Acho que assisti-lo no cinema e junto com 2 outros filmes do diretor tornou a experiência muito mais prazerosa e inteligente do que deveria ser. Entre o texto literal sem pausa dos trechos de Othon no Pour Renato e a fluidez absurda, linda e difícil do Não-Reconciliados, existe uma certa mágica inexplicável em assistir um take de 4 minutos de um gato se lambendo na tela grande.
Cinema como uma janela para a realidade, já que a própria realidade se torna abstrata e contemplativa a todo momento. Um dia quero amar algo como Hutton ama as imagens que filma.
Símbolos: vazios, gratuitos, estéticos ou cheios de significados, que se constroem, destroem, se contradizem ou simplesmente somem. Imagina assistir isso em 1964.
Não existe outra mídia como o cinema para discutir como a realidade é relativa. Sendo a própria mídia cinematográfica de uma retratação completamente relativa da realidade, ela dá um espaço imenso para divagações (que, num âmbito plenamente teórico e literal, geralmente soam completamente sem propósito e vazias) e brincadeiras simples e puras com isso. Wavelength parece uma coletânea de tudo o que o cinema pode e não pode (mas faz mesmo assim) em simples 40 minutos. Não é sobre apenas um cômodo cotidiano - ele sequer é um plano único ou contínuo, como fala a sinopse -, é sobre transformar essa ideia em espetáculo: deleite visual, intriga, incomodo, morte, cultura popular, dia a dia, natureza, luz, escuridão, realidade e tudo mais o que você quiser. Para o cinema, a realidade é totalmente, visivelmente e, aqui e em todos os filmes, literalmente manipulável e relativa, mas isso não quer dizer que ele não possa retratá-la (fielmente ou não). Acaba apenas sendo um filme sobre esfregar isso na sua cara - mas que, quando termina, você só olha pra sua parede e pensa na imensidade de formas de retratá-la e modificá-la e daí só se pergunta o que diabos você tá fazendo aqui.
Aqui o Hutton mostra a mesma habilidade de criar contrastes e ideias tão poderosas por meio de tão poucas imagens que ele tem no At Sea. Chega a ser assustador como, usando 3 ou 4 takes, ele cria algo que iguala a meditação do seu cinema com um fator documentário e crítico. O lugar, suas pessoas e seus problemas: quase não retratadas em conjuntos, mas unidas pela montagem e, de certa forma, pela maneira única que ele enxerga o cinema e o poder daquelas imagens. A simples sucessão de imagens é realmente apenas o que é necessário para se fazer cinema.
Gosto do cinema dos diretores, gosto do quanto ele me assombra e o quanto me parece mais uma meditação pessoal enquanto brinca com a forma do que qualquer coisa. A figura do Montaigne como símbolo de uma calmaria que envolta a ação de morrer, mas também da cumplicidade que envolve o ato de compartilhar - que, no fim, me parece o grande mote da vida: viver, refletir e compartilhar, com o intuito de, quem sabe, ajudar o próximo. É o que Montaigne fazia, Straub fez e, de certa forma, eu faço agora. Tem muito no filme que não se entende de cara (me pergunto, por ex, o significado dos takes escuros e da própria questão da leitora), mas o que o filme nos fala e o desafio que nos propõe já é ótimo por si só.
A poesia e a claustrofobia da cena inicial para esclarecer: estamos fadados à repetição e à limitação, em diferentes locais, em diferentes corpos, com diferentes conceitos, mas com os mesmos erros e o medo em comum. Isso é o aquário, é a nação e é o que nos faz humano - restando a nós, hoje, o enxergar e o aprimorar.
De vez em quando eu acho eu acho que tem gente que mora dentro de algum coletivo de faculdade de humanas ou dentro do Tumblr, porque não é possível que achem que isso é algo sequer perto da realidade. E, pela amor de deus, até tudo bem achar isso uma sátira "inteligente", mas "cirúrgica"? O filme não tinha como ser mais expositivo, realmente só faltou uma narração do Charlton Heston no final "viu só como a esquerda é malvada? ehehehe ;)". Claro, o objetivo do curta é aumentar a situação pra expor uma realidade, mas uma coisa é você aumentar algo cem, mil vezes, já isso aqui aumenta um milhão vezes e, além disso, aumenta uma realidade que nem existe em tamanha escala como o filme quer que acreditemos. Porém, acho bom existir essas coisas para toda vez que eu olhar pra esquerda e pensar "putz tá cheio de gente sem noção aqui" eu saber que, do outro lado, o número de babacas cheios de si tá igual.
Carrots & Peas
2.5 2O cineasta é um imbecil.
Documentário
4.0 28Filminhos, tédio e tela quadrada.
Onde está você, Jean-Marie Straub?
3.6 1Acho que assisti-lo no cinema e junto com 2 outros filmes do diretor tornou a experiência muito mais prazerosa e inteligente do que deveria ser. Entre o texto literal sem pausa dos trechos de Othon no Pour Renato e a fluidez absurda, linda e difícil do Não-Reconciliados, existe uma certa mágica inexplicável em assistir um take de 4 minutos de um gato se lambendo na tela grande.
Night Music
3.5 230 segundos de intenso deleite visual interrompidos abruptamente pela vida real. Parece um resumo da minha vida.
Window Water Baby Moving
4.2 13Eu realmente não esperava um filme sobre um parto, mas é bonito demais. É muito lindo e estranho ser humano mesmo.
Skagafjördur
3.5 2Cinema como uma janela para a realidade, já que a própria realidade se torna abstrata e contemplativa a todo momento. Um dia quero amar algo como Hutton ama as imagens que filma.
Completo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=bGBEX-S8AVE
Scorpio Rising
3.6 44Símbolos: vazios, gratuitos, estéticos ou cheios de significados, que se constroem, destroem, se contradizem ou simplesmente somem. Imagina assistir isso em 1964.
Comprimento de Onda
2.8 18Não existe outra mídia como o cinema para discutir como a realidade é relativa. Sendo a própria mídia cinematográfica de uma retratação completamente relativa da realidade, ela dá um espaço imenso para divagações (que, num âmbito plenamente teórico e literal, geralmente soam completamente sem propósito e vazias) e brincadeiras simples e puras com isso. Wavelength parece uma coletânea de tudo o que o cinema pode e não pode (mas faz mesmo assim) em simples 40 minutos. Não é sobre apenas um cômodo cotidiano - ele sequer é um plano único ou contínuo, como fala a sinopse -, é sobre transformar essa ideia em espetáculo: deleite visual, intriga, incomodo, morte, cultura popular, dia a dia, natureza, luz, escuridão, realidade e tudo mais o que você quiser. Para o cinema, a realidade é totalmente, visivelmente e, aqui e em todos os filmes, literalmente manipulável e relativa, mas isso não quer dizer que ele não possa retratá-la (fielmente ou não). Acaba apenas sendo um filme sobre esfregar isso na sua cara - mas que, quando termina, você só olha pra sua parede e pensa na imensidade de formas de retratá-la e modificá-la e daí só se pergunta o que diabos você tá fazendo aqui.
A Pista
4.4 185A memória é filme ou o filme é memoria? Não importa, o resultado inalcançável sempre é o mesmo.
A Origem do Século XXI
4.3 4o godard é lindo
New York Portrait, Chapter II
3.8 1Aqui o Hutton mostra a mesma habilidade de criar contrastes e ideias tão poderosas por meio de tão poucas imagens que ele tem no At Sea. Chega a ser assustador como, usando 3 ou 4 takes, ele cria algo que iguala a meditação do seu cinema com um fator documentário e crítico. O lugar, suas pessoas e seus problemas: quase não retratadas em conjuntos, mas unidas pela montagem e, de certa forma, pela maneira única que ele enxerga o cinema e o poder daquelas imagens. A simples sucessão de imagens é realmente apenas o que é necessário para se fazer cinema.
The Private Life of a Cat
4.4 16Gatos são a melhor coisa que aconteceu na história do planeta terra.
Mothlight
3.5 5A natureza é arte.
Diálogo de Sombras
4.0 1Um filme sobre distâncias, sejam elas reais ou não.
Um Conto de Michel de Montaigne
3.7 1Gosto do cinema dos diretores, gosto do quanto ele me assombra e o quanto me parece mais uma meditação pessoal enquanto brinca com a forma do que qualquer coisa. A figura do Montaigne como símbolo de uma calmaria que envolta a ação de morrer, mas também da cumplicidade que envolve o ato de compartilhar - que, no fim, me parece o grande mote da vida: viver, refletir e compartilhar, com o intuito de, quem sabe, ajudar o próximo. É o que Montaigne fazia, Straub fez e, de certa forma, eu faço agora. Tem muito no filme que não se entende de cara (me pergunto, por ex, o significado dos takes escuros e da própria questão da leitora), mas o que o filme nos fala e o desafio que nos propõe já é ótimo por si só.
O Aquário e a Nação
4.0 1A poesia e a claustrofobia da cena inicial para esclarecer: estamos fadados à repetição e à limitação, em diferentes locais, em diferentes corpos, com diferentes conceitos, mas com os mesmos erros e o medo em comum. Isso é o aquário, é a nação e é o que nos faz humano - restando a nós, hoje, o enxergar e o aprimorar.
Modern Educayshun
4.0 4De vez em quando eu acho eu acho que tem gente que mora dentro de algum coletivo de faculdade de humanas ou dentro do Tumblr, porque não é possível que achem que isso é algo sequer perto da realidade. E, pela amor de deus, até tudo bem achar isso uma sátira "inteligente", mas "cirúrgica"? O filme não tinha como ser mais expositivo, realmente só faltou uma narração do Charlton Heston no final "viu só como a esquerda é malvada? ehehehe ;)". Claro, o objetivo do curta é aumentar a situação pra expor uma realidade, mas uma coisa é você aumentar algo cem, mil vezes, já isso aqui aumenta um milhão vezes e, além disso, aumenta uma realidade que nem existe em tamanha escala como o filme quer que acreditemos. Porém, acho bom existir essas coisas para toda vez que eu olhar pra esquerda e pensar "putz tá cheio de gente sem noção aqui" eu saber que, do outro lado, o número de babacas cheios de si tá igual.
Eu Sabia que era Você: Redescobrindo John Cazale
4.1 30Interessantíssimo, link no youtube com legendas em inglês: http://www.youtube.com/watch?v=ZqS4nPbhpjI