Entre Abelhas está para o Fábio Porchat como O Show de Truman está para o Jim Carrey. E isso não é medindo por baixo. É o tipo de filme que se vê que o ator e a carreira poderiam se beneficiar daquele momento. Um filme de virada muito bom. Em todos os sentidos. Maduro. Inteligente. Sem forçar a barra. A sinopse é certeira. UM homem que acaba seu relacionamento começa a não ver mais ninguém a sua volta. As pessoas vão se apagando uma a uma. Apesar de ser uma comédia ela não te transmite nenhum desejo pastelão da risada. A começar pelos atores. Porchat está comedido, com um domínio do corpo muito bom. Seu trabalho é empolgante ver ele indo nessa descoberta do que está acontecendo. Cabe a nós desvendar junto com ele o que se passa. Os atores estão dando um show a parte. São eles que ajudam a dar realismo a uma história que poderia ser totalmente galhofa. De todos sem excessão, irene Ravache está incrível. Uma mãe consciente, protetora, engraçada por ter suas manias de mãe. O que falta no cinema nacional, Ian SBF e Fabio Porchat escreveram para preencher um pouquinho essa lacuna. Um humor inteligente, nos moldes britânicos com toda a sacada de eu não deveria rir disso, mas eu to rindo. A construção da comédia se deixa levar para o drama da forma mais natural possível, um momento divisor no filme que te leva a questionar o que está acontecendo... E o que está acontecendo? Ele é autista? Ele é louco? Ele está em depressão? As respostas cabem a você. E esse deve ser o maior ponto alto do filme. Descobrir junto. Entre Abelhas é uma das poucas comédias do nosso cinema que merece atenção a mais do que apenas um filme. É um evento novo no nosso cinema.
É como se fosse a primeira vez que tu assistisse CURTINDO A VIDA ADOIDADO. É bom assim. É você torcer para o moleque não apanhar do TE PEGO LÁ FORA. Sabe aquela tensão? É bom assim. É o CLUBE DOS CINCO com DEU A LOUCA NOS MONSTROS. É bom assim. É melhor que a trilha sonora do GAROTOS PERDIDOS. É melhor assim! Guardiões da Galáxia é um filme da sessão da tarde com testosterona, humor negro e sentimentalismo que faltava em filmes desde a nossa infância. E mais; é um filme para adultos. Os adolescentes e as crianças vão adorar, é claro. Mas é você que nasceu nos anos 80 que vai entender melhor o filme. Que vai absorver todas as referências pops. Porque o que tem de referência pop não tá no gibi. Ou tá.
Muitos que foram assistir no cinema nem tem noção de como é o quadrinho, e isso, nesse caso, não faz diferença alguma. E o que tem de cultura pop é absurda. Piadas que você não acredita que está num filme da Marvel. Isso, óbvio, você não acreditaria se não fosse pela direção solta e magistral de James Gunn. O mesmo cara que trouxe Super, um filme de heróis cheio de humor negro (o principal motivo, eu acho, para dirigir Guardiões com uma criatura assassina psicopata, e um psicopata lógico, respectivamente, Rocky Raccoon e Drax). Super, tal qual Guardiões te acerta em cheios em momentos inacreditáveis, Super tem até uma cena que você não estava a espera, não acredita que está acontecendo, e mesmo ela já tendo acontecido você fica se negando que isso aconteceu. É tão chocante e surpreendente que você não acredita... não dá para falar o que é. Apenas assista. Eu tenho certeza que você vai entender.
Chocante também é tudo que sai da boca do Senhor das Estrelas. Cada palavra uma pérola. Um humor de dar vergonha em ser Humano. Você não acredita que ele disse isso. O filme se desenrola como uma fábula dos anos 80. Só que no espaço. Garoto rejeitado pelos seus, sem mãe, é um pária da sociedade enfrentando tudo e todos. A diferença é que isso é escrito numa Revista Heavy Metal. Ou seja. Garoto perde mãe, nave alienígena o abduz e ele é um pirata das estrelas enfrentando a tudo e todos. A premissa é que ele precisa entregar uma Orbe para um contrabandista em troca de alguns créditos galáticos. Simples. O problema? A galáxia inteira está a procura desse Orbe. Incluindo o mal supremo Ronan, O Acusador e seu cliente poderosíssimo, Thanos. Para quem não sabe, esse é o maior vilão da Marvel. Para quem sabe, ainda não é sua hora de brilhar. E em matéria de brilhar o ritmo do filme e a cadência de eventos é sensacional, como o grupo de aventureiros se reúne é quase macio, sem esforço. Quase algo fadado a ser. Uma briga junta todo mundo, que leva eles para a prisão e lá encontram Drax, o destruidor que se junta a eles. Contando assim parece pouco. Mas o que vai acontecendo para isso acontecer é perfeito. É um balé caótico. É realmente uma boba briga de escola no recreio onde Drax acaba sendo o malvadão do TE PEGO LÁ FORA. E eles são carismáticos. Todos. Desde o fajuto pirata Senhor Das Estrelas, Rocky, o esquilo fodaço com seu tom de humor cínico, Groot, sua árvore de estimação e companheiro, o personagem mais incrível do filme. A cena mais emocionante envolve ele. Drax, interpretado por Dave Bautista quebrando tudo e sendo literal. E por fim, mas não menos importante, Gamora. Gamora é objetiva e dá uma direção ao grupo. Parece ser a mais fraca como personagem, mas é o fio condutor da história. Poderia ter sido interpretada com mais vigor. Ela parece apagada do lado dessa gangue mas faz bem seu trabalho. Já, Djimon Hounson deixa a desejar em quase todas as cenas. Seria melhor ter feito o filme do Pantera Negro. Ainda votamos nele para esse papel. Então corre para o cinema. Aluga. Compra. Whatever. Esse é o filme que você esperava sem expectativas nenhumas. Guardiões da Galáxia é o motivo porque a Marvel resolveu ir no cinema. Juntar numa salada só referências cult e pop, quadrinhos, animais falantes, humor, romance, e um lugar mágico. Se isso não é aprender com a Disney. Eu, realmente, acho que a Marvel Studios vai se tornar o novo nicho para onde as histórias vão para morar. Logo, logo eu espero um filme de heróis, criado para o cinema que nem Quadrinho tem. De tão forte eles estão ficando.
Não é fácil. Não é um filme para o frequentador casual. Le Congrés ataca você onde você menos espera, dentro do surrealismo.
Le congrés é o sentido máximo do cinema. É a crítica real do que acontece com a indústria. Transformar o artista em objeto de consumo até não haver mais nada dele. Impedir que ele seja quem ele é. Um ator. Um cineasta. Se vender aos novos tempos como forma de sobrevivência ou obsolescência. Ser consumido até não sobrar mais nada. A história fala sobre Robin Wright interpretando a si mesma. No presente, a Miramount (Miramar com Paramount) criou uma forma de manter os atores eternizados. Ao assinar um contrato, eles concordam em ser totalmente digitalizados e trabalhar nos filmes que forem feitos. Sem receber créditos, direitos autorais, aparecer em entrevistas, filmes, peças, o que for. Basicamente, se transformar num ator que não atua. Uma coisa que precisa ser entendida quando digitalizado, basicamente, é: sua mente, seu corpo, seus pensamentos, suas expressões. Tudo pertence ao estúdio. E eles podem fazer o que quiser. Robin Wright aceita pensando no filho que está calmamente perdendo a audição e a visão. Essa é a premissa do filme. E ela é sensacional. Este filme é lindamente fotografado. Com uma trilha sonora sutil e uma direção objetiva e certa de dar inveja. Ari Folman é impecável. Seu segundo filme sendo o primeiro Valsa com Bashir. As grandes sacadas do roteiro não param nenhum segundo. É um filme que parece pretensioso mas é formidável. A verdade seja dita: é cinema para cinéfilos. É atuação para atores. Na verdade, é mais para atores do que o resto do mundo. Sobre se vender e vender sua arte. Sobre escolhas. Sobre medo. E é sobre medo um dos grandes momentos do filme. Quando o agente de Robin fala sobre sua vida e suas escolhas enquanto ela é 'copiada' para se tornar eternizada digitalmente. Um monólogo lindo. Então, quase como uma piada, uma transição clara que viria logo após esse monólogo, tudo muda. Tudo fico animado. Literalmente. Pula-se 20 anos no futuro e Robin está indo para o Congresso Futurista. Aqui é o ponto de mudança. Aqui é Alice no país das Maravilhas dirigida por Luis Buñuel. Aqui é a loucura da nossa sanidade. O Congresso Futurista é mais do que um filme. É uma experiência em colocar a sua vida em plano. O subtexto desaparece e encontramos uma nova história que toma forma quase magicamente. Quando chegamos no final, algo que já era um detalhe importante toma sua dimensão e muda o foco do que era a história principal, deixando a gente numa viagem de ácido com intuitos maternos. Um filme lindo, delicado e difícil. Mas vale cada segundo de fotograma na tela. Ah! Fique atento para a versão animada de Tom Cruise. É impagável.
Only Lovers left Alive está para o Amor Imortal como Entrevista com o Vampiro está para a sedução fantástica dos vampiros. A comparação inevitável está no simples fato de que ambos são de uma maturidade sobre o assunto que só o cinema pode transmitir. Only Lovers não precisa de sanguinolências nem rompantes de loucura. Ele está nos detalhes que os imortais tem. nas cidades que vivem. No amor quântico da distância. A forma de se comunicar. Como eles influenciaram o mundo. Pela música. Pela escrita. A trilha sonora como todos os filmes do Jim Jarmusch é algo á parte. É para assistir de olhos fechados viajando no som. O personagem principal. Um roqueiro que grava canções, coleciona guitarras do mundo todo, e, vive no anonimato. As escuridões, as interpretações, o clima. tudo mt bem desenhado e filmado. Um ar quase confidente. O palco sendo Detroit e Tangers foram locações perfeitas. Uma cidade destruída pela crise, uma outra ainda presa no misticismo da cultura e do passado. O grande foco do filme não são os vampiros e sim nós, os zumbis. Os humanos. Como destruímos o mundo. E como cada ação deles de se amar, se esconder, se proliferar. Esse romance que não existe. Está ali. Recomendo apenas para fãs do gênero que não tem imortais brilhando no sol como exemplo. E não pense em filme de terror nem ação. É uma história de amor como deve ser. E para todos que jogaram n'O Mundo Das Trevas. Pega toda a mitologia e descobre, assistindo esse filme, como se deve se comportar. Ponto. (sim com o Loki).
"Pilar. Encontramo-nos noutro sítio." É com essa frase banal e sincera que começa o filme José e Pilar. Um documentário cheio de vida e nulo de cor sobre a vida de José Saramago e sua mulher, a jornalista, Pilar del Río. Entre viagens, entrevistas, criação de uma Fundação em seu nome e a realização do livro A Viagem do Elefante vemos um casal que celebra o amor. Um documento lindo sobre a parceria e a inutilidade da vida. Com muito humor sarcástico do Saramago e as presunções políticas e humanas de Pilar. Pilar que se torna em pontos-chaves do filme, uma força motriz para que Saramago continue. Continue a existir. Continue a amar. Continue a escrever. Sem Pilar, Saramago seria muito mais velho do que o é na obra. Sem Saramago, Pilar não faria sentido. Na sua própria retórica de união, a película trabalha as visões feministas de Pilar e sua inquietação de manter o marido vivo em sua Fundação, Pilar move José em viagens, em homenagens, até aniversários que se passam em branco, com no máximo um cuidado estético ou um sorriso para se dedicar aos compromissos oficiais conciliando a paciência e o ver como tema central da vida dela, José, que se empenha em ser José. Homem de palavras concisas, objetivo, pragmático e simples. O filme que nos transforma em espectador desde o momento inicial vendo José sendo Saramago inevitavelmente coloca Saramago como espectador junto conosco de sua obra maior: Pilar. Entender Pilar. Encontrar Pilar. Amar Pilar. Forte e delicado para momentos de reflexão duras e pessoais sem perder a delicadeza, JOSÉ E PILAR te levam ao riso e as lágrimas numa mesma cena. Tecnicamente, há momentos que parecem forçados com certas montagens que foram obviamente encenadas para a câmera. Mas nada disso é fundamental. Até parece um livro de memórias pessoais, ao final. Nos créditos, a última mensagem de Saramago parece um adeus e uma mensagem pessoal, como se não devêssemos ter visto aquilo. Fundamental é o Amor, que ninguém pode ser feliz sozinho e todo homem precisa de alguém que ajude a ser maior. E assim até que a morte os separe, JOSÉ E PILAR é sobre o humano e o belo. Nada mais. "Pilar. Encontramo-nos noutro sítio."
Paolo Sorrentino. Gravem esse nome. Se ele ainda não é um dos maiores diretores do mundo, é uma injustiça. Seus filmes são lindos. Lindos esteticamente. Cada fotograma é pensado e bem cuidado. Cada cena é feita para você se apaixonar. Para você dizer, essa fotografia vale por todo o filme. Essa cena. Essa outra cena. Quando você percebe, todo o filme é lindo. A Grande Bellezza é Belíssima. Belíssimo. Os personagens e suas estórias singulares, as estórias que se cruzam dentro de uma grande estória fazem esse filme singular. a crítica da vida boemia, da vida superficial dos artistas em crise, a observação. è tudo uma ilusão.A Grande Beleza te envolve do início ao fim. Tira suspiros, reflexões, te faz admirar o ser humano. Este filme tem tanta frase marcante, tanta filosofia, tanta cena que fica difícil escolher o momento mais marcante. E isso é característico do Sorrentino, A Grande Beleza é tão marcante quanto This Must Be The Place como Il Divo. Além de concorrer o OScar 2014 como melhor filme estrangeiro, e ganhar(já estou sendo tendencioso) Assistam pelo cinema. Assistam pela Beleza da vida. Assistam pela ilusão.
"A essa pergunta meus amigos, quando criança, sempre respondiam 'Vagina'. Eu respondia 'O cheiro da casa de velhos'. A pergunta era sobre o que eu mais gostava na vida. Eu estava destinado a sensibilidade" - Jeb
Pegaram o Extermínio, retiraram o drama e a tensão psicológica, e, sai Guerra Mundial Z. Não é ruim. Não achei algo também sensacional. è um filme que te prende e deixa você ligado porque interage o tempo todo com o público. Mas... é bem raso em objetivos. Deveria ter se aprofundado um pouco mais na cura. Mas isso não estraga o filme. Bom pra passar o tempo.
Um balé no infinito. Tão poético quanto renascer. É isso que se trata o filme. O quanto você é capaz de seguir em frente, ultrapassar seus obstáculos e viver? Incríveis fotogramas que te fazem viajar e sentir junto com Ryan.
Se você viu “To The Wonder” e achou que o Mallick falhou ou foi lindo demais pra ti, este filme é um sucesso e muito mais lindo do que aquela estrutura apresentada. Toca ambiguamente o coração e a mente. E eu chorei emocionado e querendo me apaixonar. Redefine o que você conhece como cinema transformando ele numa aventura elíptica e fascinante, uma que desafia explicações simples, mas é como um verme que corrói seu corpo todo por dentro. É um drama na sua essência e mistura outros gêneros como suspense, romance, sci-fi, mistério para te causar sensações e funciona. Brincando com personagens alegóricos, contando com eles para mover a estória na sua cabeça, não no filme. Colocar cola para unir as peças é nosso trabalho. E isso é lindo. Esse trabalho mostra aquilo que eu acredito: Você pode decidir como será a sua história, mas a cor principal sempre sobressai. É como estar dentro de um ônibus e inventar toda uma vida para um desconhecido só de olhar para ele. Acreditar que animais podem tomar forma e comportamento humano. Acreditar que você pode ser um só mesmo que distante. É olhar para o telefone pensando na pessoa que você ama e dizer: Toque. Toque. E ser ela. É um pouco difícil falar do que se trata. Vou tentar ser objetivo. Fala sobre o amor entre um casal depois de um trauma acontecido com ambos. Não vou falar que trauma. Isso acontece logo no começo, não preciso dizer o que. Poderia falar mais um monte de coisas abstratas, mas só posso dizer que me sinto apaixonado depois desse filme. Sinto-me querer me apaixonar mesmo que aja um trauma que todos passamos e especialmente que possa estar com aquela que sofreu comigo mesmo não estando próximo. Atento especial para o casal que todas as manhãs têm a mesma conversa enquanto o marido sai pela porta para trabalhar e ela diz a mesma frase, “Eu espero que você tenha um bom dia. Eu te amo.” Mas a dor é muito grande entre eles para passar. Mas tentar, ela sempre vai. Aproveite e veja “Two Gates of Sleep” que também é um filme delicado lidando com o amor não óbvio. Como aqui.
os puristas irão odiar mas não há como odiar aquilo que não há tradição. Quando digo tradição é o simples fato de que o original é o original e ele não se destaca aqui, influência não é tradição e sim inspiração. O original é sensacional, toda sua sequência é engraçada, mórbida e interessante. Este filme é incrível. É inteligente no roteiro e super chocante nas cenas. Literalmente, é de chover sangue. Pegou vários elementos conhecidos, como 'inspiração', O colar, a chase cam, as armas, as referências que fazem dele ser foda demais. Não tem que ter receio de assistir esse filme. Ele é sujo e isso é a proposta. Ele tem focos de iluminação esparsos e isso é a proposta. Ele tem a capacidade de criar uma estória simples, reverter ela, aparentemente fraca á seu favor, e causar impacto. Um detalhe: Os personagens quando são possuídos se respeita o veículo que se utiliza. Ou seja, se a pessoa é fraca de espírito ou tem uma constituição forte, isso se reflete. Mas é uma observação pessoal. O final é orgástico e merece algumas estrelinhas pela sequência. Um filme que pinga sangue, te deixa elétrico e muito muito esperando que todos morram. Porque a graça é essa desse filme.
Se o Porta dos Fundos virar filme é mais ou menos assim. Ou vai me dizer que você não veria esses sketches já acontecendo? http://www.youtube.com/watch?v=NvxdkKBkRQ4
Quando eu leio comentários sobre como o filme é lento ou a trama é fraca, eu não culpo o espectador, eu culpa o vírus da história mastigada e o problema que os atores tem em improvisar. Esse filme tem um roteiro excelente, diálogos geniais e um ritmo que quando explode a violência destacada é como um baile cheio de sangue. Você sabe que a música vai acabar, você sabe que ninguém vai sair vivo. E porque esperar ver o sangue? Apenas dance conforme a música. Este filme no meu entendimento tem essa beleza incrível de orquestrar uma história de crime exaltando a marginalidade de seus personagens contrapondo a ordem e as regras do submundo. è um filme de máfia sem falar de máfia. É um filme que trabalha com o subtexto da crise econômica, da falta de esperança de uma nação e uma estória em que pessoas ainda ganham dinheiro mesmo sendo em mesas de poker e elas serem roubadas é uma questão de honra resolver isso. A economia afeta todo mundo. Uma questão de sobrevivência. Vindo da era Bush chegando na era Obama. Nada mudou. O pano de fundo é o mesmo. Sobre a violência e a quantidade de diálogos? Como apurar fatos e acusar culpados? Investigando, e os atores estão ótimos interpretando porque o roteiro permite diálogos incríveis. Quando Mickey aparece, Gandolfini dos Sopranos, é um homem deprimido, alcoólatra que critica tudo á sua volta e não tem a menor vontade de fazer qualquer coisa. Ele só quer se abrir para alguém. E é isso que ele faz. Brad Pitt é um fio condutor mestre que curiosamente aparece 20 minutos depois do começo do filme. Mas você esperava algo assim. É um filme do universo masculino. Jogos de carta, bebidas, armas, carros, muitos carros e gente falando merda com um humor negro muito escondido. Os carros são algo importante no filme, definem personalidade. Todas as cenas de violência e os melhores diálogos envolvem carros. Seja dentro, fora ou sobre. No fim das contas, são só negócios sendo resolvidos.
E na minha humilde opinião, não julgue um filme de 'ação' por ter muito diálogo. Não se deixe enganar que todos bons atores devem improvisar textos como no Tropa de Elite ou Cidade de Deus. Bons atores decoram um texto e o tornam natural á fala. Dê mais valor ao que você lê e ouve na tela. Isso faz a diferença.
Precisamos de um 'Notas sobre uma paz escondida' e logo. defasado mas com conteúdo histórico, as palavras do sociologo (?) são um poder á parte do impacto do filme.
Deveria haver um aproveitamento melhor das cenas e do cenário em certos momentos, especialmente até os primeiros 45 minutos. É um começo arrastado mas com uma premissa interessante que se fosse encurtado pela metade, na minha humilde opinião, seria bem mais interessante. Mas é de característica do cinema indico-asiático ter um tempo mais arrastado para mostrar tudo. Parece que quer que você tenha tempo de entender.
Poucos filmes sobre o tema tem respeito assim pelos protagonistas, tratando eles como pessoas normais e que nada do que fazem sexualmente pode interferir na sua vida, diminuindo eles ou porcamente dando um plano de pessoas 'anormais'. Esse filme é um exemplo bem construído de roteiro, de caso judicial, de entrega e devoção ao parceiro, algo que só vivendo se sabe como é. Linda a atituda da atriz, alias, uma ótima atriz.
Ás vezes, de tempos em tempos a gente esbarra em coisas que definem mudanças na nossa vida. Desde as coisas mais pequenas até as mais significantes. Pode ser um livro, ou, casar com o canalha da escola. Nesse caso, é uma música, não só uma música, um ótimo artista que ninguém conhece. Literalmente. A mudança vai ser tão significativa que você vai questionar sons clássicos. Estou falando de um cara chamado Rodriguez. Sixto Rodriguez é um artista dos anos 70 e a estrela do documentário Searching for Sugar Man. No documentário, Rodriguez é um fantasma que desapareceu sem sucesso apesar de ser incrível. Se liga na historia de vida dele: Ele lançou apenas dois albuns e caiu no esquecimento, vendeu quase nada no USA mas por algum motivo na áfrica do sul ele ficou muito conhecido e idolatrado por todos. Chegou a vender meio milhão de cópias do primeiro album, mas ele nunca ganhou um puto, porque entendesse que ele tava morto. A morte dele sugere uma das formas mais dramáticas de um artista morrer. Tacando fogo em si no palco em frente á uma platéia. O foco do documentário é saber quem era Rodriguez, um artista de que não se tem notícia alguma. Só por isso, já seria ótimo, mas o DOC é sem dúvida um dos melhores DOCs sobre música que já vi. Está do lado da história do Pentagram, uma outra banda de hard rock dos anos 70 que caiu no ostracismo devido ao abuso de drogas do seu cantor que era comparado ao Ozzy Osbourne. Searching for Sugar Man pesa ouro, vai te deixar intrigado, ligado, querendo ouvir todas as músicas e vai te levar as lágrimas sem sombra de dúvidas. De todas as músicas dele, as letras são incríveis, os dois Álbuns lançados são maravilhosos, cada um mais íntimo que o outro. I Wonder, Sugar Man, Crucify your mind, A Must Disgusting Song, Sandreval Lullaby são músicas lindas de ouvir e você vai falar como ninguém ouviu isso um dia. Mas 'Cause é a música que vai te levar á lágrimas, é uma letra que dói. Só a primeira linha, a primeira frase já é a história de alguém que se fudeu lindamente. "Porque eu perdi meu trabalho duas semanas antes do Natal". Poucas letras doem assim. E só estar esquecido, ter sentido dor, e, ser sozinho para doer assim. Prepare-se, Rodriguez gruda no seu ouvido e nunca mais sai. Folk Rock da melhor qualidade de deixar Bob Dylan muito duvidoso de suas letras.
Um trecho da letra de 'Cause:
Cause I lost my job two weeks before Christmas And I talked to Jesus at the sewer And the Pope said it was none of his God-damned business While the rain drank champagne
My Estonian Archangel came and got me wasted Cause the sweetest kiss I ever got is the one I've never tasted Oh but they'll take their bonus pay to Molly McDonald, Neon ladies, beauty is that which obeys, is bought or borrowed
Isso é Rodriguez e Searching for Sugar Man é um golpe fatal e lindo de esperança.
O importante é apreciar a obra e ver como é foda a vingança tarantinoesca que dá um novo sentido e revive o spaghetti western. Franco Nero impagável no papel de... de... Ex Django! Leo di Caprio fodamente foda sendo foda mas, all hats off para Samuel L. Jackson que você não para de rir... seu personagem carismático, vendido, rendido, submetido ao mundo colonialista... alias, o que é aquele figurino azul do Jamie Quando ele mata os Brittle brothers, total referência aos ingleses de Boston. Tarantino continua sendo ruim como ator mas é engraçado ver atuando. E a trilha sonora mandando ver iguais cães devorando... bom, basta apenas dizer que ouvir Freedom do Richie Havens num filme que tem tudo a ver com isso é lindo demais.
Como fã incondicional dos Irmãos, eu não posso deixar de ressaltar que esse filme para mim é o melhor do quarteto. Se você viu um filme deles, você viu todos. Eles fazem as mesmas rotinas e mesmos esquetes no mesmo tempo cinematografico quase sempre com a tutela do mesmo produtor, que infelizmente, viria a falecer no meio das filmagens de A Day at The Races. Mas apesar de ser sempre a mesma proposta, esse é o melhor e que todo mundo deveria começar. Duck Soup é excelente mas esse tem uma jogada ótima de dar valor ao quase ínfimo roteiro. Primeiro filme sem o Zeppo que, como escada não fazia nada, então sempre achei ele desnecessário apesar de dar um pouco de caretice para o grupo o que fazia um equilíbrio. Groucho tem ótimas sacadas. Harpo tá tão carismático e Chico está dando valor as suas cenas quase sendo mais importante do que o Groucho... A cena do contrato é perfeita. Em roteiro, em marcações de cena, em gags. Se eu recomendasse para alguem começar a assistir esse malucos maravilhosos, eu recomendaria esse. E viva o Marxismo!
Entre Abelhas
3.4 832Entre Abelhas está para o Fábio Porchat como O Show de Truman está para o Jim Carrey. E isso não é medindo por baixo. É o tipo de filme que se vê que o ator e a carreira poderiam se beneficiar daquele momento. Um filme de virada muito bom. Em todos os sentidos. Maduro. Inteligente. Sem forçar a barra.
A sinopse é certeira. UM homem que acaba seu relacionamento começa a não ver mais ninguém a sua volta. As pessoas vão se apagando uma a uma. Apesar de ser uma comédia ela não te transmite nenhum desejo pastelão da risada. A começar pelos atores. Porchat está comedido, com um domínio do corpo muito bom. Seu trabalho é empolgante ver ele indo nessa descoberta do que está acontecendo. Cabe a nós desvendar junto com ele o que se passa. Os atores estão dando um show a parte. São eles que ajudam a dar realismo a uma história que poderia ser totalmente galhofa. De todos sem excessão, irene Ravache está incrível. Uma mãe consciente, protetora, engraçada por ter suas manias de mãe. O que falta no cinema nacional, Ian SBF e Fabio Porchat escreveram para preencher um pouquinho essa lacuna. Um humor inteligente, nos moldes britânicos com toda a sacada de eu não deveria rir disso, mas eu to rindo. A construção da comédia se deixa levar para o drama da forma mais natural possível, um momento divisor no filme que te leva a questionar o que está acontecendo... E o que está acontecendo? Ele é autista? Ele é louco? Ele está em depressão? As respostas cabem a você. E esse deve ser o maior ponto alto do filme. Descobrir junto. Entre Abelhas é uma das poucas comédias do nosso cinema que merece atenção a mais do que apenas um filme. É um evento novo no nosso cinema.
Guardiões da Galáxia
4.1 3,8K Assista AgoraÉ como se fosse a primeira vez que tu assistisse CURTINDO A VIDA ADOIDADO. É bom assim. É você torcer para o moleque não apanhar do TE PEGO LÁ FORA. Sabe aquela tensão? É bom assim. É o CLUBE DOS CINCO com DEU A LOUCA NOS MONSTROS. É bom assim. É melhor que a trilha sonora do GAROTOS PERDIDOS. É melhor assim!
Guardiões da Galáxia é um filme da sessão da tarde com testosterona, humor negro e sentimentalismo que faltava em filmes desde a nossa infância. E mais; é um filme para adultos. Os adolescentes e as crianças vão adorar, é claro. Mas é você que nasceu nos anos 80 que vai entender melhor o filme. Que vai absorver todas as referências pops. Porque o que tem de referência pop não tá no gibi. Ou tá.
Muitos que foram assistir no cinema nem tem noção de como é o quadrinho, e isso, nesse caso, não faz diferença alguma. E o que tem de cultura pop é absurda. Piadas que você não acredita que está num filme da Marvel. Isso, óbvio, você não acreditaria se não fosse pela direção solta e magistral de James Gunn. O mesmo cara que trouxe Super, um filme de heróis cheio de humor negro (o principal motivo, eu acho, para dirigir Guardiões com uma criatura assassina psicopata, e um psicopata lógico, respectivamente, Rocky Raccoon e Drax). Super, tal qual Guardiões te acerta em cheios em momentos inacreditáveis, Super tem até uma cena que você não estava a espera, não acredita que está acontecendo, e mesmo ela já tendo acontecido você fica se negando que isso aconteceu. É tão chocante e surpreendente que você não acredita... não dá para falar o que é. Apenas assista. Eu tenho certeza que você vai entender.
Chocante também é tudo que sai da boca do Senhor das Estrelas. Cada palavra uma pérola. Um humor de dar vergonha em ser Humano. Você não acredita que ele disse isso. O filme se desenrola como uma fábula dos anos 80. Só que no espaço. Garoto rejeitado pelos seus, sem mãe, é um pária da sociedade enfrentando tudo e todos. A diferença é que isso é escrito numa Revista Heavy Metal. Ou seja. Garoto perde mãe, nave alienígena o abduz e ele é um pirata das estrelas enfrentando a tudo e todos. A premissa é que ele precisa entregar uma Orbe para um contrabandista em troca de alguns créditos galáticos. Simples. O problema? A galáxia inteira está a procura desse Orbe. Incluindo o mal supremo Ronan, O Acusador e seu cliente poderosíssimo, Thanos. Para quem não sabe, esse é o maior vilão da Marvel. Para quem sabe, ainda não é sua hora de brilhar.
E em matéria de brilhar o ritmo do filme e a cadência de eventos é sensacional, como o grupo de aventureiros se reúne é quase macio, sem esforço. Quase algo fadado a ser. Uma briga junta todo mundo, que leva eles para a prisão e lá encontram Drax, o destruidor que se junta a eles. Contando assim parece pouco. Mas o que vai acontecendo para isso acontecer é perfeito. É um balé caótico. É realmente uma boba briga de escola no recreio onde Drax acaba sendo o malvadão do TE PEGO LÁ FORA.
E eles são carismáticos. Todos. Desde o fajuto pirata Senhor Das Estrelas, Rocky, o esquilo fodaço com seu tom de humor cínico, Groot, sua árvore de estimação e companheiro, o personagem mais incrível do filme. A cena mais emocionante envolve ele. Drax, interpretado por Dave Bautista quebrando tudo e sendo literal. E por fim, mas não menos importante, Gamora. Gamora é objetiva e dá uma direção ao grupo. Parece ser a mais fraca como personagem, mas é o fio condutor da história. Poderia ter sido interpretada com mais vigor. Ela parece apagada do lado dessa gangue mas faz bem seu trabalho. Já, Djimon Hounson deixa a desejar em quase todas as cenas. Seria melhor ter feito o filme do Pantera Negro. Ainda votamos nele para esse papel.
Então corre para o cinema. Aluga. Compra. Whatever. Esse é o filme que você esperava sem expectativas nenhumas. Guardiões da Galáxia é o motivo porque a Marvel resolveu ir no cinema. Juntar numa salada só referências cult e pop, quadrinhos, animais falantes, humor, romance, e um lugar mágico. Se isso não é aprender com a Disney. Eu, realmente, acho que a Marvel Studios vai se tornar o novo nicho para onde as histórias vão para morar.
Logo, logo eu espero um filme de heróis, criado para o cinema que nem Quadrinho tem. De tão forte eles estão ficando.
O Congresso Futurista
3.9 295 Assista AgoraNão é fácil. Não é um filme para o frequentador casual. Le Congrés ataca você onde você menos espera, dentro do surrealismo.
Le congrés é o sentido máximo do cinema. É a crítica real do que acontece com a indústria. Transformar o artista em objeto de consumo até não haver mais nada dele.
Impedir que ele seja quem ele é. Um ator. Um cineasta. Se vender aos novos tempos como forma de sobrevivência ou obsolescência.
Ser consumido até não sobrar mais nada.
A história fala sobre Robin Wright interpretando a si mesma. No presente, a Miramount (Miramar com Paramount) criou uma forma de manter os atores eternizados. Ao assinar um contrato, eles concordam em ser totalmente digitalizados e trabalhar nos filmes que forem feitos.
Sem receber créditos, direitos autorais, aparecer em entrevistas, filmes, peças, o que for. Basicamente, se transformar num ator que não atua.
Uma coisa que precisa ser entendida quando digitalizado, basicamente, é: sua mente, seu corpo, seus pensamentos, suas expressões. Tudo pertence ao estúdio. E eles podem fazer o que quiser.
Robin Wright aceita pensando no filho que está calmamente perdendo a audição e a visão. Essa é a premissa do filme. E ela é sensacional.
Este filme é lindamente fotografado. Com uma trilha sonora sutil e uma direção objetiva e certa de dar inveja. Ari Folman é impecável. Seu segundo filme sendo o primeiro Valsa com Bashir.
As grandes sacadas do roteiro não param nenhum segundo. É um filme que parece pretensioso mas é formidável.
A verdade seja dita: é cinema para cinéfilos. É atuação para atores. Na verdade, é mais para atores do que o resto do mundo. Sobre se vender e vender sua arte. Sobre escolhas. Sobre medo. E é sobre medo um dos grandes momentos do filme.
Quando o agente de Robin fala sobre sua vida e suas escolhas enquanto ela é 'copiada' para se tornar eternizada digitalmente.
Um monólogo lindo.
Então, quase como uma piada, uma transição clara que viria logo após esse monólogo, tudo muda. Tudo fico animado. Literalmente. Pula-se 20 anos no futuro e Robin está indo para o Congresso Futurista. Aqui é o ponto de mudança. Aqui é Alice no país das Maravilhas dirigida por Luis Buñuel. Aqui é a loucura da nossa sanidade.
O Congresso Futurista é mais do que um filme.
É uma experiência em colocar a sua vida em plano. O subtexto desaparece e encontramos uma nova história que toma forma quase magicamente.
Quando chegamos no final, algo que já era um detalhe importante toma sua dimensão e muda o foco do que era a história principal, deixando a gente numa viagem de ácido com intuitos maternos.
Um filme lindo, delicado e difícil. Mas vale cada segundo de fotograma na tela.
Ah! Fique atento para a versão animada de Tom Cruise. É impagável.
Amantes Eternos
3.8 782 Assista AgoraOnly Lovers left Alive está para o Amor Imortal como Entrevista com o Vampiro está para a sedução fantástica dos vampiros.
A comparação inevitável está no simples fato de que ambos são de uma maturidade sobre o assunto que só o cinema pode transmitir. Only Lovers não precisa de sanguinolências nem rompantes de loucura. Ele está nos detalhes que os imortais tem. nas cidades que vivem. No amor quântico da distância. A forma de se comunicar. Como eles influenciaram o mundo. Pela música. Pela escrita. A trilha sonora como todos os filmes do Jim Jarmusch é algo á parte. É para assistir de olhos fechados viajando no som. O personagem principal. Um roqueiro que grava canções, coleciona guitarras do mundo todo, e, vive no anonimato. As escuridões, as interpretações, o clima. tudo mt bem desenhado e filmado. Um ar quase confidente. O palco sendo Detroit e Tangers foram locações perfeitas. Uma cidade destruída pela crise, uma outra ainda presa no misticismo da cultura e do passado. O grande foco do filme não são os vampiros e sim nós, os zumbis. Os humanos. Como destruímos o mundo. E como cada ação deles de se amar, se esconder, se proliferar. Esse romance que não existe. Está ali.
Recomendo apenas para fãs do gênero que não tem imortais brilhando no sol como exemplo. E não pense em filme de terror nem ação. É uma história de amor como deve ser. E para todos que jogaram n'O Mundo Das Trevas. Pega toda a mitologia e descobre, assistindo esse filme, como se deve se comportar. Ponto. (sim com o Loki).
José e Pilar
4.5 160 Assista Agora"Pilar. Encontramo-nos noutro sítio."
É com essa frase banal e sincera que começa o filme José e Pilar. Um documentário cheio de vida e nulo de cor sobre a vida de José Saramago e sua mulher, a jornalista, Pilar del Río.
Entre viagens, entrevistas, criação de uma Fundação em seu nome e a realização do livro A Viagem do Elefante vemos um casal que celebra o amor.
Um documento lindo sobre a parceria e a inutilidade da vida. Com muito humor sarcástico do Saramago e as presunções políticas e humanas de Pilar.
Pilar que se torna em pontos-chaves do filme, uma força motriz para que Saramago continue. Continue a existir. Continue a amar. Continue a escrever.
Sem Pilar, Saramago seria muito mais velho do que o é na obra. Sem Saramago, Pilar não faria sentido.
Na sua própria retórica de união, a película trabalha as visões feministas de Pilar e sua inquietação de manter o marido vivo em sua Fundação, Pilar move José em viagens, em homenagens, até aniversários que se passam em branco, com no máximo um cuidado estético ou um sorriso para se dedicar aos compromissos oficiais conciliando a paciência e o ver como tema central da vida dela, José, que se empenha em ser José. Homem de palavras concisas, objetivo, pragmático e simples.
O filme que nos transforma em espectador desde o momento inicial vendo José sendo Saramago inevitavelmente coloca Saramago como espectador junto conosco de sua obra maior: Pilar. Entender Pilar. Encontrar Pilar. Amar Pilar.
Forte e delicado para momentos de reflexão duras e pessoais sem perder a delicadeza, JOSÉ E PILAR te levam ao riso e as lágrimas numa mesma cena.
Tecnicamente, há momentos que parecem forçados com certas montagens que foram obviamente encenadas para a câmera. Mas nada disso é fundamental. Até parece um livro de memórias pessoais, ao final. Nos créditos, a última mensagem de Saramago parece um adeus e uma mensagem pessoal, como se não devêssemos ter visto aquilo.
Fundamental é o Amor, que ninguém pode ser feliz sozinho e todo homem precisa de alguém que ajude a ser maior.
E assim até que a morte os separe, JOSÉ E PILAR é sobre o humano e o belo. Nada mais.
"Pilar. Encontramo-nos noutro sítio."
A Grande Beleza
3.9 463 Assista AgoraPaolo Sorrentino.
Gravem esse nome. Se ele ainda não é um dos maiores diretores do mundo, é uma injustiça. Seus filmes são lindos. Lindos esteticamente.
Cada fotograma é pensado e bem cuidado. Cada cena é feita para você se apaixonar.
Para você dizer, essa fotografia vale por todo o filme. Essa cena. Essa outra cena.
Quando você percebe, todo o filme é lindo.
A Grande Bellezza é Belíssima. Belíssimo.
Os personagens e suas estórias singulares, as estórias que se cruzam dentro de uma grande estória fazem esse filme singular.
a crítica da vida boemia, da vida superficial dos artistas em crise, a observação.
è tudo uma ilusão.A Grande Beleza te envolve do início ao fim. Tira suspiros, reflexões, te faz admirar o ser humano.
Este filme tem tanta frase marcante, tanta filosofia, tanta cena que fica difícil escolher o momento mais marcante. E isso é característico do Sorrentino, A Grande Beleza é tão marcante quanto This Must Be The Place como Il Divo.
Além de concorrer o OScar 2014 como melhor filme estrangeiro, e ganhar(já estou sendo tendencioso) Assistam pelo cinema.
Assistam pela Beleza da vida. Assistam pela ilusão.
"A essa pergunta meus amigos, quando criança, sempre respondiam 'Vagina'. Eu respondia 'O cheiro da casa de velhos'. A pergunta era sobre o que eu mais gostava na vida. Eu estava destinado a sensibilidade" - Jeb
Deu a Louca nos Monstros
3.5 242 Assista AgoraVai rolar remake em 2015... agora sim!
Guerra Mundial Z
3.5 3,2K Assista AgoraPegaram o Extermínio, retiraram o drama e a tensão psicológica, e, sai Guerra Mundial Z. Não é ruim. Não achei algo também sensacional. è um filme que te prende e deixa você ligado porque interage o tempo todo com o público. Mas... é bem raso em objetivos. Deveria ter se aprofundado um pouco mais na cura. Mas isso não estraga o filme. Bom pra passar o tempo.
The Beast
3.2 6Um filme de vingança. Com artes Marciais. De todos do tema, o mais fraco.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraUm balé no infinito. Tão poético quanto renascer. É isso que se trata o filme. O quanto você é capaz de seguir em frente, ultrapassar seus obstáculos e viver?
Incríveis fotogramas que te fazem viajar e sentir junto com Ryan.
Cores do Destino
3.5 196 Assista AgoraSe você viu “To The Wonder” e achou que o Mallick falhou ou foi lindo demais pra ti, este filme é um sucesso e muito mais lindo do que aquela estrutura apresentada. Toca ambiguamente o coração e a mente. E eu chorei emocionado e querendo me apaixonar.
Redefine o que você conhece como cinema transformando ele numa aventura elíptica e fascinante, uma que desafia explicações simples, mas é como um verme que corrói seu corpo todo por dentro.
É um drama na sua essência e mistura outros gêneros como suspense, romance, sci-fi, mistério para te causar sensações e funciona.
Brincando com personagens alegóricos, contando com eles para mover a estória na sua cabeça, não no filme. Colocar cola para unir as peças é nosso trabalho. E isso é lindo. Esse trabalho mostra aquilo que eu acredito: Você pode decidir como será a sua história, mas a cor principal sempre sobressai. É como estar dentro de um ônibus e inventar toda uma vida para um desconhecido só de olhar para ele. Acreditar que animais podem tomar forma e comportamento humano. Acreditar que você pode ser um só mesmo que distante.
É olhar para o telefone pensando na pessoa que você ama e dizer: Toque. Toque.
E ser ela.
É um pouco difícil falar do que se trata. Vou tentar ser objetivo. Fala sobre o amor entre um casal depois de um trauma acontecido com ambos. Não vou falar que trauma. Isso acontece logo no começo, não preciso dizer o que.
Poderia falar mais um monte de coisas abstratas, mas só posso dizer que me sinto apaixonado depois desse filme. Sinto-me querer me apaixonar mesmo que aja um trauma que todos passamos e especialmente que possa estar com aquela que sofreu comigo mesmo não estando próximo.
Atento especial para o casal que todas as manhãs têm a mesma conversa enquanto o marido sai pela porta para trabalhar e ela diz a mesma frase, “Eu espero que você tenha um bom dia. Eu te amo.” Mas a dor é muito grande entre eles para passar. Mas tentar, ela sempre vai.
Aproveite e veja “Two Gates of Sleep” que também é um filme delicado lidando com o amor não óbvio. Como aqui.
A Morte do Demônio
3.2 3,9K Assista Agoraos puristas irão odiar mas não há como odiar aquilo que não há tradição.
Quando digo tradição é o simples fato de que o original é o original e ele não se destaca aqui, influência não é tradição e sim inspiração. O original é sensacional, toda sua sequência é engraçada, mórbida e interessante.
Este filme é incrível. É inteligente no roteiro e super chocante nas cenas. Literalmente, é de chover sangue. Pegou vários elementos conhecidos, como 'inspiração', O colar, a chase cam, as armas, as referências que fazem dele ser foda demais.
Não tem que ter receio de assistir esse filme.
Ele é sujo e isso é a proposta.
Ele tem focos de iluminação esparsos e isso é a proposta.
Ele tem a capacidade de criar uma estória simples, reverter ela, aparentemente fraca á seu favor, e causar impacto. Um detalhe: Os personagens quando são possuídos se respeita o veículo que se utiliza. Ou seja, se a pessoa é fraca de espírito ou tem uma constituição forte, isso se reflete. Mas é uma observação pessoal.
O final é orgástico e merece algumas estrelinhas pela sequência.
Um filme que pinga sangue, te deixa elétrico e muito muito esperando que todos morram. Porque a graça é essa desse filme.
Para Maiores
2.1 1,4KSe o Porta dos Fundos virar filme é mais ou menos assim.
Ou vai me dizer que você não veria esses sketches já acontecendo?
http://www.youtube.com/watch?v=NvxdkKBkRQ4
Amor Pleno
3.0 558Ben Affleck mt fraco... mas o filme em si... interessante.
O Lugar Onde Tudo Termina
3.7 857 Assista AgoraEssa sinopse tão certa quando a terra ser quadrada... O cara viu que filmw?
O Homem da Máfia
3.1 592 Assista AgoraQuando eu leio comentários sobre como o filme é lento ou a trama é fraca, eu não culpo o espectador, eu culpa o vírus da história mastigada e o problema que os atores tem em improvisar. Esse filme tem um roteiro excelente, diálogos geniais e um ritmo que quando explode a violência destacada é como um baile cheio de sangue. Você sabe que a música vai acabar, você sabe que ninguém vai sair vivo. E porque esperar ver o sangue? Apenas dance conforme a música.
Este filme no meu entendimento tem essa beleza incrível de orquestrar uma história de crime exaltando a marginalidade de seus personagens contrapondo a ordem e as regras do submundo. è um filme de máfia sem falar de máfia. É um filme que trabalha com o subtexto da crise econômica, da falta de esperança de uma nação e uma estória em que pessoas ainda ganham dinheiro mesmo sendo em mesas de poker e elas serem roubadas é uma questão de honra resolver isso. A economia afeta todo mundo. Uma questão de sobrevivência. Vindo da era Bush chegando na era Obama. Nada mudou. O pano de fundo é o mesmo. Sobre a violência e a quantidade de diálogos? Como apurar fatos e acusar culpados? Investigando, e os atores estão ótimos interpretando porque o roteiro permite diálogos incríveis. Quando Mickey aparece, Gandolfini dos Sopranos, é um homem deprimido, alcoólatra que critica tudo á sua volta e não tem a menor vontade de fazer qualquer coisa. Ele só quer se abrir para alguém. E é isso que ele faz. Brad Pitt é um fio condutor mestre que curiosamente aparece 20 minutos depois do começo do filme. Mas você esperava algo assim. É um filme do universo masculino. Jogos de carta, bebidas, armas, carros, muitos carros e gente falando merda com um humor negro muito escondido. Os carros são algo importante no filme, definem personalidade. Todas as cenas de violência e os melhores diálogos envolvem carros. Seja dentro, fora ou sobre. No fim das contas, são só negócios sendo resolvidos.
E na minha humilde opinião, não julgue um filme de 'ação' por ter muito diálogo. Não se deixe enganar que todos bons atores devem improvisar textos como no Tropa de Elite ou Cidade de Deus. Bons atores decoram um texto e o tornam natural á fala. Dê mais valor ao que você lê e ouve na tela. Isso faz a diferença.
Notícias de uma Guerra Particular
4.4 118Precisamos de um 'Notas sobre uma paz escondida' e logo.
defasado mas com conteúdo histórico, as palavras do sociologo (?) são um poder á parte do impacto do filme.
Modus Anomali
2.9 38Deveria haver um aproveitamento melhor das cenas e do cenário em certos momentos, especialmente até os primeiros 45 minutos. É um começo arrastado mas com uma premissa interessante que se fosse encurtado pela metade, na minha humilde opinião, seria bem mais interessante. Mas é de característica do cinema indico-asiático ter um tempo mais arrastado para mostrar tudo. Parece que quer que você tenha tempo de entender.
Juiz SM
3.6 10Poucos filmes sobre o tema tem respeito assim pelos protagonistas, tratando eles como pessoas normais e que nada do que fazem sexualmente pode interferir na sua vida, diminuindo eles ou porcamente dando um plano de pessoas 'anormais'. Esse filme é um exemplo bem construído de roteiro, de caso judicial, de entrega e devoção ao parceiro, algo que só vivendo se sabe como é. Linda a atituda da atriz, alias, uma ótima atriz.
À Procura de Sugar Man
4.5 180 Assista AgoraÁs vezes, de tempos em tempos a gente esbarra em coisas que definem mudanças na nossa vida. Desde as coisas mais pequenas até as mais significantes.
Pode ser um livro, ou, casar com o canalha da escola.
Nesse caso, é uma música, não só uma música, um ótimo artista que ninguém conhece. Literalmente.
A mudança vai ser tão significativa que você vai questionar sons clássicos.
Estou falando de um cara chamado Rodriguez.
Sixto Rodriguez é um artista dos anos 70 e a estrela do documentário Searching for Sugar Man. No documentário, Rodriguez é um fantasma que desapareceu sem sucesso apesar de ser incrível.
Se liga na historia de vida dele: Ele lançou apenas dois albuns e caiu no esquecimento, vendeu quase nada no USA mas por algum motivo na áfrica do sul ele ficou muito conhecido e idolatrado por todos. Chegou a vender meio milhão de cópias do primeiro album, mas ele nunca ganhou um puto, porque entendesse que ele tava morto.
A morte dele sugere uma das formas mais dramáticas de um artista morrer.
Tacando fogo em si no palco em frente á uma platéia.
O foco do documentário é saber quem era Rodriguez, um artista de que não se tem notícia alguma. Só por isso, já seria ótimo, mas o DOC é sem dúvida um dos melhores DOCs sobre música que já vi. Está do lado da história do Pentagram, uma outra banda de hard rock dos anos 70 que caiu no ostracismo devido ao abuso de drogas do seu cantor que era comparado ao Ozzy Osbourne.
Searching for Sugar Man pesa ouro, vai te deixar intrigado, ligado, querendo ouvir todas as músicas e vai te levar as lágrimas sem sombra de dúvidas.
De todas as músicas dele, as letras são incríveis, os dois Álbuns lançados são maravilhosos, cada um mais íntimo que o outro.
I Wonder, Sugar Man, Crucify your mind, A Must Disgusting Song, Sandreval Lullaby são músicas lindas de ouvir e você vai falar como ninguém ouviu isso um dia.
Mas 'Cause é a música que vai te levar á lágrimas, é uma letra que dói. Só a primeira linha, a primeira frase já é a história de alguém que se fudeu lindamente. "Porque eu perdi meu trabalho duas semanas antes do Natal".
Poucas letras doem assim. E só estar esquecido, ter sentido dor, e, ser sozinho para doer assim. Prepare-se, Rodriguez gruda no seu ouvido e nunca mais sai.
Folk Rock da melhor qualidade de deixar Bob Dylan muito duvidoso de suas letras.
Um trecho da letra de 'Cause:
Cause I lost my job two weeks before Christmas
And I talked to Jesus at the sewer
And the Pope said it was none of his God-damned business
While the rain drank champagne
My Estonian Archangel came and got me wasted
Cause the sweetest kiss I ever got is the one I've never tasted
Oh but they'll take their bonus pay to Molly McDonald,
Neon ladies, beauty is that which obeys, is bought or borrowed
Isso é Rodriguez e Searching for Sugar Man é um golpe fatal e lindo de esperança.
Amor
4.2 2,2K Assista AgoraChorei... litros.
A Hora Mais Escura
3.6 1,1K Assista AgoraNão é essa coca-cola toda... é meio sukita. sem gás.
Django Livre
4.4 5,8K Assista AgoraO importante é apreciar a obra e ver como é foda a vingança tarantinoesca que dá um novo sentido e revive o spaghetti western. Franco Nero impagável no papel de... de... Ex Django! Leo di Caprio fodamente foda sendo foda mas, all hats off para Samuel L. Jackson que você não para de rir... seu personagem carismático, vendido, rendido, submetido ao mundo colonialista... alias, o que é aquele figurino azul do Jamie Quando ele mata os Brittle brothers, total referência aos ingleses de Boston. Tarantino continua sendo ruim como ator mas é engraçado ver atuando. E a trilha sonora mandando ver iguais cães devorando... bom, basta apenas dizer que ouvir Freedom do Richie Havens num filme que tem tudo a ver com isso é lindo demais.
Uma Noite na Ópera
3.9 61 Assista AgoraComo fã incondicional dos Irmãos, eu não posso deixar de ressaltar que esse filme para mim é o melhor do quarteto. Se você viu um filme deles, você viu todos. Eles fazem as mesmas rotinas e mesmos esquetes no mesmo tempo cinematografico quase sempre com a tutela do mesmo produtor, que infelizmente, viria a falecer no meio das filmagens de A Day at The Races. Mas apesar de ser sempre a mesma proposta, esse é o melhor e que todo mundo deveria começar. Duck Soup é excelente mas esse tem uma jogada ótima de dar valor ao quase ínfimo roteiro. Primeiro filme sem o Zeppo que, como escada não fazia nada, então sempre achei ele desnecessário apesar de dar um pouco de caretice para o grupo o que fazia um equilíbrio. Groucho tem ótimas sacadas. Harpo tá tão carismático e Chico está dando valor as suas cenas quase sendo mais importante do que o Groucho... A cena do contrato é perfeita. Em roteiro, em marcações de cena, em gags.
Se eu recomendasse para alguem começar a assistir esse malucos maravilhosos, eu recomendaria esse. E viva o Marxismo!