Uma pergunta que percorreu o filme quase todo pra mim foi: quem de fato é "a malvada"? Margo e Eve parecem "disputar" esse posto, trazendo ainda mais realismo ao filme: não há vilãs e mocinhas. Cada uma, ao seu modo, se entrega as suas ambições, desejos e angústias. E é justamente esse movimento que torna a história verdadeiramente humana, sem espaço para fantasias. O roteiro, muito bem conduzido, nos leva até o final a nos questionar sobre os limites da persuasão e da ambição. O jogo de interesses é nítido e os personagens, sobretudo Eve, parecem brincar o tempo todo conosco. Um filme deliciosamente envolvente!
Dentro da filmografia brasileira - e em especial daquela dedica a biografias - considero esta uma das melhores que já vi. Muito bem conduzida, alternando momentos emocionantes com fatos históricos/curiosidades sobre a vida de dois grandes artistas. Gostei das misturas de cenas com vídeos e áudios originais - ficaram bastante harmônicas e deu um maior toque de "realismo" à história, evitando assim aqueles exageros típicos dos filmes-biografia. Terminei o filme com vontade de correr para conhecer mais das canções de ambos. Para mim, entra no rol de destaque em filmes do gênero, ao lado de "Olga" e "Getúlio".
Vencedor do Oscar de melhor canção original, The Sandpiper traz uma temática bastante interessante pra ser debatida e soa muitíssimo atual: a vivência em sociedade, a adaptação aos valores morais dominantes, os ideais que construímos em torno de questões como amor, maternidade e casamento, etc. O único "porém" do filme é o roteiro, que contém alguns furos e inconsistências - o que o torna pouco convincente, em alguns momentos. Entretanto, o resultado final, para mim, foi bem positivo. Os cenários são lindos, contendo alguns diálogos dignos de serem revistos e analisados com maiores detalhes.
Filme profundamente tocante, com um excelente roteiro e brilhantismo na atuação de Cumberbatch. O que mais me chamou a atenção é a abordagem de diferentes assuntos de maneira coesa, ainda que não se aprofunde em todos eles (como a homossexualidade). É a minha "torcida oficial" para o Oscar 2015!
Em meio a tantos sentimentos negativos - sobretudo a tríade ganância, hipocrisia e falsidade - há espaço para se recuperar o amor e a "verdade" (ainda que esta última seja relativa, sobretudo se considerarmos a relação entre Maggie, Brick e o tal Skypper). É incrível a capacidade de Paul Newman em desdobrar o seu personagem, esmiuçando os porquês de sua mágoa e ódio, que o levam ao alcoolismo. Ele, em certa medida, também é um gato em teto de zinco quente, ou melhor: sempre foi, dado todo o seu passado afetivo. Vale ressaltar também a ótima ambientação do filme, que aliado aos excelentes e intensos diálogos, são capazes de nos transportar para dentro da mansão e de todos os conflitos que ali acontecem. Parece que somos os convidados (talvez não tão desejados assim?) de uma festa cujo ponto alto talvez seja a revelação dos porquês das atitudes de cada participante. E convenhamos: não devemos mesmo perdoar os outros por dizerem a verdade, como bem coloca Big Daddy. Mas até que ponto estamos dispostos a tolerá-la? E quais são as consequências disso? Seria a verdade sempre engolida pelas pessoas? Para mim, são as grandes "perguntas-lições" que ficam deste filme visceral.
O que mais me chamou a atenção neste filme foi o cuidado com o roteiro, muito bem escrito e envolvente. O desfecho é sensacional, amarrou com grandeza a história, que aliás, poderia ganhar um adicional no título: "Precisamos falar sobre o Kevin e a Eva" - a mãe do menino, sua conduta, suas perspectivas de vida e criação me chamaram a atenção tanto quanto ele. Genial!
Excelente filme e belíssima atuação de James Dean. É nítido o crescimento e aprofundamento da história, o que envolve bastante quem está assistindo. Roteiro muito bem amarrado, que vai complexificando a narrativa na medida certa, conduzindo a um final magistral. Imperdível!
O filme encerra com maestria a trilogia. Não decepciona, não se arrasta, não fica piegas - como geralmente acontece com o "amaldiçoado" terceiro filme dessas sagas. Ainda que eu prefira o segundo, tanto pela história em si quanto pelo seu desenvolvimento, o terceiro consegue manter o nível. Afirmo, com muita convicção, que foi a melhor trilogia que já assisti até hoje, de longe!
Desses filmes onde a personagem é tão hipnotizante que se torna capaz de conduzir toda a história com beleza e maestria. O roteiro é sim fraco - e o final açucarado e clichê?- e as demais personagens não conseguem chamar a atenção e nem tampouco se desenvolver. A exceção talvez seja o próprio Mundson, que do alto de sua frieza, se acha capaz de comprar absolutamente tudo, até mesmo a liberdade e leveza de Gilda. . Não só a cena das luvas, mas o primeiro diálogo ("Gilda, are you decent?"), o aceite aos convites para dançar com outros homens e a ousadia por adentrar no mundo das jogatinas fazem com que ela seja uma mulher dona de si. De fato, Hayworth está à frente de seu tempo e se articula brilhantemente à personagem.
Daqueles filmes que não acabam no final, pois demanda um tempo maior de reflexão. São tantos detalhes, tantas sutilezas abordadas de maneira genial. O desafio de explorar as raízes do nazismo é extremamente ousado e poderia cair facilmente em clichês como a "violência em massa", o "ódio disseminado", etc. Entretanto, Haneke consegue ser bastante certeiro, dissecando diversos aspectos do cotidiano de um vilarejo qualquer. E é aí que reside toda a maestria do filme e a necessidade de se revê-lo: são nas pequenas ações cotidianas que se vão construindo ideologias, visões de mundo e perspectivas que estabelecem uma distinção entre "nós" e "eles". Afinal, um fenômeno social da proporção do nazismo, que até hoje nos choca por uma série de motivos, não se gesta da noite para o dia.
Sem palavras para o incômodo e a histeria que vão nos dominando ao longo do filme. O que marca para mim é a tentativa de Blanche, frágil e ao mesmo tempo complexa, de administrar seu ego ao lado de um tempo que dolorosamente a pisa. Esconder segredos, bancar outros personagens, desmontar seu alter ego, reconhecer a passagem do tempo e a luz que insiste em persegui-la. São tantos acontecimentos que a rodeiam que não há como não se agarrar à bondade de estranhos - um último recurso em nome de uma certa "felicidade" que não se sabe bem o que é.
Eu esperava mais do filme, mas não me decepcionei nem um pouco com Liz Taylor e sua atuação. O Oscar foi mais do que merecido, justamente porque é ela quem carrega o filme todo, do começo ao fim. Os personagens se mostram bastante profundos e cheios de questões para serem resolvidas. Entretanto, o roteiro os explora mal: os momentos em que cada um se apresenta são pontuais e dificilmente me cativaram. Resultado: não fiquei convencido dos dramas e sofrimentos de Norma, Liggett ou sua esposa. Até mesmo a mãe de Gloria se mostra bastante afetada pela trajetória da filha, mas o filme não capta e transmite isso muito bem. Assim, coube à personagem de Liz Taylor conduzir toda a trama - o que fez magnificamente bem, por sinal. A proposta do filme é excelente e acredito que, se pensarmos o contexto que foi produzido, conseguiu explorar bem a questão da prostituição e reconhecer, ao mesmo tempo, que as prostitutas tem sentimentos SIM, são pessoas profundas e que carregam em si muitas contradições e traumas, como todo ser humano. Prova disso é o fato de Gloria ir ao psicanalista - uma sacada muito sutil e inteligente, por sinal. Resumindo: produção e temática do filme são ótimas, muito bem colocadas e trabalhadas. Mas o roteiro e o desenvolvimento dos demais personagens deixaram a desejar.
Quando o filme acabou, minha vontade era que continuasse a contar a saga dos Benedict pelos anos 1960, 1970 etc etc. Todas etapas são muito bem contadas, percebemos claramente o amadurecimento dos personagens - o que dizer da maquiagem? Poucas vezes vi tamanho cuidado e perfeição, em se tratando de filmes "clássicos". De repente, somos parte desta saga: problemas, angústias e sonhos que todos, em alguma medida, compartilham. Outro mérito do filme é abordar a realidade dos imigrantes mexicanos em um território de grandes tensões e preconceitos, ambos criados historicamente. É um retrato muito rico de um Texas conservador, mas que muda (muito lentamente, mas muda - basta acompanharmos Bick ao longo dos anos). Leslie também ensaia seus sinais de transformação, contestando o status quo em alguns momentos, mas em outros reafirmando-o. Assim caminha a humanidade: transformando-se e criando novas concepções e maneiras de ser, ainda que lentamente.
Que filme perturbador! De fato, a censura faz com que muitas questões fiquem subentendidas, o que poderia causar aquela sensação de "não entendi" a um telespectador menos atento. Entretanto, os desafios foram postos de forma magistral, abordando homossexualidade, incesto e loucura. Fora o desafio maior, em minha opinião, que foi a adaptação da peça - um sucesso que poucas vezes é alcançado. O trio de protagonistas é brilhante: nunca tinha assistido a nenhum trabalho da Hepburn e fiquei curioso para conhecê-la mais; Clift e Taylor já são "velhos conhecidos" meus: uma sintonia natural e delicada que me deixou com vontade de rever "A Place in the Sun". A atuação de Taylor é espetacular e, pra mim, está na altura de "Who's Afraid of Virginia Woolf".
Excelente filme, que aborda muito bem as dores e angústias envolvendo a questão racial entre pais e filhos, sobretudo se pensarmos no contexto dos EUA nos anos 1950. Gostei bastante da articulação feita entre a história de Annie e a trajetória ambiciosa de Lora. Ambas as histórias se intercalaram muito bem - o que inicialmente poderia ter dado errado, visto que não percebemos de início qual a "ligação" entre os dois dilemas. De fato, é um filme em tom de "folhetim", porém se sobressai nos diálogos - muito afiados e bem colocados - e na ótima fotografia. Algumas questões foram pouco exploradas, na minha visão
por exemplo, por que Sarah Jane resolve voltar e pedir perdão à mãe? O que a levou a tomar tal atitude? Outro ponto: a paixão de Susie por Steve ficou mal resolvida: ela se mudou e simplesmente o esqueceu?
Contudo, essas pequenas arestas não tiram o mérito do filme, que considerando o ano em que foi produzido, traz o debate e constrói o enredo de forma ousada e original.
Apenas esperando ansiosamente para assistir este filme na versão Director's Cut. Aí sim eu acredito que será possível debater a real construção a que se propõe Lars Von Trier - seja social, antropológica, filosófica ou o que quer que seja.
Sempre que penso neste filme logo me vem à mente um incômodo, uma sensação de incompreensão sobre os relacionamentos humanos e suas possibilidades. O que será dito a seguir - e sob que legitimidade? "Quem tem medo de Virginia Woolf" continua sendo um mistério para mim cada vez que revejo.
A Malvada
4.4 660 Assista AgoraUma pergunta que percorreu o filme quase todo pra mim foi: quem de fato é "a malvada"? Margo e Eve parecem "disputar" esse posto, trazendo ainda mais realismo ao filme: não há vilãs e mocinhas. Cada uma, ao seu modo, se entrega as suas ambições, desejos e angústias. E é justamente esse movimento que torna a história verdadeiramente humana, sem espaço para fantasias. O roteiro, muito bem conduzido, nos leva até o final a nos questionar sobre os limites da persuasão e da ambição. O jogo de interesses é nítido e os personagens, sobretudo Eve, parecem brincar o tempo todo conosco. Um filme deliciosamente envolvente!
Gonzaga: De Pai pra Filho
3.8 781 Assista AgoraDentro da filmografia brasileira - e em especial daquela dedica a biografias - considero esta uma das melhores que já vi. Muito bem conduzida, alternando momentos emocionantes com fatos históricos/curiosidades sobre a vida de dois grandes artistas. Gostei das misturas de cenas com vídeos e áudios originais - ficaram bastante harmônicas e deu um maior toque de "realismo" à história, evitando assim aqueles exageros típicos dos filmes-biografia. Terminei o filme com vontade de correr para conhecer mais das canções de ambos. Para mim, entra no rol de destaque em filmes do gênero, ao lado de "Olga" e "Getúlio".
Adeus às Ilusões
3.8 15Vencedor do Oscar de melhor canção original, The Sandpiper traz uma temática bastante interessante pra ser debatida e soa muitíssimo atual: a vivência em sociedade, a adaptação aos valores morais dominantes, os ideais que construímos em torno de questões como amor, maternidade e casamento, etc. O único "porém" do filme é o roteiro, que contém alguns furos e inconsistências - o que o torna pouco convincente, em alguns momentos. Entretanto, o resultado final, para mim, foi bem positivo. Os cenários são lindos, contendo alguns diálogos dignos de serem revistos e analisados com maiores detalhes.
O Jogo da Imitação
4.3 3,0K Assista AgoraFilme profundamente tocante, com um excelente roteiro e brilhantismo na atuação de Cumberbatch. O que mais me chamou a atenção é a abordagem de diferentes assuntos de maneira coesa, ainda que não se aprofunde em todos eles (como a homossexualidade). É a minha "torcida oficial" para o Oscar 2015!
Gata em Teto de Zinco Quente
4.1 207 Assista AgoraEm meio a tantos sentimentos negativos - sobretudo a tríade ganância, hipocrisia e falsidade - há espaço para se recuperar o amor e a "verdade" (ainda que esta última seja relativa, sobretudo se considerarmos a relação entre Maggie, Brick e o tal Skypper). É incrível a capacidade de Paul Newman em desdobrar o seu personagem, esmiuçando os porquês de sua mágoa e ódio, que o levam ao alcoolismo. Ele, em certa medida, também é um gato em teto de zinco quente, ou melhor: sempre foi, dado todo o seu passado afetivo. Vale ressaltar também a ótima ambientação do filme, que aliado aos excelentes e intensos diálogos, são capazes de nos transportar para dentro da mansão e de todos os conflitos que ali acontecem. Parece que somos os convidados (talvez não tão desejados assim?) de uma festa cujo ponto alto talvez seja a revelação dos porquês das atitudes de cada participante. E convenhamos: não devemos mesmo perdoar os outros por dizerem a verdade, como bem coloca Big Daddy. Mas até que ponto estamos dispostos a tolerá-la? E quais são as consequências disso? Seria a verdade sempre engolida pelas pessoas? Para mim, são as grandes "perguntas-lições" que ficam deste filme visceral.
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraO que mais me chamou a atenção neste filme foi o cuidado com o roteiro, muito bem escrito e envolvente. O desfecho é sensacional, amarrou com grandeza a história, que aliás, poderia ganhar um adicional no título: "Precisamos falar sobre o Kevin e a Eva" - a mãe do menino, sua conduta, suas perspectivas de vida e criação me chamaram a atenção tanto quanto ele. Genial!
Vidas Amargas
4.2 177 Assista AgoraExcelente filme e belíssima atuação de James Dean. É nítido o crescimento e aprofundamento da história, o que envolve bastante quem está assistindo. Roteiro muito bem amarrado, que vai complexificando a narrativa na medida certa, conduzindo a um final magistral. Imperdível!
Vidas em Fuga
3.9 45 Assista AgoraFiquei hipnotizado pela atuação do Brando. Impecável!
O Poderoso Chefão: Parte III
4.2 1,1K Assista AgoraO filme encerra com maestria a trilogia. Não decepciona, não se arrasta, não fica piegas - como geralmente acontece com o "amaldiçoado" terceiro filme dessas sagas. Ainda que eu prefira o segundo, tanto pela história em si quanto pelo seu desenvolvimento, o terceiro consegue manter o nível. Afirmo, com muita convicção, que foi a melhor trilogia que já assisti até hoje, de longe!
Gilda
4.0 225 Assista AgoraDesses filmes onde a personagem é tão hipnotizante que se torna capaz de conduzir toda a história com beleza e maestria. O roteiro é sim fraco - e o final açucarado e clichê?- e as demais personagens não conseguem chamar a atenção e nem tampouco se desenvolver. A exceção talvez seja o próprio Mundson, que do alto de sua frieza, se acha capaz de comprar absolutamente tudo, até mesmo a liberdade e leveza de Gilda. . Não só a cena das luvas, mas o primeiro diálogo ("Gilda, are you decent?"), o aceite aos convites para dançar com outros homens e a ousadia por adentrar no mundo das jogatinas fazem com que ela seja uma mulher dona de si. De fato, Hayworth está à frente de seu tempo e se articula brilhantemente à personagem.
A Fita Branca
4.0 756 Assista AgoraDaqueles filmes que não acabam no final, pois demanda um tempo maior de reflexão. São tantos detalhes, tantas sutilezas abordadas de maneira genial. O desafio de explorar as raízes do nazismo é extremamente ousado e poderia cair facilmente em clichês como a "violência em massa", o "ódio disseminado", etc. Entretanto, Haneke consegue ser bastante certeiro, dissecando diversos aspectos do cotidiano de um vilarejo qualquer. E é aí que reside toda a maestria do filme e a necessidade de se revê-lo: são nas pequenas ações cotidianas que se vão construindo ideologias, visões de mundo e perspectivas que estabelecem uma distinção entre "nós" e "eles". Afinal, um fenômeno social da proporção do nazismo, que até hoje nos choca por uma série de motivos, não se gesta da noite para o dia.
Uma Rua Chamada Pecado
4.3 454 Assista AgoraSem palavras para o incômodo e a histeria que vão nos dominando ao longo do filme. O que marca para mim é a tentativa de Blanche, frágil e ao mesmo tempo complexa, de administrar seu ego ao lado de um tempo que dolorosamente a pisa. Esconder segredos, bancar outros personagens, desmontar seu alter ego, reconhecer a passagem do tempo e a luz que insiste em persegui-la. São tantos acontecimentos que a rodeiam que não há como não se agarrar à bondade de estranhos - um último recurso em nome de uma certa "felicidade" que não se sabe bem o que é.
Disque Butterfield 8
3.5 53 Assista AgoraEu esperava mais do filme, mas não me decepcionei nem um pouco com Liz Taylor e sua atuação. O Oscar foi mais do que merecido, justamente porque é ela quem carrega o filme todo, do começo ao fim. Os personagens se mostram bastante profundos e cheios de questões para serem resolvidas. Entretanto, o roteiro os explora mal: os momentos em que cada um se apresenta são pontuais e dificilmente me cativaram. Resultado: não fiquei convencido dos dramas e sofrimentos de Norma, Liggett ou sua esposa. Até mesmo a mãe de Gloria se mostra bastante afetada pela trajetória da filha, mas o filme não capta e transmite isso muito bem. Assim, coube à personagem de Liz Taylor conduzir toda a trama - o que fez magnificamente bem, por sinal. A proposta do filme é excelente e acredito que, se pensarmos o contexto que foi produzido, conseguiu explorar bem a questão da prostituição e reconhecer, ao mesmo tempo, que as prostitutas tem sentimentos SIM, são pessoas profundas e que carregam em si muitas contradições e traumas, como todo ser humano. Prova disso é o fato de Gloria ir ao psicanalista - uma sacada muito sutil e inteligente, por sinal. Resumindo: produção e temática do filme são ótimas, muito bem colocadas e trabalhadas. Mas o roteiro e o desenvolvimento dos demais personagens deixaram a desejar.
Assim Caminha a Humanidade
4.2 229 Assista AgoraQuando o filme acabou, minha vontade era que continuasse a contar a saga dos Benedict pelos anos 1960, 1970 etc etc. Todas etapas são muito bem contadas, percebemos claramente o amadurecimento dos personagens - o que dizer da maquiagem? Poucas vezes vi tamanho cuidado e perfeição, em se tratando de filmes "clássicos". De repente, somos parte desta saga: problemas, angústias e sonhos que todos, em alguma medida, compartilham.
Outro mérito do filme é abordar a realidade dos imigrantes mexicanos em um território de grandes tensões e preconceitos, ambos criados historicamente. É um retrato muito rico de um Texas conservador, mas que muda (muito lentamente, mas muda - basta acompanharmos Bick ao longo dos anos). Leslie também ensaia seus sinais de transformação, contestando o status quo em alguns momentos, mas em outros reafirmando-o. Assim caminha a humanidade: transformando-se e criando novas concepções e maneiras de ser, ainda que lentamente.
De Repente, No Último Verão
4.2 97 Assista AgoraQue filme perturbador! De fato, a censura faz com que muitas questões fiquem subentendidas, o que poderia causar aquela sensação de "não entendi" a um telespectador menos atento. Entretanto, os desafios foram postos de forma magistral, abordando homossexualidade, incesto e loucura. Fora o desafio maior, em minha opinião, que foi a adaptação da peça - um sucesso que poucas vezes é alcançado. O trio de protagonistas é brilhante: nunca tinha assistido a nenhum trabalho da Hepburn e fiquei curioso para conhecê-la mais; Clift e Taylor já são "velhos conhecidos" meus: uma sintonia natural e delicada que me deixou com vontade de rever "A Place in the Sun". A atuação de Taylor é espetacular e, pra mim, está na altura de "Who's Afraid of Virginia Woolf".
Imitação da Vida
4.2 94 Assista AgoraExcelente filme, que aborda muito bem as dores e angústias envolvendo a questão racial entre pais e filhos, sobretudo se pensarmos no contexto dos EUA nos anos 1950. Gostei bastante da articulação feita entre a história de Annie e a trajetória ambiciosa de Lora. Ambas as histórias se intercalaram muito bem - o que inicialmente poderia ter dado errado, visto que não percebemos de início qual a "ligação" entre os dois dilemas.
De fato, é um filme em tom de "folhetim", porém se sobressai nos diálogos - muito afiados e bem colocados - e na ótima fotografia. Algumas questões foram pouco exploradas, na minha visão
por exemplo, por que Sarah Jane resolve voltar e pedir perdão à mãe? O que a levou a tomar tal atitude? Outro ponto: a paixão de Susie por Steve ficou mal resolvida: ela se mudou e simplesmente o esqueceu?
Contudo, essas pequenas arestas não tiram o mérito do filme, que considerando o ano em que foi produzido, traz o debate e constrói o enredo de forma ousada e original.
Ninfomaníaca: Volume 2
3.6 1,6K Assista AgoraApenas esperando ansiosamente para assistir este filme na versão Director's Cut. Aí sim eu acredito que será possível debater a real construção a que se propõe Lars Von Trier - seja social, antropológica, filosófica ou o que quer que seja.
Quem Tem Medo de Virginia Woolf?
4.3 498 Assista AgoraSempre que penso neste filme logo me vem à mente um incômodo, uma sensação de incompreensão sobre os relacionamentos humanos e suas possibilidades. O que será dito a seguir - e sob que legitimidade?
"Quem tem medo de Virginia Woolf" continua sendo um mistério para mim cada vez que revejo.