YORGOS LANTHIMOS, TU É F O D A!! POR FAVOR ALGUÉM DÊ O OSCAR DE MELHOR ROTEIRO ORIGINAL PRA ESSE GÊNIO LOGO! Esse filme(assim como todos do Yorgos) possui um universo rico em detalhes e brinca demais com as expectativas de quem o assiste. Atuações perfeitas por parte do Colin Farrel e Barry Keoghan, os personagens da Nicole Kidman, Alicia Silverstone, Raffey Cassidy e Sunny Suljic são mais introspectivos e pontuais, mas estão ótimos também. Talvez o maior destaque que eu deva dar a esse filme em relação aos outros do Yorgos, é a fotografia e trilha sonora. Ambas são MAGNÍFICAS e trabalham juntas de maneira genial pra criar uma tensão e um senso de perigo a qualquer momento, da maneira realista, crua e com um 'pézinho' no surrealismo como é típico do diretor. A câmera é como se fossemos nós adentrando a vida da família principal, como um stalker, mas contendo planos que vão se fechando constantemente cortando boa parte da composição simétrica que estávamos vendo por toda a cenografia. Existe uma paleta de cores muito dicotômicas na maioria das cenas, que também usa um contra-luz de maneira incrível em cenas onde os personagens simplesmente olham para algo, sem falar nada. E até mesmo essas cenas causam agonia. E isso acontece muitas e muitas vezes, e deixa tudo mais bizarro(acho que bizarro é praticamente sinônimo de Yorgos nas críticas que faço dos filmes dele), mas nessa obra o surrealismo não é tão presente assim. Porém, há diálogos e cenas abruptas que nos tiram um pouco do contexto, e isso não é um ponto negativo. Uma trilha sonora pontual e incomodante nos ajuda a mergulhar na situação que o personagem do Farrel se encontra, e o quão urgente tem que ser suas atitudes para tentar consertá-la. A ideia principal do roteiro segue numa perfeita estrutura de um mito grego, se baseando mais nos âmbitos de punição e origem. Mas acredito que dá pra ter mais interpretações, ainda mais por que há alguns diálogos muito estranhos e repentinos, o que acaba deixando para trás algumas ideias que achávamos que seria importante, como por exemplo a preocupação muito estranha da personagem da Cassidy pela puberdade. E o único motivo mesmo de eu não ter dado um 10 completo, foi porque o filme utilizou mal seus últimos segundos. Faltou coragem aí do Yorgos no roteiro. Uma completa experiência agonizante, interessante e única do ano!! FILMAÇO!
MEU DEUS, Aronofsky é um gênio sem limites! E espero que não privem ele dessa liberdade e continue nos surpreendendo com obras-primas como essa. O segundo melhor filme do ano, com toda certeza!! E acho que não preciso nem dizer que o elenco é perfeito. Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Michelle Pfeiffer, Ed Harris. Como não há sinopse no mundo que possa ser construída que te introduza levemente ao tipo de história e a maneira de como ela vai ser contada, esse minha crítica haverá alguns spoilers e minha visão sobre os simbolismos. E lembrando também que esse filme é um show de simbolismos! Alguns eu peguei de maneira muito fácil, mas outros foram inseridos com tanta força na tela(de maneira genial, é claro) que talvez só seja possível eu aceitar uma interpretação apenas, assistindo mais vezes. Aronofsky dá um show de direção e cria um senso de incerteza maravilhoso, tudo a partir do ponto de vista da personagem da Jennifer Lawrence(que inclusive não tem nome[nenhum personagem tem nome]). A câmera brinca com esse artifício o tempo todo. Até o segundo o ato, todo detalhe incomodante no telespectador é visto logo após o plano estar fechado no rosto da Lawrence, ou a cabeça dela estar centralizada no plano enquanto está de costas. E o fato mais genial no âmbito de suspense, e o senso de dúvida que é construído desde o começo sobre a índole dos personagens que nos é apresentado, desde o marido da personagem da Lawrence, quanto das diversas pessoas que visitam a casa onde moram. A maioria da inserção desses personagens em tela, dentro da tensão construída, é sempre a invasão desse personagem dentro do plano que está enquadrada a personagem da Lawrence(guardem essa informação). A visita dos personagens da Michelle e do Ed Harris são claramente uma representação de Adão e Eva. Percebi que isso já começa a ser reforçado quando, a pedido do personagem do Javier, que era proibido a entrada de pessoas na pequena sala do segundo andar de sua casa. A personagem da Michelle, totalmente contra e teimosa a esses avisos, adentra a sala e quebra um item de cristal que o personagem do Javier tanto adorava, que logo após ver seu item de enfeite quebrado entra em fúria e expulsa o casal visitante de sua casa. Uma clara releitura da teimosia de Eva ao comer o fruto proibido e, por isso, são expulsos do jardim do Éden(sim, o personagem do Javier é Deus). Disse Éden já que o local externo da casa se assemelha bem ao local da bíblia, possuindo cores mais vivas, naturais e esverdeadas(fugindo do cinza e bege que toma boa parte da fotografia interna da casa). A personagem da Lawrence, a primeira vista, parece representar o estado natural do mundo. A natureza, ou, a Mãe Natureza(disse ''a primeira vista'', pois acredito que seja possível mais interpretações por conta de algumas escolhas diferenciadas perto do terceiro ato do filme). Lembram que comentei agora há pouco dessa invasão dos personagens que incomodam demais o a Lawrence? Seria uma alegoria á como as outras pessoas invadem aquilo do qual não foram concebidas de fato, modificando e destruindo esse local(que se reforça mais pelas atitudes bizarras de diversos visitantes da casa). Ah, e a personagem da Michelle usa um sutiã verde com folhas e galhos desenhado, claramente um detalhe da imagem icônica que temos de Eva usando as folhas como vestimenta. O filme se curva para a frenesi ainda mais psicológica quando, de repente, nos é mostrado mais dois visitantes nessa casa. Eles são os filhos do casal do Ed Harris e da Michelle Pfeiffer, que aparecem discutindo friamente sobre um testamento encontrado onde moram. E na Bíblia quem são os filhos de Adão e Eva? Exato, Caim e Abel. Então acho que não preciso contar o desfecho da briga desses dois, né? Se há um simbolismo, criado também na mise-en-scène, que eu ainda não entendi por enquanto é o uso da cor amarela o tempo todo. Todas as cenas se utiliza de luzes amareladas, contrastes amarelos no rosto dos personagens e por todo canto da cenografia interna da casa. Há também um pózinho amarelo utilizado na água que a personagem da Lawrence bebe, que eu ainda não sei o que significa. Após o desfecho da briga entre as representações de Caim e Abel anteriormente, o personagem de Javier revela que convidou algumas pessoas na casa, mas o número de visitantes espanta absurdamente Lawrence. E é muito surreal e tenso o como eles vão se apresentando e o como vão se acomodando pela casa como se já fossem donos(olha aí o ser humano tomando a natureza como seu lugar e a modificando a seu modo sendo reforçado mais uma vez). Na conclusão dessa patifaria que se instaura há outro simbolismo bíblico muito bom, que não quero contar pra estragar totalmente a experiência de quem ta lendo e ainda não assistiu ao filme. A direção e a fotografia se torna mais gritante e sufocante com as situações do terceiro ato, contendo muitas e muitas cenas muito assustadoras e bizarras até mesmo pra mim que já esperava algo assim do filme. Há um senso de blasfêmia em relação a visão que Aronofsky deu ao personagem que parece representar Deus, e talvez seja isso que fez com que esse filme dividisse tanto a crítica. As atitudes dele dá um ar vilanesco o tempo todo do terceiro ato, havendo simbolismos ainda mais fortes e desesperadores. E o filme fecha com uma conclusão sensacional, mas que pode explodir de maneira pessimista para os que a absorverem totalmente. FILME OBRIGATÓRIO AOS FÃS DE CINEMA
''Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha de volta para você."-Friedrich Nietzsche. Eu amo quando um filme conversa diretamente com a linha filosófica de Nietzsche, e esse é a perfeita transcrição dessa abordagem dele em formato de um filme. Baseado em fatos reais o enredo nos mostra a vida de Shamoto foi espancado até a submissão pelas exigências da vida mundana. Ele tem um estranho relacionamento com sua segunda esposa que ainda não foi aceita por sua filha adolescente e rebelde, Mitsuko. A única alegria na vida de Shamoto é uma loja de pequenos peixes tropicais. Quando Mitsuko é pega furtando, Murata ajuda Shamoto a resolver as coisas com o gerente da loja. Murata, dono de uma loja de peixes tropicais chamada Amazon Gold, imediatamente cria um vínculo com Shamoto e se oferece para ajudar a filha rebelde, dando-lhe um trabalho com casa e comida. Shamoto é arrastado para o negócio de Murata e sua esposa sem saber que por trás de seu comportamento amigável esconde um sociopata perigoso(a esposa também é, e muito). A direção é do fenomenal e meu diretor japonês favorito, Sion Sono. Apesar das 2 horas e meia, o filme possui um ritmo que te puxa cada vez mais e você mergulha de vez na vida da família pra saber se tudo irá dar certo. O personagem principal, apesar de ser o protagonista da história até o fim, tem seus momentos dramáticos críveis e com um peso singelo e verdadeiro. Porém(e tenho certeza que isso irá incomodar todos), ele é muito pastel!!!! Quando você sabe que ele tem a chance de se dar bem, ele não faz, e isso é muito mas muito irritante. Mas perto do final, vemos a transformação que é meio chocante e desconstrói todo aquele pastelão que acompanhamos até ali(e que obviamente cabe perfeitamente na frase que iniciei essa crítica). E é sério, é assustador demais quando isso acontece, e com uma cena não muito assistível para os mais fracos com esses filmes climáticos e despirocados do cinema. E nessa onda de perturbador, não é só essa cena que citei acima que é assim. Existem muitas cenas grotescas e sangrentas no segundo ato para frente. Apesar de serem fortes para os mais fracos, é inegável que são ULTRAMENTE BEM FEITAS! Seguidas pelas atuações fenomenais do protagonista Shamoto, da sua esposa interpretada pela maravilhosa Megumi Kagurazaka(esposa do diretor) e a esposa do 'vilão'. Porém, o ator do 'vilão' faz um personagem com expressões nada espontâneas e um sotaque meio caricato e ruim. O que é triste, já que boa parte das cenas tensas até a metade ocorrem por sua causa. O uso do silêncio constrangedor e do som dos aparelhos nas casas e da loja(como o fogão ligado, aquário, TV, etc.) é muito mais presente e necessário do que uma trilha sonora incessante para forçar o suspense, o que seria totalmente contrário se o filme fosse americano, sabemos disso. A fotografia por sua vez talvez seja a coisa mais técnica e surpreendente de qualquer obra do Sion Sono. Com inúmeras metáforas da mise-en-scène em paralelo com o emocional dos personagens(até mesmo o título do filme, e o fato dele trabalhar com peixes, sendo 'animaizinhos' que parecem ser felizes e morando num lugar totalmente enfeitado, mas que não deixa de viver naquele cubículo e com sua vida limitada), o uso das luzes e o contraste com a sombra; a composição, paleta de cores e o uso de planos sequências longos nos momentos brutais do filme mexe de uma forma genuína com todos que assistem. RECOMENDADÍSSIMO!
Confirmado: Robert Pattinson atua bem sim!!! Parece que é mais um ator que os memes vão cair por terra. Mas é uma pena(e isso não é um demérito ou um problema do filme, felizmente) que o diretor não confiou tanto em planos fechados mais longos no rosto do Robert. Senti que faltou mais essa confiança, pois intensificaria ainda mais o contraste dos problemas que seu personagem sofre ao decorrer da trama entre as pequenas situações(algumas que ampliam para problemas maiores) e ao conhecer novos personagens(de maneiras inusitadas, mas ainda sim verossímeis). Ótimas atuações, com uma participação pequena(o que é uma pena) da Jennifer Jason Leigh <3 , que está maravilhosa; fotografia linda, com um uso de cores neon muitas vezes bem no rosto dos personagens, criando assim uma sensação de perigo e insegurança das situações(com maior parte se utilizando de cores quentes); uma edição se som impecável junto ao cuidado do roteiro e da direção, que estão sempre alertando o telespectador do senso de urgência que os personagens passam(sem subestimá-lo, diferente de alguns diretores...). Talvez uma das falhas seja a falta da construção de um peso das escolhas de alguns personagens e uma conclusão(mesmo que breve) da maioria deles. O que acabou falhando um pouco e deixando meio nebuloso se o filme se propôs a ser um 'estudo de personagem'.
Talvez um dos piores filmes que já vi na minha vida. Se não: o pior!. Triste já vermos que, na época comercial deste filme, o maior destaque que estava tendo em cima dele era uma cena em que a Scarlett Johansson fica nua. O que fácil destacarem mesmo numa atriz muito limitada, mas ok. Apesar dela sempre atuar de maneira seca e cansada, esse papel pareceu ser único por ela já ter histórico em fazer esses tipos de personagens(Lucy, Viúva Negra, ''Major'',etc). Mas ainda sim é terrível a falta de empatia que temos pelo objetivo dela(mesmo que misterioso)e sobre quem ela é. Eu duvido que alguém que tenha assistido esse filme tenha sentido vontade de querem entender essa personagem. A montagem e edição de som talvez sejam as coisas mais interessantes presentes no filme, mas sua pretensiosidade tornam toda construção da tensão chula, preguiçosa e nojenta. O filme tenta flertar com um ritmo à la Lynch, com seus momentos meio surrealista; um pouco de Haneke pela câmera estática e momentos silenciosos que(em tese)seria necessário atuações para segurar seu telespectador por todos os fatores normais de um filme:personagens, objetivos, a jornada, o mistério do que pode estar por vir; misturado com um Bela Tárr, com suas cenas arrastadas que carregam um conceito em sua maneira original(mas esse filme não consegue de forma alguma); com mais umas misturas de Tarkovski com Kubrick, mas acho que não preciso repetir que falha de maneira horrível... A trilha sonora é praticamente nula por 95% do filme, com sons diegéticos(que estão em cena e os personagens escutam também), com único momento original em sua trilha acontece na hora dos assassinatos de algumas vítimas. Atuações ridículas; roteiro vazio, pretensioso, pseudo-intelectual; personagens esquecíveis, uma montagem de cenas que nunca leva a nada, cenas arrastadas sem motivo(obs: sou fã do Cavalo de Turim), e uma tentativa porca de ser um 2001 da modernidade. E mais uma vez: talvez o pior filme que já vi na minha vida.
OMG! Esse filme é minha paixãozinha indie de 2016. O filme é uma grande homenagem aos filmes de bruxas de suspense-erótico dos anos 60 e 70. E tudo nesse filme consegue te deixar no clima de um filme dessa época: a fotografia, cenografia, paleta de cores, edição, desenvolvimento, direção, maquiagem, trilha sonora, diálogos, personagens, transições de cenas, e até mesmos as atuações. O mais incrível é que, até mesmo os erros perceptíveis nos filmes dessa época estão presentes nesse, mas isso não se torna um ponto negativo nele e sim uma grande homenagem. O toque mais autoral desse filme, e o que é o mais brilhante, é a subversão do arquétipo que todos possam ter por filmes da década de 60 e 70. O filme é uma sátira com críticas sutis e fluídas, que se destacam ainda mais no ato final. Com críticas fluídas e ácidas ao machismo, esse deve ter sido o melhor filme indie de 2016. Que direção foda e fiel <3 . Elaine é uma jovem bruxa que está determinada a encontrar o homem de sua vida. Ela leva homens para sua casa e faz magias e poções a fim de seduzi-los. Tudo funciona bem, mas ela acaba com uma série de vítimas infelizes. Quando ela finalmente encontra o homem de seus sonhos, seu desespero para ser amada a torna insana.
Minha sincera e humilde análise do filme ''Love Exposure''(2008). Um dos meus filmes favoritos. [Possuirá alguns spoilers] Apesar do filme possuir 4 horas de duração, é um filme daqueles que, quando você gostar e querer rever, o tempo dele não importa de verdade. Há riquezas cenográficas, fotográficas, alegóricas, musicais, conceituais(o que o diretor Sion Sono adora experimentar em boa parte de seus filmes) e de diálogos que brilham ainda mais numa segunda vez que você assiste ao filme. Com um roteiro não linear na transição de capítulos para personagens, é muito bem amarrado a inserção de todos os personagens e suas relações ao decorrer da trama.
O filme se inicia com a ruptura melodramática da esperança e prosperidade em relação a família de Yu(protagonista da obra), quando presencia a morte de sua mãe na cama do hospital quando criança. A mesma era praticante religiosa muito devota ao catolicismo, praticando rezas todas as noites. E em uma dessas noites Yu aceita a um ''pedido'' de sua mãe. Ela mostra para ele uma pequena estátua da Virgem Maria, em seguida pede a promessa do garoto de que um dia ele iria encontrar uma mulher como a Virgem Maria para se casar. O pai de Yu, impactado com a morte da esposa também, se apoia fortemente na religião e se torna um padre. Yu já crescido, se torna também adepto da mesma religião e das crenças que a rodeia. Até ai o filme segue como um drama denso de início e climático em outros momentos, mostrando a ascensão do pai de Yu como padre da região onde mora. No final de uma missa, o pai de Yu, Tetsu, encontra uma mulher aos prantos num banco no fundo de sua igreja, Kaori. Ao abordá-la para saber o que houve, ela declara estar apaixonada por ele. Apesar das negações aos sentimentos da moça, eles vão se conhecendo com o passar do tempo e firmando um relacionamento complicado. Em um certo momento dessa relação, vemos no ponto de vista agora de Yu, que os dois brigaram e ela fugiu com um homem mais novo após 3 meses do namoro deles. Yu vê uma mudança no comportamento de seu pai. Ele se tornou mais devoto às suas crenças e um ''pai que dá sermões terríveis'', nas palavras de nosso protagonista. Com um maior receio do pecado e de tudo aquilo que é mau, o pai de Yu agora o fazia confessar seus pecados todos os dias antes e depois de ir á escola. O problema que esse pedido de seu pai se tornará tão banal e extremo, que não havia mais nada que o garoto pudesse contar que tivesse feito de errado no seu dia-a-dia(até porque Yu não fazia nada de errado e não cometia nenhum pecado pra poder ganhar a atenção de seu pai ali naquele momento). Após inventar centenas e centenas de situações que ele supostamente teria pecado, Yu decide realmente fazer parte de um pecado diferente. Incomum. Um pecado original. Só assim talvez ele pudesse ganhar a devida atenção de seu pai como um pai de verdade, e não como um ditador de regras e um punidor moral todos os dias. Até aí o filme seguiu nessa estrutura 'novelesca'. Yu então decide entrar então para uma espécie de gangue que tiram fotos de calcinhas de moças desprevenidas nas ruas. A comédia inserida a partir daí em momentos pontuais é idêntica ao humor presente na maioria das animações japonesas, só que em live action. Muita comédia física, situacional, exageradas em uns momentos e bem peculiar. É uma transição até repentina, mas que combinou e vai combinar muito com o universo criado dentro da trama. Com esse seu novo ''hobby'', Yu agora tinha muitas situações que cometeu pecado para contar para seu pai, assim ganhando alguma devida atenção do mesmo. Em uma noite de chuva, ao tentar tirar foto por debaixo das sais de um grupo de meninas, a líder do grupo percebe e se apresenta como Keiko. Ela possuí uma personalidade forte e parece perdoar o rapaz aos poucos após ele confessar que faz tudo aquilo para criar um pecado original para chamar atenção do padre de sua igreja(o pai dele). A garota então ri, e aí que podemos criar uma teoria que Keiko pode ser uma personagem releitura do Diabo, que nos próximos arcos do filme, tentará de fato o Yu. O grupo das meninas começa a perseguir a gangue que Yu fazia parte ainda. Tirando fotos e gravando as ações do mesmo que tirava fotos por debaixo das saias das mulheres. E a partir daí vemos duas linhas paralelas da história do filme, vemos a ascensão de Yu cometendo seus pecados originais, mas também vemos a mulher que chorava na igreja(a Kaori) após ter rompido sua relação com o padre. Ela agora parecia estar feliz e fazendo diversos passeios com uma garota chamada Yoko, que parece ser sua filha e uma adolescente meio 'rebelde' e independente. Ela discute com Kaori após saber que a mesma estaria pensando em reatar com o padre que namorava há um tempo. Yoko parece não suportar a ideia de haver mais membros na família e de criar laços com mais pessoas em seu ''nicho cotidiano''(que seria apenas ela e Kaori) e corre pela cidade furiosa. O filme agora nos mostra o grupo de Yu, fazendo algumas brincadeiras a partir das fotos de calcinhas. Yu perde uma aposta que tinha feito e decide pagar o mico: andar pela cidade vestido de mulher, a senhorita 'Sasori-san' como denominaram-o logo em seguida. Até aí o filme possuí 50 minutos passados, e o grande baque do roteiro acontece logo após a próxima situação. Que é o que me deixou encantado de fato com tudo que estava sendo criado. Yoko, que ainda estava furiosa, entra em uma briga com diversos caras numa praça da cidade. E perto dessa praça vemos Yu(agora como Sasori-san), avistando a coragem e bravura da garota(que inclusive estava metendo uma surra em todos os caras). Yu, ainda vestido como Sasori-san, decide ajudar a garota na briga após se encantar ao vê-la com um pano branco que um dos caras jogaram em sua cabeça. Ela ficara parecida com a imagem da Virgem Maria naquele momento. A imagem idealizada por um bom tempo na vida de Yu após o pedido da mãe. Sasori-san e Yoko ganham de todos aqueles caras na briga, e Yoko agora parecia ser super gentil e uma pessoa muito meiga. Ela agradece Sasori-san numa cena muito cômica e diferente, dando um beijo na bochecha de Yu. A Yoko não percebera que é um homem por baixo de toda fantasia. Vemos ai um início cômico de uma espécie de ''paixão platônica maquiada'': Yoko estava apaixonado pela Sasori-san, e o Yu verdadeiramente pela Yoko. Keiko, que conhecerá Yu minutos atrás na história, observara tudo e o filme nos mostra um pouco mais do passado dela. Ela é uma traficante e contrabandista de quadros religiosos falsos acima do valor e líder de um grupo de jovens católicos de uma denominada ''Igreja Zero'', que frauda doações feitas pela população. Ela também possuí um complexo de imagem e auto-estima por sofrer diversos abusos sexuais e agressões físicas pelo seu pai. E um dia após seu pai desmaiar devido a uma overdose, ela corta o pênis de seu pai com uma tesoura(essa cena é bizarra). E sua alegria maléfica vem atona após saber que seu pai morreu. E tudo isso no ponto de vista da Keiko, nos mostrando flashbacks que amarram muitas cenas que pareciam aleatórias e inúteis no filme até então. Em seguida, o filme nos conta melhor o passado de Yoko(a menina que Yu se apaixona). Ela não possuí nenhuma empatia pela sua mãe verdadeira(que não é a Kaori) e quase foi morta em uma chacina numa escola. Mas ela diz não ser atingida por nenhuma bala pois: ''..balas invisíveis voam aonde quer que eu vá...elas voam em todo lugar. Mas para aqueles que conseguem ver as balas, a morte não é um acidente''. Uma frase forte, complexa, impactante e com inúmeras metáforas dentro da trama. Além disso tudo, ela carrega dentro de si um trauma e um ódio por conta de seu pai, que espancava, ofendia e traía sua mãe todos os dias enquanto estava bêbado. A resposta psicológica que ela tivera após isso foi de ter ódio dos homens, não importa se conhecessem ou não. Uma das amantes de seu pai era Kaori, que naquele momento já se firmava na religião, e Yoko se torna uma adepta também pela influência e amizade que estava tendo com Kaori. ''Jesus, eu te aprovo como o único homem legal, além de Kurt Cobain''. E após todas essas linhas temporais e pontos de vistas não lineares se conectarem com a linha inicial da trama, o filme constrói, brinca, desconstrói e destrói o conceito de amor. Seja ele pelo ponto de vista religioso(detalhe muito abordado pelo que perceberam) e pelo ponto de vista de cada personagem até aí. Yu que sempre buscou uma mulher idealizada e se tornando cada vez mais obsessivo por isso; seu pai, que com medo de possíveis punições divinas por estar casado, evitar amar alguém como amou sua falecida esposa; Kaori que parece não amar nenhum homem de fato, Keiko que não acredita no amor e Yoko que vive confusa por sua sexualidade(e com medo após ouvir da Keiko que lesbianismo seria um pecado para os cristãos, e até ali vemos que Yoko se apaixona por mulheres[mesmo que ainda não saiba que Sasori-san seja um homem de fato]). Alegorias e simbolismos bíblicos são presentes o tempo todo depois dessa conexão moral de todos os personagens. Diversas cenas de clima tenso são abruptamente cortadas para cenas dos personagens num deserto vazio carregando uma cruz gigante nas costas. Um item grande presente na morte de Cristo na Bíblia, o que simboliza a última imagem do amor que ele pode oferecer. Uma brilhante metáfora para mostrar a dor que cada personagem vai sentindo após carregar sua visão sobre o amor, enquanto Keiko(que não acredita no amor) aparece rindo deles em uma duna do deserto.
Uma narrativa que, mesmo que de início pareça despretensiosa, se torna cada vez mais tensa, brilhante e estonteante pela sua riqueza de detalhes e desenvolvimento de seus conceitos. E, claro, com um final magnífico e catártico!!! Uma aula de cinema alternativo!!
Casablanca
4.3 1,0K Assista Agoratem como dar 2000000 estrelas????
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista AgoraYORGOS LANTHIMOS, TU É F O D A!! POR FAVOR ALGUÉM DÊ O OSCAR DE MELHOR ROTEIRO ORIGINAL PRA ESSE GÊNIO LOGO!
Esse filme(assim como todos do Yorgos) possui um universo rico em detalhes e brinca demais com as expectativas de quem o assiste.
Atuações perfeitas por parte do Colin Farrel e Barry Keoghan, os personagens da Nicole Kidman, Alicia Silverstone, Raffey Cassidy e Sunny Suljic são mais introspectivos e pontuais, mas estão ótimos também.
Talvez o maior destaque que eu deva dar a esse filme em relação aos outros do Yorgos, é a fotografia e trilha sonora. Ambas são MAGNÍFICAS e trabalham juntas de maneira genial pra criar uma tensão e um senso de perigo a qualquer momento, da maneira realista, crua e com um 'pézinho' no surrealismo como é típico do diretor. A câmera é como se fossemos nós adentrando a vida da família principal, como um stalker, mas contendo planos que vão se fechando constantemente cortando boa parte da composição simétrica que estávamos vendo por toda a cenografia. Existe uma paleta de cores muito dicotômicas na maioria das cenas, que também usa um contra-luz de maneira incrível em cenas onde os personagens simplesmente olham para algo, sem falar nada. E até mesmo essas cenas causam agonia. E isso acontece muitas e muitas vezes, e deixa tudo mais bizarro(acho que bizarro é praticamente sinônimo de Yorgos nas críticas que faço dos filmes dele), mas nessa obra o surrealismo não é tão presente assim. Porém, há diálogos e cenas abruptas que nos tiram um pouco do contexto, e isso não é um ponto negativo.
Uma trilha sonora pontual e incomodante nos ajuda a mergulhar na situação que o personagem do Farrel se encontra, e o quão urgente tem que ser suas atitudes para tentar consertá-la. A ideia principal do roteiro segue numa perfeita estrutura de um mito grego, se baseando mais nos âmbitos de punição e origem. Mas acredito que dá pra ter mais interpretações, ainda mais por que há alguns diálogos muito estranhos e repentinos, o que acaba deixando para trás algumas ideias que achávamos que seria importante, como por exemplo a preocupação muito estranha da personagem da Cassidy pela puberdade. E o único motivo mesmo de eu não ter dado um 10 completo, foi porque o filme utilizou mal seus últimos segundos. Faltou coragem aí do Yorgos no roteiro.
Uma completa experiência agonizante, interessante e única do ano!! FILMAÇO!
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraMEU DEUS, Aronofsky é um gênio sem limites! E espero que não privem ele dessa liberdade e continue nos surpreendendo com obras-primas como essa. O segundo melhor filme do ano, com toda certeza!! E acho que não preciso nem dizer que o elenco é perfeito. Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Michelle Pfeiffer, Ed Harris.
Como não há sinopse no mundo que possa ser construída que te introduza levemente ao tipo de história e a maneira de como ela vai ser contada, esse minha crítica haverá alguns spoilers e minha visão sobre os simbolismos. E lembrando também que esse filme é um show de simbolismos! Alguns eu peguei de maneira muito fácil, mas outros foram inseridos com tanta força na tela(de maneira genial, é claro) que talvez só seja possível eu aceitar uma interpretação apenas, assistindo mais vezes.
Aronofsky dá um show de direção e cria um senso de incerteza maravilhoso, tudo a partir do ponto de vista da personagem da Jennifer Lawrence(que inclusive não tem nome[nenhum personagem tem nome]). A câmera brinca com esse artifício o tempo todo. Até o segundo o ato, todo detalhe incomodante no telespectador é visto logo após o plano estar fechado no rosto da Lawrence, ou a cabeça dela estar centralizada no plano enquanto está de costas. E o fato mais genial no âmbito de suspense, e o senso de dúvida que é construído desde o começo sobre a índole dos personagens que nos é apresentado, desde o marido da personagem da Lawrence, quanto das diversas pessoas que visitam a casa onde moram. A maioria da inserção desses personagens em tela, dentro da tensão construída, é sempre a invasão desse personagem dentro do plano que está enquadrada a personagem da Lawrence(guardem essa informação).
A visita dos personagens da Michelle e do Ed Harris são claramente uma representação de Adão e Eva. Percebi que isso já começa a ser reforçado quando, a pedido do personagem do Javier, que era proibido a entrada de pessoas na pequena sala do segundo andar de sua casa. A personagem da Michelle, totalmente contra e teimosa a esses avisos, adentra a sala e quebra um item de cristal que o personagem do Javier tanto adorava, que logo após ver seu item de enfeite quebrado entra em fúria e expulsa o casal visitante de sua casa. Uma clara releitura da teimosia de Eva ao comer o fruto proibido e, por isso, são expulsos do jardim do Éden(sim, o personagem do Javier é Deus). Disse Éden já que o local externo da casa se assemelha bem ao local da bíblia, possuindo cores mais vivas, naturais e esverdeadas(fugindo do cinza e bege que toma boa parte da fotografia interna da casa).
A personagem da Lawrence, a primeira vista, parece representar o estado natural do mundo. A natureza, ou, a Mãe Natureza(disse ''a primeira vista'', pois acredito que seja possível mais interpretações por conta de algumas escolhas diferenciadas perto do terceiro ato do filme). Lembram que comentei agora há pouco dessa invasão dos personagens que incomodam demais o a Lawrence? Seria uma alegoria á como as outras pessoas invadem aquilo do qual não foram concebidas de fato, modificando e destruindo esse local(que se reforça mais pelas atitudes bizarras de diversos visitantes da casa). Ah, e a personagem da Michelle usa um sutiã verde com folhas e galhos desenhado, claramente um detalhe da imagem icônica que temos de Eva usando as folhas como vestimenta.
O filme se curva para a frenesi ainda mais psicológica quando, de repente, nos é mostrado mais dois visitantes nessa casa. Eles são os filhos do casal do Ed Harris e da Michelle Pfeiffer, que aparecem discutindo friamente sobre um testamento encontrado onde moram. E na Bíblia quem são os filhos de Adão e Eva? Exato, Caim e Abel. Então acho que não preciso contar o desfecho da briga desses dois, né?
Se há um simbolismo, criado também na mise-en-scène, que eu ainda não entendi por enquanto é o uso da cor amarela o tempo todo. Todas as cenas se utiliza de luzes amareladas, contrastes amarelos no rosto dos personagens e por todo canto da cenografia interna da casa. Há também um pózinho amarelo utilizado na água que a personagem da Lawrence bebe, que eu ainda não sei o que significa.
Após o desfecho da briga entre as representações de Caim e Abel anteriormente, o personagem de Javier revela que convidou algumas pessoas na casa, mas o número de visitantes espanta absurdamente Lawrence. E é muito surreal e tenso o como eles vão se apresentando e o como vão se acomodando pela casa como se já fossem donos(olha aí o ser humano tomando a natureza como seu lugar e a modificando a seu modo sendo reforçado mais uma vez). Na conclusão dessa patifaria que se instaura há outro simbolismo bíblico muito bom, que não quero contar pra estragar totalmente a experiência de quem ta lendo e ainda não assistiu ao filme.
A direção e a fotografia se torna mais gritante e sufocante com as situações do terceiro ato, contendo muitas e muitas cenas muito assustadoras e bizarras até mesmo pra mim que já esperava algo assim do filme. Há um senso de blasfêmia em relação a visão que Aronofsky deu ao personagem que parece representar Deus, e talvez seja isso que fez com que esse filme dividisse tanto a crítica. As atitudes dele dá um ar vilanesco o tempo todo do terceiro ato, havendo simbolismos ainda mais fortes e desesperadores. E o filme fecha com uma conclusão sensacional, mas que pode explodir de maneira pessimista para os que a absorverem totalmente.
FILME OBRIGATÓRIO AOS FÃS DE CINEMA
Mãe!
4.0 3,9K Assista Agorasegundo melhor filme do ano
Cold Fish
3.8 115''Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha de volta para você."-Friedrich Nietzsche.
Eu amo quando um filme conversa diretamente com a linha filosófica de Nietzsche, e esse é a perfeita transcrição dessa abordagem dele em formato de um filme. Baseado em fatos reais o enredo nos mostra a vida de Shamoto foi espancado até a submissão pelas exigências da vida mundana. Ele tem um estranho relacionamento com sua segunda esposa que ainda não foi aceita por sua filha adolescente e rebelde, Mitsuko. A única alegria na vida de Shamoto é uma loja de pequenos peixes tropicais. Quando Mitsuko é pega furtando, Murata ajuda Shamoto a resolver as coisas com o gerente da loja. Murata, dono de uma loja de peixes tropicais chamada Amazon Gold, imediatamente cria um vínculo com Shamoto e se oferece para ajudar a filha rebelde, dando-lhe um trabalho com casa e comida. Shamoto é arrastado para o negócio de Murata e sua esposa sem saber que por trás de seu comportamento amigável esconde um sociopata perigoso(a esposa também é, e muito).
A direção é do fenomenal e meu diretor japonês favorito, Sion Sono. Apesar das 2 horas e meia, o filme possui um ritmo que te puxa cada vez mais e você mergulha de vez na vida da família pra saber se tudo irá dar certo.
O personagem principal, apesar de ser o protagonista da história até o fim, tem seus momentos dramáticos críveis e com um peso singelo e verdadeiro. Porém(e tenho certeza que isso irá incomodar todos), ele é muito pastel!!!! Quando você sabe que ele tem a chance de se dar bem, ele não faz, e isso é muito mas muito irritante. Mas perto do final, vemos a transformação que é meio chocante e desconstrói todo aquele pastelão que acompanhamos até ali(e que obviamente cabe perfeitamente na frase que iniciei essa crítica). E é sério, é assustador demais quando isso acontece, e com uma cena não muito assistível para os mais fracos com esses filmes climáticos e despirocados do cinema.
E nessa onda de perturbador, não é só essa cena que citei acima que é assim. Existem muitas cenas grotescas e sangrentas no segundo ato para frente. Apesar de serem fortes para os mais fracos, é inegável que são ULTRAMENTE BEM FEITAS! Seguidas pelas atuações fenomenais do protagonista Shamoto, da sua esposa interpretada pela maravilhosa Megumi Kagurazaka(esposa do diretor) e a esposa do 'vilão'. Porém, o ator do 'vilão' faz um personagem com expressões nada espontâneas e um sotaque meio caricato e ruim. O que é triste, já que boa parte das cenas tensas até a metade ocorrem por sua causa.
O uso do silêncio constrangedor e do som dos aparelhos nas casas e da loja(como o fogão ligado, aquário, TV, etc.) é muito mais presente e necessário do que uma trilha sonora incessante para forçar o suspense, o que seria totalmente contrário se o filme fosse americano, sabemos disso.
A fotografia por sua vez talvez seja a coisa mais técnica e surpreendente de qualquer obra do Sion Sono. Com inúmeras metáforas da mise-en-scène em paralelo com o emocional dos personagens(até mesmo o título do filme, e o fato dele trabalhar com peixes, sendo 'animaizinhos' que parecem ser felizes e morando num lugar totalmente enfeitado, mas que não deixa de viver naquele cubículo e com sua vida limitada), o uso das luzes e o contraste com a sombra; a composição, paleta de cores e o uso de planos sequências longos nos momentos brutais do filme mexe de uma forma genuína com todos que assistem.
RECOMENDADÍSSIMO!
Bom Comportamento
3.8 392Confirmado: Robert Pattinson atua bem sim!!! Parece que é mais um ator que os memes vão cair por terra. Mas é uma pena(e isso não é um demérito ou um problema do filme, felizmente) que o diretor não confiou tanto em planos fechados mais longos no rosto do Robert. Senti que faltou mais essa confiança, pois intensificaria ainda mais o contraste dos problemas que seu personagem sofre ao decorrer da trama entre as pequenas situações(algumas que ampliam para problemas maiores) e ao conhecer novos personagens(de maneiras inusitadas, mas ainda sim verossímeis).
Ótimas atuações, com uma participação pequena(o que é uma pena) da Jennifer Jason Leigh <3 , que está maravilhosa; fotografia linda, com um uso de cores neon muitas vezes bem no rosto dos personagens, criando assim uma sensação de perigo e insegurança das situações(com maior parte se utilizando de cores quentes); uma edição se som impecável junto ao cuidado do roteiro e da direção, que estão sempre alertando o telespectador do senso de urgência que os personagens passam(sem subestimá-lo, diferente de alguns diretores...). Talvez uma das falhas seja a falta da construção de um peso das escolhas de alguns personagens e uma conclusão(mesmo que breve) da maioria deles. O que acabou falhando um pouco e deixando meio nebuloso se o filme se propôs a ser um 'estudo de personagem'.
Sob a Pele
3.2 1,4K Assista AgoraTalvez um dos piores filmes que já vi na minha vida. Se não: o pior!.
Triste já vermos que, na época comercial deste filme, o maior destaque que estava tendo em cima dele era uma cena em que a Scarlett Johansson fica nua. O que fácil destacarem mesmo numa atriz muito limitada, mas ok.
Apesar dela sempre atuar de maneira seca e cansada, esse papel pareceu ser único por ela já ter histórico em fazer esses tipos de personagens(Lucy, Viúva Negra, ''Major'',etc). Mas ainda sim é terrível a falta de empatia que temos pelo objetivo dela(mesmo que misterioso)e sobre quem ela é. Eu duvido que alguém que tenha assistido esse filme tenha sentido vontade de querem entender essa personagem.
A montagem e edição de som talvez sejam as coisas mais interessantes presentes no filme, mas sua pretensiosidade tornam toda construção da tensão chula, preguiçosa e nojenta. O filme tenta flertar com um ritmo à la Lynch, com seus momentos meio surrealista; um pouco de Haneke pela câmera estática e momentos silenciosos que(em tese)seria necessário atuações para segurar seu telespectador por todos os fatores normais de um filme:personagens, objetivos, a jornada, o mistério do que pode estar por vir; misturado com um Bela Tárr, com suas cenas arrastadas que carregam um conceito em sua maneira original(mas esse filme não consegue de forma alguma); com mais umas misturas de Tarkovski com Kubrick, mas acho que não preciso repetir que falha de maneira horrível...
A trilha sonora é praticamente nula por 95% do filme, com sons diegéticos(que estão em cena e os personagens escutam também), com único momento original em sua trilha acontece na hora dos assassinatos de algumas vítimas.
Atuações ridículas; roteiro vazio, pretensioso, pseudo-intelectual; personagens esquecíveis, uma montagem de cenas que nunca leva a nada, cenas arrastadas sem motivo(obs: sou fã do Cavalo de Turim), e uma tentativa porca de ser um 2001 da modernidade.
E mais uma vez: talvez o pior filme que já vi na minha vida.
A Bruxa do Amor
3.6 206 Assista AgoraOMG! Esse filme é minha paixãozinha indie de 2016. O filme é uma grande homenagem aos filmes de bruxas de suspense-erótico dos anos 60 e 70. E tudo nesse filme consegue te deixar no clima de um filme dessa época: a fotografia, cenografia, paleta de cores, edição, desenvolvimento, direção, maquiagem, trilha sonora, diálogos, personagens, transições de cenas, e até mesmos as atuações.
O mais incrível é que, até mesmo os erros perceptíveis nos filmes dessa época estão presentes nesse, mas isso não se torna um ponto negativo nele e sim uma grande homenagem. O toque mais autoral desse filme, e o que é o mais brilhante, é a subversão do arquétipo que todos possam ter por filmes da década de 60 e 70. O filme é uma sátira com críticas sutis e fluídas, que se destacam ainda mais no ato final.
Com críticas fluídas e ácidas ao machismo, esse deve ter sido o melhor filme indie de 2016. Que direção foda e fiel <3 .
Elaine é uma jovem bruxa que está determinada a encontrar o homem de sua vida. Ela leva homens para sua casa e faz magias e poções a fim de seduzi-los. Tudo funciona bem, mas ela acaba com uma série de vítimas infelizes. Quando ela finalmente encontra o homem de seus sonhos, seu desespero para ser amada a torna insana.
Love Exposure
4.2 93Minha sincera e humilde análise do filme ''Love Exposure''(2008). Um dos meus filmes favoritos. [Possuirá alguns spoilers]
Apesar do filme possuir 4 horas de duração, é um filme daqueles que, quando você gostar e querer rever, o tempo dele não importa de verdade. Há riquezas cenográficas, fotográficas, alegóricas, musicais, conceituais(o que o diretor Sion Sono adora experimentar em boa parte de seus filmes) e de diálogos que brilham ainda mais numa segunda vez que você assiste ao filme. Com um roteiro não linear na transição de capítulos para personagens, é muito bem amarrado a inserção de todos os personagens e suas relações ao decorrer da trama.
O filme se inicia com a ruptura melodramática da esperança e prosperidade em relação a família de Yu(protagonista da obra), quando presencia a morte de sua mãe na cama do hospital quando criança. A mesma era praticante religiosa muito devota ao catolicismo, praticando rezas todas as noites. E em uma dessas noites Yu aceita a um ''pedido'' de sua mãe. Ela mostra para ele uma pequena estátua da Virgem Maria, em seguida pede a promessa do garoto de que um dia ele iria encontrar uma mulher como a Virgem Maria para se casar.
O pai de Yu, impactado com a morte da esposa também, se apoia fortemente na religião e se torna um padre. Yu já crescido, se torna também adepto da mesma religião e das crenças que a rodeia. Até ai o filme segue como um drama denso de início e climático em outros momentos, mostrando a ascensão do pai de Yu como padre da região onde mora.
No final de uma missa, o pai de Yu, Tetsu, encontra uma mulher aos prantos num banco no fundo de sua igreja, Kaori. Ao abordá-la para saber o que houve, ela declara estar apaixonada por ele. Apesar das negações aos sentimentos da moça, eles vão se conhecendo com o passar do tempo e firmando um relacionamento complicado.
Em um certo momento dessa relação, vemos no ponto de vista agora de Yu, que os dois brigaram e ela fugiu com um homem mais novo após 3 meses do namoro deles. Yu vê uma mudança no comportamento de seu pai. Ele se tornou mais devoto às suas crenças e um ''pai que dá sermões terríveis'', nas palavras de nosso protagonista.
Com um maior receio do pecado e de tudo aquilo que é mau, o pai de Yu agora o fazia confessar seus pecados todos os dias antes e depois de ir á escola. O problema que esse pedido de seu pai se tornará tão banal e extremo, que não havia mais nada que o garoto pudesse contar que tivesse feito de errado no seu dia-a-dia(até porque Yu não fazia nada de errado e não cometia nenhum pecado pra poder ganhar a atenção de seu pai ali naquele momento). Após inventar centenas e centenas de situações que ele supostamente teria pecado, Yu decide realmente fazer parte de um pecado diferente. Incomum. Um pecado original. Só assim talvez ele pudesse ganhar a devida atenção de seu pai como um pai de verdade, e não como um ditador de regras e um punidor moral todos os dias. Até aí o filme seguiu nessa estrutura 'novelesca'.
Yu então decide entrar então para uma espécie de gangue que tiram fotos de calcinhas de moças desprevenidas nas ruas. A comédia inserida a partir daí em momentos pontuais é idêntica ao humor presente na maioria das animações japonesas, só que em live action. Muita comédia física, situacional, exageradas em uns momentos e bem peculiar. É uma transição até repentina, mas que combinou e vai combinar muito com o universo criado dentro da trama.
Com esse seu novo ''hobby'', Yu agora tinha muitas situações que cometeu pecado para contar para seu pai, assim ganhando alguma devida atenção do mesmo. Em uma noite de chuva, ao tentar tirar foto por debaixo das sais de um grupo de meninas, a líder do grupo percebe e se apresenta como Keiko. Ela possuí uma personalidade forte e parece perdoar o rapaz aos poucos após ele confessar que faz tudo aquilo para criar um pecado original para chamar atenção do padre de sua igreja(o pai dele). A garota então ri, e aí que podemos criar uma teoria que Keiko pode ser uma personagem releitura do Diabo, que nos próximos arcos do filme, tentará de fato o Yu.
O grupo das meninas começa a perseguir a gangue que Yu fazia parte ainda. Tirando fotos e gravando as ações do mesmo que tirava fotos por debaixo das saias das mulheres.
E a partir daí vemos duas linhas paralelas da história do filme, vemos a ascensão de Yu cometendo seus pecados originais, mas também vemos a mulher que chorava na igreja(a Kaori) após ter rompido sua relação com o padre. Ela agora parecia estar feliz e fazendo diversos passeios com uma garota chamada Yoko, que parece ser sua filha e uma adolescente meio 'rebelde' e independente. Ela discute com Kaori após saber que a mesma estaria pensando em reatar com o padre que namorava há um tempo. Yoko parece não suportar a ideia de haver mais membros na família e de criar laços com mais pessoas em seu ''nicho cotidiano''(que seria apenas ela e Kaori) e corre pela cidade furiosa.
O filme agora nos mostra o grupo de Yu, fazendo algumas brincadeiras a partir das fotos de calcinhas. Yu perde uma aposta que tinha feito e decide pagar o mico: andar pela cidade vestido de mulher, a senhorita 'Sasori-san' como denominaram-o logo em seguida.
Até aí o filme possuí 50 minutos passados, e o grande baque do roteiro acontece logo após a próxima situação. Que é o que me deixou encantado de fato com tudo que estava sendo criado.
Yoko, que ainda estava furiosa, entra em uma briga com diversos caras numa praça da cidade. E perto dessa praça vemos Yu(agora como Sasori-san), avistando a coragem e bravura da garota(que inclusive estava metendo uma surra em todos os caras). Yu, ainda vestido como Sasori-san, decide ajudar a garota na briga após se encantar ao vê-la com um pano branco que um dos caras jogaram em sua cabeça. Ela ficara parecida com a imagem da Virgem Maria naquele momento. A imagem idealizada por um bom tempo na vida de Yu após o pedido da mãe.
Sasori-san e Yoko ganham de todos aqueles caras na briga, e Yoko agora parecia ser super gentil e uma pessoa muito meiga. Ela agradece Sasori-san numa cena muito cômica e diferente, dando um beijo na bochecha de Yu. A Yoko não percebera que é um homem por baixo de toda fantasia. Vemos ai um início cômico de uma espécie de ''paixão platônica maquiada'': Yoko estava apaixonado pela Sasori-san, e o Yu verdadeiramente pela Yoko.
Keiko, que conhecerá Yu minutos atrás na história, observara tudo e o filme nos mostra um pouco mais do passado dela. Ela é uma traficante e contrabandista de quadros religiosos falsos acima do valor e líder de um grupo de jovens católicos de uma denominada ''Igreja Zero'', que frauda doações feitas pela população. Ela também possuí um complexo de imagem e auto-estima por sofrer diversos abusos sexuais e agressões físicas pelo seu pai. E um dia após seu pai desmaiar devido a uma overdose, ela corta o pênis de seu pai com uma tesoura(essa cena é bizarra). E sua alegria maléfica vem atona após saber que seu pai morreu. E tudo isso no ponto de vista da Keiko, nos mostrando flashbacks que amarram muitas cenas que pareciam aleatórias e inúteis no filme até então.
Em seguida, o filme nos conta melhor o passado de Yoko(a menina que Yu se apaixona). Ela não possuí nenhuma empatia pela sua mãe verdadeira(que não é a Kaori) e quase foi morta em uma chacina numa escola. Mas ela diz não ser atingida por nenhuma bala pois: ''..balas invisíveis voam aonde quer que eu vá...elas voam em todo lugar. Mas para aqueles que conseguem ver as balas, a morte não é um acidente''. Uma frase forte, complexa, impactante e com inúmeras metáforas dentro da trama. Além disso tudo, ela carrega dentro de si um trauma e um ódio por conta de seu pai, que espancava, ofendia e traía sua mãe todos os dias enquanto estava bêbado. A resposta psicológica que ela tivera após isso foi de ter ódio dos homens, não importa se conhecessem ou não.
Uma das amantes de seu pai era Kaori, que naquele momento já se firmava na religião, e Yoko se torna uma adepta também pela influência e amizade que estava tendo com Kaori. ''Jesus, eu te aprovo como o único homem legal, além de Kurt Cobain''.
E após todas essas linhas temporais e pontos de vistas não lineares se conectarem com a linha inicial da trama, o filme constrói, brinca, desconstrói e destrói o conceito de amor. Seja ele pelo ponto de vista religioso(detalhe muito abordado pelo que perceberam) e pelo ponto de vista de cada personagem até aí. Yu que sempre buscou uma mulher idealizada e se tornando cada vez mais obsessivo por isso; seu pai, que com medo de possíveis punições divinas por estar casado, evitar amar alguém como amou sua falecida esposa; Kaori que parece não amar nenhum homem de fato, Keiko que não acredita no amor e Yoko que vive confusa por sua sexualidade(e com medo após ouvir da Keiko que lesbianismo seria um pecado para os cristãos, e até ali vemos que Yoko se apaixona por mulheres[mesmo que ainda não saiba que Sasori-san seja um homem de fato]).
Alegorias e simbolismos bíblicos são presentes o tempo todo depois dessa conexão moral de todos os personagens. Diversas cenas de clima tenso são abruptamente cortadas para cenas dos personagens num deserto vazio carregando uma cruz gigante nas costas. Um item grande presente na morte de Cristo na Bíblia, o que simboliza a última imagem do amor que ele pode oferecer. Uma brilhante metáfora para mostrar a dor que cada personagem vai sentindo após carregar sua visão sobre o amor, enquanto Keiko(que não acredita no amor) aparece rindo deles em uma duna do deserto.
Uma narrativa que, mesmo que de início pareça despretensiosa, se torna cada vez mais tensa, brilhante e estonteante pela sua riqueza de detalhes e desenvolvimento de seus conceitos. E, claro, com um final magnífico e catártico!!!
Uma aula de cinema alternativo!!
As Faces de Toni Erdmann
3.8 257 Assista Agorao filme mais chato de 2016
O Rei Dave
2.2 1onde eu acho???
Yoga Hosers
2.3 46 Assista Agoraalguém ai teria a legenda pf????
A Criada
4.4 1,3K Assista Agoraonde eu acho?? pf, desesperado aqui pra assistir
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista Agoraonde conseguiram baixar ou assistir?pf me ajudem