Filme que tem Leandro Hassum já me faz revirar os olhos, há muito tempo que ele está no automático e passa longe de ser engraçado. “Vizinhos” é mais uma prova disso, o filme é todo do Maurício Manfrini (um Zeca Pagodinho para ninguém colocar defeito) e Marlei Cevada que engolem ele com farinha. Uma distração boa, contudo. E o samba-enredo que fica na cabeça?
Aquele momento que você não tem certeza de quem é a Flora ou a Donatela (sacaram?) do filme. Um thrillerzinho de comédia muito estiloso, mas que tem sua resolução muito rápida e sem o impacto que deveria ter. 6/10
Mais uma obra prima de Jordan Peele! “Nope” abusa da ironia e do fantástico para narrar a loucura que é viver em uma sociedade adoecida pelo espetáculo. Todos estão em busca em se dar bem a qualquer custo e nem que esse custo seja através da miséria do outro. Lembrei de Guy Debord e seu livro “A Sociedade do Espetáculo” (tem filme também) que narra esses sujeitos nesse estado quase que catártico em transformar tudo em um grande evento, lucro, poder e exploração. Aí é cobra comendo cobra, o lobo sendo o lobo do homem (salve, Hobbes!) e uma sociedade completamente entregue nesse estado maléfico. Os alienígenas, aqui, são apenas uma metáfora de como estamos corroídos socialmente. Temos salvação?
Já dizia Thomas Hobbes, “o homem é o lobo do homem”. Partindo dessa provocação deveras verdadeira, Zach Cregger nos entrega um dos melhores filmes de terror/suspense do ano e dos últimos anos.
O terror aqui não é apenas o desconhecido. É o terror urbano, o terror do medo iminente, o terror de ser mulher (Tess, interpretada por Georgina Campbell) em um local desconhecido em que sua única companhia é um homem (Keith, interpretado por Bill Skarsgard) que não conhece e parece ser bem gentil.
Um terror insinuante (qual é a dele, afinal?), nada explícito. Até a virada de chave quando sai o clima soturno e entra o clima solar com AJ Gilbride (Justin Long) que é levado a estar naquela casa no meio do nada em um bairro fantasma de Detroit onde os dois desconhecidos do primeiro ato estão.
Muito mais que terror, o filme é um drama psicológico acerca do patriarcado e do poder que os homens sentem em ludibriar e tomar como posse corpos femininos. Quando você entende o filme não há como não se compadecer com aquela situação bizarra e, infelizmente, não atípica no sentido da essência do que cerca o terror envolvido. No fim, é um filme triste.
O tragicômico aqui tem como pano de fundo uma alfinetada feroz nessa nova geração Z (ou sei lá em qual letra estão inseridos) de muita tecnologia, muito dinheiro (ou sua ausência), muito acesso. Tudo muito fácil, mas estão cada vez mais vazios intelectualmente, socialmente e emocionalmente falando. Vivem em quase que um estado vegetativo em que importa é os likes e os números de seguidores. Não se conhecem, não aprofundam os relacionamentos e tudo é muito superficial.
E quando acontece a primeira morte, não há ninguém ali que se conheça de fato, as verdades se esvaem e o que poderia ser uma confiança mutua morre junto com o primeiro corpo desencadeando em tragédias desnecessárias. E um acusa o outro, aponta o dedo para o outro e ninguém de fato reconhece ninguém.
Tão óbvio que antes de chegar ao clímax eu já tinha matado a charada. Como thriller/suspense não é a especialidade do nosso vasto e fodão cinema nacional vou dar crédito para esse filme que foi um dos primeiros a se arriscar de fato em thriller psicológico. Destaque para Bruno Gagliasso e Regiane Alves que brilham com suas presenças e talento.
O prequel de “X – A Marca da Morte” baseado na personagem Pearl vai muito além de uma simples história para contar acontecimentos antecedentes aos momentos do filme anterior. “Pearl” é, acima de tudo, um bom estudo de como psicopatas nascem. Toda situação que envolve a sua natureza mórbida e os gatilhos que lhe levam a tais atos brutais.
Pearl é uma personagem muito rica nesse sentido. Não vejo o filme como terror, mas um slasher dramático e sarcástico acerca de sua brutalidade que vai se consolidando ao longo da película, nada aqui é abrupto e tudo e calculadamente estudado e organizado. Roteiro e direção de Ti West (com a participação de Mia Goth no roteiro) foram certeiros em abusar do lúdico para narrar esse enredo macabro.
O lúdico em sua potência máxima dos sonhos de estrela. É tudo muito colorido, vívido, uma explosão de cores que de certa forma é a explosão dos sonhos frustrados e o mal se externalizando em Pearl.
E que performance de Mia Goth, é principalmente ela e por ela que o filme funciona. Avassalador seu monólogo e a cena final. Grandiosa atriz que descobri agora.
A volta de um bom slasher trash, subversivo e muito bem feito. “X” prende a atenção desde o início, seja por seu enredo envolvente e que não se sabe para onde enveredar (eu só sabia que era um filme de terror e mais nada), seja pela fotografia granulada e figurinos rememorando aquela época dos anos 1970 onde tudo era muito over. As mortes dentro do contexto e tudo acontecendo sem pressa. Primeiro nos envolvemos com os personagens, os conhecemos para depois começar o banho de sangue, achei muito bom.
A questão do corpo e a exploração do corpo da mulher e como o feminino tem prazo de validade e tornam-se invisíveis usado como pano de fundo aqui foi sensacional. O misto de sexo, sexualidade e suspense no ar também deram o tom a esse terror com toques de comédia, que no fim, não assusta em nada, ainda assim, nos deixa tensos.
"No fim, “A Queda” é um filme simples, clichê e eficaz, servindo mais como uma alegoria sobre sobrevivência e lutar contra instintos e ações externas que influenciem na vida da pessoa."
Minha crítica do filme no portal CineSet: <critica-a-queda-scott-mann/>
A Mulher Rei têm os seus problemas de narrativa, edição e uma certa pieguice no seu desenrolar no contexto do passado de Nanisca (Viola Davis, assombrosa como sempre). Mas, sem dúvidas, é um drama épico que exalta a cultura, o corpo, a religiosidade, força e resiliência do povo negro. É um filme importante e necessário para aqueles que desconheciam a história dessas guerreiras e a história dos corpos diaspóricos de África para serem escravizados e a total extorsão das riquezas, legados e livre arbítrio do povo negro que não está nos livros de história e continuam a perpetuar os estigmas para com nossos corpos.
Esse filme também vem como uma reparação histórica no sentido de recontar legados negros sob a ótica negra e não mais pelo viés branco colonizador e, quase sempre, salvador. Não inventa a roda, de fato, mas busca esse protagonismo negro e a retomada do poder das suas narrativas, da beleza em si, da sua força e dos seus corpos autônimos e isso é importante. A arte tem essa importância na construção de uma nova visão e tentar descolonizar o pensamento estereotipado.
"A excentricidade envernizada em uma comédia de erros e com diálogos irônicos e longos pode ter funcionado em “Trapaça”, por exemplo, mas, aqui, soa repetitivo. Russell usa dos mesmos mecanismos de um enredo mirabolante recheado de fillers se baseando unicamente no seu elenco com tiques e trejeitos (alô, Malek!). O humor ácido, os diálogos e todo estilo narrativo de uma história recheada de sobressaltos, se comparado aos irmãos Coen, Tarantino e Scorsese, aqui, parece brincadeira de um iniciante."
Minha crítica do filme no site CineSet: <critica-amsterdam-david-o-russell/>
Ah, a amizade. Não há nada melhor que a amizade, cumplicidade, o entendimento com apenas um olhar, um gesto, uma palavra. São laços que nos une por toda vida, pode até ser considerada a verdadeira alma gêmea. Aquela alma/corpo que estará sempre lá, independente de qualquer situação. Até na briga e nos momentos ruins, afinal, não se vive sempre na bonança e isso é que nos motiva.
“Viagem das Garotas”, entre outras coisas, fala disso. De uma irmandade. De uma irmandade de mulheres negras que fogem de todos os estereótipos possíveis, pero no mucho, de como a indústria as enxerga. Elas carregam consigo traumas e invisibilidades que podem, em alguma instância, separá-las, não por culpa delas, diga-se, mas do sistema em si.
Ryan Piece (Regina Hall), Sasha (Queen Latifah), Lisa (Jada Pinkett Smith) e Dina (Tiffany Haddish) são amigas inseparáveis desde a juventude, mas as circunstâncias da vida as separaram. Ryan, por exemplo, tornou-se uma celebridade com livros de autoajuda em relacionamentos. Sasha uma jornalista à lá Leo Dias, sem credibilidade alguma. Lisa é enfermeira e mãe de família full time e Dina, bem essa parece que não cresceu. Eis que um dia Ryan percebe a oportunidade de reunir com suas amigas outra vez e aí é ladeira abaixo, será mesmo?
“Viagem das Amigas” é muito mais que isso. Fala sobre sororidade, coletividade e fidelidade aos seus princípios que unem essas almas. E quem não quer e sonha ter um encontro de alma desse jeito?
O filme divertidíssimo e todas estão em suas melhores formas. Atrizes negras interpretando mulheres bem sucedidas ou fieis ao seu próprio gosto, corpo e libido são extremamente raros de assistir, como se não pudessem ou lhes negassem esse direito de existência. Mas elas existem e os espaços estão aí para serem ocupados. É um filme, também, incentivador.
E o elenco? Sem comentários, um quarteto para não colocar defeitos, especialmente a Tiffany Haddish que, com certeza, imprimiu bem a persona caótica que existe por ai. Quem não foi/ é Dina?
A franquia “Pânico” idealizada por Wes Caven com muita paixão e despretensão é lendária, um clássico incontestável e cavou seu nome no hall das grandes franquias de terror slasher já no seu primeiro filme, “Pânico” em 1996. Depois disso, as portas se reabriram para o gênero que estava decaído desde o fim da década de 1980.
O grande triunfo da saga de Sidney Prescott (Neve Campbell) na luta pela sobrevivência e descobrir quem está por detrás do ghostface é justamente não se levar a sério e usar da metalinguagem zombando de si e dos outros clássicos do terror. Isso soa refrescante ao gênero e a própria franquia que, mesmo apresentando cansaço, ainda consegue um certo fôlego fazendo apenas o básico, isto é, não se renovar, mas requentar e se divertir e nos levando a embarcar nos seus absurdos.
Com a morte do gênio Wes em 2015 e o flop de “Pânico 4” em 2011, a franquia parecia encerrada. Eis, meus caros, que eles encontram um novo meio de ganhar dinheiro. Agora, sob a direção de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett”, “Pânico” quer atrair nova plateia sem esquecer daqueles que cresceram e envelheceram com a franquia desde o seu princípio. E isso eles fazem com louvor. Sem pensar em diversão e abraçar o absurdo, esse reboot que não é reboot, muito menos um remake, mas a história partindo de uma nova perspectiva consegue suprir a expectativa. Mas, se for pensar como um todo, a qualidade cai muito, beirando ao ruim. Mas sempre partindo do principio que de tão ruim fica bom.
Saem de cena os protagonistas Sidney, Gale Weathers (Courtney Cox) e Dewey (David Arquette) e entram em cena Tara (Jenna Ortega, a nova scream Queen do momento, já são uns bons 6 filmes de terror no currículo), Sam (Melissa Barrera) e Mindy (Jasmin Savoy Brown, só lembrei dela em “The Leftovers”). Por mais que haja uma interação interessante entre os percussores e os novatos, ainda fica a sensação de quero mais com o pouco tempo de tela que os veteranos têm embora seja perfeitamente compreensível e justificável. São os novos tempos e novos capítulos sendo recontados.
A justificativa é pífia. Pareceu um mashup do segundo e quarto filmes e o plot twist que envolve a personagem de Sam e suas visões foram vergonhosas. No mais, é uma diversão. Muitos falaram que esse “Pânico”, propositalmente sem o “5” é uma carta de amor para seu criador máximo, Wes Caven e seus fãs. Só por isso e apenas por isso é que vale a pena.
"A produção italiana é uma epopéia, como um devaneio do diretor, que imagina como foi a transição das cinzas de Luigi Pirandello – o início mostra o autor vencendo o Prêmio Nobel de Literatura em 1934 – de Roma para o vilarejo onde nasceu. O escritor morreu em 1936 e pouco mais de 10 anos depois que conseguiram essa transferência – pelo menos, é isso que Taviani nos conta."
Minha crítica ao filme no site CineSet: <critica-adeus-leonora-paolo-taviani/>
"Mesmo com o tema máfia italiana sendo o plano central e há muita humanidade de como ele conta essa história e, principalmente, no crescimento de Chiara quando começa a descobrir coisas e também, implicitamente, começa a descobrir coisas sobre si mesma que ela desconhecia, e isso acontece pelo uso do corpo da atriz, ela transpõe essa carência, fúria, indignação e curiosidade genuínas de uma menina de 15 anos e também de uma filha procurando por respostas."
Minha crítica do filme no site CineSet: <critica-a-chiara-jonas-carpignano/>
"O homem sabe que sua brutalidade nociva e cercada de privilégios, se for branco, independente da classe social, mais ainda. Franklin Floyd é um psicopata genuíno tinha certeza do seu poder, da sua força e que poderia passar despercebido pelo resto de sua vida, viveu uma vida desregrada entre prisões e fugas, causando terror por onde passava, especialmente para com a jovem Sharon ou seria Tonya? Melhor dizendo, Suzane."
Minha crítica completa no site CineSet: <critica-a-garota-da-foto-netflix/>
"Os longos 150 minutos de duração compõem um cenário de adrenalina e tensão. Howard acerta em não focar nestas 13 vidas, mas, sim, no desenvolvimento fora da caverna, incluindo, o governo tailandês, o profissionalismo das equipes locais e estrangeiras de resgate e os seus antagonismos com diferentes perspectivas e modos de encarar a tragédia, porém, com um ponto em comum: salvar estes jovens."
Minha crítica do filme no site CineSet: <critica-13-vidas-ron-howard/>
"Uma história como qualquer outra que já vimos por aí. Aliás, é um remake de um longa dinamarquês lançado em 2005. E o roteiro vai se esvaindo e se tornando vazio ao longo dos minutos. Não há uma ação concreta do roteiro."
Minha crítica completa do filme no site CineSet: <critica-ambulancia-michael-bay/>
"A grande questão aqui é que Baker não está preocupado em mostrar uma história de redenção e muito menos um recomeço pré-determinado do que conhecemos como recomeço. Mikey é um sonhador nato, mas também egocêntrico, alienado, sem empatia e zero visão periférica para entender o seu redor que não seja ele mesmo."
Minha crítica completa no site CineSet: <critica-red-rocket-sean-baker/>
"As regras sempre foram exigidas para impor certa ordem e imponência a quem a comandava. Na Europa da Idade Média, por exemplo, vinham como modelos de boas maneiras e de como se comportar na sociedade. As regras de etiqueta eram, portanto, uma forma de coação em agir de maneira pré-estabelecida. Em outras palavras, o medo em errar ou causar espanto em sociedade era uma embaraçoso. Medo e vergonha eram sinônimos para que seguissem as boas maneiras estabelecidas, logicamente, pela elite e burguesia."
Minha crítica compelta no site CineSet: <critica-mothering-sunday-colin-firth/>
“Ilusões Perdidas” é um tratado visionário, atemporal e cruel de como o sujeito pode se desviar do seu caminho pelo deslumbre, impulsionado pelos podres poderes externos e que, ao lutar contra ele, não há vitória, pois o elo dominante é nocivo e detém todos os mecanismos em suas mãos para se manter no topo da pirâmide. Arte e jornalismo não se interligam quando uma parte já está corrompida. E as palavras, como Lucien diz em certa cena – “eu acredito na literatura!” – aqui, não são nada mais do que meia dúzia de letras para lucrar e difamar."
Minha crítica completa no site CineSet: <critica-ilusoes-perdidas-xavier-giannolli/>
"A primeira coisa que temos que compreender ao assistir um filme como “Lolita” é que isso não é uma história de amor. Nem um tórrido romance. Nem nada parecido. É uma pedofilia assistida e romantizada. Até mesmo na época em que o livro e o filme foram lançados, anos 1950 e 1960, respectivamente, ele sofreu represálias de uma ala conservadora." Minha crítica em homenagem aos 60 anos do filme no site CineSet: <classic-movies-lolita-stanley-kubrick/>
"É nessa pegada que “A Bolha”, nova aposta da Netflix dirigida por Judd Apatow (“O Virgem de 40 Anos”, “Ligeiramente Grávidos”, etc.) se enquadra. O diretor é famoso por suas comédias irônicas, absurdas e com alguma alfinetada social aqui e acolá. Aqui não é diferente. Entretanto, nunca foi tão difícil abraçar um absurdo. “A Bolha” é apenas um filme ruim com boa temática, alguns momentos interessantes e só."
Minha crítica completa no site CineSet: <critica-a-bolha-judd-apatow/>
Uma ótima distração e não comprometeu em nada com o legado do primeiro. Gostei da alfinetada contra o patriarcado, religião e o poder do discurso inquisitório de quem iria contra eles eram considerados bruxos e/ou hereges. A tecnologia mais uma vez sendo um aparato divertido entre as bruxas.
Vizinhos
2.2 84Filme que tem Leandro Hassum já me faz revirar os olhos, há muito tempo que ele está no automático e passa longe de ser engraçado. “Vizinhos” é mais uma prova disso, o filme é todo do Maurício Manfrini (um Zeca Pagodinho para ninguém colocar defeito) e Marlei Cevada que engolem ele com farinha. Uma distração boa, contudo. E o samba-enredo que fica na cabeça?
Um Pequeno Favor
3.3 694 Assista AgoraAquele momento que você não tem certeza de quem é a Flora ou a Donatela (sacaram?) do filme. Um thrillerzinho de comédia muito estiloso, mas que tem sua resolução muito rápida e sem o impacto que deveria ter.
6/10
Não! Não Olhe!
3.5 1,3K Assista AgoraMais uma obra prima de Jordan Peele! “Nope” abusa da ironia e do fantástico para narrar a loucura que é viver em uma sociedade adoecida pelo espetáculo. Todos estão em busca em se dar bem a qualquer custo e nem que esse custo seja através da miséria do outro.
Lembrei de Guy Debord e seu livro “A Sociedade do Espetáculo” (tem filme também) que narra esses sujeitos nesse estado quase que catártico em transformar tudo em um grande evento, lucro, poder e exploração. Aí é cobra comendo cobra, o lobo sendo o lobo do homem (salve, Hobbes!) e uma sociedade completamente entregue nesse estado maléfico. Os alienígenas, aqui, são apenas uma metáfora de como estamos corroídos socialmente. Temos salvação?
Noites Brutais
3.4 1,0K Assista AgoraJá dizia Thomas Hobbes, “o homem é o lobo do homem”. Partindo dessa provocação deveras verdadeira, Zach Cregger nos entrega um dos melhores filmes de terror/suspense do ano e dos últimos anos.
O terror aqui não é apenas o desconhecido. É o terror urbano, o terror do medo iminente, o terror de ser mulher (Tess, interpretada por Georgina Campbell) em um local desconhecido em que sua única companhia é um homem (Keith, interpretado por Bill Skarsgard) que não conhece e parece ser bem gentil.
Um terror insinuante (qual é a dele, afinal?), nada explícito. Até a virada de chave quando sai o clima soturno e entra o clima solar com AJ Gilbride (Justin Long) que é levado a estar naquela casa no meio do nada em um bairro fantasma de Detroit onde os dois desconhecidos do primeiro ato estão.
Muito mais que terror, o filme é um drama psicológico acerca do patriarcado e do poder que os homens sentem em ludibriar e tomar como posse corpos femininos. Quando você entende o filme não há como não se compadecer com aquela situação bizarra e, infelizmente, não atípica no sentido da essência do que cerca o terror envolvido.
No fim, é um filme triste.
Morte Morte Morte
3.1 638 Assista AgoraO tragicômico aqui tem como pano de fundo uma alfinetada feroz nessa nova geração Z (ou sei lá em qual letra estão inseridos) de muita tecnologia, muito dinheiro (ou sua ausência), muito acesso. Tudo muito fácil, mas estão cada vez mais vazios intelectualmente, socialmente e emocionalmente falando. Vivem em quase que um estado vegetativo em que importa é os likes e os números de seguidores. Não se conhecem, não aprofundam os relacionamentos e tudo é muito superficial.
E quando acontece a primeira morte, não há ninguém ali que se conheça de fato, as verdades se esvaem e o que poderia ser uma confiança mutua morre junto com o primeiro corpo desencadeando em tragédias desnecessárias. E um acusa o outro, aponta o dedo para o outro e ninguém de fato reconhece ninguém.
Isolados
2.5 328 Assista AgoraTão óbvio que antes de chegar ao clímax eu já tinha matado a charada. Como thriller/suspense não é a especialidade do nosso vasto e fodão cinema nacional vou dar crédito para esse filme que foi um dos primeiros a se arriscar de fato em thriller psicológico.
Destaque para Bruno Gagliasso e Regiane Alves que brilham com suas presenças e talento.
Pearl
3.9 993O prequel de “X – A Marca da Morte” baseado na personagem Pearl vai muito além de uma simples história para contar acontecimentos antecedentes aos momentos do filme anterior. “Pearl” é, acima de tudo, um bom estudo de como psicopatas nascem. Toda situação que envolve a sua natureza mórbida e os gatilhos que lhe levam a tais atos brutais.
Pearl é uma personagem muito rica nesse sentido. Não vejo o filme como terror, mas um slasher dramático e sarcástico acerca de sua brutalidade que vai se consolidando ao longo da película, nada aqui é abrupto e tudo e calculadamente estudado e organizado. Roteiro e direção de Ti West (com a participação de Mia Goth no roteiro) foram certeiros em abusar do lúdico para narrar esse enredo macabro.
O lúdico em sua potência máxima dos sonhos de estrela. É tudo muito colorido, vívido, uma explosão de cores que de certa forma é a explosão dos sonhos frustrados e o mal se externalizando em Pearl.
E que performance de Mia Goth, é principalmente ela e por ela que o filme funciona. Avassalador seu monólogo e a cena final. Grandiosa atriz que descobri agora.
X: A Marca da Morte
3.4 1,2K Assista AgoraA volta de um bom slasher trash, subversivo e muito bem feito. “X” prende a atenção desde o início, seja por seu enredo envolvente e que não se sabe para onde enveredar (eu só sabia que era um filme de terror e mais nada), seja pela fotografia granulada e figurinos rememorando aquela época dos anos 1970 onde tudo era muito over. As mortes dentro do contexto e tudo acontecendo sem pressa. Primeiro nos envolvemos com os personagens, os conhecemos para depois começar o banho de sangue, achei muito bom.
A questão do corpo e a exploração do corpo da mulher e como o feminino tem prazo de validade e tornam-se invisíveis usado como pano de fundo aqui foi sensacional. O misto de sexo, sexualidade e suspense no ar também deram o tom a esse terror com toques de comédia, que no fim, não assusta em nada, ainda assim, nos deixa tensos.
Ti West tem toda minha atenção a partir de agora.
A Queda
3.2 742 Assista Agora"No fim, “A Queda” é um filme simples, clichê e eficaz, servindo mais como uma alegoria sobre sobrevivência e lutar contra instintos e ações externas que influenciem na vida da pessoa."
Minha crítica do filme no portal CineSet: <critica-a-queda-scott-mann/>
A Mulher Rei
4.1 488 Assista AgoraA Mulher Rei têm os seus problemas de narrativa, edição e uma certa pieguice no seu desenrolar no contexto do passado de Nanisca (Viola Davis, assombrosa como sempre). Mas, sem dúvidas, é um drama épico que exalta a cultura, o corpo, a religiosidade, força e resiliência do povo negro. É um filme importante e necessário para aqueles que desconheciam a história dessas guerreiras e a história dos corpos diaspóricos de África para serem escravizados e a total extorsão das riquezas, legados e livre arbítrio do povo negro que não está nos livros de história e continuam a perpetuar os estigmas para com nossos corpos.
Esse filme também vem como uma reparação histórica no sentido de recontar legados negros sob a ótica negra e não mais pelo viés branco colonizador e, quase sempre, salvador. Não inventa a roda, de fato, mas busca esse protagonismo negro e a retomada do poder das suas narrativas, da beleza em si, da sua força e dos seus corpos autônimos e isso é importante. A arte tem essa importância na construção de uma nova visão e tentar descolonizar o pensamento estereotipado.
Amsterdã
3.0 158"A excentricidade envernizada em uma comédia de erros e com diálogos irônicos e longos pode ter funcionado em “Trapaça”, por exemplo, mas, aqui, soa repetitivo. Russell usa dos mesmos mecanismos de um enredo mirabolante recheado de fillers se baseando unicamente no seu elenco com tiques e trejeitos (alô, Malek!). O humor ácido, os diálogos e todo estilo narrativo de uma história recheada de sobressaltos, se comparado aos irmãos Coen, Tarantino e Scorsese, aqui, parece brincadeira de um iniciante."
Minha crítica do filme no site CineSet: <critica-amsterdam-david-o-russell/>
Viagem das Garotas
3.5 219 Assista AgoraAh, a amizade. Não há nada melhor que a amizade, cumplicidade, o entendimento com apenas um olhar, um gesto, uma palavra. São laços que nos une por toda vida, pode até ser considerada a verdadeira alma gêmea. Aquela alma/corpo que estará sempre lá, independente de qualquer situação. Até na briga e nos momentos ruins, afinal, não se vive sempre na bonança e isso é que nos motiva.
“Viagem das Garotas”, entre outras coisas, fala disso. De uma irmandade. De uma irmandade de mulheres negras que fogem de todos os estereótipos possíveis, pero no mucho, de como a indústria as enxerga. Elas carregam consigo traumas e invisibilidades que podem, em alguma instância, separá-las, não por culpa delas, diga-se, mas do sistema em si.
Ryan Piece (Regina Hall), Sasha (Queen Latifah), Lisa (Jada Pinkett Smith) e Dina (Tiffany Haddish) são amigas inseparáveis desde a juventude, mas as circunstâncias da vida as separaram. Ryan, por exemplo, tornou-se uma celebridade com livros de autoajuda em relacionamentos. Sasha uma jornalista à lá Leo Dias, sem credibilidade alguma. Lisa é enfermeira e mãe de família full time e Dina, bem essa parece que não cresceu. Eis que um dia Ryan percebe a oportunidade de reunir com suas amigas outra vez e aí é ladeira abaixo, será mesmo?
“Viagem das Amigas” é muito mais que isso. Fala sobre sororidade, coletividade e fidelidade aos seus princípios que unem essas almas. E quem não quer e sonha ter um encontro de alma desse jeito?
O filme divertidíssimo e todas estão em suas melhores formas. Atrizes negras interpretando mulheres bem sucedidas ou fieis ao seu próprio gosto, corpo e libido são extremamente raros de assistir, como se não pudessem ou lhes negassem esse direito de existência. Mas elas existem e os espaços estão aí para serem ocupados. É um filme, também, incentivador.
E o elenco? Sem comentários, um quarteto para não colocar defeitos, especialmente a Tiffany Haddish que, com certeza, imprimiu bem a persona caótica que existe por ai. Quem não foi/ é Dina?
Pânico
3.4 1,1K Assista AgoraA franquia “Pânico” idealizada por Wes Caven com muita paixão e despretensão é lendária, um clássico incontestável e cavou seu nome no hall das grandes franquias de terror slasher já no seu primeiro filme, “Pânico” em 1996. Depois disso, as portas se reabriram para o gênero que estava decaído desde o fim da década de 1980.
O grande triunfo da saga de Sidney Prescott (Neve Campbell) na luta pela sobrevivência e descobrir quem está por detrás do ghostface é justamente não se levar a sério e usar da metalinguagem zombando de si e dos outros clássicos do terror. Isso soa refrescante ao gênero e a própria franquia que, mesmo apresentando cansaço, ainda consegue um certo fôlego fazendo apenas o básico, isto é, não se renovar, mas requentar e se divertir e nos levando a embarcar nos seus absurdos.
Com a morte do gênio Wes em 2015 e o flop de “Pânico 4” em 2011, a franquia parecia encerrada. Eis, meus caros, que eles encontram um novo meio de ganhar dinheiro. Agora, sob a direção de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett”, “Pânico” quer atrair nova plateia sem esquecer daqueles que cresceram e envelheceram com a franquia desde o seu princípio. E isso eles fazem com louvor. Sem pensar em diversão e abraçar o absurdo, esse reboot que não é reboot, muito menos um remake, mas a história partindo de uma nova perspectiva consegue suprir a expectativa. Mas, se for pensar como um todo, a qualidade cai muito, beirando ao ruim. Mas sempre partindo do principio que de tão ruim fica bom.
Saem de cena os protagonistas Sidney, Gale Weathers (Courtney Cox) e Dewey (David Arquette) e entram em cena Tara (Jenna Ortega, a nova scream Queen do momento, já são uns bons 6 filmes de terror no currículo), Sam (Melissa Barrera) e Mindy (Jasmin Savoy Brown, só lembrei dela em “The Leftovers”). Por mais que haja uma interação interessante entre os percussores e os novatos, ainda fica a sensação de quero mais com o pouco tempo de tela que os veteranos têm embora seja perfeitamente compreensível e justificável. São os novos tempos e novos capítulos sendo recontados.
A justificativa é pífia. Pareceu um mashup do segundo e quarto filmes e o plot twist que envolve a personagem de Sam e suas visões foram vergonhosas.
No mais, é uma diversão. Muitos falaram que esse “Pânico”, propositalmente sem o “5” é uma carta de amor para seu criador máximo, Wes Caven e seus fãs. Só por isso e apenas por isso é que vale a pena.
Leonora, Adeus
2.5 6"A produção italiana é uma epopéia, como um devaneio do diretor, que imagina como foi a transição das cinzas de Luigi Pirandello – o início mostra o autor vencendo o Prêmio Nobel de Literatura em 1934 – de Roma para o vilarejo onde nasceu. O escritor morreu em 1936 e pouco mais de 10 anos depois que conseguiram essa transferência – pelo menos, é isso que Taviani nos conta."
Minha crítica ao filme no site CineSet: <critica-adeus-leonora-paolo-taviani/>
A Chiara
3.5 4 Assista Agora"Mesmo com o tema máfia italiana sendo o plano central e há muita humanidade de como ele conta essa história e, principalmente, no crescimento de Chiara quando começa a descobrir coisas e também, implicitamente, começa a descobrir coisas sobre si mesma que ela desconhecia, e isso acontece pelo uso do corpo da atriz, ela transpõe essa carência, fúria, indignação e curiosidade genuínas de uma menina de 15 anos e também de uma filha procurando por respostas."
Minha crítica do filme no site CineSet: <critica-a-chiara-jonas-carpignano/>
A Garota da Foto
3.8 139 Assista Agora"O homem sabe que sua brutalidade nociva e cercada de privilégios, se for branco, independente da classe social, mais ainda. Franklin Floyd é um psicopata genuíno tinha certeza do seu poder, da sua força e que poderia passar despercebido pelo resto de sua vida, viveu uma vida desregrada entre prisões e fugas, causando terror por onde passava, especialmente para com a jovem Sharon ou seria Tonya? Melhor dizendo, Suzane."
Minha crítica completa no site CineSet: <critica-a-garota-da-foto-netflix/>
Treze Vidas - O Resgate
4.0 151 Assista Agora"Os longos 150 minutos de duração compõem um cenário de adrenalina e tensão. Howard acerta em não focar nestas 13 vidas, mas, sim, no desenvolvimento fora da caverna, incluindo, o governo tailandês, o profissionalismo das equipes locais e estrangeiras de resgate e os seus antagonismos com diferentes perspectivas e modos de encarar a tragédia, porém, com um ponto em comum: salvar estes jovens."
Minha crítica do filme no site CineSet: <critica-13-vidas-ron-howard/>
Ambulância: Um Dia de Crime
2.9 200 Assista Agora"Uma história como qualquer outra que já vimos por aí. Aliás, é um remake de um longa dinamarquês lançado em 2005. E o roteiro vai se esvaindo e se tornando vazio ao longo dos minutos. Não há uma ação concreta do roteiro."
Minha crítica completa do filme no site CineSet: <critica-ambulancia-michael-bay/>
Red Rocket
3.6 60 Assista Agora"A grande questão aqui é que Baker não está preocupado em mostrar uma história de redenção e muito menos um recomeço pré-determinado do que conhecemos como recomeço. Mikey é um sonhador nato, mas também egocêntrico, alienado, sem empatia e zero visão periférica para entender o seu redor que não seja ele mesmo."
Minha crítica completa no site CineSet: <critica-red-rocket-sean-baker/>
O Domingo das Mães
2.8 18"As regras sempre foram exigidas para impor certa ordem e imponência a quem a comandava. Na Europa da Idade Média, por exemplo, vinham como modelos de boas maneiras e de como se comportar na sociedade. As regras de etiqueta eram, portanto, uma forma de coação em agir de maneira pré-estabelecida. Em outras palavras, o medo em errar ou causar espanto em sociedade era uma embaraçoso. Medo e vergonha eram sinônimos para que seguissem as boas maneiras estabelecidas, logicamente, pela elite e burguesia."
Minha crítica compelta no site CineSet: <critica-mothering-sunday-colin-firth/>
Ilusões Perdidas
3.9 22 Assista Agora“Ilusões Perdidas” é um tratado visionário, atemporal e cruel de como o sujeito pode se desviar do seu caminho pelo deslumbre, impulsionado pelos podres poderes externos e que, ao lutar contra ele, não há vitória, pois o elo dominante é nocivo e detém todos os mecanismos em suas mãos para se manter no topo da pirâmide. Arte e jornalismo não se interligam quando uma parte já está corrompida. E as palavras, como Lucien diz em certa cena – “eu acredito na literatura!” – aqui, não são nada mais do que meia dúzia de letras para lucrar e difamar."
Minha crítica completa no site CineSet: <critica-ilusoes-perdidas-xavier-giannolli/>
Lolita
3.7 632 Assista Agora"A primeira coisa que temos que compreender ao assistir um filme como “Lolita” é que isso não é uma história de amor. Nem um tórrido romance. Nem nada parecido. É uma pedofilia assistida e romantizada. Até mesmo na época em que o livro e o filme foram lançados, anos 1950 e 1960, respectivamente, ele sofreu represálias de uma ala conservadora."
Minha crítica em homenagem aos 60 anos do filme no site CineSet: <classic-movies-lolita-stanley-kubrick/>
A Bolha
2.3 78"É nessa pegada que “A Bolha”, nova aposta da Netflix dirigida por Judd Apatow (“O Virgem de 40 Anos”, “Ligeiramente Grávidos”, etc.) se enquadra. O diretor é famoso por suas comédias irônicas, absurdas e com alguma alfinetada social aqui e acolá. Aqui não é diferente. Entretanto, nunca foi tão difícil abraçar um absurdo. “A Bolha” é apenas um filme ruim com boa temática, alguns momentos interessantes e só."
Minha crítica completa no site CineSet: <critica-a-bolha-judd-apatow/>
Abracadabra 2
3.3 349 Assista AgoraUma ótima distração e não comprometeu em nada com o legado do primeiro. Gostei da alfinetada contra o patriarcado, religião e o poder do discurso inquisitório de quem iria contra eles eram considerados bruxos e/ou hereges. A tecnologia mais uma vez sendo um aparato divertido entre as bruxas.
E que linda a cena da Winifred falando que não tem poder sem as suas irmãs, humanizou a vilã.
Será que teremos um terceiro filme?
No mais, Bette Midler, você sempre será famosa. DIVA!