Humor negro de alta qualidade, banhado em uma violência meio absurda à la Tarantino orientada por trama de besteirol dos anos 2000. Imaginem se o Gaspar Noé ambientasse um conto da Agatha Christie com toques de American Pie e você tem esse filme, hahaha Gostei bastante e a média tá muito inferior ao que ele é, quem quiser uma comédia simples e bem caricata é uma ótima opção.
Hypado por todas as razões sociais possíveis, menos por sua qualidade. A nova estratégia para agradar a crítica e grande parte do público jovem é colocar uma história medíocre como plano de fundo para um problema social em voga. Promising Young Woman não tem nada a dizer, simplesmente isso. Até o seu tom é uma mistura maluca para tentar agradar, sendo uma comédia insossa quando convém e um dramalhão clichê para cativar, embalados numa falsa promessa de vingança violenta. Aliás, eu notei como a premissa engana quando entendi que ela simplesmente
não punia de nenhuma forma os seus assediadores (exceto por um sermão didático muito óbvio).
Quem buscava um Kill Bill e achou textão do Facebook que chore. O roteiro busca elevar a protagonista a ser poderosa e profunda de uma forma que não é, pois além de sua personalidade não transmitir nenhum tipo de força e suas percepções sobre as pessoas serem convenientemente ingênuas, seu passado não é nem um pouco misterioso. Foram 1h30 de pistas bobas para revelar algo que qualquer um já entendeu nos primeiros 30 minutos. E o
que é o assédio e estupro justificados pela vulnerabilidade da vítima
, isso blinda o filme para críticas, afinal, quem criticaria algo que levanta um ponto tão importante para a sociedade contemporânea? Acontece que a arte não deveria ser valorizada só por trazer questionamentos sociais, ainda mais em um assunto como esse, em que não há espaço para dilemas e tudo que veremos é uma encenação didática sobre o que não se deve fazer com uma mulher. Um bom filme envolve todo o aparato técnico, qualidade da atuação, viabilidade da história contada, intenção dos personagens, desenvolvimento interessante das ações... E este não passa de ser mediano na maioria desses aspectos, mas será louvado por todas as outras coisas que não é.
Embalagem legal com conteúdo pobre. A problemática central é muito interessante e, além de abrir muito espaço para explorar o lado sarcástico, ainda te deixa indignado. É raro ver uma "vilã" como protagonista que não justifica seus atos em um passado sofrido ou causa perdida. Marla é minimalistamente gananciosa e submete todas suas escolhas éticas ao desejo de ser rica.
Ótima personagem, carregou o negócio nas costas, certo? Pois é, existem dois problemas nisso: 1 - Tirando sua motivação, a personagem é basicamente uma cópia com detalhezinhos modificados da Amy de Gone Girl. Eu sei, você sabe, os críticos sabem... Não é a toa que se vê aqui embaixo muita gente comparando ambas. Adicione roupas millennial e uma namorada esquecível. Não bastasse isso, até o visual tenta imitar o Fincher,
principalmente naquela cena dela escapando do carro, com apagões ritmados por uma trilha tensa.
2 - A trama quer tornar Marla invencível às custas do espectador, que deve ignorar diversas coisas irrealistas e sem sentido para que a anti-heroína possa ser equivalente ao seu inimigo. Inconcebível que a mulher
venceria uma organização corporativa criminosa só com um taco de baseball (haha, cena ridícula) e sua perspicácia em manipular situações.
Você pode até ignorar esses deslizes no começo pela autoridade que a protagonista cativou, mas no final uma cascata de acontecimentos ilógicos tira qualquer inteligência que a história tentava sustentar.
Começando com a namorada e única pessoa que ela tem relações afetivas não ter sido usada como forma de acordo (tipo de clichê que até os filmes mais chulos de ação já sabem), aí passa para um assassinato mal planejado que resulta nela sobrevivendo mesmo quando todo mundo sabe que não se quebra um vidro de carro submerso, volta para casa e OLHA SÓ, deixaram a namorada viva, que incompetentes! Totalmente plausível para um assassino enfurecido...
Bom, o resto é essa falência de trama. Nenhum personagem além dela é interessante. Ainda sim, por mais sensacional que ela seja, sua "reputação" é inchada por um roteiro que ajuda para que todas as situações se resolvam fácil demais.
Só para nível de observação: é uma nova vertente do cinema atual obras com personagens femininas implicitamente feministas e todos os homens idiotas? Mulheres invencíveis e seus inimigos patéticos, falas ensaiadas sobre o machismo e patriarcado, homens sem qualidades alguma só criando caos na trama. Já deve ser a quarta ou quinta vez que vejo esse padrão se repetindo recentemente, acho que vou chamar de Síndrome de Capitã Marvel kkkk
Nunca esperava encontrar o que encontrei em Rocky, então esse comentário vai ser totalmente afetado kkk Acho que estamos muito mal acostumados com o que seria a trajetória do herói machão atualmente. Nossos símbolos masculinos de vitória geralmente são caras muito confiantes, ricos, charmosos, bonitos e violentos. Claro que temos um Capitão América e outro por aí, mas todo mundo gosta mesmo é do Tony Stark, né não? Esse é o apelo genial que existe nesse filme: Rocky é um perdedor. Não do tipo auto piedoso e frágil, ele é um cara fracassado que se sente sozinho enquanto tenta sobreviver da única forma que sabe. Seu treinamento não é orientado pela sua determinação sobre-humana e seu gênio forte, ele é orientado pelo desespero de perder mais uma oportunidade de mudar de vida. Seu maior objetivo não é o reconhecimento de ser o melhor e sim ser amado por uma mulher. Subestimei demais o Stallone, o cara é genial. Primeiro por investir num roteiro que percebeu muito bem a mudança do cinema durante a década de 70, que passa de algo clássico e teatral para histórias mais maduras e realistas que abordavam a existência humana em suas facetas mais profundas. Segundo por ser o patriarca das franquias de blockbusters testosterona (excluindo 007), dando ao público bastante ambientação, desenvolvimento de personagem e deixando a ação para o final (e ainda acabando no meio do clímax). Eu compreendo quem não gostou de Rocky pelo ritmo lento, falta de animosidade do protagonista, muito blá-blá-blá e pouca porradaria. Mas acho que seria a mesma coisa que não gostar de O Exorcista (mesma década, mesma estrutura) pelos mesmos motivos, sendo que tudo isso faz parte da construção do universo do personagem e do suspense da resolução. Isso basicamente é destruído a partir do terceiro filme e percebe-se a decaída da franquia. Concluindo, gostei demais de Rocky. Não é um filme de ação ou de macho alpha, é um drama sobre a solidão de um homem que não é bom em nada a não ser aguentar porrada.
Estou começando a me acostumar com esse padrão de obras espanholas com apelo popular que envolvem problemas quase impossíveis de resolver, bastante violência e plot twists no final. Me acostumar no bom sentido, porque adoro haha é cheio de furos e meio cansativo aguardar o filme todo para entender o que está acontecendo só no final, mas eu acho um tipo de entretenimento blockbuster bem mais agradável do que as Marvels da vida. Avaliar cinema atualmente é essa loucura: quando tem um componente de fantasia, todo os furos e coisas sem sentido são justificáveis, aceitos, defendidos, "não fale mal da minha franquia favorita". Quando é uma trama realista mas arquitetada em uma premissa hiperbólica e que pode forçar um pouco o nível de credulidade para gerar divertimento, é rebaixada ao lixão do cinema. Na verdade, acho que é só uma questão de dar o que o público quer numa embalagem chamativa. Afinal, ainda que La Casa de Papel pt. 3 tenha tantos furos e conveniências que daria para refazer Abaixo de Zero umas 5 vezes só com eles, ainda sim está com sua notinha 4 brilhando aqui no Filmow. Sei lá, pistolei. Sobre o filme: gostei, é sempre ótimo se distrair e ver
É um filme inusitado e bem escandaloso, mas será que é tão ruim quanto essa avaliação do Filmow mostra? Tô aqui há uns 7 anos e, nos últimos 2, cada vez mais obras ousadas e incomuns estão com notas extremamente baixas, ainda que tenham vários méritos e características únicas. Isso me faz refletir um pouco sobre a mudança do cinema (ou do ato de qualificar o cinema) durante essa última década... Ademais, eu gosto de Magic Mike e considero parcialmente uma comédia de tão absurda que é a premissa kkk basicamente uma versão de Spring Breakers masculina.
Sou suspeita para falar porque gosto muito da maioria das coisas que o Steven Soderbergh faz, acho ele um diretor autoral muito subestimado, maaaas... O que vem acontecendo nos últimos anos que os filmes dele estão cada vez mais simples (em premissa e em orçamento) e/ou experimentais demais? Para alguém que montou um roteiro e identidade visual tão sensacional como na trilogia Ocean's, ele parece estar cada vez mais desanimado ou sem budget. No entanto, eu gostei de Logan Lucky. Os personagens são simpáticos e o plot, embora nada complicado, prende a atenção pelos detalhes. Ainda sim, admito que é uma obra esquecível e um tanto insossa para o calibre do elenco e diretor. Espero que ele retome o ânimo e realize coisas mais ousadas.
A função do filme é alcançada (te faz rir e morrer de vergonha alheia), mas é muito palpável como este é um Borat pós-prestígio e com sérias preocupações em agradar as agendas progressistas americanas. Antes, ria-se de toda a nação americana e sua fuleragem característica. Nesse, você ri dos conservadores americanos e suas opiniões fortes que beiram o absurdo. Engraçado, MAS parcialmente direcionado e não tão destemido quanto o personagem nos acostumou.
É, esse é o primeiro filme do Nolan com o qual me decepciono e consigo perceber uma série de defeitos (apontados por outrem em outras obras) se projetando claramente na tela. O primeiro deles é a pretensão e extravagância. A ideia da trama ultrapassa radicalmente a ousadia e beira uma megalomania descompensada, com objetivos tão grandiosos e mal explicados que você simplesmente pensa: "Nossa, é isso mesmo que ele tem que fazer? Mas como?"... E a resposta não vem. Embora o filme seja irritantemente explicativo em alguns pontos chaves do plot (do contrário ninguém entenderia porra nenhuma), os pilares de todos os acontecimentos são cuspidos com tanta rapidez que, enquanto se tenta compreender um dos conceitos - que, a não ser que você seja um físico experiente, são complexos para caralho - uma série de eventos e personagens estão sendo apresentados. Como refletir sobre? Como me interesso por alguma coisa que não me deixaram entender? Ser difícil é completamente diferente de ser intragável e, infelizmente, é isso que Tenet é. Esse artifício de mostrar ações no reverso, por não se tratar de um recurso narrativo que embaralha a ordem lógica de acontecimentos (como Amnésia faz bem) e sim uma inversão na ordem de ações aleatórias, desafia todo o seu aparelho cognitivo a se interessar por algo que ele não está programado para entender. E no meu caso, o desafio foi ignorado com sucesso kkkk nunca vi um enfeite narrativo tão mal sucedido e cansativo, depois da primeira hora ignorei quando essas cenas começavam e divagava até acabarem. Finalizando, mesmo que o plot fosse interessante, todos esses luxos inseridos fossem eficazes, esse universo de entropia reversa fosse verossímil e o tempo de duração fosse menor, Tenet não tem o fator mais importante: geradores de empatia. Os personagens são superficialmente construídos e não despertam afeição alguma, suas falas bem escritas e piadinhas comedidas não os tornam interessantes e nem insubstituíveis. Perceberam que o vilão, Sator, é o único que tem um passado apresentado e uma motivação sincera? Logo, se eu não torço pelo herói da jornada e tampouco entendo qual é essa jornada, o filme se torna um aglomerado extravagante e pretensioso de pessoas correndo para trás. Espero que eu não tenha pego coronavírus por esse filme.
O clima todo do filme é muito nostálgico e retrata bem como uma infância geralmente é: por pior que pareçam as condições ou acontecimentos, nada mancha o seu mundo particular com dor ou pesar. A jornada da Moone é de um pseudo amadurecimento forçado pelas circunstâncias complicadas de sua "família" e no caminho busca levantar algumas questões interessantes de se pensar. A mais bem sucedida é sobre como o papel dos pais é idealizado socialmente como algo quase perfeito e, que quando uma família não cumpre esse tipo de exigência,
, mesmo que não haja negligência para com a criança (exatamente o caso da Moone e sua mãe). Entretanto, de resto, a obra não me transmitiu nada além de certa monotonia e aleatoriedade. É realmente um vislumbre do mundo que a protagonista enxerga intercalado com os eventos do mundo "real" e não se torna uma experiência especial em nenhum momento. Ah sim, há um esforço explícito em culminar a trama nesse final emocionante e tocante, mas para mim não funcionou. As quase 2h se transformaram em 3h e nada demais foi dito.
Nossa, que filme simples e impactante. É incrível como alguns cineastas conseguem passar uma trama pretensiosa de forma não pretensiosa - se é que isso faz sentido, rs - e te fazer sentir instigado sem se decepcionar. I Origins (e seu título original metalinguístico 100x melhor do que esse traduzido clichezão) é uma obra poderosa que trata de temas complexos de uma forma singela, calma e muito autêntica. Não vai se destacar por algum quesito técnico e nem é essa a intenção, a coisa aqui flui 100% ao redor do conteúdo a ser abordado... E que conteúdo, meus amigos! Em 1h40 e com menos de 10 personagens, se você se deixar levar pela trama consegue viajar em problemáticas pilares da existência humana, como amor, fé, a ciência e suas limitações, a probabilidade sendo contestada pelo sentimento, a alma humana, o ser... É um grande filme envolto em uma simplicidade cuidadosa. Daqueles que devem ser revistos periodicamente, ótimo.
De forma coesa (porque já perdi 2h35 da minha vida vendo): * Não é eficiente como filme de guerra, o que de fato nem parece ser o viés da trama, mas se você espera ver embates emocionates, certa adrenalina ou contextualização da Guerra do Vietnã... Esqueça. O que aparece é bem superficial e rápido. * Não é envolvente enquanto plot. Você sabe o que querem e entende toda a justificativa por trás, vai acompanhando achando que se desdobrará em algo a mais e no fim era só o que pensou mesmo. Ah sim, com uma tentativa de reviravolta bem porca e previsível. * Não é um ativismo inteligente. Digo isso no sentido de conectar qualquer um ao que está sendo dito ali, inclusive aqueles que mais precisariam entender, os próprios racistas enrustidos/americanos ultraconservadores. As frases mais marcantes sobre isso (sim, isso inclui aquele monólogo que o Spike Lee se esforçou muito para que viralize) veem do personagem mais confuso e pouco condundente da trama e, francamente, confundem. Paul é problemático, irritante, previsível e intolerante de várias maneiras - inclusive xenófobo - então colocar ele para o clímax ideológico do filme pode passar uma ideia ambígua.
Colocar uma rendição clichê no fim não muda a essência.
* Não há um motor convincente para impulsionar a trama, aí introduzem um personagem problema (Paul) que é responsável por TODA ação estúpida e maluca que acarretará em desafios. Ah sim, e
os brancos europeus exploradores malditos não confiáveis + os vietcongues ressentidos não confiáveis e miseráveis ajudam em atrapalhar a vida dos pobres heróis.
Resumindo, Spike Lee não é sutil em seu cinema de protesto. Tampouco é efetivo. Se usasse todas as referências históricas e culturais para fazer algo menos pretensioso e longo, provavelmente um documentário, não duvido que seria bom e relevante para a causa que movimenta toda sua arte. Entretanto, Da 5 Blood é entediante em sua duração, confuso em sua mensagem, sem grandes atributos técnicos que elevem a atmosfera e pretensioso demais para passar tão pouca inovação. Mesmo assim, pelo contexto atual muito problemático, provavelmente será aclamado pela crítica, boa parte do público jovem e premiações.
Fiquei uns meses sem entrar no Filmow e quando voltei tomei um baita susto com algumas das notas mais recentes injustiçando filmes como este a se igualaram com produções B patéticas. Entre Realidades pode ter um gosto de película indie, meio estranha e parada mostrando seus personagens viajados em uma trama que não parece evoluir... Porém está longe, na minha opinião, de uma nota que desvalorize tanto a originalidade, atuações e - por que não? - a coragem em fazer algo fora da caixa. Lendo os comentários eu percebi que muita gente deu nota baixa por não entender ou achar que não havia bom entrelaçamento lógico, salvo alguns casos mais raros reclamando de questões como execução ou ritmo. Será que o intuito da obra era ser lógica? Ou um retrato ambíguo e quase surrealista sob a perspectiva de uma pessoa não tão certa de sua sanidade mas que ao mesmo tempo não quer negar a si mesma? E o final, embora possa parecer frustrante por não entregar respostas óbvias, é a apogeu de toda trajetória da protagonista. O melhor de criações tão desprendidas de explicações é que quem as aprecia pode interpretar de tantas maneiras diferentes. Eu, por exemplo, não sei ao certo se o filme trata realmente de alguém com transtornos mentais ou é uma fábula moderna sobre conspirações hereditárias. Essa conversação ambivalente entre uma visão materialista/social e uma metafísica/fantasiosa tornam o final
uma possível uma morte ou perda total da sanidade (materialista) ou a confirmação do que achávamos ser uma mentira o tempo todo.
Uma obra direta, neutra mas muito abrangente e que tenta oferecer uma experiência bem peculiar. Pena que a maioria das pessoas não parece ter apreciado (ainda).
Com referências claras a Tarantino, Goddard oferece um pequeno conto que embora seja muito satisfatório, necessitava de um pouco mais de imprevisibilidade em seu desfecho. A habilidade narrativa que busca dinamizar a história (que poderia entediar facilmente) conversa muito bem com os personagens bem construídos, interagindo sempre de forma realista e inteligente. Já a identidade visual e trilha sonora tornam a trama muito atrativa do ponto de vista estético. Não me senti incomodada com a simplicidade do roteiro, entretanto tenho que admitir que o final merecia ser um pouco mais grandioso para destacar toda essa coesão técnica. É como construir uma casa muito bonita porém sem móveis, rs. Talvez uma característica que o diretor optou por não seguir à risca de sua inspiração Tarantinesca, o ritmo frenético, tenha prejudicado ao estender um pouco mais do que necessário certas partes (assim como, na minha opinião, quando Tarantino não se utilizou deste recurso em Os Oito Odiados fadou o filme a ser enfadonho). No mais, é uma boa obra, muito bem feita e de um realizador que vem mostrando cada vez mais sua autoralidade de maneira bem executada. Não se deixe desanimar pela nota e dê uma chance.
Algumas obras só podem ser embaladas em hype de premiação e diretor, não é possível... Sem ferir o gosto alheio, mas qual o grande mérito aqui? Ainda mais vendo dos trabalhos anteriores da Greta, onde ela depositou no roteiro e diálogos grande parte de sua personalidade intensa, Adoráveis Mulheres parece só mais uma daqueles filmes receita de Oscar: adaptação de obra clássica que faz parte da cultura americana, narrativa simples e sem grandes reviravoltas, alívio cômico, recriação impecável de época (característica superestimada demais), sem sexo, sem piada suja, sem violência, frisando uma problemática contemporânea em voga (machismo/posicionamento social das mulheres) e mais umas 10 características comuns em queridinhos da Academia. Sem falar na loucura de vai e volta no tempo, quando resolveram que simplesmente mudar a fotografia ou um detalhe no cabelo das meninas era suficiente kk. E qual a necessidade de interromper o andamento toda hora? Não haveria forma mais perspicaz e atrativa de intercalar presente e passado? Para mim, é um filme sem alma além de ser enfadonho. Romances literários clássicos normalmente não são uma reviravolta de emoções, entretanto não estão fadados a serem tão monótonos como este. Como esperado, teve o destaque que almejou porém foi ofuscado (graças aos céus!) por filmes com mais emoção, complexidade narrativa e apelo popular. Insosso, esquecível e no máximo um retrato bonitinho da família e da feminilidade.
Embora simples, o longa é muito tocante. A delicadeza da trama é muito bem sustentada pela atuação da Haley e os personagens, ainda que sejam detestáveis, são ao mesmo tempo ambivalentes. Não são puramente ruins de modo maniqueísta e sem outras nuaces, já que em determinados momentos parecem preocupados ou empáticos com a situação da Hunter. Mas no fundo, quando ela se opõe como um ser humano equivalente, são superficiais, arrogantes e elitistas. A situação de
é construída de forma honesta e sem apelar para "todo o mundo odeia ela, vamos mostrar isso da forma mais cruel", um atalho para atingir o telespectador (exemplo mais recente/relevante: Joker) e que, na minha opinião, é cansativo e extremamente dualista. Ainda que as ações de terceiros demonstrem
o quão insignificante as emoções da personagem ou suas vontades são
, algumas delas são tomadas inconscientemente ou como tentativa de ajudá-la e não movidos por uma espécie de crueldade direcionada. Aliás, ela é tão indiferente para todos que nem ódio lhe é direcionado
. Enfim, é um filme bonito, coeso, estético e sem muitos ornamentos narrativos. Contudo, vale muito a pena ser assistido sem grandes expectativas e se deixar entrar na história.
É tão boa a sensação de ser ganhada por um filme. Quando li a sinopse e escolhi assistir, já me preparei para chorar (porque sou chorona) mas passar por mais um drama genérico sobre um temática fácil de se tirar dilemas humanos. E chorei, realmente, mas por ter me apegado tão rápido aos personagens e compreender tão bem suas razões, tanto da parte dinamarquesa quanto dos alemães. A simplicidade pode incomodar alguns porém na minha percepção impede que o filme caia em clichês e vícios do gênero; além de prover uma verossimilhança muito comovente e angustiante. Simples, tocante e necessário para detalhar os absurdos sem sentido da guerra.
Não consigo entender a nota baixa aqui no Filmow, que infelizmente, iguala esse filme com blockbusters de ação genéricos (em alguns casos, até mais baixo do que estes). A trama é simples e essa é, provavelmente, a escolha mais sábia que estabeleceu o pilar central de toda a obra: sem pretensão, só o básico, direto ao ponto. O drama vem para trazer algum tipo de carga emocional ao personagem - do contrário ele seria apenas uma máquina de matar loira e alta - e, francamente, já vi dramas MUITO MAIS APELÕES em vários filmes de ação medíocres. A economia narrativa não te faz ficar impaciente ou distraído e as interações entre os personagens, que também são poucos, é a parte mais complexa do filme. E funciona muito bem, pois o gancho para criar empatia com todos os envolvidos (exceto o vilão propriamente dito) é bem pronunciado. As coreografias de luta me surpreenderam muito! Uma possível influência de John Wick? Não sei, mas o sucesso da trilogia de Keanu Reeves pode ter mostrado um público de ação um pouco mais rigoroso e interessado em representações mais realistas. Espero que essa tendência continue no cinema ocidental. O plano sequência foi tecnicamente ótimo e bem usado no meio da narrativa, já que (na minha opinião)
confusas e um recurso TÃO usado que é difícil achar uma trama de ação sem elas. Me pergunto se não ter um alívio cômico pode ter desagradado o público que mais consome o gênero. Será que o cinema de ação da última década, com seus herói e carros voadores, nos acostumou com tramas complexas, pretensiosas e piadinhas constantes? Em resumo, é só mais um filme de ação em suas estruturas fundamentais (personagens rasos, motivação moral bem convencional, jornada do herói, muitas armas e poucos diálogos). Entretanto, se saiu muito bem em tudo que propôs e trouxe gratas surpresas em questão de técnica de filmagem e interações bélicas, além de não se engrandecer acima do que realmente é: entretenimento.
Achei que seria uma sátira descolada e bem humorada de filmes de ação recentes e todas suas pieguices mas é só... Ruim? Conhecia do Jonas Akerlund dos seus trabalhos musicais e, embora eu goste de todos que consiga me lembrar, em um longa metragem ele parece simplesmente desajustado. Quer transmitir poder estético e uma vibe editoral de moda da Vogue 90's, mas engasga e sai algo brega, pretensioso e narrativamente desconectado. E essas mulheres semi nuas aleatoriamente? Ou esse vilão pífio? Essa câmera toda trêmula e com cortes meio amadores? Para alguém que quer ser tão icônico, um diretor de fotografia bom faria bem. Até consegui ver o Madds desconfortável em vários momentos com suas falas lacônicas e dos atos sem sentido que o personagem, kkk. Basicamente: um clipe muito longo e ruim da Lady Gaga, só que sem personalidade.
Nem sei como expressar a experiência que tive vendo esse filme. É um puta clássico e quase impossível não ter ouvido falar dele se você se interessa o mínimo que for por cinema, mas nunca tive curiosidade pois o tema de guerra e ainda mais o assunto super saturado da WWII me repeliam. Acho que é importante estar verdadeiramente interessado no evento antes de ver, do contrário o tempo, a justificativa meio melosa e ufanista + as longas cenas de batalhas serão enjoativas. E fico feliz de ter aguardado esse interesse chegar e poder ter uma das melhores sensações que o cinema pode causar: empatia. Não senti apenas a carga dramática dos personagens ou todo o medo que aquela atmosfera caótica traz, mas passei por todas as fases: ri das piadas, senti dor em cada colega perdido e - o mais condenável, talvez - comemorei soldados inimigos abatidos. Para mim, a obra prima de Spielberg, por demonstrar todas as suas qualidades enquanto diretor: perfeccionismo, conhecimento no assunto, capacidade de agradar a qualquer público da faixa dos 20 aos 80 anos, construção de um blockbuster histórico de qualidade, ótima coesão técnica, elenco perfeitamente escalado e por aí vai. E as cenas... É uma verdadeira aula de como filmar ação de forma limpa porém ainda sim eletrizante, quase em POV. Sensacional, o melhor filme de guerra que já vi e só está envelhecendo cada vez melhor.
Demorei um bom tempo para digerir o filme e assim trazer minha pseudo opinião, ainda não tão bem definida sobre. E basicamente: deveria ser uma experiência foda, mas acaba sendo enfadonho. Primeiro pelo hype e não, não estou falando de ficar comparando com Hereditário (que aliás está a céus de superioridade por ser bem menos pretensioso e mais ordinário). Estou falando do hype que o próprio filme propõe desde sua divulgação até primeiro ato, em que você tem toda uma atmosfera fúnebre, melancólica e tensa para depois adentrar abruptamente uma trama SUPER previsível. E sim, no começo a confiança depositada no diretor te faz pensar que essa será uma experiência diferente e que sua aparente insossidade será revertida em algo a mais, que será surpreendente e uma bela quebra de expectativa, talvez? Mas não cara, a melhor metáfora que eu consigo pensar é "tentar tirar leite de pedra", já que por toda a trama eu tentava extrair algo a mais para justificar o que me foi prometido (seja em símbolos, cores, olhares, figuras, etc) e não vem nada... Até desistir no último ato mesmo. E o mais engraçado é que a comunidade cinéfila recebeu isso de uma forma passiva meio "caralho é inteligente demais para mim, não entendi nada mas vou analisar para louvar" e continuam fazendo o que eu fiz durante todo o filme: extrair que não existe pelos diversos detalhes distrativos apresentados. Aí, sinto muito em informar, não tem nada gente! Ele só encheu a trama de diversas simbologias bem óbvias para dar nuances diferentes à ideia principal da ruptura e da libertação de uma personagem extremamente problemática. O que seria uma ideia suficientemente bonita se não estivesse sendo vendida tão pretensiosamente (e longamente) assim. Sem falar em como várias coisas são simplesmente jogadas e não retomadas ou desenroladas de um jeito tão previsível que dá até vontade de rir. Sinto que a minha opinião ainda é confusa e talvez sempre será e grande parte disso é pela enxurrada de coisa inútil que o Ari Aster enfiou na nossa goela abaixo para tentar aumentar o que essa história é... Inspirada em coisas que já vimos, com um fundo emocional que qualquer um se identificaria mas que como não temos o que nos é prometido, ou nos decepcionamos ou tentamos inflar a experiência a algo "etéreo, sensorial, não deve ser analisado como roteiro material etc etc", o que eu sinceramente vejo como tentar valorizar uma obra só pela sua intenção e criador.
Invista tempo nesse filme, sério! A sinopse parece confusa e o medo de ser mais uma viagem sem sentido (a não ser que esteja drogado) do Gaspar Noé falam alto, mas a obra deu muito certo! É claro, precisa de paciência no primeiro ato e uma queda de expectativas em questão de história e roteiro, que aliás não são o foco e mérito aqui mas sim a experiência cinematográfica e sensorial em geral. Recomendo e defendo kkkk
Primeiramente, relevo os grandes méritos desse filme para pesar na minha avaliação geral não tão amigável: Uma boa fotografia e trilha sonora tensa, bem construída e sempre presente quase como um marcador de transição entre atmosferas. Uma outra forma que o experiente no assunto, Scorsese, achou de contar sobre a mafia e suas interações interpessoais complexas, demonstrando a sua decadência e seu lado sem glamour algum... O sujo, infiel e bruto da coisa; Inclusive, um lado que sempre chega em tais histórias mas aqui é quase que o foco principal de tudo. Corajoso e inovador nesse sentido, com certeza. Mas a duração não é necessária parar passar uma história com tal complexidade, aliás, super mal aprofundada ainda que com poucos personagens. Sinto que assim como em O Lobo de Wall Street e Silêncio, Scorsese deveria ter editado pelo menos uma meia hora de filme e agitado mais o roteiro com mudanças e nuances ao invés de só seguir o fio da meada. Os atores: de grandissímo calibre e com grande presença, porém sem o ânimo necessário para dar vida real aos personagens. Mas aí acho que seja uma mistura de um roteiro morno com, querendo ou não, certo desinteresse deles sim! Já fizeram esse papel antes e durante um bom tempo foram reconhecidos incansavelmente por ele, acho que na pré aposentadoria se entusiasmam mais por obras leves e superficiais (é só analisar alguns trabalhos mais atuais do De Niro e Al Pacino em comédias beeem escrachadas e querendo ou não, sem essa seriedade que os consagraram). O que mais se expressa é o personagem Jimmy Hoffa, que também é extremamente caricato em alguns momentos e sua trajetória toda pode ser imaginada desde o começo. A idade também pesou na vergonhosa cena em que o Frank
espanca o dono da mercearia e, um De Niro já setentão, mal aguenta ficar de pé ou simular um chute real.
Não entendi a necessidade dessa cena ou a necessidade de ser tão gráfica visualmente (afinal nem foi tão intensa, no meu ponto de vista) mas... A impressão que fica é que embora longo, representou um tempo relativamente curto de duas décadas (curto comparado a outros grandes filmes que já representaram em 3h quase uma vida inteira e conseguiram trazer muito aprofundamento para a trama) e não conseguiu se aprofundar verdadeiramente em nenhum de seus poucos personagens, inclusive o protagonista. Seu laconismo faz parte do papel, é claro, mas acho que a neutralidade sempre constante e a pouca pixelização de suas raízes ou ideologias tornaram ele apagado. A não ser em cenas de grande debate moral (que aliás, são o clímax da obra), ele não esboça grandes emoções. Talvez seja assim que aguentou tanta coisa em silêncio? Com certeza. Se esse é um personagem interessante para se construir em um filme? Nem tanto. Enfim, concluindo, é um filme com seus méritos muito bem executados por mãos habilidosas não só no assunto mas na arte cinematográfica em geral, nisso cito toda a produção num geral. Porém sua falta de identidade e excesso de tempo em tela sem expressar nada apagaram completamente a experiência que, embora não seja péssima, é mais uma representação morna e longa sobre assuntos melhor explorados outrora.
Como de caráter corriqueiro de filmes ótimos coreanos, a obra apresenta violência realista e utilizada de forma muito acertada (o que não dá aquela impressão incômoda muito presente em alguns filmes ocidentais de porradaria/mortes gratuitas) e como de praxe, uma crítica ao próprio país. Esse caráter reflexivo da arte sobre sua própria nação é muito preciosa e o melhor é que se torna apenas o plano de fundo para uma história que já é interessante por si só. Sobre a "mensagem" passada, esse é um lugar bem subjetivo onde cada um coloca opinião e acho que deve ser respeitado. Uns pontos interessantes que se pode observar no decorrer da trama e que pode modificar algumas ideias é: Fica bem explicito que o incomoda não é uma família bem de vida e sim as gritantes diferenças entre as classes, ambas em dois extremos (e essa é uma das principais características da Coreia), sendo que a mais rica simplesmente não precisa de tudo aquilo que possui para viver mais do que bem. Essa é a sacada dos
parasitas escondidos, uma família consegue sustentar uma outra
e ainda não sentir nenhuma forma de impacto ou queda em seu status quo. Isso não é algo a se refletir? Sobre a desonestidade dos protagonistas: isso é algo moralmente bem definido enquanto sociedade e normas e blá blá blá, mas se enquanto ser social você não torceu por eles por nenhum segundo - e provavelmente se isso não ocorreu seu aproveitamento do filme foi próximo a 0% - então nunca passou aperto na vida, não é possível kkk. Outra coisa interessante: há empatia pela família rica e ela é sincera, ao contrário seria mais fácil roubá-los e matá-los do que buscar emprego. Não se prendam a maniqueísmos, não existe bons e maus. A questão é que há uma reviravolta que acontece ao mesmo tempo do momento mais tenso, naquela fala EXTREMAMENTE impactante
O aspecto simbólico disso é tão gigantesco que poderia fazer outro comentário só sobre, mas o principal que fica é: O pobre os enoja por ser simplesmente o que é, por uma questão que não pode modificar e tampouco é culpado de ser; Não é somente um cheiro impregnado, é de onde veio e quem é. E adoro como isso tudo quebra aquela ilusão entre
patrão que trata bem e empregado que se sente da família, até um deles perceber o abismo gigantesco que há entre ambos
(uma obra recente que exala isso é Que Horas Ela Volta?) A impressão que esse filme me deixou é de coesão, tudo tão bem encaixado, pensado, simples porém instigante e com um final que não se espera. Além de todo capricho característicos do diretor e essa puta aula de atuação e roteiro... Um dos melhores que já vi, essencial.
Todos os Meus Amigos Estão Mortos
3.0 170Humor negro de alta qualidade, banhado em uma violência meio absurda à la Tarantino orientada por trama de besteirol dos anos 2000.
Imaginem se o Gaspar Noé ambientasse um conto da Agatha Christie com toques de American Pie e você tem esse filme, hahaha
Gostei bastante e a média tá muito inferior ao que ele é, quem quiser uma comédia simples e bem caricata é uma ótima opção.
Bela Vingança
3.8 1,3K Assista AgoraHypado por todas as razões sociais possíveis, menos por sua qualidade. A nova estratégia para agradar a crítica e grande parte do público jovem é colocar uma história medíocre como plano de fundo para um problema social em voga.
Promising Young Woman não tem nada a dizer, simplesmente isso. Até o seu tom é uma mistura maluca para tentar agradar, sendo uma comédia insossa quando convém e um dramalhão clichê para cativar, embalados numa falsa promessa de vingança violenta.
Aliás, eu notei como a premissa engana quando entendi que ela simplesmente
não punia de nenhuma forma os seus assediadores (exceto por um sermão didático muito óbvio).
O roteiro busca elevar a protagonista a ser poderosa e profunda de uma forma que não é, pois além de sua personalidade não transmitir nenhum tipo de força e suas percepções sobre as pessoas serem convenientemente ingênuas, seu passado não é nem um pouco misterioso. Foram 1h30 de pistas bobas para revelar algo que qualquer um já entendeu nos primeiros 30 minutos.
E o
plot twist
e sua luta perdida,
Basicamente assisti à construção de um projeto de justiça e empoderamento que nunca saiu da cabeça da mulher.
Como aborda uma questão delicadíssima social,
que é o assédio e estupro justificados pela vulnerabilidade da vítima
Acontece que a arte não deveria ser valorizada só por trazer questionamentos sociais, ainda mais em um assunto como esse, em que não há espaço para dilemas e tudo que veremos é uma encenação didática sobre o que não se deve fazer com uma mulher. Um bom filme envolve todo o aparato técnico, qualidade da atuação, viabilidade da história contada, intenção dos personagens, desenvolvimento interessante das ações... E este não passa de ser mediano na maioria desses aspectos, mas será louvado por todas as outras coisas que não é.
Eu Me Importo
3.3 1,2K Assista AgoraEmbalagem legal com conteúdo pobre.
A problemática central é muito interessante e, além de abrir muito espaço para explorar o lado sarcástico, ainda te deixa indignado. É raro ver uma "vilã" como protagonista que não justifica seus atos em um passado sofrido ou causa perdida. Marla é minimalistamente gananciosa e submete todas suas escolhas éticas ao desejo de ser rica.
Ótima personagem, carregou o negócio nas costas, certo? Pois é, existem dois problemas nisso:
1 - Tirando sua motivação, a personagem é basicamente uma cópia com detalhezinhos modificados da Amy de Gone Girl. Eu sei, você sabe, os críticos sabem... Não é a toa que se vê aqui embaixo muita gente comparando ambas. Adicione roupas millennial e uma namorada esquecível. Não bastasse isso, até o visual tenta imitar o Fincher,
principalmente naquela cena dela escapando do carro, com apagões ritmados por uma trilha tensa.
2 - A trama quer tornar Marla invencível às custas do espectador, que deve ignorar diversas coisas irrealistas e sem sentido para que a anti-heroína possa ser equivalente ao seu inimigo. Inconcebível que a mulher
venceria uma organização corporativa criminosa só com um taco de baseball (haha, cena ridícula) e sua perspicácia em manipular situações.
Você pode até ignorar esses deslizes no começo pela autoridade que a protagonista cativou, mas no final uma cascata de acontecimentos ilógicos tira qualquer inteligência que a história tentava sustentar.
Começando com a namorada e única pessoa que ela tem relações afetivas não ter sido usada como forma de acordo (tipo de clichê que até os filmes mais chulos de ação já sabem), aí passa para um assassinato mal planejado que resulta nela sobrevivendo mesmo quando todo mundo sabe que não se quebra um vidro de carro submerso, volta para casa e OLHA SÓ, deixaram a namorada viva, que incompetentes! Totalmente plausível para um assassino enfurecido...
Bom, o resto é essa falência de trama. Nenhum personagem além dela é interessante. Ainda sim, por mais sensacional que ela seja, sua "reputação" é inchada por um roteiro que ajuda para que todas as situações se resolvam fácil demais.
Só para nível de observação: é uma nova vertente do cinema atual obras com personagens femininas implicitamente feministas e todos os homens idiotas? Mulheres invencíveis e seus inimigos patéticos, falas ensaiadas sobre o machismo e patriarcado, homens sem qualidades alguma só criando caos na trama. Já deve ser a quarta ou quinta vez que vejo esse padrão se repetindo recentemente, acho que vou chamar de Síndrome de Capitã Marvel kkkk
Rocky: Um Lutador
4.1 844 Assista AgoraNunca esperava encontrar o que encontrei em Rocky, então esse comentário vai ser totalmente afetado kkk
Acho que estamos muito mal acostumados com o que seria a trajetória do herói machão atualmente. Nossos símbolos masculinos de vitória geralmente são caras muito confiantes, ricos, charmosos, bonitos e violentos. Claro que temos um Capitão América e outro por aí, mas todo mundo gosta mesmo é do Tony Stark, né não?
Esse é o apelo genial que existe nesse filme: Rocky é um perdedor. Não do tipo auto piedoso e frágil, ele é um cara fracassado que se sente sozinho enquanto tenta sobreviver da única forma que sabe. Seu treinamento não é orientado pela sua determinação sobre-humana e seu gênio forte, ele é orientado pelo desespero de perder mais uma oportunidade de mudar de vida. Seu maior objetivo não é o reconhecimento de ser o melhor e sim ser amado por uma mulher.
Subestimei demais o Stallone, o cara é genial. Primeiro por investir num roteiro que percebeu muito bem a mudança do cinema durante a década de 70, que passa de algo clássico e teatral para histórias mais maduras e realistas que abordavam a existência humana em suas facetas mais profundas. Segundo por ser o patriarca das franquias de blockbusters testosterona (excluindo 007), dando ao público bastante ambientação, desenvolvimento de personagem e deixando a ação para o final (e ainda acabando no meio do clímax).
Eu compreendo quem não gostou de Rocky pelo ritmo lento, falta de animosidade do protagonista, muito blá-blá-blá e pouca porradaria. Mas acho que seria a mesma coisa que não gostar de O Exorcista (mesma década, mesma estrutura) pelos mesmos motivos, sendo que tudo isso faz parte da construção do universo do personagem e do suspense da resolução. Isso basicamente é destruído a partir do terceiro filme e percebe-se a decaída da franquia.
Concluindo, gostei demais de Rocky. Não é um filme de ação ou de macho alpha, é um drama sobre a solidão de um homem que não é bom em nada a não ser aguentar porrada.
Abaixo de Zero
3.3 195 Assista AgoraEstou começando a me acostumar com esse padrão de obras espanholas com apelo popular que envolvem problemas quase impossíveis de resolver, bastante violência e plot twists no final.
Me acostumar no bom sentido, porque adoro haha é cheio de furos e meio cansativo aguardar o filme todo para entender o que está acontecendo só no final, mas eu acho um tipo de entretenimento blockbuster bem mais agradável do que as Marvels da vida.
Avaliar cinema atualmente é essa loucura: quando tem um componente de fantasia, todo os furos e coisas sem sentido são justificáveis, aceitos, defendidos, "não fale mal da minha franquia favorita". Quando é uma trama realista mas arquitetada em uma premissa hiperbólica e que pode forçar um pouco o nível de credulidade para gerar divertimento, é rebaixada ao lixão do cinema.
Na verdade, acho que é só uma questão de dar o que o público quer numa embalagem chamativa. Afinal, ainda que La Casa de Papel pt. 3 tenha tantos furos e conveniências que daria para refazer Abaixo de Zero umas 5 vezes só com eles, ainda sim está com sua notinha 4 brilhando aqui no Filmow.
Sei lá, pistolei.
Sobre o filme: gostei, é sempre ótimo se distrair e ver
filho da puta sendo fuzilado.
Magic Mike
3.0 1,3K Assista AgoraÉ um filme inusitado e bem escandaloso, mas será que é tão ruim quanto essa avaliação do Filmow mostra?
Tô aqui há uns 7 anos e, nos últimos 2, cada vez mais obras ousadas e incomuns estão com notas extremamente baixas, ainda que tenham vários méritos e características únicas. Isso me faz refletir um pouco sobre a mudança do cinema (ou do ato de qualificar o cinema) durante essa última década...
Ademais, eu gosto de Magic Mike e considero parcialmente uma comédia de tão absurda que é a premissa kkk basicamente uma versão de Spring Breakers masculina.
Logan Lucky: Roubo em Família
3.4 254 Assista AgoraSou suspeita para falar porque gosto muito da maioria das coisas que o Steven Soderbergh faz, acho ele um diretor autoral muito subestimado, maaaas...
O que vem acontecendo nos últimos anos que os filmes dele estão cada vez mais simples (em premissa e em orçamento) e/ou experimentais demais? Para alguém que montou um roteiro e identidade visual tão sensacional como na trilogia Ocean's, ele parece estar cada vez mais desanimado ou sem budget.
No entanto, eu gostei de Logan Lucky. Os personagens são simpáticos e o plot, embora nada complicado, prende a atenção pelos detalhes. Ainda sim, admito que é uma obra esquecível e um tanto insossa para o calibre do elenco e diretor.
Espero que ele retome o ânimo e realize coisas mais ousadas.
Borat: Fita de Cinema Seguinte
3.6 551 Assista AgoraA função do filme é alcançada (te faz rir e morrer de vergonha alheia), mas é muito palpável como este é um Borat pós-prestígio e com sérias preocupações em agradar as agendas progressistas americanas.
Antes, ria-se de toda a nação americana e sua fuleragem característica. Nesse, você ri dos conservadores americanos e suas opiniões fortes que beiram o absurdo.
Engraçado, MAS parcialmente direcionado e não tão destemido quanto o personagem nos acostumou.
Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraÉ, esse é o primeiro filme do Nolan com o qual me decepciono e consigo perceber uma série de defeitos (apontados por outrem em outras obras) se projetando claramente na tela.
O primeiro deles é a pretensão e extravagância. A ideia da trama ultrapassa radicalmente a ousadia e beira uma megalomania descompensada, com objetivos tão grandiosos e mal explicados que você simplesmente pensa: "Nossa, é isso mesmo que ele tem que fazer? Mas como?"... E a resposta não vem.
Embora o filme seja irritantemente explicativo em alguns pontos chaves do plot (do contrário ninguém entenderia porra nenhuma), os pilares de todos os acontecimentos são cuspidos com tanta rapidez que, enquanto se tenta compreender um dos conceitos - que, a não ser que você seja um físico experiente, são complexos para caralho - uma série de eventos e personagens estão sendo apresentados. Como refletir sobre? Como me interesso por alguma coisa que não me deixaram entender?
Ser difícil é completamente diferente de ser intragável e, infelizmente, é isso que Tenet é. Esse artifício de mostrar ações no reverso, por não se tratar de um recurso narrativo que embaralha a ordem lógica de acontecimentos (como Amnésia faz bem) e sim uma inversão na ordem de ações aleatórias, desafia todo o seu aparelho cognitivo a se interessar por algo que ele não está programado para entender. E no meu caso, o desafio foi ignorado com sucesso kkkk nunca vi um enfeite narrativo tão mal sucedido e cansativo, depois da primeira hora ignorei quando essas cenas começavam e divagava até acabarem.
Finalizando, mesmo que o plot fosse interessante, todos esses luxos inseridos fossem eficazes, esse universo de entropia reversa fosse verossímil e o tempo de duração fosse menor, Tenet não tem o fator mais importante: geradores de empatia. Os personagens são superficialmente construídos e não despertam afeição alguma, suas falas bem escritas e piadinhas comedidas não os tornam interessantes e nem insubstituíveis. Perceberam que o vilão, Sator, é o único que tem um passado apresentado e uma motivação sincera? Logo, se eu não torço pelo herói da jornada e tampouco entendo qual é essa jornada, o filme se torna um aglomerado extravagante e pretensioso de pessoas correndo para trás.
Espero que eu não tenha pego coronavírus por esse filme.
Projeto Flórida
4.1 1,0KO clima todo do filme é muito nostálgico e retrata bem como uma infância geralmente é: por pior que pareçam as condições ou acontecimentos, nada mancha o seu mundo particular com dor ou pesar.
A jornada da Moone é de um pseudo amadurecimento forçado pelas circunstâncias complicadas de sua "família" e no caminho busca levantar algumas questões interessantes de se pensar. A mais bem sucedida é sobre como o papel dos pais é idealizado socialmente como algo quase perfeito e, que quando uma família não cumpre esse tipo de exigência,
acaba sendo separada ao meio
Entretanto, de resto, a obra não me transmitiu nada além de certa monotonia e aleatoriedade. É realmente um vislumbre do mundo que a protagonista enxerga intercalado com os eventos do mundo "real" e não se torna uma experiência especial em nenhum momento.
Ah sim, há um esforço explícito em culminar a trama nesse final emocionante e tocante, mas para mim não funcionou. As quase 2h se transformaram em 3h e nada demais foi dito.
O Universo No Olhar
4.2 1,3KNossa, que filme simples e impactante. É incrível como alguns cineastas conseguem passar uma trama pretensiosa de forma não pretensiosa - se é que isso faz sentido, rs - e te fazer sentir instigado sem se decepcionar.
I Origins (e seu título original metalinguístico 100x melhor do que esse traduzido clichezão) é uma obra poderosa que trata de temas complexos de uma forma singela, calma e muito autêntica. Não vai se destacar por algum quesito técnico e nem é essa a intenção, a coisa aqui flui 100% ao redor do conteúdo a ser abordado... E que conteúdo, meus amigos!
Em 1h40 e com menos de 10 personagens, se você se deixar levar pela trama consegue viajar em problemáticas pilares da existência humana, como amor, fé, a ciência e suas limitações, a probabilidade sendo contestada pelo sentimento, a alma humana, o ser... É um grande filme envolto em uma simplicidade cuidadosa.
Daqueles que devem ser revistos periodicamente, ótimo.
Destacamento Blood
3.8 448 Assista AgoraDe forma coesa (porque já perdi 2h35 da minha vida vendo):
* Não é eficiente como filme de guerra, o que de fato nem parece ser o viés da trama, mas se você espera ver embates emocionates, certa adrenalina ou contextualização da Guerra do Vietnã... Esqueça. O que aparece é bem superficial e rápido.
* Não é envolvente enquanto plot. Você sabe o que querem e entende toda a justificativa por trás, vai acompanhando achando que se desdobrará em algo a mais e no fim era só o que pensou mesmo. Ah sim, com uma tentativa de reviravolta bem porca e previsível.
* Não é um ativismo inteligente. Digo isso no sentido de conectar qualquer um ao que está sendo dito ali, inclusive aqueles que mais precisariam entender, os próprios racistas enrustidos/americanos ultraconservadores. As frases mais marcantes sobre isso (sim, isso inclui aquele monólogo que o Spike Lee se esforçou muito para que viralize) veem do personagem mais confuso e pouco condundente da trama e, francamente, confundem. Paul é problemático, irritante, previsível e intolerante de várias maneiras - inclusive xenófobo - então colocar ele para o clímax ideológico do filme pode passar uma ideia ambígua.
Colocar uma rendição clichê no fim não muda a essência.
* Não há um motor convincente para impulsionar a trama, aí introduzem um personagem problema (Paul) que é responsável por TODA ação estúpida e maluca que acarretará em desafios. Ah sim, e
os brancos europeus exploradores malditos não confiáveis + os vietcongues ressentidos não confiáveis e miseráveis ajudam em atrapalhar a vida dos pobres heróis.
Resumindo, Spike Lee não é sutil em seu cinema de protesto. Tampouco é efetivo. Se usasse todas as referências históricas e culturais para fazer algo menos pretensioso e longo, provavelmente um documentário, não duvido que seria bom e relevante para a causa que movimenta toda sua arte. Entretanto, Da 5 Blood é entediante em sua duração, confuso em sua mensagem, sem grandes atributos técnicos que elevem a atmosfera e pretensioso demais para passar tão pouca inovação.
Mesmo assim, pelo contexto atual muito problemático, provavelmente será aclamado pela crítica, boa parte do público jovem e premiações.
Entre Realidades
2.9 307 Assista AgoraFiquei uns meses sem entrar no Filmow e quando voltei tomei um baita susto com algumas das notas mais recentes injustiçando filmes como este a se igualaram com produções B patéticas.
Entre Realidades pode ter um gosto de película indie, meio estranha e parada mostrando seus personagens viajados em uma trama que não parece evoluir... Porém está longe, na minha opinião, de uma nota que desvalorize tanto a originalidade, atuações e - por que não? - a coragem em fazer algo fora da caixa.
Lendo os comentários eu percebi que muita gente deu nota baixa por não entender ou achar que não havia bom entrelaçamento lógico, salvo alguns casos mais raros reclamando de questões como execução ou ritmo.
Será que o intuito da obra era ser lógica? Ou um retrato ambíguo e quase surrealista sob a perspectiva de uma pessoa não tão certa de sua sanidade mas que ao mesmo tempo não quer negar a si mesma? E o final, embora possa parecer frustrante por não entregar respostas óbvias, é a apogeu de toda trajetória da protagonista.
O melhor de criações tão desprendidas de explicações é que quem as aprecia pode interpretar de tantas maneiras diferentes. Eu, por exemplo, não sei ao certo se o filme trata realmente de alguém com transtornos mentais ou é uma fábula moderna sobre conspirações hereditárias. Essa conversação ambivalente entre uma visão materialista/social e uma metafísica/fantasiosa tornam o final
uma possível uma morte ou perda total da sanidade (materialista) ou a confirmação do que achávamos ser uma mentira o tempo todo.
Uma obra direta, neutra mas muito abrangente e que tenta oferecer uma experiência bem peculiar. Pena que a maioria das pessoas não parece ter apreciado (ainda).
Maus Momentos no Hotel Royale
3.6 339 Assista AgoraCom referências claras a Tarantino, Goddard oferece um pequeno conto que embora seja muito satisfatório, necessitava de um pouco mais de imprevisibilidade em seu desfecho.
A habilidade narrativa que busca dinamizar a história (que poderia entediar facilmente) conversa muito bem com os personagens bem construídos, interagindo sempre de forma realista e inteligente. Já a identidade visual e trilha sonora tornam a trama muito atrativa do ponto de vista estético.
Não me senti incomodada com a simplicidade do roteiro, entretanto tenho que admitir que o final merecia ser um pouco mais grandioso para destacar toda essa coesão técnica. É como construir uma casa muito bonita porém sem móveis, rs.
Talvez uma característica que o diretor optou por não seguir à risca de sua inspiração Tarantinesca, o ritmo frenético, tenha prejudicado ao estender um pouco mais do que necessário certas partes (assim como, na minha opinião, quando Tarantino não se utilizou deste recurso em Os Oito Odiados fadou o filme a ser enfadonho).
No mais, é uma boa obra, muito bem feita e de um realizador que vem mostrando cada vez mais sua autoralidade de maneira bem executada. Não se deixe desanimar pela nota e dê uma chance.
Adoráveis Mulheres
4.0 975 Assista AgoraAlgumas obras só podem ser embaladas em hype de premiação e diretor, não é possível... Sem ferir o gosto alheio, mas qual o grande mérito aqui? Ainda mais vendo dos trabalhos anteriores da Greta, onde ela depositou no roteiro e diálogos grande parte de sua personalidade intensa, Adoráveis Mulheres parece só mais uma daqueles filmes receita de Oscar: adaptação de obra clássica que faz parte da cultura americana, narrativa simples e sem grandes reviravoltas, alívio cômico, recriação impecável de época (característica superestimada demais), sem sexo, sem piada suja, sem violência, frisando uma problemática contemporânea em voga (machismo/posicionamento social das mulheres) e mais umas 10 características comuns em queridinhos da Academia.
Sem falar na loucura de vai e volta no tempo, quando resolveram que simplesmente mudar a fotografia ou um detalhe no cabelo das meninas era suficiente kk. E qual a necessidade de interromper o andamento toda hora? Não haveria forma mais perspicaz e atrativa de intercalar presente e passado?
Para mim, é um filme sem alma além de ser enfadonho. Romances literários clássicos normalmente não são uma reviravolta de emoções, entretanto não estão fadados a serem tão monótonos como este. Como esperado, teve o destaque que almejou porém foi ofuscado (graças aos céus!) por filmes com mais emoção, complexidade narrativa e apelo popular.
Insosso, esquecível e no máximo um retrato bonitinho da família e da feminilidade.
Devorar
3.7 366 Assista AgoraEmbora simples, o longa é muito tocante. A delicadeza da trama é muito bem sustentada pela atuação da Haley e os personagens, ainda que sejam detestáveis, são ao mesmo tempo ambivalentes. Não são puramente ruins de modo maniqueísta e sem outras nuaces, já que em determinados momentos parecem preocupados ou empáticos com a situação da Hunter. Mas no fundo, quando ela se opõe como um ser humano equivalente, são superficiais, arrogantes e elitistas. A situação de
estar perdida, frágil e sem saída
o quão insignificante as emoções da personagem ou suas vontades são
(exceção do final)
Terra de Minas
4.2 260 Assista AgoraÉ tão boa a sensação de ser ganhada por um filme. Quando li a sinopse e escolhi assistir, já me preparei para chorar (porque sou chorona) mas passar por mais um drama genérico sobre um temática fácil de se tirar dilemas humanos.
E chorei, realmente, mas por ter me apegado tão rápido aos personagens e compreender tão bem suas razões, tanto da parte dinamarquesa quanto dos alemães.
A simplicidade pode incomodar alguns porém na minha percepção impede que o filme caia em clichês e vícios do gênero; além de prover uma verossimilhança muito comovente e angustiante.
Simples, tocante e necessário para detalhar os absurdos sem sentido da guerra.
Resgate
3.5 802Não consigo entender a nota baixa aqui no Filmow, que infelizmente, iguala esse filme com blockbusters de ação genéricos (em alguns casos, até mais baixo do que estes).
A trama é simples e essa é, provavelmente, a escolha mais sábia que estabeleceu o pilar central de toda a obra: sem pretensão, só o básico, direto ao ponto.
O drama vem para trazer algum tipo de carga emocional ao personagem - do contrário ele seria apenas uma máquina de matar loira e alta - e, francamente, já vi dramas MUITO MAIS APELÕES em vários filmes de ação medíocres.
A economia narrativa não te faz ficar impaciente ou distraído e as interações entre os personagens, que também são poucos, é a parte mais complexa do filme. E funciona muito bem, pois o gancho para criar empatia com todos os envolvidos (exceto o vilão propriamente dito) é bem pronunciado.
As coreografias de luta me surpreenderam muito! Uma possível influência de John Wick? Não sei, mas o sucesso da trilogia de Keanu Reeves pode ter mostrado um público de ação um pouco mais rigoroso e interessado em representações mais realistas. Espero que essa tendência continue no cinema ocidental.
O plano sequência foi tecnicamente ótimo e bem usado no meio da narrativa, já que (na minha opinião)
perseguições de carro são cansativas,
Me pergunto se não ter um alívio cômico pode ter desagradado o público que mais consome o gênero. Será que o cinema de ação da última década, com seus herói e carros voadores, nos acostumou com tramas complexas, pretensiosas e piadinhas constantes?
Em resumo, é só mais um filme de ação em suas estruturas fundamentais (personagens rasos, motivação moral bem convencional, jornada do herói, muitas armas e poucos diálogos). Entretanto, se saiu muito bem em tudo que propôs e trouxe gratas surpresas em questão de técnica de filmagem e interações bélicas, além de não se engrandecer acima do que realmente é: entretenimento.
Polar
3.2 425 Assista AgoraAchei que seria uma sátira descolada e bem humorada de filmes de ação recentes e todas suas pieguices mas é só... Ruim?
Conhecia do Jonas Akerlund dos seus trabalhos musicais e, embora eu goste de todos que consiga me lembrar, em um longa metragem ele parece simplesmente desajustado. Quer transmitir poder estético e uma vibe editoral de moda da Vogue 90's, mas engasga e sai algo brega, pretensioso e narrativamente desconectado.
E essas mulheres semi nuas aleatoriamente? Ou esse vilão pífio? Essa câmera toda trêmula e com cortes meio amadores? Para alguém que quer ser tão icônico, um diretor de fotografia bom faria bem. Até consegui ver o Madds desconfortável em vários momentos com suas falas lacônicas e dos atos sem sentido que o personagem, kkk.
Basicamente: um clipe muito longo e ruim da Lady Gaga, só que sem personalidade.
O Resgate do Soldado Ryan
4.2 1,7K Assista AgoraNem sei como expressar a experiência que tive vendo esse filme. É um puta clássico e quase impossível não ter ouvido falar dele se você se interessa o mínimo que for por cinema, mas nunca tive curiosidade pois o tema de guerra e ainda mais o assunto super saturado da WWII me repeliam.
Acho que é importante estar verdadeiramente interessado no evento antes de ver, do contrário o tempo, a justificativa meio melosa e ufanista + as longas cenas de batalhas serão enjoativas. E fico feliz de ter aguardado esse interesse chegar e poder ter uma das melhores sensações que o cinema pode causar: empatia.
Não senti apenas a carga dramática dos personagens ou todo o medo que aquela atmosfera caótica traz, mas passei por todas as fases: ri das piadas, senti dor em cada colega perdido e - o mais condenável, talvez - comemorei soldados inimigos abatidos.
Para mim, a obra prima de Spielberg, por demonstrar todas as suas qualidades enquanto diretor: perfeccionismo, conhecimento no assunto, capacidade de agradar a qualquer público da faixa dos 20 aos 80 anos, construção de um blockbuster histórico de qualidade, ótima coesão técnica, elenco perfeitamente escalado e por aí vai.
E as cenas... É uma verdadeira aula de como filmar ação de forma limpa porém ainda sim eletrizante, quase em POV. Sensacional, o melhor filme de guerra que já vi e só está envelhecendo cada vez melhor.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraDemorei um bom tempo para digerir o filme e assim trazer minha pseudo opinião, ainda não tão bem definida sobre. E basicamente: deveria ser uma experiência foda, mas acaba sendo enfadonho.
Primeiro pelo hype e não, não estou falando de ficar comparando com Hereditário (que aliás está a céus de superioridade por ser bem menos pretensioso e mais ordinário). Estou falando do hype que o próprio filme propõe desde sua divulgação até primeiro ato, em que você tem toda uma atmosfera fúnebre, melancólica e tensa para depois adentrar abruptamente uma trama SUPER previsível.
E sim, no começo a confiança depositada no diretor te faz pensar que essa será uma experiência diferente e que sua aparente insossidade será revertida em algo a mais, que será surpreendente e uma bela quebra de expectativa, talvez?
Mas não cara, a melhor metáfora que eu consigo pensar é "tentar tirar leite de pedra", já que por toda a trama eu tentava extrair algo a mais para justificar o que me foi prometido (seja em símbolos, cores, olhares, figuras, etc) e não vem nada... Até desistir no último ato mesmo.
E o mais engraçado é que a comunidade cinéfila recebeu isso de uma forma passiva meio "caralho é inteligente demais para mim, não entendi nada mas vou analisar para louvar" e continuam fazendo o que eu fiz durante todo o filme: extrair que não existe pelos diversos detalhes distrativos apresentados.
Aí, sinto muito em informar, não tem nada gente! Ele só encheu a trama de diversas simbologias bem óbvias para dar nuances diferentes à ideia principal da ruptura e da libertação de uma personagem extremamente problemática. O que seria uma ideia suficientemente bonita se não estivesse sendo vendida tão pretensiosamente (e longamente) assim.
Sem falar em como várias coisas são simplesmente jogadas e não retomadas ou desenroladas de um jeito tão previsível que dá até vontade de rir.
Sinto que a minha opinião ainda é confusa e talvez sempre será e grande parte disso é pela enxurrada de coisa inútil que o Ari Aster enfiou na nossa goela abaixo para tentar aumentar o que essa história é... Inspirada em coisas que já vimos, com um fundo emocional que qualquer um se identificaria mas que como não temos o que nos é prometido, ou nos decepcionamos ou tentamos inflar a experiência a algo "etéreo, sensorial, não deve ser analisado como roteiro material etc etc", o que eu sinceramente vejo como tentar valorizar uma obra só pela sua intenção e criador.
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraInvista tempo nesse filme, sério!
A sinopse parece confusa e o medo de ser mais uma viagem sem sentido (a não ser que esteja drogado) do Gaspar Noé falam alto, mas a obra deu muito certo!
É claro, precisa de paciência no primeiro ato e uma queda de expectativas em questão de história e roteiro, que aliás não são o foco e mérito aqui mas sim a experiência cinematográfica e sensorial em geral.
Recomendo e defendo kkkk
O Irlandês
4.0 1,5K Assista AgoraPrimeiramente, relevo os grandes méritos desse filme para pesar na minha avaliação geral não tão amigável:
Uma boa fotografia e trilha sonora tensa, bem construída e sempre presente quase como um marcador de transição entre atmosferas.
Uma outra forma que o experiente no assunto, Scorsese, achou de contar sobre a mafia e suas interações interpessoais complexas, demonstrando a sua decadência e seu lado sem glamour algum... O sujo, infiel e bruto da coisa;
Inclusive, um lado que sempre chega em tais histórias mas aqui é quase que o foco principal de tudo. Corajoso e inovador nesse sentido, com certeza.
Mas a duração não é necessária parar passar uma história com tal complexidade, aliás, super mal aprofundada ainda que com poucos personagens. Sinto que assim como em O Lobo de Wall Street e Silêncio, Scorsese deveria ter editado pelo menos uma meia hora de filme e agitado mais o roteiro com mudanças e nuances ao invés de só seguir o fio da meada.
Os atores: de grandissímo calibre e com grande presença, porém sem o ânimo necessário para dar vida real aos personagens. Mas aí acho que seja uma mistura de um roteiro morno com, querendo ou não, certo desinteresse deles sim! Já fizeram esse papel antes e durante um bom tempo foram reconhecidos incansavelmente por ele, acho que na pré aposentadoria se entusiasmam mais por obras leves e superficiais (é só analisar alguns trabalhos mais atuais do De Niro e Al Pacino em comédias beeem escrachadas e querendo ou não, sem essa seriedade que os consagraram).
O que mais se expressa é o personagem Jimmy Hoffa, que também é extremamente caricato em alguns momentos e sua trajetória toda pode ser imaginada desde o começo.
A idade também pesou na vergonhosa cena em que o Frank
espanca o dono da mercearia e, um De Niro já setentão, mal aguenta ficar de pé ou simular um chute real.
A impressão que fica é que embora longo, representou um tempo relativamente curto de duas décadas (curto comparado a outros grandes filmes que já representaram em 3h quase uma vida inteira e conseguiram trazer muito aprofundamento para a trama) e não conseguiu se aprofundar verdadeiramente em nenhum de seus poucos personagens, inclusive o protagonista.
Seu laconismo faz parte do papel, é claro, mas acho que a neutralidade sempre constante e a pouca pixelização de suas raízes ou ideologias tornaram ele apagado. A não ser em cenas de grande debate moral (que aliás, são o clímax da obra), ele não esboça grandes emoções. Talvez seja assim que aguentou tanta coisa em silêncio? Com certeza. Se esse é um personagem interessante para se construir em um filme? Nem tanto.
Enfim, concluindo, é um filme com seus méritos muito bem executados por mãos habilidosas não só no assunto mas na arte cinematográfica em geral, nisso cito toda a produção num geral. Porém sua falta de identidade e excesso de tempo em tela sem expressar nada apagaram completamente a experiência que, embora não seja péssima, é mais uma representação morna e longa sobre assuntos melhor explorados outrora.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraComo de caráter corriqueiro de filmes ótimos coreanos, a obra apresenta violência realista e utilizada de forma muito acertada (o que não dá aquela impressão incômoda muito presente em alguns filmes ocidentais de porradaria/mortes gratuitas) e como de praxe, uma crítica ao próprio país. Esse caráter reflexivo da arte sobre sua própria nação é muito preciosa e o melhor é que se torna apenas o plano de fundo para uma história que já é interessante por si só.
Sobre a "mensagem" passada, esse é um lugar bem subjetivo onde cada um coloca opinião e acho que deve ser respeitado. Uns pontos interessantes que se pode observar no decorrer da trama e que pode modificar algumas ideias é:
Fica bem explicito que o incomoda não é uma família bem de vida e sim as gritantes diferenças entre as classes, ambas em dois extremos (e essa é uma das principais características da Coreia), sendo que a mais rica simplesmente não precisa de tudo aquilo que possui para viver mais do que bem. Essa é a sacada dos
parasitas escondidos, uma família consegue sustentar uma outra
Sobre a desonestidade dos protagonistas: isso é algo moralmente bem definido enquanto sociedade e normas e blá blá blá, mas se enquanto ser social você não torceu por eles por nenhum segundo - e provavelmente se isso não ocorreu seu aproveitamento do filme foi próximo a 0% - então nunca passou aperto na vida, não é possível kkk.
Outra coisa interessante: há empatia pela família rica e ela é sincera, ao contrário seria mais fácil roubá-los e matá-los do que buscar emprego. Não se prendam a maniqueísmos, não existe bons e maus. A questão é que há uma reviravolta que acontece ao mesmo tempo do momento mais tenso, naquela fala EXTREMAMENTE impactante
sobre o cheiro do Kim.
O aspecto simbólico disso é tão gigantesco que poderia fazer outro comentário só sobre, mas o principal que fica é: O pobre os enoja por ser simplesmente o que é, por uma questão que não pode modificar e tampouco é culpado de ser; Não é somente um cheiro impregnado, é de onde veio e quem é. E adoro como isso tudo quebra aquela ilusão entre
patrão que trata bem e empregado que se sente da família, até um deles perceber o abismo gigantesco que há entre ambos
A impressão que esse filme me deixou é de coesão, tudo tão bem encaixado, pensado, simples porém instigante e com um final que não se espera. Além de todo capricho característicos do diretor e essa puta aula de atuação e roteiro... Um dos melhores que já vi, essencial.