Muitas nuances nesse longa de Payne que sabe como poucos ser debochado sem ser escrachado e dirigir um elenco estrelar. O humor irônico e a sensação que algo abrupto vai acontecer a qualquer instante te prendem do início ao fim.
E esse trio caótico? Sensacional. Sentimos as dores e os anseios desses chatos e rejeitados que estão à beira de um ataque de nervos.
Um filme interessante que fala, sobretudo, de ancestralidade e a sensação de deslocamento. Contudo, achei o segundo ato muito longo, o terceiro ato, que tem nosso Adanilo é o mais interessante.
Baboseiramente divertido, despretensioso e com uma química absurda entre as divas Lily Tomlin e Bette Midler. Porém, achei o final um tanto corrido, poderia ter sido melhor elaborado.
Me senti completamente atravessado por esses mares que separam nossos corpos, nossas crenças, nossas belezas, submersos e afogados no mar da colonização. Um filme para sempre ser revisto, pretendo rever para captar outras nuances que possam ter passado despercebido.
Um filme que merece estudo, diálogo e não cair no esquecimento pois ainda é muito atual.
Há algo de mórbido, estranho, maléfico na relação de Beverly e Elliot (Jeremy Irons), gêmeos idênticos e igualmente geniais no que tange ao corpo humano e à sexualidade. Desde cedo, eles se interessam pelo corpo feminino e suas particularidades. Adultos, tornam-se famosos em fertilizar mulheres na busca pela tão sonhada gravidez. Mas existem muito mais camadas nesta famosa dupla.
"Esta breve introdução é tão somente para dizer que seu novo filme, “Mafia Mamma: De Repente Criminosa” é uma baboseira deliciosa imperdível. Vamos por partes."
A drag queen UÝRA usa do seu corpo, dos seus conhecimentos e intelectualidade para conscientizar a urgência de falar dos povos originários, da negritude, do ribeirinho, da fauna e da flora amazônica, do seu povo, da sua memória, da sua ancestralidade. Em um país sem memória e que desmata demasiadamente, que mais mata travestis e pessoas trans, ativistas ambientais e pretos, é essencial um corpo como este, um corpo político que ecoa além dele o desespero de uma mudança e conscientização.
Hoje em dia, vale tudo para manter estes valores e a justiça limitada. Nem que para isso haja justiça com as próprias mãos, genocídio e um extremismo em massa, deixando a sociedade em geral mais violenta, doente e em completo estado de abandono psíquico. Com as redes sociais, a bola de neve da distorção dos valores e justiça se engrandece de uma forma astronômica e desastrosa. Reside aí os linchamentos virtuais e presenciais que tomam conta de uma sociedade cada vez mais ensandecida e com sede de sangue do outro para, de alguma forma, se sentir vingada e estar protegida, mas protegida por quem? É nesse contexto que o thriller dramático “O Homem Cordial” se embasa.
Por mais que se tenham muitas pessoas em cena e que não haja profundidade nos personagens, senão como possíveis vítimas do urso, é divertido ver atores do nível de Margo Martindale (“Justified”, “The Americans”), Keri Russell (“The Americans”), Matthew Rhys (“The Americans”), Alden Ehrenreich (“Han Solo: Uma História Star Wars”) e Isiah Whitlock (“Destacamento Blood”) se jogando na comédia escrachada, atores reconhecidos por suas cargas dramáticas. E Ray Liotta (falecido ano passado) em mais um tipo que marcou sua carreira, o do gangster, não acrescenta muita coisa.
É absorver o absurdo e se jogar na bizarrice divertida proposta.
Life it´s a Cabaret! Bob Fosse era realmente um gênio e apaixonado pelo que fazia e sabia fazer muito bem, né? Isso fica nítido em suas obras, sua paixão. Me encantou o tom subversivo e um tanto anárquico para o contexto em que ele estava inserido (a ascensão do fascismo) e tudo ali funciona de uma maneira muito prática e consistente. As músicas, as coreografias, os figurinos, o triângulo amoroso, tudo é muito bem orquestrado por Fosse. E Liza Minelli, minha gente? Um espetáculo. Preenche a tela como poucas estrelas de primeira grandeza podem oferecer. Um encanto de performance, minha interpretação favorita em musicais, ela conseguiu entender o texto e a direção e se jogou lindamente. Contudo, a nível de comparação, entre “Cabaret” e “All That Jazz” (1979), também de Fosse, eu prefiro o segundo.
“Paloma” é daqueles filmes que te deixam com um nó na garganta do início ao fim, impossível conter as lágrimas e o impulso de querer abraçá-la bem forte e guardar sob nossos braços toda proteção possível. De uma forma ou outra a gente se afeiçoa para com essa mulher batalhadora, mãe, mulher, e sonhadora principalmente. Em uma sociedade que comprime vivências, tão devastada pelo ódio, preconceito, genocídio e demais “cídios” que possamos imaginar, corpos resistentes como de Paloma são uma luz no fim do túnel. São corpos como os dela que abriram caminhos para nós, LGBTQIAP+, estejamos aqui, hoje, podendo assistir filmes com essa temática e com o direito de existência mesmo cercados de violências e violações aos nossos corpos. Sonhar é possível, isso é um fato. O problema não é nem que não possa ser realizado, mas, sim, os outros que determinam que seu sonho não seja possível, que você não tem esse direito. Uma dor que só quem passou e passa sabe como é. Me senti atravessado pelo poder cênico de Kika Sena com toda delicadeza e doçura de um personagem muito difícil. “Paloma” é um filme que perpassa as telas e é maior que sua obra, um debate importante e urgente acerca desses corpos tão marginalizados, ceifados e mal tratados pela sociedade hipócrita. E manda um recado: NÓS NÃO IREMOS MAIS DEIXAR DE SONHAR E FICAR AO FINAL DA FILA, NO ESCURO.
"Muito do sucesso de “Desaparecida” se deve ao talento de Storm Reid que segura muito bem o papel da jovem rebelde que assume uma postura adulta em busca da mãe e move céus e terras para descobrir, o que, de fato, aconteceu sem ao menos sair de casa."
Minha crítica completa do filme: cineset .com .br/critica-desaparecida-storm-reid/
Que saudades de uma comédia com ares românticos nonsense que vai de 0 a 100 em questão de segundos, hein? Que alívio poder assistir esse filme e, querendo ou não, me apegar ao saudosismo da era de ouro do gênero entre os anos 1990 e 2000.
Mas não é só isso, “Que Horas Eu Te Pego?” é ácido em sua mensagem e criticando a Geração Z, para grandes passos que atravessamos como humanidade nos 23 anos deste século, há algumas regressões. Gene Stupnitsky toca na ferida dessa geração problematizadora (em alguns casos só para gerar likes e engajamento!), mimados, egocêntricos e reféns do celular, redes sociais e seguidores. Claro que a superproteção dos pais é algo atemporal, vamos ser sinceros, mas, na atual conjectura isso vai à potência máxima.
O choque de gerações também é algo interessante de se ver. Me reconheci muito em Maddie (J.Law), uma jovem adulta na casa dos 30 com traumas que não a deixam se relacionar com ninguém e sempre usou do corpo como válvula de escape (e aí vocês podem interpretar como quiser) na busca por alguma significação (isso no subconsciente) da vida. Aliado ao fato de como ela enxerga essa nova geração (a hilária cena dela indo de quarto em quarto atrás do Percy é a síntese disso tudo!).
Claro, o filme de nada valeria se não fosse por ela, Jennifer Lawrence. No auge da beleza, gostosura e segura de si, ela não tem medo de se jogar no ridículo e soar convincente. Não tem como não tirar os olhos dela, o filme existe por ela e todo esse textão que faz muito sentido, no final, não seria nada, afinal, é Jennifer Lawrence.
"Mas há um fator crucial aqui: o pertencimento à cidade. Rye Lane é uma parte de Londres que onde tudo acontece, entre lojas, shoppings, pubs, etc. É lá que o inesperado casal, Yas e Dom (Vivian Oparah – belíssima – e David Jonsson, respectivamente) se encontram e andam pelas ruas da cidade rememorando traumas, pensando no futuro e lidando com a animosidade de cada um. Tudo isso rondando a capital britânica, como parte daquele lugar, sem quaisquer resquícios de brutalidade aos seus corpos; eles estão apenas vivendo e a cidade, o lugar em que moram, está sendo testemunha desse encontro."
"[...] a memória pode ser subjetiva. Eis aí o filme dentro do filme quando Gotardo nos prega uma peça em reiniciar o filme que soa como uma semi-biografia. João (Gotardo) é um cineasta que se divide entre sua melhor amiga, Irene (Malu Galli), o namorado, Álvaro (Vinícius Meloni) e um sexo casual com Matias (Carlos Escher). Todos estes personagens carregam em seus corpos o sufoco dos dias, dos anos. Nesse sentido, a memória tem um papel fundamental em modelar esses corpos nas suas angustias existenciais. O que o corpo pede?"
"O filme é realmente interessante: diversos personagens com suas histórias particulares que se interconectam. A complexidade dos detalhes da vida na sua rotina, no seu comodismo, no acaso, nas frustrações da vida, nas traições, nos pensamentos e, sobretudo, nas ações que recaem não apenas na pessoa, mas em outras pessoas ao redor e até mesmo na coletividade, pois vivemos assim. São histórias que se costuram e demonstram que a vida é feita de escolhas, (in)fidelidades e acasos e todas essas questões, mais cedo ou mais tarde, poderão ser cobradas; para cada ação há uma reação, mais um ditado popular certeiro"
"[...] a violência se instaura como uma força construtiva em delimitar vivências e instaurando o terror. Mas, vejam bem, o terror não começa por debaixo, isto é, nas comunidades carentes, nas favelas e afins. O terror vem de cima para baixo; quem constrói esse estado catatônico violento é quem o sustenta de fato. A violência de baixo para cima nada mais é do que uma consequência desse mecanismo que fugiu do controle. Em outras palavras, em uma sociedade desigual, alicerçada por preconceitos e genocídio, quase ninguém está a salvo da violência, nem aqueles que se julgam acima do bem e do mal por sua condição e status social. Portanto, a violência se generalizou."
Esse filme me deixou em completa angústia. A vida não é fácil, está longe disso. A gente se agarra ao que pode para poder condensar as dores que carregamos ao longo dela e assumir um personagem para que vivamos na selva de pedra que é a sociedade. Nesse sentido, “Tiranossauro” toca forte na ferida de dois opostos que se atraem. Mas serão tão opostos assim, haja vista as situações que em estão?
Muitas pessoas escolhem como viver suas dores, frustrações, medos e anseios. Joseph (Peter Mullan, soberbo) foi pelo caminho mais fácil, a agressividade e persona non grata. Já Hannah (Olivia Colman, que atriz, meus caros!) caminha por um lugar difícil: a da positividade e religiosidade para mascarar as feridas internas e externas de um casamento abusivo. Há um choque entre os dois e para quem assiste. Somos convidados a sermos testemunhas, de como um ajuda o outro de alguma forma. O mínimo de acolhimento possível pode ser a porta para uma libertação.
Gosto como Paddy Considine coordena a direção de uma história pesadíssima, mas sem cair no dramalhão. E até me senti confortável por isso, por mais que fosse pesada tem um alívio ali que você se compadece. E a gente se alivia, não é mesmo? Achei muito humano o filme.
Ainda assim, é estarrecedor, tanto o motivo que dá o título do filme, que justifica muito as atitudes de Joseph, como as atitudes de Hannah em tentar sobreviver. Ao fim, quem é que pode julgar?
Comédia romântica boba e inofensiva, tudo que os yag necessitavam. Principalmente o público teen, quem me dera se na minha época de adolescente tivesse produções como essas. Adorei a química entre os dois protagonistas, Nicholas Galitzine (pelas minhas pesquisas, parece ser um dos nomes do momento) e Taylor Perez (!!!). Me surpreendi com a Uma Thurman, não sabia que estava no elenco, como está bela. No mais, é isso.
"Laços familiares não são tão fáceis de lidar como aparenta ser; há muitas camadas e complexidades que estão para além do elo e do sangue. Os sentimentos envolvidos são muitos e todos se condensam nessa liquidificação que a vida nos coloca. Então, quando acontece uma ruptura drástica das mais inevitáveis, como recuperar o que foi perdido e remontar o vaso quebrado que, parcialmente intacto, têm seus cacos que não se encaixam e que de tão quebrados, não tem como uni-los?"
Drama noir que mostra a força de uma mãe na proteção de suas filhas. Tragédias acontecem pelo meio do caminho, mas nada disso é capaz de tirar o fôlego de Mildred para ascender na vida tão somente para agradar a filha purgante e insuportável. Contudo, como um filme de suspense noir fica devendo. Mas como um drama familiar, a produção consegue se sair melhor. “Alma em Suplício” é um daqueles filmes feitos para um artista brilhar, no caso, a poderosa Joan Crawford, espetacular em cena. Sem a sua presença o filme seria pífio. Uma atuação média, nada exagerada, contida até e, ainda assim, dominando a cena. Todos os mistos e sensações dessa mãe que faz tudo para ver a filha feliz e realizada, nem que para isso tivesse de ser uma mulher completamente esgotada e no meio desse esgotamento, ainda que uma vida confortável há um grande acontecimento que muda a vida de todos. E ainda assim, tentar se manter de pé. Mas, verdade seja dita:
Os Rejeitados
4.0 320 Assista AgoraQue filme adorável!
Muitas nuances nesse longa de Payne que sabe como poucos ser debochado sem ser escrachado e dirigir um elenco estrelar. O humor irônico e a sensação que algo abrupto vai acontecer a qualquer instante te prendem do início ao fim.
E esse trio caótico? Sensacional. Sentimos as dores e os anseios desses chatos e rejeitados que estão à beira de um ataque de nervos.
Môa, Raiz Afro Mãe
3.6 1Muito carinhosa a forma como Gustavo McNair nos levou ao mundo de sons, performances e paixão do Mestre Môa. Ele vive e está presente!
O Nascimento de uma Nação
3.0 231Tirando a parte técnica e sonora, o que resta?
Pergunta retórica.
Eureka
3.1 2Um filme interessante que fala, sobretudo, de ancestralidade e a sensação de deslocamento. Contudo, achei o segundo ato muito longo, o terceiro ato, que tem nosso Adanilo é o mais interessante.
Cuidado Com As Gêmeas
3.4 117 Assista AgoraBaboseiramente divertido, despretensioso e com uma química absurda entre as divas Lily Tomlin e Bette Midler. Porém, achei o final um tanto corrido, poderia ter sido melhor elaborado.
A Flor de Buriti
4.3 4É SOBRE RESISTIR NO DIREITO DE EXISTIR!
A Negra de...
4.4 71Me senti completamente atravessado por esses mares que separam nossos corpos, nossas crenças, nossas belezas, submersos e afogados no mar da colonização. Um filme para sempre ser revisto, pretendo rever para captar outras nuances que possam ter passado despercebido.
Um filme que merece estudo, diálogo e não cair no esquecimento pois ainda é muito atual.
Gêmeos: Mórbida Semelhança
3.7 193Há algo de mórbido, estranho, maléfico na relação de Beverly e Elliot (Jeremy Irons), gêmeos idênticos e igualmente geniais no que tange ao corpo humano e à sexualidade. Desde cedo, eles se interessam pelo corpo feminino e suas particularidades. Adultos, tornam-se famosos em fertilizar mulheres na busca pela tão sonhada gravidez. Mas existem muito mais camadas nesta famosa dupla.
Minha crítica completa em: cineset .com .br/critica-gemeos-morbida-semelhanca-david-cronenberg/
Mafia Mamma: De Repente Criminosa
2.7 28 Assista Agora"Esta breve introdução é tão somente para dizer que seu novo filme, “Mafia Mamma: De Repente Criminosa” é uma baboseira deliciosa imperdível. Vamos por partes."
Minha crítica completa em: cineset .com .br/critica-mafia-mamma-toni-colette/
Uýra - A Retomada da Floresta
4.0 7A drag queen UÝRA usa do seu corpo, dos seus conhecimentos e intelectualidade para conscientizar a urgência de falar dos povos originários, da negritude, do ribeirinho, da fauna e da flora amazônica, do seu povo, da sua memória, da sua ancestralidade. Em um país sem memória e que desmata demasiadamente, que mais mata travestis e pessoas trans, ativistas ambientais e pretos, é essencial um corpo como este, um corpo político que ecoa além dele o desespero de uma mudança e conscientização.
Minha crítica completa: cineset .com .br/critica-uyra-a-retomada-da-floresta/
O Homem Cordial
3.2 17 Assista AgoraHoje em dia, vale tudo para manter estes valores e a justiça limitada. Nem que para isso haja justiça com as próprias mãos, genocídio e um extremismo em massa, deixando a sociedade em geral mais violenta, doente e em completo estado de abandono psíquico. Com as redes sociais, a bola de neve da distorção dos valores e justiça se engrandece de uma forma astronômica e desastrosa. Reside aí os linchamentos virtuais e presenciais que tomam conta de uma sociedade cada vez mais ensandecida e com sede de sangue do outro para, de alguma forma, se sentir vingada e estar protegida, mas protegida por quem? É nesse contexto que o thriller dramático “O Homem Cordial” se embasa.
Minha crítica completa: cineset .com .br/critica-o-homem-cordial-paulo-miklos/
O Urso do Pó Branco
2.9 332 Assista AgoraPor mais que se tenham muitas pessoas em cena e que não haja profundidade nos personagens, senão como possíveis vítimas do urso, é divertido ver atores do nível de Margo Martindale (“Justified”, “The Americans”), Keri Russell (“The Americans”), Matthew Rhys (“The Americans”), Alden Ehrenreich (“Han Solo: Uma História Star Wars”) e Isiah Whitlock (“Destacamento Blood”) se jogando na comédia escrachada, atores reconhecidos por suas cargas dramáticas. E Ray Liotta (falecido ano passado) em mais um tipo que marcou sua carreira, o do gangster, não acrescenta muita coisa.
É absorver o absurdo e se jogar na bizarrice divertida proposta.
Minha crítica completa em: cineset .com .br/ critica-o-urso-do-po-branco-elizabeth-banks/
Cabaret
4.2 253Life it´s a Cabaret!
Bob Fosse era realmente um gênio e apaixonado pelo que fazia e sabia fazer muito bem, né? Isso fica nítido em suas obras, sua paixão. Me encantou o tom subversivo e um tanto anárquico para o contexto em que ele estava inserido (a ascensão do fascismo) e tudo ali funciona de uma maneira muito prática e consistente.
As músicas, as coreografias, os figurinos, o triângulo amoroso, tudo é muito bem orquestrado por Fosse.
E Liza Minelli, minha gente? Um espetáculo. Preenche a tela como poucas estrelas de primeira grandeza podem oferecer. Um encanto de performance, minha interpretação favorita em musicais, ela conseguiu entender o texto e a direção e se jogou lindamente.
Contudo, a nível de comparação, entre “Cabaret” e “All That Jazz” (1979), também de Fosse, eu prefiro o segundo.
Paloma
3.9 59“Paloma” é daqueles filmes que te deixam com um nó na garganta do início ao fim, impossível conter as lágrimas e o impulso de querer abraçá-la bem forte e guardar sob nossos braços toda proteção possível. De uma forma ou outra a gente se afeiçoa para com essa mulher batalhadora, mãe, mulher, e sonhadora principalmente.
Em uma sociedade que comprime vivências, tão devastada pelo ódio, preconceito, genocídio e demais “cídios” que possamos imaginar, corpos resistentes como de Paloma são uma luz no fim do túnel. São corpos como os dela que abriram caminhos para nós, LGBTQIAP+, estejamos aqui, hoje, podendo assistir filmes com essa temática e com o direito de existência mesmo cercados de violências e violações aos nossos corpos.
Sonhar é possível, isso é um fato. O problema não é nem que não possa ser realizado, mas, sim, os outros que determinam que seu sonho não seja possível, que você não tem esse direito. Uma dor que só quem passou e passa sabe como é.
Me senti atravessado pelo poder cênico de Kika Sena com toda delicadeza e doçura de um personagem muito difícil.
“Paloma” é um filme que perpassa as telas e é maior que sua obra, um debate importante e urgente acerca desses corpos tão marginalizados, ceifados e mal tratados pela sociedade hipócrita. E manda um recado: NÓS NÃO IREMOS MAIS DEIXAR DE SONHAR E FICAR AO FINAL DA FILA, NO ESCURO.
Desaparecida
3.7 289 Assista Agora"Muito do sucesso de “Desaparecida” se deve ao talento de Storm Reid que segura muito bem o papel da jovem rebelde que assume uma postura adulta em busca da mãe e move céus e terras para descobrir, o que, de fato, aconteceu sem ao menos sair de casa."
Minha crítica completa do filme: cineset .com .br/critica-desaparecida-storm-reid/
Que Horas Eu Te Pego?
3.3 495Que saudades de uma comédia com ares românticos nonsense que vai de 0 a 100 em questão de segundos, hein? Que alívio poder assistir esse filme e, querendo ou não, me apegar ao saudosismo da era de ouro do gênero entre os anos 1990 e 2000.
Mas não é só isso, “Que Horas Eu Te Pego?” é ácido em sua mensagem e criticando a Geração Z, para grandes passos que atravessamos como humanidade nos 23 anos deste século, há algumas regressões. Gene Stupnitsky toca na ferida dessa geração problematizadora (em alguns casos só para gerar likes e engajamento!), mimados, egocêntricos e reféns do celular, redes sociais e seguidores. Claro que a superproteção dos pais é algo atemporal, vamos ser sinceros, mas, na atual conjectura isso vai à potência máxima.
O choque de gerações também é algo interessante de se ver. Me reconheci muito em Maddie (J.Law), uma jovem adulta na casa dos 30 com traumas que não a deixam se relacionar com ninguém e sempre usou do corpo como válvula de escape (e aí vocês podem interpretar como quiser) na busca por alguma significação (isso no subconsciente) da vida. Aliado ao fato de como ela enxerga essa nova geração (a hilária cena dela indo de quarto em quarto atrás do Percy é a síntese disso tudo!).
Claro, o filme de nada valeria se não fosse por ela, Jennifer Lawrence. No auge da beleza, gostosura e segura de si, ela não tem medo de se jogar no ridículo e soar convincente. Não tem como não tirar os olhos dela, o filme existe por ela e todo esse textão que faz muito sentido, no final, não seria nada, afinal, é Jennifer Lawrence.
Rye Lane: Um Amor Inesperado
3.6 36 Assista Agora"Mas há um fator crucial aqui: o pertencimento à cidade. Rye Lane é uma parte de Londres que onde tudo acontece, entre lojas, shoppings, pubs, etc. É lá que o inesperado casal, Yas e Dom (Vivian Oparah – belíssima – e David Jonsson, respectivamente) se encontram e andam pelas ruas da cidade rememorando traumas, pensando no futuro e lidando com a animosidade de cada um. Tudo isso rondando a capital britânica, como parte daquele lugar, sem quaisquer resquícios de brutalidade aos seus corpos; eles estão apenas vivendo e a cidade, o lugar em que moram, está sendo testemunha desse encontro."
Minha crítica completa: cineset .com .br/critica-rye-lane-raine-allen-miller/
Seus Ossos e Seus Olhos
2.5 6"[...] a memória pode ser subjetiva. Eis aí o filme dentro do filme quando Gotardo nos prega uma peça em reiniciar o filme que soa como uma semi-biografia. João (Gotardo) é um cineasta que se divide entre sua melhor amiga, Irene (Malu Galli), o namorado, Álvaro (Vinícius Meloni) e um sexo casual com Matias (Carlos Escher). Todos estes personagens carregam em seus corpos o sufoco dos dias, dos anos. Nesse sentido, a memória tem um papel fundamental em modelar esses corpos nas suas angustias existenciais. O que o corpo pede?"
Minha crítica completa: cineset .com .br/critica-seus-ossos-seus-olhos/
Short Cuts: Cenas da Vida
4.0 97"O filme é realmente interessante: diversos personagens com suas histórias particulares que se interconectam. A complexidade dos detalhes da vida na sua rotina, no seu comodismo, no acaso, nas frustrações da vida, nas traições, nos pensamentos e, sobretudo, nas ações que recaem não apenas na pessoa, mas em outras pessoas ao redor e até mesmo na coletividade, pois vivemos assim. São histórias que se costuram e demonstram que a vida é feita de escolhas, (in)fidelidades e acasos e todas essas questões, mais cedo ou mais tarde, poderão ser cobradas; para cada ação há uma reação, mais um ditado popular certeiro"
Minha crítica completa: cineset .com .br/critica-short-cuts-robert-altman-1993/
Tempos de Barbárie – Ato I: Terapia da Vingança
2.3 8"[...] a violência se instaura como uma força construtiva em delimitar vivências e instaurando o terror. Mas, vejam bem, o terror não começa por debaixo, isto é, nas comunidades carentes, nas favelas e afins. O terror vem de cima para baixo; quem constrói esse estado catatônico violento é quem o sustenta de fato. A violência de baixo para cima nada mais é do que uma consequência desse mecanismo que fugiu do controle. Em outras palavras, em uma sociedade desigual, alicerçada por preconceitos e genocídio, quase ninguém está a salvo da violência, nem aqueles que se julgam acima do bem e do mal por sua condição e status social. Portanto, a violência se generalizou."
Minha crítica completa: cineset .com .br/critica-tempos-de-barbarie-ato-1/
Tiranossauro
4.0 236 Assista AgoraEsse filme me deixou em completa angústia. A vida não é fácil, está longe disso. A gente se agarra ao que pode para poder condensar as dores que carregamos ao longo dela e assumir um personagem para que vivamos na selva de pedra que é a sociedade. Nesse sentido, “Tiranossauro” toca forte na ferida de dois opostos que se atraem. Mas serão tão opostos assim, haja vista as situações que em estão?
Muitas pessoas escolhem como viver suas dores, frustrações, medos e anseios. Joseph (Peter Mullan, soberbo) foi pelo caminho mais fácil, a agressividade e persona non grata. Já Hannah (Olivia Colman, que atriz, meus caros!) caminha por um lugar difícil: a da positividade e religiosidade para mascarar as feridas internas e externas de um casamento abusivo. Há um choque entre os dois e para quem assiste. Somos convidados a sermos testemunhas, de como um ajuda o outro de alguma forma. O mínimo de acolhimento possível pode ser a porta para uma libertação.
Gosto como Paddy Considine coordena a direção de uma história pesadíssima, mas sem cair no dramalhão. E até me senti confortável por isso, por mais que fosse pesada tem um alívio ali que você se compadece. E a gente se alivia, não é mesmo? Achei muito humano o filme.
Ainda assim, é estarrecedor, tanto o motivo que dá o título do filme, que justifica muito as atitudes de Joseph, como as atitudes de Hannah em tentar sobreviver. Ao fim, quem é que pode julgar?
Vermelho, Branco e Sangue Azul
3.6 302 Assista AgoraComédia romântica boba e inofensiva, tudo que os yag necessitavam. Principalmente o público teen, quem me dera se na minha época de adolescente tivesse produções como essas. Adorei a química entre os dois protagonistas, Nicholas Galitzine (pelas minhas pesquisas, parece ser um dos nomes do momento) e Taylor Perez (!!!). Me surpreendi com a Uma Thurman, não sabia que estava no elenco, como está bela.
No mais, é isso.
Bem-Vindos de Novo
3.4 6"Laços familiares não são tão fáceis de lidar como aparenta ser; há muitas camadas e complexidades que estão para além do elo e do sangue. Os sentimentos envolvidos são muitos e todos se condensam nessa liquidificação que a vida nos coloca. Então, quando acontece uma ruptura drástica das mais inevitáveis, como recuperar o que foi perdido e remontar o vaso quebrado que, parcialmente intacto, têm seus cacos que não se encaixam e que de tão quebrados, não tem como uni-los?"
Crítica completa: cineset .com. br/critica-bem-vindos-de-novo-marcos-yosh/
Alma em Suplício
4.2 140 Assista AgoraDrama noir que mostra a força de uma mãe na proteção de suas filhas. Tragédias acontecem pelo meio do caminho, mas nada disso é capaz de tirar o fôlego de Mildred para ascender na vida tão somente para agradar a filha purgante e insuportável. Contudo, como um filme de suspense noir fica devendo. Mas como um drama familiar, a produção consegue se sair melhor. “Alma em Suplício” é um daqueles filmes feitos para um artista brilhar, no caso, a poderosa Joan Crawford, espetacular em cena. Sem a sua presença o filme seria pífio. Uma atuação média, nada exagerada, contida até e, ainda assim, dominando a cena.
Todos os mistos e sensações dessa mãe que faz tudo para ver a filha feliz e realizada, nem que para isso tivesse de ser uma mulher completamente esgotada e no meio desse esgotamento, ainda que uma vida confortável há um grande acontecimento que muda a vida de todos. E ainda assim, tentar se manter de pé.
Mas, verdade seja dita:
Que cena inicial podre, hein? Eu morri de rir com a cena da morte e a péssima interpretação do Zachary Scott.