Humor e piadas... Isso não é um filme de super-herói, é um filme de comédia fantasiado de super-herói. Quase todas as cenas são construídas em torno de piadinhas, os poucos momentos que se fala a sério consistem nos momentos em que a trama em torno do mistério do surfista é construída, embora quase sempre terminem em outra piadinha. Sério, nem os atuais filmes do UCM, famosos pelo uso exacerbado de piadas, chegam perto da quantidade de humor contida nesse filme. E o pior é que apenas uma ou outra são realmente boas. Uma das únicas cenas que os personagens falam a sério é até boa, quando o Tocha pergunta para o Coisa onde ele gostaria de passar os últimos momentos, sendo a cena logo estragada por mais uma piadinha fora de hora. Eles também tentaram corrigir a questão que algumas pessoas reclamaram, da pouca ação no primeiro filme. E, para isso, tentaram inserir uma cena de ação completamente inútil, sem graça e descartável para a trama, que é a cena da roda gigante. Lembro que quando assisti quando era criança até gostei e revi algumas vezes, mas estava no limiar entre gostar e achar uma chatice, principalmente por não gostar muito da sequência final. Revendo agora até não achei tão ruim, apesar de que o desfecho do Surfista Prateado é super tosco.
Se ele tinha aquele poder todo, por qual motivo não deu cabo do Galactus antes? Tá certo que ele corria o risco de morrer junto no processo, mas parece uma morte digna, melhor do que ser um dos responsáveis pela morte de milhões.
Enfim, ligeiramente inferior ao primeiro, que pelo menos era assistível, enquanto este aqui é apenas irritante. Nota: 6.7.
Este até fez um certo sucesso na época de seu lançamento, embora atualmente esteja bem esquecido. É uma espécie de new slasher, que começa como Carrie, A Estranha mas, sendo um filme pós 2000, resolve não investir muito tempo no desenvolvimento do Bullying e logo se transmuta em um Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado. Até a morte do Roger (o personagem Nerd), o filme prometia seguir uma linha mais ousada na questão do Slasher do que Eu Sei o que Vocês Fizeram. Entretanto, após isso, o filme abandona a ideia das mortes uma a uma e foca mais nos medos e na obsessão da garota com o professor, fazendo o filme perder um pouco o ritmo e o interesse, desbocando num final não muito satisfatório. Em resumo, bom primeiro ato, dá uma caída no segundo e despenca no terceiro. Mas acaba sendo um bom exemplar se você gostar do subgênero. Nota: 7.2.
José Mojica Marins é visionário. Começou aqui uma longa tradição dos filmes de terror em ressucitar seus vilões de forma absurda para podermos ter a continuação, tradição que Michael Myers e Jason Vorhees seguiriam. Quase tão bom quanto o primeiro. O maior problema é manter a sina das continuações e remakizar quase por completo o primeiro filme. Trás, claro, algumas situações adicionais, como a "versão feminina" do Zé, além de termos uma produção melhorada por um maior orçamento oriundo dos lucros do primeiro filme. Grande parte dos meus comentários ao primeiro filme são pertinentes aqui, como a atuação teatral e exagerada (repleta de gritos do Zé do Caixão), o título sonoro, um bom pôster, o gore explícito para a época, etc. Até a cena de clímax possui semelhanças. Já a cena final, infelizmente, foi dilacerada pela Ditadura Militar, que modificou o final em que
Zé do Caixão continua convicto em suas ideias atéias, gerando uma cena bizarra em que o protagonista aceita à Cristo em seu leito de morte, totalmente incondizente com o personagem e sua construção.
Acredito que por remakizar o plot do primeiro filme, a produção atinge em determinado ponto um tom um pouco repetitivo, que é quebrado pela melhor cena da trilogia, a cena que se passa no inferno e que, apesar de pouca função narrativa, possui tal dose de violência e atrocidades que deve ter impressionado por demais as pessoas na época. Nota: 8.9.
Eu costumava dizer que American Pie (o primeiro filme e a franquia) eram meu guilty pleasure, pois considerava como um ótimo filme/franquia, mesmo tendo a produção a natureza de um comédia besteirol descompromissada. Acredito que tenha visto esse primeiro filme na minha infância, e fui acompanhado aos trancos e barrancos a franquia, até finalmente sentar e, mais velhor rever todos para assistir o recém-lançado (á época) American Reunion. Revendo agora, vejo que o status de guilty pleasure é extremamente injusto, pois o filme ainda possui elementos dos coming of age de "sex pursuit" dos anos 1980, que ainda traziam mais desenvolvimento de personagem e discussões sociais sobre a adolescência e a busca pelo sexo (claro, nenhum demérito em filmes de sex pursuit que não possuem esses elementos, como Superbad). American Pie trás de volta esse subgênero cinematográfico que era bem popular nos anos 1970 e 1980 (não sei se Can't Hardly Wait, lançado um ano antes, tem a mesma pegada) e o faz de forma genuinamente engraçada. As situações entre Jason Biggs e seu pai são ótimas, a discussão em torno do tema do sexo também. Algumas situações ficaram marcadas na franquia, como a mãe de Stiffler (e a popularização do termo MILF). De bônus, ainda tem a participação da Alyson Hannigan. Inclusive, ela representa um avanço no tratamento das personagens femininas em filmes do tipo. Aliás, praticamente todas as personagens não são vistas como mero objetos, algo infelizmente recorrente nos filmes mais antigos do subgênero. No fim, American Pie não traz tantas inovações para o subgênero, sendo apenas responsável por trazer de volta à tona esses filmes, que ficaram bem populares e tiveram várias "cópias" lançadas ao longo do início dos anos 2000. Mas não deixa de ser um ótimo filme, mesmo não sendo inovador. No final, temos algumas coisas um pouco datadas, mas são bem poucas, sendo a mais digna de nota a cena em que ocorre a transmissão não consentida pela internet (e que deveria ter consequências mais gravosas). Nota: 9.4.
O maior problema de boas premissas é que elas usualmente são acompanhadas de uma execução pouco inspirada. É quase como se, ao ter a boa ideia, o roteirista relaxasse, confiante de que apenas a boa ideia irá manter o roteiro. E Yesterday, infelizmente, não foge dessa regra. Meu primeiro contato com o filme foi com o trailer que passou em uma sessão de cinema, e acabei conhecendo a premissa. Do contrário, evitaria ao máximo qualquer informação sobre o filme, mas acabou que eu já conhecia sobre o que se tratava. E, como fã inveterado dos Beatles, não pude deixar de me interessar, afinal, o filme prometia muitas músicas da banda. Não só isso, o filme venerava o grupo e é dirigido por um grande diretor. Mas, infelizmente, o filme parece envergonhado de assumir sua própria natureza, como explicarei mais adiante. Trata-se de uma comédia descompromissada (como Se Beber não Case, entre outros), mas que não se assume como um filme de comédia descompromissado, ao contrário, finge ter uma roupagem densa que faça jus a ser dirigido por alguém que já ganhou um Oscar. Mas, Yesterday não é um filme que se leva a sério. A tônica é o humor inconsequente e de situação, sem discussões narrativas mais aprofundadas, algo que não é obviamente um demérito e apenas o passa a ser quando o filme tenta negar essa sua própria natureza. Em nenhum momento o protagonista, por exemplo, questiona a eticidade de suas decisões. O filme mau possui uma linha narrativa, sendo guiado pelo clichê da história romântica para amarrar a trama. Há uma pequena crítica à indústria da música e à divulgação de artistas, uma alfinetada na visão dos Beatles se fossem lançados atualmente devido a alguas características datadas, mas tudo pontual e com função primordialmente humorística. E o humor, pelo menos, funciona bem na maior parte do tempo, sendo a piada recorrente em relação a elementos da cultura pop que não mais existem é boa, e a forma como se averigua se algo existe ou não é hilária (se não está no Google não existe, oras). Mas, o grande momento do filme é mesmo a "participação especial"
de John Lennon, embora nos faça questionar ainda mais sobre o filme. Inicialmente, parecia apenas que os Beatles foram apagados da existência, mas o mundo ainda era o mesmo. Entretanto, se John Lennon está vivo, então estamos realmente num universo alternativo. Mas, pensem no enorme Efeito Borboleta que a ausência dos Beatles significa. Muitas bandas deixariam de existir. A música teria tomado outros rumos. Imagina alguém que deu o nome do filho de John como homenagem. Nesse mundo alternativo o filho não chama John mais? John não conheceu Yoko? John não teve os mesmos filhos?
Enfim, esse tipo de questionamento não seria feito por mim se o filme abraçasse sua natureza do descompromisso. Uma última questão aliás, é sobre a forma como tratam o protagonista como um Deus da composição. Convenhamos, os Beatles fizeram sucesso no contexto dos anos 1960. Se surgissem atualmente com a mesma música não fariam o mesmo sucesso, afinal, estariam apenas reprisando a música dos anos 1960, e não fazendo parte dela. Pensem se, ao contrário dos Beatles, quem tivesse sido varrido fosse Beethoven. Ninguém ligaria para o protagonista com composições de música clássica na atualidade. Mas, enfim, pelo menos o filme é engraçado e tem música boa. Até mesmo a presença do Ed Sheeran é divertida. Nota: 7.4.
A vida parece ser mesmo a grande inspiradora em bons roteiros. Muita coisa que torna Rocky um clássico vem de experiências e expectativas do próprio roteirista (o Stallone), fazendo paralelos da grande chance do personagem com a grande chance do ator ao realizar a produção. Originalmente, tinha a visão que seria um filme voltado para a ação, como um torneio de luta livre, mas temos apenas duas lutas durante toda a produção, sendo uma delas a de abertura. Já a última compõe um excelente clímax para toda uma cuidadosa construção do personagem e da exposição de sua personalidade simples. O filme possui muitos subtextos a serem discutidos, cada cena é composta muito bem nessa construção basicamente dialogal. A trilha sonora é uma das mais marcantes do cinema e ajudou a estabelecer Rock no imaginário popular, conjuntamente com o justo reconhecimento do Oscar, que voltou seus olhos para uma produção de baixo orçamento. Há muito a se discutir sobre a produção. Cada cena tem seus simbolismos e reflexões, sem soarem melodramáticas, mas pendendo a um realismo com o qual nos identificamos com o Rocky, que toma lenhadas da vida e parece ter achado um ponto de comodismo, mas longe do ideal. O filme acerta em praticamente tudo, numa daquelas raras confluências cósmicas, em que os Deuses da cinematografia permitem que a produção acerta em praticamente tudo (como acontece em O Massacre da Serra Elétrica), ainda mais se considerarmos que Stallone não teve a mesma sensibilidade em escrever seus outros roteiros, ou o diretor do filme, que não possui muitos outros trabalhos relevantes. No final, apesar do reconhecimento pelo Oscar (que deu o prêmio de melhor diretor e filme), não reconheceu como melhor roteiro (Network é bom, de qualquer jeito), ator, e música original, a meu ver, de forma injusta. Música original, então, beira o absurdo, sendo premiado uma música sem graça de um filme sem graça (A Star Is Born). Nota: 8.9.
Não acredito que depois de tantos anos finalmente cai no bait. V/H/S 1 estava no Prime Vídeo como "Crônicas do Medo", aí colocaram o título desse filme lá como "Crônicas do Medo 2". E, sem saber, assisti grande parte do filme até notar. O principal problema é que por ser found footage o ar amador não é tão evidente, embora, passados alguns momentos do filme, percebe-se a diferença orçamentário dessa produção para o real V/H/S 2. Bom, o primeiro curta (que é o que vai ficar permeando os outros curtas) é o que melhor potencial, algumas explicações interessantes (embora apresentadas de forma apressada) e conceitos de universo paralelo legais, mas a execução peca em pontos importantes (a cena do demônio falando, por exemplo). O segundo curta também é razoável, apesar de copiar bastante de Atividade Paranormal, acaba por se salvar no final. A terceira, da Cam Girl, é muito boba e sem inspiração, em alguns momentos a tela piscando até é interessante, mas em outros soa intrusivo. O último é outro que tinha potencial, mas a construção é meio enrolada em alguns momentos, mas a parte que envolve gravação com tecnologia antiga é bem legal, apesar das fantasias toscas. Em resumo, a maioria das histórias funcionaria bem como curtas, mas era necessário pessoas com mais talento/bagagem para executar. A atuações são bem ruins (found footage nem exige tanto assim em matéria de atuação), a edição é tosca com os efeitos de "defeitos em fita" aparecendo em momentos errados e de forma pouco semelhante aos defeito dos VHS ou glitches de câmeras, e a motagem é ruim no geral, incluindo também os efeitos, algo que found footage também não exige muito. Para falar a verdade, found footage não exige muito cinematograficamente, então é o gênero ideial em relação ao baixo orçamento, então é incrível como os realizadores conseguiram estragar boas ideias em um formato bem fácil de se fazer cinema, que é o found footage. Nota: 5.6.
Caramba, que nota injusta. É melhor que praticamente todos os filmes de terror de 2022 que foram bizarramente idolatrados por crítica e público. Acho que apenas a cena climax poderia ser melhor executada, de resto o filme se conduz muito bem. O maior problema mesmo é que em pleno 2022 as distribuidoras não sabem fazer trailer. O desse aqui revela demais sobre a trama e por sorte eu não tinha visto o trailer antes de assistir o filme (hábito de ver trailer abandonei quando vi O Grito 2 pela primeira vez, uns 10 anos atrás). Sinceramente, é bizarro o quanto o trailer entrega o filme. Bom, gostei dos diálogos e da forma como o filme revela pouco sobre sua natureza, até o terceiro ato, onde as coisas passam a fazer muito sentido, ainda mais para quem conhece a fundo a mitologia ali retratada. Nota: 8.2.
Filmaço injustamente pouco conhecido. Rivaliza com Psicose nas origens de filmes focados em assassinos em série. A grande diferença é que Peeping Tom é mais ousado e por isso não foi reconhecido como grande influenciador do cinema como Psicose o foi. E, convenhamos, o próprio Psicose já era por demais ousado quando lançou, causando polêmica e repulsa, imaginem então Peeping Tom. E, por qual razão o filme de Michael Powell seria mais ousado? SImplesmente por ter como protagonista o vilão da narrativa, algo bem incomum para a época mas já banalizado nos dias de hoje. Antes de assistir, acreditava que seria um filme nos moldes de um Giallo, ou um suspense como Psicose. Entretanto, esse é o grande diferencial desses dois filmes para outros filmes que previamente trataram do tema serial killer, que é não focar no lado policial/investigativo. Psicose foca nas vítimas de Norman, enquanto Peeping Tom, mais ousada e arriscadamente ainda, direciona seu foco no Assassino em Série, colocando o antagonista como protagonista da trama. E, claro, isso gera um sentimento caótico no público, pois tendemos a torcer para o protagonista e, aqui, de certa forma, as coisas são tratadas objetivando a analisar os motivos do comportamento do protagonista, fazendo uma profunda análise psicológica, que poderia por vezes ser confundida com uma defesa ou justificação do comportamento assassino do protagonista. Pelo contrário, temos uma típica visão afastada quando se trata de antagonistas como protagonistas, em que apenas se exibe o ato criminoso, sem condena-lo ou puni-lo, deixando tal a cargo da audiência (como acontece em Lolita, Coringa, etc). A construção cuidodasa do roteiro que aos poucos vai revelando as facetas, motivos e conflitos do protagonista é feita tal qual um strip-tease, desnudando peça por peça, sendo a peça seguinte cada vez mais aprofundada na psiquê caótica do protagonista. É ultrajante que esse filme não tenha recebido prêmios de melhor roteiro, pois foge do convencional sem se perder em suas próprias fugas da convenção. Confesso que dê início, ao já ser revelado quem é o assassino, fugindo dos típicos giallos e filmes de detetive, fiquei um pouco decepcionado, mas esse sentimento logo foi afastado pela forma cuidadosa que o roteiro trata o seu protagonista. Os demais elementos também são bem executados pelo diretor, que sempre foi excelente na questão de ângulos e fotografia. Os paralelos com filmagens e voyeurismo finalizam o ótimo filme. Talvez, no final, tenha faltado apenas um pouco mais de suspense. Bom, por último, vou comentar que a definição de Peeping Tom como um proto-slasher, para mim, é um pouco complicada. O filme foge por demais da proposta dos slashers, que é o foco na vítima. Não é só por ter um serial killer que o filme é proto-slasher, e Peeping Tom é muito fora da curva nessa questão, diferentemente de Psicose, proto-slasher por excelência. Nota: 9.6.
Gosto bastante do cinema de John Hughes e Gatinhas e Gatões para mim é um dos melhores dele. Ficou bem popularzinho no Tumblr uns anos atrás, gerando diversos GIFS de falas dos filmes. A ideia do diretor, de eventos que se passam em um único dia é algo recorrente e sempre interessante. Aqui, acompanhamos o aniversário de 16 anos de uma personagem interpretada pelo Molly Ringwald (minha eterna crush) e que tem seu aniversário esquecido por todos. Bom, o diretor é ótimo em avaliar e descobrir quais são os dramas e questões sociais dos adolescentes dos anos 1980 (ao invés de fazer como grande parte dos outros diretores e roteiristas, que focam em análises passadas, da época em que esses diretores e roteiristas eram adolescentes). Entretanto, sempre considerei que falta ao diretor sensibilidade para desenvolver essas questões e nesse quesito ele costuma falhar, apontando soluções da visão adulta aos adolescentes, ou não interpretando bem o cerne da questão, concluindo em caminhos por vezes quase críticos à juventude por ele retratada (e a cena que a protagonista conversa com o pai depois de voltar para casa talvez seja um exemplo disso). O filme se executa muito bem, garantido diversão, com boas tiradas e piadas (o diretor se sai bem na questão do humor), embora algumas sejam complicadas aos olhos atuais, enquanto outras, sinceramente, já deveriam ser complicadas nos anos 1980 (a forma como a popularzinha de escola é tratada quase como um objeto, sendo oferecida ao nerd). Temos referência aos Beatles e a algumas músicas dos anos 1960, como em muitas obras dos anos 1980. Temos alguns personagens clichês também, como o garoto popular. Seria mais interessante se a protagonista não ficasse gamada em um cara padrão, e achei a tentativa de fugir disso e dar mais personalidade a ele mal executada. Pelo menos o nerd acaba sendo um ponto um pouco fora da curva, por não ser introvertido como esperaríamos desse tipo de personagem. Mas, no final, apesar de alguns escorregões, é uma experiência interessante e divertida (a cena da festa, por exemplo), e com uma vibe bem nostálgica, e por isso vale uma assistida. Nota: 8.5.
Curioso como no remake considerei a personagem Mattie como protagonista, enquanto nessa versão de 1969 o personagem de John Wayne soa muito mais como o protagonista da trama, mostrando que a atuação que é melhor acaba chamando o protagonismo para si (embora o Oscar tenha premiado John Wayne muito mais como um prêmio honorário pelo conjunto da obra como por qualquer outra coisa). E o ator, agora envelhecido, acaba sendo o destaque aqui, embora os outros elementos do filme também sejam bons e bem executados. Entretanto, acabo considerando o filme do Coen superior, muito mais por gostar mais das atuações, mas também pelo remake ser um filme visualmente impecável. Nota: 8.4.
Dizer que esse filme é um slasher é um enorme desentendimento sobre o subgênero. Está longe, muito longe de possuir os elementos dos filmes slasher. Na verdade, O Padrasto é um visionário primeiro exemplar (até onde sei) de um subgênero do suspense que seria extremamente popular nos anos 1990 e até onde sei não tem um nome específico. São filmes focados num invasor silencioso, dentro do ambiente familiar, e que apenas um dos personagens percebe a verdadeira natureza desse invasor, que aos poucos vai deixando escapar seu lado psicopata, até que tudo descamba numa sangrenta cena final, repleta de ação e perseguição. Filmes como A Casa de Vidro, A Orfã, A Mão que Balança o Berço, etc. E o Padrasto traria pela primeira vez vários elementos desse subgênero que seria muito popular nos anos 1990, e por isso considero um ótimo filme. A condução narrativa é boa, consegue manter o interesse no filme, incluindo o Padrasto, com sua faceta conservadora e tradicionalista levada ao extremo. A sequência final também não decepciona. Nota: 8.8.
Apesar da importância histórica, não é o primeiro filme em seu estilo. Filmes de monstros já existiam, como, por exemplo, Lost World de 1925. Entretanto, King Kong possui alguns pontos interessantes para a história do cinema e do gênero. Por exemplo, e principalmente, trás uma personalidade ao monstro da narrativa, colocando o como personagem e gerando simpatia do público pela criatura que normalmente seria tida como bestial. E, quando Kong encontra seu destino no final do filme, não há como deixar de se sentir triste pelo final da criatura. O filme é tão importante que todos nos conhecemos sua trama, mesmo que não tenha sido baseada em outro material, como um livro, por exemplo, se tratando de um roteiro original. Meu maior problema com o filme é a primeira meia hora, em que pouca coisa acontece. Certo, não iria querer que o filme já começasse na ação, mas podia muito bem preencher a primeira meia hora com personagens ou falas mais memoráveis. A coisa fica boa mesmo quando chegam na ilha e os personagens são mortos como moscas, sem dó nenhuma, algo bem drástico para o cinema da época, incluindo a forma gráfica e explícita que nos é mostrado. Bom, os efeitos são muito bons para a época em que foi lançado, meu único problema é com o King mesmo, podiam ter feito um gorila um pouco mais simpático. No final, temos duas cenas antológicas para o cinema, a briga contra o tiranossauro (que é longa e bem orquestrada) e a famosa cena do Empire State. Não vou reclamar de dinossauros, humanos, lagartos e gorilas gigantes na mesma ilha não ter muito sentido, mas que poderiam ter tentado ter uma ilha com mais sentido, poderiam. No final, a conclusão do cineasta que capturou o Kong foi basicamente "o erro do Kong foi amar demais" rs. Nota: 8.9.
O filme é perturbador exatamente pela forma seca como apresenta seus temas perturbadores. Sem pintar com cores bucólicas para contrastar (como em Lolita de 1997) ou sem tratar de forma hollywoodiana, tecendo críticas óbvias ou contando com um universo que conspira para punir vilões e agressores. Aqui o tema é abordado de forma complexa e realista, sem se preocupar em apontar a maldade das atitudes que vemos por serem obviamente repulsivas. É um filme que apenas retrata as situações horrendas e as consequências psicológicas delas nos seus personagens, deixando que o público receba o impacto por si só. Bem executado e pouco conhecido, realmente não é um filme para qualquer um pelo seu pesado conteúdo e pela forma seca e realista com que esse conteúdo é tratado. Enfim, é um filme com uma atmosfera esquisita. Ela é carregada, mas não exageradamente o suficiente para fazer jus às atrocidades expostas pela narrativa. Quase como se utilizasse a direção de um coming of age em um roteiro com traços de Lolita, mas sem disfarçar seu conteúdo com a visão do abusador, mas sim tratando se das consequências psicológicas. E, como tal, a questão psicológica não "berra" suas origens, é contida, apagada por memórias que os personagens tentam suprimir, enquanto a narrativa as expõe de forma crua. Nota: 8.5.
"Deshi, Deshi, Basara Basara". O Cavaleiro das Trevas Ressurge padece em duas questões: uma é querer (com razão) fazer jus à qualidade de seu antecessor, e a outra é o fato de possuir o dever de encerrar uma trilogia de forma bombástica, uma questão que também se relaciona a uma das minhas maiores ressalvas dessa trilogia, que é a falta de foco no Batman. O primeiro filme é um filme de origem, focado na transformação de Bruce Wayne no Batman. O segundo tem como seu destaque o Coringa. E o terceiro Gotham é o foco, sendo o Batman um acessório do roteiro ao longo dos três filmes, não tendo o destaque justo que a figura encapuzada deveria ter como protagonista. Quero dizer, tivemos um filme de origem, seguido de um segundo filme de enfrentamento vilão x herói, para um terceiro filme de conclusão e não tão focado no herói de rua, mas sim em uma narrativa de proporções distópicas e épicas. Gotham é colocada em foco, mas, não só isso, temos um filme em que Gotham é colocada em posição quase fantasiosa, em um estado de sítio de grandes proporções para termos uma conclusão épica. Com isso, a narrativa se afoga e foca nessa proposta megalomaníaca para, como já disse, fazer jus ao conceito de desfecho épico da convenção de trilogias. A primeira metade é quase morosa, focada na preparação para a ação épica que se desenrolará na segunda metade. A qualidade do segundo filme acaba sendo culpada por essa quase morosidade. A cena de abertura é um bom exemplo. Seria uma cena fantástica (e é forma como foi gravada é bem feita), mas acaba padecendo se comparada com a abertura da cena do filme anterior. O mesmo vale para a cena na bolsa de valores e a posterior perseguição, que não se compara com a perseguição que ocorria no segundo filme. De toda forma, Bane é um bom vilão, e a rima com o primeiro filme também é boa para fazer jus ao conceito de trilogia. A ação continua de qualidade, junto com as boas montagens de fatos ocorrendo em paralelo (característica marcante do diretor), e a trilha de Hans Zimmer continua fantástica. Também gostei da forma que conseguiram incluir a Mulher-Gato em um filme de conclusão, sem soar como algo forçado para agradar os fãs, embora talvez vejamos pouco da Mulher-Gato na ativa.
Pode ser algo que várias pessoas vão torcer o nariz, mas adoraria uma continuação com o Robin e com o Batman de Bale, que teria sobrevivido, e dirigida pelo próprio Nolan. Ainda havia muito a se explorar em relação ao personagem, e não sei o motivo de terem pensado em uma trilogia fechada. Na verdade, acredito que tenha sido a necessidade de iniciar um projeto de filme da Liga da Justiça nos moldes dos Vingadores. Aliás, o final aberto rima com o da HQ Piada Mortal, em que, impossibilitado de matar um personagem diretamente, pois precisamos dele para continuações, o matamos de forma dúbia, sem deixar muito claro o que aconteceu, deixando a critério do telespectador responder. E, confesso gostar da ideia de que o Bruce escapou usando o piloto automático, enquanto o Batman morreu de vez, libertando, assim, Bruce do fardo de ser o Batman. Bom, alguns pontos negativos estão a forma como Blake descobre ser Bruce o Batman, a vilã do filme, que não sei por qual motivo achei meio claro que seria vilã (alguma coisa na cara da atriz, sei lá) e o tão reclamado retorno de Bruce para a Gotham City sitiada. Entendo que a ideia ali eja dar uma cena de impacto, mas deixar o retorno sem explicação em prol de um pequeno espetáculo, buscando criar uma cena impactante, causa o efeito reverso. Seria melhor um retorno explicativo mesmo, mostrando como Bruce conseguiu voltar à Gotham (esse retorno sem explicações é, aliás, mais um exemplo de que tratar Nolan como um diretor expositivo é algo injusto)
. No final, na minha opinião, é melhor que Begins e inferior a Cavaleiro das Trevas, mas não deixa de ser um excelente filme e encerramento de trilogia. Nota: 8.7.
Hollywood demorou, mas aprendeu a tratar dignamente as revisões, continuações e remakes dos filmes do passado. E Blade Runner 2049 se esforça muita para fazer jus ao estilo do original, enquanto busca agradar aos fãs, sem ceder por completo ao modo atual de fazer blockbusters. Quero dizer, a ação sci-fi não era a proposta do filme original, se tratando mais de um filme de investigação noir se passando num mundo futurista. Buscou-se manter a mesma proposta e o mesmo ritmo narrativo, mesmo que atualmente exige-se mais cenas de ação (a bem verdade, na época do lançamento original essa já era uma exigência frequente em filmes de massa) e assim aqui temos um pouco mais de ação que a obra original, embora esforce-se para manter o mesmo ritmo. Entretanto, por mais que busque se aproximar do filme original (e o faz de forma louvável), Blade Runner 2049 ainda acerta em ser uma das raras (diria raríssimas) continuações que pouco ou quase nada “remakiza” a trama do filme anterior. Em verdade, a maioria das continuações possui pelo menos o mesmo esqueleto narrativo, algo que Blade Runner 2049 também consegue fugir, tendo sua condução narrativa própria. Também corajosa e deveras arriscada é a decisão de colocar um replicante como protagonista. Em mim o efeito imediato foi o de parar de me importar com o destino do protagonista, afinal, ele não é humano. Mas, essa discussão de real, humano, etc é o cerne temático dessa franquia. E Ryan Gosling é eficiente em sua interpretação contida, meio robótica, mas não artificial. Não sei o que o ator tem, que ele consegue ser inexpressivo de um modo que soa como uma boa atuação, e não como falta de competência em atuar. E a discussão em torno da realidade das coisas é interessante nesse filme, ainda mais em relação à Joi, que passa uma sensação de personagem que realmente ama o protagonista e, naquela que para mim é a melhor cena do longa, é revelado que o carinho da personagem não passava de mera programação padrão, que seria igual em quaisquer dos modelos que o protagonista tivesse adquirido da Joi. E, aqui entra outro questionamento, em relação aos replicantes e sua programação e em que medida poderíamos considera-los como humanos. Sobre a fotografia e a trilha sonora, basta dizer que são impecáveis. E, mesmo com todo esse esforço, com todo respeito ao material original, com toda a qualidade técnica e artística e com toda riqueza temática não consegui gostar o suficiente do filme. Fiquei muito na dúvida se dava a nota 8 ou a nota 9 e o motivo é bem simples. Falta ao roteiro e ao filme como um todo apenas uma coisa, mas uma coisa deveras essencial: coesão narrativa. São muitas ideias, muitos conceitos, muitos personagens, muitos temas, muitos questionamentos e quase nenhuma coesão ou relação entre toda essa parafernália. Um ótimo exemplo disso é o personagem de Jared Leto, que possui uma longa e ótima introdução, um longo discurso e no final quase não possui participação ou desenvolvimento ao longo da narrativa. A questão é que, no final, a trama não foi bem amarrada em torno das várias boas ideias, quase como se esse filme fosse apenas uma primeira parte introdutória para dar brecha a um desenvolvimento de conceitos que ocorreriam em filmes posteriores. E essa falta de coesão se torna um pecado ainda maior ao perceber que acaba sendo a culpada de um grande potencial desperdiçado. Faz até a sensação de que o filme ainda não iria acabar, fiquei surpreso ao perceber que a cena de ação na água era a cena de ação climática. Achei que ainda teria mais filme para amarrar melhor todas as questões. Nota: 8.5.
Achei Pearl bem superior a X, e vários são os motivos. Primeiro, a tão falada atuação de Mia Goth, que, sem brincadeiras, foi completamente injustiçada pelo Oscar. Já é repetitiva essa reclamação de que as premiações no geral consideram apenas um nicho cinematográfico, algo que já passou da hora de ser mudado, pois produções de qualidade e empenho é encontrado em quaisquer dos gêneros cinematográficos. Não conheço uma pessoa que não tenha elogiado a atuação da Mia e os gagás da Academia devem despertar logo para o fato de que Cinema é um conceito amplo. Enfim, a trama aqui é mais interessante do que em X não só por não ser um copia e cola de outro filme (no caso, X pegava muita coisa de Massacre da Serra Elétrica), mas justamente por causa da construção bem feita em torno da protagonista, seja nos seus sonhos, seja em seus transtornos, seja no contexto socialmente árido em que ela vive. Mas, não só isso, temos aqui um filme que é de origem, algo que costuma gerar roteiros fracos, mas aqui temos uma boa construção da personagem, e de uma forma que o filme funciona mesmo para quem não viu X, bem como para quem já viu e ficou curioso com a origem da personagem. Além disso, há vários paralelos pequenos com o outro filme, como o tema sexual ser um dos motes da produção, incluindo os filmes pornográficos, como também a menção ao fator X. As mortes continuam bem feitas, como Ti West costuma fazer, o cenário da fazenda e a reconstrução da época também são bem feitos (reconstruir e homenagear outras épocas é especialidade do diretor), pecando apenas na pouca aparição de Harold. Não só vemos pouco do personagem, como pouco sabemos das questões que envolvem
ele aceitar a Pearl como uma psicopata e tentar conviver com isso. Quero dizer, ela tinha matado a irmã do Harold e ele não só manteve isso em segredo da família como perdoou. Talvez ele odiasse a irmã, sei lá.
Enfim, o filme errou um pouco apenas nessa questão, mas possui diversos acertos, incluindo também algumas experimentações, como na cena do monólogo ou na cena final. Nota: 9.0.
Basicamente repete os mesmos erros do segundo, principalmente nos ataques abruptos e sem tensão, as atuações cafonas, a condução caótica, os efeitos horrendos. Mas, acho esse ligeiramente superior, não sei se por acostumar com a qualidade questionável da produção, ou se por esse daqui ter uma edição ligeiramente melhor. Aliás, porque os crocodilos seguiram eles até o supermercado, que já era bem longe da água? Bom, pelo menos o filme ganha pontos no humor (in)voluntário de boa qualidade, na personagem metida a fodona que tem bons momentos e na explosão do posto de gasolina. Nota: 6.4.
Uhm, vou ter que rever algum dia para poder comentar com mais propriedade. Mas, já dá para adiantar que o filme é muito bom em construir cenas de tensão/assustadoras, como a maioria dos filmes de j-horror da época o faziam. Já não me assusto mais com filmes de terror tem um bom tempo, mas esse daqui chegou bem perto. Gosto como o começo do filme já passa uma sensação de que ele está no meio, jogando já o telespectador na trama sem muitas apresentações. E é bem legal o modo como o filme vai entrando numa espiral de loucura bem gradualmente, até que toma uma exponencial e quando você percebe você já está totalmente perdido na trama sem nem mesmo saber quando você se perdeu. Realmente é interessante dar uma reassistida tendo o final em mente, e, assim, acredito que ficará mais fácil de compreender o filme. Nota: 9.1.
Luccas Neto baguncou a timeline do Luccasverso aqui. Os outros filmes se passam na infância, o terceiro dá o gancho para o Roxteen, e esse daqui eles são da Roxteen, não mais do universo infantil. Vai entender. Mas, enfim, os filmes do Luccas realmente tem se parecido mais com filmes de verdade e não com vídeo do youtube improvisados (se ignorarmos a cena bizarra em que borraram o rosto das pessoas para não ter problemas com direito de imagem), até que chega no ato final e mais uma vez temos uma gincana que fica péssima como cena climática. Mas, aos poucos, os filmes tem acertado. Esse foi o desfecho da quarta fase do Universo Expandido Luccas Neto, e espero que a quinta fase também não seja composta de meras continuações que exploram ideias já repetidas (como hotel, mapa do tesouro, acampamentos, Natal, etc). Nota: 5.8.
Eu realmente não consigo identificar o problema dessa franquia. Os filmes não são ruins, mas não deixam de dar a sensação de que faltou algo. E é esse algo que eu não consigo identificar com clareza. No primeiro filme, achei que era os elementos e fan service, pois se afastava demais da trama de Harry Potter. Aí no segundo filmes fomos entupidos com fan service, e mesmo assim a sensação de que faltava a magia (figurativamente) de HP continuava. Comecei a acreditar que era o fato dos roteiros da J.K. serem repletos de subtramas e funcionarem melhor como livro do que como filme. Entretanto, nesse terceiro filme, temos um roteiro um pouco mais polido, e a sensação de que faltou algo para termos uma boa obra cinematográfica continuou. O filme é visualmente interessante, entrega fan service, entrega as criaturas que dão título ao filme (das quais eu gosto, tenho inclusive o livro Animais Fantásticos e Onde Habitam), tem boas atuações e boa trilha, tem um roteiro que aborda tramas políticas de forma interessante, como o segundo o fazia. Nesse aqui temos a divulgação pessoal, a imprensa e as fake news, tema atual. Então, qual será o motivo para essa franquia não funcionar, e mesmo corrigindo os erros dos filmes anteriores, fica cada vez mais sem graça? Acredito que o problema principal esteja relacionado ao protagonista e aos personagens. Parece que os protagonistas não nos empolgam como acontecia em HP. Mesmo dando um substrato, boas personalidades, etc. Newton Scamander é um ótimo personagem, mas não suficiente para carregar protagonismos. Outro ponto que acredito ser o problema é a ideia de que essa franquia na verdade é sobre Dumbledore x Grindewald, mas não foi iniciada como tal. A franquia é sobre o conflito entre esses dois bruxos, mas eles não nos foram e não são os personagens principais. Talvez, se desde o início Dumbledore estivesse presente, as coisas poderiam ter sido diferentes. Sou um fã da franquia, assisti todos os filmes no cinema (exceto o primeiro) e mesmo assim não animei de ir assistir a este último, o que é algo que já demonstra o quanto essa frnaquia não consegue despertar o interesse mesmo nos fãs inveterados. E, apesar de propor motivos para isso, continuo não entendendo a razão dessa franquia não empolgar, pois, na teoria e na execução ela está bem longe de ser ruim. E, confesso, mesmo assim estou curioso para a famosa batalha Dubledore x Grindewald, e pelos dois filmes que teriamos após esse, se passando durante a Segunda Guerra Mundial. Aliás, importante falear também que os três filmes da franquia tiveram clímax sem graça. O desse aqui, então, é bem esquisito, expositivo, com uma mise-en-scène estranhamente montada/conduzida. Nota: 7.4.
Sorority Row foi lançado já num ano em que os slashers vinham perdendo força, pouco antes de serem renovados por Wes Craven e o seu A Hora do Pesadelo. E, como tal, ainda é um exemplar focado em vilões não sobrenaturais, evento traumático no passado e uma reviravolta final. Como slasher do final da primeira geração, poderia ser mais imaginativo e tentar fugir da fórmula que havia dominado o subgênero na época. Entretanto, o filme consegue ser bom nos outros pontos, sendo um slasher injustiçado por sua pouca fama (acredito que nem saiu em VHS no Brasil). A trama pega a ideia do assassinato acidental (provavelmente do livro Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado, lançado em 1973), misturando com as adolescentes de fraternidade. As mortes são rápidas e na maioria das vezes offscreen (não sei se houve alguma censura) e talvez por ter mortes fracas não seja tão badalado, mas compensa nas sequências de perseguição e na cena final, incluindo também a boa cena envolvendo a fantasia de bobo da corte. Nota: 7.5.
Promete, constroi e é zeloso em grande parte da sua narrativa, para um terceiro ato que não faz jus e não surpreende. Ou seja, é um filme que até vale a pena assistir, mas sem grandes expectativas. O principal problema é essa questão da expectativa, que o próprio filme vai lentamente construindo, mas, no fundo, toda a trama e seu desenrolar vai se tornando óbvio e seu desenlace não empolga, sendo um filme bem esquecível. No final, a melhor parte é mesmo a criativa capa do filme. Nota: 6.8.
Lembro como esse filme teve uma divulgação massiva e foi bastante comentado (incluindo por causa do meme "Prometheus? Agora tem que cumprir"), muito por trazer a volta a franquia Alien depois de anos (excluindo, claro, os dois filmes de Alien vs. Predador), sendo o último filme o Alien 4 de 1997. Entretanto, é aqui que reside um dos erros da produção. Se passar no universo do Alien é basicamente irrelevante. Não há elementos suficientes para justificar estar inserido no mesmo universo, exceto por referências bem pontuais e, com isso, por melhor que o filme seja, acaba causando frustração. Eu mesmo me lembrava como se houvesse mais presença do Alien nesse filme, e me frustrei de novo revendo o filme atualmente. A impressão que passa é que tinham um roteiro sobre a origem da humanidade baseado na ideia de "Eram os Deuses Astronautas?", mas acharam que não era suficiente para chamar o público e como Ridley Scott estava envolvido resolveram inserir essa ideia de se passar no universo do Alien. Ou, o contrário, queriam fazer um filme do Alien baseado na busca pelas origens da humanidade, mas se perderam no roteiro e o Alien ficou em último plano. Trama mesmo tenta inserir algumas reviravoltas para se mostrar mais interessante, mas são reviravoltas que parecem que estão lá apenas para isso, para tentar demonstrar que existe um roteiro. As atuações são boas, a produção toda é impecável, com efeitos, fotografia e design de produção bonitos, e, no fim, é um filme visualmente estonteante. Mas possui alguns probleminhas que incomodam, além dos que já citei. Os desleixos com a segurança da equipe são incompreensíveis vinda de uma equipe que deveria ter sido muito bem treinada, mas que trata a própria vida com pouco zelo. Tudo poderia ter sido evitado se tratassem tudo ali com cuidado. Quero dizer, não passou pela cabeça da equipe que podiam ser contaminados com alguma doença alienígena para a qual não temos anticorpos? Ou radiação? Ou qualquer outro perigo para o qual não temos conhecimentos? Enfim, outro grande problema é que o filme deixa lacunas gigantescas em sua trama para serem explorados numa continuação que, infelizmente, nunca aconteceu. Teria mais sentido se essa continuação estivesse certa, em pré-produção, mas, no final, ficamos completamente sem respostas porque os produtores resolveram deixar ganchos narrativos, gerando um filme que parece acabar antes do tempo. Bom, pelo menos a ação é boa e possui cenas de violência gráfica e, mesmo com todos esses defeitos foi, à época que lançou, o terceiro melhor da franquia. Nota: 8.2.
Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado
2.8 817 Assista AgoraHumor e piadas... Isso não é um filme de super-herói, é um filme de comédia fantasiado de super-herói. Quase todas as cenas são construídas em torno de piadinhas, os poucos momentos que se fala a sério consistem nos momentos em que a trama em torno do mistério do surfista é construída, embora quase sempre terminem em outra piadinha. Sério, nem os atuais filmes do UCM, famosos pelo uso exacerbado de piadas, chegam perto da quantidade de humor contida nesse filme. E o pior é que apenas uma ou outra são realmente boas. Uma das únicas cenas que os personagens falam a sério é até boa, quando o Tocha pergunta para o Coisa onde ele gostaria de passar os últimos momentos, sendo a cena logo estragada por mais uma piadinha fora de hora.
Eles também tentaram corrigir a questão que algumas pessoas reclamaram, da pouca ação no primeiro filme. E, para isso, tentaram inserir uma cena de ação completamente inútil, sem graça e descartável para a trama, que é a cena da roda gigante. Lembro que quando assisti quando era criança até gostei e revi algumas vezes, mas estava no limiar entre gostar e achar uma chatice, principalmente por não gostar muito da sequência final. Revendo agora até não achei tão ruim, apesar de que o desfecho do Surfista Prateado é super tosco.
Se ele tinha aquele poder todo, por qual motivo não deu cabo do Galactus antes? Tá certo que ele corria o risco de morrer junto no processo, mas parece uma morte digna, melhor do que ser um dos responsáveis pela morte de milhões.
Enfim, ligeiramente inferior ao primeiro, que pelo menos era assistível, enquanto este aqui é apenas irritante.
Nota: 6.7.
Tamara
2.3 379Este até fez um certo sucesso na época de seu lançamento, embora atualmente esteja bem esquecido.
É uma espécie de new slasher, que começa como Carrie, A Estranha mas, sendo um filme pós 2000, resolve não investir muito tempo no desenvolvimento do Bullying e logo se transmuta em um Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado.
Até a morte do Roger (o personagem Nerd), o filme prometia seguir uma linha mais ousada na questão do Slasher do que Eu Sei o que Vocês Fizeram. Entretanto, após isso, o filme abandona a ideia das mortes uma a uma e foca mais nos medos e na obsessão da garota com o professor, fazendo o filme perder um pouco o ritmo e o interesse, desbocando num final não muito satisfatório. Em resumo, bom primeiro ato, dá uma caída no segundo e despenca no terceiro. Mas acaba sendo um bom exemplar se você gostar do subgênero.
Nota: 7.2.
Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver
3.9 111 Assista AgoraJosé Mojica Marins é visionário. Começou aqui uma longa tradição dos filmes de terror em ressucitar seus vilões de forma absurda para podermos ter a continuação, tradição que Michael Myers e Jason Vorhees seguiriam.
Quase tão bom quanto o primeiro. O maior problema é manter a sina das continuações e remakizar quase por completo o primeiro filme. Trás, claro, algumas situações adicionais, como a "versão feminina" do Zé, além de termos uma produção melhorada por um maior orçamento oriundo dos lucros do primeiro filme.
Grande parte dos meus comentários ao primeiro filme são pertinentes aqui, como a atuação teatral e exagerada (repleta de gritos do Zé do Caixão), o título sonoro, um bom pôster, o gore explícito para a época, etc. Até a cena de clímax possui semelhanças. Já a cena final, infelizmente, foi dilacerada pela Ditadura Militar, que modificou o final em que
Zé do Caixão continua convicto em suas ideias atéias, gerando uma cena bizarra em que o protagonista aceita à Cristo em seu leito de morte, totalmente incondizente com o personagem e sua construção.
Acredito que por remakizar o plot do primeiro filme, a produção atinge em determinado ponto um tom um pouco repetitivo, que é quebrado pela melhor cena da trilogia, a cena que se passa no inferno e que, apesar de pouca função narrativa, possui tal dose de violência e atrocidades que deve ter impressionado por demais as pessoas na época.
Nota: 8.9.
American Pie: A Primeira Vez é Inesquecível
3.3 724 Assista AgoraEu costumava dizer que American Pie (o primeiro filme e a franquia) eram meu guilty pleasure, pois considerava como um ótimo filme/franquia, mesmo tendo a produção a natureza de um comédia besteirol descompromissada. Acredito que tenha visto esse primeiro filme na minha infância, e fui acompanhado aos trancos e barrancos a franquia, até finalmente sentar e, mais velhor rever todos para assistir o recém-lançado (á época) American Reunion. Revendo agora, vejo que o status de guilty pleasure é extremamente injusto, pois o filme ainda possui elementos dos coming of age de "sex pursuit" dos anos 1980, que ainda traziam mais desenvolvimento de personagem e discussões sociais sobre a adolescência e a busca pelo sexo (claro, nenhum demérito em filmes de sex pursuit que não possuem esses elementos, como Superbad).
American Pie trás de volta esse subgênero cinematográfico que era bem popular nos anos 1970 e 1980 (não sei se Can't Hardly Wait, lançado um ano antes, tem a mesma pegada) e o faz de forma genuinamente engraçada. As situações entre Jason Biggs e seu pai são ótimas, a discussão em torno do tema do sexo também. Algumas situações ficaram marcadas na franquia, como a mãe de Stiffler (e a popularização do termo MILF). De bônus, ainda tem a participação da Alyson Hannigan. Inclusive, ela representa um avanço no tratamento das personagens femininas em filmes do tipo. Aliás, praticamente todas as personagens não são vistas como mero objetos, algo infelizmente recorrente nos filmes mais antigos do subgênero. No fim, American Pie não traz tantas inovações para o subgênero, sendo apenas responsável por trazer de volta à tona esses filmes, que ficaram bem populares e tiveram várias "cópias" lançadas ao longo do início dos anos 2000. Mas não deixa de ser um ótimo filme, mesmo não sendo inovador. No final, temos algumas coisas um pouco datadas, mas são bem poucas, sendo a mais digna de nota a cena em que ocorre a transmissão não consentida pela internet (e que deveria ter consequências mais gravosas).
Nota: 9.4.
Yesterday: A Trilha do Sucesso
3.4 1,0KO maior problema de boas premissas é que elas usualmente são acompanhadas de uma execução pouco inspirada. É quase como se, ao ter a boa ideia, o roteirista relaxasse, confiante de que apenas a boa ideia irá manter o roteiro. E Yesterday, infelizmente, não foge dessa regra.
Meu primeiro contato com o filme foi com o trailer que passou em uma sessão de cinema, e acabei conhecendo a premissa. Do contrário, evitaria ao máximo qualquer informação sobre o filme, mas acabou que eu já conhecia sobre o que se tratava. E, como fã inveterado dos Beatles, não pude deixar de me interessar, afinal, o filme prometia muitas músicas da banda. Não só isso, o filme venerava o grupo e é dirigido por um grande diretor. Mas, infelizmente, o filme parece envergonhado de assumir sua própria natureza, como explicarei mais adiante.
Trata-se de uma comédia descompromissada (como Se Beber não Case, entre outros), mas que não se assume como um filme de comédia descompromissado, ao contrário, finge ter uma roupagem densa que faça jus a ser dirigido por alguém que já ganhou um Oscar. Mas, Yesterday não é um filme que se leva a sério. A tônica é o humor inconsequente e de situação, sem discussões narrativas mais aprofundadas, algo que não é obviamente um demérito e apenas o passa a ser quando o filme tenta negar essa sua própria natureza. Em nenhum momento o protagonista, por exemplo, questiona a eticidade de suas decisões. O filme mau possui uma linha narrativa, sendo guiado pelo clichê da história romântica para amarrar a trama. Há uma pequena crítica à indústria da música e à divulgação de artistas, uma alfinetada na visão dos Beatles se fossem lançados atualmente devido a alguas características datadas, mas tudo pontual e com função primordialmente humorística. E o humor, pelo menos, funciona bem na maior parte do tempo, sendo a piada recorrente em relação a elementos da cultura pop que não mais existem é boa, e a forma como se averigua se algo existe ou não é hilária (se não está no Google não existe, oras).
Mas, o grande momento do filme é mesmo a "participação especial"
de John Lennon, embora nos faça questionar ainda mais sobre o filme. Inicialmente, parecia apenas que os Beatles foram apagados da existência, mas o mundo ainda era o mesmo. Entretanto, se John Lennon está vivo, então estamos realmente num universo alternativo. Mas, pensem no enorme Efeito Borboleta que a ausência dos Beatles significa. Muitas bandas deixariam de existir. A música teria tomado outros rumos. Imagina alguém que deu o nome do filho de John como homenagem. Nesse mundo alternativo o filho não chama John mais? John não conheceu Yoko? John não teve os mesmos filhos?
Uma última questão aliás, é sobre a forma como tratam o protagonista como um Deus da composição. Convenhamos, os Beatles fizeram sucesso no contexto dos anos 1960. Se surgissem atualmente com a mesma música não fariam o mesmo sucesso, afinal, estariam apenas reprisando a música dos anos 1960, e não fazendo parte dela. Pensem se, ao contrário dos Beatles, quem tivesse sido varrido fosse Beethoven. Ninguém ligaria para o protagonista com composições de música clássica na atualidade. Mas, enfim, pelo menos o filme é engraçado e tem música boa. Até mesmo a presença do Ed Sheeran é divertida.
Nota: 7.4.
Rocky: Um Lutador
4.1 848 Assista AgoraA vida parece ser mesmo a grande inspiradora em bons roteiros. Muita coisa que torna Rocky um clássico vem de experiências e expectativas do próprio roteirista (o Stallone), fazendo paralelos da grande chance do personagem com a grande chance do ator ao realizar a produção.
Originalmente, tinha a visão que seria um filme voltado para a ação, como um torneio de luta livre, mas temos apenas duas lutas durante toda a produção, sendo uma delas a de abertura. Já a última compõe um excelente clímax para toda uma cuidadosa construção do personagem e da exposição de sua personalidade simples. O filme possui muitos subtextos a serem discutidos, cada cena é composta muito bem nessa construção basicamente dialogal. A trilha sonora é uma das mais marcantes do cinema e ajudou a estabelecer Rock no imaginário popular, conjuntamente com o justo reconhecimento do Oscar, que voltou seus olhos para uma produção de baixo orçamento.
Há muito a se discutir sobre a produção. Cada cena tem seus simbolismos e reflexões, sem soarem melodramáticas, mas pendendo a um realismo com o qual nos identificamos com o Rocky, que toma lenhadas da vida e parece ter achado um ponto de comodismo, mas longe do ideal. O filme acerta em praticamente tudo, numa daquelas raras confluências cósmicas, em que os Deuses da cinematografia permitem que a produção acerta em praticamente tudo (como acontece em O Massacre da Serra Elétrica), ainda mais se considerarmos que Stallone não teve a mesma sensibilidade em escrever seus outros roteiros, ou o diretor do filme, que não possui muitos outros trabalhos relevantes.
No final, apesar do reconhecimento pelo Oscar (que deu o prêmio de melhor diretor e filme), não reconheceu como melhor roteiro (Network é bom, de qualquer jeito), ator, e música original, a meu ver, de forma injusta. Música original, então, beira o absurdo, sendo premiado uma música sem graça de um filme sem graça (A Star Is Born).
Nota: 8.9.
Fitas Macabras
1.9 30 Assista AgoraNão acredito que depois de tantos anos finalmente cai no bait. V/H/S 1 estava no Prime Vídeo como "Crônicas do Medo", aí colocaram o título desse filme lá como "Crônicas do Medo 2". E, sem saber, assisti grande parte do filme até notar. O principal problema é que por ser found footage o ar amador não é tão evidente, embora, passados alguns momentos do filme, percebe-se a diferença orçamentário dessa produção para o real V/H/S 2.
Bom, o primeiro curta (que é o que vai ficar permeando os outros curtas) é o que melhor potencial, algumas explicações interessantes (embora apresentadas de forma apressada) e conceitos de universo paralelo legais, mas a execução peca em pontos importantes (a cena do demônio falando, por exemplo).
O segundo curta também é razoável, apesar de copiar bastante de Atividade Paranormal, acaba por se salvar no final.
A terceira, da Cam Girl, é muito boba e sem inspiração, em alguns momentos a tela piscando até é interessante, mas em outros soa intrusivo.
O último é outro que tinha potencial, mas a construção é meio enrolada em alguns momentos, mas a parte que envolve gravação com tecnologia antiga é bem legal, apesar das fantasias toscas.
Em resumo, a maioria das histórias funcionaria bem como curtas, mas era necessário pessoas com mais talento/bagagem para executar. A atuações são bem ruins (found footage nem exige tanto assim em matéria de atuação), a edição é tosca com os efeitos de "defeitos em fita" aparecendo em momentos errados e de forma pouco semelhante aos defeito dos VHS ou glitches de câmeras, e a motagem é ruim no geral, incluindo também os efeitos, algo que found footage também não exige muito. Para falar a verdade, found footage não exige muito cinematograficamente, então é o gênero ideial em relação ao baixo orçamento, então é incrível como os realizadores conseguiram estragar boas ideias em um formato bem fácil de se fazer cinema, que é o found footage.
Nota: 5.6.
Convite Maldito
2.4 148 Assista AgoraCaramba, que nota injusta. É melhor que praticamente todos os filmes de terror de 2022 que foram bizarramente idolatrados por crítica e público. Acho que apenas a cena climax poderia ser melhor executada, de resto o filme se conduz muito bem. O maior problema mesmo é que em pleno 2022 as distribuidoras não sabem fazer trailer. O desse aqui revela demais sobre a trama e por sorte eu não tinha visto o trailer antes de assistir o filme (hábito de ver trailer abandonei quando vi O Grito 2 pela primeira vez, uns 10 anos atrás). Sinceramente, é bizarro o quanto o trailer entrega o filme. Bom, gostei dos diálogos e da forma como o filme revela pouco sobre sua natureza, até o terceiro ato, onde as coisas passam a fazer muito sentido, ainda mais para quem conhece a fundo a mitologia ali retratada.
Nota: 8.2.
A Tortura do Medo
3.9 149Filmaço injustamente pouco conhecido. Rivaliza com Psicose nas origens de filmes focados em assassinos em série. A grande diferença é que Peeping Tom é mais ousado e por isso não foi reconhecido como grande influenciador do cinema como Psicose o foi. E, convenhamos, o próprio Psicose já era por demais ousado quando lançou, causando polêmica e repulsa, imaginem então Peeping Tom. E, por qual razão o filme de Michael Powell seria mais ousado?
SImplesmente por ter como protagonista o vilão da narrativa, algo bem incomum para a época mas já banalizado nos dias de hoje. Antes de assistir, acreditava que seria um filme nos moldes de um Giallo, ou um suspense como Psicose. Entretanto, esse é o grande diferencial desses dois filmes para outros filmes que previamente trataram do tema serial killer, que é não focar no lado policial/investigativo. Psicose foca nas vítimas de Norman, enquanto Peeping Tom, mais ousada e arriscadamente ainda, direciona seu foco no Assassino em Série, colocando o antagonista como protagonista da trama.
E, claro, isso gera um sentimento caótico no público, pois tendemos a torcer para o protagonista e, aqui, de certa forma, as coisas são tratadas objetivando a analisar os motivos do comportamento do protagonista, fazendo uma profunda análise psicológica, que poderia por vezes ser confundida com uma defesa ou justificação do comportamento assassino do protagonista. Pelo contrário, temos uma típica visão afastada quando se trata de antagonistas como protagonistas, em que apenas se exibe o ato criminoso, sem condena-lo ou puni-lo, deixando tal a cargo da audiência (como acontece em Lolita, Coringa, etc). A construção cuidodasa do roteiro que aos poucos vai revelando as facetas, motivos e conflitos do protagonista é feita tal qual um strip-tease, desnudando peça por peça, sendo a peça seguinte cada vez mais aprofundada na psiquê caótica do protagonista. É ultrajante que esse filme não tenha recebido prêmios de melhor roteiro, pois foge do convencional sem se perder em suas próprias fugas da convenção.
Confesso que dê início, ao já ser revelado quem é o assassino, fugindo dos típicos giallos e filmes de detetive, fiquei um pouco decepcionado, mas esse sentimento logo foi afastado pela forma cuidadosa que o roteiro trata o seu protagonista. Os demais elementos também são bem executados pelo diretor, que sempre foi excelente na questão de ângulos e fotografia. Os paralelos com filmagens e voyeurismo finalizam o ótimo filme. Talvez, no final, tenha faltado apenas um pouco mais de suspense.
Bom, por último, vou comentar que a definição de Peeping Tom como um proto-slasher, para mim, é um pouco complicada. O filme foge por demais da proposta dos slashers, que é o foco na vítima. Não é só por ter um serial killer que o filme é proto-slasher, e Peeping Tom é muito fora da curva nessa questão, diferentemente de Psicose, proto-slasher por excelência.
Nota: 9.6.
Gatinhas e Gatões
3.4 714 Assista AgoraGosto bastante do cinema de John Hughes e Gatinhas e Gatões para mim é um dos melhores dele. Ficou bem popularzinho no Tumblr uns anos atrás, gerando diversos GIFS de falas dos filmes.
A ideia do diretor, de eventos que se passam em um único dia é algo recorrente e sempre interessante. Aqui, acompanhamos o aniversário de 16 anos de uma personagem interpretada pelo Molly Ringwald (minha eterna crush) e que tem seu aniversário esquecido por todos.
Bom, o diretor é ótimo em avaliar e descobrir quais são os dramas e questões sociais dos adolescentes dos anos 1980 (ao invés de fazer como grande parte dos outros diretores e roteiristas, que focam em análises passadas, da época em que esses diretores e roteiristas eram adolescentes). Entretanto, sempre considerei que falta ao diretor sensibilidade para desenvolver essas questões e nesse quesito ele costuma falhar, apontando soluções da visão adulta aos adolescentes, ou não interpretando bem o cerne da questão, concluindo em caminhos por vezes quase críticos à juventude por ele retratada (e a cena que a protagonista conversa com o pai depois de voltar para casa talvez seja um exemplo disso).
O filme se executa muito bem, garantido diversão, com boas tiradas e piadas (o diretor se sai bem na questão do humor), embora algumas sejam complicadas aos olhos atuais, enquanto outras, sinceramente, já deveriam ser complicadas nos anos 1980 (a forma como a popularzinha de escola é tratada quase como um objeto, sendo oferecida ao nerd).
Temos referência aos Beatles e a algumas músicas dos anos 1960, como em muitas obras dos anos 1980. Temos alguns personagens clichês também, como o garoto popular. Seria mais interessante se a protagonista não ficasse gamada em um cara padrão, e achei a tentativa de fugir disso e dar mais personalidade a ele mal executada. Pelo menos o nerd acaba sendo um ponto um pouco fora da curva, por não ser introvertido como esperaríamos desse tipo de personagem.
Mas, no final, apesar de alguns escorregões, é uma experiência interessante e divertida (a cena da festa, por exemplo), e com uma vibe bem nostálgica, e por isso vale uma assistida.
Nota: 8.5.
Bravura Indômita
3.9 140 Assista AgoraCurioso como no remake considerei a personagem Mattie como protagonista, enquanto nessa versão de 1969 o personagem de John Wayne soa muito mais como o protagonista da trama, mostrando que a atuação que é melhor acaba chamando o protagonismo para si (embora o Oscar tenha premiado John Wayne muito mais como um prêmio honorário pelo conjunto da obra como por qualquer outra coisa).
E o ator, agora envelhecido, acaba sendo o destaque aqui, embora os outros elementos do filme também sejam bons e bem executados. Entretanto, acabo considerando o filme do Coen superior, muito mais por gostar mais das atuações, mas também pelo remake ser um filme visualmente impecável.
Nota: 8.4.
O Padrasto
3.4 85 Assista AgoraDizer que esse filme é um slasher é um enorme desentendimento sobre o subgênero. Está longe, muito longe de possuir os elementos dos filmes slasher. Na verdade, O Padrasto é um visionário primeiro exemplar (até onde sei) de um subgênero do suspense que seria extremamente popular nos anos 1990 e até onde sei não tem um nome específico. São filmes focados num invasor silencioso, dentro do ambiente familiar, e que apenas um dos personagens percebe a verdadeira natureza desse invasor, que aos poucos vai deixando escapar seu lado psicopata, até que tudo descamba numa sangrenta cena final, repleta de ação e perseguição. Filmes como A Casa de Vidro, A Orfã, A Mão que Balança o Berço, etc.
E o Padrasto traria pela primeira vez vários elementos desse subgênero que seria muito popular nos anos 1990, e por isso considero um ótimo filme. A condução narrativa é boa, consegue manter o interesse no filme, incluindo o Padrasto, com sua faceta conservadora e tradicionalista levada ao extremo. A sequência final também não decepciona.
Nota: 8.8.
King Kong
3.8 194 Assista AgoraApesar da importância histórica, não é o primeiro filme em seu estilo. Filmes de monstros já existiam, como, por exemplo, Lost World de 1925. Entretanto, King Kong possui alguns pontos interessantes para a história do cinema e do gênero. Por exemplo, e principalmente, trás uma personalidade ao monstro da narrativa, colocando o como personagem e gerando simpatia do público pela criatura que normalmente seria tida como bestial. E, quando Kong encontra seu destino no final do filme, não há como deixar de se sentir triste pelo final da criatura.
O filme é tão importante que todos nos conhecemos sua trama, mesmo que não tenha sido baseada em outro material, como um livro, por exemplo, se tratando de um roteiro original.
Meu maior problema com o filme é a primeira meia hora, em que pouca coisa acontece. Certo, não iria querer que o filme já começasse na ação, mas podia muito bem preencher a primeira meia hora com personagens ou falas mais memoráveis. A coisa fica boa mesmo quando chegam na ilha e os personagens são mortos como moscas, sem dó nenhuma, algo bem drástico para o cinema da época, incluindo a forma gráfica e explícita que nos é mostrado.
Bom, os efeitos são muito bons para a época em que foi lançado, meu único problema é com o King mesmo, podiam ter feito um gorila um pouco mais simpático. No final, temos duas cenas antológicas para o cinema, a briga contra o tiranossauro (que é longa e bem orquestrada) e a famosa cena do Empire State. Não vou reclamar de dinossauros, humanos, lagartos e gorilas gigantes na mesma ilha não ter muito sentido, mas que poderiam ter tentado ter uma ilha com mais sentido, poderiam.
No final, a conclusão do cineasta que capturou o Kong foi basicamente "o erro do Kong foi amar demais" rs.
Nota: 8.9.
Mistérios da Carne
4.1 975O filme é perturbador exatamente pela forma seca como apresenta seus temas perturbadores. Sem pintar com cores bucólicas para contrastar (como em Lolita de 1997) ou sem tratar de forma hollywoodiana, tecendo críticas óbvias ou contando com um universo que conspira para punir vilões e agressores. Aqui o tema é abordado de forma complexa e realista, sem se preocupar em apontar a maldade das atitudes que vemos por serem obviamente repulsivas. É um filme que apenas retrata as situações horrendas e as consequências psicológicas delas nos seus personagens, deixando que o público receba o impacto por si só. Bem executado e pouco conhecido, realmente não é um filme para qualquer um pelo seu pesado conteúdo e pela forma seca e realista com que esse conteúdo é tratado.
Enfim, é um filme com uma atmosfera esquisita. Ela é carregada, mas não exageradamente o suficiente para fazer jus às atrocidades expostas pela narrativa. Quase como se utilizasse a direção de um coming of age em um roteiro com traços de Lolita, mas sem disfarçar seu conteúdo com a visão do abusador, mas sim tratando se das consequências psicológicas. E, como tal, a questão psicológica não "berra" suas origens, é contida, apagada por memórias que os personagens tentam suprimir, enquanto a narrativa as expõe de forma crua.
Nota: 8.5.
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
4.2 6,4K Assista Agora"Deshi, Deshi, Basara Basara".
O Cavaleiro das Trevas Ressurge padece em duas questões: uma é querer (com razão) fazer jus à qualidade de seu antecessor, e a outra é o fato de possuir o dever de encerrar uma trilogia de forma bombástica, uma questão que também se relaciona a uma das minhas maiores ressalvas dessa trilogia, que é a falta de foco no Batman.
O primeiro filme é um filme de origem, focado na transformação de Bruce Wayne no Batman. O segundo tem como seu destaque o Coringa. E o terceiro Gotham é o foco, sendo o Batman um acessório do roteiro ao longo dos três filmes, não tendo o destaque justo que a figura encapuzada deveria ter como protagonista. Quero dizer, tivemos um filme de origem, seguido de um segundo filme de enfrentamento vilão x herói, para um terceiro filme de conclusão e não tão focado no herói de rua, mas sim em uma narrativa de proporções distópicas e épicas. Gotham é colocada em foco, mas, não só isso, temos um filme em que Gotham é colocada em posição quase fantasiosa, em um estado de sítio de grandes proporções para termos uma conclusão épica. Com isso, a narrativa se afoga e foca nessa proposta megalomaníaca para, como já disse, fazer jus ao conceito de desfecho épico da convenção de trilogias.
A primeira metade é quase morosa, focada na preparação para a ação épica que se desenrolará na segunda metade. A qualidade do segundo filme acaba sendo culpada por essa quase morosidade. A cena de abertura é um bom exemplo. Seria uma cena fantástica (e é forma como foi gravada é bem feita), mas acaba padecendo se comparada com a abertura da cena do filme anterior. O mesmo vale para a cena na bolsa de valores e a posterior perseguição, que não se compara com a perseguição que ocorria no segundo filme. De toda forma, Bane é um bom vilão, e a rima com o primeiro filme também é boa para fazer jus ao conceito de trilogia.
A ação continua de qualidade, junto com as boas montagens de fatos ocorrendo em paralelo (característica marcante do diretor), e a trilha de Hans Zimmer continua fantástica. Também gostei da forma que conseguiram incluir a Mulher-Gato em um filme de conclusão, sem soar como algo forçado para agradar os fãs, embora talvez vejamos pouco da Mulher-Gato na ativa.
Pode ser algo que várias pessoas vão torcer o nariz, mas adoraria uma continuação com o Robin e com o Batman de Bale, que teria sobrevivido, e dirigida pelo próprio Nolan. Ainda havia muito a se explorar em relação ao personagem, e não sei o motivo de terem pensado em uma trilogia fechada. Na verdade, acredito que tenha sido a necessidade de iniciar um projeto de filme da Liga da Justiça nos moldes dos Vingadores. Aliás, o final aberto rima com o da HQ Piada Mortal, em que, impossibilitado de matar um personagem diretamente, pois precisamos dele para continuações, o matamos de forma dúbia, sem deixar muito claro o que aconteceu, deixando a critério do telespectador responder. E, confesso gostar da ideia de que o Bruce escapou usando o piloto automático, enquanto o Batman morreu de vez, libertando, assim, Bruce do fardo de ser o Batman.
Bom, alguns pontos negativos estão a forma como Blake descobre ser Bruce o Batman, a vilã do filme, que não sei por qual motivo achei meio claro que seria vilã (alguma coisa na cara da atriz, sei lá) e o tão reclamado retorno de Bruce para a Gotham City sitiada. Entendo que a ideia ali eja dar uma cena de impacto, mas deixar o retorno sem explicação em prol de um pequeno espetáculo, buscando criar uma cena impactante, causa o efeito reverso. Seria melhor um retorno explicativo mesmo, mostrando como Bruce conseguiu voltar à Gotham (esse retorno sem explicações é, aliás, mais um exemplo de que tratar Nolan como um diretor expositivo é algo injusto)
No final, na minha opinião, é melhor que Begins e inferior a Cavaleiro das Trevas, mas não deixa de ser um excelente filme e encerramento de trilogia.
Nota: 8.7.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraHollywood demorou, mas aprendeu a tratar dignamente as revisões, continuações e remakes dos filmes do passado. E Blade Runner 2049 se esforça muita para fazer jus ao estilo do original, enquanto busca agradar aos fãs, sem ceder por completo ao modo atual de fazer blockbusters.
Quero dizer, a ação sci-fi não era a proposta do filme original, se tratando mais de um filme de investigação noir se passando num mundo futurista. Buscou-se manter a mesma proposta e o mesmo ritmo narrativo, mesmo que atualmente exige-se mais cenas de ação (a bem verdade, na época do lançamento original essa já era uma exigência frequente em filmes de massa) e assim aqui temos um pouco mais de ação que a obra original, embora esforce-se para manter o mesmo ritmo.
Entretanto, por mais que busque se aproximar do filme original (e o faz de forma louvável), Blade Runner 2049 ainda acerta em ser uma das raras (diria raríssimas) continuações que pouco ou quase nada “remakiza” a trama do filme anterior. Em verdade, a maioria das continuações possui pelo menos o mesmo esqueleto narrativo, algo que Blade Runner 2049 também consegue fugir, tendo sua condução narrativa própria.
Também corajosa e deveras arriscada é a decisão de colocar um replicante como protagonista. Em mim o efeito imediato foi o de parar de me importar com o destino do protagonista, afinal, ele não é humano. Mas, essa discussão de real, humano, etc é o cerne temático dessa franquia. E Ryan Gosling é eficiente em sua interpretação contida, meio robótica, mas não artificial. Não sei o que o ator tem, que ele consegue ser inexpressivo de um modo que soa como uma boa atuação, e não como falta de competência em atuar.
E a discussão em torno da realidade das coisas é interessante nesse filme, ainda mais em relação à Joi, que passa uma sensação de personagem que realmente ama o protagonista e, naquela que para mim é a melhor cena do longa, é revelado que o carinho da personagem não passava de mera programação padrão, que seria igual em quaisquer dos modelos que o protagonista tivesse adquirido da Joi. E, aqui entra outro questionamento, em relação aos replicantes e sua programação e em que medida poderíamos considera-los como humanos. Sobre a fotografia e a trilha sonora, basta dizer que são impecáveis.
E, mesmo com todo esse esforço, com todo respeito ao material original, com toda a qualidade técnica e artística e com toda riqueza temática não consegui gostar o suficiente do filme. Fiquei muito na dúvida se dava a nota 8 ou a nota 9 e o motivo é bem simples. Falta ao roteiro e ao filme como um todo apenas uma coisa, mas uma coisa deveras essencial: coesão narrativa. São muitas ideias, muitos conceitos, muitos personagens, muitos temas, muitos questionamentos e quase nenhuma coesão ou relação entre toda essa parafernália. Um ótimo exemplo disso é o personagem de Jared Leto, que possui uma longa e ótima introdução, um longo discurso e no final quase não possui participação ou desenvolvimento ao longo da narrativa. A questão é que, no final, a trama não foi bem amarrada em torno das várias boas ideias, quase como se esse filme fosse apenas uma primeira parte introdutória para dar brecha a um desenvolvimento de conceitos que ocorreriam em filmes posteriores. E essa falta de coesão se torna um pecado ainda maior ao perceber que acaba sendo a culpada de um grande potencial desperdiçado. Faz até a sensação de que o filme ainda não iria acabar, fiquei surpreso ao perceber que a cena de ação na água era a cena de ação climática. Achei que ainda teria mais filme para amarrar melhor todas as questões.
Nota: 8.5.
Pearl
3.9 995Achei Pearl bem superior a X, e vários são os motivos. Primeiro, a tão falada atuação de Mia Goth, que, sem brincadeiras, foi completamente injustiçada pelo Oscar. Já é repetitiva essa reclamação de que as premiações no geral consideram apenas um nicho cinematográfico, algo que já passou da hora de ser mudado, pois produções de qualidade e empenho é encontrado em quaisquer dos gêneros cinematográficos. Não conheço uma pessoa que não tenha elogiado a atuação da Mia e os gagás da Academia devem despertar logo para o fato de que Cinema é um conceito amplo.
Enfim, a trama aqui é mais interessante do que em X não só por não ser um copia e cola de outro filme (no caso, X pegava muita coisa de Massacre da Serra Elétrica), mas justamente por causa da construção bem feita em torno da protagonista, seja nos seus sonhos, seja em seus transtornos, seja no contexto socialmente árido em que ela vive. Mas, não só isso, temos aqui um filme que é de origem, algo que costuma gerar roteiros fracos, mas aqui temos uma boa construção da personagem, e de uma forma que o filme funciona mesmo para quem não viu X, bem como para quem já viu e ficou curioso com a origem da personagem.
Além disso, há vários paralelos pequenos com o outro filme, como o tema sexual ser um dos motes da produção, incluindo os filmes pornográficos, como também a menção ao fator X. As mortes continuam bem feitas, como Ti West costuma fazer, o cenário da fazenda e a reconstrução da época também são bem feitos (reconstruir e homenagear outras épocas é especialidade do diretor), pecando apenas na pouca aparição de Harold. Não só vemos pouco do personagem, como pouco sabemos das questões que envolvem
ele aceitar a Pearl como uma psicopata e tentar conviver com isso. Quero dizer, ela tinha matado a irmã do Harold e ele não só manteve isso em segredo da família como perdoou. Talvez ele odiasse a irmã, sei lá.
Nota: 9.0.
Pânico no Lago 3
1.7 141 Assista AgoraBasicamente repete os mesmos erros do segundo, principalmente nos ataques abruptos e sem tensão, as atuações cafonas, a condução caótica, os efeitos horrendos. Mas, acho esse ligeiramente superior, não sei se por acostumar com a qualidade questionável da produção, ou se por esse daqui ter uma edição ligeiramente melhor. Aliás, porque os crocodilos seguiram eles até o supermercado, que já era bem longe da água? Bom, pelo menos o filme ganha pontos no humor (in)voluntário de boa qualidade, na personagem metida a fodona que tem bons momentos e na explosão do posto de gasolina.
Nota: 6.4.
Kairo
3.4 165Uhm, vou ter que rever algum dia para poder comentar com mais propriedade. Mas, já dá para adiantar que o filme é muito bom em construir cenas de tensão/assustadoras, como a maioria dos filmes de j-horror da época o faziam. Já não me assusto mais com filmes de terror tem um bom tempo, mas esse daqui chegou bem perto.
Gosto como o começo do filme já passa uma sensação de que ele está no meio, jogando já o telespectador na trama sem muitas apresentações. E é bem legal o modo como o filme vai entrando numa espiral de loucura bem gradualmente, até que toma uma exponencial e quando você percebe você já está totalmente perdido na trama sem nem mesmo saber quando você se perdeu. Realmente é interessante dar uma reassistida tendo o final em mente, e, assim, acredito que ficará mais fácil de compreender o filme.
Nota: 9.1.
Luccas Neto em: Acampamento de Férias 4 - O Desafio …
3.3 2 Assista AgoraLuccas Neto baguncou a timeline do Luccasverso aqui. Os outros filmes se passam na infância, o terceiro dá o gancho para o Roxteen, e esse daqui eles são da Roxteen, não mais do universo infantil. Vai entender. Mas, enfim, os filmes do Luccas realmente tem se parecido mais com filmes de verdade e não com vídeo do youtube improvisados (se ignorarmos a cena bizarra em que borraram o rosto das pessoas para não ter problemas com direito de imagem), até que chega no ato final e mais uma vez temos uma gincana que fica péssima como cena climática. Mas, aos poucos, os filmes tem acertado. Esse foi o desfecho da quarta fase do Universo Expandido Luccas Neto, e espero que a quinta fase também não seja composta de meras continuações que exploram ideias já repetidas (como hotel, mapa do tesouro, acampamentos, Natal, etc).
Nota: 5.8.
Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore
3.3 571Eu realmente não consigo identificar o problema dessa franquia. Os filmes não são ruins, mas não deixam de dar a sensação de que faltou algo. E é esse algo que eu não consigo identificar com clareza. No primeiro filme, achei que era os elementos e fan service, pois se afastava demais da trama de Harry Potter. Aí no segundo filmes fomos entupidos com fan service, e mesmo assim a sensação de que faltava a magia (figurativamente) de HP continuava. Comecei a acreditar que era o fato dos roteiros da J.K. serem repletos de subtramas e funcionarem melhor como livro do que como filme. Entretanto, nesse terceiro filme, temos um roteiro um pouco mais polido, e a sensação de que faltou algo para termos uma boa obra cinematográfica continuou.
O filme é visualmente interessante, entrega fan service, entrega as criaturas que dão título ao filme (das quais eu gosto, tenho inclusive o livro Animais Fantásticos e Onde Habitam), tem boas atuações e boa trilha, tem um roteiro que aborda tramas políticas de forma interessante, como o segundo o fazia. Nesse aqui temos a divulgação pessoal, a imprensa e as fake news, tema atual. Então, qual será o motivo para essa franquia não funcionar, e mesmo corrigindo os erros dos filmes anteriores, fica cada vez mais sem graça?
Acredito que o problema principal esteja relacionado ao protagonista e aos personagens. Parece que os protagonistas não nos empolgam como acontecia em HP. Mesmo dando um substrato, boas personalidades, etc. Newton Scamander é um ótimo personagem, mas não suficiente para carregar protagonismos. Outro ponto que acredito ser o problema é a ideia de que essa franquia na verdade é sobre Dumbledore x Grindewald, mas não foi iniciada como tal. A franquia é sobre o conflito entre esses dois bruxos, mas eles não nos foram e não são os personagens principais. Talvez, se desde o início Dumbledore estivesse presente, as coisas poderiam ter sido diferentes.
Sou um fã da franquia, assisti todos os filmes no cinema (exceto o primeiro) e mesmo assim não animei de ir assistir a este último, o que é algo que já demonstra o quanto essa frnaquia não consegue despertar o interesse mesmo nos fãs inveterados. E, apesar de propor motivos para isso, continuo não entendendo a razão dessa franquia não empolgar, pois, na teoria e na execução ela está bem longe de ser ruim. E, confesso, mesmo assim estou curioso para a famosa batalha Dubledore x Grindewald, e pelos dois filmes que teriamos após esse, se passando durante a Segunda Guerra Mundial. Aliás, importante falear também que os três filmes da franquia tiveram clímax sem graça. O desse aqui, então, é bem esquisito, expositivo, com uma mise-en-scène estranhamente montada/conduzida.
Nota: 7.4.
Assassinatos na Fraternidade Secreta
3.2 72Sorority Row foi lançado já num ano em que os slashers vinham perdendo força, pouco antes de serem renovados por Wes Craven e o seu A Hora do Pesadelo. E, como tal, ainda é um exemplar focado em vilões não sobrenaturais, evento traumático no passado e uma reviravolta final. Como slasher do final da primeira geração, poderia ser mais imaginativo e tentar fugir da fórmula que havia dominado o subgênero na época. Entretanto, o filme consegue ser bom nos outros pontos, sendo um slasher injustiçado por sua pouca fama (acredito que nem saiu em VHS no Brasil). A trama pega a ideia do assassinato acidental (provavelmente do livro Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado, lançado em 1973), misturando com as adolescentes de fraternidade. As mortes são rápidas e na maioria das vezes offscreen (não sei se houve alguma censura) e talvez por ter mortes fracas não seja tão badalado, mas compensa nas sequências de perseguição e na cena final, incluindo também a boa cena envolvendo a fantasia de bobo da corte.
Nota: 7.5.
Vigiados
2.6 366 Assista AgoraPromete, constroi e é zeloso em grande parte da sua narrativa, para um terceiro ato que não faz jus e não surpreende. Ou seja, é um filme que até vale a pena assistir, mas sem grandes expectativas. O principal problema é essa questão da expectativa, que o próprio filme vai lentamente construindo, mas, no fundo, toda a trama e seu desenrolar vai se tornando óbvio e seu desenlace não empolga, sendo um filme bem esquecível. No final, a melhor parte é mesmo a criativa capa do filme.
Nota: 6.8.
Prometheus
3.1 3,4K Assista AgoraLembro como esse filme teve uma divulgação massiva e foi bastante comentado (incluindo por causa do meme "Prometheus? Agora tem que cumprir"), muito por trazer a volta a franquia Alien depois de anos (excluindo, claro, os dois filmes de Alien vs. Predador), sendo o último filme o Alien 4 de 1997. Entretanto, é aqui que reside um dos erros da produção. Se passar no universo do Alien é basicamente irrelevante. Não há elementos suficientes para justificar estar inserido no mesmo universo, exceto por referências bem pontuais e, com isso, por melhor que o filme seja, acaba causando frustração. Eu mesmo me lembrava como se houvesse mais presença do Alien nesse filme, e me frustrei de novo revendo o filme atualmente. A impressão que passa é que tinham um roteiro sobre a origem da humanidade baseado na ideia de "Eram os Deuses Astronautas?", mas acharam que não era suficiente para chamar o público e como Ridley Scott estava envolvido resolveram inserir essa ideia de se passar no universo do Alien. Ou, o contrário, queriam fazer um filme do Alien baseado na busca pelas origens da humanidade, mas se perderam no roteiro e o Alien ficou em último plano.
Trama mesmo tenta inserir algumas reviravoltas para se mostrar mais interessante, mas são reviravoltas que parecem que estão lá apenas para isso, para tentar demonstrar que existe um roteiro. As atuações são boas, a produção toda é impecável, com efeitos, fotografia e design de produção bonitos, e, no fim, é um filme visualmente estonteante. Mas possui alguns probleminhas que incomodam, além dos que já citei. Os desleixos com a segurança da equipe são incompreensíveis vinda de uma equipe que deveria ter sido muito bem treinada, mas que trata a própria vida com pouco zelo. Tudo poderia ter sido evitado se tratassem tudo ali com cuidado. Quero dizer, não passou pela cabeça da equipe que podiam ser contaminados com alguma doença alienígena para a qual não temos anticorpos? Ou radiação? Ou qualquer outro perigo para o qual não temos conhecimentos?
Enfim, outro grande problema é que o filme deixa lacunas gigantescas em sua trama para serem explorados numa continuação que, infelizmente, nunca aconteceu. Teria mais sentido se essa continuação estivesse certa, em pré-produção, mas, no final, ficamos completamente sem respostas porque os produtores resolveram deixar ganchos narrativos, gerando um filme que parece acabar antes do tempo. Bom, pelo menos a ação é boa e possui cenas de violência gráfica e, mesmo com todos esses defeitos foi, à época que lançou, o terceiro melhor da franquia.
Nota: 8.2.