Uau, não sabia que aquele filme pavoroso do Krampus de 2013 possuía uma continuação. A cada Natal assisto um filme do Krampus e do nada me peguei assistindo essa continuação, que, apesar de repetir grande parte dos erros do primeiro filme, é levemente superior. Bom, no primeiro comentei sobre o fato de que o lugar parece uma cidade neonazi pela alta concentração de carecas. Nessa segunda parte melhoraram um pouco nessa questão de maquiagem/cabelo, apesar de que em determinado momento o protagonista decide entrar para a turma dos carecas sem mais nem menos. A trama continua con altos e baixos, sendo prejudicada pelos péssimos diálogos, assim como no primeiro filme. No primeiro filme comentei que o Krampuera um pouco esquecido pelo roteiro no trecho final. Pois bem, aqui acontece ainda pior, sendo que a subtrama do cara que queria vingar o irmão vira trama principal e no último ato o Krampus é totalmente abandonado. Além disso temos aquele Papai Noel fajuto e a reviravolta sem pé nem cabeça (e um pouco óbvia) com a filha do protagonista. No final, segue o mesmo erro de não saber usar o Krampus como a contraparte punitiva do Papai Noel, focado em crianças, pois aqui pune mais adultos que qualquer coisa. E, não sei se foi por eu ter cochilado, mas no final as crianças ficaram lá, presas, sem conclusão? Nota: 5.1.
Temos aqui um Férias Frustradas que me despertou o interesse por dois motivos. Um foi o fato de que agora seria evitada aquela estrutura episódica dos dois filmes anteriores e o outro foi por ter boas notas na internet. Bom, essas boas notas provavelmente são por causa de nostalgia de sessões natalinas pois o filme não é tão bom quanto o primeiro, apesar de ser melhor que o segundo. O humor é variável, com bons momentos, mas ainda aquém do timming do primeiro filme. As piadas que envolvem os vizinhos yuppies são incrivelmente sem graça (ou talvez tenham tido graça apenas na época, por retratar uma tribo específica daqueles anos). No final apela para o pastelão (correria com o esquilo e exagero intencional em vias de humor na figura do sequestro e retratação do chefe do protagonista). Nota: 6.8.
Primeiro, cabe ressaltar o quanto sem motivos foi a divisão em duas partes. O tanto de subtramas inúteis que esse filme tem (mais do que a parte 2) demonstra que não houve avaliação artística nessa divisão. Sim, o princípio primário é ganhar dinheiro, mas nos casos de Harry Potter, Hobbit, talvez até Jogos Vorazes, a divisão entre dois filmes beneficia a trama, usualmente corrida, trazendo mais desenvolvimento. O que se vê em Amanhecer é que essa divisão escancara o quanto o roteiro é frágil e como os realizadores (diretor, roteirista e autora do livro) estão completamente perdidos na trama. Até a realização do casamento (acho que lá pelos 20 minutos) absolutamente nada acontece. Um exemplo da inutilidade dessa divisão em duas partes está na trama do Edward, já vampiro, ter matado humanos que eram maus. Não serviu para nada, não chegou em lugar nenhum, nunca mais foi citado... A parte da lua-de-mel é outro exemplo de que essa divisão em duas partes não foi nem um pouco benéfica, soando longa e repetitiva. Primeiro, Jacob dá O MAIOR SURTO DA HISTÓRIA quando fica sabendo que Edward e Bella vão fazer amor com ela ainda humana, falando que ela vai morrer, etc. Aí Bella e Edward chegam fazem o negócio e a moça sai só com UM MÍSERO hematoma. Tanta expectativa para no final o Edward mal mal machucar ele, super de leve. Vai entender. Bom, a parte da Bella grávida é uma das melhores da franquia. Aqui, como aconteceu em pouquíssimos momentos da autoproclamada “saga”, temos a construção de alguma emoção, no caso tensão em torno do destino da protagonista, que vai definhando aos poucos em sua gravidez. Inclusive, até a parte técnica é acertada aqui, com efeitos e maquiagem impactantes em relação à magreza da Bella. E, aqui, temos mais uma das diversas mensagens conservadoras que permeia a “saga”. No caso, uma clara mensagem anti-aborto, visto que o Bella se recusa ao procedimento ainda que claramente não vá sobreviver à gravidez, mesmo passando uma dor terrível e definhando a olhos vistos. Bom, claro, tudo isso gera MAIS UMA VEZ a trama da Bella indefesa, enquanto os Cullen se reúnem com algum aliado improvável, aguardando o ataque dos inimigos (agora são os lobos), que vai acontecer na parte final do filme, algo que já se tornou repetitivo, visto que é o motor de todos os filmes da franquia. Aliás, superforçada a motivação dos lobos em atacar os Cullen. Fora que gerou a pior batalha final da franquia, já que ninguém poderia morrer, se machucar, etc, sendo apenas uma estapeação sem emoção e sem consequências. Bom, sobre o imprinting, acho melhor deixar para comentar na parte 2. Em relação aos aspectos técnicos, este daqui voltou ao padrão da franquia. Se a parte 3 era mais bem dirigida, realizada com mais apuro, aqui voltamos aos ares de filme sem orçamento, sem elementos inventivos na direção ou em outros aspectos, sem alma, sem identidade, pasteurizado. Enfim, filme morno, que padece na decisão de dividir em duas partes uma história que já é carente de substância desde o seu início. Enfim, é sempre difícil decidir qual o pior da franquia, se esse ou Lua Nova, mas vou deixar Lua Nova como o pior. Nota: 6.4.
Filme extremamente good vibes, para mostrar que é filme natalino mesmo. As coisas fluem bem, os personagens são encantadores (um Primeiro Ministro BONZINHO, mais santinho que madre Teresa de Calcutá). Trás lições bonitas enquanto acompanha situações de romance envolvendo diversos personagens que eventualmente se cruzam. Essa questão das histórias se cruzando talvez seja um ponto um pouco irrelevante. Achei as relações tão intrincadas que sequer lembro da maioria delas. Acrescenta uma complexidade inútil ao filme, visto que essas relações na maioria das vezes não vai ter relevância para a narrativa. Enfim, fiz uma análise em separado de cada segmento:
Billy Mack, o cantor. Talvez o segmento que mais aparece e ao mesmo tempo o que menos tem trama, visto que sua aparição se dá na TV, rádio, etc, como alívio cômico. E realmente funciona nesse aspecto do humor. Mas, confesso que não entendi muito bem se a ideia foi tratar do amor entre amigos ou se o negócio era amor homoafetivo e o roteiro não teve coragem de expor que era isso mesmo. Nota: 9.
O Primeiro Ministro Esse segmento é divertido pela atuação de Hugh Grant, apesar de gerar um momento extremamente político, em relação aos EUA, e que senti que ficou meio fora do tom do filme, apesar da pertinência e genialidade da crítica. Outra questão é que o Primeiro Ministro é uma pessoa boazinha. Sério, acho que não tem precedente histórico de uma pessoa de coração bom desse jeito ter chegado num cargo máximo de poder em qualquer nação. Presidentes, primeiros ministros, etc, costumam ser ambiciosos. Podem até ter alguns que são honestos, que são boas pessoas, etc, mas não tão bonzinhos como o personagem. Difícil imaginar alguém com aquela índole como Primeiro Ministro. Nota: 8.
O garoto Esse é o do Liam Neeson. Até começa divertidinho pelas questões de primeiro amor e tals. Mas, acho que o problema foi na escolha da garota por quem o personagem se apaixona. Colocar como interesse dele a popularzinha tida como mais gata da escola tira aquela ideia de primeiro amor, de que ele realmente ama ela ao invés de estar com uma paixonite típica pelo mesmo motivo que todos os outros garotos da sala também estão, afinal é a garota mais popular da escola. Inclusive a conclusão clichê da corrida pelo aeroporto me fez revirar os olhos. Nota: 7.
Os dublês O plot do Martin Freeman é dos mais simplesinhos mas é eficiente em sua proposta inusitada, arrancando alguns risos, embora se delongue demais. Nota: 7.
O sonhador Esse é para mim o melhor do filme. A trama em torno do rapaz que acredita que nos EUA vai ter mais sorte com as garotas e vai se afogar de tanto fazer sexo é executada de forma original. Como o amigo do personagem, todos nós estávamos extremamente céticos, certos de que ele não seria bem-sucedido em sua empreitada. A própria trama normalmente caminha nesse sentido, mas, ao contrário, temos uma conclusão inusitada e bem divertida, com a lição de que não devemos desistir de nossos sonhos, mesmo que sejam sexuais ou improváveis. Nota: 9.
O adúltero O plot do Alan Rickman, que começa até bem, mas que acho que faltou desenvolver uma ou outra questão um pouco mais a fundo. A conclusão ficou um pouco solta. Nota: 7.
A portuguesa Esse segmento é interessante pela personagem portuguesa e pelas falas em português, mas fora isso entrega uma trama de romance bem lugar-comum, apesar de que é bem executada no geral. Nota: 7.
O talarico. Caramba, é o cara lá do Walking Dead kkkkkk. Esse segmento eu realmente não entendi. Qual a lição? De todo modo, o Rick levou o troco da talaricagem quando o Shane pegou a esposa dele. Nota: 7.
Por fim tem também o do Rodrigo Santoro, mas esse achei bem esquecível, quase irrelevante. Lembro tão pouco que arrisco dizer que poderia até ter sido cortado. Nota: 7.
Em suma, filme good vibes para o Natal, com um humor que funciona, personagens bonzinhos e romances fofos, permeado por um excelente elenco, enquanto analisa o amor em suas mais diversas formas, o primeiro amor, o início de o casamento, o fim de outro, o desgaste de outro, o lado sexual, etc. Nota: 8.1.
Se discordei com o fato de Um Sonho Desfeito ser o filme da Deanna com menor nota no IMDB, tenho que concordar com a nota baixa desse daqui, que é o segundo com a menor nota naquele site. De memória, aliás, acho que é o pior filme protagonizado pela atriz. E vários são os motivos. Não vou reclamar do fato de ser um filme de guerra. O contexto da época exigia isso e é até interessante de assistir sob a perspectiva atual. A ideia de ser uma continuação, fechando a trilogia de 3 Pequenas do Barulho também é interessante, pegando Penny, uma personificação da inocência da década anterior (dominada por atrizes e atores mirins, como a própria Deanna, Shirley Temple, etc) e colocá-la, agora adulta, em um contexto mais sério, de guerra. Na verdade, os dois principais problemas são a ausência das outras irmãs (mal são citadas) e o casal protagonista. Arrisco dizer, aliás, que foi o pior par romântico de Deanna. E o problema nem é o ator, ele até se esforça. A questão é que o relacionamento dos dois já começa ruim, com um beijo roubado do absoluto nada, ou aquela frase que contraria o "não é não". E a Penny, que estava totalmente desinteressada, apaixona pelo traste "porque sim". Mas, não só isso, faltou química. Parece que o ator do Bill, tentando se esforçar no dilema do protagonista, que ama a aviação e receia se apaixonar ou fazer alguém se apaixonar por ele e depois sofrer caso ele morra, acaba não se entregando ao par romântico e quebrando a química entre os dois. Bill é mal escrito, confuso, mal trabalhado e o dilema do casal protagonista não ser tão bem construído prejudica muito o filme e seu arco dramático. Já sobre a ausência das irmãs, realmente seria mais interessante vê-las trabalhando na fábrica de aviões, ou mesmo uma delas sendo a personagem que perde o marido na guerra. Pelo menos os pais de Penny retornam e até aparecem bem, embora estejam naquela cena bizarra que exibem filmes da Deanna como se fossem gravações caseiras. Se são gravações caseiras quem raios filmou aquilo? Bom, de bastante positivo, além da sempre boa presença de Deanna, temos um humor muito bem executado e que tira algumas risadas, principlamente envolvendo o pai de Penny. Aliás, não sei porque Beguin the Beguine concorreu ao Oscar. Deanna cantou várias músicas mais marcantes ao longo de seus outros filmes. Nota: 6.7.
Sério, continuo sem entender o que Scorsese tem de tão extraordinário. Sim, costumo dar 4 estrelas para o filme dele, mas porque são bons filmes. Mas raramente assisto algo dele que considero realmente excelente. Talvez só Taxi Driver. E, o que dizer de Cassino, que é uma produção com Scorsese em total zona de conforto, como comentaram abaixo¿ Sim, o cara que falou que Marvel não é cinema nos entrega um filme totalmente encaixado no formulaico de suas outras produções baseadas em fatos, com todos os clichês e repetecos do modo do diretor de fazer cinema. Protagonista começa por baixo, tem algum talento que o faz se destacar, eventualmente se envolve com criminosos (a máfia, no geral), enquanto se apaixona por uma bela loura, resistente a ele no início, se casam, o casamento é meio tratado à parte, o tempo vai passando, surgem filhos que são quase figurantes, mal são citados mas aparecem casualmente em algumas cenas como para mostrar alguma vida comum do protagonista mas que não é o foco, aparecem problemas conjugais, o casal se separa, a polícia finalmente aperta o cerco, o protagonista é pego e termina decadente, mas ainda com alguma glória ou perspectiva. Filmes como Touro Indomável e Bons Companheiros. Aliás, não fosse a presença de Ray Liotta no filme de 1990, eu diria que Cassino e Bons Companheiros foram gravados juntos, tal a semelhança de roteiro, direção, fotografia, papéis dos atores, etc. É quase como se pegassem Robert DeNiro e Joe Pesci, eles gravassem a cena de bons companheiros, alguém rodasse o cenário atrás mudando para o do Cassino, trocassem o figurino deles e gravassem agora Cassino. Em essência são o mesmo filme, só muda o cenário e a época que se passa. Inclusive, minhas reclamações com Cassino são praticamente as mesmas. Escrevi em Bons Companheiros que “uma narração incessante, enquanto o filme segue o mesmo tom monocórdico, expositivo e linear até o seu fim.” Mesmíssima reclamação aqui, é quase como se Scorsese, ansioso por expor a fantástica narrativa dos acontecimentos reais, acaba por suprimir a estrutura cinematográfica em prol de nos contar a história que aconteceu na vida real. Totalmente expositivo, principalmente nos primeiros 20 minutos, de um jeito que beira o ridículo, quase documental, o tipo de coisa que a crítica cai em cima quando é um filme blockbuster ou de terror, por exemplo. Também comentei que “a cena inicial nos deixa curiosos por algo que nem vai ser tão relevante assim”. Curiosamente o mesmo acontece em Cassino, apesar de que a cena da explosão do carro é muito bem filmada, mesmo que a presença da narração que eu já reclamei. Falando em narração, é cabível citar, por exemplo, a narração que surge do absoluto nada em “Oito Odiados”. É um exemplo do tipo de ousadia, criatividade e inventividade que não vejo na maioria dos filmes de Scorsese. São filmes bem dirigidos no geral e só. Aqui, apesar disso, não senti aquilo que costumo sentir nos filmes do diretor, que ele demora demais para estabelecer a narrativa, quais vão ser os conflitos, etc. Apesar da introdução longa, de cara já somos apresentados a vários dos elementos do filme. Nosso protagonista, aliás, é uma concha vazia. Não é explorado, exposto, apenas existe. E, mais uma vez, o caso do personagem poderoso que consegue convencer uma dama indomável e bela a se casar com ele, gerando problemas no casamento, mais um Scorsese típico. No final, as únicas coisas interessantes são ser baseado em fatos e a violência brutal que ora pula na tela de forma crua e sem avisos. Nota: 7.2.
Questão de Tempo é temática e conceitualmente interessante. O gênero em si é o romance, mas, possui um toque de fantasia quando dota ao nosso típico protagonista do gênero o poder de viajar no tempo. Sim, o personagem principal possui tal notável habilidade e a usa para poder conseguir uma namorada e eventual esposa. Milhões são as possibilidades que o poder de viajar no tempo pode desencadear, e usar tal poder com o propósito do filme soa estranho. É quase como se, na verdade, o artifício da viagem no tempo fosse algo inorgânico, mero artifício de roteiro. Como se o roteirista do filme estivesse escrevendo um típico filme de romance e começasse a brincar com possibilidades distintas de prosseguir a trama e quisesse colocar isso no filme. O poder de viajar no tempo do protagonista não soa como algo real na trama, e sim como um exercício narrativo de estilo, explorando possibilidades roteirísticas e as usando como forma de brincar com os caminhos narrativos, com as escolhas do protagonista, com suas consequências ou como nem sempre é possível mudar as coisas, usando, assim, o artifício da viagem no tempo também para passar lições e ensinamentos ao público. Sim, não há nada de depreciativo nesta forma de usar a viagem no tempo. Ademais, se começarmos a pensar muito no poder do protagonista, fadados estamos a entrar numa espiral de questionamentos e paradoxos e, como romance com pitada de fantástico (e não de ficção científica) é claro que este não é o objetivo do filme. Reparemos, por exemplo, na questão da irmã do protagonista, aquela que é a mais em termos de dinâmica de viajem temporal. Ele muda e depois “desmuda”, mas não temos garantias de que depois de “desmudar” tudo voltaria ao mesmo eixo. Ou a forma como ele simplesmente a leva ao passado sendo que em nenhum momento foi estabelecido que existisse essa possibilidade. Mas, como eu disse, a viagem no tempo é um artifício narrativo para brincar e modelar possibilidades do roteiro, não sendo uma temática da trama a ser discutida (o tempo, em si, é o que é discutido pelo filme, e não a habilidade de viajar por ele). E isso é positivo pela forma inusitada e leve com que um poder fantástico é tratado. Pois ser leve é o principal objetivo do filme. Seu humor, sua condução, seu tom são leves. Os personagens também são quase todos (com exceção do namorado da Katherine) leves, altruístas, tranquilos, gentis. O que é ótimo, evitando um clichê do drama ou dos romances que pendem mais para o drama, em que o protagonista discute com a esposa-namorada, discute com seu pai, com sua mãe, etc. Aqui, pelo contrário, não possui desentendimento como motor narrativo (um clichê que é pouco apontado, pois, aparentemente, só quando filmes de terror são clichês é que as pessoas notam), mesmo em relação à Mary e sua sogra, que faz alguns comentários sarcásticos sobre ela. Claro, alguns clichês não são evitados, mas, como sempre digo, a depender da execução, dos motivos que tal clichê foi colocado, ou de todo o resto do roteiro e a quantidade de outros clichês, é sempre possível relevar alguns clichês, por pior que sejam. Sempre reclamo, por exemplo, dos filmes com pegada mais dramática SEMPRE
usarem a morte de um personagem querido (geralmente uma figura paterna e geralmente de câncer) como motor narrativo para o clímax, e o mesmo acontece aqui, mas, devido a todo o resto da obra e a forma como esse clímax clichê foi executado,
pela primeira vez relevei o clichê que mais odeio, o que demonstra o cuidado com que o roteiro e a direção (além de atuação, fotografia e demais elementos) tratam o filme. Por fim, tocante e marcante foi a conclusão, o ensinamento que nosso protagonista tirou disso tudo. E, embora não tenhamos o poder de viajar no tempo e presenciar, na prática, esse ensinamento, podemos nos permitir exercitar as possibilidades, sonhar com as conduções diferentes que nossa vida, com o que teríamos feito diferente se pudéssemos viajar no tempo. Um exercício puramente mental, não executável na prática, claro, e que demonstra que o ensinamento final do filme é puramente perfeito. Valorizar os momentos do agora, retê-los na memória, sem necessidade de mudá-los ou desejar efusivamente de que fossem de outra forma.. pois, quando tratamos sobre o tempo, é o presente o que temos de palpável. Nota: 8.6.
Ótimo exemplas dos new slashers. Brittany Murphy fez muito bem o papel de final girl, embora, claro, ainda acho Jennifer Love Hewitt e Neve Campbell como as melhores final girls dos new slashers. Mas, apesar disso, a personagem dela possui alguns problemas, principalmente na construção caótica do relacionamento dela com o namorado. Mas, de resto, é um bom filme em seu subgênero. A questão da virgindade, que dá o tom do filme, é engraçada e bem explorada (talvez uma espécia de mistura com dois subgêneros adolescentes populares na época, o new slasher e o besteirol American Pie), embora em alguns momentos extrapole na frieza dos adolescentes em frente à morte de seus colegas. Aparentemente os produtores também ouviram a principal reclamação sobre os new slashers da época e este daqui é mais sangrento. A reviravolta final também é boa, mas acho que faltou algo, não sei bem o quê, para que ela fosse mais impactante, talvez algo na montagem ou na direção, porque no papel a ideia é até boa. Nota: 8.4.
Ah sim, uma diretora mulher. Que bom. Não teremos piadas machistas e... e o filme já começa com uma piada bizarra entre a filha e o apresentador de TV. Enfim, o primeiro é bem superior, tem mais consistência e piadas melhores. Esse daqui me deixou meio frustrado (perdão pelo trocadilho). Tinha uma imensa possibilidade de piadas com outros países (possivelmente estereotipadas) e mesmo assim, na maior parte do tempo, não consegue criatividade suficiente para pensar em boas tiradas com esse tema. Além disso, a trama é muito episódica. Não tenho, em princípio, problema com isso, afinal, é um road movie, mas nesse filme daquele ficou muito excessivo, quase como se fosses sketchs atrás de sketchs, a ponto de terem que incluir apressadamente um antagonista para gerar o clímax. A única coisa que fica frequente durante o filme é a obsessão da filha com o garoto, algo insuportável. Nota: 6.7.
Considero quase no mesmo nível do primeiro, mas o motivo é mais pelo fato de eu não gostar tanto assim do primeiro do que por esse daqui ser um bom filme. O roteiro é um caos em seu início, com o tratamento da persongem Sarah sendo tenebroso. Toda a situação em relação à entrada dela na caverna, dos outros personagens e como a coisa desandou é forçada ao extremo. Até entrega uma boa tensão e claustrofobia em alguns momentos, além de trazer continuidade com o primeiro filme, nos trazendo de volta a algumas localidades (como o despenhadeiro), apesar de que o retorno de determinado personagem foi bem forçado, como quase tudo nesse filme. Mas, ainda assim, consigo achar a experiência de assisti-lo minimamente divertida. Nota: 6.7.
O primeiro ato é a melhor parte do filme. A forma como Kubrick conduz o filme de uma forma fora do padrão nesse trecho inicial é curiosíssima. As cenas resumidas em treinamento e humilhação vão sendo construídas quase se diálogo ou interação entre os recrutas, sendo resumida com os xingamentos do sargento e treino físico e, migalha através de migalha, a história vai sendo construída e desenvolvida. O personagem de Vincent D’Onofrio e a atuação dele são excelentes, culminando numa conclusão muito bem dirigida por Kubrick. E, talvez, esse seja o maior problema do filme. Confesso que evitei qualquer informação sobre a produção, mas, enquanto assistia, acreditei que ficaríamos apenas nas cenas de recrutamento, ainda mais considerando que elas tomam um grande tempo da projeção e são a melhor parte do filme, como fica evidenciado aqui nos comentários do Filmow, em que quase todo mundo falou isso. E aí vem meu problema com esse filme. Se o foco não são as cenas iniciais, se vão haver também cenas de guerra no Vietnã, por qual motivo focar tanto da projeção no recrutamento¿ Acaba criando uma obra pouco coesa, como se tivéssemos dois trechos muito bons, mas curtos, e os costurássemos para gerar um filme, mesmo que esses dois trechos não possuam muita relação entre si. E essa ausência de reflexos, de consequências entre os dois trechos do filme acaba enfraquecendo um pouco a narrativa. Tanto é que a conclusão do filme me pareceu solta, desconexa, quase como se precisássemos de algum discurso para dar azo ao final, abrindo um encerramento de um filme que não sabia como se fechar, tanto é que me surpreendi com o fato de se a conclusão. Achei que teria mais filme depois. Sim, a cena de guerra no final é boa e bem montada. De primeira, achei a revelação um pouco inútil, como se para causar um impacto de clímax, mas, repensando, ela existe para refletir sobre como o poderio militar, o treinamento cruel, a lógica não estão intimamente ligados aos louros da guerra, tanto é que o próprio EUA não conseguiu vencer o Vietnã. Outra “decepção”, bem entre aspas mesmo, foi a figura do sargento. Sempre aparece em memes, ou em exemplos de personagens intragáveis, mas, tenho que confessar, em nenhum momento senti realmente raiva da figura dele. Certo, ele é abusivo, xinga, rebaixa, mas, além do exagero nos xingamentos quase gerar um efeito de humor pelo absurdo, vamos analisar bem. Em nenhum momento ele cometeu injustiças, e personagens injustos realmente são os que dão raiva. Comparem com uma Umbridge, um Snape, os militares de Dia dos Mortos, com seus tratamentos diferenciados e vão entender o que eu estou falando. Ou mesmo as figuras de Glória Feita de Sangue, filme que te faz passar muito mais raiva. O Sgt. Hartman em nenhum momento agiu fora das diretrizes militares à época, pelo menos do que me lembro. Nota: 8.3.
Esse é o segundo filme da Deanna com maior nota no IMDB. Achei justo (considero melhor que Raio de Sol, aliás), pois realmente é um filme leve e divertido (apesar de se uma das raríssimas vezes que chorei assistindo um filme), com situações bem engraçadas. Claro, durante grande parte do filme você se questiona o motivo de torcer pela protagonista, afinal ela é uma mentirosa compulsiva e o artifício do roteiro para que não a julguemos é que, vejam só, ela cruza os dedos quando mente. Bom, as músicas são ótimas, Deanna carrega bem o protagonismo, o personagem do "pai" dela é um personagem ótimo também. Só achei que faltou amarrar melhor as duas tramas, sendo a trama da mãe atriz e a trama do falso pai. No último ato o filme parece que "mata" a questão do falso pai e foca só na mãe, sem entrelaçar bem as duas situações e terminando meio abruptamente. Aliás, é bem bizarro esse conceito de que a mãe da protagonista não podia revelar a filha para evitar julgamentos. De certo modo, não é o agente o vilão do filme, e sim a sociedade que, ora vejam, julgaria e "cancelaria" a mãe da protagonista (sim, cancelamento está longe de ser algo de nossos dias). Nota: 9.6.
A prova de que o cinema NÃO É matemática. Ficou demonstrado que a arte não pode ser executada de modo estritamente racional, do contrário, pois aqui temos uma obra-prima do apuro técnico, mas que é ineficaz em despertar emoções, entretenimento, etc. O que Fincher faz em O Assassino é um absurdo em matéria de direção. Cada cena, cada condução, tudo é milimetricamente posto no seu lugar, calculado para servirem e executarem os propósitos narrativos. E, mesmo sendo provavelmente o melhor trabalho de direção de Fincher, considero como um de seus piores filmes (o que não significa que seja ruim). Apesar de ser muito bem dirigido, não empolga como outros filmes do diretor. A trama é um tanto óbvia, seguindo o mesmo mote dos filmes de vingança, como Kill Bill, em praticamente todos os seus pormenores. Outro problema é no fato de acompanharmos apenas o protagonista, um personagem que é meio que um vilão. Durante toda a narrativa acompanhamos o assassino de aluguel solitário, o que acaba por transformar o filme em uma obra repleta de narração interminável e, na maior parte do tempo, vazia. Bom, se essa narração ainda tivesse coisas interessantes para dizer... mas, na maior parte do tempo, os dizeres da narração do protagonista se esvaem de nossa mente em segundos e já nem somos capazes de lembrar o que foi dito (ou vai me dizer que você lembra qual foi o conteúdo ou ensinamento da fala final do filme?). E, para um filme extremamente focado na narração, isso é um tremendo problema. Curiosamente, achei que o filme de Fincher que mais se assemelha a este é A Rede Social. O filme focado no Facebook tem uma edição impecável, fluida, numa constância de ritmo quase monocórdica, sem grandes altos e baixos na trama. Aqui temos algo muito semelhante, inclusive na ausência de clímax, ausência esta que já seria estranha, mas fica mais estranha ainda quando, mesmo ausente esse elemento primordial da narrativa convencional, sequer sentimos falta dele, o que também acontece em A Rede Social. Além do ritmo narrativo parecido, também temos o conjunto de protagonistas com moral duvidosa. A diferença maior é que O Assassino é focado unicamente no personagem que é assassino de aluguel, enquanto A Rede Social fluía entre alguns outros personagens. No fim, o filme acerta muito bem em quase tudo, exceto em sua narrativa óbvia e pouco emotiva. Talvez a melhor parte em relação à narrativa seja mesmo o contraste dentro da mente do protagonista. O mesmo clama o tempo todo suas regras. Afirma estar focado na perfeição milimétrica e lógica... ao mesmo tempo se embrenha em uma empreitada de vingança irracional. Nota: 7.9.
Não há como negar, Lych sabe criar atmosfera e é um pecado imenso que ele não tenha dirigido algum filme essencialmente de terror, apesar desse gênero estar constante em alguns elementos de seus filme. A atmosfera da primeira metade é sufocante. A narrativa banal do casal com problemas de traição é contada de tal forma que o clichê acaba por ser suprimido pela condução de Lynch. E, quando a trama dá sua primeira guinada rumo à estranheza típica do diretor e passamos a acompanhar outro personagem, fica parecendo que estamos montando um quebra-cabeça sem saber qual vai ser a figura que vamos formar. Bom, eu achei que, depois que resolvemos sobre o que o filme se trata, ele perde um pouco de seu encanto. Quando sabemos a resposta fica uma sensação de "era só isso então?".
Os dois personagens são a mesma pessoa, sendo que o Pete foi uma criação do protagonista para suportar o tempo que passou no corredor da morte. Pete tem uma vida boa em que os pecados do protagonista são explorados, embora em alguns momentos a realidade aparece para deiaxr tudo turbulento. Por fim, o último ato aconteceu cronologicamente antes da prisão do protagonista, quando ele assassinou aqueles que estavam envolvidos com sua esposa e com a gravação de filmes eróticos envolvendo ela. As duas versões dela na foto, acredito, é uma representação da versão casada dela e a outra da versão que traía (ou seja "duas caras"). Só não sei o que o "homem misterioso" simboliza. O ciúme, talvez? Ele fala que estava na casa do protagonista, era a desconfiança que abraçava o casal. Além dele ser o responsável por guiar o protagonista enquanto ele mata os envolvidos no affair de sua esposa
Em meu comentário no V/H/S 1 falei que o principal problema era a falta de propostas interessantes para a maioria dos curtas da antalogia e a ausência do estilo V/H/S nas gravações. Bom, nesse segundo a questão das premissas é corrigida, buscando curtas em que a proposta é inovar na questão das gravações, assim, temos um com múltiplas câmeras, outro de câmera no olho, câmera no zumbi, câmera no cachorro, etc.
1º Curta: Phase I Clinical Trials. O do olho. A premissa é boa, incluindo a questão das falhas no olho como fantasmas, ou o fato de ter que evitar dar atenção aos espíritos como forma de evitar ataques. Entretanto, é nessa última questão que o curta falha, pois insere essa proposta e em nenhum momento ela é usada. A mulher surda, por exemplo, é atacada sem mais nem menos e o protagonista em nenhum momento tenta fingir que os fantasmas não estão lá. Nota: 7.
2º Curta: A Ride In The Park. A premissa é interessante e com certeza agrada aos fãs de zumbis, ainda mais que found footage de zumbis não é algo muito usado (ninguém vai ficar filmando durante um apocalipse zumbi). Zero roteiro, sendo mais uma experiência de imersão mesmo, mas com bom gore. Ligeiramente melhor que o primeiro curta. Nota: 7.
3º Curta: Safe Haven. Consensualmente o melhor curta do segundo filme. Várias câmeras dão um tom mais cinematográfico, com ações paralelas. A situação que vai ficando gradualmente pior, a ambientação, o gore e o tema da seita são ótimos e intrigantes. Só não entendi o final.
O demônio foi gerado, então agora estamos no apocalipse. Como então a moça do curta que liga as histórias assistiu a fita se o mundo vai acabar? O mesmo vale para o curta dos zumbis
. Nota: 9.
4º Curta: Slumber Party Alien Abduction. É o segundo melhor desse segundo filme. Apesar da gravação caótica, chacoalhante, quase impossível de se acompanhar em alguns momentos, esse caos parece ser pelo propósito de soar condizente com a situação retratada. Entretanto, achei que faltou alguma surpresa ou reviravolta que compensasse a falta de trama. Nota: 7.
Curta de ligação: O curta que liga as tramas é o segundo pior do filme, quase no mesmo nível do curta do olho. É um grande nada com uma conclusão boazinha, servindo apenas para ligar as fitas. Nota: 7.
No final, acaba sendo ligeiramente melhor que o primeiro filme, por possuir histórias com premissas mais interessantes, embora a maioria delas peque na condução ou conclusão. Nota: 7.4.
Apesar das atuações meio travadas do casal principal, eles até funcionam pois o roteiro consegue colocar química entre os dois (nunca eu ia lembrar que o Ryan Reynolds já foi galã de comédia romântica). As piadas são divertidas, a trama não é nenhum primor mas possui originalidade suficiente para funcionar, bem como a maioria do filme funciona bem em suas propostas. Achei só que deslizou um pouco no último ato, na forma pastelão de resolver as coisas, de gerar os acontecimentos, e os demais clichês, mas não é um escorregão suficiente para estragar o filme. Os diálogos que constroem o romance entre os protagonistas são bons, sem apelarem, e os coadjuvantes são divertidos o suficiente. A comédia acaba sendo a melhor parte no fim. Nota: 8.3.
Chinatown tem um roteiro tão bom que foi premiado com o Oscar. Geralmente a Academia erra, mas aqui era impossível cometer algum deslize, pois o roteiro do filme é bem construído, parecendo até uma adaptação ao invés de um roteiro original. Consegue amarram bem as duas tramas de mistério paralelas, embora, para mim, falte aqui um fator instigador. Quando estou diante de uma trama de mistério, quero ser instigado para a resolução do mesmo, mas aqui na maior parte do tempo o filme não empolga nessa questão, não atiça a curiosidade. Tudo está no lugar, roteiro perfeitinho e redondo mas sem esse fator, sendo a direçao também responsável por essa questão. Acho que apenas a personagem da Faye Dunaway que me intrigava no filme, ela fica a trama toda passando uma sensação de estar escondendo algo. Sobre o final,
ainda não consegui, digamos, entrar em um consenso comigo mesmo sobre qual seria melhor. O roteiro original propunha um final feliz, e tem muito mais sentido em relação a toda a luta do protagonista em resolver o mistério. Por outro lado, o final que foi gravado marca muito mais, mexe muito mais com nossas sensações
. Também achei um pecado retirarem a narração, que contribuiria muito para o ar neo-noir. Nota: 8.5.
Acho que o principal problema do filme é se levar MUITO a sério. Não estou pedindo que todo filme de baixo orçamento abrace o humor (in)voluntário como válvula de escape para tornar o baixo orçamento mais palatável. O problema é que esse filme aqui se leva a sério até demais, aponto de parecer que os diretores estão realmente achando que a produção é o supra sumo do cinema. O filme até tenta, tem boas ideias e a diração e demais meios da produção até são acertados considerando o orçamento (com a ressalva de se levar a sério demais). Acho que o problema maior foi a sequência final, que abraçou um festim de violência que fugiu do tom e proposta incial. Nota: 6.4.
. O jogo elaborado pelo telefone, a forma como as coisas gradativamente vão ficando mais tensas a pergunta clássica (sobre o filme de terror favorito) iniciariam a tendência que se manteria nos filmes posteriores da franquia, em que, quase sempre, a melhor cena é a cena inicial mesmo. Wes Craven já tinha sido responsável por renovar o slasher em A Hora do Pesadelo, mas, aqui, ele foi além e foi responsável por ressuscitar o sub-gênero em uma nova roupagem, fazendo de Pânico o primeiro filme de um sub-sub-gênero, os new slashers, uma categoria dentro dos slashers. E, por isso, Pânico foi polêmico desde seu lançamento, sendo aplaudido pelo público mais jovem e rechaçado por vários dos públicos mais velhos e saudosistas com os slashers oitentistas. Atualmente, essa polêmica ficou no passado, ainda mais que a geração noventista cresceu apreciando os new slashers, que, sinceramente, não devem em nada aos slashers oitentistas ou aos proto-slashers. A maioria dos motivos da reclamação dos saudosistas não tem muito lastro de sentido. A reclamação em torno dos assassinos humanos, mascarados, e do longo discurso de revelação do assassino no trecho final parece esquecer que o primeiro Sexta-Feira 13 não é sobre Jason, e sim sobre Pamela. Os slashers ointentistas de primeira geração (seria um sub-sub-sub-gênero?), excetuando Halloween, possuem humanos como assassinos e foi apenas com A Hora do Pesadelo (do próprio Wes Craven) que os assassinos sobrenaturais passaram a ser padrão, no que iniciou os slashers oitentistas de segunda geração. Então, essa reclamação não parece ter muito sentido. Outra reclamação comum era sobre as final girls. Diziam serem sem sal, esquecíveis, de pouco personalidade. Pois bem, alguém lembra o nome de uma mísera final girl da franquia Sexta-feira 13? Ou de Trem do Terror? Certo, temos Nancy, Laurie (e qualquer outra que Jamie Lee Curtis interpretou) e são usualmente citadas (ou eram) pelos saudosistas, mas desafie a citarem alguma além dessas 2. Pois é. Os personagens dos slashers, não importa a época, são adolescentes em sua maioria vazios, cuja morte não podemos nos importar (exceto da final girl). E temos Sidney Prescott no mesmo patamar das final girls clássicas, doa a quem doer. Outra reclamação usual é o fato de que o gore nos new slashers é zero. Aqui a reclamação procede em partes. Sim, os filmes são menos violentos para evitar a classificação indicativa, que era mais pesada na época dos new slashers. Entretanto, grande parte dos slashers oitentistas também sofriam pesados cortes nas versões que saiam em VHS e muitas vezes o gore mais pesado se perdia ou era diminuído. Mas, reconheço que a maioria dos new slashers e bem pobre nas mortes, seja na criatividade, seja no gore. Entretanto, Pânico se sai até bem nessa questão, pois tem bastante sangue e as mortes da cena inicial são bem gráficas. Aliás, se Pânico, então, realmente possuía as características dos slashers clássicos, o que fez dele o percursor de um sub-sub-gênero diferente? Pois bem, a principal questão aqui foi a metalinguagem. Pânico é um new slasher que conversa sobre os new slashers, numa genial tentativa de explorar um sub-gênero que é pautado exatamente no mais do mesmo e no clichê, no óbvio, na expectativa de que aquilo que você espera que vá acontecer realmente acontece no momento que você espera que vai acontecer. Talvez por isso os saudosistas não gostaram tanto assim, pois viram escancarado que os filmes que idolatraram em sua infância ou adolescência não eram tão geniais assim. A metalinguagem, aliás, seria a base de vários dos new slashers, embora nunca da forma explicita que Pânico fez. E Pânico vai se conduzindo muito bem nessa brincadeira de expectativa,
com ótimos diálogos e condução de alguém que sabe o que o público vai pensar de cada cena e quebra a expectativa do público EXATAMENTE por não quebrar com a expectativa do público. Detalhe para o assassino. Embora haja a quebra de expectativa por serem dois (algo que acho que foi a primeira vez que aconteceu em um filme do sub-gênero), desde o início parece ser claro que o namorado da protagonista é o culpado, algo apontado inclusive pelo especialista em terror e, exatamente por isso, duvidamos que ele realmente o seja, o que torna mais interessante ainda quando é revelado que ele, de fato, é o assassino
. Os personagens adolescentes são aquelas conchas vazias e clichês do gênero, mas temos aqui a adição de dois personagens adultos, o que torna mais interessante e ajuda a fugir um pouco do padrão de perseguição a apenas adolescentes. O primeiro e segundo ato são mais divertidos e com algumas perseguições, mas são apenas uma construção para o longo terceiro ato, talvez um dos maiores do sub-gênero, em que temos a cena em que os personagens morrem um a um. Talvez Pânico tenha o melhor terceiro ato dos slashers, bem conduzido e a todo momento instigando que será o culpado, além das várias reviravoltas. Eu sempre esqueço também de toda a trama envolvendo a mãe de Sidney, que não é ruim e é necessária ao roteiro, mas acaba não sendo o principal chamariz do filme. No final, Pânico prevalece como o melhor new slasher e um dos melhores slashers de forma geral, tendo na ótima condução de Wes Craven e no ótimo roteiro de Kevin Williamson um dos pilares do terror do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, abrindo espaço para várias outras produções protagonizadas por adolescentes, e conseguindo ser engraçado em sua metalinguagem, sem deixar de se levar suficientemente a sério, um equilíbrio difícil de atingir e que, por sorte, tem sido mantido ao longo dos demais filmes da franquia. Por fim, curiosíssimo esse conceito iniciado por Pânico, em que passamos a perdoar os clichês no momento em que o roteiro os aponta. Não é como os clichês não estivessem lá, estão, e, apenas apontar a existência deles nos faz perdoar que lá estejam. É engraçado como isso funciona. Nota: 9.8.
Embora não seja um conhecedor da discografia da banda, dos grupos de K-pop BTS sempre foi o que eu mais simpatizei, incluindo também grupos de boys band. E nesse documentário consigo ver um dos motivos. Vejo no grupo um conjunto de membros que realmente se entrega e se indentifica com a profissão que escolheram. Enquanto muitos músicos parecem sucumbir ao sucesso e se tornam pestes insuportáveis ("cof" "cof" Justin Bieber "cof" "cof") o BTS veste os louvores de sua profissão. E, é legal ver como Beatles (minha banda preferida) parece ter influência no modo como bandas se comportam (produção de documentário, shows em estágios fãs enlouquecidas, humor de backstage, etc) até nos dias atuais e do outro lado do mundo. Está faltando avaliarmos o nível de atuação do BTS, que tal um filme no estilo Help? kkkkkk. Enfim, em matéria de produção, edição e demais quesitos técnicos do gênero documentário, o filme não entrega nada inovador ou diferente, fazendo o básico e cumprindo seu propósito de documentário de backstage. O monólogo no fim foi realmente bom, aliás. Nota: 7.3.
Dia dos Mortos mantêm o tom do George Romero de usar o artifício do mundo apocalíptico para expôr seus pensamentos políticos. Se A Noite dos Mortos-Vivos já possuia pesadas críticas (incluindo um, acredito que inédito, protagonista negro em um filme de terror) e o segundo filme, Despertar dos Mortos, abordava a questão do consumismo, este terceiro filme escancara mais ainda as questões políticas. Acho que considero inferior aos dois primeiros por soar mais comedido que o segundo. Começamos com A Noite dos Mortos-Vivos como um filme mais simples (por questões orçamentárias), e então tivemos em Despertar dos Mortos um filme bem mais megalomaníaco para, então, termos um terceiro filme de ambiente limitado e com poucos personagens, ao in´ves de um encerramento de trilogia mais grandioso. De toda forma, a crítica aqui é bem interessante. Parece um degladiação entre a forma de se conduzir a sociedade, de um lado militares, brutos, diretos, preto no branco, impetuosos e imediatistas. Do outro temos os cientistas que também são de certa forma criticados, embora possuam nuances por serem o lado, digamos, "do bem". Embora com boas intenções, se perdem na ausência de pragmatismo, de uma visão efetiva da condução científica, perdidos em um mundo de fórmulas que os afasta da realidade e até da sensibilidade (o uso dos corpos dos soldados para experimentos). Temos também o piloto e seu parceiro, que soam como os isentões, que não assume os lados. Temos também um militar mais bonzinho, latino, que tenta espantar um pouco essa ideia de todos os militares serem maus. Assim, quem seriam Bub e os demais zumbis? A população? A população que é aos poucos acordada pela ciência, que esclareceria a posição dos zumbis, ou população, os fazendo perceber a força que possuem, os fazendo sair desse lado zumbístico e coordenarem uma revolução que depõe os dois poderes, ciência e militar, dos quais nenhum parece realmente se importar com a população, presos em seu próprio ego? Estou viajando demais ou George Romero realmente extrapola sua visão política nesse filme? Enfim, os efeitos continuam ótimos, as cenas de zumbis também são excelentes, como no filme anterior, com boa maquiagem, demonstrando que apesar do forte apelo político, esse filme tem tudo aquilo que um filme de zumbi precisa e, no momento que temos ataques dessas criaturas, o filme, que já valia a pena, engrena ainda mais. Nota: 8.3.
Sou fã dos livros de Agatha Christie, mas acompanhei bem pouco dos filmes de Hercule Poirot. Inclusive, não estava nem sabendo do lançamento deste, "caí de para-quedas" no cinema e do nada assisti, sem sequer ter visto os dois filmes anteriores, então não tenho muita base de comparação. Também não tinha lido o livro no qual se baseou. Pois bem, gostei da forma como o filme se conduziu, se difarçando de filme de terror e pegando totalmente o tom dos filmes desse gênero, numa (curiosamente) rara mistura entre filme de mistério/detive e filme de terror. A condução é legal, o suspense é bom, as reviravoltas são boas, as atuações também. Enfim, é um ótimo filme. Manteve minha sina de sacar quem é o culpado uns 5 a 10 minutos antes da revelação. Sempre passo perto de descobrir com mais antecedência. Nota: 8.3.
Bem superior ao segundo filme, e ligeiramente inferior ao primeiro na minha opinião. Aqui, pela primeira vez, chamaram um diretor de cinema de verdade, algo que já se nota logo nos takes inciais, onde se busca uma construção da cena, escolha de ângulos, posicionamento dos atores, etc. Claro, não é um primor de direção, mas já é uma melhora significativa nesse aspecto, mesmo que sejam algumas decisões óbvias (como o take óbvio em que Jacob fica entre Bella e Edward). Decidiram por chamar um diretor com experiência no terror, para tentar uma pegada fugindo do romance dramático dos anteriores, tentando deixar o filme menos moroso e com mais ação entre as criaturas do terror. Bom, Eclipse para mim é um filme que se delonga demais em um tema inútil e poderia ser suprimido. A questão do triângulo amoroso já está resolvida. Bella quer ficar com Edward e ponto. Claro, até tem uma discussão interessante que Jacob seria muito mais benéfico para Bella, que Edward, se amasse ela, deveria deixar ela ir pois não pode dar uma vida normal para ela, etc. Mas a garota está resoluta, decidida que ama mais Edward, qual o sentido desse plot de triângulo? Faz apenas com que Jacob soe como um babaca insistente. Aliás, por essa razão, Jacob está totalmente descaracterizado em relação ao filme anterior aqui. Se antes ele era um cara legal, meio impulsivo, claro, mas legal, aqui ele cede a provocações para com o Edward, toma decisões abusivas para com Bella (como o beijo) e age como um babaca o filme todo. Edward, pelo contrário, age de modo mais calmo. Ao contrário do drama queen chato e indeciso dos filmes anteriores, aqui ele está mais confiante de que está no caminho certo e deve terminar com Bella. Temos, assim, um dos poucos desenvolvimento de personagem na franquia, pois Edward afirma que assim age devido aos eventos do filme anterior e sua quase morte. Desse modo, percebeu que ele e Bella devem ficar juntos, e que a moça está disposta a fazer tudo por ele. As atuações continuam medianas, embora não tão péssimas quanto se pinta. Talvez a exceção seja para a Kristen, mas a personagem dela realmente é calada e passiva, uma das protagonistas mais sem sal da história, então realmente é difícil para atriz trabalhar com um material tão pobre, o problema é que ela nem se esforça. A trama continua fraca e cheia de conveniências (as malditas visões da Alice, que só percebem o que é conveniente para a trama). Alguns pontos ainda são interessantes, como a questão da transformação de Bella, as histórias de background dos Cullen e dos Lobos (alguém deve ter dado um toque na escritora que já tinha passado da hora de backstories para os secundários) e o fato de que Jacob claramente é uma melhor opção. A famosa cena da barraca, onde isso é explicitado, também não é de toda ruim. Claro, é expositiva e óbvia, mas mesmo assim esclarece esse dilema interessante, enquanto expõe fisicamente tal dilema, pois Edward, como vampiro, era incapaz de dar suporte para a Bella não morrer de frio, algo que Jacob pode fazer, num paralelo demonstrando que ela ficaria melhor com ele. Maaaaaaaas, são coisas pontuais. Crepúsculo e Eclipse possuem acertos pontuais (Lua Nova não, Lua Nova só erra) que logo descambam para cenas de má qualidade. Aqui temos a famigerada questão de esperar o casamento. É complicado avaliar se isso é um ponto de vista puritano e conservador da autora, que tentou transmitir isso para as adolescentes que são seu público alvo, ou se era a autora tentando ser condizente com a idade de Edward, que viveu em uma época conservadora em relação ao sexo e que isso seria demonstrando em seu comportamento mais galante, em contraponto com Bella, garota moderna e que não tem esses pudores, implorando pelo sexo. Bom, acredito que o fato de Bella não ser puritana como Edward demonstra que talvez não seja a visão de autora defendendo sexo pós-casamento, e sim uma tentativa da mesma de deixar o Edward mais condizente com a época em que ele era vivo. Mas esse troço e tão mal escrito que não dá para ter certeza. A aceitação de Bella por todo ser movente continua forçada. Se no primeiro os Cullen estavam dispostos a morrer pela garota que conheciam a semanas e já tratavam a namoradinha como dá família, aqui temos nova repetição disso. Os lobos convidam Bella para participar de uma cerimônia e ouvir uma história que ninguém de fora da tribo tinha ouvido antes. O que torna Bella tão especial para ser aceita por uma tribo fechada dessa forma¿ Não sabemos. Aí os lobos e vampiros resolvem entrar em trégua depois de uma eternidade de conflito para proteger a Bella. É completamente estranha a boa vontade desse povo para com a protagonista mais sem sal da história. Agora, a pior parte (sim, ela ainda não veio). Se eu reclamei das lições sem sentido de Lua Nova no meu comentário anterior (a ideia de ensinar as garotas a buscarem um príncipe encantado inatingível ao invés de abraçarem a realidade de um pretendente mais realista), aqui temos um lição mais bisonha ainda. Temos finalmente revelada a motivação de Bella querer tanto ser uma vampira e de ser tão apática com sua popularidade e amigos da escola e com seu pai. Mesmo tendo uma vidinha média e sem grande complicações, a garota está sempre com cara de nada. O motivo disto, exposto pela própria Bella, é que ele não consegue se sentir bem, não consegue encaixar entre seus amigos, entre Forks, entre seus pais. Ele não se sente parte deste mundo, ele não a afeta, ela está apática para com ele. BELLA CLARAMENTE ESTÁ COM DEPRESSÃO. Caramba. Aí a solução da garota, ao invés de procurar ajuda psicológica, é ser morta e virar vampira, pois ali ela se sente encaixada. A insistência dela em virar vampira vem do fato que ela não se identifica com a sociedade em que vive, por isso prefere Edward, que pode entregar para ela o escapismo. Mapelamordedeus. Esse filme é quase um incentivo ao suicídio, como assim. Que lição é essa? Não me encaixo na sociedade, vou buscar fugir de tudo, encontrando a morte e um “renascimento” como um ser das trevas que vai me causar sofrimento devido a sede de sangue pelo resto da eternidade? Enfim, mesmo assim, ainda é um filme melhor que Lua Nova. E, sinceramente, seria muito melhor se o triângulo fosse apimentado por um interesse romântico de Edward para com Jacob. Ou se os três abraçassem o poliamor. Um trisal ia caber bem aqui, afinal Bella gosta dos dois. Às segundas, terças e quartas ela fica com Edward. Quinta, sexta e sábado com Jacob. E domingo fica com a família e amigos. Pronto, resolvido. Edward não parece tão abalado quando Bella sobe na garupa do Jacob, em nenhum momento ele enfrenta o lobo (exceto no momento do beijo forçado), ou seja, talvez o vampiro até esteja aberto a essa ideia. Ah, se não fosse uma saga tão entregue aos conservadorismos, poderíamos ter uma trama de romance que foge à regra. A batalha final é tosca,
ninguém dos mocinhos morre, ninguém é ferido, apesar de toda a sensação de urgência que o filme passa anteriormente. Bom, apenas Jacob é ferido, e de forma bem estúpida, com a batalha ganha.
Falando em Jacob, qual a explicação para a pele de mármore dele? Ele também tem o poder de ter a pele dura? Bella meteu o soco em outro lobo no segundo filme e não se machucou... Enfim, mediano, mas assistível. O primeiro era mais coerente, apesar de mais mal dirigido. Este terceiro é até bem conduzido, mas a trama é bem fraca. Nota: 6.8.
HEX GIRLS! Esse e Ilha dos Zumbis são os melhores longa-metragem do Scooby. A animação é impecável, e transmite uma vibe puxada para o terror, sem, entretanto, abandonar o tom de comédia típico do desenho. A trama foge em alguns pontos do convencional em relação ao padrão Scooby-doo, sendo
revelado quem eram os culpados mais cedo que o normal. E, aliás, não me lembro de nenhuma outra vez haverem tantos culpados ao mesmo tempo em nenhuma história do Scooby-doo. E o prefeito talvez seja um dos personagens mais cara-de-pau dos desenhos, incorporando totalmente uma pose repleta de meias-verdade ou mentiras descaradas mesmo.
Aliás, a cena de perseguição ao prefeito ainda retoma aquele estilo de desenhos antigos, com situações irrealistas e cartunescas, ao mesmo tempo que temos uma animação incrível do cenário e da cidade. A reviravolta é boa também, embora aqui acabe seguindo um pouco os passos de
Krampus 2: O Retorno do Demônio
1.1 17Uau, não sabia que aquele filme pavoroso do Krampus de 2013 possuía uma continuação. A cada Natal assisto um filme do Krampus e do nada me peguei assistindo essa continuação, que, apesar de repetir grande parte dos erros do primeiro filme, é levemente superior.
Bom, no primeiro comentei sobre o fato de que o lugar parece uma cidade neonazi pela alta concentração de carecas. Nessa segunda parte melhoraram um pouco nessa questão de maquiagem/cabelo, apesar de que em determinado momento o protagonista decide entrar para a turma dos carecas sem mais nem menos. A trama continua con altos e baixos, sendo prejudicada pelos péssimos diálogos, assim como no primeiro filme.
No primeiro filme comentei que o Krampuera um pouco esquecido pelo roteiro no trecho final. Pois bem, aqui acontece ainda pior, sendo que a subtrama do cara que queria vingar o irmão vira trama principal e no último ato o Krampus é totalmente abandonado. Além disso temos aquele Papai Noel fajuto e a reviravolta sem pé nem cabeça (e um pouco óbvia) com a filha do protagonista. No final, segue o mesmo erro de não saber usar o Krampus como a contraparte punitiva do Papai Noel, focado em crianças, pois aqui pune mais adultos que qualquer coisa. E, não sei se foi por eu ter cochilado, mas no final as crianças ficaram lá, presas, sem conclusão?
Nota: 5.1.
Férias Frustradas de Natal
3.1 120 Assista AgoraTemos aqui um Férias Frustradas que me despertou o interesse por dois motivos. Um foi o fato de que agora seria evitada aquela estrutura episódica dos dois filmes anteriores e o outro foi por ter boas notas na internet. Bom, essas boas notas provavelmente são por causa de nostalgia de sessões natalinas pois o filme não é tão bom quanto o primeiro, apesar de ser melhor que o segundo. O humor é variável, com bons momentos, mas ainda aquém do timming do primeiro filme. As piadas que envolvem os vizinhos yuppies são incrivelmente sem graça (ou talvez tenham tido graça apenas na época, por retratar uma tribo específica daqueles anos). No final apela para o pastelão (correria com o esquilo e exagero intencional em vias de humor na figura do sequestro e retratação do chefe do protagonista).
Nota: 6.8.
A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1
2.8 2,8K Assista AgoraPrimeiro, cabe ressaltar o quanto sem motivos foi a divisão em duas partes. O tanto de subtramas inúteis que esse filme tem (mais do que a parte 2) demonstra que não houve avaliação artística nessa divisão. Sim, o princípio primário é ganhar dinheiro, mas nos casos de Harry Potter, Hobbit, talvez até Jogos Vorazes, a divisão entre dois filmes beneficia a trama, usualmente corrida, trazendo mais desenvolvimento. O que se vê em Amanhecer é que essa divisão escancara o quanto o roteiro é frágil e como os realizadores (diretor, roteirista e autora do livro) estão completamente perdidos na trama.
Até a realização do casamento (acho que lá pelos 20 minutos) absolutamente nada acontece. Um exemplo da inutilidade dessa divisão em duas partes está na trama do Edward, já vampiro, ter matado humanos que eram maus. Não serviu para nada, não chegou em lugar nenhum, nunca mais foi citado...
A parte da lua-de-mel é outro exemplo de que essa divisão em duas partes não foi nem um pouco benéfica, soando longa e repetitiva. Primeiro, Jacob dá O MAIOR SURTO DA HISTÓRIA quando fica sabendo que Edward e Bella vão fazer amor com ela ainda humana, falando que ela vai morrer, etc. Aí Bella e Edward chegam fazem o negócio e a moça sai só com UM MÍSERO hematoma. Tanta expectativa para no final o Edward mal mal machucar ele, super de leve. Vai entender.
Bom, a parte da Bella grávida é uma das melhores da franquia. Aqui, como aconteceu em pouquíssimos momentos da autoproclamada “saga”, temos a construção de alguma emoção, no caso tensão em torno do destino da protagonista, que vai definhando aos poucos em sua gravidez. Inclusive, até a parte técnica é acertada aqui, com efeitos e maquiagem impactantes em relação à magreza da Bella. E, aqui, temos mais uma das diversas mensagens conservadoras que permeia a “saga”. No caso, uma clara mensagem anti-aborto, visto que o Bella se recusa ao procedimento ainda que claramente não vá sobreviver à gravidez, mesmo passando uma dor terrível e definhando a olhos vistos.
Bom, claro, tudo isso gera MAIS UMA VEZ a trama da Bella indefesa, enquanto os Cullen se reúnem com algum aliado improvável, aguardando o ataque dos inimigos (agora são os lobos), que vai acontecer na parte final do filme, algo que já se tornou repetitivo, visto que é o motor de todos os filmes da franquia. Aliás, superforçada a motivação dos lobos em atacar os Cullen. Fora que gerou a pior batalha final da franquia, já que ninguém poderia morrer, se machucar, etc, sendo apenas uma estapeação sem emoção e sem consequências.
Bom, sobre o imprinting, acho melhor deixar para comentar na parte 2.
Em relação aos aspectos técnicos, este daqui voltou ao padrão da franquia. Se a parte 3 era mais bem dirigida, realizada com mais apuro, aqui voltamos aos ares de filme sem orçamento, sem elementos inventivos na direção ou em outros aspectos, sem alma, sem identidade, pasteurizado.
Enfim, filme morno, que padece na decisão de dividir em duas partes uma história que já é carente de substância desde o seu início. Enfim, é sempre difícil decidir qual o pior da franquia, se esse ou Lua Nova, mas vou deixar Lua Nova como o pior.
Nota: 6.4.
Simplesmente Amor
3.5 889 Assista AgoraFilme extremamente good vibes, para mostrar que é filme natalino mesmo. As coisas fluem bem, os personagens são encantadores (um Primeiro Ministro BONZINHO, mais santinho que madre Teresa de Calcutá). Trás lições bonitas enquanto acompanha situações de romance envolvendo diversos personagens que eventualmente se cruzam. Essa questão das histórias se cruzando talvez seja um ponto um pouco irrelevante. Achei as relações tão intrincadas que sequer lembro da maioria delas. Acrescenta uma complexidade inútil ao filme, visto que essas relações na maioria das vezes não vai ter relevância para a narrativa. Enfim, fiz uma análise em separado de cada segmento:
Billy Mack, o cantor.
Talvez o segmento que mais aparece e ao mesmo tempo o que menos tem trama, visto que sua aparição se dá na TV, rádio, etc, como alívio cômico. E realmente funciona nesse aspecto do humor. Mas, confesso que não entendi muito bem se a ideia foi tratar do amor entre amigos ou se o negócio era amor homoafetivo e o roteiro não teve coragem de expor que era isso mesmo. Nota: 9.
O Primeiro Ministro
Esse segmento é divertido pela atuação de Hugh Grant, apesar de gerar um momento extremamente político, em relação aos EUA, e que senti que ficou meio fora do tom do filme, apesar da pertinência e genialidade da crítica. Outra questão é que o Primeiro Ministro é uma pessoa boazinha. Sério, acho que não tem precedente histórico de uma pessoa de coração bom desse jeito ter chegado num cargo máximo de poder em qualquer nação. Presidentes, primeiros ministros, etc, costumam ser ambiciosos. Podem até ter alguns que são honestos, que são boas pessoas, etc, mas não tão bonzinhos como o personagem. Difícil imaginar alguém com aquela índole como Primeiro Ministro. Nota: 8.
O garoto
Esse é o do Liam Neeson. Até começa divertidinho pelas questões de primeiro amor e tals. Mas, acho que o problema foi na escolha da garota por quem o personagem se apaixona. Colocar como interesse dele a popularzinha tida como mais gata da escola tira aquela ideia de primeiro amor, de que ele realmente ama ela ao invés de estar com uma paixonite típica pelo mesmo motivo que todos os outros garotos da sala também estão, afinal é a garota mais popular da escola. Inclusive a conclusão clichê da corrida pelo aeroporto me fez revirar os olhos. Nota: 7.
Os dublês
O plot do Martin Freeman é dos mais simplesinhos mas é eficiente em sua proposta inusitada, arrancando alguns risos, embora se delongue demais. Nota: 7.
O sonhador
Esse é para mim o melhor do filme. A trama em torno do rapaz que acredita que nos EUA vai ter mais sorte com as garotas e vai se afogar de tanto fazer sexo é executada de forma original. Como o amigo do personagem, todos nós estávamos extremamente céticos, certos de que ele não seria bem-sucedido em sua empreitada. A própria trama normalmente caminha nesse sentido, mas, ao contrário, temos uma conclusão inusitada e bem divertida, com a lição de que não devemos desistir de nossos sonhos, mesmo que sejam sexuais ou improváveis. Nota: 9.
O adúltero
O plot do Alan Rickman, que começa até bem, mas que acho que faltou desenvolver uma ou outra questão um pouco mais a fundo. A conclusão ficou um pouco solta. Nota: 7.
A portuguesa
Esse segmento é interessante pela personagem portuguesa e pelas falas em português, mas fora isso entrega uma trama de romance bem lugar-comum, apesar de que é bem executada no geral. Nota: 7.
O talarico.
Caramba, é o cara lá do Walking Dead kkkkkk. Esse segmento eu realmente não entendi. Qual a lição? De todo modo, o Rick levou o troco da talaricagem quando o Shane pegou a esposa dele. Nota: 7.
Por fim tem também o do Rodrigo Santoro, mas esse achei bem esquecível, quase irrelevante. Lembro tão pouco que arrisco dizer que poderia até ter sido cortado. Nota: 7.
Em suma, filme good vibes para o Natal, com um humor que funciona, personagens bonzinhos e romances fofos, permeado por um excelente elenco, enquanto analisa o amor em suas mais diversas formas, o primeiro amor, o início de o casamento, o fim de outro, o desgaste de outro, o lado sexual, etc.
Nota: 8.1.
Laços Eternos
3.2 2Se discordei com o fato de Um Sonho Desfeito ser o filme da Deanna com menor nota no IMDB, tenho que concordar com a nota baixa desse daqui, que é o segundo com a menor nota naquele site. De memória, aliás, acho que é o pior filme protagonizado pela atriz. E vários são os motivos.
Não vou reclamar do fato de ser um filme de guerra. O contexto da época exigia isso e é até interessante de assistir sob a perspectiva atual. A ideia de ser uma continuação, fechando a trilogia de 3 Pequenas do Barulho também é interessante, pegando Penny, uma personificação da inocência da década anterior (dominada por atrizes e atores mirins, como a própria Deanna, Shirley Temple, etc) e colocá-la, agora adulta, em um contexto mais sério, de guerra.
Na verdade, os dois principais problemas são a ausência das outras irmãs (mal são citadas) e o casal protagonista. Arrisco dizer, aliás, que foi o pior par romântico de Deanna. E o problema nem é o ator, ele até se esforça. A questão é que o relacionamento dos dois já começa ruim, com um beijo roubado do absoluto nada, ou aquela frase que contraria o "não é não". E a Penny, que estava totalmente desinteressada, apaixona pelo traste "porque sim". Mas, não só isso, faltou química. Parece que o ator do Bill, tentando se esforçar no dilema do protagonista, que ama a aviação e receia se apaixonar ou fazer alguém se apaixonar por ele e depois sofrer caso ele morra, acaba não se entregando ao par romântico e quebrando a química entre os dois. Bill é mal escrito, confuso, mal trabalhado e o dilema do casal protagonista não ser tão bem construído prejudica muito o filme e seu arco dramático.
Já sobre a ausência das irmãs, realmente seria mais interessante vê-las trabalhando na fábrica de aviões, ou mesmo uma delas sendo a personagem que perde o marido na guerra. Pelo menos os pais de Penny retornam e até aparecem bem, embora estejam naquela cena bizarra que exibem filmes da Deanna como se fossem gravações caseiras. Se são gravações caseiras quem raios filmou aquilo?
Bom, de bastante positivo, além da sempre boa presença de Deanna, temos um humor muito bem executado e que tira algumas risadas, principlamente envolvendo o pai de Penny.
Aliás, não sei porque Beguin the Beguine concorreu ao Oscar. Deanna cantou várias músicas mais marcantes ao longo de seus outros filmes.
Nota: 6.7.
Cassino
4.2 651 Assista AgoraSério, continuo sem entender o que Scorsese tem de tão extraordinário. Sim, costumo dar 4 estrelas para o filme dele, mas porque são bons filmes. Mas raramente assisto algo dele que considero realmente excelente. Talvez só Taxi Driver. E, o que dizer de Cassino, que é uma produção com Scorsese em total zona de conforto, como comentaram abaixo¿
Sim, o cara que falou que Marvel não é cinema nos entrega um filme totalmente encaixado no formulaico de suas outras produções baseadas em fatos, com todos os clichês e repetecos do modo do diretor de fazer cinema. Protagonista começa por baixo, tem algum talento que o faz se destacar, eventualmente se envolve com criminosos (a máfia, no geral), enquanto se apaixona por uma bela loura, resistente a ele no início, se casam, o casamento é meio tratado à parte, o tempo vai passando, surgem filhos que são quase figurantes, mal são citados mas aparecem casualmente em algumas cenas como para mostrar alguma vida comum do protagonista mas que não é o foco, aparecem problemas conjugais, o casal se separa, a polícia finalmente aperta o cerco, o protagonista é pego e termina decadente, mas ainda com alguma glória ou perspectiva. Filmes como Touro Indomável e Bons Companheiros. Aliás, não fosse a presença de Ray Liotta no filme de 1990, eu diria que Cassino e Bons Companheiros foram gravados juntos, tal a semelhança de roteiro, direção, fotografia, papéis dos atores, etc. É quase como se pegassem Robert DeNiro e Joe Pesci, eles gravassem a cena de bons companheiros, alguém rodasse o cenário atrás mudando para o do Cassino, trocassem o figurino deles e gravassem agora Cassino. Em essência são o mesmo filme, só muda o cenário e a época que se passa. Inclusive, minhas reclamações com Cassino são praticamente as mesmas.
Escrevi em Bons Companheiros que “uma narração incessante, enquanto o filme segue o mesmo tom monocórdico, expositivo e linear até o seu fim.” Mesmíssima reclamação aqui, é quase como se Scorsese, ansioso por expor a fantástica narrativa dos acontecimentos reais, acaba por suprimir a estrutura cinematográfica em prol de nos contar a história que aconteceu na vida real. Totalmente expositivo, principalmente nos primeiros 20 minutos, de um jeito que beira o ridículo, quase documental, o tipo de coisa que a crítica cai em cima quando é um filme blockbuster ou de terror, por exemplo.
Também comentei que “a cena inicial nos deixa curiosos por algo que nem vai ser tão relevante assim”. Curiosamente o mesmo acontece em Cassino, apesar de que a cena da explosão do carro é muito bem filmada, mesmo que a presença da narração que eu já reclamei. Falando em narração, é cabível citar, por exemplo, a narração que surge do absoluto nada em “Oito Odiados”. É um exemplo do tipo de ousadia, criatividade e inventividade que não vejo na maioria dos filmes de Scorsese. São filmes bem dirigidos no geral e só.
Aqui, apesar disso, não senti aquilo que costumo sentir nos filmes do diretor, que ele demora demais para estabelecer a narrativa, quais vão ser os conflitos, etc. Apesar da introdução longa, de cara já somos apresentados a vários dos elementos do filme.
Nosso protagonista, aliás, é uma concha vazia. Não é explorado, exposto, apenas existe. E, mais uma vez, o caso do personagem poderoso que consegue convencer uma dama indomável e bela a se casar com ele, gerando problemas no casamento, mais um Scorsese típico.
No final, as únicas coisas interessantes são ser baseado em fatos e a violência brutal que ora pula na tela de forma crua e sem avisos.
Nota: 7.2.
Questão de Tempo
4.3 4,0K Assista AgoraQuestão de Tempo é temática e conceitualmente interessante. O gênero em si é o romance, mas, possui um toque de fantasia quando dota ao nosso típico protagonista do gênero o poder de viajar no tempo. Sim, o personagem principal possui tal notável habilidade e a usa para poder conseguir uma namorada e eventual esposa. Milhões são as possibilidades que o poder de viajar no tempo pode desencadear, e usar tal poder com o propósito do filme soa estranho. É quase como se, na verdade, o artifício da viagem no tempo fosse algo inorgânico, mero artifício de roteiro.
Como se o roteirista do filme estivesse escrevendo um típico filme de romance e começasse a brincar com possibilidades distintas de prosseguir a trama e quisesse colocar isso no filme. O poder de viajar no tempo do protagonista não soa como algo real na trama, e sim como um exercício narrativo de estilo, explorando possibilidades roteirísticas e as usando como forma de brincar com os caminhos narrativos, com as escolhas do protagonista, com suas consequências ou como nem sempre é possível mudar as coisas, usando, assim, o artifício da viagem no tempo também para passar lições e ensinamentos ao público.
Sim, não há nada de depreciativo nesta forma de usar a viagem no tempo. Ademais, se começarmos a pensar muito no poder do protagonista, fadados estamos a entrar numa espiral de questionamentos e paradoxos e, como romance com pitada de fantástico (e não de ficção científica) é claro que este não é o objetivo do filme. Reparemos, por exemplo, na questão da irmã do protagonista, aquela que é a mais em termos de dinâmica de viajem temporal. Ele muda e depois “desmuda”, mas não temos garantias de que depois de “desmudar” tudo voltaria ao mesmo eixo. Ou a forma como ele simplesmente a leva ao passado sendo que em nenhum momento foi estabelecido que existisse essa possibilidade.
Mas, como eu disse, a viagem no tempo é um artifício narrativo para brincar e modelar possibilidades do roteiro, não sendo uma temática da trama a ser discutida (o tempo, em si, é o que é discutido pelo filme, e não a habilidade de viajar por ele). E isso é positivo pela forma inusitada e leve com que um poder fantástico é tratado. Pois ser leve é o principal objetivo do filme. Seu humor, sua condução, seu tom são leves. Os personagens também são quase todos (com exceção do namorado da Katherine) leves, altruístas, tranquilos, gentis. O que é ótimo, evitando um clichê do drama ou dos romances que pendem mais para o drama, em que o protagonista discute com a esposa-namorada, discute com seu pai, com sua mãe, etc. Aqui, pelo contrário, não possui desentendimento como motor narrativo (um clichê que é pouco apontado, pois, aparentemente, só quando filmes de terror são clichês é que as pessoas notam), mesmo em relação à Mary e sua sogra, que faz alguns comentários sarcásticos sobre ela.
Claro, alguns clichês não são evitados, mas, como sempre digo, a depender da execução, dos motivos que tal clichê foi colocado, ou de todo o resto do roteiro e a quantidade de outros clichês, é sempre possível relevar alguns clichês, por pior que sejam. Sempre reclamo, por exemplo, dos filmes com pegada mais dramática SEMPRE
usarem a morte de um personagem querido (geralmente uma figura paterna e geralmente de câncer) como motor narrativo para o clímax, e o mesmo acontece aqui, mas, devido a todo o resto da obra e a forma como esse clímax clichê foi executado,
Por fim, tocante e marcante foi a conclusão, o ensinamento que nosso protagonista tirou disso tudo. E, embora não tenhamos o poder de viajar no tempo e presenciar, na prática, esse ensinamento, podemos nos permitir exercitar as possibilidades, sonhar com as conduções diferentes que nossa vida, com o que teríamos feito diferente se pudéssemos viajar no tempo. Um exercício puramente mental, não executável na prática, claro, e que demonstra que o ensinamento final do filme é puramente perfeito. Valorizar os momentos do agora, retê-los na memória, sem necessidade de mudá-los ou desejar efusivamente de que fossem de outra forma.. pois, quando tratamos sobre o tempo, é o presente o que temos de palpável.
Nota: 8.6.
Medo em Cherry Falls
2.3 194Ótimo exemplas dos new slashers. Brittany Murphy fez muito bem o papel de final girl, embora, claro, ainda acho Jennifer Love Hewitt e Neve Campbell como as melhores final girls dos new slashers.
Mas, apesar disso, a personagem dela possui alguns problemas, principalmente na construção caótica do relacionamento dela com o namorado. Mas, de resto, é um bom filme em seu subgênero. A questão da virgindade, que dá o tom do filme, é engraçada e bem explorada (talvez uma espécia de mistura com dois subgêneros adolescentes populares na época, o new slasher e o besteirol American Pie), embora em alguns momentos extrapole na frieza dos adolescentes em frente à morte de seus colegas.
Aparentemente os produtores também ouviram a principal reclamação sobre os new slashers da época e este daqui é mais sangrento. A reviravolta final também é boa, mas acho que faltou algo, não sei bem o quê, para que ela fosse mais impactante, talvez algo na montagem ou na direção, porque no papel a ideia é até boa.
Nota: 8.4.
Férias Frustradas II
3.2 111 Assista AgoraAh sim, uma diretora mulher. Que bom. Não teremos piadas machistas e... e o filme já começa com uma piada bizarra entre a filha e o apresentador de TV.
Enfim, o primeiro é bem superior, tem mais consistência e piadas melhores. Esse daqui me deixou meio frustrado (perdão pelo trocadilho). Tinha uma imensa possibilidade de piadas com outros países (possivelmente estereotipadas) e mesmo assim, na maior parte do tempo, não consegue criatividade suficiente para pensar em boas tiradas com esse tema.
Além disso, a trama é muito episódica. Não tenho, em princípio, problema com isso, afinal, é um road movie, mas nesse filme daquele ficou muito excessivo, quase como se fosses sketchs atrás de sketchs, a ponto de terem que incluir apressadamente um antagonista para gerar o clímax. A única coisa que fica frequente durante o filme é a obsessão da filha com o garoto, algo insuportável.
Nota: 6.7.
Abismo do Medo 2
2.9 546 Assista AgoraConsidero quase no mesmo nível do primeiro, mas o motivo é mais pelo fato de eu não gostar tanto assim do primeiro do que por esse daqui ser um bom filme.
O roteiro é um caos em seu início, com o tratamento da persongem Sarah sendo tenebroso. Toda a situação em relação à entrada dela na caverna, dos outros personagens e como a coisa desandou é forçada ao extremo. Até entrega uma boa tensão e claustrofobia em alguns momentos, além de trazer continuidade com o primeiro filme, nos trazendo de volta a algumas localidades (como o despenhadeiro), apesar de que o retorno de determinado personagem foi bem forçado, como quase tudo nesse filme. Mas, ainda assim, consigo achar a experiência de assisti-lo minimamente divertida.
Nota: 6.7.
Nascido Para Matar
4.3 1,1K Assista AgoraO primeiro ato é a melhor parte do filme. A forma como Kubrick conduz o filme de uma forma fora do padrão nesse trecho inicial é curiosíssima. As cenas resumidas em treinamento e humilhação vão sendo construídas quase se diálogo ou interação entre os recrutas, sendo resumida com os xingamentos do sargento e treino físico e, migalha através de migalha, a história vai sendo construída e desenvolvida.
O personagem de Vincent D’Onofrio e a atuação dele são excelentes, culminando numa conclusão muito bem dirigida por Kubrick. E, talvez, esse seja o maior problema do filme. Confesso que evitei qualquer informação sobre a produção, mas, enquanto assistia, acreditei que ficaríamos apenas nas cenas de recrutamento, ainda mais considerando que elas tomam um grande tempo da projeção e são a melhor parte do filme, como fica evidenciado aqui nos comentários do Filmow, em que quase todo mundo falou isso.
E aí vem meu problema com esse filme. Se o foco não são as cenas iniciais, se vão haver também cenas de guerra no Vietnã, por qual motivo focar tanto da projeção no recrutamento¿ Acaba criando uma obra pouco coesa, como se tivéssemos dois trechos muito bons, mas curtos, e os costurássemos para gerar um filme, mesmo que esses dois trechos não possuam muita relação entre si. E essa ausência de reflexos, de consequências entre os dois trechos do filme acaba enfraquecendo um pouco a narrativa. Tanto é que a conclusão do filme me pareceu solta, desconexa, quase como se precisássemos de algum discurso para dar azo ao final, abrindo um encerramento de um filme que não sabia como se fechar, tanto é que me surpreendi com o fato de se a conclusão. Achei que teria mais filme depois.
Sim, a cena de guerra no final é boa e bem montada. De primeira, achei a revelação um pouco inútil, como se para causar um impacto de clímax, mas, repensando, ela existe para refletir sobre como o poderio militar, o treinamento cruel, a lógica não estão intimamente ligados aos louros da guerra, tanto é que o próprio EUA não conseguiu vencer o Vietnã.
Outra “decepção”, bem entre aspas mesmo, foi a figura do sargento. Sempre aparece em memes, ou em exemplos de personagens intragáveis, mas, tenho que confessar, em nenhum momento senti realmente raiva da figura dele. Certo, ele é abusivo, xinga, rebaixa, mas, além do exagero nos xingamentos quase gerar um efeito de humor pelo absurdo, vamos analisar bem. Em nenhum momento ele cometeu injustiças, e personagens injustos realmente são os que dão raiva. Comparem com uma Umbridge, um Snape, os militares de Dia dos Mortos, com seus tratamentos diferenciados e vão entender o que eu estou falando. Ou mesmo as figuras de Glória Feita de Sangue, filme que te faz passar muito mais raiva. O Sgt. Hartman em nenhum momento agiu fora das diretrizes militares à época, pelo menos do que me lembro.
Nota: 8.3.
Louca por Música
4.0 1Esse é o segundo filme da Deanna com maior nota no IMDB. Achei justo (considero melhor que Raio de Sol, aliás), pois realmente é um filme leve e divertido (apesar de se uma das raríssimas vezes que chorei assistindo um filme), com situações bem engraçadas. Claro, durante grande parte do filme você se questiona o motivo de torcer pela protagonista, afinal ela é uma mentirosa compulsiva e o artifício do roteiro para que não a julguemos é que, vejam só, ela cruza os dedos quando mente.
Bom, as músicas são ótimas, Deanna carrega bem o protagonismo, o personagem do "pai" dela é um personagem ótimo também. Só achei que faltou amarrar melhor as duas tramas, sendo a trama da mãe atriz e a trama do falso pai. No último ato o filme parece que "mata" a questão do falso pai e foca só na mãe, sem entrelaçar bem as duas situações e terminando meio abruptamente. Aliás, é bem bizarro esse conceito de que a mãe da protagonista não podia revelar a filha para evitar julgamentos. De certo modo, não é o agente o vilão do filme, e sim a sociedade que, ora vejam, julgaria e "cancelaria" a mãe da protagonista (sim, cancelamento está longe de ser algo de nossos dias).
Nota: 9.6.
O Assassino
3.3 515A prova de que o cinema NÃO É matemática. Ficou demonstrado que a arte não pode ser executada de modo estritamente racional, do contrário, pois aqui temos uma obra-prima do apuro técnico, mas que é ineficaz em despertar emoções, entretenimento, etc.
O que Fincher faz em O Assassino é um absurdo em matéria de direção. Cada cena, cada condução, tudo é milimetricamente posto no seu lugar, calculado para servirem e executarem os propósitos narrativos. E, mesmo sendo provavelmente o melhor trabalho de direção de Fincher, considero como um de seus piores filmes (o que não significa que seja ruim). Apesar de ser muito bem dirigido, não empolga como outros filmes do diretor. A trama é um tanto óbvia, seguindo o mesmo mote dos filmes de vingança, como Kill Bill, em praticamente todos os seus pormenores. Outro problema é no fato de acompanharmos apenas o protagonista, um personagem que é meio que um vilão. Durante toda a narrativa acompanhamos o assassino de aluguel solitário, o que acaba por transformar o filme em uma obra repleta de narração interminável e, na maior parte do tempo, vazia.
Bom, se essa narração ainda tivesse coisas interessantes para dizer... mas, na maior parte do tempo, os dizeres da narração do protagonista se esvaem de nossa mente em segundos e já nem somos capazes de lembrar o que foi dito (ou vai me dizer que você lembra qual foi o conteúdo ou ensinamento da fala final do filme?). E, para um filme extremamente focado na narração, isso é um tremendo problema.
Curiosamente, achei que o filme de Fincher que mais se assemelha a este é A Rede Social. O filme focado no Facebook tem uma edição impecável, fluida, numa constância de ritmo quase monocórdica, sem grandes altos e baixos na trama. Aqui temos algo muito semelhante, inclusive na ausência de clímax, ausência esta que já seria estranha, mas fica mais estranha ainda quando, mesmo ausente esse elemento primordial da narrativa convencional, sequer sentimos falta dele, o que também acontece em A Rede Social. Além do ritmo narrativo parecido, também temos o conjunto de protagonistas com moral duvidosa. A diferença maior é que O Assassino é focado unicamente no personagem que é assassino de aluguel, enquanto A Rede Social fluía entre alguns outros personagens.
No fim, o filme acerta muito bem em quase tudo, exceto em sua narrativa óbvia e pouco emotiva. Talvez a melhor parte em relação à narrativa seja mesmo o contraste dentro da mente do protagonista. O mesmo clama o tempo todo suas regras. Afirma estar focado na perfeição milimétrica e lógica... ao mesmo tempo se embrenha em uma empreitada de vingança irracional.
Nota: 7.9.
Estrada Perdida
4.1 469 Assista AgoraNão há como negar, Lych sabe criar atmosfera e é um pecado imenso que ele não tenha dirigido algum filme essencialmente de terror, apesar desse gênero estar constante em alguns elementos de seus filme.
A atmosfera da primeira metade é sufocante. A narrativa banal do casal com problemas de traição é contada de tal forma que o clichê acaba por ser suprimido pela condução de Lynch. E, quando a trama dá sua primeira guinada rumo à estranheza típica do diretor e passamos a acompanhar outro personagem, fica parecendo que estamos montando um quebra-cabeça sem saber qual vai ser a figura que vamos formar.
Bom, eu achei que, depois que resolvemos sobre o que o filme se trata, ele perde um pouco de seu encanto. Quando sabemos a resposta fica uma sensação de "era só isso então?".
Os dois personagens são a mesma pessoa, sendo que o Pete foi uma criação do protagonista para suportar o tempo que passou no corredor da morte. Pete tem uma vida boa em que os pecados do protagonista são explorados, embora em alguns momentos a realidade aparece para deiaxr tudo turbulento. Por fim, o último ato aconteceu cronologicamente antes da prisão do protagonista, quando ele assassinou aqueles que estavam envolvidos com sua esposa e com a gravação de filmes eróticos envolvendo ela. As duas versões dela na foto, acredito, é uma representação da versão casada dela e a outra da versão que traía (ou seja "duas caras"). Só não sei o que o "homem misterioso" simboliza. O ciúme, talvez? Ele fala que estava na casa do protagonista, era a desconfiança que abraçava o casal. Além dele ser o responsável por guiar o protagonista enquanto ele mata os envolvidos no affair de sua esposa
Enfim, essência de Lynch.
Nota: 8.6.
V/H/S/2
3.1 443Em meu comentário no V/H/S 1 falei que o principal problema era a falta de propostas interessantes para a maioria dos curtas da antalogia e a ausência do estilo V/H/S nas gravações. Bom, nesse segundo a questão das premissas é corrigida, buscando curtas em que a proposta é inovar na questão das gravações, assim, temos um com múltiplas câmeras, outro de câmera no olho, câmera no zumbi, câmera no cachorro, etc.
1º Curta: Phase I Clinical Trials.
O do olho. A premissa é boa, incluindo a questão das falhas no olho como fantasmas, ou o fato de ter que evitar dar atenção aos espíritos como forma de evitar ataques. Entretanto, é nessa última questão que o curta falha, pois insere essa proposta e em nenhum momento ela é usada. A mulher surda, por exemplo, é atacada sem mais nem menos e o protagonista em nenhum momento tenta fingir que os fantasmas não estão lá. Nota: 7.
2º Curta: A Ride In The Park.
A premissa é interessante e com certeza agrada aos fãs de zumbis, ainda mais que found footage de zumbis não é algo muito usado (ninguém vai ficar filmando durante um apocalipse zumbi). Zero roteiro, sendo mais uma experiência de imersão mesmo, mas com bom gore. Ligeiramente melhor que o primeiro curta. Nota: 7.
3º Curta: Safe Haven.
Consensualmente o melhor curta do segundo filme. Várias câmeras dão um tom mais cinematográfico, com ações paralelas. A situação que vai ficando gradualmente pior, a ambientação, o gore e o tema da seita são ótimos e intrigantes. Só não entendi o final.
O demônio foi gerado, então agora estamos no apocalipse. Como então a moça do curta que liga as histórias assistiu a fita se o mundo vai acabar? O mesmo vale para o curta dos zumbis
4º Curta: Slumber Party Alien Abduction.
É o segundo melhor desse segundo filme. Apesar da gravação caótica, chacoalhante, quase impossível de se acompanhar em alguns momentos, esse caos parece ser pelo propósito de soar condizente com a situação retratada. Entretanto, achei que faltou alguma surpresa ou reviravolta que compensasse a falta de trama. Nota: 7.
Curta de ligação:
O curta que liga as tramas é o segundo pior do filme, quase no mesmo nível do curta do olho. É um grande nada com uma conclusão boazinha, servindo apenas para ligar as fitas. Nota: 7.
No final, acaba sendo ligeiramente melhor que o primeiro filme, por possuir histórias com premissas mais interessantes, embora a maioria delas peque na condução ou conclusão.
Nota: 7.4.
A Proposta
3.5 2,1K Assista AgoraApesar das atuações meio travadas do casal principal, eles até funcionam pois o roteiro consegue colocar química entre os dois (nunca eu ia lembrar que o Ryan Reynolds já foi galã de comédia romântica). As piadas são divertidas, a trama não é nenhum primor mas possui originalidade suficiente para funcionar, bem como a maioria do filme funciona bem em suas propostas. Achei só que deslizou um pouco no último ato, na forma pastelão de resolver as coisas, de gerar os acontecimentos, e os demais clichês, mas não é um escorregão suficiente para estragar o filme. Os diálogos que constroem o romance entre os protagonistas são bons, sem apelarem, e os coadjuvantes são divertidos o suficiente. A comédia acaba sendo a melhor parte no fim.
Nota: 8.3.
Chinatown
4.1 635 Assista AgoraChinatown tem um roteiro tão bom que foi premiado com o Oscar. Geralmente a Academia erra, mas aqui era impossível cometer algum deslize, pois o roteiro do filme é bem construído, parecendo até uma adaptação ao invés de um roteiro original. Consegue amarram bem as duas tramas de mistério paralelas, embora, para mim, falte aqui um fator instigador. Quando estou diante de uma trama de mistério, quero ser instigado para a resolução do mesmo, mas aqui na maior parte do tempo o filme não empolga nessa questão, não atiça a curiosidade. Tudo está no lugar, roteiro perfeitinho e redondo mas sem esse fator, sendo a direçao também responsável por essa questão.
Acho que apenas a personagem da Faye Dunaway que me intrigava no filme, ela fica a trama toda passando uma sensação de estar escondendo algo. Sobre o final,
ainda não consegui, digamos, entrar em um consenso comigo mesmo sobre qual seria melhor. O roteiro original propunha um final feliz, e tem muito mais sentido em relação a toda a luta do protagonista em resolver o mistério. Por outro lado, o final que foi gravado marca muito mais, mexe muito mais com nossas sensações
Nota: 8.5.
Halloween: A Lenda de Jack
1.2 32 Assista AgoraAcho que o principal problema do filme é se levar MUITO a sério. Não estou pedindo que todo filme de baixo orçamento abrace o humor (in)voluntário como válvula de escape para tornar o baixo orçamento mais palatável. O problema é que esse filme aqui se leva a sério até demais, aponto de parecer que os diretores estão realmente achando que a produção é o supra sumo do cinema. O filme até tenta, tem boas ideias e a diração e demais meios da produção até são acertados considerando o orçamento (com a ressalva de se levar a sério demais). Acho que o problema maior foi a sequência final, que abraçou um festim de violência que fugiu do tom e proposta incial.
Nota: 6.4.
Pânico
3.6 1,6K Assista AgoraPânico é genial já em sua cena de abertura. Drew Barrymore, potencial protagonista (atriz de nome e estava na capa do filme)
é brutalmente morta já na cena inicial
Wes Craven já tinha sido responsável por renovar o slasher em A Hora do Pesadelo, mas, aqui, ele foi além e foi responsável por ressuscitar o sub-gênero em uma nova roupagem, fazendo de Pânico o primeiro filme de um sub-sub-gênero, os new slashers, uma categoria dentro dos slashers. E, por isso, Pânico foi polêmico desde seu lançamento, sendo aplaudido pelo público mais jovem e rechaçado por vários dos públicos mais velhos e saudosistas com os slashers oitentistas. Atualmente, essa polêmica ficou no passado, ainda mais que a geração noventista cresceu apreciando os new slashers, que, sinceramente, não devem em nada aos slashers oitentistas ou aos proto-slashers.
A maioria dos motivos da reclamação dos saudosistas não tem muito lastro de sentido. A reclamação em torno dos assassinos humanos, mascarados, e do longo discurso de revelação do assassino no trecho final parece esquecer que o primeiro Sexta-Feira 13 não é sobre Jason, e sim sobre Pamela. Os slashers ointentistas de primeira geração (seria um sub-sub-sub-gênero?), excetuando Halloween, possuem humanos como assassinos e foi apenas com A Hora do Pesadelo (do próprio Wes Craven) que os assassinos sobrenaturais passaram a ser padrão, no que iniciou os slashers oitentistas de segunda geração. Então, essa reclamação não parece ter muito sentido.
Outra reclamação comum era sobre as final girls. Diziam serem sem sal, esquecíveis, de pouco personalidade. Pois bem, alguém lembra o nome de uma mísera final girl da franquia Sexta-feira 13? Ou de Trem do Terror? Certo, temos Nancy, Laurie (e qualquer outra que Jamie Lee Curtis interpretou) e são usualmente citadas (ou eram) pelos saudosistas, mas desafie a citarem alguma além dessas 2. Pois é. Os personagens dos slashers, não importa a época, são adolescentes em sua maioria vazios, cuja morte não podemos nos importar (exceto da final girl). E temos Sidney Prescott no mesmo patamar das final girls clássicas, doa a quem doer.
Outra reclamação usual é o fato de que o gore nos new slashers é zero. Aqui a reclamação procede em partes. Sim, os filmes são menos violentos para evitar a classificação indicativa, que era mais pesada na época dos new slashers. Entretanto, grande parte dos slashers oitentistas também sofriam pesados cortes nas versões que saiam em VHS e muitas vezes o gore mais pesado se perdia ou era diminuído. Mas, reconheço que a maioria dos new slashers e bem pobre nas mortes, seja na criatividade, seja no gore. Entretanto, Pânico se sai até bem nessa questão, pois tem bastante sangue e as mortes da cena inicial são bem gráficas.
Aliás, se Pânico, então, realmente possuía as características dos slashers clássicos, o que fez dele o percursor de um sub-sub-gênero diferente? Pois bem, a principal questão aqui foi a metalinguagem. Pânico é um new slasher que conversa sobre os new slashers, numa genial tentativa de explorar um sub-gênero que é pautado exatamente no mais do mesmo e no clichê, no óbvio, na expectativa de que aquilo que você espera que vá acontecer realmente acontece no momento que você espera que vai acontecer. Talvez por isso os saudosistas não gostaram tanto assim, pois viram escancarado que os filmes que idolatraram em sua infância ou adolescência não eram tão geniais assim. A metalinguagem, aliás, seria a base de vários dos new slashers, embora nunca da forma explicita que Pânico fez.
E Pânico vai se conduzindo muito bem nessa brincadeira de expectativa,
com ótimos diálogos e condução de alguém que sabe o que o público vai pensar de cada cena e quebra a expectativa do público EXATAMENTE por não quebrar com a expectativa do público. Detalhe para o assassino. Embora haja a quebra de expectativa por serem dois (algo que acho que foi a primeira vez que aconteceu em um filme do sub-gênero), desde o início parece ser claro que o namorado da protagonista é o culpado, algo apontado inclusive pelo especialista em terror e, exatamente por isso, duvidamos que ele realmente o seja, o que torna mais interessante ainda quando é revelado que ele, de fato, é o assassino
Os personagens adolescentes são aquelas conchas vazias e clichês do gênero, mas temos aqui a adição de dois personagens adultos, o que torna mais interessante e ajuda a fugir um pouco do padrão de perseguição a apenas adolescentes. O primeiro e segundo ato são mais divertidos e com algumas perseguições, mas são apenas uma construção para o longo terceiro ato, talvez um dos maiores do sub-gênero, em que temos a cena em que os personagens morrem um a um. Talvez Pânico tenha o melhor terceiro ato dos slashers, bem conduzido e a todo momento instigando que será o culpado, além das várias reviravoltas. Eu sempre esqueço também de toda a trama envolvendo a mãe de Sidney, que não é ruim e é necessária ao roteiro, mas acaba não sendo o principal chamariz do filme.
No final, Pânico prevalece como o melhor new slasher e um dos melhores slashers de forma geral, tendo na ótima condução de Wes Craven e no ótimo roteiro de Kevin Williamson um dos pilares do terror do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, abrindo espaço para várias outras produções protagonizadas por adolescentes, e conseguindo ser engraçado em sua metalinguagem, sem deixar de se levar suficientemente a sério, um equilíbrio difícil de atingir e que, por sorte, tem sido mantido ao longo dos demais filmes da franquia.
Por fim, curiosíssimo esse conceito iniciado por Pânico, em que passamos a perdoar os clichês no momento em que o roteiro os aponta. Não é como os clichês não estivessem lá, estão, e, apenas apontar a existência deles nos faz perdoar que lá estejam. É engraçado como isso funciona.
Nota: 9.8.
Bring the Soul: The Movie
4.4 11 Assista AgoraEmbora não seja um conhecedor da discografia da banda, dos grupos de K-pop BTS sempre foi o que eu mais simpatizei, incluindo também grupos de boys band. E nesse documentário consigo ver um dos motivos. Vejo no grupo um conjunto de membros que realmente se entrega e se indentifica com a profissão que escolheram. Enquanto muitos músicos parecem sucumbir ao sucesso e se tornam pestes insuportáveis ("cof" "cof" Justin Bieber "cof" "cof") o BTS veste os louvores de sua profissão. E, é legal ver como Beatles (minha banda preferida) parece ter influência no modo como bandas se comportam (produção de documentário, shows em estágios fãs enlouquecidas, humor de backstage, etc) até nos dias atuais e do outro lado do mundo. Está faltando avaliarmos o nível de atuação do BTS, que tal um filme no estilo Help? kkkkkk.
Enfim, em matéria de produção, edição e demais quesitos técnicos do gênero documentário, o filme não entrega nada inovador ou diferente, fazendo o básico e cumprindo seu propósito de documentário de backstage. O monólogo no fim foi realmente bom, aliás.
Nota: 7.3.
Dia dos Mortos
3.7 305 Assista AgoraDia dos Mortos mantêm o tom do George Romero de usar o artifício do mundo apocalíptico para expôr seus pensamentos políticos. Se A Noite dos Mortos-Vivos já possuia pesadas críticas (incluindo um, acredito que inédito, protagonista negro em um filme de terror) e o segundo filme, Despertar dos Mortos, abordava a questão do consumismo, este terceiro filme escancara mais ainda as questões políticas.
Acho que considero inferior aos dois primeiros por soar mais comedido que o segundo. Começamos com A Noite dos Mortos-Vivos como um filme mais simples (por questões orçamentárias), e então tivemos em Despertar dos Mortos um filme bem mais megalomaníaco para, então, termos um terceiro filme de ambiente limitado e com poucos personagens, ao in´ves de um encerramento de trilogia mais grandioso.
De toda forma, a crítica aqui é bem interessante. Parece um degladiação entre a forma de se conduzir a sociedade, de um lado militares, brutos, diretos, preto no branco, impetuosos e imediatistas. Do outro temos os cientistas que também são de certa forma criticados, embora possuam nuances por serem o lado, digamos, "do bem". Embora com boas intenções, se perdem na ausência de pragmatismo, de uma visão efetiva da condução científica, perdidos em um mundo de fórmulas que os afasta da realidade e até da sensibilidade (o uso dos corpos dos soldados para experimentos). Temos também o piloto e seu parceiro, que soam como os isentões, que não assume os lados. Temos também um militar mais bonzinho, latino, que tenta espantar um pouco essa ideia de todos os militares serem maus.
Assim, quem seriam Bub e os demais zumbis? A população? A população que é aos poucos acordada pela ciência, que esclareceria a posição dos zumbis, ou população, os fazendo perceber a força que possuem, os fazendo sair desse lado zumbístico e coordenarem uma revolução que depõe os dois poderes, ciência e militar, dos quais nenhum parece realmente se importar com a população, presos em seu próprio ego? Estou viajando demais ou George Romero realmente extrapola sua visão política nesse filme?
Enfim, os efeitos continuam ótimos, as cenas de zumbis também são excelentes, como no filme anterior, com boa maquiagem, demonstrando que apesar do forte apelo político, esse filme tem tudo aquilo que um filme de zumbi precisa e, no momento que temos ataques dessas criaturas, o filme, que já valia a pena, engrena ainda mais.
Nota: 8.3.
A Noite das Bruxas
3.2 188Sou fã dos livros de Agatha Christie, mas acompanhei bem pouco dos filmes de Hercule Poirot. Inclusive, não estava nem sabendo do lançamento deste, "caí de para-quedas" no cinema e do nada assisti, sem sequer ter visto os dois filmes anteriores, então não tenho muita base de comparação. Também não tinha lido o livro no qual se baseou.
Pois bem, gostei da forma como o filme se conduziu, se difarçando de filme de terror e pegando totalmente o tom dos filmes desse gênero, numa (curiosamente) rara mistura entre filme de mistério/detive e filme de terror. A condução é legal, o suspense é bom, as reviravoltas são boas, as atuações também. Enfim, é um ótimo filme. Manteve minha sina de sacar quem é o culpado uns 5 a 10 minutos antes da revelação. Sempre passo perto de descobrir com mais antecedência.
Nota: 8.3.
A Saga Crepúsculo: Eclipse
2.7 2,5K Assista AgoraBem superior ao segundo filme, e ligeiramente inferior ao primeiro na minha opinião. Aqui, pela primeira vez, chamaram um diretor de cinema de verdade, algo que já se nota logo nos takes inciais, onde se busca uma construção da cena, escolha de ângulos, posicionamento dos atores, etc. Claro, não é um primor de direção, mas já é uma melhora significativa nesse aspecto, mesmo que sejam algumas decisões óbvias (como o take óbvio em que Jacob fica entre Bella e Edward). Decidiram por chamar um diretor com experiência no terror, para tentar uma pegada fugindo do romance dramático dos anteriores, tentando deixar o filme menos moroso e com mais ação entre as criaturas do terror.
Bom, Eclipse para mim é um filme que se delonga demais em um tema inútil e poderia ser suprimido. A questão do triângulo amoroso já está resolvida. Bella quer ficar com Edward e ponto. Claro, até tem uma discussão interessante que Jacob seria muito mais benéfico para Bella, que Edward, se amasse ela, deveria deixar ela ir pois não pode dar uma vida normal para ela, etc. Mas a garota está resoluta, decidida que ama mais Edward, qual o sentido desse plot de triângulo? Faz apenas com que Jacob soe como um babaca insistente.
Aliás, por essa razão, Jacob está totalmente descaracterizado em relação ao filme anterior aqui. Se antes ele era um cara legal, meio impulsivo, claro, mas legal, aqui ele cede a provocações para com o Edward, toma decisões abusivas para com Bella (como o beijo) e age como um babaca o filme todo.
Edward, pelo contrário, age de modo mais calmo. Ao contrário do drama queen chato e indeciso dos filmes anteriores, aqui ele está mais confiante de que está no caminho certo e deve terminar com Bella. Temos, assim, um dos poucos desenvolvimento de personagem na franquia, pois Edward afirma que assim age devido aos eventos do filme anterior e sua quase morte. Desse modo, percebeu que ele e Bella devem ficar juntos, e que a moça está disposta a fazer tudo por ele.
As atuações continuam medianas, embora não tão péssimas quanto se pinta. Talvez a exceção seja para a Kristen, mas a personagem dela realmente é calada e passiva, uma das protagonistas mais sem sal da história, então realmente é difícil para atriz trabalhar com um material tão pobre, o problema é que ela nem se esforça.
A trama continua fraca e cheia de conveniências (as malditas visões da Alice, que só percebem o que é conveniente para a trama). Alguns pontos ainda são interessantes, como a questão da transformação de Bella, as histórias de background dos Cullen e dos Lobos (alguém deve ter dado um toque na escritora que já tinha passado da hora de backstories para os secundários) e o fato de que Jacob claramente é uma melhor opção. A famosa cena da barraca, onde isso é explicitado, também não é de toda ruim. Claro, é expositiva e óbvia, mas mesmo assim esclarece esse dilema interessante, enquanto expõe fisicamente tal dilema, pois Edward, como vampiro, era incapaz de dar suporte para a Bella não morrer de frio, algo que Jacob pode fazer, num paralelo demonstrando que ela ficaria melhor com ele.
Maaaaaaaas, são coisas pontuais. Crepúsculo e Eclipse possuem acertos pontuais (Lua Nova não, Lua Nova só erra) que logo descambam para cenas de má qualidade. Aqui temos a famigerada questão de esperar o casamento. É complicado avaliar se isso é um ponto de vista puritano e conservador da autora, que tentou transmitir isso para as adolescentes que são seu público alvo, ou se era a autora tentando ser condizente com a idade de Edward, que viveu em uma época conservadora em relação ao sexo e que isso seria demonstrando em seu comportamento mais galante, em contraponto com Bella, garota moderna e que não tem esses pudores, implorando pelo sexo. Bom, acredito que o fato de Bella não ser puritana como Edward demonstra que talvez não seja a visão de autora defendendo sexo pós-casamento, e sim uma tentativa da mesma de deixar o Edward mais condizente com a época em que ele era vivo. Mas esse troço e tão mal escrito que não dá para ter certeza.
A aceitação de Bella por todo ser movente continua forçada. Se no primeiro os Cullen estavam dispostos a morrer pela garota que conheciam a semanas e já tratavam a namoradinha como dá família, aqui temos nova repetição disso. Os lobos convidam Bella para participar de uma cerimônia e ouvir uma história que ninguém de fora da tribo tinha ouvido antes. O que torna Bella tão especial para ser aceita por uma tribo fechada dessa forma¿ Não sabemos. Aí os lobos e vampiros resolvem entrar em trégua depois de uma eternidade de conflito para proteger a Bella. É completamente estranha a boa vontade desse povo para com a protagonista mais sem sal da história.
Agora, a pior parte (sim, ela ainda não veio). Se eu reclamei das lições sem sentido de Lua Nova no meu comentário anterior (a ideia de ensinar as garotas a buscarem um príncipe encantado inatingível ao invés de abraçarem a realidade de um pretendente mais realista), aqui temos um lição mais bisonha ainda.
Temos finalmente revelada a motivação de Bella querer tanto ser uma vampira e de ser tão apática com sua popularidade e amigos da escola e com seu pai. Mesmo tendo uma vidinha média e sem grande complicações, a garota está sempre com cara de nada. O motivo disto, exposto pela própria Bella, é que ele não consegue se sentir bem, não consegue encaixar entre seus amigos, entre Forks, entre seus pais. Ele não se sente parte deste mundo, ele não a afeta, ela está apática para com ele. BELLA CLARAMENTE ESTÁ COM DEPRESSÃO. Caramba. Aí a solução da garota, ao invés de procurar ajuda psicológica, é ser morta e virar vampira, pois ali ela se sente encaixada. A insistência dela em virar vampira vem do fato que ela não se identifica com a sociedade em que vive, por isso prefere Edward, que pode entregar para ela o escapismo. Mapelamordedeus. Esse filme é quase um incentivo ao suicídio, como assim. Que lição é essa? Não me encaixo na sociedade, vou buscar fugir de tudo, encontrando a morte e um “renascimento” como um ser das trevas que vai me causar sofrimento devido a sede de sangue pelo resto da eternidade?
Enfim, mesmo assim, ainda é um filme melhor que Lua Nova. E, sinceramente, seria muito melhor se o triângulo fosse apimentado por um interesse romântico de Edward para com Jacob. Ou se os três abraçassem o poliamor. Um trisal ia caber bem aqui, afinal Bella gosta dos dois. Às segundas, terças e quartas ela fica com Edward. Quinta, sexta e sábado com Jacob. E domingo fica com a família e amigos. Pronto, resolvido. Edward não parece tão abalado quando Bella sobe na garupa do Jacob, em nenhum momento ele enfrenta o lobo (exceto no momento do beijo forçado), ou seja, talvez o vampiro até esteja aberto a essa ideia. Ah, se não fosse uma saga tão entregue aos conservadorismos, poderíamos ter uma trama de romance que foge à regra.
A batalha final é tosca,
ninguém dos mocinhos morre, ninguém é ferido, apesar de toda a sensação de urgência que o filme passa anteriormente. Bom, apenas Jacob é ferido, e de forma bem estúpida, com a batalha ganha.
Enfim, mediano, mas assistível. O primeiro era mais coerente, apesar de mais mal dirigido. Este terceiro é até bem conduzido, mas a trama é bem fraca.
Nota: 6.8.
Scooby-Doo e o Fantasma da Bruxa
3.6 85 Assista AgoraHEX GIRLS! Esse e Ilha dos Zumbis são os melhores longa-metragem do Scooby. A animação é impecável, e transmite uma vibe puxada para o terror, sem, entretanto, abandonar o tom de comédia típico do desenho.
A trama foge em alguns pontos do convencional em relação ao padrão Scooby-doo, sendo
revelado quem eram os culpados mais cedo que o normal. E, aliás, não me lembro de nenhuma outra vez haverem tantos culpados ao mesmo tempo em nenhuma história do Scooby-doo. E o prefeito talvez seja um dos personagens mais cara-de-pau dos desenhos, incorporando totalmente uma pose repleta de meias-verdade ou mentiras descaradas mesmo.
Ilha dos Zumbis
No fim ainda conta com a ótima adição das Hex Girls e suas músicas, ajudando a popularizar o conceito de Wicca.
Nota: 9.4.