Bacurau é grande. A realização de Kleber Mendonça e Juliano Dornelles é, de longe, um dos filmes mais inventivos que você verá no cinema este ano. E não digo apenas quanto a temática, mas a forma com que a narrativa abraça diferentes gêneros e os torna fluidos. Nas mãos desses dois, fazer cinema até parece fácil. A sinopse é simples, assim como a estrutura do filme. O tom absurdo, de um quase conto de fadas, dá ao filme, no entanto, uma graça e, ao mesmo tempo, uma forte tensão. Se tiver como, vá logo ao cinema. Te garanto, é de rir, chorar, se levantar na cadeira. É bonito, divertido, violento. É grande.
O que faz de alguém um super-herói? Os superpoderes, como Superman ou Hulk? Suas habilidade aguçadas, como Batman ou Homem de Ferro? Em 1962, Peter Parker nos apresentava uma resposta singela. Já em 2018, Miles Morales, personagem criado em 2011 por B. Michael Bendis, remodela a primeira aparição de Peter de maneira brilhante - nos sentidos metafórico e literal. Afinal, "Com grandes poderes vem grandes responsabilidades", seja dita no balão de recordatório, ou por Tio Ben, conduz aqui o enredo, como não poderia deixar de ser, mas sem ao menos dar sua interpretação própria a este imperativo categórico. Homem Aranha no Aranhaverso não tem medo de arriscar. A difícil adaptação do multiverso é descomplicada em questão de minutos, e o filme parece nem suar a camisa. O carisma de Miles por pouco é ofuscado pelo brilho de Gwen e Peter. Os três personagens tomam a tela como gigantes e são auxiliados pela veia cômica dos coadjuvantes. Na mescla entre ação e comédia, as cenas dramáticas dão peso a história e amolecem o espectador, porém sem diminuir o ritmo da história. Soma-se a isto o primor na técnica de animação, que além de função estética assume função narrativa, e temos uma resposta a questão que coloquei no início. Talvez o que faz de alguém um super-herói, como aparece nas histórias do teioso, desde 1962, e como não poderia deixar de ser, é sua humanidade.
Divertido e com ótimos momentos. O timing cômico de Zachary Levi e Jack Dylan Grazer conduzem o filme. Agora, é possível manter a atenção do espectador só com isso? O enredo é bem simples. Para quem acompanha super heróis nos quadrinhos e no cinema, viu, e verá, essa história mais uma centena de vezes. A de Shazam, tem seu tempero ao dar poderosos de Superman a um adolescente, e o filme capta bem ao tentar entender o que é o adolescente nesse mundo digital. E claro, o filme tem seu público alvo. Infantil, como grande parte dos filmes da Marvel. Isso não o desmerece, pelo contrário, criar o diálogo entre público infantil, jovem e adulto, em um material já conhecido, é uma tarefa ingrata. O filme acerta ao não se levar a sério. Erra a não levar a sério a necessidade de um roteiro que desenvolva os personagens. O vilão, por decisão da história, é caricato. O herói enfrenta o problema da transição da personalidade, as personalidades de menino e homem não se encaixam tão bem. No mais, o filme é agradável. Diverte sem se esforçar muito. Para quem gosta do personagem, ver o Capitão Marvel na tela já vale o ingresso.
Nós (Us) tem um segredo. É ao estar sempre no limite que a experiência funciona. Tudo é tão incômodo que é impossível tirar os olhos da tela, fazendo com que até os supostos deslizes do roteiro pareçam um ato friamente calculado por Jordan Peele. Afinal, o filme, assim como os personagens, estão nos contando a verdade? Se estão, qual é a verdade mais plausível. O que te convence? A superestrutura, um filme de invasão ou ficção cientifica convence por si só. Vale o ingresso. O filme, porém, está disposto a ir além da tela de cinema. Das dezenas de interpretações possíveis, uma única certeza me acompanhou nos dias que seguiram a sessão. Tudo em Nós, do mais simbólico ao mais expositivo, é parte de um plano meticuloso. Independente da sua experiência nessas 2h de exibição, e quero evitar ao máximo estraga-la com alguma revelação, dificilmente, você sairá limpo da sala de cinema.
Sudorese, dor de cabeça, falta de ar. Explicar a sensação de ver Dunkirk em Imax é recorrer a aspectos físicos do espectador. A experiência imersiva do novo filme de Nolan é assustadora. A história se desenvolve em três planos. A cola entre as linhas temporais é frágil mas parece pouco importar ao desenvolvimento do roteiro, afinal, pareceu para mim, que os soldados, na maioria das vezes, sem nome, servem como avatares do espectador na prática imersiva. O desenvolvimento de personagens, portanto, é deixado de lado. O espectador é o centro da história, o que não me incomodou de maneira nenhuma. Tecnicamente perfeito, a guerra é retratada de maneira claustrofóbica por vezes, em outras os planos abertos, principalmente no ar, que estimulam a confusão mental e desespero do espectador, trazendo uma tensão dolorosa. A fotografia, direção de arte e som são assombrosas. Ouso a dizer que foi uma das experiências visuais e sonoras mais fantásticas, por que não reais, que vi na telona. Nolan entrega o filme de guerra mais assustador possível sem a necessidade de recorrer a violência explicita. A violência está na decida do avião nazista na praia, no tiroteio da cena inicial, nas falas dentro das embarcações, e o agente passivo desta é o espectador, grudado na cadeira. Recomendo e, se possível, na maior tela da sua cidade!
É caminhando com facilidade entre os filmes de super-heróis que Mulher Maravilha obtém seu maior exito, o de se afastar destes. Assim como o excelente Logan, o filme da princesa de Themyscira transita com graciosidade entre humor, aventura e drama. Somos apresentados a uma história de origem que remonta ao clássico Superman de 1978, Diana não abdica do seu destino de ser heroína. A princesa guerreira, seja moldado do barro e trazida a vida por Afrodita e Gaia ou filha de Zeus, a depender da fase que o leitor dos quadrinhos preferir, é muito bem retratada por Patty Jenkins e Geoff Johns. Os personagens de apoio servem muito bem ao seu propósito e a escalação de elenco, principalmente dos atores que servem de escada para Gal Gadot, é excelente. O Steve Trevor de Chris Pine e as interessantissímas Rainha Hipólita (Connie Nielsen) e Antiope (Fantástica, Robin Wright) não deixam o ritmo do filme cair. Os vilões, por vezes caricatos, são bem utilizados para o propósito de introduzir o mundo de Mulher Maravilha. O plot do filme se utiliza bem da construção do suspense em cima deles, entregando boas viradas no roteiro. Saindo dos aspectos técnicos. Mulher Maravilha é mais que um filme necessário. A importância dele reside não só ligado a questões de representatividade das mulheres no cinema. Ela está também na reafirmação de um dos maiores símbolos de heroísmo e esperança. A personagem representa a coragem, a perseverança, mesmo que tudo e todos duvidem de suas capacidades. Fosse seu intuito, ou não, o filme da Mulher Maravilha reflete tudo isso. A cena do campo de batalha, presente no trailer final, é sobre isso, e talvez, seja esse o motivo de ter me emocionado tanto. Mulher Maravilha é mais do que precisávamos! É, com certeza, um dos melhores filmes de origem do gênero.
Get Out, ou Corra!, é emblemático. Seja pela trama, pela crítica social ou pela execução técnica, o filme merece os aplausos e prêmios que vem recebendo. Jordan Peele, diretor estreante - e, talvez, esse seja um dos fatos mais assustadores do filme -, demonstra um controle de cenas (o que dizer do plano sequencia que abre o filme?) e mantém o ritmo do filme em um timing quase perfeito. O enredo se entrelaça em um suspense pesado, com pitadas de terror e alguns minutos de "respiro", mas nunca se afasta da crítica que o permeia, e tudo isso de uma forma orgânica. Daniel Kaluuya, que participa de um episódio da última temporada de Black Mirror, é extremamente bem aproveitado. Os closes que o diretor faz dos olhos angustiados do ator, ao mesmo tempo, demonstram um desespero da personagem e assustam o espectador. O elenco de apoio se sustenta bem, mas sem grandes destaques. Fazia tempo que um filme de terror não me chamava a atenção. Ele não se propõem a te derrubar da cadeira do cinema com, as manjadas, e ultimamente supervalorizadas, cenas de susto fácil. Ele te assusta mais pelo estudo da essência humana e pela hipocrisia que nos é intrínseca. Get Out traz uma reflexão importante, e nos faz abrir os olhos para muitas coisas, e tudo isso embrulhado em um filme tecnicamente acima da média e com um roteiro afiado. Corra! mas em direção a sala de cinema, antes que saia de cartaz aqui no Brasil.
Leve e de fácil digestão, Lion é um filme família que deve agradar todos os públicos. A história se desenrola em duas partes bem definidas e, devido a competência do roteiro e direção, conversam bem entre elas. A primeira parte, com Sarro sendo interpretado por Sunny Pawar, um garoto extremamente simpático e fácil de se apegar, parece se estender demais e ficar um pouco enfadonha, mas o desenrolar do segundo e terceiro atos mostram que os 45 minutos do filme foram muito bem colocados. Sarro adulto é interpretado por Dev Patel, excelente no papel, que conduz uma jornada entre a aceitação e o sofrimento do passado. Patel, assim como Pawar, é extremamente carismático e responde muito bem às cenas que exigem uma carga dramática maior, tem tudo para despontar como um dos grandes atores nos próximos anos. O elenco de apoio sustenta bem a história. Incomoda um pouca as soluções que ocorrem com a personagem da Rooney Mara, que perde espaço no terceiro ato e fica um pouco apagada na resolução da história. O enredo se resolve bem ao final do filme e o roteiro se contem para não exagerar na carga dramática. No mais, Lion é um filme gostoso de se ver. Uma história de uma vida, dentre milhares crianças desaparecidas no mundo, que, felizmente, encontrou um final feliz.
Poucas vezes vi um filme dividir tanto as opiniões. Dentro de uma torrente de amei ou odiei, pouco parece existir para o talvez. Uma coisa é inegável, ninguém passa incólume ao novo trabalho de Tom Ford. Todo o clima do filme, que flerta com o noir, se constrói de modo a inverter o papel do detetive. Quem investiga não são as personagens, é o espectador. O roteiro coloca na mesa as cartas que o interessa chamando a atenção para certos pontos que desviem a atenção do espectador de outros pontos importantes, que, por mais que não pareçam, são peças fulcrais na construção da história. Tudo isso, como um bom truque de mágica. Talvez, seja essa mecanismo o responsável por afastar uma parcela do público. Ao deixar passar alguns pequenos aspectos da história, o último ato do filme pode parecer desinteressante e sem impacto. A fotografia é um dos pontos altos do filme, sendo muito bem utilizada como instrumento narrativo. As atuações, principalmente, de Amy Adams e, do sempre ótimo, Michael Shannon são irretocáveis. A forma poética que a história se desenvolve e a habilidade do roteiro de brincar nas diferente linhas narrativas fazem de Animais Noturnos um filme que tinha tudo para se perder, mas consegue se desenvolver muito bem - ou muito mal, dependendo de como você embarcou nesse jogo.
Impactante, crú e realista. Manchester By The Sea é um filme que incomoda desde os primeiros minutos. O jogo construído pelo diretor, em um excelente trabalho, te puxa e te afasta do filme a cada cena. Os diálogos, principalmente nas cenas "felizes" do filme, reverberam no resto da história e pontos são pinçados - o dialogo sobre tomar cerveja se não tivesse a familia é um exemplo claro disso -, de maneira a questionar o protagonista e revelar o grau de sofrimento e dor que ele guarda em si e afeta diretamente a relação com o sobrinho, e a relação do sobrinho com o luto. O diretor assume o sofrimento e o reflete nas escolhas de câmera, com ótimos planos com a câmera estática, e na direção de atores. O luto está no rosto de Casey Affleck, um luto que paralisa, e sem palavras, além da pouca expressividade, o ator consegue exprimir toda dor. A cena do dialogo entre Affleck e Michelle Willians é uma das cenas mais impressionantes entre os filmes indicados ao Oscar 2017. A forma como as vozes embargam, o querer falar de uma dor que é impossível de expressar, o esquecer o inesquecível, e a culpa que acompanha o personagem machucam o espectador. Manchester By The Sea é um filme que perpassa o drama e merece ser apreciado com atenção. Os aspectos técnicos, o roteiro que vai se revelando aos poucos e dialoga muitos bem entre duas linhas temporais, o elenco afiado e a direção afiada colocam a história de Lee Chandler como um dos francos favoritos ao Oscar.
História impressionante, em um momento que reconta-lá se faz mais que necessário, mas, infelizmente, um filme não acompanha a sua magnitude. O roteiro se constrói em uma forma novelesca, com as histórias da três protagonistas - excelentes por sinal, principalmente a Taraji P. Henson e a promissora Janelle Monáe - se intercalando e resvalando na história das três amigas. Suas histórias são incríveis e dialogam muito bem com o tema do feminismo negro mas pouco se aprofundam, principalmente, na relação da personagem da Taraji P. Henson com os personagens do Jim Parson e do Kevin Costner, sendo que este aparece como um salvador para os problemas relacionados a questão racial nas questões levantadas no filme. A falta de impacto nas ações das personagens incomoda. A relação entre a personagem principal e seu pretendente, vivido pelo excelente Mahershala Ali, a relação do marido da personagem de Janelle Monáe e ela, que poderia abrir uma discussão interessante sobre a forma de abordagem na luta contra a opressão racial, é extremamente tangencial a trama, além de pouco explorar o sofrimento das personagens e dos que os rodeiam em uma época extremamente difícil na história dos negros nos Estados Unidos. A opção pelo tom novelesco, jogando entre o drama e a comédia, tira um pouco do peso do filme, porém, sem sombra de dúvida, o filme vale o ingresso, muito mais pela história de vida dessas mulheres incríveis do que pela técnica e pelo filme em si.
Divertido, lindo e extremamente respeitoso. Lego Batman mostra como se faz um sátira bem humorada e que agrada a todos os públicos. Os fãs do Morcegão, pela primeira vez em alguns anos, não tem o que reclamar na saída do cinema. A construção do Coringa, me arrisco a dizer, é a mais próxima dos quadrinhos na grande tela. O humor de referencia é excelente e constrói sua relação com os fãs das histórias do Batman nas primeiras cenas. Toda mitologia do personagem é bem explorada e, o que me chamou a atenção, não exclui os espectadores que não a conhecem tão bem. O público, mesmo os que não curtem o personagem, tem boas chances de sair com um sorriso no rosto da sala de cinema. O humor é bem construído e afiado. A mensagem que o filme transmite é bem explorada e se encaixa muito bem no roteiro. O filme vale, e muito, o ingresso. Recomendo não ir no 3D, pois, pelo menos na minha sessão, o 3D não funciona muito bem e nem trás nada de novo ao filme.
A série 50 tons, depois do massivo sucesso de vendas dos livros e, principalmente, do anúncio do primeiro filme, tornou-se o que muitos amam odiar. Não me excluo desse grupo. O primeiro filme me incomodou muito, mas ao reassistir percebi que o filme, simplesmente, não era pra mim e cumpria bem seu papel ao dialogar com seu público. O segundo filme da série repete os pontos positivos do primeiro filme. A trilha sonora e a fotografia se destacam na película. O roteiro incomoda em alguns situações, alguns problemas se resolvem com muita facilidade - como na cena do "acidente" - mas me deixou com a impressão que as escolhas do diretor e do roteiro era mostrar como o personagem é sobrehumano, através de situações absurdas. No mais, por mais que o filme não tenha mexido comigo, é uma diversão agradável. Faltou um pouco mais de esmero no roteiro, e um maior impacto nas cenas eróticas, atentando que o filme focou mais na nudez e erotismo da Anastasia, enquanto tem poucas cenas de nudez e sensualidade do protagonista masculino.
A incrível história do herói de guerra Desmond Doss tem, devido a habilidade do diretor Mel GIbson, uma retratação fiel dos horrores da guerra. A inovação que o diretor traz em Hacksaw Ridge porém fica apenas no estético, o que contrasta com um primeiro e segundo ato preguiçosos. O filme é separado em três partes. Inicia com um pesado drama familiar com pitadas de romance, passa para um drama mais brando com flertes com a comédia - com emulações do clássico Nascido para Matar -, porém já inicia uma certa contestação e reflexão no espectador, e o terceiro ato, que é onde o filme ganha peso, é uma guerra suja, extremamente real e bem filmada, aliando a tecnologia disponível, a violência estética que Mel Gibson faz como poucos, e o questionamento moral que permeia a história de Doss e que por mais que se entrelace, em certos momentos, com o religioso, o filme, acertadamente, evita ser panfletário e questiona o espectador sobre a linha tênue entre a fé e patriotismo do personagem. O terceiro ato é responsável direto pelo sucesso do filme. A câmera do diretor sabe conversar com espectador, trazendo desde cenas estáticas até a câmera em primeira pessoa, mostrando a visão de um soldado e questionando o espectador sobre a escolha de Doss entrar naquela carnificina sem uma arma, como se perguntasse: você faria o mesmo ou abandonaria sua convicção em troca da violência da guerra? O filme peca pela falta de coesão do roteiro e, principalmente, por estruturar o filme de forma que o primeiro e segundo ato parecerem longos e cansativos em comparação com a parte final do filme. Fosse mais dinâmico na construção das relações interpessoais, a história de Doss, na visão de Gibson, conquistaria mais o público para a questão central que ele quer abordar, trazendo uma reflexão sobre os horrores da guerra e daria espaço para o diretor mostrar o que tem de melhor. Bom filme de guerra, merece ser visto, tanto pela história de Desmond Doss, como pela inovação estética e coragem de Gibson no terceiro ato do filme.
Nos últimos meses me peguei pensando se o cinema de massa vinha perdendo sua função social. Não me lembro de muitos filmes que, ao subir dos créditos na telona, me fizeram pensar no que eu acabara de ver ou de ter vontade de debater a mensagem do filme com os amigos. Barry Jenkins, até então desconhecido, e seu Moonlight chegam nos primeiros dias de 2017 e mostram que o cinema tem muito mais que entretenimento a oferecer. Moonlight é um estudo sobre o protagonista em três fases da sua vida. A vida de Chiron ser fragmentada em pedaços onde as relações e dilemas não são aprofundados podem, no primeiro momento, parecer uma falha do roteiro, ainda mais no inicio do terceiro ato, porém o enfoque do filme sempre foi a vida do garoto e não a dos coadjuvantes da história, e ai reside a beleza do filme. A leveza de Jenkins na forma de contar a história, evitando maniqueísmo, transita entre uma dualidade entre a violência, com cenas extremamente dramáticas, e o romance e nas relações de afeto. Quanto as atuações, Moonlight tem um elenco coeso, com atuações que dosam muito bem a necessidade de uma maior carga dramática ou cenas de maior retidão. Mahershala Ali entrega um personagem muito forte, roubando a cena no primeiro ato do filme e, sem dúvidas, tem muito da habilidade do diretor e do diretor de fotografia na construção de um ambiente perfeito para a atuação intensa de Ali. Naomie Harris tem o domínio da tela nas cenas dramática, principalmente no primeiro e segundo ato, e Janelle Monae é extremamente simpática e talentosa. O filme chama a atenção para questões importantes, sem, em momento algum, desviar do seu objetivo, que é contar a vida do garoto e a direção afiada de Barry Jenkins faz desse um dos grandes filmes de 2017. A torcida é para que encontre espaço nos cinemas brasileiros e atinja o público, carente de história de Chiron na telona, e que, muitas vezes, infelizmente, finge não ver que existe jovens passando por situação como a do menino na telona em todo bairro, escola, rua..
Goste de Minha Mãe é uma Peça, ou não, é inegável que Paulo Gustavo é um ator extremamente carismático e com bom timing de comédia. Seu personagem de sucesso conduz o filme, porém é traído por um roteiro que mais parece colagens de esquetes sem muita liga entre elas. Por mais que algumas boas piadas levem o espectador esquecer dos problemas de roteiro e da direção pouco inspirada de César Rodrigues, muitas cenas serviam apenas para servir de "escada" para Paulo Gustavo e não levam a nada na história. Caso você deseje apenas ouvir umas boas piadas, vá ver Minha Mãe é uma Peça 2, mas não vá esperando mais do que isso..
Denis Villeneuve, ah Denis Villeneuve. Não sei o que é mais difícil, procurar pontos negativos em A Chegada ou assistir os blockbuster de 2017 sem compara-los com a obra de Villeneuve. A Chegada acerta da cena inicial aos créditos. Arrisco a dizer que é um dos maiores acertos da ficção científica na tela grande. A construção e reconstrução da personagem de Amy Adams, a forma como o roteiro se constrói e prepara para o terceiro ato, a direção e a belíssima fotografia, alem do casting e da atuação de Adams e Jeremy Renner, tudo funciona no filme como engrenagens em um relógio. O plot cria uma ponte entre o surreal e o real, fazendo o espectador acreditar na invasão das naves na terra, e o faz com habilidade, tornando a suspensão da descrença fácil ao espectador. Falar do resto do enredo é atrapalhar a experiência de quem não viu o filme ainda. Não quero estragar o que, para mim pelo menos, foi uma das grandes experiências na sala do cinema últimos anos. Recomendo que assistam o filme. O quanto antes, e na maior tela possível!! Vá, só vá.. E quanto ao Dennis Villeuneuve, ele vai errar alguma hora, Todo grande diretor erra alguma vez. Mas essa vez não foi agora. Mais um filmaço do grande Villeneuve.
Fences é um trabalho de roteiro e direção excelente, somados a atuações inspiradas. O roteiro usa a casa da familia Maxson para falar do mundo. Engana-se quem acredita que a história do filme se resume a Troy, assim como nas obras de Guimarães Rosa, a discussão é muito mais metafisica que parece. A história de Troy é a história que se repetiu nos Estados Unidos das primeiras décadas do século XX, ou no meio do século XX, ou hoje. Quem sabe não é uma história que se passou, ou passe no Brasil, ou em qualquer outro onde a escravidão e o racismo deixaram sulcos na carne da população marginalizada. Troy é o centro da história. A relação pai e filho é o plot, e ao entorno da qual a história do protagonista é contada aos poucos e entregue, cena a cena, dialogo a dialogo, a história de vida do personagem e as explicações para determinadas atitudes dele e da família. Por mais que Troy seja o protagonista, a sempre incrível Viola Davis entrega a melhor atuação. Ela entra para o mesma questão que o coadjuvante de Whiplash entrou anos atras. A coadjuvante sem a qual a história não anda e que rouba a atenção em cada segundo de tela. Ela entrega duas cenas onde fica a impressão que o diretor Denzel Washington apenas ligou a câmera e disse: vai Viola, faz o que você sabe.. O roteiro afiado, a história potente e a atuação, principalmente de Viola, do elenco colocam esse filme passado no quintal de uma casa e sem grandes pretensões entre os grandes filmes do ano.
Os dois atores mais badalados de Hollywood, o diretor de indicado ao Oscar por O Jogo da Imitação, milhões em efeitos especiais. A formula do sucesso, não? Não! O filme é extremamente preso. O ritmo é cansativo e nem as cenas que buscavam impressionar o espectador, principalmente no Imax, funcionam. O carismático Chris Pratt entrega um personagem sem sal, enquanto Jennifer Lawrence consegue convencer como a escritora Aurora. Algumas soluções são arremessadas na tela e só tem como função fazer a história andar, coisa que o roteiro já tinha se esquecido de fazer. O Deus Ex-Machina, que vem virando clichê nos blockbusters nos últimos anos, está presente e vem direto de Matrix. No mais, os dois atores badalados e o diretor promissor não entregam nada próximo aos seus potenciais. O roteiro, se é que existia, é fraco e o romance fica jogado no meio do espaço sideral, amarrado por um cabo que o espectador torce que rompa o quanto antes.
Ode ao cinema clássico, La La Land entrega o melhor que Hollywood pode nos oferecer. Damien Chazelle, do incrível Whiplash, dá uma aula de cinema. Com seus 31 anos ele faz nesse filme um exercício diferente do pequeno e claustrofóbico Whiplash e dirige cenas de uma beleza que os milhões de dólares em efeitos especiais, que vem tomando as produções de hollywood, não conseguiram, ou não ousaram, produzir. La La Land entrega uma direção afiada, a adoração e respeito que Chazelle tem pela música estão presentes na cadência com o qual conduz o filme, conduzindo a história de forma ritmada. A fotografia e o espectro de cores são parte integral da história e chama a atenção em cada take e auxiliam Chazelle na forma de dialogar com o espectador. As atuações de Emma Stone e Ryan Gosling estão acima da média, inclusive, arrisco dizer que Stone entrega seu melhor trabalho e é, sem dúvida, uma forte corrente ao Oscar. Poderia me alongar nesse texto. Prefiro para aqui para não estragar a experiência cinematográfica que é La La Land. Se você não viu, corre para o cinema mais próximo, senta na cadeira, relaxa, e se prepare para um filme completo que, arrisco à dizer, mudará sua forma de curtir cinema e, espero, que mude a forma com que hollywood produz cinema pipoca.
Desde a estética ao enredo, O Profissional é um filme diferente. Explorando caricaturas - a criança rebelde, o matador com o coração mole, o policial corrupto e psicótico, o italiano mafioso - o filme teria uma margem perigosa para se perder e virar mais um clichê no gênero policial, mas não o faz. Boa parte do mérito do filme reside na habilidade de Luc Besson em explorar esses personagens e seu enredo simples, mostrando que um bom diretor consegue fazer bonito mesmo com um material escasso. O ritmo do filme, a construção da relação entre os mocinhos e o vilão, a superação de Mathilda e Leon, mostrando todo o processo de crescimento entre os personagens solitários que se vem completos na sua relação e toda a construção de suspense e tensão - muito bem trabalhada por sinal - fazem de O Profissional um exemplo que foi amplamente copiado nos anos à posteriori. Ótimo filme policial, com ótimos toques de drama e comédia. Recomendo e muito!
Medo da Verdade requer uma certa maturidade do espectador. Ben Affleck entrega um trabalho competente na direção, criando um jogo embricado entre os personagens onde a pulsante cidade de Boston é o mais forte deles. O submundo, as famílias, as drogas, os estereótipos estão lá e a história sobre o desaparecimento de Amanda se constrói nessa massa pulsante. A trama de joga de um lado para o outro, e talvez seja esse o maior trunfo de Affleck, derruba diversas expectativas e te prende em um emaranhado de teias e atitudes dos personagens e suas relações entre si. Além de um suspense de qualidade, filme traz um questionamento moral que dá ao espectador a impressão dúbia sobre quem é o herói em foco no fim do dia. O Medo da Verdade te ganha ao mostrar que não há vilão ou herói em Boston, não existe a dualidade preto e branco na cinzenta cidade, mas sim tons mesclados e borrados por atitudes questionáveis e traumas, deixando a pergunta, até onde você iria para fazer o que você julga ser certo?
O trabalho da documentarista Gabriela Cowperthwaite é indescritível. A construção de Blackfish é algo a ser estudado, dado a habilidade em nos apontar fatos, dados, imagens e uma narrativa um tanto quanto estarrecedora. A narrativa brinca com o jogo de construção e quebra de expectativas, jogando o espectador hora para o lado de sentimento mais cruel, outras para o lado emotivo, sem em momento algum abrir mão de chocar com fortes imagens e relatos dos envolvimento na história que perpassa a vida da magnífica orca Tilikum e da morte da cuidadora do Seaworld. Transformando um assunto que talvez não fosse muito simples de conectar o espectador, Cowperthwaite constrói seu argumento de forma a dialogar com os animais e assim demonstrar seu ponto de vista em relação ao abuso contra os mesmo e o risco a que se colocam, sem saber em muitos casos, os cuidadores, quebrando o paradigma que o parque, assim como a maioria dos zoológicos, nos impõem, de que os animais tem uma vida melhor em cativeiro que no meio ambiente. Um critica contundente e um trabalho magistral da diretora, colocam Blackfish no discussão sobre os problemas socioambientais causados por maus tratos aos animais. Recomendo!
Um plot interessante e bons atores. Jogo do Dinheiro tinha tudo para ser um filme interessante e na sua primeira parte é. O filme começa morno, com um ritmo interessante e uma história que te deixa intrigado. Somos apresentando aos personagens de forma habilidosa e se constrói um jogo de interesses e vaidade entre os três personagens principais e o resto da trama parece se encaixar. A falha do filme é que a partir do segundo ato, quando o "jogo vira", o filme se mantém no mesmo ritmo morno e segue assim ate o final do longa. Não ocorre a aceleração da trama, sem rompe as expectativas que o filme te entrega no inicio, e no meio de uma ou duas soluções Deus Ex-Machina na trama, o filme perde o encanto e deixa a impressão que o roteirista tinha apenas um plot interessante e um final previsível, mas não sabia como conecta-los ao longo do filme. Vale pelo carisma do Clooney e pela sempre competente Julia Roberts, além da diretora ser a atriz consagrada Jodie Foster, o que chama a atenção para o longa.
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraBacurau é grande. A realização de Kleber Mendonça e Juliano Dornelles é, de longe, um dos filmes mais inventivos que você verá no cinema este ano. E não digo apenas quanto a temática, mas a forma com que a narrativa abraça diferentes gêneros e os torna fluidos. Nas mãos desses dois, fazer cinema até parece fácil.
A sinopse é simples, assim como a estrutura do filme. O tom absurdo, de um quase conto de fadas, dá ao filme, no entanto, uma graça e, ao mesmo tempo, uma forte tensão.
Se tiver como, vá logo ao cinema. Te garanto, é de rir, chorar, se levantar na cadeira. É bonito, divertido, violento. É grande.
Homem-Aranha: No Aranhaverso
4.4 1,5K Assista AgoraO que faz de alguém um super-herói? Os superpoderes, como Superman ou Hulk? Suas habilidade aguçadas, como Batman ou Homem de Ferro? Em 1962, Peter Parker nos apresentava uma resposta singela. Já em 2018, Miles Morales, personagem criado em 2011 por B. Michael Bendis, remodela a primeira aparição de Peter de maneira brilhante - nos sentidos metafórico e literal. Afinal, "Com grandes poderes vem grandes responsabilidades", seja dita no balão de recordatório, ou por Tio Ben, conduz aqui o enredo, como não poderia deixar de ser, mas sem ao menos dar sua interpretação própria a este imperativo categórico.
Homem Aranha no Aranhaverso não tem medo de arriscar. A difícil adaptação do multiverso é descomplicada em questão de minutos, e o filme parece nem suar a camisa. O carisma de Miles por pouco é ofuscado pelo brilho de Gwen e Peter. Os três personagens tomam a tela como gigantes e são auxiliados pela veia cômica dos coadjuvantes. Na mescla entre ação e comédia, as cenas dramáticas dão peso a história e amolecem o espectador, porém sem diminuir o ritmo da história.
Soma-se a isto o primor na técnica de animação, que além de função estética assume função narrativa, e temos uma resposta a questão que coloquei no início. Talvez o que faz de alguém um super-herói, como aparece nas histórias do teioso, desde 1962, e como não poderia deixar de ser, é sua humanidade.
Shazam!
3.5 1,2K Assista AgoraDivertido e com ótimos momentos. O timing cômico de Zachary Levi e Jack Dylan Grazer conduzem o filme. Agora, é possível manter a atenção do espectador só com isso?
O enredo é bem simples. Para quem acompanha super heróis nos quadrinhos e no cinema, viu, e verá, essa história mais uma centena de vezes. A de Shazam, tem seu tempero ao dar poderosos de Superman a um adolescente, e o filme capta bem ao tentar entender o que é o adolescente nesse mundo digital.
E claro, o filme tem seu público alvo. Infantil, como grande parte dos filmes da Marvel. Isso não o desmerece, pelo contrário, criar o diálogo entre público infantil, jovem e adulto, em um material já conhecido, é uma tarefa ingrata.
O filme acerta ao não se levar a sério. Erra a não levar a sério a necessidade de um roteiro que desenvolva os personagens. O vilão, por decisão da história, é caricato. O herói enfrenta o problema da transição da personalidade, as personalidades de menino e homem não se encaixam tão bem.
No mais, o filme é agradável. Diverte sem se esforçar muito. Para quem gosta do personagem, ver o Capitão Marvel na tela já vale o ingresso.
Nós
3.8 2,3K Assista AgoraNós (Us) tem um segredo. É ao estar sempre no limite que a experiência funciona.
Tudo é tão incômodo que é impossível tirar os olhos da tela, fazendo com que até os supostos deslizes do roteiro pareçam um ato friamente calculado por Jordan Peele. Afinal, o filme, assim como os personagens, estão nos contando a verdade? Se estão, qual é a verdade mais plausível. O que te convence?
A superestrutura, um filme de invasão ou ficção cientifica convence por si só. Vale o ingresso. O filme, porém, está disposto a ir além da tela de cinema.
Das dezenas de interpretações possíveis, uma única certeza me acompanhou nos dias que seguiram a sessão. Tudo em Nós, do mais simbólico ao mais expositivo, é parte de um plano meticuloso.
Independente da sua experiência nessas 2h de exibição, e quero evitar ao máximo estraga-la com alguma revelação, dificilmente, você sairá limpo da sala de cinema.
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraSudorese, dor de cabeça, falta de ar. Explicar a sensação de ver Dunkirk em Imax é recorrer a aspectos físicos do espectador. A experiência imersiva do novo filme de Nolan é assustadora.
A história se desenvolve em três planos. A cola entre as linhas temporais é frágil mas parece pouco importar ao desenvolvimento do roteiro, afinal, pareceu para mim, que os soldados, na maioria das vezes, sem nome, servem como avatares do espectador na prática imersiva. O desenvolvimento de personagens, portanto, é deixado de lado. O espectador é o centro da história, o que não me incomodou de maneira nenhuma.
Tecnicamente perfeito, a guerra é retratada de maneira claustrofóbica por vezes, em outras os planos abertos, principalmente no ar, que estimulam a confusão mental e desespero do espectador, trazendo uma tensão dolorosa.
A fotografia, direção de arte e som são assombrosas. Ouso a dizer que foi uma das experiências visuais e sonoras mais fantásticas, por que não reais, que vi na telona.
Nolan entrega o filme de guerra mais assustador possível sem a necessidade de recorrer a violência explicita. A violência está na decida do avião nazista na praia, no tiroteio da cena inicial, nas falas dentro das embarcações, e o agente passivo desta é o espectador, grudado na cadeira.
Recomendo e, se possível, na maior tela da sua cidade!
Mulher-Maravilha
4.1 2,9K Assista AgoraÉ caminhando com facilidade entre os filmes de super-heróis que Mulher Maravilha obtém seu maior exito, o de se afastar destes.
Assim como o excelente Logan, o filme da princesa de Themyscira transita com graciosidade entre humor, aventura e drama. Somos apresentados a uma história de origem que remonta ao clássico Superman de 1978, Diana não abdica do seu destino de ser heroína.
A princesa guerreira, seja moldado do barro e trazida a vida por Afrodita e Gaia ou filha de Zeus, a depender da fase que o leitor dos quadrinhos preferir, é muito bem retratada por Patty Jenkins e Geoff Johns.
Os personagens de apoio servem muito bem ao seu propósito e a escalação de elenco, principalmente dos atores que servem de escada para Gal Gadot, é excelente. O Steve Trevor de Chris Pine e as interessantissímas Rainha Hipólita (Connie Nielsen) e Antiope (Fantástica, Robin Wright) não deixam o ritmo do filme cair.
Os vilões, por vezes caricatos, são bem utilizados para o propósito de introduzir o mundo de Mulher Maravilha. O plot do filme se utiliza bem da construção do suspense em cima deles, entregando boas viradas no roteiro.
Saindo dos aspectos técnicos. Mulher Maravilha é mais que um filme necessário.
A importância dele reside não só ligado a questões de representatividade das mulheres no cinema. Ela está também na reafirmação de um dos maiores símbolos de heroísmo e esperança. A personagem representa a coragem, a perseverança, mesmo que tudo e todos duvidem de suas capacidades. Fosse seu intuito, ou não, o filme da Mulher Maravilha reflete tudo isso. A cena do campo de batalha, presente no trailer final, é sobre isso, e talvez, seja esse o motivo de ter me emocionado tanto.
Mulher Maravilha é mais do que precisávamos! É, com certeza, um dos melhores filmes de origem do gênero.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraGet Out, ou Corra!, é emblemático. Seja pela trama, pela crítica social ou pela execução técnica, o filme merece os aplausos e prêmios que vem recebendo.
Jordan Peele, diretor estreante - e, talvez, esse seja um dos fatos mais assustadores do filme -, demonstra um controle de cenas (o que dizer do plano sequencia que abre o filme?) e mantém o ritmo do filme em um timing quase perfeito. O enredo se entrelaça em um suspense pesado, com pitadas de terror e alguns minutos de "respiro", mas nunca se afasta da crítica que o permeia, e tudo isso de uma forma orgânica.
Daniel Kaluuya, que participa de um episódio da última temporada de Black Mirror, é extremamente bem aproveitado. Os closes que o diretor faz dos olhos angustiados do ator, ao mesmo tempo, demonstram um desespero da personagem e assustam o espectador. O elenco de apoio se sustenta bem, mas sem grandes destaques.
Fazia tempo que um filme de terror não me chamava a atenção. Ele não se propõem a te derrubar da cadeira do cinema com, as manjadas, e ultimamente supervalorizadas, cenas de susto fácil. Ele te assusta mais pelo estudo da essência humana e pela hipocrisia que nos é intrínseca.
Get Out traz uma reflexão importante, e nos faz abrir os olhos para muitas coisas, e tudo isso embrulhado em um filme tecnicamente acima da média e com um roteiro afiado. Corra! mas em direção a sala de cinema, antes que saia de cartaz aqui no Brasil.
Lion: Uma Jornada para Casa
4.3 1,9K Assista AgoraLeve e de fácil digestão, Lion é um filme família que deve agradar todos os públicos. A história se desenrola em duas partes bem definidas e, devido a competência do roteiro e direção, conversam bem entre elas.
A primeira parte, com Sarro sendo interpretado por Sunny Pawar, um garoto extremamente simpático e fácil de se apegar, parece se estender demais e ficar um pouco enfadonha, mas o desenrolar do segundo e terceiro atos mostram que os 45 minutos do filme foram muito bem colocados.
Sarro adulto é interpretado por Dev Patel, excelente no papel, que conduz uma jornada entre a aceitação e o sofrimento do passado. Patel, assim como Pawar, é extremamente carismático e responde muito bem às cenas que exigem uma carga dramática maior, tem tudo para despontar como um dos grandes atores nos próximos anos.
O elenco de apoio sustenta bem a história. Incomoda um pouca as soluções que ocorrem com a personagem da Rooney Mara, que perde espaço no terceiro ato e fica um pouco apagada na resolução da história.
O enredo se resolve bem ao final do filme e o roteiro se contem para não exagerar na carga dramática. No mais, Lion é um filme gostoso de se ver. Uma história de uma vida, dentre milhares crianças desaparecidas no mundo, que, felizmente, encontrou um final feliz.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraPoucas vezes vi um filme dividir tanto as opiniões. Dentro de uma torrente de amei ou odiei, pouco parece existir para o talvez. Uma coisa é inegável, ninguém passa incólume ao novo trabalho de Tom Ford.
Todo o clima do filme, que flerta com o noir, se constrói de modo a inverter o papel do detetive. Quem investiga não são as personagens, é o espectador. O roteiro coloca na mesa as cartas que o interessa chamando a atenção para certos pontos que desviem a atenção do espectador de outros pontos importantes, que, por mais que não pareçam, são peças fulcrais na construção da história. Tudo isso, como um bom truque de mágica. Talvez, seja essa mecanismo o responsável por afastar uma parcela do público. Ao deixar passar alguns pequenos aspectos da história, o último ato do filme pode parecer desinteressante e sem impacto.
A fotografia é um dos pontos altos do filme, sendo muito bem utilizada como instrumento narrativo. As atuações, principalmente, de Amy Adams e, do sempre ótimo, Michael Shannon são irretocáveis. A forma poética que a história se desenvolve e a habilidade do roteiro de brincar nas diferente linhas narrativas fazem de Animais Noturnos um filme que tinha tudo para se perder, mas consegue se desenvolver muito bem - ou muito mal, dependendo de como você embarcou nesse jogo.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraImpactante, crú e realista. Manchester By The Sea é um filme que incomoda desde os primeiros minutos. O jogo construído pelo diretor, em um excelente trabalho, te puxa e te afasta do filme a cada cena. Os diálogos, principalmente nas cenas "felizes" do filme, reverberam no resto da história e pontos são pinçados - o dialogo sobre tomar cerveja se não tivesse a familia é um exemplo claro disso -, de maneira a questionar o protagonista e revelar o grau de sofrimento e dor que ele guarda em si e afeta diretamente a relação com o sobrinho, e a relação do sobrinho com o luto.
O diretor assume o sofrimento e o reflete nas escolhas de câmera, com ótimos planos com a câmera estática, e na direção de atores. O luto está no rosto de Casey Affleck, um luto que paralisa, e sem palavras, além da pouca expressividade, o ator consegue exprimir toda dor.
A cena do dialogo entre Affleck e Michelle Willians é uma das cenas mais impressionantes entre os filmes indicados ao Oscar 2017. A forma como as vozes embargam, o querer falar de uma dor que é impossível de expressar, o esquecer o inesquecível, e a culpa que acompanha o personagem machucam o espectador.
Manchester By The Sea é um filme que perpassa o drama e merece ser apreciado com atenção. Os aspectos técnicos, o roteiro que vai se revelando aos poucos e dialoga muitos bem entre duas linhas temporais, o elenco afiado e a direção afiada colocam a história de Lee Chandler como um dos francos favoritos ao Oscar.
Estrelas Além do Tempo
4.3 1,5K Assista AgoraHistória impressionante, em um momento que reconta-lá se faz mais que necessário, mas, infelizmente, um filme não acompanha a sua magnitude.
O roteiro se constrói em uma forma novelesca, com as histórias da três protagonistas - excelentes por sinal, principalmente a Taraji P. Henson e a promissora Janelle Monáe - se intercalando e resvalando na história das três amigas. Suas histórias são incríveis e dialogam muito bem com o tema do feminismo negro mas pouco se aprofundam, principalmente, na relação da personagem da Taraji P. Henson com os personagens do Jim Parson e do Kevin Costner, sendo que este aparece como um salvador para os problemas relacionados a questão racial nas questões levantadas no filme.
A falta de impacto nas ações das personagens incomoda. A relação entre a personagem principal e seu pretendente, vivido pelo excelente Mahershala Ali, a relação do marido da personagem de Janelle Monáe e ela, que poderia abrir uma discussão interessante sobre a forma de abordagem na luta contra a opressão racial, é extremamente tangencial a trama, além de pouco explorar o sofrimento das personagens e dos que os rodeiam em uma época extremamente difícil na história dos negros nos Estados Unidos.
A opção pelo tom novelesco, jogando entre o drama e a comédia, tira um pouco do peso do filme, porém, sem sombra de dúvida, o filme vale o ingresso, muito mais pela história de vida dessas mulheres incríveis do que pela técnica e pelo filme em si.
LEGO Batman: O Filme
3.9 383 Assista AgoraDivertido, lindo e extremamente respeitoso. Lego Batman mostra como se faz um sátira bem humorada e que agrada a todos os públicos. Os fãs do Morcegão, pela primeira vez em alguns anos, não tem o que reclamar na saída do cinema. A construção do Coringa, me arrisco a dizer, é a mais próxima dos quadrinhos na grande tela. O humor de referencia é excelente e constrói sua relação com os fãs das histórias do Batman nas primeiras cenas. Toda mitologia do personagem é bem explorada e, o que me chamou a atenção, não exclui os espectadores que não a conhecem tão bem.
O público, mesmo os que não curtem o personagem, tem boas chances de sair com um sorriso no rosto da sala de cinema. O humor é bem construído e afiado. A mensagem que o filme transmite é bem explorada e se encaixa muito bem no roteiro.
O filme vale, e muito, o ingresso. Recomendo não ir no 3D, pois, pelo menos na minha sessão, o 3D não funciona muito bem e nem trás nada de novo ao filme.
Cinquenta Tons Mais Escuros
2.5 763 Assista AgoraA série 50 tons, depois do massivo sucesso de vendas dos livros e, principalmente, do anúncio do primeiro filme, tornou-se o que muitos amam odiar. Não me excluo desse grupo. O primeiro filme me incomodou muito, mas ao reassistir percebi que o filme, simplesmente, não era pra mim e cumpria bem seu papel ao dialogar com seu público.
O segundo filme da série repete os pontos positivos do primeiro filme. A trilha sonora e a fotografia se destacam na película. O roteiro incomoda em alguns situações, alguns problemas se resolvem com muita facilidade - como na cena do "acidente" - mas me deixou com a impressão que as escolhas do diretor e do roteiro era mostrar como o personagem é sobrehumano, através de situações absurdas.
No mais, por mais que o filme não tenha mexido comigo, é uma diversão agradável. Faltou um pouco mais de esmero no roteiro, e um maior impacto nas cenas eróticas, atentando que o filme focou mais na nudez e erotismo da Anastasia, enquanto tem poucas cenas de nudez e sensualidade do protagonista masculino.
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraA incrível história do herói de guerra Desmond Doss tem, devido a habilidade do diretor Mel GIbson, uma retratação fiel dos horrores da guerra. A inovação que o diretor traz em Hacksaw Ridge porém fica apenas no estético, o que contrasta com um primeiro e segundo ato preguiçosos.
O filme é separado em três partes. Inicia com um pesado drama familiar com pitadas de romance, passa para um drama mais brando com flertes com a comédia - com emulações do clássico Nascido para Matar -, porém já inicia uma certa contestação e reflexão no espectador, e o terceiro ato, que é onde o filme ganha peso, é uma guerra suja, extremamente real e bem filmada, aliando a tecnologia disponível, a violência estética que Mel Gibson faz como poucos, e o questionamento moral que permeia a história de Doss e que por mais que se entrelace, em certos momentos, com o religioso, o filme, acertadamente, evita ser panfletário e questiona o espectador sobre a linha tênue entre a fé e patriotismo do personagem.
O terceiro ato é responsável direto pelo sucesso do filme. A câmera do diretor sabe conversar com espectador, trazendo desde cenas estáticas até a câmera em primeira pessoa, mostrando a visão de um soldado e questionando o espectador sobre a escolha de Doss entrar naquela carnificina sem uma arma, como se perguntasse: você faria o mesmo ou abandonaria sua convicção em troca da violência da guerra?
O filme peca pela falta de coesão do roteiro e, principalmente, por estruturar o filme de forma que o primeiro e segundo ato parecerem longos e cansativos em comparação com a parte final do filme. Fosse mais dinâmico na construção das relações interpessoais, a história de Doss, na visão de Gibson, conquistaria mais o público para a questão central que ele quer abordar, trazendo uma reflexão sobre os horrores da guerra e daria espaço para o diretor mostrar o que tem de melhor.
Bom filme de guerra, merece ser visto, tanto pela história de Desmond Doss, como pela inovação estética e coragem de Gibson no terceiro ato do filme.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraNos últimos meses me peguei pensando se o cinema de massa vinha perdendo sua função social. Não me lembro de muitos filmes que, ao subir dos créditos na telona, me fizeram pensar no que eu acabara de ver ou de ter vontade de debater a mensagem do filme com os amigos. Barry Jenkins, até então desconhecido, e seu Moonlight chegam nos primeiros dias de 2017 e mostram que o cinema tem muito mais que entretenimento a oferecer.
Moonlight é um estudo sobre o protagonista em três fases da sua vida. A vida de Chiron ser fragmentada em pedaços onde as relações e dilemas não são aprofundados podem, no primeiro momento, parecer uma falha do roteiro, ainda mais no inicio do terceiro ato, porém o enfoque do filme sempre foi a vida do garoto e não a dos coadjuvantes da história, e ai reside a beleza do filme. A leveza de Jenkins na forma de contar a história, evitando maniqueísmo, transita entre uma dualidade entre a violência, com cenas extremamente dramáticas, e o romance e nas relações de afeto.
Quanto as atuações, Moonlight tem um elenco coeso, com atuações que dosam muito bem a necessidade de uma maior carga dramática ou cenas de maior retidão. Mahershala Ali entrega um personagem muito forte, roubando a cena no primeiro ato do filme e, sem dúvidas, tem muito da habilidade do diretor e do diretor de fotografia na construção de um ambiente perfeito para a atuação intensa de Ali. Naomie Harris tem o domínio da tela nas cenas dramática, principalmente no primeiro e segundo ato, e Janelle Monae é extremamente simpática e talentosa.
O filme chama a atenção para questões importantes, sem, em momento algum, desviar do seu objetivo, que é contar a vida do garoto e a direção afiada de Barry Jenkins faz desse um dos grandes filmes de 2017. A torcida é para que encontre espaço nos cinemas brasileiros e atinja o público, carente de história de Chiron na telona, e que, muitas vezes, infelizmente, finge não ver que existe jovens passando por situação como a do menino na telona em todo bairro, escola, rua..
Minha Mãe é Uma Peça 2
3.5 806Goste de Minha Mãe é uma Peça, ou não, é inegável que Paulo Gustavo é um ator extremamente carismático e com bom timing de comédia. Seu personagem de sucesso conduz o filme, porém é traído por um roteiro que mais parece colagens de esquetes sem muita liga entre elas.
Por mais que algumas boas piadas levem o espectador esquecer dos problemas de roteiro e da direção pouco inspirada de César Rodrigues, muitas cenas serviam apenas para servir de "escada" para Paulo Gustavo e não levam a nada na história.
Caso você deseje apenas ouvir umas boas piadas, vá ver Minha Mãe é uma Peça 2, mas não vá esperando mais do que isso..
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraDenis Villeneuve, ah Denis Villeneuve. Não sei o que é mais difícil, procurar pontos negativos em A Chegada ou assistir os blockbuster de 2017 sem compara-los com a obra de Villeneuve.
A Chegada acerta da cena inicial aos créditos. Arrisco a dizer que é um dos maiores acertos da ficção científica na tela grande. A construção e reconstrução da personagem de Amy Adams, a forma como o roteiro se constrói e prepara para o terceiro ato, a direção e a belíssima fotografia, alem do casting e da atuação de Adams e Jeremy Renner, tudo funciona no filme como engrenagens em um relógio.
O plot cria uma ponte entre o surreal e o real, fazendo o espectador acreditar na invasão das naves na terra, e o faz com habilidade, tornando a suspensão da descrença fácil ao espectador. Falar do resto do enredo é atrapalhar a experiência de quem não viu o filme ainda. Não quero estragar o que, para mim pelo menos, foi uma das grandes experiências na sala do cinema últimos anos.
Recomendo que assistam o filme. O quanto antes, e na maior tela possível!! Vá, só vá..
E quanto ao Dennis Villeuneuve, ele vai errar alguma hora, Todo grande diretor erra alguma vez. Mas essa vez não foi agora. Mais um filmaço do grande Villeneuve.
Um Limite Entre Nós
3.8 1,1K Assista AgoraFences é um trabalho de roteiro e direção excelente, somados a atuações inspiradas. O roteiro usa a casa da familia Maxson para falar do mundo. Engana-se quem acredita que a história do filme se resume a Troy, assim como nas obras de Guimarães Rosa, a discussão é muito mais metafisica que parece.
A história de Troy é a história que se repetiu nos Estados Unidos das primeiras décadas do século XX, ou no meio do século XX, ou hoje. Quem sabe não é uma história que se passou, ou passe no Brasil, ou em qualquer outro onde a escravidão e o racismo deixaram sulcos na carne da população marginalizada.
Troy é o centro da história. A relação pai e filho é o plot, e ao entorno da qual a história do protagonista é contada aos poucos e entregue, cena a cena, dialogo a dialogo, a história de vida do personagem e as explicações para determinadas atitudes dele e da família.
Por mais que Troy seja o protagonista, a sempre incrível Viola Davis entrega a melhor atuação. Ela entra para o mesma questão que o coadjuvante de Whiplash entrou anos atras. A coadjuvante sem a qual a história não anda e que rouba a atenção em cada segundo de tela. Ela entrega duas cenas onde fica a impressão que o diretor Denzel Washington apenas ligou a câmera e disse: vai Viola, faz o que você sabe..
O roteiro afiado, a história potente e a atuação, principalmente de Viola, do elenco colocam esse filme passado no quintal de uma casa e sem grandes pretensões entre os grandes filmes do ano.
Passageiros
3.3 1,5K Assista AgoraOs dois atores mais badalados de Hollywood, o diretor de indicado ao Oscar por O Jogo da Imitação, milhões em efeitos especiais. A formula do sucesso, não? Não!
O filme é extremamente preso. O ritmo é cansativo e nem as cenas que buscavam impressionar o espectador, principalmente no Imax, funcionam. O carismático Chris Pratt entrega um personagem sem sal, enquanto Jennifer Lawrence consegue convencer como a escritora Aurora.
Algumas soluções são arremessadas na tela e só tem como função fazer a história andar, coisa que o roteiro já tinha se esquecido de fazer. O Deus Ex-Machina, que vem virando clichê nos blockbusters nos últimos anos, está presente e vem direto de Matrix.
No mais, os dois atores badalados e o diretor promissor não entregam nada próximo aos seus potenciais. O roteiro, se é que existia, é fraco e o romance fica jogado no meio do espaço sideral, amarrado por um cabo que o espectador torce que rompa o quanto antes.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraOde ao cinema clássico, La La Land entrega o melhor que Hollywood pode nos oferecer. Damien Chazelle, do incrível Whiplash, dá uma aula de cinema. Com seus 31 anos ele faz nesse filme um exercício diferente do pequeno e claustrofóbico Whiplash e dirige cenas de uma beleza que os milhões de dólares em efeitos especiais, que vem tomando as produções de hollywood, não conseguiram, ou não ousaram, produzir.
La La Land entrega uma direção afiada, a adoração e respeito que Chazelle tem pela música estão presentes na cadência com o qual conduz o filme, conduzindo a história de forma ritmada. A fotografia e o espectro de cores são parte integral da história e chama a atenção em cada take e auxiliam Chazelle na forma de dialogar com o espectador. As atuações de Emma Stone e Ryan Gosling estão acima da média, inclusive, arrisco dizer que Stone entrega seu melhor trabalho e é, sem dúvida, uma forte corrente ao Oscar.
Poderia me alongar nesse texto. Prefiro para aqui para não estragar a experiência cinematográfica que é La La Land. Se você não viu, corre para o cinema mais próximo, senta na cadeira, relaxa, e se prepare para um filme completo que, arrisco à dizer, mudará sua forma de curtir cinema e, espero, que mude a forma com que hollywood produz cinema pipoca.
O Profissional
4.3 2,2K Assista AgoraDesde a estética ao enredo, O Profissional é um filme diferente. Explorando caricaturas - a criança rebelde, o matador com o coração mole, o policial corrupto e psicótico, o italiano mafioso - o filme teria uma margem perigosa para se perder e virar mais um clichê no gênero policial, mas não o faz.
Boa parte do mérito do filme reside na habilidade de Luc Besson em explorar esses personagens e seu enredo simples, mostrando que um bom diretor consegue fazer bonito mesmo com um material escasso. O ritmo do filme, a construção da relação entre os mocinhos e o vilão, a superação de Mathilda e Leon, mostrando todo o processo de crescimento entre os personagens solitários que se vem completos na sua relação e toda a construção de suspense e tensão - muito bem trabalhada por sinal - fazem de O Profissional um exemplo que foi amplamente copiado nos anos à posteriori.
Ótimo filme policial, com ótimos toques de drama e comédia. Recomendo e muito!
Medo da Verdade
3.7 459 Assista AgoraMedo da Verdade requer uma certa maturidade do espectador. Ben Affleck entrega um trabalho competente na direção, criando um jogo embricado entre os personagens onde a pulsante cidade de Boston é o mais forte deles. O submundo, as famílias, as drogas, os estereótipos estão lá e a história sobre o desaparecimento de Amanda se constrói nessa massa pulsante.
A trama de joga de um lado para o outro, e talvez seja esse o maior trunfo de Affleck, derruba diversas expectativas e te prende em um emaranhado de teias e atitudes dos personagens e suas relações entre si.
Além de um suspense de qualidade, filme traz um questionamento moral que dá ao espectador a impressão dúbia sobre quem é o herói em foco no fim do dia. O Medo da Verdade te ganha ao mostrar que não há vilão ou herói em Boston, não existe a dualidade preto e branco na cinzenta cidade, mas sim tons mesclados e borrados por atitudes questionáveis e traumas, deixando a pergunta, até onde você iria para fazer o que você julga ser certo?
Blackfish: Fúria Animal
4.4 457O trabalho da documentarista Gabriela Cowperthwaite é indescritível. A construção de Blackfish é algo a ser estudado, dado a habilidade em nos apontar fatos, dados, imagens e uma narrativa um tanto quanto estarrecedora.
A narrativa brinca com o jogo de construção e quebra de expectativas, jogando o espectador hora para o lado de sentimento mais cruel, outras para o lado emotivo, sem em momento algum abrir mão de chocar com fortes imagens e relatos dos envolvimento na história que perpassa a vida da magnífica orca Tilikum e da morte da cuidadora do Seaworld.
Transformando um assunto que talvez não fosse muito simples de conectar o espectador, Cowperthwaite constrói seu argumento de forma a dialogar com os animais e assim demonstrar seu ponto de vista em relação ao abuso contra os mesmo e o risco a que se colocam, sem saber em muitos casos, os cuidadores, quebrando o paradigma que o parque, assim como a maioria dos zoológicos, nos impõem, de que os animais tem uma vida melhor em cativeiro que no meio ambiente.
Um critica contundente e um trabalho magistral da diretora, colocam Blackfish no discussão sobre os problemas socioambientais causados por maus tratos aos animais. Recomendo!
Jogo do Dinheiro
3.4 401 Assista AgoraUm plot interessante e bons atores. Jogo do Dinheiro tinha tudo para ser um filme interessante e na sua primeira parte é. O filme começa morno, com um ritmo interessante e uma história que te deixa intrigado. Somos apresentando aos personagens de forma habilidosa e se constrói um jogo de interesses e vaidade entre os três personagens principais e o resto da trama parece se encaixar.
A falha do filme é que a partir do segundo ato, quando o "jogo vira", o filme se mantém no mesmo ritmo morno e segue assim ate o final do longa. Não ocorre a aceleração da trama, sem rompe as expectativas que o filme te entrega no inicio, e no meio de uma ou duas soluções Deus Ex-Machina na trama, o filme perde o encanto e deixa a impressão que o roteirista tinha apenas um plot interessante e um final previsível, mas não sabia como conecta-los ao longo do filme.
Vale pelo carisma do Clooney e pela sempre competente Julia Roberts, além da diretora ser a atriz consagrada Jodie Foster, o que chama a atenção para o longa.