Lembro-me de ter conhecido o Experimento de Aprisionamento de Stanford através do livro Efeito Lúcifer, do próprio Philip Zimbardo. Os resultados, um tanto quanto inesperados, eram realmente chocantes e me prenderam a atenção na leitura. Duas adaptações foram feitas se baseando no experimento conduzido por Zimbardo mas elas não conseguiam manter a fidelidade ao experimento em si e aos efeitos psicológicos sofridos pelos participantes - voluntários e equipe. O Experimento de Aprisionamento de Stanford, do diretor Kyle Patrick Alvarez, consegue acertar onde os anteriores falharam. É extremamente difícil passar toda a complexidade narrada por Zimbardo no livro para a telona. O experimento tem diversas nuances que não cabem em 120 minutos, mas dentro das limitações impostas, o filme tem o êxito de transmitir, através da direção competente e de atuações excelentes - Ezra Miller e Billy Crudup estão ótimos -, a sensação do que se passara naqueles dias em Stanford. No fim do crédito tive uma nova experiência sobre a história que tinha conhecido anos antes. Me deu vontade de reler o livro!
Negócio das Arábias é um filme sem sal. Por tentar não se definir ou deixar uma história em aberto, você passa 90 minutos tentando entender qual foi a intenção do filme. O plot fraco é acentuado pelas atuações pouco inspiradas e a direção que fica entre a tentativa de ser inovadora e a preguiça. O ponto positivo fica para a forma que a Arábia Saudita é mostrada e para o personagem Hasan, que serve como um bom alivio cômico.
Suicide Squad é uma montanha russa. Nas suas mais de 2h de película somos apresentados a uma colagem de altos e baixos, a quebras de ritmos e um plot twist sem peso dramático. Quer dizer que o filme é ruim? Longe disso! A não homogeneidade do filme é ressaltado pelas quebras na edição fraca do filme. O plot principal é simples demais e o vilão é ridiculamente fraco - colocaria ele no mesmo hall que os vilões esquecíveis de Homem de Ferro 1, 2 e 3, Thor 2, Guardiões da Galáxia, Civil War e o péssimo vilão de Homem Formiga. O roteiro pode ser frouxo demais mas os personagens sustentam o filme de uma maneira agradável. Harley Queen - e pode-se dizer Harleen Quinzel - roubam a cena, é impossível não se apegar a personagem tanto nos momentos de ação e nos de maior carga dramática. Vivendo no limiar da loucura, do amor e do ódio, ela é uma das melhores personagens recentes do universo dos quadrinhos no cinema. Killer Croc está muito fiel aos quadrinhos, Rick Flagg, Katana, Bumerangue, e a fria Amanda Waller, apesar do pouco tempo de tela estão ótimos, enquanto Cara Delavigne e Will Smith - sendo o Will Smith de sempre - não impressionam. Joker tem pouco tempo de tela, não que isso atrapalhe o filme. Sua participação mexe diretamente com o plot da Harley Queen, e serve como uma introdução do personagem ao universo DC no cinema, e,convenhamos, temos o Joker mais fiel aos quadrinhos apresentado no cinema, inclusive com diferentes fan services espetaculares. Assemelha-se a participação do Homem Aranha em Civil War. De forma geral, o filme é um pouco preguiçoso. A solução final é simples demais, o vilão é mais do mesmo e previsível, a relação dos personagens - exceto nas cenas de luta - é mal explicada, o roteiro parece ter medo de arriscar e a edição e direção são abaixo da média mas as excelentes personificações de Harley Queen, Killer Croc, Rick Flagg, Deadshot e Amanda Waller, além da ótima introdução do Joker - com diversas referências aos quadrinhos - e as participações dos membros da Justice League no filme valem o ingresso e divertem muito! Temos aqui uma aventura do Esquadrão filmada. É uma história em quadrinhos em tela. E isso é um elogio.
Procurando Dory é formulaico e isso não é nenhum demérito. Apresentar um filme para crianças ao mesmo tempo que agrada as "crianças grandes" que no alto dos seus 10 ou 15 anos viram Procurando Nemo é uma tarefa o tanto quanto ingrata. A repetição da formula funciona bem. Dory é uma personagem carismática, assim como o canastrão Hank, e tem um plot emotivo bem construído e com uma mensagem tocante mas infelizmente o filme falha em não tentar trazer nada novo. Você sabe qual será o trajeto da personagem - ela sai atras da sua "casa" e depois quer voltar pra sua "verdadeira casa" - assim como fora em Nemo, mas não seria um erro tentar inovar, trazer coisas novas. No mais, é um filme legal com uma mensagem bonita que não te arranca risadas mas faz você sair com um sorrisinho no rosto. Ps. O curta inicial é excelente.
Recentemente vi a versão americana de Old Boy. Ao apagar das luzes o amargor na minha boca pedia a pergunta: Pra que um remake? O filme sul coreano está longe de ser datado, sendo suas cenas de ação emuladas em diversos blockbusters. Me recomendaram Olhos da Justiça. Quando soube ser o remake de um dos maiores suspenses recentes, e um dos meus suspenses preferidos, relutei. Protelei. Infelizmente, a pergunta volta. Pra que? O filme copia o plot do argentino Segredo dos Seus Olhos. O personagem Sandova se divide entre Julia Roberts e Dean Norris, assim como o personagem Ricardo Morales que tem diversas passagens e falas reproduzidas pela atriz. A cena icônica da perseguição está na película, assim como a do interrogatório, elevador. É uma cópia fiel? Não, a mão pesada do diretor e os flashbacks, que no filme de Campanella brincando entre a leveza e sofrimento, acabam puxando o filme como um bloco de concreto uma fina camada de gelo. Olhos da Justiça é tão certeiro quanto escalar Michael Bay para refilmar um filme do Malick. Se agarra o plot e as frases de efeito, se esquece da leveza e habilidade na condução do original. Uma pena.
Os irmãos Coen entregam uma miscelânea de esteriótipos americanos amarrados dentro de uma história de suspense com toques de comédia estilizada. Tinha tudo para dar errado. Mas não, no apagar das luzes, é um bom filme. Não que Fargo seja algo novo. Ele emula muito das comédias oitentistas, com pitadas picantes de humor constrangedor, mas joga contra a expectativa do espectador ávido por uma comédia ao narrar com graus de violência e crueldade um crime real. No mais é uma trama envolvente. Faz esperar pelo fim da história. Gera curiosidade e diverte, coisas que os Coen sabem fazer como poucos.
Muito se fala que os grandes diretores deixam sua marca própria no cinema. Tarantino, desde Cães de Aluguel, mostra ser grande mas em Pulp Fiction ele faz mais. Deixa sua assinatura do que estava por vir. Um dos maiores diretores e roteiristas do seu tempo. Pulp Fiction inova sem tentar ser revolucionário. A narrativa cortada, a organicidade dos flashbacks e flashforwads, que se compõe de forma ágil no filme, fazem de uma história que poderia ser comum, uma experiência única. Inesperado, violento, habilidoso e um tanto quanto despretensioso, o segundo filme dirigido por Tarantino é um marco do cinema e deixa com gosto de quero mais ao subir dos créditos! Recomendo.
Graficamente impressionante, Mogli é diversão garantida. O filme tem a habilidade de te cativar nas primeiras cenas, depois é só relaxar e deixar a história te levar. A atuação do protagonista é impecável, o trabalho de voz dos dubladores não fica por menos. Mas não é só a técnica que se destaca. A histórica, despretensiosa, mexe com o espectador e traz um bela mensagem. Ótimo filme! Disney novamente fazendo um bom trabalho com refilmagens.
Uma das melhores HQs da última década. Milhões de dólares. Um elenco estelar. Efeitos especiais de primeira linha. Um filme OK. A subtrama que se desenrola por trás do plot principal é fraca e mau resolvida. Zemo, personagem que leva apenas o nome do icônico vilão Barão Zemo, conduz uma linha enrolada de história que poderia ter se resolvido em 5 minutos. No final de tanto esforço, você acha centenas de conclusões mais simples para atingir o mesmo efeito. Tirando o vilão fraco e sua subtrama enfadonha, o plot principal não tem o mesmo efeito da HQ. Ela sai do nada e volta para o lugar nenhum. "O melhor filme de super-heróis" como foi eleito pela crítica especializada emula muitos pontos que foram considerados falha em Batman vs. Superman, mas onde foi crítica para Snyder, chovem elogios para os Russo. Vilão descaracterizado, história da HQ distorcida, excesso de subtramas, personagens entram e saem sem mais nem menos, resolução infantilizada, coleção de cenas jogadas. A diferença principal entre os dois filmes - e cabe comparar pois os estúdios não lançaram adaptações dos seus maiores clássicos recentes sem um motivo - é que em Civil War você sorri e no outro dia esquece. O mundo real da HQ, as consequências dos atos dos heróis e o peso do acordo passam longo do filme. No mais, o mundo infantilizado da Marvel, dos socos que não machucam, dos personagens que não morrem, mas que tem lutas muito bem coreografadas e direção competente vale o ingresso.
Tim Miller capta bem a essência do Deadpool dos quadrinhos e, mesmo com um roteiro extremamente simples, entrega um dos filmes baseados em personagens de HQs mais divertidos. Deadpool, desde sua "criação" (ou copia do Deathstroke) pelo contestado Rob Liefeld, sempre foi um personagem controverso. Numa espécie de "ame-o ou deixe-o", o personagem transitou por diferentes arcos de quadrinhos, passando de vilão a anti-herói, de amado a esquecido, mas sempre deixou sua marca. É isso que o filme faz. Deadpool diverte do inicio ao fim. Collosus, até que enfim! é bem representado nas telonas. O elenco de apoio, extremamente bem reduzido, sustenta bem o filme e serve de escada para Reynolds, que surpreendentemente, não decepciona. O filme não tenta ser mais do que propõem, e talvez resida aqui o seu mérito. Não tenta em momento algum trazer reflexões, surpresas, idéias complexas, nem um roteiro cheio de reviravoltas. Deadpool é Deadpool e pronto. Dentro dessa proposta o filme é perfeito e sim, Deadpool deixa sua marca novamente, e agora nas salas de cinema.
Não costumo ler as criticas antes de ir ao cinema. Devido ao meu sentimento de fã da velha guarda de quadrinhos - assim como muitos aqui, cresci lendo Batman, Super, Homem Aranha, X-men - me preparei para o pior no cinema. Já vi arcos clássicos do quadrinhos como a Saga da Fênix Negra, Watchmen, Dias de Um Futuro Esquecido, A Morte de Gwen Stacy serem destruídos na telona enquanto heróis de segundo escalão da Marvel se destacavam (ou vai dizer que alguém lia tudo de Homem de Ferro e Guardiões da Galáxia antes dos filmes?!) Fui com a expectativa baixa, com uma certa tristeza. O filme, no entanto, foi uma das melhores experiências que eu tive em filmes de quadrinhos no cinema. Estava tudo lá. Tínhamos um Batman definitivo - à la Piada Mortal, um Batman que remontava a clássica Cavaleiro das Trevas - um roteiro simples e dinâmico, com suas falhas mas em momento algum deixava de entreter, ótimas cenas de ação, uma introdução ao debate sobre o "ser herói", temos a introdução da Liga e o mais importante, a Trindade em ação!!! O filme, em si, é de encher os olhos. A edição peca um pouco, deixando, em alguns momentos, o espectador um pouco confuso. O tom um pouco acima, um tanto quanto épico, cansa em alguns momento, mas estamos em um filme de Batman vs Superman. Quanto as críticas, saio do cinema sem entende-las. Falar que a conclusão do combate dos heróis é simples significa que a carta no bolso do Phil Coulson (que nem morrer morreu) é extremamente complexa e bem elaborada? No fim, Batman vs Superman vem para quebrar um paradigma. Filme de herói é para criança e hoje a criança que leu Cavaleiros das Trevas a mais de 10 anos gritou alto dentro de mim. Temos um novo jeito de se fazer filmes de herói, sem piadinhas, sem saturação ao extremo, sem comédia pastelão e adaptação arcos pouco conhecidos dos quadrinhos, afinal, temos A TRINDADE em tela!
Realmente fico triste pelos fãs da saga Divergente. Acompanhei, mesmo sem nunca ter tocado nos livros, os dois filmes anteriores no cinema e, mesmo nenhum deles não sendo um primor, me mantinha na expectativa pelo fechamento. Essa expectativa acabou junto com os créditos de Convergente. Ok não ter um roteiro acima da média, os anteriores também não o tinham, mas a impressão é que o filme foi feito na correria, com certo desleixo. Algumas cenas pareciam não estar finalizadas, efeitos especiais entregavam a todo o momento a falsidade da trama, não havia como suspender a realidade quanto o personagem estava claramente em um Chroma Key de tutorial de primeiros passos de Adobe After Effects. Somada a isso as péssimas atuações do elenco principal, o enredo sem sal, as conclusões sem nexo, os erros de edição e contiguidade, as péssimas escolhas de angulação de câmera e um clímax que beirava o ridículo, com certeza, e digo com toda a certeza do mundo, o melhor momento do filme foram os créditos.
Zootopia é um filme universal. Sem mirar em um público alvo, os personagens conquistam desde a criançadas aos mais sérios adultos que foram surpreendidos pela mais nova animação da Disney. Com um enredo simples, Zootopia brinca com o preconceito e, de maneira leve, nos passa uma mensagem importante sem ter que recorrer ao velho recurso da "moral da historia" ou entrar em um didatismo desenfreado. Depois de um 2015 com Divertidamente e O Menino e o Mundo, 2016 começa com muita qualidade e risos. Zootopia, seja você criança, adulto, homem, mulher, gostar ou não de filmes de animação, é um filme a ser visto, e pode ter certeza que no minimo você sairá mais leve da sala de cinema.
Depois de ver O Menino e o Mundo após sua indicação ao Oscar tive uma unica certeza, o maior premiado no Oscar desse ano fui eu, apenas por ter a oportunidade de conhecer o trabalho de Alê Abreu. Desde a animação espetacular até a trilha sonora O Menino e o Mundo é tecnicamente perfeito, mas não é a técnica que se sobressai aqui. A história delicada que te conduz por mais de 90 minutos sem te deixar piscar transita por uma severa critica social sem se afastar do humor e deixar de cativar, se valendo de mínimos detalhes na animação e de personagens bem construídos. Só resta afirmar, com toda sinceridade e satisfação por ter a oportunidade de conhece-lo, que O Menino e o Mundo é uma experiência deliciosa e marcante!
Assistir O Filho de Saul no cinema é uma experiência um tanto quanto impactante. A opção de Nemes pela câmera desfocada mirando Saul - ótima atuação de Rohrig transmitindo toda tensão, dor e falta de esperança do personagem - por quase tempo de tela faz dos cenários e da movimentação dos personagens personagens. Passado essa experiência temos um roteiro simples que gira em torno de dois plots, sendo ambos ancorados pela esperança. Temos a representativa tentativa de Saul enterrar o garoto, uma espécie de simbolo da resistência, e a tentativa de fugir do acampamento. A partir do momento que a trama se desenrola temos momentos que o filme perde ritmo e em partes se torna enfadonho apesar de uma coletânea de imagens chocantes em tela. Por mais que O Filho de Saul traga uma nova experiência a um tema já amplamente explorada, ele talvez tenha falhado por um pecado que não foi bem ele que cometeu. O hype criado em cima do filme é, infelizmente, maior do que a experiência que ele põem em tela.
No momento em que Independence Day encontra Crepúsculo temos a Quinta Onda. Novamente, como nas recentes sagas adolescente adaptadas para o cinema, falo apenas do que vi em tela e, infelizmente, tive uma sensação parecida com as sagas Divergente e Maze Runner. Filmes rasos, com personagens fracos, cenas de ação sem nexo e romance água com açúcar. O que diferencia a Quinta Onda dos romances "pós-apocalípticos" citados é a previsibilidade de tudo em tudo, as cenas de humor forçadas e as caras e bocas dos protagonistas que beiram o cômico, apesar do talento de Moretz,
Quando a franquia Rocky parecia desacreditada o Garanhão Italiano vem e nos surpreende. Creed é um clássico instantâneo do gênero e ouso a coloca-lo lado a lado com o excelente Rocky de 1976. Em um ano de revisitações, Creed se destoa dos demais. Seu sucesso, assim como o de Mad Max, se situa na trama que funciona independente da mitologia estabelecida nos filmes anteriores e coloca o icônico personagem no centro dos holofotes novamente mesmo ele sendo um apoio para a excelente história de Adonis. O drama bem dosado, as cenas de luta em plano sequencia, as homenagens aos filmes clássicos e Rocky mais uma vez demonstrando o motivo de ser um dos personagens mais adorados do cinema, fazem de Creed um dos melhores filmes de 2015. Antes de terminar, uma salva de palmas para Sylvester Stallone. Excelente atuação, dosando muito bem o drama e a comédia. Com certeza um dos favoritos para Melhor Ator Coadjuvante. Para os fãs e não fãs da franquia, Creed é uma obrigação para todos os fãs da sétima arte.
Não tenho como negar que a história de vida de Lili Elbe e Gerda mexa comigo. Após alguns meses de estudos sobre a inclusão dos transgêneros no mercado de trabalho em São Paulo, passando por casos de violência, seja física, seja psicológica, como os casos da menina Laura assassinada na Zona Leste de São Paulo ou da repercussão do caso Veronica Bolina, a história desse filme parece aflorar todos os sentimentos feridos nesses estudos de casos recentes, e que, infelizmente, já estavam presentes na história de Lili. Passado esse primeiro contato com a história de Lili temos apenas um filme raso. Apesar da habilidade de Tom Hooper nos ambientar no inicio do século XX e da estonteante e talentosa Alicia Vikander, que eclipsa todos em cena, o roteiro é pouco inspirado e atrapalha muito a condução da trama levando a uma variação de ritmo que atrapalha em muito momento, deixando muita coisa por dizer. Recomendo conhecerem a história de Lili, talvez não por esse filme.
Sutil e delicado, Carol se destaca pelo duelo em tela entre duas grandes atrizes e pelo excelente trabalho de ambientação e figurino. Por mais que o enredo seja forte e leve ao importante debate que permeia o filme a trama demora um pouco para se desenrolar e ganhar corpo mas esse primeiro momento, assim como o filme todo, compensa pela delicadeza e habilidade do diretor Todd Haynes e da fotografia do filme em se valer dos detalhes e pormenores para conduzir a história. No fim é são as atuações que catapultam o filme. Rooney Mara, apesar da fantástica Cate Blanchett, mais uma vez inspiradíssima, roubar a cena na maioria da pelicular, eclipsa todos em seus momento de tela. Mara é, na minha opinião, grande candidata ao Oscar de atriz coadjuvante.
Brooklyn é cativante e sabe muito bem trabalhar a química entre os protagonistas mas peca por inovar pouco. Saoirse Ronan, Domhnall Glesson, e a surpresa, Emory Cohen, são os grandes destaques do filme. A história, as vezes um pouco amarrada, nos conduz através de uma disputa entre amor e saudade mas que se enrola em alguns momentos. O destaque fica para a construção da protagonista e para o tema da imigração e do sofrimento dos migrantes e de seus familiares, talvez se aprofundasse melhor essa relação do sofrimento envolvido nessas distâncias vividas pela protagonista o filme seria mais relevante, no mais, é um bom divertimento.
Uma aula de direção e fotografia! O Regresso é uma experiência visual incrível. Inarritu nesse filme a história impressionante real de Hugh Glass de forma visceral, acertando desde a opção pelo uso da luz natural, na fotografia, cenário e na escolha do elenco - DiCaprio, Hardy e Gleeson estão ótimos. Depois do verborrágico Birdman, O Regresso é silencioso, desesperador, agoniante e simplesmente deslumbrante. Em poucas palavras Inarritu e DiCaprio entregam trabalhos excepcionais e com certeza são grandes candidatos ao Oscar esse ano.
Assim, acredito eu, como muitos aqui, costumo assistir aos filmes indicados ao Oscar antes da premiação. Ano passado fui surpreendido pelo excelente Whiplash, esse ano foi a vez de O Quarto de Jack. A história do filme poderia facilmente cair para o melodrama. A força de O Quarto de Jack é passar dessa barreira e trazer um debate a mais e transitar com extrema habilidade entre dois "gêneros", dois períodos, com extrema habilidade. O primeiro momento do filme demonstra o horror, o sofrimento, principalmente da personagem de Brie Larson, excelente no papel, e na "infância" de Jack. A partir do momento que a trama se modifica é Jacob Tremblay quem rouba a cena e coloca em debate toda uma questão que envolve a prisão dentro de si, seja da mãe perante a família e a opinião pública, seja do menino frente ao momento de descobrimento da vida, isso tudo dosando a carga dramática e se valendo da habilidade do seu elenco. Excelente filme!
Escrever sobre Tarantino nunca é uma tarefa fácil. Dono de uma impressionante filmografia, ele nos entrega nesse oitavo filme, me arrisco a dizer, um dos melhores dos seus filmes. Oito Odiados é ironicamente delicioso. Desde a trilha sonora, passando pela fotografia, ao roteiro, o filme subverte desde o gênero, o estilo e a história se valendo de metáforas, sejam elas o cenário, como a cabana em si ou a porta como personagem, até aos personagens que são nada mais que alegorias que conduzem uma revisitação histórica dos Estados Unidos. Seja esteticamente, seja no roteiro irônico ou na condução que nos leva entre diferentes gêneros e induz a desconfiar de tudo e todos em tela - destaque para construção dos personagens na cabana e uso da câmera para nos jogar contra ou a favor dos personagens -, Os Oito Odiados entra em um hall até então inquestionável composto por clássico como Pulp Fiction e Cães de Aluguel e por grandes filmes como Bastardos Inglórios ou Kill Bill. Mais um filmaço de Tarantino!
O trunfo de Spotlight é sua simplicidade. Com uma história assustadora nas mãos, Tom McCarthy opta por focar sua câmera na equipe de jornalismo. Dentro de todo o processo são os jornalistas os sujeitos passivos e ativos na história. É a reação dos jornalistas - um elenco fantástico por sinal - que conta, é sua experiência que é sentida e isso, em momento algum, é um demérito do filme, e sim a opção por um ponto de vista que não é propriamente das vitimas. Talvez seja nessa simplicidade que o filme se perde. O ritmo demora para acelerar, se mantem morno por todo tempo de película, e quanto engrena o crédito sobe e ficamos querendo saber mais daquela investigação, daquelas pessoas. No mais, Spotlight é um filme interessantissimo, cadenciado, com ótimas atuações e direção. No arrisco a dizer que é uma das histórias mais interessantes contadas esse ano no cinema! Vale o ingresso..
O Experimento de Aprisionamento de Stanford
3.8 332 Assista AgoraLembro-me de ter conhecido o Experimento de Aprisionamento de Stanford através do livro Efeito Lúcifer, do próprio Philip Zimbardo. Os resultados, um tanto quanto inesperados, eram realmente chocantes e me prenderam a atenção na leitura.
Duas adaptações foram feitas se baseando no experimento conduzido por Zimbardo mas elas não conseguiam manter a fidelidade ao experimento em si e aos efeitos psicológicos sofridos pelos participantes - voluntários e equipe. O Experimento de Aprisionamento de Stanford, do diretor Kyle Patrick Alvarez, consegue acertar onde os anteriores falharam.
É extremamente difícil passar toda a complexidade narrada por Zimbardo no livro para a telona. O experimento tem diversas nuances que não cabem em 120 minutos, mas dentro das limitações impostas, o filme tem o êxito de transmitir, através da direção competente e de atuações excelentes - Ezra Miller e Billy Crudup estão ótimos -, a sensação do que se passara naqueles dias em Stanford.
No fim do crédito tive uma nova experiência sobre a história que tinha conhecido anos antes. Me deu vontade de reler o livro!
Negócio das Arábias
2.9 178 Assista AgoraNegócio das Arábias é um filme sem sal. Por tentar não se definir ou deixar uma história em aberto, você passa 90 minutos tentando entender qual foi a intenção do filme.
O plot fraco é acentuado pelas atuações pouco inspiradas e a direção que fica entre a tentativa de ser inovadora e a preguiça. O ponto positivo fica para a forma que a Arábia Saudita é mostrada e para o personagem Hasan, que serve como um bom alivio cômico.
Esquadrão Suicida
2.8 4,0K Assista AgoraSuicide Squad é uma montanha russa. Nas suas mais de 2h de película somos apresentados a uma colagem de altos e baixos, a quebras de ritmos e um plot twist sem peso dramático. Quer dizer que o filme é ruim? Longe disso!
A não homogeneidade do filme é ressaltado pelas quebras na edição fraca do filme. O plot principal é simples demais e o vilão é ridiculamente fraco - colocaria ele no mesmo hall que os vilões esquecíveis de Homem de Ferro 1, 2 e 3, Thor 2, Guardiões da Galáxia, Civil War e o péssimo vilão de Homem Formiga.
O roteiro pode ser frouxo demais mas os personagens sustentam o filme de uma maneira agradável. Harley Queen - e pode-se dizer Harleen Quinzel - roubam a cena, é impossível não se apegar a personagem tanto nos momentos de ação e nos de maior carga dramática. Vivendo no limiar da loucura, do amor e do ódio, ela é uma das melhores personagens recentes do universo dos quadrinhos no cinema. Killer Croc está muito fiel aos quadrinhos, Rick Flagg, Katana, Bumerangue, e a fria Amanda Waller, apesar do pouco tempo de tela estão ótimos, enquanto Cara Delavigne e Will Smith - sendo o Will Smith de sempre - não impressionam.
Joker tem pouco tempo de tela, não que isso atrapalhe o filme. Sua participação mexe diretamente com o plot da Harley Queen, e serve como uma introdução do personagem ao universo DC no cinema, e,convenhamos, temos o Joker mais fiel aos quadrinhos apresentado no cinema, inclusive com diferentes fan services espetaculares. Assemelha-se a participação do Homem Aranha em Civil War.
De forma geral, o filme é um pouco preguiçoso. A solução final é simples demais, o vilão é mais do mesmo e previsível, a relação dos personagens - exceto nas cenas de luta - é mal explicada, o roteiro parece ter medo de arriscar e a edição e direção são abaixo da média mas as excelentes personificações de Harley Queen, Killer Croc, Rick Flagg, Deadshot e Amanda Waller, além da ótima introdução do Joker - com diversas referências aos quadrinhos - e as participações dos membros da Justice League no filme valem o ingresso e divertem muito!
Temos aqui uma aventura do Esquadrão filmada. É uma história em quadrinhos em tela. E isso é um elogio.
Procurando Dory
4.0 1,8K Assista AgoraProcurando Dory é formulaico e isso não é nenhum demérito. Apresentar um filme para crianças ao mesmo tempo que agrada as "crianças grandes" que no alto dos seus 10 ou 15 anos viram Procurando Nemo é uma tarefa o tanto quanto ingrata.
A repetição da formula funciona bem. Dory é uma personagem carismática, assim como o canastrão Hank, e tem um plot emotivo bem construído e com uma mensagem tocante mas infelizmente o filme falha em não tentar trazer nada novo.
Você sabe qual será o trajeto da personagem - ela sai atras da sua "casa" e depois quer voltar pra sua "verdadeira casa" - assim como fora em Nemo, mas não seria um erro tentar inovar, trazer coisas novas. No mais, é um filme legal com uma mensagem bonita que não te arranca risadas mas faz você sair com um sorrisinho no rosto.
Ps. O curta inicial é excelente.
Olhos da Justiça
3.2 449 Assista AgoraRecentemente vi a versão americana de Old Boy. Ao apagar das luzes o amargor na minha boca pedia a pergunta: Pra que um remake? O filme sul coreano está longe de ser datado, sendo suas cenas de ação emuladas em diversos blockbusters.
Me recomendaram Olhos da Justiça. Quando soube ser o remake de um dos maiores suspenses recentes, e um dos meus suspenses preferidos, relutei. Protelei. Infelizmente, a pergunta volta. Pra que?
O filme copia o plot do argentino Segredo dos Seus Olhos. O personagem Sandova se divide entre Julia Roberts e Dean Norris, assim como o personagem Ricardo Morales que tem diversas passagens e falas reproduzidas pela atriz. A cena icônica da perseguição está na película, assim como a do interrogatório, elevador. É uma cópia fiel? Não, a mão pesada do diretor e os flashbacks, que no filme de Campanella brincando entre a leveza e sofrimento, acabam puxando o filme como um bloco de concreto uma fina camada de gelo.
Olhos da Justiça é tão certeiro quanto escalar Michael Bay para refilmar um filme do Malick. Se agarra o plot e as frases de efeito, se esquece da leveza e habilidade na condução do original. Uma pena.
Fargo: Uma Comédia de Erros
3.9 920 Assista AgoraOs irmãos Coen entregam uma miscelânea de esteriótipos americanos amarrados dentro de uma história de suspense com toques de comédia estilizada. Tinha tudo para dar errado. Mas não, no apagar das luzes, é um bom filme.
Não que Fargo seja algo novo. Ele emula muito das comédias oitentistas, com pitadas picantes de humor constrangedor, mas joga contra a expectativa do espectador ávido por uma comédia ao narrar com graus de violência e crueldade um crime real.
No mais é uma trama envolvente. Faz esperar pelo fim da história. Gera curiosidade e diverte, coisas que os Coen sabem fazer como poucos.
Pulp Fiction: Tempo de Violência
4.4 3,7K Assista AgoraMuito se fala que os grandes diretores deixam sua marca própria no cinema. Tarantino, desde Cães de Aluguel, mostra ser grande mas em Pulp Fiction ele faz mais. Deixa sua assinatura do que estava por vir. Um dos maiores diretores e roteiristas do seu tempo.
Pulp Fiction inova sem tentar ser revolucionário. A narrativa cortada, a organicidade dos flashbacks e flashforwads, que se compõe de forma ágil no filme, fazem de uma história que poderia ser comum, uma experiência única.
Inesperado, violento, habilidoso e um tanto quanto despretensioso, o segundo filme dirigido por Tarantino é um marco do cinema e deixa com gosto de quero mais ao subir dos créditos! Recomendo.
Mogli: O Menino Lobo
3.8 1,0K Assista AgoraGraficamente impressionante, Mogli é diversão garantida. O filme tem a habilidade de te cativar nas primeiras cenas, depois é só relaxar e deixar a história te levar.
A atuação do protagonista é impecável, o trabalho de voz dos dubladores não fica por menos. Mas não é só a técnica que se destaca. A histórica, despretensiosa, mexe com o espectador e traz um bela mensagem.
Ótimo filme! Disney novamente fazendo um bom trabalho com refilmagens.
Capitão América: Guerra Civil
3.9 2,4K Assista AgoraUma das melhores HQs da última década. Milhões de dólares. Um elenco estelar. Efeitos especiais de primeira linha. Um filme OK.
A subtrama que se desenrola por trás do plot principal é fraca e mau resolvida. Zemo, personagem que leva apenas o nome do icônico vilão Barão Zemo, conduz uma linha enrolada de história que poderia ter se resolvido em 5 minutos. No final de tanto esforço, você acha centenas de conclusões mais simples para atingir o mesmo efeito.
Tirando o vilão fraco e sua subtrama enfadonha, o plot principal não tem o mesmo efeito da HQ. Ela sai do nada e volta para o lugar nenhum.
"O melhor filme de super-heróis" como foi eleito pela crítica especializada emula muitos pontos que foram considerados falha em Batman vs. Superman, mas onde foi crítica para Snyder, chovem elogios para os Russo.
Vilão descaracterizado, história da HQ distorcida, excesso de subtramas, personagens entram e saem sem mais nem menos, resolução infantilizada, coleção de cenas jogadas. A diferença principal entre os dois filmes - e cabe comparar pois os estúdios não lançaram adaptações dos seus maiores clássicos recentes sem um motivo - é que em Civil War você sorri e no outro dia esquece. O mundo real da HQ, as consequências dos atos dos heróis e o peso do acordo passam longo do filme.
No mais, o mundo infantilizado da Marvel, dos socos que não machucam, dos personagens que não morrem, mas que tem lutas muito bem coreografadas e direção competente vale o ingresso.
Deadpool
4.0 3,0K Assista AgoraTim Miller capta bem a essência do Deadpool dos quadrinhos e, mesmo com um roteiro extremamente simples, entrega um dos filmes baseados em personagens de HQs mais divertidos.
Deadpool, desde sua "criação" (ou copia do Deathstroke) pelo contestado Rob Liefeld, sempre foi um personagem controverso. Numa espécie de "ame-o ou deixe-o", o personagem transitou por diferentes arcos de quadrinhos, passando de vilão a anti-herói, de amado a esquecido, mas sempre deixou sua marca. É isso que o filme faz. Deadpool diverte do inicio ao fim.
Collosus, até que enfim! é bem representado nas telonas. O elenco de apoio, extremamente bem reduzido, sustenta bem o filme e serve de escada para Reynolds, que surpreendentemente, não decepciona.
O filme não tenta ser mais do que propõem, e talvez resida aqui o seu mérito. Não tenta em momento algum trazer reflexões, surpresas, idéias complexas, nem um roteiro cheio de reviravoltas. Deadpool é Deadpool e pronto.
Dentro dessa proposta o filme é perfeito e sim, Deadpool deixa sua marca novamente, e agora nas salas de cinema.
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista AgoraNão costumo ler as criticas antes de ir ao cinema. Devido ao meu sentimento de fã da velha guarda de quadrinhos - assim como muitos aqui, cresci lendo Batman, Super, Homem Aranha, X-men - me preparei para o pior no cinema. Já vi arcos clássicos do quadrinhos como a Saga da Fênix Negra, Watchmen, Dias de Um Futuro Esquecido, A Morte de Gwen Stacy serem destruídos na telona enquanto heróis de segundo escalão da Marvel se destacavam (ou vai dizer que alguém lia tudo de Homem de Ferro e Guardiões da Galáxia antes dos filmes?!)
Fui com a expectativa baixa, com uma certa tristeza. O filme, no entanto, foi uma das melhores experiências que eu tive em filmes de quadrinhos no cinema.
Estava tudo lá. Tínhamos um Batman definitivo - à la Piada Mortal, um Batman que remontava a clássica Cavaleiro das Trevas - um roteiro simples e dinâmico, com suas falhas mas em momento algum deixava de entreter, ótimas cenas de ação, uma introdução ao debate sobre o "ser herói", temos a introdução da Liga e o mais importante, a Trindade em ação!!!
O filme, em si, é de encher os olhos. A edição peca um pouco, deixando, em alguns momentos, o espectador um pouco confuso. O tom um pouco acima, um tanto quanto épico, cansa em alguns momento, mas estamos em um filme de Batman vs Superman.
Quanto as críticas, saio do cinema sem entende-las. Falar que a conclusão do combate dos heróis é simples significa que a carta no bolso do Phil Coulson (que nem morrer morreu) é extremamente complexa e bem elaborada?
No fim, Batman vs Superman vem para quebrar um paradigma. Filme de herói é para criança e hoje a criança que leu Cavaleiros das Trevas a mais de 10 anos gritou alto dentro de mim. Temos um novo jeito de se fazer filmes de herói, sem piadinhas, sem saturação ao extremo, sem comédia pastelão e adaptação arcos pouco conhecidos dos quadrinhos, afinal, temos A TRINDADE em tela!
A Série Divergente: Convergente
2.8 599 Assista AgoraRealmente fico triste pelos fãs da saga Divergente. Acompanhei, mesmo sem nunca ter tocado nos livros, os dois filmes anteriores no cinema e, mesmo nenhum deles não sendo um primor, me mantinha na expectativa pelo fechamento. Essa expectativa acabou junto com os créditos de Convergente.
Ok não ter um roteiro acima da média, os anteriores também não o tinham, mas a impressão é que o filme foi feito na correria, com certo desleixo.
Algumas cenas pareciam não estar finalizadas, efeitos especiais entregavam a todo o momento a falsidade da trama, não havia como suspender a realidade quanto o personagem estava claramente em um Chroma Key de tutorial de primeiros passos de Adobe After Effects.
Somada a isso as péssimas atuações do elenco principal, o enredo sem sal, as conclusões sem nexo, os erros de edição e contiguidade, as péssimas escolhas de angulação de câmera e um clímax que beirava o ridículo, com certeza, e digo com toda a certeza do mundo, o melhor momento do filme foram os créditos.
Zootopia: Essa Cidade é o Bicho
4.2 1,5K Assista AgoraZootopia é um filme universal. Sem mirar em um público alvo, os personagens conquistam desde a criançadas aos mais sérios adultos que foram surpreendidos pela mais nova animação da Disney.
Com um enredo simples, Zootopia brinca com o preconceito e, de maneira leve, nos passa uma mensagem importante sem ter que recorrer ao velho recurso da "moral da historia" ou entrar em um didatismo desenfreado.
Depois de um 2015 com Divertidamente e O Menino e o Mundo, 2016 começa com muita qualidade e risos. Zootopia, seja você criança, adulto, homem, mulher, gostar ou não de filmes de animação, é um filme a ser visto, e pode ter certeza que no minimo você sairá mais leve da sala de cinema.
O Menino e o Mundo
4.3 735 Assista AgoraDepois de ver O Menino e o Mundo após sua indicação ao Oscar tive uma unica certeza, o maior premiado no Oscar desse ano fui eu, apenas por ter a oportunidade de conhecer o trabalho de Alê Abreu.
Desde a animação espetacular até a trilha sonora O Menino e o Mundo é tecnicamente perfeito, mas não é a técnica que se sobressai aqui. A história delicada que te conduz por mais de 90 minutos sem te deixar piscar transita por uma severa critica social sem se afastar do humor e deixar de cativar, se valendo de mínimos detalhes na animação e de personagens bem construídos.
Só resta afirmar, com toda sinceridade e satisfação por ter a oportunidade de conhece-lo, que O Menino e o Mundo é uma experiência deliciosa e marcante!
O Filho de Saul
3.7 254 Assista AgoraAssistir O Filho de Saul no cinema é uma experiência um tanto quanto impactante. A opção de Nemes pela câmera desfocada mirando Saul - ótima atuação de Rohrig transmitindo toda tensão, dor e falta de esperança do personagem - por quase tempo de tela faz dos cenários e da movimentação dos personagens personagens.
Passado essa experiência temos um roteiro simples que gira em torno de dois plots, sendo ambos ancorados pela esperança. Temos a representativa tentativa de Saul enterrar o garoto, uma espécie de simbolo da resistência, e a tentativa de fugir do acampamento. A partir do momento que a trama se desenrola temos momentos que o filme perde ritmo e em partes se torna enfadonho apesar de uma coletânea de imagens chocantes em tela.
Por mais que O Filho de Saul traga uma nova experiência a um tema já amplamente explorada, ele talvez tenha falhado por um pecado que não foi bem ele que cometeu. O hype criado em cima do filme é, infelizmente, maior do que a experiência que ele põem em tela.
A 5ª Onda
2.6 1,4K Assista AgoraNo momento em que Independence Day encontra Crepúsculo temos a Quinta Onda. Novamente, como nas recentes sagas adolescente adaptadas para o cinema, falo apenas do que vi em tela e, infelizmente, tive uma sensação parecida com as sagas Divergente e Maze Runner. Filmes rasos, com personagens fracos, cenas de ação sem nexo e romance água com açúcar.
O que diferencia a Quinta Onda dos romances "pós-apocalípticos" citados é a previsibilidade de tudo em tudo, as cenas de humor forçadas e as caras e bocas dos protagonistas que beiram o cômico, apesar do talento de Moretz,
Creed: Nascido para Lutar
4.0 1,1K Assista AgoraQuando a franquia Rocky parecia desacreditada o Garanhão Italiano vem e nos surpreende. Creed é um clássico instantâneo do gênero e ouso a coloca-lo lado a lado com o excelente Rocky de 1976.
Em um ano de revisitações, Creed se destoa dos demais. Seu sucesso, assim como o de Mad Max, se situa na trama que funciona independente da mitologia estabelecida nos filmes anteriores e coloca o icônico personagem no centro dos holofotes novamente mesmo ele sendo um apoio para a excelente história de Adonis.
O drama bem dosado, as cenas de luta em plano sequencia, as homenagens aos filmes clássicos e Rocky mais uma vez demonstrando o motivo de ser um dos personagens mais adorados do cinema, fazem de Creed um dos melhores filmes de 2015.
Antes de terminar, uma salva de palmas para Sylvester Stallone. Excelente atuação, dosando muito bem o drama e a comédia. Com certeza um dos favoritos para Melhor Ator Coadjuvante.
Para os fãs e não fãs da franquia, Creed é uma obrigação para todos os fãs da sétima arte.
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista AgoraNão tenho como negar que a história de vida de Lili Elbe e Gerda mexa comigo. Após alguns meses de estudos sobre a inclusão dos transgêneros no mercado de trabalho em São Paulo, passando por casos de violência, seja física, seja psicológica, como os casos da menina Laura assassinada na Zona Leste de São Paulo ou da repercussão do caso Veronica Bolina, a história desse filme parece aflorar todos os sentimentos feridos nesses estudos de casos recentes, e que, infelizmente, já estavam presentes na história de Lili.
Passado esse primeiro contato com a história de Lili temos apenas um filme raso. Apesar da habilidade de Tom Hooper nos ambientar no inicio do século XX e da estonteante e talentosa Alicia Vikander, que eclipsa todos em cena, o roteiro é pouco inspirado e atrapalha muito a condução da trama levando a uma variação de ritmo que atrapalha em muito momento, deixando muita coisa por dizer.
Recomendo conhecerem a história de Lili, talvez não por esse filme.
Carol
3.9 1,5K Assista AgoraSutil e delicado, Carol se destaca pelo duelo em tela entre duas grandes atrizes e pelo excelente trabalho de ambientação e figurino. Por mais que o enredo seja forte e leve ao importante debate que permeia o filme a trama demora um pouco para se desenrolar e ganhar corpo mas esse primeiro momento, assim como o filme todo, compensa pela delicadeza e habilidade do diretor Todd Haynes e da fotografia do filme em se valer dos detalhes e pormenores para conduzir a história.
No fim é são as atuações que catapultam o filme. Rooney Mara, apesar da fantástica Cate Blanchett, mais uma vez inspiradíssima, roubar a cena na maioria da pelicular, eclipsa todos em seus momento de tela. Mara é, na minha opinião, grande candidata ao Oscar de atriz coadjuvante.
Brooklin
3.8 1,1KBrooklyn é cativante e sabe muito bem trabalhar a química entre os protagonistas mas peca por inovar pouco.
Saoirse Ronan, Domhnall Glesson, e a surpresa, Emory Cohen, são os grandes destaques do filme. A história, as vezes um pouco amarrada, nos conduz através de uma disputa entre amor e saudade mas que se enrola em alguns momentos. O destaque fica para a construção da protagonista e para o tema da imigração e do sofrimento dos migrantes e de seus familiares, talvez se aprofundasse melhor essa relação do sofrimento envolvido nessas distâncias vividas pela protagonista o filme seria mais relevante, no mais, é um bom divertimento.
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraUma aula de direção e fotografia! O Regresso é uma experiência visual incrível. Inarritu nesse filme a história impressionante real de Hugh Glass de forma visceral, acertando desde a opção pelo uso da luz natural, na fotografia, cenário e na escolha do elenco - DiCaprio, Hardy e Gleeson estão ótimos.
Depois do verborrágico Birdman, O Regresso é silencioso, desesperador, agoniante e simplesmente deslumbrante. Em poucas palavras Inarritu e DiCaprio entregam trabalhos excepcionais e com certeza são grandes candidatos ao Oscar esse ano.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraAssim, acredito eu, como muitos aqui, costumo assistir aos filmes indicados ao Oscar antes da premiação. Ano passado fui surpreendido pelo excelente Whiplash, esse ano foi a vez de O Quarto de Jack.
A história do filme poderia facilmente cair para o melodrama. A força de O Quarto de Jack é passar dessa barreira e trazer um debate a mais e transitar com extrema habilidade entre dois "gêneros", dois períodos, com extrema habilidade.
O primeiro momento do filme demonstra o horror, o sofrimento, principalmente da personagem de Brie Larson, excelente no papel, e na "infância" de Jack. A partir do momento que a trama se modifica é Jacob Tremblay quem rouba a cena e coloca em debate toda uma questão que envolve a prisão dentro de si, seja da mãe perante a família e a opinião pública, seja do menino frente ao momento de descobrimento da vida, isso tudo dosando a carga dramática e se valendo da habilidade do seu elenco.
Excelente filme!
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraEscrever sobre Tarantino nunca é uma tarefa fácil. Dono de uma impressionante filmografia, ele nos entrega nesse oitavo filme, me arrisco a dizer, um dos melhores dos seus filmes.
Oito Odiados é ironicamente delicioso. Desde a trilha sonora, passando pela fotografia, ao roteiro, o filme subverte desde o gênero, o estilo e a história se valendo de metáforas, sejam elas o cenário, como a cabana em si ou a porta como personagem, até aos personagens que são nada mais que alegorias que conduzem uma revisitação histórica dos Estados Unidos.
Seja esteticamente, seja no roteiro irônico ou na condução que nos leva entre diferentes gêneros e induz a desconfiar de tudo e todos em tela - destaque para construção dos personagens na cabana e uso da câmera para nos jogar contra ou a favor dos personagens -, Os Oito Odiados entra em um hall até então inquestionável composto por clássico como Pulp Fiction e Cães de Aluguel e por grandes filmes como Bastardos Inglórios ou Kill Bill.
Mais um filmaço de Tarantino!
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraO trunfo de Spotlight é sua simplicidade. Com uma história assustadora nas mãos, Tom McCarthy opta por focar sua câmera na equipe de jornalismo. Dentro de todo o processo são os jornalistas os sujeitos passivos e ativos na história. É a reação dos jornalistas - um elenco fantástico por sinal - que conta, é sua experiência que é sentida e isso, em momento algum, é um demérito do filme, e sim a opção por um ponto de vista que não é propriamente das vitimas.
Talvez seja nessa simplicidade que o filme se perde. O ritmo demora para acelerar, se mantem morno por todo tempo de película, e quanto engrena o crédito sobe e ficamos querendo saber mais daquela investigação, daquelas pessoas.
No mais, Spotlight é um filme interessantissimo, cadenciado, com ótimas atuações e direção. No arrisco a dizer que é uma das histórias mais interessantes contadas esse ano no cinema! Vale o ingresso..