, quando há uma clara tendência de iniciar uma nova geração de X-Men e que por enquanto, não tem foco em quem já é adulto. É igualmente estranho nutrir expectativas a partir de um trailer. Qualquer sentimento pode ser gerado com um clip de 2 minutos cheio de cortes, daria pra vender esse filme como romance ou até um filme existencialista com uma pegada bergmaniana.
Malditos
3.3 25Começa como um filme sobre delinquência juvenil, passa brevemente por um romance cínico, até que se torna um sci-fi de mistério. Como se não bastasse, versa com uma das neuroses da Guerra Fria. Sai de uma trama intimista para uma trama de proporção global. Para completar, o pôster parece indicar um filme de terror. É confuso, raso e pouco convidativo, mas estranhamente tem um charme peculiar, uma inocência quanto a valores básicos de humanidade e de auto descobrimento. Como a maioria dos filmes da Hammer, envelheceu como um filme regular para mediano, mas que vale a pena ser assistido, seja pela história inusitada ou pela perspectiva do imaginário coletivo quanto ao desconhecido.
Os Assassinos
3.8 61 Assista AgoraInfelizmente não me agradou. Primeiramente, a imagem, com um mal uso do preto e branco, que mais escondia a ambientação do que criava uma clima noir. A cena inicial no restaurante é bastante arrastada e o roteiro não ajuda. Quando inicia a série de flashbacks, eu já não tenho interesse nenhum na história do protagonista. De fato, os personagens são mal apresentados, atribuo a isso uma deficiência do roteiro, mas principalmente, escolhas erradas na direção.
A Chinesa
3.9 135Quando o autor coloca um conteúdo riquíssimo em interlocutores duvidosos. Tem uma montagem ágil e uma ambientação colorida, geométrica, dando a impressão de falsa bagunça em um ambiente bem decorado e que diz muito sobre os personagens. De vez em quando, há arroubos inteligíveis, no qual o espectador não sabe se é um veio artístico obscuro do diretor ou uma falta de referência do próprio espectador. Há um autoritarismo hipócrita permeando o casal principal, o que torna difícil gostar ou sentir empatia por qualquer um deles. Essa falta de empatia torna o filme difícil, mas ao mesmo tempo, deixa os personagens mais interessantes.
Ford vs Ferrari
3.9 713 Assista AgoraAlém dos quesitos técnicos saltarem aos olhos, o filme de corrida sai do lugar comum por apresentar dois protagonistas com suas próprias questões e que desenvolvem bem suas narrativas. Também são méritos o roteiro e a montagem, trazendo uma agilidade e imersão pautadas por subtramas que se sustentam nos bastidores. É muito comum os filmes de esporte utilizarem os momentos do jogo como impulsionadores de emoções. Neste filme, o personagem do Damon roubar o cronômetro dos italianos é tão bom quanto a passagem de marcha do personagem do Bale.
Lucy In The Sky: Uma Lágrima na Imensidão
2.6 56 Assista AgoraO filme consegue êxito ao abordar o drama existencial, potencializado pela viagem espacial da protagonista. E enquanto o filme era um sci-fi, vinha desenvolvendo bem sua história. No entanto, após um contemplativo e chamativo primeiro ato, o segundo ato desenvolve uma história paralela de traição e auto degradação psicológica. O terceiro ato não consegue fechar bem nem uma das duas histórias. A bela atuação da Natalie Portman vale a assistida.
O Estranho
3.8 122 Assista AgoraAs ações do professor não dialogam com os fatos atribuídos a ele. Criamos uma expectativa de que um jogo psicológico e manipulativo está por se formar em uma teia complexa de nuances e pistas. No entanto, o professor ora parece ser quem já sabemos quem é, mas na maioria do tempo é um ser raso e maniqueísta. Infelizmente, a obra peca por escolher ser mais uma peça propagandista, em detrimento da verossimilhança e construção dos personagens. O que salta os olhos positivamente são os símbolos (o cachimbo, o relógio, a cruz) e a ambientação noir, com uma bela fotografia. Algumas tomadas são bastante inventivas, como a da esposa do professor atravessando o cemitério e a cena clímax do filme.
Arraste-me para o Inferno
2.8 2,8KUma obra incompreendida. É facilmente incluído em listas de terror comercial pastelão, mas é na verdade um exemplar do que deveria ser um bom filme de terror com uma leveza de comédia e que se assume trash. Acredito que terá seu lugar ao longo do tempo nos filmes do gênero sempre lembrados.
A Casa Que Jack Construiu
3.5 788 Assista AgoraEnxergamos de perto o método e o processo comportamental de Jack, ao longo de vários arroubos de violência e entre os atos. A violência gráfica, em pequenas doses somada as justificativas do atos são o lugar comum de obras sobre serial killers. O que foge do comum é o cotidiano e o diálogo com o seu interlocutor. Ali, percebemos a normatização da violência, da misoginia e do machismo. A violência contra a mulher talvez seja o aspecto mordaz mais normatizado. O fato dele não ser capturado e sua ansiedade para sê-lo evidencia ainda mais essa normatização entranhada na sociedade. Ao mesmo tempo que o diretor polemiza ao incluir discussões sobre suas próprias obras sob a voz de Jack, também escancara nossa capacidade de parcialidade quanto aos signos e estigmas que reproduzimos, e que de certa forma, legitimam discursos e atos de ódio.
A Vastidão da Noite
3.5 576 Assista AgoraSabe aquele suspense, aquela sensação boa de ouvir uma história, e somente com monólogos e diálogos, você é fisgado para o universo da história e fica tentando imaginar com uma ansiedade boa tudo que esta por vir? Um entretenimento puro, que apesar da bela ambientação e caracterização da época, cativa pelo áudio, pelo som. Esse filme consegue me fazer imaginar como era a sensação de acompanhar histórias na era do rádio.
Terra à Deriva
3.1 115Tira várias licenças poéticas para justificar o enredo, mas como um produto comercial, garante o entretenimento, com muita ação. Incomoda um pouco a falta de contexto para ambientar o espectador. Outro ponto limitante é o núcleo do pai (astronauta), a maioria das cenas de interação com a máquina MOSS são mal escritas. No entanto, a equipe que vai se formando ao longo do filme, consegue garantir empatia. A personagem Duoduo protagoniza o melhor momento do filme.