Idas e vindas, encontros e desencontros... Essas são basicamente as máximas representadas nesse filme, que, apesar de não ser tão memorável e encantador, certamente tem grande qualidade dentro dessa proposta. Também retrata bem as paixonites adolescentes sem adentrar na vulgarização e consequente naturalização da pedofilia como muitos filmes franceses da época comumentte faziam. Primeira experiência ao conhecer Jacques Remy e foi satisfatório.
Esperei um pouco mais por se tratar de um filme do Elio Petri e por seu título e premissa, mas ainda assim é um filme bem legal de se acompanhar. Seu protagonista é icônico e caricato, engendrando um clima satírico e ao mesmo tempo reflexivo. Recomendaria.
A relevância é imensa, a proposta de entrega é inovadora e arrojada, valorizando o cinema indígena como um todo. Mas creio que por questões pessoais mesmo, o desenrolar não me fisgou, mesmo que eu não tente de forma alguma desqualificar as características acima citadas. Fico muito feliz que um filme de temática indígena venha à tona em uma grade plataforma de mídias e que muitas pessoas tenham se informado um pouco sobre a batalha constante de muitos povos nativos remanescentes.
Contando com mais uma grande realização, o nome e a notícia tocada no rádio ao início da trama dá a dica do que se quer tratar. A chamada do ser humano à sua inerente e indissociável primitividade carrega a crueza de suas relações e até mesmo o seu cenário, que por sua vez se afasta completamente de qualquer traço de modernidade que possa querer esculpir de um mundo exterior, austero e remoto.
O problema de Genus Pan talvez seja necessariamente atrelado ao fato de ser um filme extremamente curto se comparado às demais grandes obras do diretor. A falta de aprofundamento característica deixa muito a desejar quanto ao envolvimento dos personagens e suas atitudes, ainda que uma coisa não resta dúvida ao final do filme: o mundo é feito de muitos Inggos, embora tenhamos nossas quotas de Andreses.
Tá, segundo trecho do filme, possivelmente todos os adultos se apaixonaram por algum adolescente em algum momento de sua vida, mas pera... o que esse filme realmente quis retratar com esse fio de reflexão? Varda tentou construir um argumento ou um ponto de vista, especialmente considerando-se o fato que a vítima usada nas filmagens seria seu próprio filho adolescente? Até certo momento acreditei que sim, mas chegou-se à conclusão e os absurdos só se amontoaram em uma série de questionamentos inverossímeis e atordoantes. É um filme esquisito e parece claro que o quis ser desde o ínicio, mas acho que não muito se alcançou com sua conturbada polêmica e todas suas possíveis nuances. Primeiro filme dessa gênia que de fato não me cativou.
O filme transita sobre dois temas centrais que são traumas infantis e defrontação com a velhice. E, meu Deus! Que primasia em conduzir uma fusão tão maravilhosa quanto essa que aqui se constata! Eu não sei... depois de ter visto diversos filmes do Bergman, incluindo seus grandes clássicos, é muito difícil de mater o martelo, mas estou achando que Face a Face é a sua verdadeira obra-prima. Ao final do filme, continuo embasbacado com tamanha precisão em retratar dois temas tão difíceis de forma tão ampla. É um gênio! Liv Ullman em sua atuação, então... Perfeita!
Longe de ser uma das obras brilhantes de Elio Petri, Condenado pela Mafia traz uma percepção aguçada da sociedade provinciana italiana, que muito se assemelha à brasileira, diga-se de passagem. Ainda que tenha esse mérito, o filme é difuso e excessivo em persongens que se fazem difíceis de se identificar, pois muito pouco se aprofunda sobre os mesmos; a curta duração prejudica nesse sentido, ainda que seja essencial para manter o interesse na trama. Não sei se recomendaria.
Ainda refletindo sobre ter sido muito enérgico em minha avalição, ainda que se considere o projeto mosaico de direções distintas de forma que se condensasse vários curtas para ser formar um longa ser muito interessante, não se revelou sequer um momento que interessasse. Muito provavelmente essa foi a melhor forma que todos os envolvidos encontraram para ser formar um fio condutor dentre todas essas filmagens que dão a impressão de uma total aleatoriedade, contudo, achei uma grande perda de tempo.
E o tal do Jules conseguiu ser ainda mais lerdo do que eu. Tava mais do que na cara que a ex dele queria mostrar os peitos desde o começo, não precisava nem entrar em qualquer negociação.
Por muito tempo o Nascido para Matar do Kubick foi o filme de guerra que mais achei pesado, até agora. Vejo que dividiu muito as opiniões entre quem assistiu, mas não é a toa, o bagulho é muito visceral e indigesto. Que pancada!
Ao início, confesso ter ficado um tanto decepcionado com o rumo que o documentário se encaminhava. Acho que a expectativa que se faz em torno da figura do David Lynch no que se refere a ele conversar e revelar a respeito de seu cinema é inerente na cabeça de mais de 90% dos seus fãs. Só que parando para pensar um pouco e até mesmo salientando o que esse documentário nos traz, chega-se a uma conclusão que seu cinema inexistiria se não fosse esse meio artístico bizarro que ele desenvolveu em torno das artes plásticas, faceta essa ignorada quase que por completo pelo seu próprio público - eu incluso. Não é meu tipo de arte, é fato. Contudo, em seu desfecho, fiquei extremamente satisfeito com o resultado revelativo e o convite intimista que essa obra trouxe à tona. Pode não ser o documentário que todos esperavam, mas sem dúvida alguma era o documentário certo a ser feito se queria-se falar acerca da pessoa David Lynch e tentar entendê-lo em sua complexidade.
Eu já tinha uma noção dos problemas sociais que os aborígenes sofriam, mas não fazia ideia que era tão pior como o filme retratou. O grande mérito do cinema bem realizado creio ser esse - nos abrir portas para realidades que não fazem parte de nosso cotidiano ou que não chegam efetivamente em nossas notícias. É muitíssimo interessante e trágico constatar na obra uma similiaridade destes povos com os discriminados de nossa sociedade e que Florestan Fernandes já bem observou - o fenômeno do enbranquecimento social, ou seja, daquele que abre mão de sua cultura e identidade para tentar se fazer aceito pelo opressor. Um filme essencial para compreender parte do processo colonialista de nossa história.
Enredo instigante, ainda que em parte previsível. Todos os personagens têm aquele quê de estranheza, o que faz todos propositalmente destoarem de seus respectivos papeis.
Esse filme é um exemplo perfeito do quão interessante pode ser explorar algumas obras fora de nosso circuito para conseguir entender quanta coisa diferente e que podemos considerar inconcebíveis de existir. Muna Moto desenha as convivências de uma sociedade ainda de costumes tribais, os quais estamos pouquíssimos familiarizados, tais como casamentos poligâmicos, dotes por mercadorias, hierarquias familiares diferenciadas, dentre outras. É inevitável a repugnância em assistir a subjugação e o tratamento da mulher como mercadoria, mas é bem disso que o filme trata.
Que vida belíssima essa da Varda! Tem gente que poderia viver 5 vidas e não conseguiria chegar onde ela chegou.
Acho que todos os capítulos nesse documentário foram devidamente elencados e muito bem expostos. Pra quem estaria interessado em adentrar na sua obra, eu recomendaria começar por aqui, sendo um norteador perfeito para o que se deseja explorar.
O formato é pouco dinâmico, mas as entrevistas são contundentes! Neste documentário se constata toda a falta de espaço cedida por uma indústria machista (a sociedade toda o é, e no cinema não seria diferente) e a batalha das mulheres pelo direito à suas expressividades e oportunidades mais abrangentes. E se tudo que se mostra retrata francesas e estadunidenses (centros do cinema mundial), imagine então o que não ocorre nos países de menor destaque dessa arte. 40 anos depois, vemos que pouco mudou, muito embora um número muito maior de diretoras e atrizes afloraram trazendo consigo um cinema diferenciado e enriquecido em inúmeros pontos, contudo, não em sua maioria, ainda se observando modelos previamente estabelecidos em aplicação. Muita coisa ainda há de ser mudada, e o protagonismo efetivo de mulheres nas atuações e roteiros são algumas delas!
Que pérola perdida espetacular de Agnes Varda, um filme que surpreende em muito do que se espera. Ainda que em até determinado tempo do filme ele se faça extremamente monótono e desinteressante, uma transformação brutal ocorre a partir do início das suspeitas do protagonista. Contudo, já de antemão, um experimentalismo é apresentado e já traz dicas que coisas esquisitas vão começar a acontecer, fazendo com que a espera valha e muito a pena. Confesso que quase cheguei a não escolher esse filme para assistir, haja visto que a filmografia da diretora é vasta, mas fiquei muito feliz pela minha decisão.
Já ouvi dizer que esse seria um dos grandes clássicos do Rohmer. Se é mesmo, eu não sei ao certo, mas logo ao princípio já se nota que o filme não é lá tudo isso. De uma estética incomparável, é se se ressaltar que o diretor realiza filmes belíssimos e sempre se faz capaz de introduzir diálogos inteligentíssimos e reflexivos, isso se levado em conta, evidentemente, o caráter burguês imbuído em seu cinema. Entretanto, não se deve perder de vista o descuido de banalizar com muita constância a pedofilia em seus filmes. Em uma primeira aparição do tema quis crer que fosse acidental, mas conforme em mais e mais filmes isso vai sendo constatado, nota-se o padrão discursivo de colocar meninas adolescentes supostamente "intelectualmente maduras" demais para os meninos de sua respectiva faixa etária e que naturalmente se interessariam por homens mais velhos. É necessário deixar as coisas bem esclarecidas aí nesse caso: as devidas críticas não foram construídas. Anacrônico? Talvez. Mas nem por isso deve-se deixar de ser dito e repudiado.
Filme bobinho de início de carreira do Tom Hanks, bem canastrão que serve para passar o tempo. É impressionante notar como o mesmo melhorou a partir destes filmes, tarefa que deve ter sido hercúlea. E que personagem mais virginiano que nunca vi igual!
Que achado surpreendente em meio ao acervo competentíssimo de Almodovar. Particularmente não imaginaria que algum dia teria a chance de assistir um destes primeiros filmes do diretor, que neste se difere dos demais da época, pois não carrega aquele ar novelesco tão característico do seu início de carreira. Sempre com sua polêmica instigante, o diretor nos traz
uma família conturbada do subúrbio de Madrid que seria composta por uma vó acumuladora compulsiva, uma mãe sobrecarregada e viciada em remédios controlados, filhos envolvidos um com drogas e outro com prostituição, enfim... um prato cheio para pirar com os padrões da “família de bem”.
Um documentário de beleza ímpar que mereceu o reconhecimento que teve. Aqui o interlocutor entre o polvo e a audiência foi estoicamente capaz de estabelecer uma amizade profunda entre um animal selvagem e não interferir em quase nada em suas aventuras. Eu particularmente passaria longe de conseguir.
Desde sua anunciação, esse foi um dos filmes que mais esperei. Não foi uma espera tão longa, confesso; fiquei sabendo do projeto um pouco tardiamente, mas a premissa logo me encantou, valendo-se também do fato que eu idolatro esse diretor e a Penelope Cruz.
O filme se apresenta muito bem, constroi um arcabouço sólido, e tem uma evolução satisfatória, mas até certo ponto.
Ainda que eu tenha o adorado e me identificado demais com as situações com a babá, que tenha me revoltado com a postura do pai e todas as suas nuances, o momento da relevação é muito, mas muito irreal e impossível. Não chegaria nem a ser impróvavel, é impossível mesmo. Nenhuma mãe depois de ter criado sua filha por mais de ano, estabelecido um laço amoroso maternal, remodelado toda sua vida diante à maternidade teria tal atitude, ainda mais somado o fato de que a mesma perdeu sua filha biológica para a mesma mulher a qual ela faria tal revelação. Outra crítica a que pesa na escolha do diretor foi mediar uma relação amorosa entre as mesmas. É muito lamentável que por tantas vezes obras brilhantes tendo a opção de optar simplesmente pela sororidade se perdem desenvolvendo uma relação amorosa. Creio que fica claro que a mensagem era essa, e poderia ter ficado apenas nela. A opção do diretor acaba revelando que nada disso seria possível sem que as mesmas se envolvessem como amantes, o que é uma pena.
O saldo foi de um filme que foi muito bom, mas que poderia ter alçado voos maiores e relevantes.
Tenso e desesperador do começo ao fim, haja visto o protagonismo em primeira pessoa e narrativo. A própria contextualização da história é intrinsecamente desconfortável e com seu devido propósito. Ainda que a obra seja muito bem-sucedida nesse pressuposto, de alguma maneira eu não consegui adentrar de fato no drama, e não sei dizer exatamente o motivo. Não sei se veria de novo.
Bom, creio ser fundamental colocar os pingos nos is desta sinopse que a dita “revolução” não seria exatamente socialista, e sim social-democrata, o que é um abismo de diferença. Dito isso, achei muito interessante o exercício mental de simularmos uma mudança significativa dentro da sociedade que deixaria de lado uma equidade fundamental que seriam os direitos das mulheres garantidos, tais quais os demais oprimidos de uma sociedade capitalista, em questões raciais, opção sexual, capacidade física... seriam inúmeros os casos. Assim, é premente que para pensarmos em um mundo melhor temos a responsabilidade de garantir direitos universais e oportunidades iguais a todos. Valeu para garantir a reflexão, sem dúvida especialmente no que se refere às mobilizações de núcleos regionais que garante a efetividade e a procura de constante melhorias articuladas diretamente com o povo, tal como ocorreu na Revolução Chilena, por exemplo. “socialismo: luta constante por mudanças”, como o próprio filme em um trecho clama.
Achei muito interessante a linguagem metafórica que Almodovar encontrou aqui para retratar a religião frente suas hipocrisias, de fato uma pegada extremamente ácida. Creio até que a sacada do tigre represente uma alegoria circense tal como um espetáculo que suas facetas o tragam aos fieis. Contudo, a marca novelesca tão característica de seu princípio de carreira é uma constante que me incomoda em todos seus filmes desta época, e é aí que acabo não dando uma nota maior do que talvez mereceria.
Lola, a Flor Proibida
3.9 25Idas e vindas, encontros e desencontros...
Essas são basicamente as máximas representadas nesse filme, que, apesar de não ser tão memorável e encantador, certamente tem grande qualidade dentro dessa proposta.
Também retrata bem as paixonites adolescentes sem adentrar na vulgarização e consequente naturalização da pedofilia como muitos filmes franceses da época comumentte faziam.
Primeira experiência ao conhecer Jacques Remy e foi satisfatório.
A Propriedade Não é Mais um Roubo
3.8 7Esperei um pouco mais por se tratar de um filme do Elio Petri e por seu título e premissa, mas ainda assim é um filme bem legal de se acompanhar.
Seu protagonista é icônico e caricato, engendrando um clima satírico e ao mesmo tempo reflexivo.
Recomendaria.
A Última Floresta
4.3 35A relevância é imensa, a proposta de entrega é inovadora e arrojada, valorizando o cinema indígena como um todo.
Mas creio que por questões pessoais mesmo, o desenrolar não me fisgou, mesmo que eu não tente de forma alguma desqualificar as características acima citadas.
Fico muito feliz que um filme de temática indígena venha à tona em uma grade plataforma de mídias e que muitas pessoas tenham se informado um pouco sobre a batalha constante de muitos povos nativos remanescentes.
Gênero, Pan
3.5 2Contando com mais uma grande realização, o nome e a notícia tocada no rádio ao início da trama dá a dica do que se quer tratar. A chamada do ser humano à sua inerente e indissociável primitividade carrega a crueza de suas relações e até mesmo o seu cenário, que por sua vez se afasta completamente de qualquer traço de modernidade que possa querer esculpir de um mundo exterior, austero e remoto.
O problema de Genus Pan talvez seja necessariamente atrelado ao fato de ser um filme extremamente curto se comparado às demais grandes obras do diretor. A falta de aprofundamento característica deixa muito a desejar quanto ao envolvimento dos personagens e suas atitudes, ainda que uma coisa não resta dúvida ao final do filme:
o mundo é feito de muitos Inggos, embora tenhamos nossas quotas de Andreses.
O Mestre do Kung-Fu
3.7 19Tá, segundo trecho do filme, possivelmente todos os adultos se apaixonaram por algum adolescente em algum momento de sua vida, mas pera... o que esse filme realmente quis retratar com esse fio de reflexão?
Varda tentou construir um argumento ou um ponto de vista, especialmente considerando-se o fato que a vítima usada nas filmagens seria seu próprio filho adolescente?
Até certo momento acreditei que sim, mas chegou-se à conclusão e os absurdos só se amontoaram em uma série de questionamentos inverossímeis e atordoantes.
É um filme esquisito e parece claro que o quis ser desde o ínicio, mas acho que não muito se alcançou com sua conturbada polêmica e todas suas possíveis nuances.
Primeiro filme dessa gênia que de fato não me cativou.
Face a Face
4.2 131O filme transita sobre dois temas centrais que são traumas infantis e defrontação com a velhice. E, meu Deus! Que primasia em conduzir uma fusão tão maravilhosa quanto essa que aqui se constata!
Eu não sei... depois de ter visto diversos filmes do Bergman, incluindo seus grandes clássicos, é muito difícil de mater o martelo, mas estou achando que Face a Face é a sua verdadeira obra-prima.
Ao final do filme, continuo embasbacado com tamanha precisão em retratar dois temas tão difíceis de forma tão ampla. É um gênio!
Liv Ullman em sua atuação, então... Perfeita!
Condenado pela Máfia
3.8 1Longe de ser uma das obras brilhantes de Elio Petri, Condenado pela Mafia traz uma percepção aguçada da sociedade provinciana italiana, que muito se assemelha à brasileira, diga-se de passagem.
Ainda que tenha esse mérito, o filme é difuso e excessivo em persongens que se fazem difíceis de se identificar, pois muito pouco se aprofunda sobre os mesmos; a curta duração prejudica nesse sentido, ainda que seja essencial para manter o interesse na trama.
Não sei se recomendaria.
Cosmos
3.3 5 Assista AgoraAinda refletindo sobre ter sido muito enérgico em minha avalição, ainda que se considere o projeto mosaico de direções distintas de forma que se condensasse vários curtas para ser formar um longa ser muito interessante, não se revelou sequer um momento que interessasse.
Muito provavelmente essa foi a melhor forma que todos os envolvidos encontraram para ser formar um fio condutor dentre todas essas filmagens que dão a impressão de uma total aleatoriedade, contudo, achei uma grande perda de tempo.
E o tal do Jules conseguiu ser ainda mais lerdo do que eu. Tava mais do que na cara que a ex dele queria mostrar os peitos desde o começo, não precisava nem entrar em qualquer negociação.
Guerra Sem Cortes
3.7 28 Assista AgoraPor muito tempo o Nascido para Matar do Kubick foi o filme de guerra que mais achei pesado, até agora. Vejo que dividiu muito as opiniões entre quem assistiu, mas não é a toa, o bagulho é muito visceral e indigesto.
Que pancada!
David Lynch: A Vida de Um Artista
4.0 45Ao início, confesso ter ficado um tanto decepcionado com o rumo que o documentário se encaminhava. Acho que a expectativa que se faz em torno da figura do David Lynch no que se refere a ele conversar e revelar a respeito de seu cinema é inerente na cabeça de mais de 90% dos seus fãs.
Só que parando para pensar um pouco e até mesmo salientando o que esse documentário nos traz, chega-se a uma conclusão que seu cinema inexistiria se não fosse esse meio artístico bizarro que ele desenvolveu em torno das artes plásticas, faceta essa ignorada quase que por completo pelo seu próprio público - eu incluso.
Não é meu tipo de arte, é fato. Contudo, em seu desfecho, fiquei extremamente satisfeito com o resultado revelativo e o convite intimista que essa obra trouxe à tona.
Pode não ser o documentário que todos esperavam, mas sem dúvida alguma era o documentário certo a ser feito se queria-se falar acerca da pessoa David Lynch e tentar entendê-lo em sua complexidade.
O País de Charlie
4.0 5 Assista AgoraEu já tinha uma noção dos problemas sociais que os aborígenes sofriam, mas não fazia ideia que era tão pior como o filme retratou.
O grande mérito do cinema bem realizado creio ser esse - nos abrir portas para realidades que não fazem parte de nosso cotidiano ou que não chegam efetivamente em nossas notícias.
É muitíssimo interessante e trágico constatar na obra uma similiaridade destes povos com os discriminados de nossa sociedade e que Florestan Fernandes já bem observou - o fenômeno do enbranquecimento social, ou seja, daquele que abre mão de sua cultura e identidade para tentar se fazer aceito pelo opressor.
Um filme essencial para compreender parte do processo colonialista de nossa história.
Amateur
3.5 18Enredo instigante, ainda que em parte previsível.
Todos os personagens têm aquele quê de estranheza, o que faz todos propositalmente destoarem de seus respectivos papeis.
Muna Moto
4.2 5Esse filme é um exemplo perfeito do quão interessante pode ser explorar algumas obras fora de nosso circuito para conseguir entender quanta coisa diferente e que podemos considerar inconcebíveis de existir.
Muna Moto desenha as convivências de uma sociedade ainda de costumes tribais, os quais estamos pouquíssimos familiarizados, tais como casamentos poligâmicos, dotes por mercadorias, hierarquias familiares diferenciadas, dentre outras.
É inevitável a repugnância em assistir a subjugação e o tratamento da mulher como mercadoria, mas é bem disso que o filme trata.
Tal como a lei do mais forte traduzida em dinheiro/influência constatada na sequência final do filme.
As Praias de Agnès
4.4 64 Assista AgoraQue vida belíssima essa da Varda!
Tem gente que poderia viver 5 vidas e não conseguiria chegar onde ela chegou.
Acho que todos os capítulos nesse documentário foram devidamente elencados e muito bem expostos. Pra quem estaria interessado em adentrar na sua obra, eu recomendaria começar por aqui, sendo um norteador perfeito para o que se deseja explorar.
Seja Bela e Cale a Boca!
4.2 3O formato é pouco dinâmico, mas as entrevistas são contundentes!
Neste documentário se constata toda a falta de espaço cedida por uma indústria machista (a sociedade toda o é, e no cinema não seria diferente) e a batalha das mulheres pelo direito à suas expressividades e oportunidades mais abrangentes.
E se tudo que se mostra retrata francesas e estadunidenses (centros do cinema mundial), imagine então o que não ocorre nos países de menor destaque dessa arte.
40 anos depois, vemos que pouco mudou, muito embora um número muito maior de diretoras e atrizes afloraram trazendo consigo um cinema diferenciado e enriquecido em inúmeros pontos, contudo, não em sua maioria, ainda se observando modelos previamente estabelecidos em aplicação. Muita coisa ainda há de ser mudada, e o protagonismo efetivo de mulheres nas atuações e roteiros são algumas delas!
Les Créatures
3.6 6Que pérola perdida espetacular de Agnes Varda, um filme que surpreende em muito do que se espera.
Ainda que em até determinado tempo do filme ele se faça extremamente monótono e desinteressante, uma transformação brutal ocorre a partir do início das suspeitas do protagonista.
Contudo, já de antemão, um experimentalismo é apresentado e já traz dicas que coisas esquisitas vão começar a acontecer, fazendo com que a espera valha e muito a pena.
Confesso que quase cheguei a não escolher esse filme para assistir, haja visto que a filmografia da diretora é vasta, mas fiquei muito feliz pela minha decisão.
O Joelho de Claire
3.9 77 Assista AgoraJá ouvi dizer que esse seria um dos grandes clássicos do Rohmer.
Se é mesmo, eu não sei ao certo, mas logo ao princípio já se nota que o filme não é lá tudo isso.
De uma estética incomparável, é se se ressaltar que o diretor realiza filmes belíssimos e sempre se faz capaz de introduzir diálogos inteligentíssimos e reflexivos, isso se levado em conta, evidentemente, o caráter burguês imbuído em seu cinema.
Entretanto, não se deve perder de vista o descuido de banalizar com muita constância a pedofilia em seus filmes. Em uma primeira aparição do tema quis crer que fosse acidental, mas conforme em mais e mais filmes isso vai sendo constatado, nota-se o padrão discursivo de colocar meninas adolescentes supostamente "intelectualmente maduras" demais para os meninos de sua respectiva faixa etária e que naturalmente se interessariam por homens mais velhos. É necessário deixar as coisas bem esclarecidas aí nesse caso: as devidas críticas não foram construídas. Anacrônico? Talvez. Mas nem por isso deve-se deixar de ser dito e repudiado.
Uma Dupla Quase Perfeita
3.0 78 Assista AgoraFilme bobinho de início de carreira do Tom Hanks, bem canastrão que serve para passar o tempo.
É impressionante notar como o mesmo melhorou a partir destes filmes, tarefa que deve ter sido hercúlea. E que personagem mais virginiano que nunca vi igual!
O Que Eu Fiz Para Merecer Isto?
3.7 126 Assista AgoraQue achado surpreendente em meio ao acervo competentíssimo de Almodovar. Particularmente não imaginaria que algum dia teria a chance de assistir um destes primeiros filmes do diretor, que neste se difere dos demais da época, pois não carrega aquele ar novelesco tão característico do seu início de carreira. Sempre com sua polêmica instigante, o diretor nos traz
uma família conturbada do subúrbio de Madrid que seria composta por uma vó acumuladora compulsiva, uma mãe sobrecarregada e viciada em remédios controlados, filhos envolvidos um com drogas e outro com prostituição, enfim... um prato cheio para pirar com os padrões da “família de bem”.
Professor Polvo
4.2 387 Assista AgoraUm documentário de beleza ímpar que mereceu o reconhecimento que teve. Aqui o interlocutor entre o polvo e a audiência foi estoicamente capaz de estabelecer uma amizade profunda entre um animal selvagem e não interferir em quase nada em suas aventuras. Eu particularmente passaria longe de conseguir.
Mães Paralelas
3.7 411Desde sua anunciação, esse foi um dos filmes que mais esperei. Não foi uma espera tão longa, confesso; fiquei sabendo do projeto um pouco tardiamente, mas a premissa logo me encantou, valendo-se também do fato que eu idolatro esse diretor e a Penelope Cruz.
O filme se apresenta muito bem, constroi um arcabouço sólido, e tem uma evolução satisfatória, mas até certo ponto.
Ainda que eu tenha o adorado e me identificado demais com as situações com a babá, que tenha me revoltado com a postura do pai e todas as suas nuances, o momento da relevação é muito, mas muito irreal e impossível. Não chegaria nem a ser impróvavel, é impossível mesmo.
Nenhuma mãe depois de ter criado sua filha por mais de ano, estabelecido um laço amoroso maternal, remodelado toda sua vida diante à maternidade teria tal atitude, ainda mais somado o fato de que a mesma perdeu sua filha biológica para a mesma mulher a qual ela faria tal revelação.
Outra crítica a que pesa na escolha do diretor foi mediar uma relação amorosa entre as mesmas. É muito lamentável que por tantas vezes obras brilhantes tendo a opção de optar simplesmente pela sororidade se perdem desenvolvendo uma relação amorosa. Creio que fica claro que a mensagem era essa, e poderia ter ficado apenas nela. A opção do diretor acaba revelando que nada disso seria possível sem que as mesmas se envolvessem como amantes, o que é uma pena.
O saldo foi de um filme que foi muito bom, mas que poderia ter alçado voos maiores e relevantes.
O Escafandro e a Borboleta
4.2 1,2KTenso e desesperador do começo ao fim, haja visto o protagonismo em primeira pessoa e narrativo. A própria contextualização da história é intrinsecamente desconfortável e com seu devido propósito.
Ainda que a obra seja muito bem-sucedida nesse pressuposto, de alguma maneira eu não consegui adentrar de fato no drama, e não sei dizer exatamente o motivo. Não sei se veria de novo.
Nascidas em Chamas
4.1 15 Assista AgoraBom, creio ser fundamental colocar os pingos nos is desta sinopse que a dita “revolução” não seria exatamente socialista, e sim social-democrata, o que é um abismo de diferença.
Dito isso, achei muito interessante o exercício mental de simularmos uma mudança significativa dentro da sociedade que deixaria de lado uma equidade fundamental que seriam os direitos das mulheres garantidos, tais quais os demais oprimidos de uma sociedade capitalista, em questões raciais, opção sexual, capacidade física... seriam inúmeros os casos. Assim, é premente que para pensarmos em um mundo melhor temos a responsabilidade de garantir direitos universais e oportunidades iguais a todos. Valeu para garantir a reflexão, sem dúvida especialmente no que se refere às mobilizações de núcleos regionais que garante a efetividade e a procura de constante melhorias articuladas diretamente com o povo, tal como ocorreu na Revolução Chilena, por exemplo. “socialismo: luta constante por mudanças”, como o próprio filme em um trecho clama.
Maus Hábitos
3.6 185Achei muito interessante a linguagem metafórica que Almodovar encontrou aqui para retratar a religião frente suas hipocrisias, de fato uma pegada extremamente ácida. Creio até que a sacada do tigre represente uma alegoria circense tal como um espetáculo que suas facetas o tragam aos fieis. Contudo, a marca novelesca tão característica de seu princípio de carreira é uma constante que me incomoda em todos seus filmes desta época, e é aí que acabo não dando uma nota maior do que talvez mereceria.