A sensibilidade de O Túmulo dos Vagalumes é ímpar. Ela está no traço, na narrativa, nos personagens. Diante de um evento histórico de fazer sangrar a alma, Isao Takahata faz brilhar os olhos com a história de Seita e Setsuko e de todo povo japonês afetado pela guerra. O ponto forte do filme é sua atemporalidade. A histórias dos irmãos e das famílias arrasadas no Japão em 1945 transpassa esse período. A questão da apatridia na Europa ou os conflitos étnicos/religiosos na Nigéria, por exemplo, poderiam servir de cenário para histórias como a do filme. A metáfora do titulo, as cores, os traços, personagens, a dor do povo japonês ou de qualquer família envolta às barbáries da guerra, fazem de O Túmulo dos Vagalumes um dos mais sensíveis e densos retratos da Segunda Guerra Mundial. Um filme para ser assistido, ou melhor, admirado, várias e várias vezes. Recomendo!
Ron Howard, um elenco estelar capitaneado por Chris Hemsworth, efeitos especiais grandiloquentes, e a história "mitológica" da naufrágo do ESSEX. Tem como dar errado? Sim! O potencial do filme é inegável. O marketing que o cerca já o lançava entre os mais aguardos do ano, mesmo com seu adiamento. O filme, porém, parece uma colagem de histórias. Não se aprofunda a história de Chase ou do Capitão Pollard. As histórias secundárias são jogadas ao vento sem muito começo ou fim. O despropósito parece ser o principal problema do filme. No fim, nem uma sala IMAX e os milhões de dólares em efeitos especiais salvam um enredo fraco e falta de empatia aos personagens ou a baleia. Uma pena.
Isolado, talvez, Spectre fosse um bom filme, porém sua tentativa de amarrar os acontecimentos dos filmes anteriores é exagerada, um passo maior que a perna. Craig está novamente muito bem no papel do agente 007, os vilões caricatos (Dave Bautista e sua unha que o digam) referenciam os Bonds dos anos 70 e 80, as "bond girls" tem química com o protagonista - pena Monica Belucci ser pouco aproveitada - e a direção das cenas de ação é bem executada, o grande problema de Spectre está na preguiça do roteiro. A falta de inspiração na história, a tentativa de explicar as coisas e ao mesmo tempo falar que aquilo era planejado desde Cassino Royale beira o surreal e, infelizmente, reduzem o filme a só mais um filme de James Bond. Depois dos excelentes Cassino Royale e Skyfall a série merecia mais.
O ato final de A Travessia é um primor. Tecnicamente impecável, falta apenas uma coisa ao filme: alma. Os dois primeiros atos do filme servem apenas de trampolim para o ápice, que é anunciado desde os primeiros segundo do longa. Por mais que as atuação não comprometam - Levitt está parecidíssimo com o grande Phillippe Petit - é difícil se apegar aos personagens e alguns coadjuvantes são inúteis na trama. O tão prometido final é magnifico e vertiginoso. É impressionante a habilidade do excelente diretor Robert Zemeckis - que já mostrava aptidão para o uso do CGI desde o Expresso Polar - na condução das cenas finais, sendo indispensável o 3D (e se possível uma tela IMAX). No mais é uma boa diversão, mas não posso deixar de recomendar o documentário, vencedor do Oscar, O Equilibrista (Man on Wire).
A filmografia de Denis Villeneuve fala por si. Após os excelentes Incêndios, Polytechnique e Os Suspeitos e o competente O Homem Duplicado, o diretor mantem o seu ritmo e entrega um dos melhores filmes do ano. A condução de Villeneuve constrói uma áurea de suspense impar. O debate sobre a violência, recorrente no trabalho do diretor, ganha em Sicário uma nova proporção que conduz ao questionamento sobre os limites do uso da coerção e da moralidade, e é aqui que o filme ganha importância. A construção gradual dos personagens de Blunt e Del Toro - magistral no papel - conduzem a história que no fundo parece não se limitar a Juárez, ela acontece em todo lugar, ela não tem face, e as longas cenas do deserto causam essa impressão, esse estranhamento, que é construído ao longo da película. Sicário é mais que um filme de ação ou suspense, é um embate entre diferentes formas de pensar a violência personificados nos três protagonistas do filme, e o que é mais impressionante é que, mesmo conduzindo a formas de pensar a violência, o filme é tão bem construído que te deixa sem ar do inicio ao fim. Um dos melhores filmes do ano!!
Ponte de Espiões é um filme difícil. Um olhar pouco interessado do espectador poderia levar a conclusão que é mais um filme dispensável do diretor, assim como o recente Lincoln ou o fraco Cavalo de Guerra. Talvez seja ai que reside o maior número de críticas negativas ao filme. Porém um olhar mais atento ao que se passa na tela, ao modo de como as imagens são colocadas, seja na angulação da câmera, na iluminação do cenário, na disposição dos atores e objetos em cena, facilmente revelam uma maneira diferente de se comunicar, e a câmera de Spielberg em Ponte de Espiões fala, e como fala! O roteiro dos Coen é afiado. A transição entre diferentes gêneros (humor, drama, espionagem, tribunal) é fluida e a construção dos personagens não deixa a desejar - Mark Rylace está fantástico na pele de Rudolf Abel e Hanks é sempre competente quanto exigido. Voltando a frase que abre meu comentário. Ponte de Espiões parece ter sido comprado pelo publico como um filme de Guerra Fria, de espionagem, e não o é. Assim como A Lista de Schindler não era um filme de guerra em si, assim como Resgate do Soldado Ryan também não era ou o delicioso E.T. não era uma ficção científica. Spielberg trabalha muito bem as relações humanas com sua construção que transita entre o drama, aventura e o filme família, e é isso o que faz Ponte de Espiões ser um filme acima da média. O "patriotismo exacerbado" - que vejo muitos falando - não está no filme. Assim como foi com Sniper Americano, as criticas sobre tal assunto parecem rasas. Tem no filme uma critica a hipocrisia da sociedade americana, a forma com que tratavam seus soldados também revela muita coisa, além maneira como Abel é julgado e a construção do "herói" vivido por Hanks. Talvez o mais patriota do filme seja James Donovan, personagem mais preocupado em salvar a vida do "amigo" Abel em toda película. No mais é um excelente filme, uma retumbante volta de Steven Spielberg!!
Beasts of No Nation é um trabalho de imersão. Por horas, nas duras cenas de tirar o fôlego, você se sente na pele do garoto Agu, por horas você se sente na pele do carismático Commandant mas em momento algum deixa de sentir, marcado na pele, os horrores cometidos, e silenciados, no continente africano. O trabalho de Cary Fukunaga, diretor da excelente primeira temporada de True Detective, é excelente. Os planos sequencias, sua marca registrada, a câmera encarando o ator, o tom mistico, que mistura a realidade e o sobrenatural nos levando a linha tênue entre acreditar ou duvidar do que vemos reforçam as ótimas atuações do filme, principalmente a de Abraham Attah, o menino Agu. A construção dos personagens, desde o líder carismático ao garoto que vira "homem" mas que a todo sonha em só ser um garoto, é ótima. São eles que conduz a histórias, são eles que narram a guerra, são eles que sentem na pele aquilo, são eles que são silenciados no meio de tanto horror. Ótimo filme, que me trouxe à memoria, e aos olhos, o livro Uma Temporada de Facões. São histórias a serem contadas, a serem sentidas e a nunca serem esquecidas.
Tanovic entrega, sem dúvidas, um grande filme. Sua tentativa de transpor a Guerra da Bôsnia para dois personagens é acertada. Através desse recurso, Terra de Ninguém se torna um filme de guerra que se passa dentro de alguns metros e com apenas alguns personagem servindo de alegorias para o que se passa no conflito. O questionamento sobre a atuação da ONU, a atuação da imprensa nas guerras, o dilema moral e a guerra em si (quem começou aquilo? Pra quê lutamos?) são alvos do filme. Terra de Ninguém é exemplo de um filme que com poucos recursos consegue contar uma história complicada e Tanovic, andando em campo minado, a conduz com extrema convicção, coragem e habilidade.
Gostoso de se assistir. O roteiro, as atuações, a opção pela narração em diálogo com o espectador e a direção são inquestionáveis. A construção da história, por mais simples que seja, é muito bem executada e você torce do inicio ao fim pelos protagonistas. O filme faz o que os filmes teen, como A Culpa é Das Estrelas e Se Eu Ficar, tentaram fazer e não conseguiram. Tratar de um assunto extremamente denso e pesado de uma maneira leve e divertida e consegue emocionar sem apelar para cenas melodramáticas. Um bom filme.
Guerreiro é um filme complicado de ser analisado. É o típico filme de luta. Protagonistas problemáticos, sempre questionados, se superam e fazem o impossível dentro e fora do ringue. Mas quem disse que essa formula está batida errou, e muito! O filme, assim como clássicos como Rocky e Touro Indomável, mostra que os "clichês" (por mais que eu não concorde com essa rotulo vazio) quando bem executados são plot para grandes filmes. Atuação de Tom Hardy, novamente, é fora da curva. Ator excelente, que, na minha opinião, está entre os melhores da sua geração. Edgerton, Nolte, Morrison e Grillo, estão muito bem. O roteiro é bem construído, apesar de alguns furos. Guerreiro, é com certeza, um dos melhores filmes do gênero.
Acredito que eu não tenha entendido bem a história. Admito que não li o livro e não conhecia a franquia até poucas semanas atrás quando vi o primeiro filme. Caso a culpa seja minha, peço, de antemão, desculpas aos fãs pela minha opinião mas certamente esse filme é muito inferior ao hype. A história, extremamente confusa, se resolve em absurdos incríveis. Ok, vamos lá, cinema e suspensão da realidade, mas Maze Runner: A prova de fogo se enforça, e muito, para conduzir a história ao ridículo. Eles fogem da prisão como se estivessem pulando uma cerca, o garoto na prisão conhece todo a estrutura dela em uma semana, e tudo isso engatinhando na tubulação, ai aparecem um monte de "zumbis" de videogame e fica a duvida: para que serve a menina Teresa (a competente Kaya Scodelario) na história? Esperava mais, muito mais, da franquia que, na minha opinião, consegue estar bem abaixo de Divergente, que também não é nenhum primor.
Depois de Gravidade e Interstellar, The Martian chega para dar um novo folego ao gênero. Com uma execução mais simple, o filme é uma aula do cinema de ficção. Ridley Scoot, depois de alguns tropeços na sua carreira excepcional, faz um filme que transita com habilidade entre a comédia, a ficção, o suspense e o drama. Tudo esta lá e magistralmente bem amarrado pelo roteiro excepcional de Drew Goddard, que certamente tem ótimas chances de figurar no Oscar. A opção de contar a história de um "naufrago do espaço" através dos diários do pirata espacial Mark Watney, faz correr a história sem ser pedante ou recorrer a explicações longas ou narração em off. Já no meio do filme é impossível não estar na torcida pelo personagem de Matt Damon. Ótimo filme. Depois de desastres como Prometheus, quem sabe Ridley Scoot não está voltando a sua velha forma?
Pelo trailer, miraram no Tropa de Elite e acertaram em um Segurança Nacional com um toque de Muita Calma Nessa Hora 2. Que o trailer tenha me enganado..
A imortal história de Antoine Saint-Exupéry é indiscutível. Um dos mais belos, e poéticos, romances já produzidos. A mistura de simbolismos e simplicidade narrativa de O Pequeno Príncipe encontra no excelente trabalho gráfico e na competente interpretação da história uma ótima chance atingir um público amplo, de ser contada mais e mais vezes e atingir, principalmente, o público que não teve o prazer de ler tal obra. A história original emociona, a interpretação feita no filme da personagem Aviador e sua relação com a Garota emociona, ao mesmo tempo, o filme diverte e te prende sem te afastar da reflexão que o filme propõem. Poderia falar que o público alvo do filme seriam o adultos mas durante as 2 horas de filme é impossível não voltar a ser criança. É ao lembrar a infância, ao apelar para o saudosismo e para nossas memórias que o questionamento do final atinge o seu ponto máximo, afinal qual foi a última vez que você se pegou olhando as estrelas? Que se dispôs a sonhar? Que se lembrou daquilo que é impossível esquecer? Que atinja a todos, que leve quem não leu a ler.
Ao revisitar a lenda urbana que o crime "a fera da Penha" se tornou, O Lobo Atrás da Porta entrega um suspense investigativo acima da média. A opção pela narrativa em diferente ângulos, a história, simples até certo ponto, se enche de dramaticidade e suspense e até o último ato do filme o espectador não consegue definir quem é quem na história. Cortaz e Leandra Leal estão espetaculares nos papéis, dois atores que estão fazendo cinema de qualidade a algum tempo. A direção de Fernando Coimbra é afiadíssima, a construção dos personagens, as figuras escolhidas nos cenários, a dinâmica da câmera são de alto nível. Ótimo suspense.
Colegas é um filme importante. Sua tentativa de trazer o debate sobre a Síndrome de Down e a desconstrução de diversos preconceitos com os portadores de Down são extremamente bem sucedidas. Infelizmente a execução do filme deixa a desejar. O ritmo dos primeiros 20 minutos do filme é ótimo, chega a lembrar, em alguns momentos, o ótimo O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Uma pena que após esse inicio o filme decai e após uma hora se torna enfadonho de tal maneira que você se desapega dos personagens principais. Faltou um pouco mais de carinho com a história e com alguns personagens.
Ao tentar expandir seu mercado, atingindo parcelas mais jovens de público, Mercenários 3 cometeu o maior erro da franquia. O erro de perder sua identidade. Após o divertidíssimo Mercenários e o bom Mercenário 2, o terceiro filme da franquia parece uma tentativa de se afastar da formula dos filmes dos anos 80/90 que era marca dos roteiros dos primeiros filmes da franquia e propõem um filme que mais se parece com filmes de ação recentes. Ai está o erro, ao se afastar das referências, Mercenário perde seu charme, é só mais um filme de ação. A inclusão de atores com apelo para o público jovem, como Ronda e Lutz, a decisão por diminuir a classificação indicativa nos cinemas, com a diminuição da violência, o que resulta na opção de cortes rápidos, e principalmente a redução da participação do Lee, Ludgren, Couture e Crews, personagens que trazem o alivio cômico, marca registrada nos filmes de ação 80/90, faz com que o filme perca muito do ritmo. Incomoda a "preguiça" do roteiro jogando personagens para compensar a história fraca. Os personagens de Gere e Banderas são jogados na tela e muito mal aproveitados. Que Mercenários volte a essência.
Extremamente bem executado, Drive é um filme elegante do inicio ao fim. Uma história bem amarrada, trilha sonora condizente com a qualidade acima da média da fotografia e da direção de Nicolas Refn. Drive é a afirmação de que uma história simples pode se tornar um ótimo filme se bem executada.
Impecável, Que Horas Ela Volta? demonstra que produzimos sim coisas boas no Brasil e que, infelizmente, se consome muito pouco dessa produção de qualidade. Excelente filme, assim como O Auto da Compadecida, Central do Brasil, Cidade de Deus, filmes que chegarem ao mainstream ou filmes como Tatuagem, O Palhaço ou Cine Holiúdy que ficaram no underground, Que Horas Ela Volta? tem como maior triunfo a qualidade de abordar um tema complicado da desigualdade social e as relações quase senhoriais entre patrão-empregada doméstica com uma leveza e simplicidade ímpares. Cenas belíssimas, direção competente, roteiro afiadíssimo, Regina Casé com um timing de comédia impressionante, além de Mutarelli, Teles e Márdila (que surpresa!) excelentes nos papéis. Que Horas Ela Volta? é antes de nada uma resposta a velha síndrome de vira-lata do espectador do cinema nacional. Sim produzimos obras notáveis e sim dificilmente essas obras encontram públicos superiores a "filmes" como Super-Pai, Até que a Sorte nos Separe ou qualquer outro filme que abocanham milhões da Ancine e das distribuidoras e dominam as salas de cinema. Que o digam as seis pessoas na sala em que eu assisti esse filme, bem recebido em qualquer canto do mundo e premiadíssimo em diversos festivais de cinema pelo mundo. Com pesar, chego a conclusão que a culpa não é do cinema nacional..
Depois do competente Jurassic World, dos medianos Exterminador: Gênesis e Velozes 7 e do excelente Mad Max: Estrada da Fúria, Missão Impossível vem para demonstrar que as antigas franquias ainda tem muito para mostrar e pra quem achava difícil Missão Impossível manter o nível de qualidade dos anteriores, desculpe o trocadilho barato, mas Tom Cruise faz o impossível e entrega um dos melhores dos seus trabalhos. Nação Secreta respeita a mitologia de Ethan Hunt e trabalha com a ação e humor de maneira modelar, que o diga o fraco Vingadores: A Era de Ultron. Tom Cruise mantem o ritmo da franquia, as cenas de ação e a opção - alardeada - do ator de não usar dublê (veja os features) são ótimos chamarizes. Simon Pegg tem um incrível tempo de comédia. O crescimento do seu personagem e o maior tempo de tela é um grande acerto. Ótimo filme de ação. E vida longa a franquia!
Está ai um filme que me surpreendeu. Após assistir, e me decepcionar, com Samba, fui ver acompanhando - ou arrastado - pela minha namorada a esse filme. E que surpresa boa. Comédia gostosa que em momento nenhum te desgruda da tela e ainda por cima te leva a uma reflexão sobre cultura, política, comportamento. É uma bela critica ao preconceito e principalmente a intolerância com o outro em um país que tem esse problema enraizado nas esferas citadas. O caso dos Argelinos, as confusões nas francesas ruas no inicio desse século, as medidas políticas dos gaullistas e dos socialdemocratas na França, ressaltam bem essa efervescência causada pelo estranhamento ao estrangeiro - o que é brilhantemente construído no dialogo entre a protagonista e seu psiquiatra. É um filme para se ver duas vezes. Quem sabe na segunda vez minha impressão mude. Hoje fico com um a sensação de prazer de ver um filme engraçado, que em momento algum se aliena em busca de risadas ou audiência. Ótima surpresa.
Terror físico, bruto, sem muita inovação. Cumpre o que propõem, há tensão e sustos, na maioria das vezes previsíveis, do começo ao fim. O roteiro é extremamente fraco, parece um emaranhado de escadas para situações propicias aos sustos. Atuações não surpreendem enquanto a direção emula o trabalho do James Wan nos dois filmes anteriores da série - o primeiro excelente por sinal. Não chega ao terror psicológico e os sustos causados por filmes de terror recentes, como Invocação do Mal ou o primeiro Sobrenatural mas encontra no público mais jovem um nicho interessante e conseguem vender a história. Perde a chance de manter o nível dos primeiros filmes. Agora é torcer para que a franquia pare por aqui.
Uma abordagem interessante sobre um tema em voga. Difícil não relacionar a motivação de Nathan Bateman com a discussão levantada por Eric Schmidt, CEO do Google, e Julian Assange bem retratada nos livros Quando o Google encontrou o Wikileaks e A Nova Era Digital sobre o uso do poder da empresa sobre a geopolítica e o imperialismo. O roteiro é forte, as atuações incríveis, o plot e as reviravoltas são bem construídos, os efeitos especiais são lindos e o clima de suspense as diversas referencias que o filmes faz são muito bem inseridas mas o destaque do filme é não ser uma ficção cientifica convencional. A opção por um enfoque nos diálogos e não nas cenas de ação, o que construi um jogo de interesse e umo clima de suspense, é o grande diferencial do filme. Uma pena não ter saído no cinema por aqui. Uma ficção cientifica de um nível eu não via desde Distrito 9.
Antes de qualquer analise acredito ser necessário ressaltar dois pontos: A qualidade das cenas de ação, potencializadas pelo bom trabalho de James Wan, e a emocionante homenagem ao falecido Paul Walker. As cenas que finalizam o filme e a quebra da quarta parede, que nos tira daquele ambiente construído pelo filme, e presta uma bela, e justa, homenagem ao ator é emocionante. É uma pena, que ao meu ver, esse foi o ponto alto do filme. Sucesso de bilheteria, a franquia parece emular sempre a mesma história mas de maneira cada vez mais colossal, um monstro desgovernado de carros voando entre prédios e uma série de badass que fariam inveja a Stallone, Schwarzenegger, Van Damme e até ao exageradíssimo Steven Seagal. O que começou como corridas de rua agora envolve o serviço secreto, vilões invencíveis e caras da lei mais invencíveis que o invencível - mas seria isso possível? Pontos positivos para o filme, são os personagens de Ludacris e Tyrese Gibson que atuam como alivio cômico e que tem bons momentos no filme e também, o já citado, trabalho de James Wan que conduz a ótima cena de briga entre The Rock e Statham, este fazendo um vilão caricato ao extremo mas o fazendo com dignidade. No todo é um bom filme. Me incomoda essa necessidade de sempre se superar no tamanho dos eventos anteriores da franquia e o imensurável número de clichês (que dominam o arco final). Talvez a volta as essências dos primeiros filmes fizesse bem a franquia.
Túmulo dos Vagalumes
4.6 2,2KA sensibilidade de O Túmulo dos Vagalumes é ímpar. Ela está no traço, na narrativa, nos personagens.
Diante de um evento histórico de fazer sangrar a alma, Isao Takahata faz brilhar os olhos com a história de Seita e Setsuko e de todo povo japonês afetado pela guerra.
O ponto forte do filme é sua atemporalidade. A histórias dos irmãos e das famílias arrasadas no Japão em 1945 transpassa esse período. A questão da apatridia na Europa ou os conflitos étnicos/religiosos na Nigéria, por exemplo, poderiam servir de cenário para histórias como a do filme.
A metáfora do titulo, as cores, os traços, personagens, a dor do povo japonês ou de qualquer família envolta às barbáries da guerra, fazem de O Túmulo dos Vagalumes um dos mais sensíveis e densos retratos da Segunda Guerra Mundial.
Um filme para ser assistido, ou melhor, admirado, várias e várias vezes. Recomendo!
No Coração do Mar
3.6 776 Assista AgoraRon Howard, um elenco estelar capitaneado por Chris Hemsworth, efeitos especiais grandiloquentes, e a história "mitológica" da naufrágo do ESSEX. Tem como dar errado? Sim!
O potencial do filme é inegável. O marketing que o cerca já o lançava entre os mais aguardos do ano, mesmo com seu adiamento. O filme, porém, parece uma colagem de histórias. Não se aprofunda a história de Chase ou do Capitão Pollard. As histórias secundárias são jogadas ao vento sem muito começo ou fim.
O despropósito parece ser o principal problema do filme.
No fim, nem uma sala IMAX e os milhões de dólares em efeitos especiais salvam um enredo fraco e falta de empatia aos personagens ou a baleia.
Uma pena.
007 Contra Spectre
3.3 1,0K Assista AgoraIsolado, talvez, Spectre fosse um bom filme, porém sua tentativa de amarrar os acontecimentos dos filmes anteriores é exagerada, um passo maior que a perna.
Craig está novamente muito bem no papel do agente 007, os vilões caricatos (Dave Bautista e sua unha que o digam) referenciam os Bonds dos anos 70 e 80, as "bond girls" tem química com o protagonista - pena Monica Belucci ser pouco aproveitada - e a direção das cenas de ação é bem executada, o grande problema de Spectre está na preguiça do roteiro.
A falta de inspiração na história, a tentativa de explicar as coisas e ao mesmo tempo falar que aquilo era planejado desde Cassino Royale beira o surreal e, infelizmente, reduzem o filme a só mais um filme de James Bond.
Depois dos excelentes Cassino Royale e Skyfall a série merecia mais.
A Travessia
3.6 612 Assista AgoraO ato final de A Travessia é um primor. Tecnicamente impecável, falta apenas uma coisa ao filme: alma.
Os dois primeiros atos do filme servem apenas de trampolim para o ápice, que é anunciado desde os primeiros segundo do longa. Por mais que as atuação não comprometam - Levitt está parecidíssimo com o grande Phillippe Petit - é difícil se apegar aos personagens e alguns coadjuvantes são inúteis na trama.
O tão prometido final é magnifico e vertiginoso. É impressionante a habilidade do excelente diretor Robert Zemeckis - que já mostrava aptidão para o uso do CGI desde o Expresso Polar - na condução das cenas finais, sendo indispensável o 3D (e se possível uma tela IMAX). No mais é uma boa diversão, mas não posso deixar de recomendar o documentário, vencedor do Oscar, O Equilibrista (Man on Wire).
Sicario: Terra de Ninguém
3.7 943 Assista AgoraA filmografia de Denis Villeneuve fala por si. Após os excelentes Incêndios, Polytechnique e Os Suspeitos e o competente O Homem Duplicado, o diretor mantem o seu ritmo e entrega um dos melhores filmes do ano.
A condução de Villeneuve constrói uma áurea de suspense impar. O debate sobre a violência, recorrente no trabalho do diretor, ganha em Sicário uma nova proporção que conduz ao questionamento sobre os limites do uso da coerção e da moralidade, e é aqui que o filme ganha importância.
A construção gradual dos personagens de Blunt e Del Toro - magistral no papel - conduzem a história que no fundo parece não se limitar a Juárez, ela acontece em todo lugar, ela não tem face, e as longas cenas do deserto causam essa impressão, esse estranhamento, que é construído ao longo da película.
Sicário é mais que um filme de ação ou suspense, é um embate entre diferentes formas de pensar a violência personificados nos três protagonistas do filme, e o que é mais impressionante é que, mesmo conduzindo a formas de pensar a violência, o filme é tão bem construído que te deixa sem ar do inicio ao fim.
Um dos melhores filmes do ano!!
Ponte dos Espiões
3.7 694Ponte de Espiões é um filme difícil. Um olhar pouco interessado do espectador poderia levar a conclusão que é mais um filme dispensável do diretor, assim como o recente Lincoln ou o fraco Cavalo de Guerra. Talvez seja ai que reside o maior número de críticas negativas ao filme. Porém um olhar mais atento ao que se passa na tela, ao modo de como as imagens são colocadas, seja na angulação da câmera, na iluminação do cenário, na disposição dos atores e objetos em cena, facilmente revelam uma maneira diferente de se comunicar, e a câmera de Spielberg em Ponte de Espiões fala, e como fala!
O roteiro dos Coen é afiado. A transição entre diferentes gêneros (humor, drama, espionagem, tribunal) é fluida e a construção dos personagens não deixa a desejar - Mark Rylace está fantástico na pele de Rudolf Abel e Hanks é sempre competente quanto exigido.
Voltando a frase que abre meu comentário. Ponte de Espiões parece ter sido comprado pelo publico como um filme de Guerra Fria, de espionagem, e não o é. Assim como A Lista de Schindler não era um filme de guerra em si, assim como Resgate do Soldado Ryan também não era ou o delicioso E.T. não era uma ficção científica. Spielberg trabalha muito bem as relações humanas com sua construção que transita entre o drama, aventura e o filme família, e é isso o que faz Ponte de Espiões ser um filme acima da média.
O "patriotismo exacerbado" - que vejo muitos falando - não está no filme. Assim como foi com Sniper Americano, as criticas sobre tal assunto parecem rasas. Tem no filme uma critica a hipocrisia da sociedade americana, a forma com que tratavam seus soldados também revela muita coisa, além maneira como Abel é julgado e a construção do "herói" vivido por Hanks. Talvez o mais patriota do filme seja James Donovan, personagem mais preocupado em salvar a vida do "amigo" Abel em toda película.
No mais é um excelente filme, uma retumbante volta de Steven Spielberg!!
Beasts of No Nation
4.3 829 Assista AgoraBeasts of No Nation é um trabalho de imersão. Por horas, nas duras cenas de tirar o fôlego, você se sente na pele do garoto Agu, por horas você se sente na pele do carismático Commandant mas em momento algum deixa de sentir, marcado na pele, os horrores cometidos, e silenciados, no continente africano.
O trabalho de Cary Fukunaga, diretor da excelente primeira temporada de True Detective, é excelente. Os planos sequencias, sua marca registrada, a câmera encarando o ator, o tom mistico, que mistura a realidade e o sobrenatural nos levando a linha tênue entre acreditar ou duvidar do que vemos reforçam as ótimas atuações do filme, principalmente a de Abraham Attah, o menino Agu.
A construção dos personagens, desde o líder carismático ao garoto que vira "homem" mas que a todo sonha em só ser um garoto, é ótima. São eles que conduz a histórias, são eles que narram a guerra, são eles que sentem na pele aquilo, são eles que são silenciados no meio de tanto horror.
Ótimo filme, que me trouxe à memoria, e aos olhos, o livro Uma Temporada de Facões. São histórias a serem contadas, a serem sentidas e a nunca serem esquecidas.
Terra de Ninguém
4.0 80Tanovic entrega, sem dúvidas, um grande filme. Sua tentativa de transpor a Guerra da Bôsnia para dois personagens é acertada. Através desse recurso, Terra de Ninguém se torna um filme de guerra que se passa dentro de alguns metros e com apenas alguns personagem servindo de alegorias para o que se passa no conflito.
O questionamento sobre a atuação da ONU, a atuação da imprensa nas guerras, o dilema moral e a guerra em si (quem começou aquilo? Pra quê lutamos?) são alvos do filme.
Terra de Ninguém é exemplo de um filme que com poucos recursos consegue contar uma história complicada e Tanovic, andando em campo minado, a conduz com extrema convicção, coragem e habilidade.
Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer
4.0 888 Assista AgoraGostoso de se assistir. O roteiro, as atuações, a opção pela narração em diálogo com o espectador e a direção são inquestionáveis. A construção da história, por mais simples que seja, é muito bem executada e você torce do inicio ao fim pelos protagonistas.
O filme faz o que os filmes teen, como A Culpa é Das Estrelas e Se Eu Ficar, tentaram fazer e não conseguiram. Tratar de um assunto extremamente denso e pesado de uma maneira leve e divertida e consegue emocionar sem apelar para cenas melodramáticas.
Um bom filme.
Guerreiro
4.0 919 Assista AgoraGuerreiro é um filme complicado de ser analisado. É o típico filme de luta. Protagonistas problemáticos, sempre questionados, se superam e fazem o impossível dentro e fora do ringue. Mas quem disse que essa formula está batida errou, e muito!
O filme, assim como clássicos como Rocky e Touro Indomável, mostra que os "clichês" (por mais que eu não concorde com essa rotulo vazio) quando bem executados são plot para grandes filmes.
Atuação de Tom Hardy, novamente, é fora da curva. Ator excelente, que, na minha opinião, está entre os melhores da sua geração. Edgerton, Nolte, Morrison e Grillo, estão muito bem.
O roteiro é bem construído, apesar de alguns furos.
Guerreiro, é com certeza, um dos melhores filmes do gênero.
Maze Runner: Prova de Fogo
3.4 1,2K Assista AgoraAcredito que eu não tenha entendido bem a história. Admito que não li o livro e não conhecia a franquia até poucas semanas atrás quando vi o primeiro filme. Caso a culpa seja minha, peço, de antemão, desculpas aos fãs pela minha opinião mas certamente esse filme é muito inferior ao hype.
A história, extremamente confusa, se resolve em absurdos incríveis. Ok, vamos lá, cinema e suspensão da realidade, mas Maze Runner: A prova de fogo se enforça, e muito, para conduzir a história ao ridículo. Eles fogem da prisão como se estivessem pulando uma cerca, o garoto na prisão conhece todo a estrutura dela em uma semana, e tudo isso engatinhando na tubulação, ai aparecem um monte de "zumbis" de videogame e fica a duvida: para que serve a menina Teresa (a competente Kaya Scodelario) na história?
Esperava mais, muito mais, da franquia que, na minha opinião, consegue estar bem abaixo de Divergente, que também não é nenhum primor.
Perdido em Marte
4.0 2,3K Assista AgoraDepois de Gravidade e Interstellar, The Martian chega para dar um novo folego ao gênero. Com uma execução mais simple, o filme é uma aula do cinema de ficção.
Ridley Scoot, depois de alguns tropeços na sua carreira excepcional, faz um filme que transita com habilidade entre a comédia, a ficção, o suspense e o drama. Tudo esta lá e magistralmente bem amarrado pelo roteiro excepcional de Drew Goddard, que certamente tem ótimas chances de figurar no Oscar. A opção de contar a história de um "naufrago do espaço" através dos diários do pirata espacial Mark Watney, faz correr a história sem ser pedante ou recorrer a explicações longas ou narração em off.
Já no meio do filme é impossível não estar na torcida pelo personagem de Matt Damon. Ótimo filme. Depois de desastres como Prometheus, quem sabe Ridley Scoot não está voltando a sua velha forma?
Operações Especiais
3.3 349 Assista AgoraPelo trailer, miraram no Tropa de Elite e acertaram em um Segurança Nacional com um toque de Muita Calma Nessa Hora 2. Que o trailer tenha me enganado..
O Pequeno Príncipe
4.2 1,1K Assista AgoraA imortal história de Antoine Saint-Exupéry é indiscutível. Um dos mais belos, e poéticos, romances já produzidos.
A mistura de simbolismos e simplicidade narrativa de O Pequeno Príncipe encontra no excelente trabalho gráfico e na competente interpretação da história uma ótima chance atingir um público amplo, de ser contada mais e mais vezes e atingir, principalmente, o público que não teve o prazer de ler tal obra.
A história original emociona, a interpretação feita no filme da personagem Aviador e sua relação com a Garota emociona, ao mesmo tempo, o filme diverte e te prende sem te afastar da reflexão que o filme propõem.
Poderia falar que o público alvo do filme seriam o adultos mas durante as 2 horas de filme é impossível não voltar a ser criança. É ao lembrar a infância, ao apelar para o saudosismo e para nossas memórias que o questionamento do final atinge o seu ponto máximo, afinal qual foi a última vez que você se pegou olhando as estrelas? Que se dispôs a sonhar? Que se lembrou daquilo que é impossível esquecer?
Que atinja a todos, que leve quem não leu a ler.
O Lobo Atrás da Porta
4.0 1,3KAo revisitar a lenda urbana que o crime "a fera da Penha" se tornou, O Lobo Atrás da Porta entrega um suspense investigativo acima da média. A opção pela narrativa em diferente ângulos, a história, simples até certo ponto, se enche de dramaticidade e suspense e até o último ato do filme o espectador não consegue definir quem é quem na história.
Cortaz e Leandra Leal estão espetaculares nos papéis, dois atores que estão fazendo cinema de qualidade a algum tempo. A direção de Fernando Coimbra é afiadíssima, a construção dos personagens, as figuras escolhidas nos cenários, a dinâmica da câmera são de alto nível.
Ótimo suspense.
Colegas
3.4 606 Assista AgoraColegas é um filme importante. Sua tentativa de trazer o debate sobre a Síndrome de Down e a desconstrução de diversos preconceitos com os portadores de Down são extremamente bem sucedidas.
Infelizmente a execução do filme deixa a desejar. O ritmo dos primeiros 20 minutos do filme é ótimo, chega a lembrar, em alguns momentos, o ótimo O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Uma pena que após esse inicio o filme decai e após uma hora se torna enfadonho de tal maneira que você se desapega dos personagens principais.
Faltou um pouco mais de carinho com a história e com alguns personagens.
Os Mercenários 3
3.2 916 Assista AgoraAo tentar expandir seu mercado, atingindo parcelas mais jovens de público, Mercenários 3 cometeu o maior erro da franquia. O erro de perder sua identidade.
Após o divertidíssimo Mercenários e o bom Mercenário 2, o terceiro filme da franquia parece uma tentativa de se afastar da formula dos filmes dos anos 80/90 que era marca dos roteiros dos primeiros filmes da franquia e propõem um filme que mais se parece com filmes de ação recentes. Ai está o erro, ao se afastar das referências, Mercenário perde seu charme, é só mais um filme de ação.
A inclusão de atores com apelo para o público jovem, como Ronda e Lutz, a decisão por diminuir a classificação indicativa nos cinemas, com a diminuição da violência, o que resulta na opção de cortes rápidos, e principalmente a redução da participação do Lee, Ludgren, Couture e Crews, personagens que trazem o alivio cômico, marca registrada nos filmes de ação 80/90, faz com que o filme perca muito do ritmo.
Incomoda a "preguiça" do roteiro jogando personagens para compensar a história fraca. Os personagens de Gere e Banderas são jogados na tela e muito mal aproveitados.
Que Mercenários volte a essência.
Drive
3.9 3,5K Assista AgoraExtremamente bem executado, Drive é um filme elegante do inicio ao fim. Uma história bem amarrada, trilha sonora condizente com a qualidade acima da média da fotografia e da direção de Nicolas Refn.
Drive é a afirmação de que uma história simples pode se tornar um ótimo filme se bem executada.
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraImpecável, Que Horas Ela Volta? demonstra que produzimos sim coisas boas no Brasil e que, infelizmente, se consome muito pouco dessa produção de qualidade.
Excelente filme, assim como O Auto da Compadecida, Central do Brasil, Cidade de Deus, filmes que chegarem ao mainstream ou filmes como Tatuagem, O Palhaço ou Cine Holiúdy que ficaram no underground, Que Horas Ela Volta? tem como maior triunfo a qualidade de abordar um tema complicado da desigualdade social e as relações quase senhoriais entre patrão-empregada doméstica com uma leveza e simplicidade ímpares.
Cenas belíssimas, direção competente, roteiro afiadíssimo, Regina Casé com um timing de comédia impressionante, além de Mutarelli, Teles e Márdila (que surpresa!) excelentes nos papéis.
Que Horas Ela Volta? é antes de nada uma resposta a velha síndrome de vira-lata do espectador do cinema nacional. Sim produzimos obras notáveis e sim dificilmente essas obras encontram públicos superiores a "filmes" como Super-Pai, Até que a Sorte nos Separe ou qualquer outro filme que abocanham milhões da Ancine e das distribuidoras e dominam as salas de cinema. Que o digam as seis pessoas na sala em que eu assisti esse filme, bem recebido em qualquer canto do mundo e premiadíssimo em diversos festivais de cinema pelo mundo. Com pesar, chego a conclusão que a culpa não é do cinema nacional..
Missão: Impossível - Nação Secreta
3.7 805 Assista AgoraDepois do competente Jurassic World, dos medianos Exterminador: Gênesis e Velozes 7 e do excelente Mad Max: Estrada da Fúria, Missão Impossível vem para demonstrar que as antigas franquias ainda tem muito para mostrar e pra quem achava difícil Missão Impossível manter o nível de qualidade dos anteriores, desculpe o trocadilho barato, mas Tom Cruise faz o impossível e entrega um dos melhores dos seus trabalhos.
Nação Secreta respeita a mitologia de Ethan Hunt e trabalha com a ação e humor de maneira modelar, que o diga o fraco Vingadores: A Era de Ultron. Tom Cruise mantem o ritmo da franquia, as cenas de ação e a opção - alardeada - do ator de não usar dublê (veja os features) são ótimos chamarizes.
Simon Pegg tem um incrível tempo de comédia. O crescimento do seu personagem e o maior tempo de tela é um grande acerto.
Ótimo filme de ação. E vida longa a franquia!
Que Mal Eu Fiz a Deus?
3.6 206 Assista AgoraEstá ai um filme que me surpreendeu. Após assistir, e me decepcionar, com Samba, fui ver acompanhando - ou arrastado - pela minha namorada a esse filme. E que surpresa boa.
Comédia gostosa que em momento nenhum te desgruda da tela e ainda por cima te leva a uma reflexão sobre cultura, política, comportamento. É uma bela critica ao preconceito e principalmente a intolerância com o outro em um país que tem esse problema enraizado nas esferas citadas. O caso dos Argelinos, as confusões nas francesas ruas no inicio desse século, as medidas políticas dos gaullistas e dos socialdemocratas na França, ressaltam bem essa efervescência causada pelo estranhamento ao estrangeiro - o que é brilhantemente construído no dialogo entre a protagonista e seu psiquiatra.
É um filme para se ver duas vezes.
Quem sabe na segunda vez minha impressão mude.
Hoje fico com um a sensação de prazer de ver um filme engraçado, que em momento algum se aliena em busca de risadas ou audiência.
Ótima surpresa.
Sobrenatural: A Origem
3.1 729 Assista AgoraTerror físico, bruto, sem muita inovação. Cumpre o que propõem, há tensão e sustos, na maioria das vezes previsíveis, do começo ao fim. O roteiro é extremamente fraco, parece um emaranhado de escadas para situações propicias aos sustos. Atuações não surpreendem enquanto a direção emula o trabalho do James Wan nos dois filmes anteriores da série - o primeiro excelente por sinal.
Não chega ao terror psicológico e os sustos causados por filmes de terror recentes, como Invocação do Mal ou o primeiro Sobrenatural mas encontra no público mais jovem um nicho interessante e conseguem vender a história.
Perde a chance de manter o nível dos primeiros filmes. Agora é torcer para que a franquia pare por aqui.
Ex Machina: Instinto Artificial
3.9 2,0K Assista AgoraUma abordagem interessante sobre um tema em voga. Difícil não relacionar a motivação de Nathan Bateman com a discussão levantada por Eric Schmidt, CEO do Google, e Julian Assange bem retratada nos livros Quando o Google encontrou o Wikileaks e A Nova Era Digital sobre o uso do poder da empresa sobre a geopolítica e o imperialismo.
O roteiro é forte, as atuações incríveis, o plot e as reviravoltas são bem construídos, os efeitos especiais são lindos e o clima de suspense as diversas referencias que o filmes faz são muito bem inseridas mas o destaque do filme é não ser uma ficção cientifica convencional. A opção por um enfoque nos diálogos e não nas cenas de ação, o que construi um jogo de interesse e umo clima de suspense, é o grande diferencial do filme.
Uma pena não ter saído no cinema por aqui. Uma ficção cientifica de um nível eu não via desde Distrito 9.
Velozes e Furiosos 7
3.8 1,7K Assista AgoraAntes de qualquer analise acredito ser necessário ressaltar dois pontos: A qualidade das cenas de ação, potencializadas pelo bom trabalho de James Wan, e a emocionante homenagem ao falecido Paul Walker. As cenas que finalizam o filme e a quebra da quarta parede, que nos tira daquele ambiente construído pelo filme, e presta uma bela, e justa, homenagem ao ator é emocionante. É uma pena, que ao meu ver, esse foi o ponto alto do filme.
Sucesso de bilheteria, a franquia parece emular sempre a mesma história mas de maneira cada vez mais colossal, um monstro desgovernado de carros voando entre prédios e uma série de badass que fariam inveja a Stallone, Schwarzenegger, Van Damme e até ao exageradíssimo Steven Seagal. O que começou como corridas de rua agora envolve o serviço secreto, vilões invencíveis e caras da lei mais invencíveis que o invencível - mas seria isso possível?
Pontos positivos para o filme, são os personagens de Ludacris e Tyrese Gibson que atuam como alivio cômico e que tem bons momentos no filme e também, o já citado, trabalho de James Wan que conduz a ótima cena de briga entre The Rock e Statham, este fazendo um vilão caricato ao extremo mas o fazendo com dignidade.
No todo é um bom filme. Me incomoda essa necessidade de sempre se superar no tamanho dos eventos anteriores da franquia e o imensurável número de clichês (que dominam o arco final).
Talvez a volta as essências dos primeiros filmes fizesse bem a franquia.