Eu sinto que esse poderia ser o último filme do Iwai. Felizmente não é, mas poderia. É como se um círculo tivesse se fechado, seu primeiro grande sucesso sendo Love Letter e agora, 23 anos depois, ele entregando Last Letter (não preciso entender chinês para saber que não condiz com o título original, 'Ni hao, Zhihua'). Outro drama epistolar que em certos aspectos se recicla do antecessor, — ambos rimam em vários sentidos, — mas ao mesmo tempo se reinventa e se atualiza a um mundo completamente diferente. Tem um quê de Rip Van Winkle no Hanayome ao refletir sobre interações modernas e/ou tecnologia, mas isso é posto em segundo plano para focar no que realmente importa: as cartas, escritas a mão. Em Ni hao, Zhihua, assim como em Love Letter, a carta serve como retentora da memória, dos acertos e erros no caminho, sendo uma ponte entre passado e presente. Ao mesmo tempo, expandido a idea do filme de 1995, elas servem como um elo entre três gerações e períodos distintos da vida: a adolescência, a vida adulta e a terceira idade.
"Vai haver momentos na vida que serão difíceis e dolorosos. Em tempos assim, eu acredito que nos lembraremos desse lugar. O lugar em que nossos sonhos ainda não conheciam limites."
Sinto que tem algo de self insertion do próprio Iwai no Yin Chuan. Entendo que, para alguns, a última carta pode soar melodramática. Para mim, fez bem.
Desconexão entre natureza e cultura. Apresentar a natureza como bela e extraordinária, ao mesmo tempo que expõe o ser humano como predatório e cruel, é fácil. E é inteiramente verdade. Mas o ponto forte de Iya Monogatari, além da bela cinematografia, é não se prender a essa mensagem incontestável e óbvia. A natureza pura tenta constantemente matar o ser humano, e é a cultura que o impede de congelar ou morrer de fome; e numa sociedade moderna a questão natureza vs. cultura clama pelo equilíbrio e uma busca pelo reconectar. O filme não diz, mas a mensagem fica.
Merecia menos "Quer Ver" e mais "Já Viu". Tem uma quebra de ritmo no meio que incomoda, mas não compromete.
"A questão é, quem tomará essa decisão? Nós, os nativos? Ou vocês, estrangeiros?
Ou vamos perguntar aos macacos?"
Uma curiosidade sobre o filme: A senhora que fazia os bonecos é baseada numa pessoa real: "Quando a artista japonesa Tsukimi Ayano voltou para a pequena vila onde nasceu (Nagoro, no Vale Iya), ela descobriu que muitos de seus vizinhos estavam se mudando para cidades maiores e os que ficavam geralmente não demoravam muito a partir. Diante da lenta morte da vila que ela tanto amava, Ayano teve uma epifania depois de criar um espantalho de jardim (ou kakashi) que deveria parecer com seu falecido pai: por que parar aí? Ayano começou a criar outras bonecas em tamanho real modeladas em antigos habitantes locais, colocando-as em toda a vila em vários locais onde suas contrapartes humanas morriam ou se afastavam."
Refletindo sobre o filme para escrever esse comentário de como havia me gerado sentimentos conflitantes, percebi que ele era melhor do que eu havia primeiro sentido.
É um filme de sequências fluídas, uma série de momentos naturais com uma cena sempre levando perfeitamente a outra, preenchidos de gestos e idiossincrasias. March Comes in Like a Lion é um conto de fadas urbano. Ice é Alice, o País das Maravilhas são os subúrbios de Tokyo. Ela vive num mundo surreal com coelhos falantes e picolés, e na sua fantasia o amor tem data de validade e é um tabu intransponível. A imagem é fundamental, tanto as das memórias de Haruo quanto das polaroids espalhadas pelo filme. Assim como nas simbologias com caixas térmicas, bolas de demolição e espelhos partidos.
Seria uma simples história de amor distorcida, não fosse o incesto. O tema tabu, apesar de provocante e do final que foge ao óbvio, nunca é posto de forma fetichista. Chego a conclusão de que meus sentimentos continuam conflitantes, mas qualquer filme que consiga alcançar o nível de ambivalência em ser tão confortável e tão desconfortável de se assistir, é certamente um pedaço de cinema a ser notado.
Tal qual foi minha decepção ao pesquisar sobre a protagonista e ver que ela não atua desde 2001.
Não é um filme perfeito mas era muito difícil eu, de alguma forma, não me conectar com o personagem principal. De colocar a touca e encarar a cerração pela manhã indo para aula no "cu do mundo", os campos brancos cobertos de neblina, as festas dos alemães colonos e o sotaque do interior gaúcho. Essa vontade de escapar, e ao mesmo tempo sentir que nunca quer sair dali. É uma pena encontrar tão pouco do Rio Grande do Sul no cinema nacional.
Sobre as lacunas que o filme deixa, cabe a nós completar.
A ponte era o limiar entre aquela cidade "na colônia" e o mundo lá fora. Entre o aqui e o lá. A única forma de escape. Ele podia fugir pro mundo lá fora, ir ao show do Bob Dylan, mas como o próprio amigo coloca, isso seria uma loucura. Ou ele podia pular da ponte, como tantos outros fizeram, e se livrar de tudo.
Quando ele e o Julian atravessam a ponte de carro, onde tantos se suicidaram, duas rádios se cruzam numa interferência: primeiro a típica música alemã, a cidade pequena, a colônia, uma música que ele não compreendia e não se conectava. Do outro lado, 'Girl Called Itch', do Nelo Johann, em inglês, na língua universal, o mundo grande lá fora além da ponte, desconhecido, mas familiar para alguém que vivia na internet.
Ao final, será que ele pulou? Ou será que ele foi ver o Bob Dylan?
Pretendo ler o livro, e eventualmente voltar a esse filme.
Me deixou com duas vontades: Que o Iwai se aventure novamente nos animes slice of life no futuro. E que o Iwai faça uma terceira parte com a Anne Suzuki e a Yu Aoi na vida adulta.
Que filme gostoso de se assistir, um lado diferente da filmografia do Iwai, mais voltado ao humor mas sem perder o sentimento; — esse que não tem nada de melancólico aqui, carregado de candura.
Me pergunto quantos filmes incríveis não existem por aí dos quais eu nunca ouvi falar, ou que sequer são possíveis de se encontrar na internet.
Swallowtail Butterfly flerta com o exploitation e consegue falar sobre imigração, multiculturalismo, ganância, crime, juventude perdida, amadurecimento... Tudo isso sempre colocando os personagens no centro. Essencialmente, ainda é um drama como todos os filmes dele, — o roteiro obedece às vontades e ações dos personagens, e o próprio Iwai parece só assistir, como nós. Não tem a mesma profundidade de Lily Chou-Chou, ou a sensibilidade de Picnic e Love Letter, mas é algo diferente de qualquer coisa que eu já tenha visto. Acho que é justamente as pequenas imperfeições de Swallowtail Butterfly que me atrairam tanto, além da Chara cantando Frank Sinatra.
"You're still a kid, so you get a caterpillar. 'Ageha'"
Nunca vi tantos closes em pés descalços (e, por vezes, sujos) como nesse filme. Tarantino não tá fazendo questão nenhuma mais de disfarçar seus fetiches.
E mais uma franquia querida é revivida me forçando a fingir que isso nunca aconteceu... Filme sem vida e/ou conclusão, personagens em excesso e sem propósitos ou arcos dramáticos (o que fizeram com a Queenie, meu Deus?) e um show pirotécnico que banaliza a magia ainda mais que o (bom) filme anterior, sem uma batalha final que ao menos entretenha ou recompense o tempo perdido. Não esquecer o exagero de fanservice barato e mal-colocado, algumas soluções fáceis para problemas que o próprio roteiro se impõe e adicione na mistura um final completamente anticlímax.
A cereja no bolo é a revelação final que, 1. é um furo cronológico no universo da franquia ou 2. é uma revelação falsa que torna o filme ainda mais desnecessário e anticlimático.
Me incomodou no início do filme já ter colocado o Grindelwald indiretamente executando um bebê, além de macabro era uma forma maniqueísta de vilanizar seu antagonista e não se permitir um caminho mais cinza e ousado, mas... Ninguém mais achou extremamente mórbido o Lestrange usar a maldição Imperius para sequestrar e estuprar uma mulher?????????? Caramba, a classificação é 12 anos e HP é um universo criado para as crianças. Sinceramente, a única coisa que eu consegui gostar desse filme foi o Jude Law como Dumbledore, e mesmo ele mal apareceu.
Eu espero estar errado, espero que esse tenha sido só um tombo feio mas que a franquia volte a se levantar já no próximo, mas não consigo ver isso se sustentando por mais três filmes. Tenho a sensação que pecaram em não fazer apenas dois: Animais Fantásticos e um que cobrisse a batalha final do Alvo com o Grindelwald.
Tem pelo menos duas cenas em que qualquer um com coração vai sentir, no mínimo, os olhos embaçarem. Apesar de ter amado, não indicaria para ninguém sem alertar a montanha-russa de sentimentos conflituosos que esse filme é.
Você vai se sentir angustiado e odiar a nossa espécie do início ao fim, mas, se aguentar a experiência, talvez saia com um fio de esperança e a vontade de ser o melhor ser humano que puder.
Acho que o único outro filme que me fez pensar minha posição como telespectador de maneira semelhante foi Dogville. Funny Games é tão subversivo (e genial) quanto.
Tenho sentimentos conflitantes. Quando pequeno eu amava, depois de rever achei dos piores, e agora revendo outra vez (após ler o livro) achei bastante decente como adaptação.
Se perdeu muito de uma trama incrível e bem mais complexa sobre o Bartô Crouch Jr., que eu acho fantástica, além de o filme ter alguns aspectos bem estranhos (Daniel Radcliffe teve provavelmente sua pior atuação como Harry, e o Dumbledore passou o filme inteiro cheirando cola). Gostaria de ter visto mais do Cedrico e do Krum, do Snuffles, Dobby e Winky, das inseguranças do Harry e do Rony, dele treinando para as tarefas... mas aí já são problemas de tempo para adaptar. Apesar dos cortes de algumas tramas, eu achei que o roteiro fez um trabalho bastante satisfatório para adaptar tudo de fundamental sobre o livro dentro de um longa: o Torneio Tribuxo e o Renascimento do Voldemort. Brendan Gleeson e principalmente Ralph Fiennes deram um show à parte, Fiennes rouba o clímax do filme e incorpora um dos vilões mais memoráveis da história.
Era meu filme favorito da saga e agora revi após ler o livro. Eu sempre tive, por algum motivo, a impressão de que esse era o mais fiel, mas tava bem enganado.
Em alguns pontos, o filme acabou ficando inevitavelmente bastante corrido, em outros eu acho que é até mesmo superior ao próprio livro. Esteticamente e no quesito direção esse é disparado o melhor da saga, é visível o cuidado extremo da primeira cena até o final dos créditos, até mesmo com o menor dos detalhes (Newt no Mapa dos Marotos!). Cuáron deu vida a Hogwarts, que já era bela nos filmes anteriores, de uma forma ainda mais mágica.
Mas foi também, nesse filme, que se passou a sofrer pelo tempo para contar a história. Várias informações foram omitidas
Toda aquela parte do Encontro na Casa dos Gritos podia ter revelado muito mais do que se revelou: o passado dos Marotos e Lilly, a relação com o Snape e a peça que o Sirius pregou nele, o fato deles todos terem virado animagos pelo Lupin, como Sirius fugiu de Azkaban e como encontrou o Pettigrew, o que exatamente aconteceu 12 anos atrás, o porquê do Patrono do Harry ser um Cervo, e o mais importante QUEM ERAM ALUADO, RABICHO, ALMOFADINHAS E PONTAS. Eu não consigo acreditar que eles não tenham deixado claro para o Harry isso e o quanto valorizavam a amizade com o pai dele.
Alguns cortes eu até compreendo: - O conflito Rony x Hermione por causa do Rabicho e do Bichano foi quase completamente cortado do filme, na verdade a aproximação deles é oposta a isso; - Por mais que eu gostaria de ver muito mais de Hogsmeade entendo também que não havia tempo; - O desespero da Hermione por ter pegado tantas disciplinas; - Os ataques e investidas do Sirius à Hogwarts que deixavam ele muito mais suspeito; - Todo o plot do Bicuço é muito mais resumido no filme, o que não acho que afete em nada; - Mas o que mais me doeu foi terem tido que cortar a Grifinória ganhando a Taça de Quadribol depois de anos (No último ano do Olívio!).
O filme porém se adaptou bem aos cortes, o roteiro é sólido apesar de em vários momentos apelar para a compreensão dos espectadores de fatos que nem ele mesmo explica muito bem. A passagem de tempo acaba um pouco prejudicada (e mesmo assim Cuáron faz questão de mostrar frames do Salgueiro em diferentes estações, tamanho o cuidado para evitar isso) e o grande problema, que é a forma corrida que a maioria dos acontecimentos passa, acabou dando um bom tempo para o clímax do filme, que é sensacional. David Thewlis e Gary Oldman personificaram com perfeição meus dois personagens favoritos, Remo Lupin e Sirius Black, e apesar de todos os cortes que acrescentariam e MUITO na história daqueles 4, eles entregaram toda a carga dramática das vidas despedaçadas dos Marotos. ("I did my waiting... 12 years of it... In Azkaban!" é para mim uma das cenas mais emblemáticas da franquia)
Além da explicação sobre os Marotos ao Harry, outra coisa que eu não compreendo o corte era a simples menção a situação do Fiel do Segredo de seus pais. Seria muito simples e rápido de se explicar e acrescentaria MUITO a um personagem tão complexo como o Sirius, que se culpa pelas mortes do Tiago e da Lílian a 12 anos. O filme também ameniza e muito o personagem do Snape, ele mostra um lado muito mais desequilibrado e descontrolado nos livros (E por essas e outras que não compreendo a idolatração à ele no final, Albus Remus Potter sim seria um nome justo a se dar). Especialmente em relação a Mione, ele tem atitudes muito duvidosas e até mesmo abusivas, que não chegaram ao filme.
Por fim, aquilo que o filme melhorou em relação aos livros, a situação do Vira-Tempo:
Eu gostei da forma indireta que eles afetam os acontecimentos, no livro eu fiquei com a impressão de que tudo tinha acontecido sem eles estarem lá da primeira vez, o que não fazia sentido com o Harry se vendo na outra margem do lago. Eu notei que algumas pessoas compreenderam mal, mas o Bicuço nunca realmente morreu no filme, da pra ver o Albus voltando para dentro para beber algo com o Hagrid e o que o trio vê é o Carrasco cortando uma abóbora. O filme amarrou bem todas as partes da viagem no tempo, eles atirando a pedra na janela, a Mione pisando no galho e uivando, e finalmente o Harry conjurando o Patrono para salvar a ele mesmo e o seu padrinho. Eu posso estar enganado, mas não lembro do livro deixar claro o que aconteceu e se os eus-futuros do Harry e da Mione já tinham salvado o Bicuço (Como o filme mostra na cena do Carrasco cortando a abóbora em dois ângulos diferentes, deixando claro que eles já tinham alterado aquilo e o tempo é um loop fechado).
Enfim, eu nem sei exatamente o que pensar sobre o Prisoneiro de Azkaban agora, mas ele certamente ainda tem um grande valor nostálgico para mim, Hogsmeade, as aulas do professor Lupin com o bicho-papão, o coral do professor Flitwick, o voo do Harry no hipogrifo, Sirius Black... o roteiro em alguns momentos pode ter se enrolado um pouco, mas tem os ingredientes suficientes para continuar memorável.
Enquanto os dois filmes anteriores miravam no épico e acertavam no cafona, este aqui mirou no cafona e conseguiu ser muito mais épico que os outros dois juntos.
Adorei a estética, o visual e a trilha de Sakaar, seria ótimo um filme só lá.
O primeiro eu entendo, mas a nota desse aqui é muito injusta. Desbunde visual e técnico, criação de mundo, maquiagens, coreografias, personagens, tudo no ponto.
O filme ganha pontos comigo em especial pelo seu princípio, um Homem Aranha do bairro, que quebra as coisas, cai, pega o cara errado, conhece o senhor da lanchonete, levanta a máscara para comer no telhado. O uso dos destroços dos Chitauri para estabelecer uma boa gama de vilões do aranha foi criativa, e o paralelo de ambos (Parker e Toomes) viverem a sombra dos grandes (Iron Man e Tony Stark) é interessante, mas só. O vilão é visualmente do caralho mas pouco cativante, como a maioria dos vilões da Marvel. A trama tem várias conveniências de roteiro, desde parentesco de personagens até um nerd adolescente conseguindo quebrar a criptografia de um traje de tecnologia mega-avançada sem que ninguém notasse.
Apesar de eu achar que em algum momentos levaram too far o quão "bobão" o Peter Parker é, o filme é bastante engraçado, o que aqui casa bem (cof ao contrário de Doutor Estranho cof), muito graças a dupla Peter/Ned. O resto do "grupinho" é pouco ou nada interessante, e polêmicas a parte em relação a Flash/Michelle, são dois personagens unidimensionais e bem sem graças que deviam ter sido como são, de fato. O primeiro chega a dar vergonha alheia. A participação do Robert Downey Jr. porém, me surpreendeu positivamente, é bem menor e mais pontual do que eu esperava. Não sei até qual ponto gostei da Karen, e do quão necessária seria ela nesse início do Aranha.
Gostei também por o filme mostrar que existem heróis no Universo Cinematográfico da Marvel que se preocupam com o micro, com bairros, as pessoas, e não apenas ameaças de escala global como os Vingadores, e ninguém melhor que o amigão da vizinhança pra isso. O filme não é ruim, mas apesar de não vermos o Tio Ben sendo baleado continua passando um sentimento de mais do mesmo. A introdução de personagens como Shocker e Escorpião não me animam muito, apesar de reclamar de mais do mesmo acho que a Marvel devia aproveitar para finalmente adaptar correctamente o maior nêmesis do Aranha, que é o Duende Verde. Me anima, porém, a brincadeira com o Miles Morales, apesar de eu achar difícil encaixar ele aí tão cedo.
Spider-Man: Homecoming é divertido, tem o melhor Peter Parker do cinema e uma grande margem de evolução para seu personagem título, mas pouco se difere do restante para que pudesse se sobressair.
Eu fui ver com pouca informação, ciente de que elas poderiam prejudicar a experiência, mas ainda assim esperava por uma ficção científica. Com isso em mente, por mais que na superfície de fato seja um sci-fi, todo o subtexto real se tornou realmente desconfortável de assistir.
A metáfora envolta no por quê deles não reagirem, fugirem ou se rebelarem é bastante clara, e talvez para alguém que veja o filme esperando isto ele se torne desinteressante, mas é impossível ficar indiferente ao final.
Last Letter
3.9 2Eu sinto que esse poderia ser o último filme do Iwai. Felizmente não é, mas poderia.
É como se um círculo tivesse se fechado, seu primeiro grande sucesso sendo Love Letter e agora, 23 anos depois, ele entregando Last Letter (não preciso entender chinês para saber que não condiz com o título original, 'Ni hao, Zhihua').
Outro drama epistolar que em certos aspectos se recicla do antecessor, — ambos rimam em vários sentidos, — mas ao mesmo tempo se reinventa e se atualiza a um mundo completamente diferente. Tem um quê de Rip Van Winkle no Hanayome ao refletir sobre interações modernas e/ou tecnologia, mas isso é posto em segundo plano para focar no que realmente importa: as cartas, escritas a mão. Em Ni hao, Zhihua, assim como em Love Letter, a carta serve como retentora da memória, dos acertos e erros no caminho, sendo uma ponte entre passado e presente. Ao mesmo tempo, expandido a idea do filme de 1995, elas servem como um elo entre três gerações e períodos distintos da vida: a adolescência, a vida adulta e a terceira idade.
"Vai haver momentos na vida que serão difíceis e dolorosos. Em tempos assim, eu acredito que nos lembraremos desse lugar. O lugar em que nossos sonhos ainda não conheciam limites."
Sinto que tem algo de self insertion do próprio Iwai no Yin Chuan.
Entendo que, para alguns, a última carta pode soar melodramática.
Para mim, fez bem.
Att.
Felipe.
The Tale of Iya
4.2 4Desconexão entre natureza e cultura.
Apresentar a natureza como bela e extraordinária, ao mesmo tempo que expõe o ser humano como predatório e cruel, é fácil. E é inteiramente verdade.
Mas o ponto forte de Iya Monogatari, além da bela cinematografia, é não se prender a essa mensagem incontestável e óbvia.
A natureza pura tenta constantemente matar o ser humano, e é a cultura que o impede de congelar ou morrer de fome; e numa sociedade moderna a questão natureza vs. cultura clama pelo equilíbrio e uma busca pelo reconectar.
O filme não diz, mas a mensagem fica.
Merecia menos "Quer Ver" e mais "Já Viu".
Tem uma quebra de ritmo no meio que incomoda, mas não compromete.
"A questão é, quem tomará essa decisão?
Nós, os nativos?
Ou vocês, estrangeiros?
Ou vamos perguntar aos macacos?"
Uma curiosidade sobre o filme: A senhora que fazia os bonecos é baseada numa pessoa real:
"Quando a artista japonesa Tsukimi Ayano voltou para a pequena vila onde nasceu (Nagoro, no Vale Iya), ela descobriu que muitos de seus vizinhos estavam se mudando para cidades maiores e os que ficavam geralmente não demoravam muito a partir. Diante da lenta morte da vila que ela tanto amava, Ayano teve uma epifania depois de criar um espantalho de jardim (ou kakashi) que deveria parecer com seu falecido pai: por que parar aí? Ayano começou a criar outras bonecas em tamanho real modeladas em antigos habitantes locais, colocando-as em toda a vila em vários locais onde suas contrapartes humanas morriam ou se afastavam."
O que é assustador, mas uma curiosidade legal.
March Comes in Like a Lion
3.8 8Refletindo sobre o filme para escrever esse comentário de como havia me gerado sentimentos conflitantes, percebi que ele era melhor do que eu havia primeiro sentido.
É um filme de sequências fluídas, uma série de momentos naturais com uma cena sempre levando perfeitamente a outra, preenchidos de gestos e idiossincrasias.
March Comes in Like a Lion é um conto de fadas urbano.
Ice é Alice, o País das Maravilhas são os subúrbios de Tokyo.
Ela vive num mundo surreal com coelhos falantes e picolés, e na sua fantasia o amor tem data de validade e é um tabu intransponível.
A imagem é fundamental, tanto as das memórias de Haruo quanto das polaroids espalhadas pelo filme. Assim como nas simbologias com caixas térmicas, bolas de demolição e espelhos partidos.
Seria uma simples história de amor distorcida, não fosse o incesto. O tema tabu, apesar de provocante e do final que foge ao óbvio, nunca é posto de forma fetichista. Chego a conclusão de que meus sentimentos continuam conflitantes, mas qualquer filme que consiga alcançar o nível de ambivalência em ser tão confortável e tão desconfortável de se assistir, é certamente um pedaço de cinema a ser notado.
Tal qual foi minha decepção ao pesquisar sobre a protagonista e ver que ela não atua desde 2001.
Os Famosos e os Duendes da Morte
3.7 670 Assista AgoraNão é um filme perfeito mas era muito difícil eu, de alguma forma, não me conectar com o personagem principal.
De colocar a touca e encarar a cerração pela manhã indo para aula no "cu do mundo", os campos brancos cobertos de neblina, as festas dos alemães colonos e o sotaque do interior gaúcho. Essa vontade de escapar, e ao mesmo tempo sentir que nunca quer sair dali.
É uma pena encontrar tão pouco do Rio Grande do Sul no cinema nacional.
Sobre as lacunas que o filme deixa, cabe a nós completar.
A ponte era o limiar entre aquela cidade "na colônia" e o mundo lá fora. Entre o aqui e o lá. A única forma de escape. Ele podia fugir pro mundo lá fora, ir ao show do Bob Dylan, mas como o próprio amigo coloca, isso seria uma loucura. Ou ele podia pular da ponte, como tantos outros fizeram, e se livrar de tudo.
Quando ele e o Julian atravessam a ponte de carro, onde tantos se suicidaram, duas rádios se cruzam numa interferência: primeiro a típica música alemã, a cidade pequena, a colônia, uma música que ele não compreendia e não se conectava. Do outro lado, 'Girl Called Itch', do Nelo Johann, em inglês, na língua universal, o mundo grande lá fora além da ponte, desconhecido, mas familiar para alguém que vivia na internet.
Ao final, será que ele pulou? Ou será que ele foi ver o Bob Dylan?
Pretendo ler o livro, e eventualmente voltar a esse filme.
Ritual
4.2 7Certainly, she longs to escape into fantasy.
Certainly, I long to escape from fantasy.
Amanhã é meu aniversário.
Indiana Jones e o Templo da Perdição
3.9 507 Assista AgoraApesar de ainda ter seus méritos, é de longe o que pior envelheceu da trilogia.
O Caso de Hana e Alice
3.8 20Me deixou com duas vontades:
Que o Iwai se aventure novamente nos animes slice of life no futuro.
E que o Iwai faça uma terceira parte com a Anne Suzuki e a Yu Aoi na vida adulta.
Ghost Soup
3.4 2Que filme gostoso de se assistir, um lado diferente da filmografia do Iwai, mais voltado ao humor mas sem perder o sentimento; — esse que não tem nada de melancólico aqui, carregado de candura.
Ponyo: Uma Amizade que Veio do Mar
4.2 993 Assista Agoranão existe filme mais fofo e puro do que ponyo
Love Exposure
4.2 93I HAVE THE POWER OF GOD AND ANIME ON MY SIDE
PomPoko: A Grande Batalha dos Guaxinins
4.0 154 Assista AgoraTem várias citações fodas e cenas cheias de criatividade, mas a minha favorita é a cena ao final
em que o salaryman rasga o terno pedaço por pedaço enquanto volta correndo para o campo com os outros tanukis.
Filme engraçado, mas com bolas (heh) para passar uma mensagem que quase 30 anos depois continua igualmente válida e preocupante.
Swallowtail Butterfly
4.0 5Me pergunto quantos filmes incríveis não existem por aí dos quais eu nunca ouvi falar, ou que sequer são possíveis de se encontrar na internet.
Swallowtail Butterfly flerta com o exploitation e consegue falar sobre imigração, multiculturalismo, ganância, crime, juventude perdida, amadurecimento... Tudo isso sempre colocando os personagens no centro. Essencialmente, ainda é um drama como todos os filmes dele, — o roteiro obedece às vontades e ações dos personagens, e o próprio Iwai parece só assistir, como nós. Não tem a mesma profundidade de Lily Chou-Chou, ou a sensibilidade de Picnic e Love Letter, mas é algo diferente de qualquer coisa que eu já tenha visto. Acho que é justamente as pequenas imperfeições de Swallowtail Butterfly que me atrairam tanto, além da Chara cantando Frank Sinatra.
"You're still a kid, so you get a caterpillar. 'Ageha'"
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraNunca vi tantos closes em pés descalços (e, por vezes, sujos) como nesse filme.
Tarantino não tá fazendo questão nenhuma mais de disfarçar seus fetiches.
Animais Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald
3.5 1,1K Assista AgoraE mais uma franquia querida é revivida me forçando a fingir que isso nunca aconteceu...
Filme sem vida e/ou conclusão, personagens em excesso e sem propósitos ou arcos dramáticos (o que fizeram com a Queenie, meu Deus?) e um show pirotécnico que banaliza a magia ainda mais que o (bom) filme anterior, sem uma batalha final que ao menos entretenha ou recompense o tempo perdido. Não esquecer o exagero de fanservice barato e mal-colocado, algumas soluções fáceis para problemas que o próprio roteiro se impõe e adicione na mistura um final completamente anticlímax.
A cereja no bolo é a revelação final que, 1. é um furo cronológico no universo da franquia ou 2. é uma revelação falsa que torna o filme ainda mais desnecessário e anticlimático.
Me incomodou no início do filme já ter colocado o Grindelwald indiretamente executando um bebê, além de macabro era uma forma maniqueísta de vilanizar seu antagonista e não se permitir um caminho mais cinza e ousado, mas... Ninguém mais achou extremamente mórbido o Lestrange usar a maldição Imperius para sequestrar e estuprar uma mulher?????????? Caramba, a classificação é 12 anos e HP é um universo criado para as crianças. Sinceramente, a única coisa que eu consegui gostar desse filme foi o Jude Law como Dumbledore, e mesmo ele mal apareceu.
Eu espero estar errado, espero que esse tenha sido só um tombo feio mas que a franquia volte a se levantar já no próximo, mas não consigo ver isso se sustentando por mais três filmes. Tenho a sensação que pecaram em não fazer apenas dois: Animais Fantásticos e um que cobrisse a batalha final do Alvo com o Grindelwald.
Tekkonkinkreet
4.3 86Deus me fez faltando alguns parafusos do meu coração.
Hope
4.5 375Tem pelo menos duas cenas em que qualquer um com coração vai sentir, no mínimo, os olhos embaçarem. Apesar de ter amado, não indicaria para ninguém sem alertar a montanha-russa de sentimentos conflituosos que esse filme é.
Você vai se sentir angustiado e odiar a nossa espécie do início ao fim, mas, se aguentar a experiência, talvez saia com um fio de esperança e a vontade de ser o melhor ser humano que puder.
Violência Gratuita
3.4 1,3KAcho que o único outro filme que me fez pensar minha posição como telespectador de maneira semelhante foi Dogville.
Funny Games é tão subversivo (e genial) quanto.
Harry Potter e o Cálice de Fogo
4.1 1,2K Assista AgoraTenho sentimentos conflitantes. Quando pequeno eu amava, depois de rever achei dos piores, e agora revendo outra vez (após ler o livro) achei bastante decente como adaptação.
Se perdeu muito de uma trama incrível e bem mais complexa sobre o Bartô Crouch Jr., que eu acho fantástica, além de o filme ter alguns aspectos bem estranhos (Daniel Radcliffe teve provavelmente sua pior atuação como Harry, e o Dumbledore passou o filme inteiro cheirando cola). Gostaria de ter visto mais do Cedrico e do Krum, do Snuffles, Dobby e Winky, das inseguranças do Harry e do Rony, dele treinando para as tarefas... mas aí já são problemas de tempo para adaptar.
Apesar dos cortes de algumas tramas, eu achei que o roteiro fez um trabalho bastante satisfatório para adaptar tudo de fundamental sobre o livro dentro de um longa: o Torneio Tribuxo e o Renascimento do Voldemort.
Brendan Gleeson e principalmente Ralph Fiennes deram um show à parte, Fiennes rouba o clímax do filme e incorpora um dos vilões mais memoráveis da história.
Remember Cedric Diggory.
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
4.2 1,6K Assista AgoraEra meu filme favorito da saga e agora revi após ler o livro. Eu sempre tive, por algum motivo, a impressão de que esse era o mais fiel, mas tava bem enganado.
Em alguns pontos, o filme acabou ficando inevitavelmente bastante corrido, em outros eu acho que é até mesmo superior ao próprio livro. Esteticamente e no quesito direção esse é disparado o melhor da saga, é visível o cuidado extremo da primeira cena até o final dos créditos, até mesmo com o menor dos detalhes (Newt no Mapa dos Marotos!). Cuáron deu vida a Hogwarts, que já era bela nos filmes anteriores, de uma forma ainda mais mágica.
Mas foi também, nesse filme, que se passou a sofrer pelo tempo para contar a história. Várias informações foram omitidas
Toda aquela parte do Encontro na Casa dos Gritos podia ter revelado muito mais do que se revelou: o passado dos Marotos e Lilly, a relação com o Snape e a peça que o Sirius pregou nele, o fato deles todos terem virado animagos pelo Lupin, como Sirius fugiu de Azkaban e como encontrou o Pettigrew, o que exatamente aconteceu 12 anos atrás, o porquê do Patrono do Harry ser um Cervo, e o mais importante QUEM ERAM ALUADO, RABICHO, ALMOFADINHAS E PONTAS. Eu não consigo acreditar que eles não tenham deixado claro para o Harry isso e o quanto valorizavam a amizade com o pai dele.
Alguns cortes eu até compreendo:
- O conflito Rony x Hermione por causa do Rabicho e do Bichano foi quase completamente cortado do filme, na verdade a aproximação deles é oposta a isso;
- Por mais que eu gostaria de ver muito mais de Hogsmeade entendo também que não havia tempo;
- O desespero da Hermione por ter pegado tantas disciplinas;
- Os ataques e investidas do Sirius à Hogwarts que deixavam ele muito mais suspeito;
- Todo o plot do Bicuço é muito mais resumido no filme, o que não acho que afete em nada;
- Mas o que mais me doeu foi terem tido que cortar a Grifinória ganhando a Taça de Quadribol depois de anos (No último ano do Olívio!).
O filme porém se adaptou bem aos cortes, o roteiro é sólido apesar de em vários momentos apelar para a compreensão dos espectadores de fatos que nem ele mesmo explica muito bem. A passagem de tempo acaba um pouco prejudicada (e mesmo assim Cuáron faz questão de mostrar frames do Salgueiro em diferentes estações, tamanho o cuidado para evitar isso) e o grande problema, que é a forma corrida que a maioria dos acontecimentos passa, acabou dando um bom tempo para o clímax do filme, que é sensacional. David Thewlis e Gary Oldman personificaram com perfeição meus dois personagens favoritos, Remo Lupin e Sirius Black, e apesar de todos os cortes que acrescentariam e MUITO na história daqueles 4, eles entregaram toda a carga dramática das vidas despedaçadas dos Marotos. ("I did my waiting... 12 years of it... In Azkaban!" é para mim uma das cenas mais emblemáticas da franquia)
Além da explicação sobre os Marotos ao Harry, outra coisa que eu não compreendo o corte era a simples menção a situação do Fiel do Segredo de seus pais. Seria muito simples e rápido de se explicar e acrescentaria MUITO a um personagem tão complexo como o Sirius, que se culpa pelas mortes do Tiago e da Lílian a 12 anos. O filme também ameniza e muito o personagem do Snape, ele mostra um lado muito mais desequilibrado e descontrolado nos livros (E por essas e outras que não compreendo a idolatração à ele no final, Albus Remus Potter sim seria um nome justo a se dar). Especialmente em relação a Mione, ele tem atitudes muito duvidosas e até mesmo abusivas, que não chegaram ao filme.
Por fim, aquilo que o filme melhorou em relação aos livros, a situação do Vira-Tempo:
Eu gostei da forma indireta que eles afetam os acontecimentos, no livro eu fiquei com a impressão de que tudo tinha acontecido sem eles estarem lá da primeira vez, o que não fazia sentido com o Harry se vendo na outra margem do lago. Eu notei que algumas pessoas compreenderam mal, mas o Bicuço nunca realmente morreu no filme, da pra ver o Albus voltando para dentro para beber algo com o Hagrid e o que o trio vê é o Carrasco cortando uma abóbora. O filme amarrou bem todas as partes da viagem no tempo, eles atirando a pedra na janela, a Mione pisando no galho e uivando, e finalmente o Harry conjurando o Patrono para salvar a ele mesmo e o seu padrinho. Eu posso estar enganado, mas não lembro do livro deixar claro o que aconteceu e se os eus-futuros do Harry e da Mione já tinham salvado o Bicuço (Como o filme mostra na cena do Carrasco cortando a abóbora em dois ângulos diferentes, deixando claro que eles já tinham alterado aquilo e o tempo é um loop fechado).
Enfim, eu nem sei exatamente o que pensar sobre o Prisoneiro de Azkaban agora, mas ele certamente ainda tem um grande valor nostálgico para mim, Hogsmeade, as aulas do professor Lupin com o bicho-papão, o coral do professor Flitwick, o voo do Harry no hipogrifo, Sirius Black... o roteiro em alguns momentos pode ter se enrolado um pouco, mas tem os ingredientes suficientes para continuar memorável.
Bo Burnham: Make Happy
4.3 39on a scale from one to zero, are you happy?
Thor: Ragnarok
3.7 1,9K Assista AgoraEnquanto os dois filmes anteriores miravam no épico e acertavam no cafona, este aqui mirou no cafona e conseguiu ser muito mais épico que os outros dois juntos.
Adorei a estética, o visual e a trilha de Sakaar, seria ótimo um filme só lá.
Hellboy II: O Exército Dourado
3.4 421 Assista AgoraO primeiro eu entendo, mas a nota desse aqui é muito injusta. Desbunde visual e técnico, criação de mundo, maquiagens, coreografias, personagens, tudo no ponto.
I can't smile without you ♫♫
Homem-Aranha: De Volta ao Lar
3.8 1,9K Assista AgoraO filme ganha pontos comigo em especial pelo seu princípio, um Homem Aranha do bairro, que quebra as coisas, cai, pega o cara errado, conhece o senhor da lanchonete, levanta a máscara para comer no telhado. O uso dos destroços dos Chitauri para estabelecer uma boa gama de vilões do aranha foi criativa, e o paralelo de ambos (Parker e Toomes) viverem a sombra dos grandes (Iron Man e Tony Stark) é interessante, mas só. O vilão é visualmente do caralho mas pouco cativante, como a maioria dos vilões da Marvel. A trama tem várias conveniências de roteiro, desde parentesco de personagens até um nerd adolescente conseguindo quebrar a criptografia de um traje de tecnologia mega-avançada sem que ninguém notasse.
Apesar de eu achar que em algum momentos levaram too far o quão "bobão" o Peter Parker é, o filme é bastante engraçado, o que aqui casa bem (cof ao contrário de Doutor Estranho cof), muito graças a dupla Peter/Ned. O resto do "grupinho" é pouco ou nada interessante, e polêmicas a parte em relação a Flash/Michelle, são dois personagens unidimensionais e bem sem graças que deviam ter sido como são, de fato. O primeiro chega a dar vergonha alheia. A participação do Robert Downey Jr. porém, me surpreendeu positivamente, é bem menor e mais pontual do que eu esperava. Não sei até qual ponto gostei da Karen, e do quão necessária seria ela nesse início do Aranha.
Gostei também por o filme mostrar que existem heróis no Universo Cinematográfico da Marvel que se preocupam com o micro, com bairros, as pessoas, e não apenas ameaças de escala global como os Vingadores, e ninguém melhor que o amigão da vizinhança pra isso. O filme não é ruim, mas apesar de não vermos o Tio Ben sendo baleado continua passando um sentimento de mais do mesmo. A introdução de personagens como Shocker e Escorpião não me animam muito, apesar de reclamar de mais do mesmo acho que a Marvel devia aproveitar para finalmente adaptar correctamente o maior nêmesis do Aranha, que é o Duende Verde. Me anima, porém, a brincadeira com o Miles Morales, apesar de eu achar difícil encaixar ele aí tão cedo.
Spider-Man: Homecoming é divertido, tem o melhor Peter Parker do cinema e uma grande margem de evolução para seu personagem título, mas pouco se difere do restante para que pudesse se sobressair.
Não Me Abandone Jamais
3.8 2,1K Assista AgoraEu fui ver com pouca informação, ciente de que elas poderiam prejudicar a experiência, mas ainda assim esperava por uma ficção científica. Com isso em mente, por mais que na superfície de fato seja um sci-fi, todo o subtexto real se tornou realmente desconfortável de assistir.
A metáfora envolta no por quê deles não reagirem, fugirem ou se rebelarem é bastante clara, e talvez para alguém que veja o filme esperando isto ele se torne desinteressante, mas é impossível ficar indiferente ao final.