Nossas vidas, em geral, não são marcadas por grandes vilões, não lideramos exércitos contra guerras, nem nos envolvemos em tramas sobre espionagem e traição. Parece pacato, mas, nossos grandes dramas nascem e se criam sobre o berço do cotidiano. O casal de idosos Kate (Charlotte Rampling) e Geoff (Tom Courtenay) estão há 45 anos casados, estão a mais tempo juntos do que passaram com seus pais, e do que passaram até mesmo sozinhos. A dissociação um da vida do outro é praticamente impossível de se fazer.
Um acontecimento que envolve o passado de Geoff faz a trama do filme começar a se desenrolar, porém, de forma sutil, sem grandes rompantes, sem cenas com diálogos longos. Precisamos notar a sensibilidade da ação de ambos, como pequenos detalhes vão demonstrando a forma que cada um está enfrentando internamente os vários dilemas que surgem. A insegurança crescente de Kate é construída da forma mais humana possível, e cresce também o paradoxo com os preparativos para o que vai ser a celebração da vida em conjunto de ambos.
Tom Courtenay consegue transmitir bem a confusão e a volta de sentimentos amargurados e antigos potencializados com a velhice que seu personagem vive. Porém, apesar dele ser o principal afetado , é nos olhos e gestos muito bem detalhados por Charlotte Rampling que nos deparamos com o grande conflito da trama.
O final do filme relembre acontecimentos de nossas vidas que podem estar nos perturbando até hoje. Apesar de parecer terminar da forma "correta", onde tudo parece ter saído dentro dos planos, é em uma cena final singela e ao mesmo tempo cheia de significados que Rampling expõe a angústia de não ter suas dúvidas respondidas, suas angústias caladas, e seus alicerces fragilizados. Ela se vê imersa em um mundo onde "tudo está bem".
Relacionamento lésbico nos anos 50 entre uma jovem aspirante a fotógrafa e uma senhora da alta sociedade prestes a se divorciar. O enredo por is só preenche o filme de vários tópicos sobre machismo e hipocrisia, porém, o tom sutil, gestual e por vezes frio alivia o que poderia ser um drama cercado apenas de angústia. As diferentes sequências onde ambas aparecem através de vitrines, portas de vidro, vidros de carros, representam a situação da relação das duas: apesar de poderem estar próximas, ao mesmo tempo, são detidas por "uma barreira sólida" que as impede de ficar completamente juntas. Com cenas delicadas, o relacionamento das duas é apresentado, com Cate Blanchett totalmente segura de sua personagem experiente, misteriosa, sedutora e ao mesmo tempo vulnerável, e Rooney Mara, se permitindo por uma personagem inexperiente, mas, aberta as chances da vida, aberta as formas de amor. No fim, sabemos que o mundo é que na verdade não nos merece, que nos faz acreditar que não existem escolhas quando se está em jogo nossa própria felicidade.
O dr. Hannibal Lecter não se alimenta de carne humana, esse parece ser apenas um traço metafórico final de sua personalidade. Assumindo seu papel profissional de psiquiatra seu principal alimento são as memórias, os sentimentos, os traumas. Seu banquete tem como prato principal a humanidade de cada um. Não é a vista para o mar, os livros, a água, mas, sim, uma visita, uma troca, que o faz criar um laço forte e nada ortodoxo com a polical Clarisce. Hannibal, sabendo do potencial da policial, a tira do mundo onde é subjugada quase sempre pelo machismo e a eleva a outro patamar, e ela, em correspondência, é a única que pode decifrar a mente de Lecter, e o faz assim quase assumindo papel de sua aprendiz, em um jogo perigoso, onde o crime central apenas serve como plano de fundo para o intenso e psicológico relacionamento entre Clarisce e Lecter. Anthony Hopkins faz um dos grandes papeis masculinos de todos os tempos e Jodie Foster domina totalmente o seu personagem, fazendo desse um dueto literalmente digno de oscar.
Se deixar levar pelos fluxos que permeiam e invadem a vida das três protagonistas é um aflito passeio pelas grandes questões humanas disfarçadas de cotidiano e cobertas por julgamentos. Será que somos capazes mesmo de julgar o que para nós é egoísmo e ingratidão? Podemos julgar o necessário para a felicidade do próximo? Assistir a esse filme é como ver uma olimpíada com atletas de alto padrão, Nicole Kidman, Meryl Streep e Julianne Moore "jogam" divinamente amparadas por outras atuações impecáveis e no ponto
Não tem como não se apaixonar pela Liza Minnelli e sua personagem nesse filme. Livre, doce, independente, atrevida. E como Joe Grey rouba a cena mesmo não fazendo parte da trama diretamente, terminei o filme tendo certeza que era uma performance digna de prêmios. Um musical saboroso demais para se deleitar
45 Anos
3.7 254 Assista AgoraNossas vidas, em geral, não são marcadas por grandes vilões, não lideramos exércitos contra guerras, nem nos envolvemos em tramas sobre espionagem e traição. Parece pacato, mas, nossos grandes dramas nascem e se criam sobre o berço do cotidiano. O casal de idosos Kate (Charlotte Rampling) e Geoff (Tom Courtenay) estão há 45 anos casados, estão a mais tempo juntos do que passaram com seus pais, e do que passaram até mesmo sozinhos. A dissociação um da vida do outro é praticamente impossível de se fazer.
Um acontecimento que envolve o passado de Geoff faz a trama do filme começar a se desenrolar, porém, de forma sutil, sem grandes rompantes, sem cenas com diálogos longos. Precisamos notar a sensibilidade da ação de ambos, como pequenos detalhes vão demonstrando a forma que cada um está enfrentando internamente os vários dilemas que surgem. A insegurança crescente de Kate é construída da forma mais humana possível, e cresce também o paradoxo com os preparativos para o que vai ser a celebração da vida em conjunto de ambos.
Tom Courtenay consegue transmitir bem a confusão e a volta de sentimentos amargurados e antigos potencializados com a velhice que seu personagem vive. Porém, apesar dele ser o principal afetado , é nos olhos e gestos muito bem detalhados por Charlotte Rampling que nos deparamos com o grande conflito da trama.
O final do filme relembre acontecimentos de nossas vidas que podem estar nos perturbando até hoje. Apesar de parecer terminar da forma "correta", onde tudo parece ter saído dentro dos planos, é em uma cena final singela e ao mesmo tempo cheia de significados que Rampling expõe a angústia de não ter suas dúvidas respondidas, suas angústias caladas, e seus alicerces fragilizados. Ela se vê imersa em um mundo onde "tudo está bem".
Carol
3.9 1,5K Assista AgoraRelacionamento lésbico nos anos 50 entre uma jovem aspirante a fotógrafa e uma senhora da alta sociedade prestes a se divorciar. O enredo por is só preenche o filme de vários tópicos sobre machismo e hipocrisia, porém, o tom sutil, gestual e por vezes frio alivia o que poderia ser um drama cercado apenas de angústia. As diferentes sequências onde ambas aparecem através de vitrines, portas de vidro, vidros de carros, representam a situação da relação das duas: apesar de poderem estar próximas, ao mesmo tempo, são detidas por "uma barreira sólida" que as impede de ficar completamente juntas. Com cenas delicadas, o relacionamento das duas é apresentado, com Cate Blanchett totalmente segura de sua personagem experiente, misteriosa, sedutora e ao mesmo tempo vulnerável, e Rooney Mara, se permitindo por uma personagem inexperiente, mas, aberta as chances da vida, aberta as formas de amor. No fim, sabemos que o mundo é que na verdade não nos merece, que nos faz acreditar que não existem escolhas quando se está em jogo nossa própria felicidade.
O Silêncio dos Inocentes
4.4 2,8K Assista AgoraO dr. Hannibal Lecter não se alimenta de carne humana, esse parece ser apenas um traço metafórico final de sua personalidade. Assumindo seu papel profissional de psiquiatra seu principal alimento são as memórias, os sentimentos, os traumas. Seu banquete tem como prato principal a humanidade de cada um. Não é a vista para o mar, os livros, a água, mas, sim, uma visita, uma troca, que o faz criar um laço forte e nada ortodoxo com a polical Clarisce. Hannibal, sabendo do potencial da policial, a tira do mundo onde é subjugada quase sempre pelo machismo e a eleva a outro patamar, e ela, em correspondência, é a única que pode decifrar a mente de Lecter, e o faz assim quase assumindo papel de sua aprendiz, em um jogo perigoso, onde o crime central apenas serve como plano de fundo para o intenso e psicológico relacionamento entre Clarisce e Lecter.
Anthony Hopkins faz um dos grandes papeis masculinos de todos os tempos e Jodie Foster domina totalmente o seu personagem, fazendo desse um dueto literalmente digno de oscar.
As Horas
4.2 1,4KSe deixar levar pelos fluxos que permeiam e invadem a vida das três protagonistas é um aflito passeio pelas grandes questões humanas disfarçadas de cotidiano e cobertas por julgamentos. Será que somos capazes mesmo de julgar o que para nós é egoísmo e ingratidão? Podemos julgar o necessário para a felicidade do próximo? Assistir a esse filme é como ver uma olimpíada com atletas de alto padrão, Nicole Kidman, Meryl Streep e Julianne Moore "jogam" divinamente amparadas por outras atuações impecáveis e no ponto
Cabaret
4.2 253Não tem como não se apaixonar pela Liza Minnelli e sua personagem nesse filme. Livre, doce, independente, atrevida. E como Joe Grey rouba a cena mesmo não fazendo parte da trama diretamente, terminei o filme tendo certeza que era uma performance digna de prêmios. Um musical saboroso demais para se deleitar
Ensina-me a Viver
4.3 873 Assista AgoraAinda sem esquecer a cena fofíssima dela atirando a moeda e dizendo "agora sei onde ela sempre vai estar" *O*