Personagem construído sem pressa em toda a sua complexidade (um pau em muito blockbuster). Um roteiro que se desenvolve de maneira a dar à narrativa um ar de realismo, atualidade e refinamento, em termos dos debates que se propõe a instigar. Não menos importante é a fotografia e a trílha sonora, que emolduram os estados de ânimo de Fleck de forma magistral. Simplesmente ótimo!
Destaque para a premissa de combate e destruição daquilo que é virtual, cujas delicadas fronteiras com a realidade eram entendidas como algo que colocariam a "existência" real em perigo. Interessante se pensar que na virada do século XX este era um debate filosófico premente na sociedade que experienciava um contato cada vez maior com as nascentes novas tecnologias e com a internet.
Como ponto negativo, saliento algumas atuações fracas ou medianas (talvez intencionais, para dar a sensação de não realidade do ambiente), que tiveram o poder de me tirar da imersão da história em alguns momentos, me deixando uma sensação de desconforto.
Interessante como evidencia e discute sobre a pobreza no contexto japonês, realidade que por vezes nos é muito distanciada; Interessante também a discussão sobre o certo e o errado dentro da configuração familiar. Me surpreendeu positivamente e me emocionou em alguns pontos.
Sobre como a vida não se resume a grandiosas conquistas em determinada idade. Sobre como não devemos usar os outros (nem mesmo os exemplos da indústria cultural) como métrica de sucesso. Sobre como a simplicidade, a incerteza e a banalidade fazem parte do cotidiano. "Frances Ha" é sobre nossa vida. Uma vida normal, mediana, mas nem por isso uma vida de insucesso. Ps. Eu AMO a trilha desse filme!
O filme foi montado de maneira crua, sem narração, sem trilha sonora, apenas costurado por silêncios entre as cenas. Uma escolha que talvez quisesse dar um ar de documento jornalístico à obra. Achei interessante e não desaprovo. Claro que o foco do documentário foi acompanhar a defesa da ex presidenta (irregularmente) deposta, entretanto, senti falta de maiores participações da acusação. Queria ver ainda mais de perto como foi possível a ela estruturar toda esta sanha farsesca.
Para quem tenta se orientar nesses últimos anos da tragédia que é a política brasileira o filme não traz nenhuma novidade, mas é impressionante ver todo o encadeamento dos fatos assim, passado em revista. Pena que o filme foi lançado antes da atualização dos acontecimentos, com as revelações do "The Intercept" que evidenciam mais ainda o projeto sistemático de desestabilização das políticas de viés social.
O interessante do filme é sua atmosfera ser em torno dos livros, o que é um acalanto para os amantes da literatura. O enredo, por sua vez, nos instiga com a protagonista misteriosa e também com certos elementos que flertam com a psicanálise:
o "pai/amante" que nos faz refletir sobre a natureza desse laço enquanto estruturante de um desejo sexual proibido ou enquanto relação simplesmente utilitarista; ou mesmo o desfecho de Severina com o amante livreiro, que nos dá indicativos de como ela provavelmente continuará estruturando sua vida nesse estilo, pois é nesse encadeamento significante que ela obtém sentido de viver, mas cujo amor pelo outro permitiu que ela poupasse o livreiro desse poder de domínio que ela detém sobre os homens que conquista.
No geral o ritmo do filme é morno, mas há também pontos estimulantes.
Excelente para se pensar as questões do âmbito do trabalho, em todas as suas nuances, seja a estruturação da subjetividade, a exploração da força de trabalho ou a tomada de consciência de classe por via da mobilização. Transversalmente nos permite refletir também sobre as agruras da vida comum, a criminalidade e as possibilidades de ressocialização. Tudo isso num filme que tem cara de Minas e Brasil e que nos permite a auto-identificação em suas cenas familiares e aconchegantes.
O filme pode ser resumido em uma boa ideia mal executada. E digo isso pelo roteiro farsesco, com os personagens tomando decisões estúpidas e sem sentido e situações absurdas e pouco convincentes. Além disso,
nos momentos finais as personagens assumem características heroicas e corajosas que me pareceram um tanto forçadas e inverossímeis, (mas algo bastante previsível do ponto de vista hollywoodiano).
Como ponto positivo fica a atmosfera de tensão que cresce gradativamente no filme e que funciona muito bem.
Promove a já antiga e acalorada discussão acerca do dogmatismo religioso e sua interferência na liberdade e felicidade do sujeito. Além disso, discute a importância dos laços afetivos e a beleza de sua supremacia em detrimento das obrigações dogmáticas do culto. Desobediência aqui significa felicidade individual, algo bem em voga na contemporaneidade.
O filme cumpre bem a proposta de representar todo o clima efervescente e revolucionário deste século XIX, que estava em profunda transformação. É interessante como chama ao protagonismo também os operários, que foram (e continuam sendo) figuras centrais da luta política. Igualmente pertinente é observar a representação da diversidade de pensamento existente à época, as divergências teóricas, os embates e fragmentações que aconteceram nos debates concernentes a condição do operariado. Por fim, indispensável ressaltar a importância histórica do biografado Karl Marx, figura controversa, mas inegavelmente influente na sociedade, haja vista a solidez de suas ideias e a profusão de críticas que estas recebem até hoje.
Filme feito para os amantes da literatura. Aqui o recurso da narração casou perfeitamente com o enredo, algo que é difícil de se realizar. Obs: Christine, você é minha religião!
Representativo e com um "vilão" cujas motivações são compreensíveis, se levarmos em conta a estrutural desigualdade racial de seu contexto. É um filme que pincela bem levemente (afinal não é seu propósito principal) boas reflexões sobre as questões raciais basilares e ainda prementes na sociedade. O ponto fraco são as cenas de luta mal coreografadas, que atrapalharam um pouco a imersão no enredo.
Provocador! E nos fornece elementos para ambos os lados, tanto para que possamos julgar ou absolver Rubens. Entretanto, alguns elementos sutis (o justiçamento a que o personagem foi submetido, o ódio crescente e manifesto ao professor, assim como a propagação viral do ocorrido, por exemplo), nos fazem pender para sua absolvição, o que em termos estruturais da nossa sociedade machista é algo bem corriqueiro: ao abusador, cria-se uma atmosfera de defesa bem mais forte de que acusação.
Repetiram a fórmula que deu certo no primeiro filme, com maior foco nos conflitos e aspectos intra-familiares. O humor leve e a personalidade marcante dos personagens continuou forte, bem como a sinergia da família Pêra, que funciona MUITO bem como equipe.
Esperava bem mais do filme, ainda mais que a produção anterior do Tarantino havia sido simplesmente GENIAL. Achei esse filme bastante arrastado, desnecessariamente longo e com um roteiro (que parece mais um joguinho de "Detetive") que empolga levemente só depois da primeira uma hora.
Como todo filme que se propõe biográfico, devemos manter certas reservas ao roteiro, pois nele há intencionalmente o objetivo de se construir uma determinada imagem do (s) biografado (s). Ressalva devidamente feita, este filme me supreendeu positivamente! Muita ousadia, pioneirismo e criatividade de pesoas que claramente viveram a frente de seu sempo. Em tempos reacionários como os atuais, esta produção é uma lufada de ar fresco.
Um dos grandes clássicos da temática gay, o que torna o filme importante por sua representatividade. Não é ousado na produção, tampouco nas cenas, mas isto deve ser entendido também levando-se em conta o período da produção. Gostei muito da forma natural com que o amor homoerótico é retratado, bem como gostei muito do desfecho da história, pouco comum para filmes LGBT.
Revendo esse filme, impossível não realizar um paralelo sobre a atual crise do sistema carcerário brasileiro e seu modelo punitivista de atuação, que já demonstrava sinais claros de esgotamento desde os fins dos anos 1980 e início dos anos de 1990. Problemas antigos que não são realmente enfrentados e sanados e que ressurgem de forma requentada e violenta.
Thelma, possui seus desejos reprimidos (devido à culpa incutida pela doutrina religiosa) e isso faz com que esse desejo aflore como sintoma, que são os inexplicáveis ataques epiléticos (vale lembrar aqui os estudos sobre a histeria no século XIX). Somente quando há a regressão da personagem nos confins da sua biografia e de seu inconsciente, onde ela consegue analisar sua infância e a raiz de seus traumas é que ela consegue lidar com o seu Complexo de Édipo mal resolvido e mata (literalmente e metaforicamente) o seu pai, de forma que somente a parir daí ela consegue viver sua vida de forma mais fluida.
Ao fim e ao cabo, o filme parece um grande chamado à autoanálise e a dissolução dos nós incoscientes que nos impedem de viver plenamente.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraCapaz de realizar uma crítica social refinada por meio de simbolismos e referências diversas. Excelente!
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraPersonagem construído sem pressa em toda a sua complexidade (um pau em muito blockbuster). Um roteiro que se desenvolve de maneira a dar à narrativa um ar de realismo, atualidade e refinamento, em termos dos debates que se propõe a instigar. Não menos importante é a fotografia e a trílha sonora, que emolduram os estados de ânimo de Fleck de forma magistral. Simplesmente ótimo!
eXistenZ
3.6 317A narrativa é boa.
Destaque para a premissa de combate e destruição daquilo que é virtual, cujas delicadas fronteiras com a realidade eram entendidas como algo que colocariam a "existência" real em perigo. Interessante se pensar que na virada do século XX este era um debate filosófico premente na sociedade que experienciava um contato cada vez maior com as nascentes novas tecnologias e com a internet.
Como ponto negativo, saliento algumas atuações fracas ou medianas (talvez intencionais, para dar a sensação de não realidade do ambiente), que tiveram o poder de me tirar da imersão da história em alguns momentos, me deixando uma sensação de desconforto.
Princesa Mononoke
4.4 944 Assista AgoraUma discussão filosófica de alto nível sobre o processo de desencantamento do mundo. Simplesmente perfeito!
Assunto de Família
4.2 400 Assista AgoraInteressante como evidencia e discute sobre a pobreza no contexto japonês, realidade que por vezes nos é muito distanciada; Interessante também a discussão sobre o certo e o errado dentro da configuração familiar. Me surpreendeu positivamente e me emocionou em alguns pontos.
O Castelo Animado
4.5 1,3K Assista AgoraUma peça de arte com um universo fantástico encantador. No entanto, achei o enredo um pouco fraco e o desenrolar romântico um pouco clichê.
Frances Ha
4.1 1,5K Assista AgoraSobre como a vida não se resume a grandiosas conquistas em determinada idade. Sobre como não devemos usar os outros (nem mesmo os exemplos da indústria cultural) como métrica de sucesso. Sobre como a simplicidade, a incerteza e a banalidade fazem parte do cotidiano. "Frances Ha" é sobre nossa vida. Uma vida normal, mediana, mas nem por isso uma vida de insucesso.
Ps. Eu AMO a trilha desse filme!
O Processo
4.0 240O filme foi montado de maneira crua, sem narração, sem trilha sonora, apenas costurado por silêncios entre as cenas. Uma escolha que talvez quisesse dar um ar de documento jornalístico à obra. Achei interessante e não desaprovo. Claro que o foco do documentário foi acompanhar a defesa da ex presidenta (irregularmente) deposta, entretanto, senti falta de maiores participações da acusação. Queria ver ainda mais de perto como foi possível a ela estruturar toda esta sanha farsesca.
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KPara quem tenta se orientar nesses últimos anos da tragédia que é a política brasileira o filme não traz nenhuma novidade, mas é impressionante ver todo o encadeamento dos fatos assim, passado em revista. Pena que o filme foi lançado antes da atualização dos acontecimentos, com as revelações do "The Intercept" que evidenciam mais ainda o projeto sistemático de desestabilização das políticas de viés social.
Ilha dos Cachorros
4.2 655 Assista AgoraUma alegoria interessante sobre o extermínio do outro que não é tolerado.
Severina
3.4 52 Assista AgoraO interessante do filme é sua atmosfera ser em torno dos livros, o que é um acalanto para os amantes da literatura. O enredo, por sua vez, nos instiga com a protagonista misteriosa e também com certos elementos que flertam com a psicanálise:
o "pai/amante" que nos faz refletir sobre a natureza desse laço enquanto estruturante de um desejo sexual proibido ou enquanto relação simplesmente utilitarista; ou mesmo o desfecho de Severina com o amante livreiro, que nos dá indicativos de como ela provavelmente continuará estruturando sua vida nesse estilo, pois é nesse encadeamento significante que ela obtém sentido de viver, mas cujo amor pelo outro permitiu que ela poupasse o livreiro desse poder de domínio que ela detém sobre os homens que conquista.
No geral o ritmo do filme é morno, mas há também pontos estimulantes.
Arábia
4.2 167 Assista AgoraExcelente para se pensar as questões do âmbito do trabalho, em todas as suas nuances, seja a estruturação da subjetividade, a exploração da força de trabalho ou a tomada de consciência de classe por via da mobilização. Transversalmente nos permite refletir também sobre as agruras da vida comum, a criminalidade e as possibilidades de ressocialização. Tudo isso num filme que tem cara de Minas e Brasil e que nos permite a auto-identificação em suas cenas familiares e aconchegantes.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraO filme pode ser resumido em uma boa ideia mal executada. E digo isso pelo roteiro farsesco, com os personagens tomando decisões estúpidas e sem sentido e situações absurdas e pouco convincentes. Além disso,
nos momentos finais as personagens assumem características heroicas e corajosas que me pareceram um tanto forçadas e inverossímeis, (mas algo bastante previsível do ponto de vista hollywoodiano).
Como ponto positivo fica a atmosfera de tensão que cresce gradativamente no filme e que funciona muito bem.
Desobediência
3.7 720 Assista AgoraPromove a já antiga e acalorada discussão acerca do dogmatismo religioso e sua interferência na liberdade e felicidade do sujeito. Além disso, discute a importância dos laços afetivos e a beleza de sua supremacia em detrimento das obrigações dogmáticas do culto. Desobediência aqui significa felicidade individual, algo bem em voga na contemporaneidade.
O Jovem Karl Marx
3.6 272 Assista AgoraO filme cumpre bem a proposta de representar todo o clima efervescente e revolucionário deste século XIX, que estava em profunda transformação. É interessante como chama ao protagonismo também os operários, que foram (e continuam sendo) figuras centrais da luta política.
Igualmente pertinente é observar a representação da diversidade de pensamento existente à época, as divergências teóricas, os embates e fragmentações que aconteceram nos debates concernentes a condição do operariado.
Por fim, indispensável ressaltar a importância histórica do biografado Karl Marx, figura controversa, mas inegavelmente influente na sociedade, haja vista a solidez de suas ideias e a profusão de críticas que estas recebem até hoje.
A Livraria
3.6 218 Assista AgoraFilme feito para os amantes da literatura. Aqui o recurso da narração casou perfeitamente com o enredo, algo que é difícil de se realizar.
Obs: Christine, você é minha religião!
Pantera Negra
4.2 2,3K Assista AgoraRepresentativo e com um "vilão" cujas motivações são compreensíveis, se levarmos em conta a estrutural desigualdade racial de seu contexto. É um filme que pincela bem levemente (afinal não é seu propósito principal) boas reflexões sobre as questões raciais basilares e ainda prementes na sociedade.
O ponto fraco são as cenas de luta mal coreografadas, que atrapalharam um pouco a imersão no enredo.
Aos Teus Olhos
3.4 288 Assista AgoraProvocador! E nos fornece elementos para ambos os lados, tanto para que possamos julgar ou absolver Rubens. Entretanto, alguns elementos sutis (o justiçamento a que o personagem foi submetido, o ódio crescente e manifesto ao professor, assim como a propagação viral do ocorrido, por exemplo), nos fazem pender para sua absolvição, o que em termos estruturais da nossa sociedade machista é algo bem corriqueiro: ao abusador, cria-se uma atmosfera de defesa bem mais forte de que acusação.
Os Incríveis 2
4.1 1,4K Assista AgoraRepetiram a fórmula que deu certo no primeiro filme, com maior foco nos conflitos e aspectos intra-familiares. O humor leve e a personalidade marcante dos personagens continuou forte, bem como a sinergia da família Pêra, que funciona MUITO bem como equipe.
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraEsperava bem mais do filme, ainda mais que a produção anterior do Tarantino havia sido simplesmente GENIAL. Achei esse filme bastante arrastado, desnecessariamente longo e com um roteiro (que parece mais um joguinho de "Detetive") que empolga levemente só depois da primeira uma hora.
Professor Marston e as Mulheres Maravilhas
3.9 168 Assista AgoraComo todo filme que se propõe biográfico, devemos manter certas reservas ao roteiro, pois nele há intencionalmente o objetivo de se construir uma determinada imagem do (s) biografado (s).
Ressalva devidamente feita, este filme me supreendeu positivamente! Muita ousadia, pioneirismo e criatividade de pesoas que claramente viveram a frente de seu sempo. Em tempos reacionários como os atuais, esta produção é uma lufada de ar fresco.
De Repente, Califórnia
4.0 822 Assista AgoraUm dos grandes clássicos da temática gay, o que torna o filme importante por sua representatividade. Não é ousado na produção, tampouco nas cenas, mas isto deve ser entendido também levando-se em conta o período da produção.
Gostei muito da forma natural com que o amor homoerótico é retratado, bem como gostei muito do desfecho da história, pouco comum para filmes LGBT.
Carandiru
3.7 750 Assista AgoraRevendo esse filme, impossível não realizar um paralelo sobre a atual crise do sistema carcerário brasileiro e seu modelo punitivista de atuação, que já demonstrava sinais claros de esgotamento desde os fins dos anos 1980 e início dos anos de 1990. Problemas antigos que não são realmente enfrentados e sanados e que ressurgem de forma requentada e violenta.
Thelma
3.5 342 Assista AgoraHá algo de psicanalítico nesse filme, que parece uma grande produção experimental:
Thelma, possui seus desejos reprimidos (devido à culpa incutida pela doutrina religiosa) e isso faz com que esse desejo aflore como sintoma, que são os inexplicáveis ataques epiléticos (vale lembrar aqui os estudos sobre a histeria no século XIX). Somente quando há a regressão da personagem nos confins da sua biografia e de seu inconsciente, onde ela consegue analisar sua infância e a raiz de seus traumas é que ela consegue lidar com o seu Complexo de Édipo mal resolvido e mata (literalmente e metaforicamente) o seu pai, de forma que somente a parir daí ela consegue viver sua vida de forma mais fluida.