Diferente dos demais, este foi o meu preferido da "trilogia" do Alonso, não sei se pelos ecos já mencionados do filme do Tsai, meu xodó... mas o fato é que me deixou bastante intrigado com sua complexa simplicidade, a ideia dos ciclos de eterno retorno e auto-contemplação da vida como um filme sempre me cativam.
Este é um dos filmes mais deprimentes dos muitos filmes muito deprimentes que já vi, e olha que não é pouca coisa... (rir pra não chorar?) (ou tossir?) É desesperador contemplar imóvel a autodestruição - do corpo de uma mulher, da sua família e amigos e vizinhos e conhecidos; e do seu bairro, o seu mundo inteiro ameaçado. Se o seu mundo é um Quarto, e se os tratores rugem, o que pode restar? Nem corpo, nem quarto, nem bairro, nem mundo.
Pura afetação, chega a irritar a insistência no onanismo estético, que mais parece uma massagem no ego dos próprios diretores - do tipo "vejam como somos estilosos e caprichosamente herméticos, quem não gosta é estúpido" etc. A vontade de não terminar de ver foi grande, mas os meus princípios me obrigaram... aff!
É o medo da morte que nos transporta ao passado e nos faz reconhecer, aí nessas sombras móveis, a força do presente que nos impele à luta cotidiana. Lutemos!
Chantal chegou a declarar que o silêncio dos negros do Sul lhe lembrava muito o silêncio dos judeus submetidos aos campos de concentração - que ela soube de perto no corpo da mãe. Ela aproxima experiências de dores silenciosas com muita sensibilidade, e expande o abraço desse silêncio: para as queer desenraizadas, as lésbicas assumidas, os povos privados de pátria. Então se descobre, num sussurro ou num cântico spiritual ou no sopro do vento, que o lar são eles (somos nós) mesmos.
Eu demorei para acreditar que Pharaon pudesse ser o bom-moço que parece. A primeira sequência do filme é muito ambígua, fiquei o tempo todo com a pulga atrás da orelha
Eu certamente nunca me recuperarei da experiência de rever Satantango na tela grande, numa oportunidade de celebrar os 25 anos do filme, que nasceu no mesmo ano que eu: sinto que o círculo que ele traça também a mim me envolve, também eu tramo uma teia; observo, sinto os estalidos dos outros corpos em redor, remexendo seus chocolates e salgadinhos; sinto até mesmo quem tosse e quem boceja e quem dorme e sonha... Quando um se espreguiça, na tela ou fora dela, ou mastiga: Satantango está diante e dentro de nós! Dançam e dançamos, e não nos cansamos sobre a lama? Doloridos. São rostos grandes como planetas - estrelas mortas; faz frio e é úmido, o pântano fede, cigarros e bebidas quentes. Sombriamente celebro: o fim de uma década, "o ciclo se fecha".
Filme que cresceu muito no meu peito quando visto agora, pela segunda vez. Da primeira vez me escapou muito (mais, porque ainda escapa, sempre vai escapar). Sinto que há muita coisa aqui que influencia o cinema asiático contemporâneo em termos de silêncio, quietude aparente, que oculta um fundo de potencial explosão, agitação e angústia. Esse filme é um marco do Novo Cinema Taiwanês, movimento que de fato repercute em cineastas posteriores, como Tsai Ming-Liang, Kiyoshi Kurosawa, Kore-eda, Apichatpong etc.
O filme funciona melhor como uma homenagem ao Burroughs do que propriamente como uma adaptação de Naked Lunch (de certo modo, o romance me parece "inadaptável"). Cronenberg faz referências a episódios da vida do autor presentes em outras de suas narrativas autobiográficas, como Queer e Junkie, e inclui suas versões de Ginsberg e Kerouac como amigos de Bill. Em respeito à liberdade poética, até que gostei.
A Palavra
4.5 100É cansativa a vida do crente
Fantasma
3.2 5Diferente dos demais, este foi o meu preferido da "trilogia" do Alonso, não sei se pelos ecos já mencionados do filme do Tsai, meu xodó... mas o fato é que me deixou bastante intrigado com sua complexa simplicidade, a ideia dos ciclos de eterno retorno e auto-contemplação da vida como um filme sempre me cativam.
No Quarto da Vanda
4.0 15Este é um dos filmes mais deprimentes dos muitos filmes muito deprimentes que já vi, e olha que não é pouca coisa... (rir pra não chorar?) (ou tossir?)
É desesperador contemplar imóvel a autodestruição - do corpo de uma mulher, da sua família e amigos e vizinhos e conhecidos; e do seu bairro, o seu mundo inteiro ameaçado. Se o seu mundo é um Quarto, e se os tratores rugem, o que pode restar?
Nem corpo, nem quarto, nem bairro, nem mundo.
A Estranha Cor das Lágrimas do seu Corpo
3.1 45Pura afetação, chega a irritar a insistência no onanismo estético, que mais parece uma massagem no ego dos próprios diretores - do tipo "vejam como somos estilosos e caprichosamente herméticos, quem não gosta é estúpido" etc. A vontade de não terminar de ver foi grande, mas os meus princípios me obrigaram... aff!
À Espera dos Bárbaros
3.6 3É o medo da morte que nos transporta ao passado e nos faz reconhecer, aí nessas sombras móveis, a força do presente que nos impele à luta cotidiana. Lutemos!
Sud
4.0 4Chantal chegou a declarar que o silêncio dos negros do Sul lhe lembrava muito o silêncio dos judeus submetidos aos campos de concentração - que ela soube de perto no corpo da mãe. Ela aproxima experiências de dores silenciosas com muita sensibilidade, e expande o abraço desse silêncio: para as queer desenraizadas, as lésbicas assumidas, os povos privados de pátria. Então se descobre, num sussurro ou num cântico spiritual ou no sopro do vento, que o lar são eles (somos nós) mesmos.
Toula Ou O Espírito Das Águas
3.4 2É uma história contada de forma muito simples e bela, como se fosse possível documentar um mistério.
A Humanidade
3.5 25Eu demorei para acreditar que Pharaon pudesse ser o bom-moço que parece. A primeira sequência do filme é muito ambígua, fiquei o tempo todo com a pulga atrás da orelha
se não poderia ser ele o violador e assassino
Johnny Guitar
4.1 98 Assista AgoraBenza Deusa que pariu de quatro a Joan Crawford <3
O Farol
3.8 1,6K Assista AgoraO que aconteceria se o Béla Tarr fizesse um remake de The Birds?
Seria tipo esse filme.
O Grande Dragão Branco
3.4 621 Assista Agoraum bromance desses bixo
Mad Max 2: A Caçada Continua
3.8 475 Assista Agoraglam rock post-punk hardcore
O Tango de Satã
4.3 139Eu certamente nunca me recuperarei da experiência de rever Satantango na tela grande, numa oportunidade de celebrar os 25 anos do filme, que nasceu no mesmo ano que eu: sinto que o círculo que ele traça também a mim me envolve, também eu tramo uma teia; observo, sinto os estalidos dos outros corpos em redor, remexendo seus chocolates e salgadinhos; sinto até mesmo quem tosse e quem boceja e quem dorme e sonha... Quando um se espreguiça, na tela ou fora dela, ou mastiga: Satantango está diante e dentro de nós! Dançam e dançamos, e não nos cansamos sobre a lama? Doloridos. São rostos grandes como planetas - estrelas mortas; faz frio e é úmido, o pântano fede, cigarros e bebidas quentes. Sombriamente celebro: o fim de uma década, "o ciclo se fecha".
Silvestre
4.2 2Épico medieval português que flerta, espantosamente, com o "Grande Sertão: Veredas"... Lindezas.
Our House
3.2 4Amo esses filmes em que os fantasmas habitam os mínimos ruídos...
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraMoral da história:
podem enfiar no cu os seus supositórios, ficamos cá, bem e melhor, com nossas ervinhas da terra.
Os Terroristas
4.1 24Filme que cresceu muito no meu peito quando visto agora, pela segunda vez. Da primeira vez me escapou muito (mais, porque ainda escapa, sempre vai escapar). Sinto que há muita coisa aqui que influencia o cinema asiático contemporâneo em termos de silêncio, quietude aparente, que oculta um fundo de potencial explosão, agitação e angústia. Esse filme é um marco do Novo Cinema Taiwanês, movimento que de fato repercute em cineastas posteriores, como Tsai Ming-Liang, Kiyoshi Kurosawa, Kore-eda, Apichatpong etc.
Um Homem que Dorme
4.4 195poema sobre a depressão
O Revelador
3.9 9Mistério é medo e maravilha; na mata mistura de horror e milagre; luz e sombra, cinema é isso.
O Signo do Leão
3.9 12Ao povo pobre nos restam milagres?
Pau de Sangue
4.0 3Povo em diáspora, fogo na seara, lágrimas suadas...
O Leito da Virgem
3.7 7Viagem pelo que há de mais escuro, úmido e misterio-pedregoso no percurso de Cristo. Um belo, estranho e corajoso filme. <3
Mistérios e Paixões
3.8 312O filme funciona melhor como uma homenagem ao Burroughs do que propriamente como uma adaptação de Naked Lunch (de certo modo, o romance me parece "inadaptável"). Cronenberg faz referências a episódios da vida do autor presentes em outras de suas narrativas autobiográficas, como Queer e Junkie, e inclui suas versões de Ginsberg e Kerouac como amigos de Bill. Em respeito à liberdade poética, até que gostei.
Faça a Coisa Certa
4.2 398Não recomendo ver esse filme com larica