Humphrey Bogart, com a cara de invocado, dando vida ao famoso detetive durão Philip Marlowe - dos livros policiais do Raymond Chandler - ao lado da sua eterna amada Lauren Bacall, no auge da beleza e com cara de bandida sedutora, neste que é um bom filme noir, com uma bonita fotografia em preto e branco e uma boa direção do Howard Hawks. Vale a pena conferir.
"Último Tango em Paris", 1972. Dir. Bernardo Bertolucci. (assistido em 2018)
Dois estranhos se conhecem por acaso, numa dessas eventualidades da vida, que por vezes, nos leva ao inferno, à perdição, à ruína total. É exatamente o que acontece aqui. À medida em que o filme vai se desenrolando, você passa a ter certeza que nada vai terminar bem. E nem podia. Aqui, não há espaço para final feliz. É uma tragédia anunciada. A sensação de incômodo, desconforto, é constante, a cada cena. Eu particularmente gosto desse tipo de história sórdida.
Marlon Brando, em mais uma interpretação assombrosa de sua carreira, é Paul. Um homem amargurado, que acabara de perder a esposa e, ao que parece, não está mais disposto a viver, quando conhece a personagem da Maria Schneider, que faz Jeanne. Uma garota liberta, que tem um noivo, papel do francês Jean Pierre Leaud, um cineasta que está a gravar um filme nas ruas de Paris e parece não lembrar que tem uma noiva, personagem que pelo menos para mim, não tem importância nenhuma na história. A essa altura, Paul e Jeanne já estão mais envolvidos do que nunca. É quando começam os desdobramentos nada agradáveis, de um envolvimento que jamais poderia dar certo. A relação deles, que ficam cada vez mais envolvidos, regada à muito sexo, torna-se ao mesmo tempo que permissiva, sem pudor - em uma das cenas, ele permite que ela introduza um objeto em seu traseiro, são coisas desse nível - uma coisa abusiva, tóxica, possessiva.
No fundo, ambos são duas almas perdidas, amorais, loucos, que gostam de sofrer. Por mais que seja difícil de ver a forma ultrajante com a qual Paul trata Jeanne, e o quanto ela permite que isso aconteça, por subserviência à esse homem, é interessante acompanhar o processo de degradação moral de ambos, bem como a decomposição da relação deles. É quando chegamos ao final, e com a desgraça que se abate sobre o casal, constatamos o que já era esperado: não é uma história de amor. Não tinha como ter final feliz.
Claro que, o filme não tinha como não cair em polêmicas, com todo o seu conteúdo forte. Foi o que aconteceu à época do seu lançamento, principalmente por conta da famosa cena da manteiga, que anos depois, configurou-se como um estupro, depois que o próprio Bertolucci admitiu que a Maria Schneider não fora avisada da tal cena, na qual o personagem do Marlon Brando introduzia manteiga no traseiro dela, realizando um coito anal em seguida. Talvez Bertolucci tenha morrido, carregando uma culpa por não ter feito um pedido de desculpa à Maria Schneider.
Porém, mesmo cercado de polêmicas - e aqui, faço minha análise como espectador mesmo, deixando de lado juízo de valores sobre os envolvidos - "Último Tango em Paris", ainda é um bom filme. Forte, provocativo, ousado, denso, bem realizado, com boas atuações, em especial a de Marlon Brando, um monstro em cena, além da direção segura do Bertolucci, que através da sua câmera, nos leva a adentrar a intimidade do casal, enquanto ambos se refugiam naquele apartamento sórdido, com a belíssima fotografia do Vittorio Storaro e o maravilhoso tango-jazz do Gato Barbieri, que pontua todos os momentos do filme. Polêmicas à parte, o saldo da fita é positivo, e vale a pena conferir.
"Festim Diabólico", 1948. Dir. Alfred Hitchcock. (assistido em 2018)
Quando eu digo que não existe filme ruim do Hitchcock, é porque realmente não existe. Aqui temos mais uma prova disso. "Festim Diabólico" é mais uma fita com uma premissa simples, mas que nas mãos do Mestre do Suspense, acaba por se tornar um ótimo filme. O ponto alto da história, é mesmo a atuação do trio principal: Farley Granger, como o medroso, John Dall, o cínico - existe uma tensão sexual entre ambos, que são vistos como apenas amigos, até para os 'padrões' da época também - e o segundo maior colaborador do Hitchcock, James Stewart - o outro é o Cary Grant - como o professor metido a investigador que tem certeza que os amigos escondem algo terrível.
E ele está certo: ambos matam um outro amigo e escondem o corpo dentro de um baú, que fica o tempo todo na sala, servindo de mesa, enquanto eles recebem alguns convidados para um jantar. É aí que se cria a tensão que permeia o filme e ficamos aflitos, a nos perguntar: quando e de qual maneira, o crime dos amigos será descoberto pelo professor?
Hitchcock era um gênio mesmo. Consegue prender a nossa atenção do início ao fim, com uma trama simples e envolvente, que se passa em um único cenário. O que se vê na tela, é um show de direção competente, um roteiro inteligente, com ótimos diálogos, além da bela fotografia e atuações incríveis do trio principal. Apesar de parecer que o filme foi rodado todo em um plano sequência, há sim pequenos cortes, ainda que sutis.
"Buscando...", 2018. Dir. Aneesh Chaganty. (assistido em 2019)
Um dos melhores filmes de 2018. Ótimo roteiro, boas atuações e uma direção competente. Quando você acha que já descobriu o que aconteceu e matou a grande 'charada' da história, vem a surpresa: o filme tem uma virada sensacional. É realmente um suspense de qualidade, que vale muito a pena conferir.
Eu já tentei ver algum filme totalmente ruim do Hitchcock, por menor que este seja e por mais que tenha alguma coisa fora do lugar, mas simplesmente não consegui. Sabem o motivo? Simples: tal filme não existe. Hitchcock nunca erra, mesmo quando algum dos seus filmes, é menor. É o caso de "Suspeita", que tem uma premissa simples, mas que nas mãos do genial diretor, acaba por se tornar um bom entretenimento. Hitchcock sabia bem como prender a atenção do público, e já mostrava neste seu segundo filme na América, o que poderíamos esperar dos seus outros trabalhos, dali em diante.
Aqui, ele constrói a tensão de forma genial, que aliada às atuações da Joan Fontaine, que no papel de uma mulher atormentada pela suspeita de que seu então marido pode ser um assassino, ganhou o Oscar de melhor atriz - ainda que todos saibam que na verdade pareceu um "prêmio de consolo" da Academia, por ela ter perdido no ano anterior, em outro filme do Hitchcock, "Rebecca" - e do Cary Grant, o tal marido, são o ponto alto da fita, além da parte técnica com a fotografia em preto e branco. Apesar de não ser um grande filme do Hitchcock, tem seus momentos, como a famosa cena em que o personagem do Cary Grant sobe a escada, a levar um copo com leite para a esposa e paira a dúvida se a bebida está envenenada ou não.
Michelle Williams em uma interpretação formidável e sensível, mostrando as fragilidades e os medos de uma Marilyn Monroe diferente daquilo que estávamos acostumados a saber dela.
"Vice", 2018. Dir. Adam McKay. (assistido em 2018)
É o típico filme sobre uma ex figura política dos EUA, feito para americano ver. Vale pela atuação do Christian Bale como o ex-vice-presidente dos EUA, Dick Cheney. A lindinha da Amy Adams pouco faz, no papel da esposa de Bale, e que acaba sendo engolida por ele em alguns momentos, ficando apagada. Destaque para os coadjuvantes Sam Rockwell como o ex-presidente George W. Bush e Steve Carell. Tem uma pegadinha quase na metade da fita, que te faz pensar que tudo já acabou.
"Green Book - O Guia", 2018. Dir. Peter Farrelly. (assistido em 2018)
Apesar de bem produzido e de não ser um filme ruim (ainda que tenha uma coisa aqui e outra ali, meio fora do lugar), além das atuações perfeitas da dupla principal Mahershala Ali, como o músico Don Shirley e Viggo Mortensen, como o invocado Tony Lip - as performances de ambos, são o ponto alto da fita - e a bonita amizade que eles criam ao longo da história, considero um erro o filme ter sido premiado como melhor filme do ano. Enfim, coisas do Oscar.
"No Portal da Eternidade", 2018. Dir. Julian Schnabel. (assistido em 2018)
Trata-se de um filme menor, narrativa lenta, roteiro fraco, porém, bonito esteticamente. E até mesmo toda a melancolia que permeia a história, não apaga o brilho da atuação sensível e tocante do Willem Dafoe (que tem entregado boas atuações nos últimos anos, vide este filme e "O Farol", este ano), e que aqui interpreta Van Gogh em seus últimos anos de vida, com maestria - talvez se não tivesse um tal de Rami Malek na disputa, ele ganharia o Oscar de melhor ator, pois seria merecidíssimo. Tem uma sequência em que Van Gogh pinta ao ar livre, num campo florido, que é linda, de encher os olhos. Destaque para o design de produção e a belíssima fotografia. O que me deixou um pouco incomodado no início foi a câmera que tremia muito, como se tivesse sendo segurada na mão mesmo, mas nada que me fizesse desistir de continuar assistindo.
"Poderia Me Perdoar?", 2018. Dir. Marielle Heller. (assistido em 2018)
Este filme, baseado em fatos reais, serviu para mostrar a versatilidade da atriz Melissa McCarthy, que provou aqui, com uma atuação sensível, não ser apenas uma atriz de comédia. Merecida sua indicação ao Oscar de melhor atriz. Destaque para o Richard E. Grant, fazendo o parceiro inseparável da Lee Israel. A amizade de ambos no filme é bonita de se ver. O filme, apesar de ter seus momentos, é uma fita menor.
"No Coração da Escuridão", 2017. Dir. Paul Schrader. (assistido em 2018)
Aqui no site: "Fé Corrompida". E acho até mais apropriado esse título. Este filme, do famoso Paul Schrader, roteirista de "Táxi Driver", é um filme menor, porém, está longe de ser ruim. O roteiro é bem escrito, e a atuação sensível e tocante do Ethan Hawke, como um padre atormentado por seus demônios internos (padre, demônio, não é nenhuma piada), que tenta não deixar com que a sua fé seja abalada, além de lidar com figuras que aparecem em sua vida, é o caso da personagem da Amanda Seyfried e seu marido, para causar mudanças drásticas, é o que sustenta o filme. Porém, deve-se levar em consideração que a história propõe uma reflexão acerca da preservação do meio ambiente e questões afins. Apesar do seu ritmo lento, o filme tem seus momentos, como o final aterrador que te faz impactar e permanecer assim, mesmo depois de acabado.
"A Esposa", 2017. Dir. Björn Runge. (assistido em 2018)
É um filme pequeno, porém, tem seus momentos, além de servir para mostrar que o ditado que diz mais ou menos o seguinte: "por trás de um grande homem - apesar que aqui, o marido não é um grande homem, somente aos olhos dos outros - existe uma grande mulher", nunca foi tão certo. A personagem título, foi feita sob medida para Glenn Close - era a minha favorita, embora Olivia Colman tenha merecido também, mas nem para um empate, sei lá, rs - que brilha numa interpretação contida, mas formidável, graças ao seu talento - atriz tão injustiçada no Oscar. Destaque para Jonathan Pryce, como o marido que na verdade, merecia ser desprezado.
"Guerra Fria", 2018. Dir. Pawel Pawlikowski. (assistido em 2018)
Este foi, uma das gratas surpresas de 2018. Lembro-me de ter ficado impactado com a belíssima fotografia em preto e branco, a cada cena do filme. Realmente, um deleite para quem - assim como meu - aprecia esse tipo de fotografia, volta e meia, em algum filme dos dias atuais.
Aqui, o destaque, fica por conta das atuações, em especial da atriz Joanna Kulig, Zula, uma cantora de personalidade e temperamento fortes. Na outra ponta, está o ator Tomasz Kot, Wiktor, um músico, aparentemente apático, mas que tem e gosta da sua liberdade. Em alguns momentos seu personagem meio que "se apaga", em detrimento à Zula, de quem as atitudes e ações, ora intempestivas, ora determinadas, impulsionam a história de forma surpreendente e nos faz sentir o mesmo que esses dois personagens: um turbilhão de emoções e sentimentos.
Os dois se encontram e se apaixonam de forma avassaladora, durante a guerra fria, com a boemia de Paris e o regime stalinista da Polônia, como pano de fundo, porém, não somente as circunstâncias em volta de ambos, mas principalmente os conflitos internos de cada um, acabam por fazer com que a relação deles entrem numa verdadeira montanha russa, quando atinge o limite do suportável e tudo se desmorona de vez, na parte final. São duas almas necessitadas, que vagam pela vida (eles parecem que estão sozinhos ali, mesmo com tudo o que acontece em volta), tão difícil e sórdida, enquanto amargam as dores e as dificuldades, em um momento no qual o futuro juntos e felizes parecia mesmo uma coisa incerta.
Eu não conhecia o trabalho desse diretor polonês, e logo que acabei de ver este filme, fui atrás de outro filme dele "Ida", 2013, igualmente bom, e com um final não tão agradável - pelo menos para mim. Talvez seja a marca registrada dele, fazer finais que te deixa sem chão, te faz sentir um emaranhado de sentimentos. Porém, tanto em "Ida", quanto neste "Guerra Fria", percebemos a qualidade do trabalho do Pawel, que se firma como um bom diretor.
O filme tem uma das cenas mais bonitas que eu pude assistir, nesses últimos anos: a personagem Zula cantando com uma banda de jazz, e Wiktor ao piano, no que parece ser um bar/café. É uma cena linda. Assim como Joanna, a fotografia em preto e branco que salta aos olhos com uma beleza sublime, a boa trilha sonora, além do design de produção, que faz com que "Guerra Fria", apesar do título e da melancolia que permeia a história do início ao fim, e nos faz acreditar que tudo está perdido, seja um grande filme.
"A Favorita", 2018. Dir. Yorgos Lanthimos. (assistido em 2018)
A graça maior do filme está no trio principal: Emma Stone, Rachel Weisz e Olivia Colman, numa interpretação soberba, que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz, merecidamente, ainda que minha torcida tenha sido mesmo para Gleen Close. O filme tem um humor ácido muito bom, além de ter seus momentos - alguns são bem divertidos - mas que se não tivesse alguma personagem do trio principal, não funcionaria. Sobre o diretor, ainda não conheço bem a sua obra.
"Bohemian Rhapsody", 2018. Dir. Bryan Singer. (assistido em 2018)
Realmente, há se concordar que a força do filme está mesmo na atuação do Rami Malek - embora o meu favorito tenha sido o Christian Bale - como Freddie Mercury. As cenas musicais são bacanas. O filme tem seus momentos, mas não merecia ganhar na categoria de melhor edição. Nem aqui, nem em lugar nenhum.
"Infiltrado na Klan", 2018. Dir. Spike Lee. (assistido em 2018)
Um ótimo filme do Spike Lee, que mete "o pé no saco" da Ku Klux Klan, com força. Ah, se pudesse não ter sido somente na ficção. O final, é um soco no estômago. Boas atuações, principalmente da dupla John David Washington e Adam Driver, edição, trilha, fotografia, roteiro (que ganhou melhor roteiro original, merecidamente) e a direção primorosa do Spike Lee, vale muito a pena conferir.
"Roma", 2018. Dir. Alfonso Cuarón. (assistido em 14/12/2018)
"Roma", é um filme poderoso. Uma obra de arte. Arrisco a dizer até, sem hesitar, que é um dos melhores filmes já produzidos e lançados pela Netflix, nos últimos anos. (que olha, me surpreendeu positivamente de novo, ano passado com "História de um Casamento" e "O Irlandês", só para citar alguns exemplos).
Pelas lentes do diretor Alfonso Cuarón, somos imersos no México da década de 70. A situação caótica do país, mistura-se com a dolorosa jornada da jovem empregada doméstica Cleo, a protagonista (Yalitza Aparicio, que se tornou atriz neste filme e por sua atuação sensível - além da ira dos seus detratores que acharam tal coisa um absurdo - já foi logo indicada ao prêmio de melhor atriz no Oscar). A atuação dela é acima de tudo: humana. Mérito para o ótimo roteiro do Cuarón. Não tem como não se comover com ela, principalmente, na sequência em que ela entra em trabalho de parto, que culmina num dos momentos mais tristes do filme, e mais dramático da história de Cleo.
Destaque para o time de coadjuvantes, cada um desempenha seu papel de forma satisfatória. Em especial, Marina de Tavira, como a patroa de Cleo, ora nariz arrebitado, ora tão mais precisada de carinho, amor e afeto do que a empregada.
Cuarón faz um trabalho primoroso, irretocável, perfeito. O design de produção, que retrata de forma incrível o México dos anos 70, a bonita fotografia em preto e branco, as atuações, e o que é mais impressionante: não tem trilha sonora pontuando determinados momentos do filme. Nem mesmo nos momentos de tensão, ou nas sequências marcantes. A música é ambiente. Você percebe que é tudo feito com um cuidado enorme. E o resultado final não poderia ser outro: uma verdadeira obra de arte. Depois que o filme acabou, enquanto acompanhava os créditos finais subirem, e ainda extasiado, fiquei imaginando a beleza que não deve ter sido esse filme na tela grande, para quem teve a oportunidade de vê-lo dessa forma.
Com ótima direção do Alfonso Cuarón, que aqui entrega seu trabalho mais pessoal, intimista, forte, emocionante, arrebatador e instigante, "Roma" é uma obra-prima. E mereceu toda a aclamação tanto de público e crítica, que teve, bem como os prêmios que venceu. Era o meu favorito a melhor filme daquele ano, mas a Academia achou por bem premiar "Green Book - O Guia"... É, coisas do Oscar.
"Coringa", 2019. Dir. Todd Phillips. (assistido em 11/10/2019)
E não foi demais afirmar que realmente tratava-se da 'proclamação' do Joaquin Phoenix como o vencedor do Oscar de melhor ator este ano.
Eu queria muito falar, fazer um textão, enfim, mas me limito a perguntar: que porra de filme foi esse, senhores?
Confesso que superou as minhas expectativas. Estava ansioso para assistir e pude testemunhar que este foi, sem sombra de dúvida, um dos melhores filmes do ano passado.
O roteiro é bem construído (tem umas surpresas incríveis, além, claro, de fazer uma bela crítica social, bastante pertinente, por sinal - quem já viu, vai saber do que estou falando), vai mostrando bem a transformação de um homem já atormentado, em uma figura completamente transtornada e perigosa, reflexo do caos no qual sempre esteve inserido e da violência sofrida pelo mesmo. Robert De Niro, numa aparição curta, porém, bem à vontade no papel. E ele: o dono da história. E não foi demais afirmar, dono de todos os prêmios da temporada de premiações. Ele mereceu. Que interpretação visceral, soberba do Joaquin Phoenix. É interessante ver como ele se tornou um ator versátil, intenso, um camaleão. Enquanto assistia, pude perceber que o filme faz algumas referências e também tem uma forte influência de outros clássicos, como "Táxi Driver", por exemplo.
Ousaria a dizer que, o palhaço anárquico muito bem feito pelo Joaquin, não deixou nada a desejar ao feito pelo Heath Ledger (que para mim, ainda continua sendo o melhor claro, e dificilmente será superado). Mas, podemos dizer que Joaquin honrou o trabalho feito pelo Heath Ledger, embora este tenha interpretado o Coringa já como 'vilão criado', enquanto o do Joaquin estava 'nascendo'. Mesmo assim, eu ainda acho que ele tem traços tanto do Coringa do "Batman" de 2008, quanto o de 1986, que aqui fora interpretado pelo grande Jack Nicholson.
"Coringa", é bem realizado. Tem uma fotografia bonita, em alguns momentos um pouco escura, o que dá o efeito sombrio, que o filme precisa. Uma trilha sonora bacana, que acabou ganhando o Oscar em tal categoria (destaque para a canção "that's life", ouvi a primeira vez cantada por ninguém menos que Frank Sinatra), além da parte técnica impecável, da direção excelente do Todd Phillips, e da atuação visceral do Joaquin Phoenix, que serviram para consagrar o filme. É muito bom.
"O Irlandês", 2019. Dir. Martin Scorsese. (assistido em 30/12/2019)
É curioso como os "assuntos da máfia", ainda continuam causando certo fascínio no público que gosta de filmes com essa temática. Seria algo com que deveríamos nos preocupar? Há alguma coisa de errado em nossa moral e ética, enquanto seres humanos, em gostar e se fascinar com esse tipo de filme? Não sei responder. O que eu sei é que, o cinema pode até demorar, mas sempre nos presenteia com obras primas e faz com que a gente esqueça que hoje, infelizmente, alguns filmes, parafraseando Norma Desmond de "Crepúsculo dos Deuses": "ficaram pequenos".
Uma obra-prima. Assim pode ser definido (pelo menos por mim) o novo - e caro, muito caro, que o diga a ingrata da Netflix, que não libera para exibição em todos os cinemas - filme do Scorsese, baseado numa história real. Se tem um cara que sabe o que faz quando o assunto é falar da máfia, trata-se do Scorsese. Descendente de sicilianos, criado nas ruas de Nova York, ele conhece muito bem o mundo dos mafiosos e por isso, o descreve em seus filmes de uma maneira incrível e fidedigna. Prova disso, são alguns dos seus trabalhos anteriores: "Os Bons Companheiros", "Cassino" e "Os Infiltrados", que lhe deu o Oscar de melhor diretor.
Logo no início, vemos Frank Sheeran (o tal irlandês do título), interpretado de forma magistral por um De Niro que mostra todo o vigor e talento que o tornaram um grande ator, um ex-combatente de guerra, condecorado, que no presente vive preso numa cadeira de rodas, em uma casa de repouso, combalido pelo tempo. É a partir das suas lembranças, com rápidos retornos ao presente com o próprio narrando a história, que conhecemos o passado dele, e o que o levou a ficar em tal situação. O filme então mostra como Frank, de um simples motorista de caminhão, transportando carne (e aqui ele já mostra a que veio, quando começa a sacanear o dono do estabelecimento que trabalha, para impressionar um mafioso), acaba por se tornar um homem poderoso e sanguinário, ao se envolver com a "família Bufalino", comandada por um dos chefões da máfia local, Russell "Russ" Bufalino, do Joe Pesci, que o toma como "afilhado" e o 'controla', fazendo as vezes de seu "Padrinho", além do seu envolvimento na morte do líder sindical Jimmy Hoffa, feito por um Al Pacino inspirado (capaz de ganhar o Oscar de melhor ator coadjuvante, se for indicado) e que é dirigido pelo Scorsese pela primeira vez.
Nisso, à medida em que avança, a história vai se desenrolando numa sucessão de fatos e acontecimentos importantes, que nos levam a adentrar de forma mais realista possível no mundo da máfia, e faz com que até esqueçamos da sua longa duração. (motivo pelo qual muitos chatos já reclamaram, mas que, pelo menos para mim, não tornou o filme lento em nenhum momento).
O filme é impecável em todos os sentidos: o design de produção, num trabalho de recriação de época primoroso; a edição (montagem) da Thelma Schoonmaker, velha colaboradora do Scorsese; a ótima trilha sonora, uma mistura que casa perfeitamente com todos os momentos da história (em especial na cena do Russ com o Frank no restaurante, enquanto conversam e comem pão com vinho, ao fundo, é possível ouvir os acordes de uma canção que lembra muito o tema do "Poderoso Chefão"); a bela fotografia do mexicano Rodrigo Prieto, que já havia colaborado com Scorsese em "Silêncio"; o roteiro bem amarrado do premiado roteirista Steven Zaillian, que já havia colaborado com Scorsese em "Gangues de Nova York"; a direção irretocável do Scorsese, que se vale de todos os seus conhecimentos e apuro técnico, que o consagrou; e as ótimas interpretações do 'trio de peso' principal, De Niro, Pacino e Pesci (que voltou da aposentadoria só para atuar nesse filme, à convites do diretor), além da participação menor, porém, significativa do Harvey Keitel como o mafioso Angelo Bruno e Anna Paquim, como uma das filhas do De Niro, mas que pouco fala, apenas observa o pai com um olhar de culpa e ressentimento, pois sabe o quanto ele tem as mãos sujas de sangue.
Talvez, o abandono dessa filha, seja um dos motivos principais (sem falar da morte da esposa e de todos os que estavam ao seu redor no mundo do crime organizado), que fazem com que Frank sofra mais ainda e tenha medo da solidão. É notável quando ele diz (mais ou menos) ao padre, já na última cena, antes deste sair do seu quarto: "Não tranque a porta", ao que o padre sai, a deixa entreaberta e, através dessa brecha, vemos Frank Sheeran aprisionado à cadeira de rodas e às lembranças de um passado sombrio, na solidão do quarto, pela última vez.
"O Irlandês", é uma grande reunião. Não apenas do De Niro e Pesci com o Scorsese, o trio já havia trabalhado antes em outro clássico do diretor no mundo da máfia "Os Bons Companheiros", e que deu ao Pesci um Oscar de melhor ator coadjuvante, mas de vários talentos que, juntos, conseguiram fazer com que o filme se tornasse uma obra-prima. Aqui, o que vemos, é o cinema em seu estado mais puro. Feito por um cara que entende do negócio (talvez até tanto que, se envolveu na polêmica com a Marvel, pois se viu no direito de considerar que o que eles fazem "não é cinema"). Era o meu favorito ao Oscar de melhor filme. Mas, é claro que a Academia não se renderia aos 'encantos' da Netflix, que deveria exibir os seus filmes em todos os cinemas e não limitar apenas à alguns, como faz.
"Era Uma Vez Em... Hollywood", 2019. Dir. Quentin Tarantino. (assistido em 08/02/2020)
Eu tenho uma tendência a gostar dos filmes do Tarantino. Até agora, tudo que vi da sua pequena filmografia, me agradou. Mas, confesso que, desta vez, não deu. Eu estava ansioso por esse filme dele, porém, depois que assisti, a sensação era uma só: frustração. Confesso que fiquei um pouco... Indiferente. É um filme do Tarantino, mas que não parece ser do Tarantino. Não sei se vão me entender. Pelo menos, eu tive essa impressão. Trata-se do seu filme mais pessoal. Até sentimos a mão dele em alguns momentos, mas falta algo.
A dupla principal, Leonardo DiCaprio e Brad Pitt, têm carisma de sobra. Margot Robbie é uma lindinha, se sai bem também. Al Pacino, numa ponta de luxo, mas que pouco faz, além do grandioso elenco, o filme tem seus momentos. Os 20 minutos finais, por exemplo: é a marca registrada do Tarantino. Mas tal coisa fica acentuada só aqui mesmo.
Mesmo Brad Pitt ganhando todos os prêmios de melhor ator coadjuvante, meu favorito era o Pacino em "O Irlandês" (mesmo já tendo quase certeza que Pitt ganharia, não pelo fato de que todos os outros indicados já tinham sido premiados nesta categoria, mas por ele ter ganho todos os prêmios anteriores ao Oscar).
Enfim, sobre o nono filme doTarantino, devo dizer que, pode ser que eu assista uma segunda vez, e apesar dos pesares, tenho que admitir que foi merecido ter vencido na categoria de melhor design de produção. Realmente, um trabalho primoroso. E por mais que não seja um filme ruim, pelo menos desta vez, para mim, o Tarantino não agradou.
À Beira do Abismo
3.8 106 Assista AgoraHumphrey Bogart, com a cara de invocado, dando vida ao famoso detetive durão Philip Marlowe - dos livros policiais do Raymond Chandler - ao lado da sua eterna amada Lauren Bacall, no auge da beleza e com cara de bandida sedutora, neste que é um bom filme noir, com uma bonita fotografia em preto e branco e uma boa direção do Howard Hawks. Vale a pena conferir.
Último Tango em Paris
3.5 569"Último Tango em Paris", 1972. Dir. Bernardo Bertolucci. (assistido em 2018)
Dois estranhos se conhecem por acaso, numa dessas eventualidades da vida, que por vezes, nos leva ao inferno, à perdição, à ruína total. É exatamente o que acontece aqui. À medida em que o filme vai se desenrolando, você passa a ter certeza que nada vai terminar bem. E nem podia. Aqui, não há espaço para final feliz. É uma tragédia anunciada. A sensação de incômodo, desconforto, é constante, a cada cena. Eu particularmente gosto desse tipo de história sórdida.
Marlon Brando, em mais uma interpretação assombrosa de sua carreira, é Paul. Um homem amargurado, que acabara de perder a esposa e, ao que parece, não está mais disposto a viver, quando conhece a personagem da Maria Schneider, que faz Jeanne. Uma garota liberta, que tem um noivo, papel do francês Jean Pierre Leaud, um cineasta que está a gravar um filme nas ruas de Paris e parece não lembrar que tem uma noiva, personagem que pelo menos para mim, não tem importância nenhuma na história. A essa altura, Paul e Jeanne já estão mais envolvidos do que nunca. É quando começam os desdobramentos nada agradáveis, de um envolvimento que jamais poderia dar certo. A relação deles, que ficam cada vez mais envolvidos, regada à muito sexo, torna-se ao mesmo tempo que permissiva, sem pudor - em uma das cenas, ele permite que ela introduza um objeto em seu traseiro, são coisas desse nível - uma coisa abusiva, tóxica, possessiva.
No fundo, ambos são duas almas perdidas, amorais, loucos, que gostam de sofrer. Por mais que seja difícil de ver a forma ultrajante com a qual Paul trata Jeanne, e o quanto ela permite que isso aconteça, por subserviência à esse homem, é interessante acompanhar o processo de degradação moral de ambos, bem como a decomposição da relação deles. É quando chegamos ao final, e com a desgraça que se abate sobre o casal, constatamos o que já era esperado: não é uma história de amor. Não tinha como ter final feliz.
Claro que, o filme não tinha como não cair em polêmicas, com todo o seu conteúdo forte. Foi o que aconteceu à época do seu lançamento, principalmente por conta da famosa cena da manteiga, que anos depois, configurou-se como um estupro, depois que o próprio Bertolucci admitiu que a Maria Schneider não fora avisada da tal cena, na qual o personagem do Marlon Brando introduzia manteiga no traseiro dela, realizando um coito anal em seguida. Talvez Bertolucci tenha morrido, carregando uma culpa por não ter feito um pedido de desculpa à Maria Schneider.
Porém, mesmo cercado de polêmicas - e aqui, faço minha análise como espectador mesmo, deixando de lado juízo de valores sobre os envolvidos - "Último Tango em Paris", ainda é um bom filme. Forte, provocativo, ousado, denso, bem realizado, com boas atuações, em especial a de Marlon Brando, um monstro em cena, além da direção segura do Bertolucci, que através da sua câmera, nos leva a adentrar a intimidade do casal, enquanto ambos se refugiam naquele apartamento sórdido, com a belíssima fotografia do Vittorio Storaro e o maravilhoso tango-jazz do Gato Barbieri, que pontua todos os momentos do filme. Polêmicas à parte, o saldo da fita é positivo, e vale a pena conferir.
Nota: 4/5.
Festim Diabólico
4.3 883 Assista Agora"Festim Diabólico", 1948. Dir. Alfred Hitchcock. (assistido em 2018)
Quando eu digo que não existe filme ruim do Hitchcock, é porque realmente não existe. Aqui temos mais uma prova disso. "Festim Diabólico" é mais uma fita com uma premissa simples, mas que nas mãos do Mestre do Suspense, acaba por se tornar um ótimo filme. O ponto alto da história, é mesmo a atuação do trio principal: Farley Granger, como o medroso, John Dall, o cínico - existe uma tensão sexual entre ambos, que são vistos como apenas amigos, até para os 'padrões' da época também - e o segundo maior colaborador do Hitchcock, James Stewart - o outro é o Cary Grant - como o professor metido a investigador que tem certeza que os amigos escondem algo terrível.
E ele está certo: ambos matam um outro amigo e escondem o corpo dentro de um baú, que fica o tempo todo na sala, servindo de mesa, enquanto eles recebem alguns convidados para um jantar. É aí que se cria a tensão que permeia o filme e ficamos aflitos, a nos perguntar: quando e de qual maneira, o crime dos amigos será descoberto pelo professor?
Hitchcock era um gênio mesmo. Consegue prender a nossa atenção do início ao fim, com uma trama simples e envolvente, que se passa em um único cenário. O que se vê na tela, é um show de direção competente, um roteiro inteligente, com ótimos diálogos, além da bela fotografia e atuações incríveis do trio principal. Apesar de parecer que o filme foi rodado todo em um plano sequência, há sim pequenos cortes, ainda que sutis.
Nota: 4,5/5.
Buscando...
4.0 1,3K Assista Agora"Buscando...", 2018. Dir. Aneesh Chaganty. (assistido em 2019)
Um dos melhores filmes de 2018. Ótimo roteiro, boas atuações e uma direção competente. Quando você acha que já descobriu o que aconteceu e matou a grande 'charada' da história, vem a surpresa: o filme tem uma virada sensacional. É realmente um suspense de qualidade, que vale muito a pena conferir.
Nota: 4/5.
Suspeita
3.7 110 Assista Agora"Suspeita", 1941. Dir. Alfred Hitchcock.
Eu já tentei ver algum filme totalmente ruim do Hitchcock, por menor que este seja e por mais que tenha alguma coisa fora do lugar, mas simplesmente não consegui. Sabem o motivo? Simples: tal filme não existe. Hitchcock nunca erra, mesmo quando algum dos seus filmes, é menor. É o caso de "Suspeita", que tem uma premissa simples, mas que nas mãos do genial diretor, acaba por se tornar um bom entretenimento. Hitchcock sabia bem como prender a atenção do público, e já mostrava neste seu segundo filme na América, o que poderíamos esperar dos seus outros trabalhos, dali em diante.
Aqui, ele constrói a tensão de forma genial, que aliada às atuações da Joan Fontaine, que no papel de uma mulher atormentada pela suspeita de que seu então marido pode ser um assassino, ganhou o Oscar de melhor atriz - ainda que todos saibam que na verdade pareceu um "prêmio de consolo" da Academia, por ela ter perdido no ano anterior, em outro filme do Hitchcock, "Rebecca" - e do Cary Grant, o tal marido, são o ponto alto da fita, além da parte técnica com a fotografia em preto e branco. Apesar de não ser um grande filme do Hitchcock, tem seus momentos, como a famosa cena em que o personagem do Cary Grant sobe a escada, a levar um copo com leite para a esposa e paira a dúvida se a bebida está envenenada ou não.
Nota: 3,5/5.
Esqueceram de Mim
3.5 1,3K Assista AgoraLembra minha infância. Típico clássico da época de Natal que todos conhecem e gostam. Muito divertido.
Perfume: A História de um Assassino
4.0 2,2KPerturbador!!!
Sete Dias com Marilyn
3.7 1,7K Assista AgoraMichelle Williams em uma interpretação formidável e sensível, mostrando as fragilidades e os medos de uma Marilyn Monroe diferente daquilo que estávamos acostumados a saber dela.
Vice
3.5 488 Assista Agora"Vice", 2018. Dir. Adam McKay. (assistido em 2018)
É o típico filme sobre uma ex figura política dos EUA, feito para americano ver. Vale pela atuação do Christian Bale como o ex-vice-presidente dos EUA, Dick Cheney. A lindinha da Amy Adams pouco faz, no papel da esposa de Bale, e que acaba sendo engolida por ele em alguns momentos, ficando apagada. Destaque para os coadjuvantes Sam Rockwell como o ex-presidente George W. Bush e Steve Carell. Tem uma pegadinha quase na metade da fita, que te faz pensar que tudo já acabou.
Nota: 3/5.
Se a Rua Beale Falasse
3.7 284 Assista Agora"Se a Rua Beale Falasse", 2018. Dir. Barry Jenkins. (assistido em 2018)
É um bom drama. A interpretação da Regina King é o ponto alto da fita. Merecida sua vitória de melhor atriz coadjuvante no Oscar.
Nota: 3,5/5.
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista Agora"Green Book - O Guia", 2018. Dir. Peter Farrelly. (assistido em 2018)
Apesar de bem produzido e de não ser um filme ruim (ainda que tenha uma coisa aqui e outra ali, meio fora do lugar), além das atuações perfeitas da dupla principal Mahershala Ali, como o músico Don Shirley e Viggo Mortensen, como o invocado Tony Lip - as performances de ambos, são o ponto alto da fita - e a bonita amizade que eles criam ao longo da história, considero um erro o filme ter sido premiado como melhor filme do ano. Enfim, coisas do Oscar.
Nota: 4/5.
No Portal da Eternidade
3.8 348 Assista Agora"No Portal da Eternidade", 2018. Dir. Julian Schnabel. (assistido em 2018)
Trata-se de um filme menor, narrativa lenta, roteiro fraco, porém, bonito esteticamente. E até mesmo toda a melancolia que permeia a história, não apaga o brilho da atuação sensível e tocante do Willem Dafoe (que tem entregado boas atuações nos últimos anos, vide este filme e "O Farol", este ano), e que aqui interpreta Van Gogh em seus últimos anos de vida, com maestria - talvez se não tivesse um tal de Rami Malek na disputa, ele ganharia o Oscar de melhor ator, pois seria merecidíssimo. Tem uma sequência em que Van Gogh pinta ao ar livre, num campo florido, que é linda, de encher os olhos. Destaque para o design de produção e a belíssima fotografia. O que me deixou um pouco incomodado no início foi a câmera que tremia muito, como se tivesse sendo segurada na mão mesmo, mas nada que me fizesse desistir de continuar assistindo.
Nota: 3/5.
Poderia Me Perdoar?
3.6 266"Poderia Me Perdoar?", 2018. Dir. Marielle Heller. (assistido em 2018)
Este filme, baseado em fatos reais, serviu para mostrar a versatilidade da atriz Melissa McCarthy, que provou aqui, com uma atuação sensível, não ser apenas uma atriz de comédia. Merecida sua indicação ao Oscar de melhor atriz. Destaque para o Richard E. Grant, fazendo o parceiro inseparável da Lee Israel. A amizade de ambos no filme é bonita de se ver. O filme, apesar de ter seus momentos, é uma fita menor.
Nota: 3/5.
Fé Corrompida
3.7 376 Assista Agora"No Coração da Escuridão", 2017. Dir. Paul Schrader. (assistido em 2018)
Aqui no site: "Fé Corrompida". E acho até mais apropriado esse título. Este filme, do famoso Paul Schrader, roteirista de "Táxi Driver", é um filme menor, porém, está longe de ser ruim. O roteiro é bem escrito, e a atuação sensível e tocante do Ethan Hawke, como um padre atormentado por seus demônios internos (padre, demônio, não é nenhuma piada), que tenta não deixar com que a sua fé seja abalada, além de lidar com figuras que aparecem em sua vida, é o caso da personagem da Amanda Seyfried e seu marido, para causar mudanças drásticas, é o que sustenta o filme. Porém, deve-se levar em consideração que a história propõe uma reflexão acerca da preservação do meio ambiente e questões afins. Apesar do seu ritmo lento, o filme tem seus momentos, como o final aterrador que te faz impactar e permanecer assim, mesmo depois de acabado.
Nota: 3/5.
A Esposa
3.8 557 Assista Agora"A Esposa", 2017. Dir. Björn Runge. (assistido em 2018)
É um filme pequeno, porém, tem seus momentos, além de servir para mostrar que o ditado que diz mais ou menos o seguinte: "por trás de um grande homem - apesar que aqui, o marido não é um grande homem, somente aos olhos dos outros - existe uma grande mulher", nunca foi tão certo. A personagem título, foi feita sob medida para Glenn Close - era a minha favorita, embora Olivia Colman tenha merecido também, mas nem para um empate, sei lá, rs - que brilha numa interpretação contida, mas formidável, graças ao seu talento - atriz tão injustiçada no Oscar. Destaque para Jonathan Pryce, como o marido que na verdade, merecia ser desprezado.
Nota: 3/5.
Guerra Fria
3.8 326 Assista Agora"Guerra Fria", 2018. Dir. Pawel Pawlikowski. (assistido em 2018)
Este foi, uma das gratas surpresas de 2018. Lembro-me de ter ficado impactado com a belíssima fotografia em preto e branco, a cada cena do filme. Realmente, um deleite para quem - assim como meu - aprecia esse tipo de fotografia, volta e meia, em algum filme dos dias atuais.
Aqui, o destaque, fica por conta das atuações, em especial da atriz Joanna Kulig, Zula, uma cantora de personalidade e temperamento fortes. Na outra ponta, está o ator Tomasz Kot, Wiktor, um músico, aparentemente apático, mas que tem e gosta da sua liberdade. Em alguns momentos seu personagem meio que "se apaga", em detrimento à Zula, de quem as atitudes e ações, ora intempestivas, ora determinadas, impulsionam a história de forma surpreendente e nos faz sentir o mesmo que esses dois personagens: um turbilhão de emoções e sentimentos.
Os dois se encontram e se apaixonam de forma avassaladora, durante a guerra fria, com a boemia de Paris e o regime stalinista da Polônia, como pano de fundo, porém, não somente as circunstâncias em volta de ambos, mas principalmente os conflitos internos de cada um, acabam por fazer com que a relação deles entrem numa verdadeira montanha russa, quando atinge o limite do suportável e tudo se desmorona de vez, na parte final. São duas almas necessitadas, que vagam pela vida (eles parecem que estão sozinhos ali, mesmo com tudo o que acontece em volta), tão difícil e sórdida, enquanto amargam as dores e as dificuldades, em um momento no qual o futuro juntos e felizes parecia mesmo uma coisa incerta.
Eu não conhecia o trabalho desse diretor polonês, e logo que acabei de ver este filme, fui atrás de outro filme dele "Ida", 2013, igualmente bom, e com um final não tão agradável - pelo menos para mim. Talvez seja a marca registrada dele, fazer finais que te deixa sem chão, te faz sentir um emaranhado de sentimentos. Porém, tanto em "Ida", quanto neste "Guerra Fria", percebemos a qualidade do trabalho do Pawel, que se firma como um bom diretor.
O filme tem uma das cenas mais bonitas que eu pude assistir, nesses últimos anos: a personagem Zula cantando com uma banda de jazz, e Wiktor ao piano, no que parece ser um bar/café. É uma cena linda. Assim como Joanna, a fotografia em preto e branco que salta aos olhos com uma beleza sublime, a boa trilha sonora, além do design de produção, que faz com que "Guerra Fria", apesar do título e da melancolia que permeia a história do início ao fim, e nos faz acreditar que tudo está perdido, seja um grande filme.
Nota: 4,5/5.
A Favorita
3.9 1,2K Assista Agora"A Favorita", 2018. Dir. Yorgos Lanthimos. (assistido em 2018)
A graça maior do filme está no trio principal: Emma Stone, Rachel Weisz e Olivia Colman, numa interpretação soberba, que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz, merecidamente, ainda que minha torcida tenha sido mesmo para Gleen Close. O filme tem um humor ácido muito bom, além de ter seus momentos - alguns são bem divertidos - mas que se não tivesse alguma personagem do trio principal, não funcionaria. Sobre o diretor, ainda não conheço bem a sua obra.
Nota: 3,5/5.
Pantera Negra
4.2 2,3K Assista Agora"Pantera Negra", 2018. Dir. Ryan Coogler (assistido em 2018)
Depois que o filme acabou, eu só queria uma coisa: ir para Wakanda. Gostei muito.
Nota: 4/5.
Bohemian Rhapsody
4.1 2,2K Assista Agora"Bohemian Rhapsody", 2018. Dir. Bryan Singer. (assistido em 2018)
Realmente, há se concordar que a força do filme está mesmo na atuação do Rami Malek - embora o meu favorito tenha sido o Christian Bale - como Freddie Mercury. As cenas musicais são bacanas. O filme tem seus momentos, mas não merecia ganhar na categoria de melhor edição. Nem aqui, nem em lugar nenhum.
Nota: 3/5.
Infiltrado na Klan
4.3 1,9K Assista Agora"Infiltrado na Klan", 2018. Dir. Spike Lee. (assistido em 2018)
Um ótimo filme do Spike Lee, que mete "o pé no saco" da Ku Klux Klan, com força. Ah, se pudesse não ter sido somente na ficção. O final, é um soco no estômago. Boas atuações, principalmente da dupla John David Washington e Adam Driver, edição, trilha, fotografia, roteiro (que ganhou melhor roteiro original, merecidamente) e a direção primorosa do Spike Lee, vale muito a pena conferir.
Nota: 4/5.
Roma
4.1 1,4K Assista Agora"Roma", 2018. Dir. Alfonso Cuarón. (assistido em 14/12/2018)
"Roma", é um filme poderoso. Uma obra de arte. Arrisco a dizer até, sem hesitar, que é um dos melhores filmes já produzidos e lançados pela Netflix, nos últimos anos. (que olha, me surpreendeu positivamente de novo, ano passado com "História de um Casamento" e "O Irlandês", só para citar alguns exemplos).
Pelas lentes do diretor Alfonso Cuarón, somos imersos no México da década de 70. A situação caótica do país, mistura-se com a dolorosa jornada da jovem empregada doméstica Cleo, a protagonista (Yalitza Aparicio, que se tornou atriz neste filme e por sua atuação sensível - além da ira dos seus detratores que acharam tal coisa um absurdo - já foi logo indicada ao prêmio de melhor atriz no Oscar). A atuação dela é acima de tudo: humana. Mérito para o ótimo roteiro do Cuarón. Não tem como não se comover com ela, principalmente, na sequência em que ela entra em trabalho de parto, que culmina num dos momentos mais tristes do filme, e mais dramático da história de Cleo.
Destaque para o time de coadjuvantes, cada um desempenha seu papel de forma satisfatória. Em especial, Marina de Tavira, como a patroa de Cleo, ora nariz arrebitado, ora tão mais precisada de carinho, amor e afeto do que a empregada.
Cuarón faz um trabalho primoroso, irretocável, perfeito. O design de produção, que retrata de forma incrível o México dos anos 70, a bonita fotografia em preto e branco, as atuações, e o que é mais impressionante: não tem trilha sonora pontuando determinados momentos do filme. Nem mesmo nos momentos de tensão, ou nas sequências marcantes. A música é ambiente. Você percebe que é tudo feito com um cuidado enorme. E o resultado final não poderia ser outro: uma verdadeira obra de arte. Depois que o filme acabou, enquanto acompanhava os créditos finais subirem, e ainda extasiado, fiquei imaginando a beleza que não deve ter sido esse filme na tela grande, para quem teve a oportunidade de vê-lo dessa forma.
Com ótima direção do Alfonso Cuarón, que aqui entrega seu trabalho mais pessoal, intimista, forte, emocionante, arrebatador e instigante, "Roma" é uma obra-prima. E mereceu toda a aclamação tanto de público e crítica, que teve, bem como os prêmios que venceu. Era o meu favorito a melhor filme daquele ano, mas a Academia achou por bem premiar "Green Book - O Guia"... É, coisas do Oscar.
Nota: 5/5.
Coringa
4.4 4,1K Assista Agora"Coringa", 2019. Dir. Todd Phillips. (assistido em 11/10/2019)
E não foi demais afirmar que realmente tratava-se da 'proclamação' do Joaquin Phoenix como o vencedor do Oscar de melhor ator este ano.
Eu queria muito falar, fazer um textão, enfim, mas me limito a perguntar: que porra de filme foi esse, senhores?
Confesso que superou as minhas expectativas. Estava ansioso para assistir e pude testemunhar que este foi, sem sombra de dúvida, um dos melhores filmes do ano passado.
O roteiro é bem construído (tem umas surpresas incríveis, além, claro, de fazer uma bela crítica social, bastante pertinente, por sinal - quem já viu, vai saber do que estou falando), vai mostrando bem a transformação de um homem já atormentado, em uma figura completamente transtornada e perigosa, reflexo do caos no qual sempre esteve inserido e da violência sofrida pelo mesmo. Robert De Niro, numa aparição curta, porém, bem à vontade no papel. E ele: o dono da história. E não foi demais afirmar, dono de todos os prêmios da temporada de premiações. Ele mereceu. Que interpretação visceral, soberba do Joaquin Phoenix. É interessante ver como ele se tornou um ator versátil, intenso, um camaleão. Enquanto assistia, pude perceber que o filme faz algumas referências e também tem uma forte influência de outros clássicos, como "Táxi Driver", por exemplo.
Ousaria a dizer que, o palhaço anárquico muito bem feito pelo Joaquin, não deixou nada a desejar ao feito pelo Heath Ledger (que para mim, ainda continua sendo o melhor claro, e dificilmente será superado). Mas, podemos dizer que Joaquin honrou o trabalho feito pelo Heath Ledger, embora este tenha interpretado o Coringa já como 'vilão criado', enquanto o do Joaquin estava 'nascendo'. Mesmo assim, eu ainda acho que ele tem traços tanto do Coringa do "Batman" de 2008, quanto o de 1986, que aqui fora interpretado pelo grande Jack Nicholson.
"Coringa", é bem realizado. Tem uma fotografia bonita, em alguns momentos um pouco escura, o que dá o efeito sombrio, que o filme precisa. Uma trilha sonora bacana, que acabou ganhando o Oscar em tal categoria (destaque para a canção "that's life", ouvi a primeira vez cantada por ninguém menos que Frank Sinatra), além da parte técnica impecável, da direção excelente do Todd Phillips, e da atuação visceral do Joaquin Phoenix, que serviram para consagrar o filme. É muito bom.
Nota: 4,5/5.
O Irlandês
4.0 1,5K Assista Agora"O Irlandês", 2019. Dir. Martin Scorsese. (assistido em 30/12/2019)
É curioso como os "assuntos da máfia", ainda continuam causando certo fascínio no público que gosta de filmes com essa temática. Seria algo com que deveríamos nos preocupar? Há alguma coisa de errado em nossa moral e ética, enquanto seres humanos, em gostar e se fascinar com esse tipo de filme? Não sei responder. O que eu sei é que, o cinema pode até demorar, mas sempre nos presenteia com obras primas e faz com que a gente esqueça que hoje, infelizmente, alguns filmes, parafraseando Norma Desmond de "Crepúsculo dos Deuses": "ficaram pequenos".
Uma obra-prima. Assim pode ser definido (pelo menos por mim) o novo - e caro, muito caro, que o diga a ingrata da Netflix, que não libera para exibição em todos os cinemas - filme do Scorsese, baseado numa história real. Se tem um cara que sabe o que faz quando o assunto é falar da máfia, trata-se do Scorsese. Descendente de sicilianos, criado nas ruas de Nova York, ele conhece muito bem o mundo dos mafiosos e por isso, o descreve em seus filmes de uma maneira incrível e fidedigna. Prova disso, são alguns dos seus trabalhos anteriores: "Os Bons Companheiros", "Cassino" e "Os Infiltrados", que lhe deu o Oscar de melhor diretor.
Logo no início, vemos Frank Sheeran (o tal irlandês do título), interpretado de forma magistral por um De Niro que mostra todo o vigor e talento que o tornaram um grande ator, um ex-combatente de guerra, condecorado, que no presente vive preso numa cadeira de rodas, em uma casa de repouso, combalido pelo tempo. É a partir das suas lembranças, com rápidos retornos ao presente com o próprio narrando a história, que conhecemos o passado dele, e o que o levou a ficar em tal situação. O filme então mostra como Frank, de um simples motorista de caminhão, transportando carne (e aqui ele já mostra a que veio, quando começa a sacanear o dono do estabelecimento que trabalha, para impressionar um mafioso), acaba por se tornar um homem poderoso e sanguinário, ao se envolver com a "família Bufalino", comandada por um dos chefões da máfia local, Russell "Russ" Bufalino, do Joe Pesci, que o toma como "afilhado" e o 'controla', fazendo as vezes de seu "Padrinho", além do seu envolvimento na morte do líder sindical Jimmy Hoffa, feito por um Al Pacino inspirado (capaz de ganhar o Oscar de melhor ator coadjuvante, se for indicado) e que é dirigido pelo Scorsese pela primeira vez.
Nisso, à medida em que avança, a história vai se desenrolando numa sucessão de fatos e acontecimentos importantes, que nos levam a adentrar de forma mais realista possível no mundo da máfia, e faz com que até esqueçamos da sua longa duração. (motivo pelo qual muitos chatos já reclamaram, mas que, pelo menos para mim, não tornou o filme lento em nenhum momento).
O filme é impecável em todos os sentidos: o design de produção, num trabalho de recriação de época primoroso; a edição (montagem) da Thelma Schoonmaker, velha colaboradora do Scorsese; a ótima trilha sonora, uma mistura que casa perfeitamente com todos os momentos da história (em especial na cena do Russ com o Frank no restaurante, enquanto conversam e comem pão com vinho, ao fundo, é possível ouvir os acordes de uma canção que lembra muito o tema do "Poderoso Chefão"); a bela fotografia do mexicano Rodrigo Prieto, que já havia colaborado com Scorsese em "Silêncio"; o roteiro bem amarrado do premiado roteirista Steven Zaillian, que já havia colaborado com Scorsese em "Gangues de Nova York"; a direção irretocável do Scorsese, que se vale de todos os seus conhecimentos e apuro técnico, que o consagrou; e as ótimas interpretações do 'trio de peso' principal, De Niro, Pacino e Pesci (que voltou da aposentadoria só para atuar nesse filme, à convites do diretor), além da participação menor, porém, significativa do Harvey Keitel como o mafioso Angelo Bruno e Anna Paquim, como uma das filhas do De Niro, mas que pouco fala, apenas observa o pai com um olhar de culpa e ressentimento, pois sabe o quanto ele tem as mãos sujas de sangue.
Talvez, o abandono dessa filha, seja um dos motivos principais (sem falar da morte da esposa e de todos os que estavam ao seu redor no mundo do crime organizado), que fazem com que Frank sofra mais ainda e tenha medo da solidão. É notável quando ele diz (mais ou menos) ao padre, já na última cena, antes deste sair do seu quarto: "Não tranque a porta", ao que o padre sai, a deixa entreaberta e, através dessa brecha, vemos Frank Sheeran aprisionado à cadeira de rodas e às lembranças de um passado sombrio, na solidão do quarto, pela última vez.
"O Irlandês", é uma grande reunião. Não apenas do De Niro e Pesci com o Scorsese, o trio já havia trabalhado antes em outro clássico do diretor no mundo da máfia "Os Bons Companheiros", e que deu ao Pesci um Oscar de melhor ator coadjuvante, mas de vários talentos que, juntos, conseguiram fazer com que o filme se tornasse uma obra-prima. Aqui, o que vemos, é o cinema em seu estado mais puro. Feito por um cara que entende do negócio (talvez até tanto que, se envolveu na polêmica com a Marvel, pois se viu no direito de considerar que o que eles fazem "não é cinema"). Era o meu favorito ao Oscar de melhor filme. Mas, é claro que a Academia não se renderia aos 'encantos' da Netflix, que deveria exibir os seus filmes em todos os cinemas e não limitar apenas à alguns, como faz.
Nota: 5/5.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista Agora"Era Uma Vez Em... Hollywood", 2019. Dir. Quentin Tarantino. (assistido em 08/02/2020)
Eu tenho uma tendência a gostar dos filmes do Tarantino. Até agora, tudo que vi da sua pequena filmografia, me agradou. Mas, confesso que, desta vez, não deu. Eu estava ansioso por esse filme dele, porém, depois que assisti, a sensação era uma só: frustração. Confesso que fiquei um pouco... Indiferente. É um filme do Tarantino, mas que não parece ser do Tarantino. Não sei se vão me entender. Pelo menos, eu tive essa impressão. Trata-se do seu filme mais pessoal. Até sentimos a mão dele em alguns momentos, mas falta algo.
A dupla principal, Leonardo DiCaprio e Brad Pitt, têm carisma de sobra. Margot Robbie é uma lindinha, se sai bem também. Al Pacino, numa ponta de luxo, mas que pouco faz, além do grandioso elenco, o filme tem seus momentos.
Os 20 minutos finais, por exemplo: é a marca registrada do Tarantino. Mas tal coisa fica acentuada só aqui mesmo.
Mesmo Brad Pitt ganhando todos os prêmios de melhor ator coadjuvante, meu favorito era o Pacino em "O Irlandês" (mesmo já tendo quase certeza que Pitt ganharia, não pelo fato de que todos os outros indicados já tinham sido premiados nesta categoria, mas por ele ter ganho todos os prêmios anteriores ao Oscar).
Enfim, sobre o nono filme doTarantino, devo dizer que, pode ser que eu assista uma segunda vez, e apesar dos pesares, tenho que admitir que foi merecido ter vencido na categoria de melhor design de produção. Realmente, um trabalho primoroso. E por mais que não seja um filme ruim, pelo menos desta vez, para mim, o Tarantino não agradou.
Nota: 3,5/5.