Quando li o poster, e diversos comentários aqui, pensei em algo como Anaconda, ou Razorback, Tubarão, Sharknado, ou até Evil Dead (em que as raízes das árvores matam a galera). Um thriller de terror com muito sangue. Mas não! A natureza não age de forma violenta, ostensiva. Se você não sacar a intenção por trás de ângulos de câmera voyeuristas, montagens de sons e imagens, vai chegar a achar a natureza patética, infantil, fraca perante os personagens humanos. Mas o suspense vai crescendo de mansinho, devagar, sem pressa. E o terror é psicológico. De início, inclusive, percebe-se uma tensão entre o casal humano. Eles escondem algo. Existe um problema não resolvido entre eles, uma culpa, um fardo. E isso parece se refletir na hostilidade da fauna e flora. Existe um reflexo do interior projetado no exterior. Mas os ângulos de câmera não deixam que a natureza esteja presente apenas de forma passiva. Existe atividade natural. Existe uma agressividade ativa também. A natureza age de forma sutil e psicológica encurralando os personagens, perseguindo, aterrorizando. E a conclusão vem para demonstrar que a natureza não mata, não prejudica, mas mostra que o homem é o lobo do próprio homem. É a doença que precisa ser controlada, extirpada.
A cena da exaustiva fuga de Peter pela floresta cada vez mais sombria é interessantíssima. Lembra bastante a fuga de Branca de Neve, aterrorizada, pela floresta negra.
A montagem das cenas com o som estridente, irritante, incômodo guia esse thriller psicológico. E na batalha de som (carros, caminhões, armas, gritos) contra som (pássaros, mugidos, coaxares), resta claro que a natureza ganha.
E o bebê peixe-boi simboliza isso: a natureza é invencível. Não se pode fugir dela.
Eu acho o filme sensacional. Mas a análise fica muito mais rica se considerarmos a trilogia completa - Antes do Pôr-do-sol e Antes da Meia-noite. Ou seja, o ideal é assistir os três filmes, depois voltar e assistir de novo os três filmes.
Porque esse primeiro é recheado de diálogos interessantíssimos, mas ainda na fase inicial do "rapour". Mostra uma face mais inocente e juvenil de Jesse e Celine. Aqui, os dois estão apenas se conhecendo. Não existem problemas, filhos, ex-mulheres, trabalho, frustração, mães e sogras, enfim... São duas pessoas se conhecendo na essência, sem saber muito ao certo o que o futuro reserva.
Aliás, até mais da metade do filme, os próprios personagens não sabem muito ao certo se querem mesmo se encontrar depois daquela "one night stand".
Um outro aspecto muito bacana é a zoeira que Jesse e Celine fazem com o amor romântico - principalmente após passagens românticas. Tiram onda com a cigana que lê mãos (após uma sessão bem mística de leitura de mãos), zoam com o beijo na roda-gigante (após o beijo!), conversam jogando taito e bebendo cerveja.
ps.: Depois de assistir aos três filmes, assista novamente, prestando atenção aos detalhes. Num dos diálogos iniciais desse filme, ainda no trem, o Jesse faz uma descrição do futuro marido da Celine para convencê-la a passear por Viena com ele. Que vem a ser a descrição quase perfeita da sua própria situação no segundo filme (só que sem ser marido da Celine, ehueheue)!
Outro diálogo, sobre a morte e a transitoriedade da existência, que é travado no cemitério dos desconhecidos, também é retomado no terceiro filme da trilogia (Antes da Meia-Noite).
Eu definiria essa trilogia como "o que aconteceria com Romeu e Julieta se nenhum dos dois tivesse morrido". Uma história de amor no mundo real.
Confesso que tinha um pouco de preconceito com esse filme. Algumas cenas do trailer me deixara a impressão de ser um filme maçante, vagaroso.
Mas é só começar a assistir que, de uma forma despretensiosa, o enredo vai te envolvendo - por um lado com a estória policial, por outro com a tensão entre Benjamin e Irene. Aliás, a maquiagem desse filme é excelente! A passagem dos anos ficou muito bem caracterizada.
E a pergunta que fica é: De quem são os olhos aos quais o título do filme faz referência? E que segredo é esse?
No fim das contas, o filme é sobre PAIXÃO. No sentido romântico também (como entre Esposito e Irene), mas principalmente sobre a paixão que move as pessoas, que dá sentido às suas vidas. Seja um time de futebol, seja o trabalho, seja buscando vingança, ou por quem se busca essa vingança, todos perseguem algo na vida, todos buscam aquele elemento que irá preencher e dar sentido à sua própria existência.
Um filme excelente, com um final bem interessante e nada clichê.
Apesar de um pouco lento, o filme é de uma sensibilidade bem bacana. A pergunta que deve acompanhar quem assiste o filme é: "O que esse personagem está procurando?" Os Três Enterros mexem com temas como a imigração ilegal, a luta pela terra e pela vida na fronteira entre México e Estados Unidos, a miscigenação de culturas na borda mas, acima de tudo, a busca por uma identidade. Pela paz. Por um lugar para ser chamado de "lar". Cada uma das figuras que aparecem no filme está inicialmente deslocada de seu contexto mais confortável. Não estão em seus "lares", gozando de conforto. E cada um está em busca dessa paz. Aliás, cada um dos três enterros do Melquíades simboliza essa transição na busca por uma identidade, um lugar definitivo no mundo - seja vivo ou morto. O primeiro, jogado numa vala - praticamente um objeto, um animal morto, um pedaço de carne. O segundo, num cemitério, como indigente - que já é humano, já toma certa dignidade. E a terceira, por fim, em seu lugar definitivo, como sonhou antes.
E, é claro, o personagem de Tommy Lee Jones tem participação fundamental nessa trajetória, já que, em último caso, ele também busca sua paz de espírito. A coisa toda, aliás, é sobre ele e o seu lugar no mundo.
Um faroeste moderno, muito bem conduzido, com boa trilha sonora, direção e fotografia. Tommy Lee Jones começou muito bem.
O filme superou minhas expectativas. Esse lance de "civilizado em contato com a natureza recupera sua essência" já foi explorado em diversos filmes (cito "Na Natureza Selvagem" e "Walkabout"), então fazer algo inédito explorando essa temática foi uma escolha arriscada. Mas o roteiro adiciona um aspecto bem pessoal que dá uma cor diferente à temática: o luto. O motivo do isolamento foi bastante forte e conduziu a uma decisão inicialmente precipitada. A personagem principal faz uma transição de estágios da vida, e acompanhamos essa transição por meio de flashbacks também. Livrar-se de um sapato apertado e encontrar um confortável em meio a uma árdua jornada se torna o símbolo perfeito para a trajetória da protagonista: encontrar a própria essência, perdida e sem brilho por causa da perda de alguém amado (e das decorrências disso).
O Poder Judiciário é operado por seres humanos, falíveis. A imparcialidade é uma utopia, um objetivo a ser sempre perseguido mas praticamente nunca alcançado. Os agentes da Justiça estão inseridos num contexto social, seja pela mídia em geral, pela experiência pessoal ou por outros fatores.
O filme retrata de forma bem interessante a diferença entre magistrados - uns mais duros, outros mais criteriosos. O tratamento diferenciado a réus e servidores.
Se a Justiça prevalece, já são outros quinhentos...
Muito bom! É um filme para ser assistido com paciência. Mas nem por isso deixa de ser muito bacana! O jogo de imagens, ambientes e culturas é muito legal. A estranheza que a primeira aparição da "garota" causa, com seus exercícios musicais, é o mesmo que qualquer costume exótico de uma tribo desconhecida. O rádio da cidade nos traz uma receita bastante selvagem de preparação de ave. Os comportamentos, excesso de símbolos, tudo traz o lado selvagem e exótico da civilização. E o aborígene, representando o bom selvagem, apresenta uma nova visão, dentro do processo de "Walkabout" que os três personagens acabam entrando (o garoto e a garota brancos e o próprio aborígene).
A saída da civilização para o lado natural é simbolizado pela perda das roupas, no decorrer do filme. Roupas que vão caíndo, rasgando, sujando e sendo utilizadas em contextos diversos do que cobrir o corpo. E no fim, o retorno para a cidade (representado pelo primeiro passo dado na estrada) ocorre com roupas limpas e bem preparadas pelos próprios garotos brancos.
Enfim, um filme para repensar a visão do "normal" e do "exótico". No fim, somos todos tribos.
Quando ele começou a carreira, lá como roteirista, balconista de locadora, tinha umas ideias muito loucas na cabeça, mas não tinha grana, nem reputação (vulgo, fodacidade) para executar. Começou comendo pelos cantos.
O Prova de Morte, pra mim, é um retorno do cara já foda às suas origens nerds/rato de locadora. Com liberdade e grana pra botar uma Rosario Dawson e um Kurt Russell no elenco. E com MUITA bagagem pra explorar. Saiu essa coisa frita, para os padrões hollywoodianos, mas recheada de significados estéticos.
É o blax/sexploitation (a sexualidade e objetificação da mulher - não necessariamente sob um aspecto negativo - Aquela lapdance é uma coisa de doido!). O trash (cabeças e membros toscos voando). O terror e suspense (stuntman Mike!). Amarelo bombando! Amarelo é a cor mais quente (quando a projeção volta do preto e branco para o colorido, a coisa quase queima nossos olhos!).
Mas o banquete cinéfilo é o melhor de tudo. Os cartazes de filmes espalhados pelas casas e bares, a presença sutil de "Kill Bill" nas entrelinhas (e a explícita de "Faster Pussycat! Kill Kill!" - quem se lembra da Billie sugerindo pintar o carro de amarelo, no filme do Russ Meyer?), o contraponto entre a fotografia cinematográfica e a publicitária.
Enfim, sensacional. Uma obra de arte pouquíssimo valorizada.
Um Longo Fim de Semana
3.4 43Quando li o poster, e diversos comentários aqui, pensei em algo como Anaconda, ou Razorback, Tubarão, Sharknado, ou até Evil Dead (em que as raízes das árvores matam a galera). Um thriller de terror com muito sangue.
Mas não! A natureza não age de forma violenta, ostensiva. Se você não sacar a intenção por trás de ângulos de câmera voyeuristas, montagens de sons e imagens, vai chegar a achar a natureza patética, infantil, fraca perante os personagens humanos.
Mas o suspense vai crescendo de mansinho, devagar, sem pressa. E o terror é psicológico.
De início, inclusive, percebe-se uma tensão entre o casal humano. Eles escondem algo. Existe um problema não resolvido entre eles, uma culpa, um fardo. E isso parece se refletir na hostilidade da fauna e flora. Existe um reflexo do interior projetado no exterior.
Mas os ângulos de câmera não deixam que a natureza esteja presente apenas de forma passiva. Existe atividade natural. Existe uma agressividade ativa também.
A natureza age de forma sutil e psicológica encurralando os personagens, perseguindo, aterrorizando.
E a conclusão vem para demonstrar que a natureza não mata, não prejudica, mas mostra que o homem é o lobo do próprio homem. É a doença que precisa ser controlada, extirpada.
A cena da exaustiva fuga de Peter pela floresta cada vez mais sombria é interessantíssima. Lembra bastante a fuga de Branca de Neve, aterrorizada, pela floresta negra.
A montagem das cenas com o som estridente, irritante, incômodo guia esse thriller psicológico. E na batalha de som (carros, caminhões, armas, gritos) contra som (pássaros, mugidos, coaxares), resta claro que a natureza ganha.
E o bebê peixe-boi simboliza isso: a natureza é invencível. Não se pode fugir dela.
Sempre Amigos
4.1 277 Assista AgoraPerformance muito boa da Gillian Anderson! Beberrona de primeira hahaha.
Dinossauros: O Filme
2.7 10Quem se lembra da dancinha?
"Uh! Laca laca laca! Uh! Laca laca laca!"
Antes do Amanhecer
4.3 1,9K Assista AgoraEu acho o filme sensacional.
Mas a análise fica muito mais rica se considerarmos a trilogia completa - Antes do Pôr-do-sol e Antes da Meia-noite.
Ou seja, o ideal é assistir os três filmes, depois voltar e assistir de novo os três filmes.
Porque esse primeiro é recheado de diálogos interessantíssimos, mas ainda na fase inicial do "rapour". Mostra uma face mais inocente e juvenil de Jesse e Celine.
Aqui, os dois estão apenas se conhecendo. Não existem problemas, filhos, ex-mulheres, trabalho, frustração, mães e sogras, enfim... São duas pessoas se conhecendo na essência, sem saber muito ao certo o que o futuro reserva.
Aliás, até mais da metade do filme, os próprios personagens não sabem muito ao certo se querem mesmo se encontrar depois daquela "one night stand".
Um outro aspecto muito bacana é a zoeira que Jesse e Celine fazem com o amor romântico - principalmente após passagens românticas. Tiram onda com a cigana que lê mãos (após uma sessão bem mística de leitura de mãos), zoam com o beijo na roda-gigante (após o beijo!), conversam jogando taito e bebendo cerveja.
ps.: Depois de assistir aos três filmes, assista novamente, prestando atenção aos detalhes. Num dos diálogos iniciais desse filme, ainda no trem, o Jesse faz uma descrição do futuro marido da Celine para convencê-la a passear por Viena com ele. Que vem a ser a descrição quase perfeita da sua própria situação no segundo filme (só que sem ser marido da Celine, ehueheue)!
Outro diálogo, sobre a morte e a transitoriedade da existência, que é travado no cemitério dos desconhecidos, também é retomado no terceiro filme da trilogia (Antes da Meia-Noite).
Eu definiria essa trilogia como "o que aconteceria com Romeu e Julieta se nenhum dos dois tivesse morrido". Uma história de amor no mundo real.
O Segredo dos Seus Olhos
4.3 2,1K Assista AgoraConfesso que tinha um pouco de preconceito com esse filme.
Algumas cenas do trailer me deixara a impressão de ser um filme maçante, vagaroso.
Mas é só começar a assistir que, de uma forma despretensiosa, o enredo vai te envolvendo - por um lado com a estória policial, por outro com a tensão entre Benjamin e Irene. Aliás, a maquiagem desse filme é excelente! A passagem dos anos ficou muito bem caracterizada.
E a pergunta que fica é: De quem são os olhos aos quais o título do filme faz referência? E que segredo é esse?
No fim das contas, o filme é sobre PAIXÃO. No sentido romântico também (como entre Esposito e Irene), mas principalmente sobre a paixão que move as pessoas, que dá sentido às suas vidas. Seja um time de futebol, seja o trabalho, seja buscando vingança, ou por quem se busca essa vingança, todos perseguem algo na vida, todos buscam aquele elemento que irá preencher e dar sentido à sua própria existência.
Um filme excelente, com um final bem interessante e nada clichê.
Três Enterros
3.7 51Apesar de um pouco lento, o filme é de uma sensibilidade bem bacana.
A pergunta que deve acompanhar quem assiste o filme é: "O que esse personagem está procurando?"
Os Três Enterros mexem com temas como a imigração ilegal, a luta pela terra e pela vida na fronteira entre México e Estados Unidos, a miscigenação de culturas na borda mas, acima de tudo, a busca por uma identidade. Pela paz. Por um lugar para ser chamado de "lar".
Cada uma das figuras que aparecem no filme está inicialmente deslocada de seu contexto mais confortável. Não estão em seus "lares", gozando de conforto. E cada um está em busca dessa paz.
Aliás, cada um dos três enterros do Melquíades simboliza essa transição na busca por uma identidade, um lugar definitivo no mundo - seja vivo ou morto. O primeiro, jogado numa vala - praticamente um objeto, um animal morto, um pedaço de carne. O segundo, num cemitério, como indigente - que já é humano, já toma certa dignidade. E a terceira, por fim, em seu lugar definitivo, como sonhou antes.
E, é claro, o personagem de Tommy Lee Jones tem participação fundamental nessa trajetória, já que, em último caso, ele também busca sua paz de espírito. A coisa toda, aliás, é sobre ele e o seu lugar no mundo.
Um faroeste moderno, muito bem conduzido, com boa trilha sonora, direção e fotografia. Tommy Lee Jones começou muito bem.
Livre
3.8 1,2K Assista AgoraO filme superou minhas expectativas.
Esse lance de "civilizado em contato com a natureza recupera sua essência" já foi explorado em diversos filmes (cito "Na Natureza Selvagem" e "Walkabout"), então fazer algo inédito explorando essa temática foi uma escolha arriscada.
Mas o roteiro adiciona um aspecto bem pessoal que dá uma cor diferente à temática: o luto. O motivo do isolamento foi bastante forte e conduziu a uma decisão inicialmente precipitada.
A personagem principal faz uma transição de estágios da vida, e acompanhamos essa transição por meio de flashbacks também.
Livrar-se de um sapato apertado e encontrar um confortável em meio a uma árdua jornada se torna o símbolo perfeito para a trajetória da protagonista: encontrar a própria essência, perdida e sem brilho por causa da perda de alguém amado (e das decorrências disso).
Bem bacana! Um tipo de "road movie" sem máquinas.
Justiça
3.9 52Até quando a Justiça é justa?
O Poder Judiciário é operado por seres humanos, falíveis. A imparcialidade é uma utopia, um objetivo a ser sempre perseguido mas praticamente nunca alcançado. Os agentes da Justiça estão inseridos num contexto social, seja pela mídia em geral, pela experiência pessoal ou por outros fatores.
O filme retrata de forma bem interessante a diferença entre magistrados - uns mais duros, outros mais criteriosos. O tratamento diferenciado a réus e servidores.
Se a Justiça prevalece, já são outros quinhentos...
A Longa Caminhada
4.0 52 Assista AgoraMuito bom! É um filme para ser assistido com paciência. Mas nem por isso deixa de ser muito bacana!
O jogo de imagens, ambientes e culturas é muito legal. A estranheza que a primeira aparição da "garota" causa, com seus exercícios musicais, é o mesmo que qualquer costume exótico de uma tribo desconhecida. O rádio da cidade nos traz uma receita bastante selvagem de preparação de ave. Os comportamentos, excesso de símbolos, tudo traz o lado selvagem e exótico da civilização.
E o aborígene, representando o bom selvagem, apresenta uma nova visão, dentro do processo de "Walkabout" que os três personagens acabam entrando (o garoto e a garota brancos e o próprio aborígene).
A saída da civilização para o lado natural é simbolizado pela perda das roupas, no decorrer do filme. Roupas que vão caíndo, rasgando, sujando e sendo utilizadas em contextos diversos do que cobrir o corpo. E no fim, o retorno para a cidade (representado pelo primeiro passo dado na estrada) ocorre com roupas limpas e bem preparadas pelos próprios garotos brancos.
Enfim, um filme para repensar a visão do "normal" e do "exótico".
No fim, somos todos tribos.
Pelos Caminhos do Inferno
3.9 80Cara... que loucura. Nunca vi tanta cerveja na minha vida.
O cara visita o inferno, quase que literalmente. O deserto escaldante, ao mesmo tempo que queima, sufoca, dando a ideia de claustrofobia.
E dá-lhe cerveja.
A luz, ao mesmo tempo que cega, traz o personagem de volta à sua realidade, quando já parece se imiscuir no meio.
Mais um pouco de cerveja.
As ressacas de realidade pós noitadas de desvarios. A venda da alma ao diabo, na aposta de jogo.
E cerveja por cima. Everybody likes The Yabba!
À Prova de Morte
3.9 2,0K Assista AgoraEu acho esse um dos melhores filmes do Tarantas.
Quando ele começou a carreira, lá como roteirista, balconista de locadora, tinha umas ideias muito loucas na cabeça, mas não tinha grana, nem reputação (vulgo, fodacidade) para executar. Começou comendo pelos cantos.
O Prova de Morte, pra mim, é um retorno do cara já foda às suas origens nerds/rato de locadora. Com liberdade e grana pra botar uma Rosario Dawson e um Kurt Russell no elenco. E com MUITA bagagem pra explorar. Saiu essa coisa frita, para os padrões hollywoodianos, mas recheada de significados estéticos.
É o blax/sexploitation (a sexualidade e objetificação da mulher - não necessariamente sob um aspecto negativo - Aquela lapdance é uma coisa de doido!). O trash (cabeças e membros toscos voando). O terror e suspense (stuntman Mike!). Amarelo bombando! Amarelo é a cor mais quente (quando a projeção volta do preto e branco para o colorido, a coisa quase queima nossos olhos!).
Mas o banquete cinéfilo é o melhor de tudo. Os cartazes de filmes espalhados pelas casas e bares, a presença sutil de "Kill Bill" nas entrelinhas (e a explícita de "Faster Pussycat! Kill Kill!" - quem se lembra da Billie sugerindo pintar o carro de amarelo, no filme do Russ Meyer?), o contraponto entre a fotografia cinematográfica e a publicitária.
Enfim, sensacional. Uma obra de arte pouquíssimo valorizada.