Não sou simpatizante do Olavo, mas resolvi assistir ao documentário já que discordo totalmente de quem o critica sem conhecer. Sim, me surpreendi com a produção e com o próprio Olavo, tão lúcido e sereno, diferentemente de como comumente aparece na internet. Foi bom enxergá-lo como ser humano que é, e escutá-lo falar de como iniciou seus estudos, enfim. Claro que houveram falas sobre PT, marxismo cultural, comunismo etc., mas nós, da esquerda, precisamos aprender a ouvir o diferente. Não concordo com a espécie de patrulha e censura que houve em relação a esse filme ser exibido nas universidades, mas também entendo que Olavo é alguém que se opõe à academia, logo não faz muito sentido ele e seus "seguidores" quererem ser recebidos de braços abertos. Outro ponto que fica evidente é a fetichização da vida ideal americana, família branca classe média reunida à mesa, que vai à missa e reza antes das refeições. É isso que vejo como problemático, porque os brasileiros aprenderam a valorizar esse ideal e a desprezar a nossa própria cultura, negando nossas origens e, principalmente, os problemas sociais que perpassam a história do povo brasileiro. Olavo, aparentemente, possui uma vida e uma família perfeita, através desse filme, mas é preciso entender que se trata de um recorte, assim como o que ele fala sobre o Brasil também é um recorte, é o ponto de vista de um brasileiro que não mora no Brasil. É preciso filtrar o que ouvimos e vemos, como ele mesmo menciona em alguns momentos. Lamento que um homem, aparentemente, tão sóbrio e inteligente, tenha apoiado o maior idiota da nossa história, vulgo nosso atual Presidente da República. Essa é minha maior crítica. No mais, ótima fotografia e roteiro.
Necessário. Poético. Doloroso. Resgatar a memória de alguém é algo, em si, bastante valioso; ainda mais a dessas mulheres. Esse documentário é de uma grandeza sem comparações. A mensagem que fica é que apenas com alegria vencemos a tirania. Esses canalhas não suportam a revolução das mentes que resistem às torturas dos corpos. Continuaremos resistindo!
Americanos e "brancos do sul" não foram colocados no mesmo patamar por acaso. É um retrato da alienação nacional que insiste em uma ideologia eugenista e higienista, que nega suas origens, sua ancestralidade indígena, africana etc., exaltando apenas o ideal europeu e americano de "gente". Quando os motoqueiros vão à Bacurau e a mulher pergunta "quem nasce em Bacurau é o quê?", fica nítida a desumanização contida na fala, o que proporciona o efeito irônico, mas também literal, da resposta da criança: É GENTE! Quem nasce em Bacurau é gente, e gente deve ser tratada como tal. Quem declara guerra a um povo, geralmente não enxerga o outro como gente: é preciso desumanizá-lo para poder destruí-lo. Isso só não ocorre em Bacurau porque eles têm consciência de que são gente e que juntos podem resistir à ameaça. Espetacular!
Outro ponto que quero destacar é o fato de Bacurau não estar no mapa. Essa é uma das grandes metáforas da narrativa.
Em que lugar do Brasil um massacre como esse seria possível "sem deixar rastros"? Vou melhorar a pergunta: Em que lugar do Brasil o povo é massacrado todos os dias e isso não dá em nada? Pois é, vejo em Bacurau a representação das periferias (não apenas do RJ, mas principalmente as de lá); os povoados indígenas, ribeirinhos e quilombolas; a população negra, enfim. Infelizmente, existem vidas que valem mais que outras e "a carne negra é a mais barata do mercado". Então, Bacurau nos mostra como essas pessoas são gente, cada qual vivendo suas vidas, e como sem nenhum motivo são atacados por quem se julga superior.
Eu não ia nem comentar, fiquei aqui lendo os comentários da galera, e a maior crítica paira sobre o roteiro e concordo que tenha sido bem pretensioso, deixa a sensação de vazio no final, mas eu creio que foi um bom desfecho. Vamo preencher esse vazio?
Saí da sessão e fiquei pensando na última frase: "quem nasce sem nome cresce sem medo". De todas as frases prontas e mecânicas da voice over, essa foi a escolhida para fechar, mas na verdade ela abre possibilidades de interpretação e foi isso que fiz... Fiquei viajando e talvez tenha viajado demais, mas vou dizer qual foi o desfecho que criei na minha cabeça.
Penso que toda a narrativa é um retrato de como a vida privada e as aspirações pessoais dos indíviduos invadiram o social. Não há mais privacidade, intimidade. E outra coisa importante: tudo gira em torno do sexo (não da sexualidade), e isso me remete logo ao que estamos vivendo na política brasileira. É como se as decisões estejam sendo tomadas com base no EU, na MINHA FAMÍLIA, nas minhas CRENÇAS, e quem não concordar está errado. A mulher é um mero "instrumento", um depósito de esperma e só é bem tratada quando engravida (vide cadeiras especiais onde as gestantes sentam). E assim chegamos ao bebê sem pai, uma clara referência à narrativa bíblica e que cairia na mesmice se continuasse após o nascimento. O "Messias" de Divino Amor eu entendo como uma metáfora: quem é que nasce sem nome e cresce sem medo? Bem, foi aí que viajei, porque foge da narrativa bíblica, mas eu penso ser uma referência ao atual governo brasileiro. Muita gente duvidou que um asno como esse pudesse chegar a presidência do Brasil, muitos nem sabiam seu nome mesmo, mas ele chegou, ele ganhou popularidade, ele cresceu. Suas ideias, suas crenças e "valores" o fizeram virar um "mito", uma representação do Brasil que a gente não queria ver. Ter Messias no nome foi uma triste coincidência, mas pra mim nunca esteve tão clara a DESTOÂNCIA: cada um tem o Messias que merece. O Brasil pariu o dele.
Assisti hoje no Cine Banguê, em João Pessoa, e foi uma experiência maravilhosa ver o cinema paraibano lotar a sala. A fotografia e a trilha sonora estão um espetáculo, todavia não é só isso que faz um bom filme... O roteiro tem muitas lacunas e não dá pra compreender o que é que move a protagonista - que inclusive é a única que se salva nas atuações. Percebi um tentativa de subjetivar demais, e isso acabou tornando o filme enfadonho. São duas horas de narrativa e no final a gente se pergunta: o que foi isso mesmo? Mas como se trata de um marco no cinema paraibano, eu sendo paraibana não vim aqui só falar dos pontos fracos. É um filme bonito e que seja o primeiro de muitos dessa galera da UFPB!
Demorei pra ver e me surpreendi. Achei confuso no início mas depois tudo se encaixou direitinho. É daqueles filmes que parecem mais um documentário por tamanha verossimilhança. A morte e a vida retratadas como elas são. Bonito demais! Entrou pra lista de favoritos.
Passada com a atuação desse menino de 13 anos (Sunny Suljic)! Porra! Agora sobre o filme: assisti porque soube que retratava masculinidades tóxicas, e olha, isso fica claro desde a primeira cena. Há tempos não via um filme dirigido pela óptica de adolescentes. É muito fácil julgá-los... É muito fácil esquecermos que já passamos por isso um dia... É nesse momento que passamos a enxergar a vida como uma grande merda a qual temos que enfrentar. A necessidade de pertencer a algum lugar também é latente.
O Stevie encontrou um grupo aparentemente oposto a ele, mas lá foi aceito. Claramente ele cresceu carente de afeto e companheirismo. Em casa ele levava porradas, na rua ele tinha amigos. Isso faz a gente refletir sobre como a família pode ser o que há de mais tóxico na vida de uma pessoa. No fim, ficou claro que quem mais se importava com Stevie era o irmão dele, que por causa da ideia de masculinidade tóxica, não era do tipo que demonstrava sentimentos pelo irmão. Foi necessária uma "tragédia" para que o afeto sobressaisse.
Eu me surpreendi pelo conteúdo fantástico inserido na trama, e passo a crer que o realismo fantástico é o que temos de mais promissor no cinema nacional. Apresentar críticas sociais de maneira crua é importante e temos muitos filmes que fazem isso magistralmente, mas nada mais real que uma fantasia com toque de distopia no momento que estamos vivendo no Brasil.
O calor, a doença na pele, a demolição de prédios... Tudo se configura numa grande metáfora, talvez explícita até demais, mostrando que estamos adoecendo, e a ferida começa pequena mas cresce e pode nos consumir.
Eu fiquei impactada. Por mais que as atuações não sejam lá das melhores, o enredo é sufocante e perturbador.
Apesar de não ter sido dirigido por uma mulher, é um filme sobre MULHERES. Fica evidente o percurso que a história faz do início ao fim: é sobre a nossa dor e talvez alguns momentos de alegria. O diretor conseguiu mostrar, pelo menos, duas perspectivas, duas narrativas, duas mulheres completamente diferentes: Cleo, a babá e empregada doméstica; e Sra. Sofi, a patroa bioquímica casada com um médico e com uma família aparentemente feliz. Mas a "condição" de mulheres uniu ambas no sofrimento.
Cleo aparece grávida e o pai da criança a abandona. A patroa dá todo apoio a Cleo nesse momento, compreendendo sua dor. Simultaneamente, ela está sendo abandonada pelo marido que a "trocou" por outra e a deixa com a responsabilidade de cuidar dos quatro filhos do casal. Portanto, creio que a obra é fantástica nesse ponto que consegue apresentar duas realidades tão diferentes mas que se cruzam em determinado momento. Sra. Sofi entendeu o que estava acontecendo e alerta Cleo:
"Nós estamos sempre sozinhas. Não importa o que te digam. Nós, mulheres, estamos sempre sozinhas." É isso. Essa frase resume o filme e a vida de muitas mulheres.
Gaga, eu te venero! Pra quem assistiu o documentário sobre ela na Netflix, sabe o quanto essa personagem tem dela mesma. Que entrega, que intensidade! Quanto ao Bradley Cooper, mostrou a que veio: dirigiu, cantou e atuou ao mesmo tempo. Vi agora que o personagem dele foi inspirado no Eddie Vedder, e eu suspeitei disso desde o princípio, com a primeira canção que fala sobre o pai dele. Não poderia ser melhor! Por toda carga emocional que o filme traz, eu nem prestei tanta atenção aos detalhes técnicos...
- Sobre Anavitória: Quem é fã da dupla com certeza já sabe como elas começaram, como se conheceram, gravaram covers, mandaram pro F. Simas etc. Até hoje, essa era a parte contada. Daí vem um filme que promete contar algo mais, ficcionalizar a realidade. Então bora lá. . - Sobre Ana e Vitória: primeiramente, dois seres humanos lindos e incríveis, de uma simplicidade e leveza admiráveis. Gente como a gente. Totalmente imersas na dicotomia vida real/virtual como a gente. Tão enroladas em relacionamentos diversos como a gente. Creio que foi isso que quiseram retratar no filme. . - Sobre Ana e Vitória (o filme): foi bem produzido e dirigido, isso é inegável. (Não sei se curti muito a fala do F. Simas nas redes sociais sobre não ter recorrido à dinheiro público, editais, financiamentos e afins. Parabéns pra ele, nem todo mundo tem dinheiro pra isso. Não chega a ser um motivo pra se orgulhar. Humildade faz bem.) Quanto às atuações, não tem como ignorar o amadorismo de alguns.
Nos primeiros trinta minutos do filme, me incomodou muito a insegurança passada pela maioria. A Vitória fazia Teatro, e mesmo assim achei a atuação dela forçada em alguns momentos. O texto pareceu forçado também - creio que por se tratar de algo que realmente aconteceu e tentaram reproduzir fielmente. Talvez se tivessem dado mais liberdade à Ana e à Vitória nesse começo, teria ficado mais natural. Senti falta de olhares. Parecia que ninguém conseguia falar olhando no olho, e talvez tenha sido proposital para mostrar a surperficialidade das interações sociais, mas pra mim foi um furo. A fotografia ficou bem bonita, as locações também foram muito boas, mas a impressão que dá é que tudo aconteceu no mesmo hotel. Acho que o enredo se desenvolveu em três espíritos diferentes: começou com uma atmosfera bem triste, sem graça mesmo; depois partiu pra uma comédia até boa, e finaliza com um ar dramático bem legal e nostálgico.
. Portanto, fazendo as devidas distinções entre quem são Ana e Vitória e o que o filme mostra, é um bom filme. Nunca mais ouvirei as músicas delas da mesma maneira. E aquele shippe todo entre elas não faz o menor sentido. A ligação delas é forte demais pra acabar como um caso.
Ponto pro cinema nacional! Apesar de ter ficado muito ansiosa com o trailler, comecei a assistir o longa com um pé atrás, mas me surpreendi. Até a primeira hora o roteiro é bem previsível, mas pra se estender até duas horas tinha que ser bom mesmo! As atuações são ótimas e o enredo não fica cansativo. A afetividade é o ponto alto do filme. Finalmente conseguiram fazer um filme nacional do gênero sem perder nossa identidade. A fantasia e o folclore brasileiro foram muito bem trabalhados. Não sou nenhuma especialista, mas creio que se deixa a desejar, deixa pouco. Com certeza foi um marco pro thriller nacional. Marjorie Estiano é um arraso à parte, grande atriz! Até as crianças também foram bem. Enfim, o trabalho ficou primoroso!
Lindo! Lindo! Uma baita obra-prima, tanto tecnica quanto artisticamente falando! Captou a essência de um povo e da poesia na sua forma mais primitiva, elaborada numa roda de amigos, acompanhada da viola muitas vezes, trazendo alegria e reflexão pra'quela gente. E o que não pode faltar jamais é a boa e velha cachaça! Eu, que não bebo, fiquei interessada... hahaha
Greta Gerwig, que mulher fantásticaaaaaa! Força e sensibilidade definem esse filme, essa mulher. Entrou pra lista de favoritos! Fui a única que tive a impressão de que Lady Bird (2017) é a história da Frances Ha adolescente?
Duas horas e meia de filme e eu ainda não sei bem o que acabei de assistir. O roteiro não prende, não tem nexo, e quando parece que as coisas estão, finalmente, fazendo sentido, cortam para outra coisa nada a ver. Não ter linearidade não é necessariamente um problema, mas nesse caso foi. Deixou muitas pontas soltas...
O que foi aquela cena do Oleg atacando as pessoas no jantar? Socorro. Foi uma das partes mais desconfortáveis pra mim. A cena de sexo também. Tão sem nexo entre o casal como do espectador com a narrativa. A impressão que dá é que gravaram cenas aleatórias e depois chamaram de filme.
Não é um bom filme porque não comunica nada. Cinema é linguagem, e linguagem pressupõe mensagem. Ele "atira para todos os lados" (em questões sociais, existenciais, éticas, familiares etc), mas não se aprofunda nem convence em nenhuma delas. O protagonista é de dar pena. Por fim, parece-me ser um filme que apela na fotografia e nos alívios cômicos pra ser chamado de cult, mas é uma narrativa fútil sobre futilidades, e me surpreende ter sido indicado ao Oscar. Esse papo de "não é um filme pra todos" acaba saindo em defesa de produções fracassadas.
Crianças sendo crianças... Tinha jeito de não ser incrível? Mesmo tendo a Disney como pano de fundo, o filme retrata bem "o outro lado" da infância, que não têm princesas nem castelo encantado, mas tem o essencial: a alegria, a ingenuidade, a espontaneidade. As cores vivas sempre muito presentes fazem contraste com a narrativa tensa sobre a mãe solteira que a cada dia precisa dar um jeito de não perder o quarto de motel onde mora, nem permitir que a filha passe fome. É um filme pesado, não tem como sair ileso. Atuações impecáveis. Em alguns momentos foi como se eu estivesse vendo um documentário. Arrisco dizer que em algumas cenas a Moone não teve texto de tão espontânea que foi.
E quanto ao desfecho, é complicado aceitar que a solução seja tirar a tutela da Moone da Halley. Não dá pra negar que ela quis o tempo todo proteger a filha. Quantas Moones e Halleys não existem por aí?
Mais que apontar os erros, deveria ser dada a assistência necessária a essas famílias para que não precisassem se submeter a certas coisas. É tanta verossimilhança que a gente acaba confundindo o mundo real com a ficção. Ou seria o contrário?
Alguém já deve ter dito isso por aqui, mas... Que filme Black Mirror! Gostei muito do ritmo, as atuações são brilhantes e não ficou nenhuma ponta solta. Roteiro enxuto, crítica social forte e abordagem genial.
A simplicidade da vida passando diante dos nossos olhos. Assistir Paterson foi uma experiência como assistir a vida de alguém muito querido. Me senti imersa naquele cotidiano ordinário, mas tão cheio de ternura e verossimilhança. Paterson é otimista e realista. É realmente um choque quando acontece algo que não estava previsto para o dia. Paterson vive sem grandes expectativas, mas nem por isso perde a paixão e o entusiasmo. A poesia claramente ocupa uma parte fundamental da sua vida,
tanto que ele fica literamente "sem palavras" quando ocorre o incidente com o "caderno secreto". Foi como se tivesse sido arrancada uma parte dele... A mais essencial, eu diria. Meu olho chega a marejar só de pensar nas cenas que precedem o final. Mas também não pude deixar de vibrar quando, finalmente, por coincidência da vida ou do filme, ele recebe um caderno em branco. É claro que ele jamais teria um livro como o do William Carlos William, intitulado "Primeiros Poemas", mas ele estava tendo a chance de recomeçar - a semana e a vida.
Quanto à mulher, não sei o que pensar sobre ela. Eles têm um relação bonita, e ela também traz alegria à vida dele. Mas no fim, é tudo sobre Paterson - o nome do filme, o nome do personagem, o nome da cidade. Um motorista de ônibus que escreve poemas e gosta de Emily Dickinson. Não tinha jeito de não ser incrível.
O Jardim das Aflições
3.5 152Não sou simpatizante do Olavo, mas resolvi assistir ao documentário já que discordo totalmente de quem o critica sem conhecer. Sim, me surpreendi com a produção e com o próprio Olavo, tão lúcido e sereno, diferentemente de como comumente aparece na internet. Foi bom enxergá-lo como ser humano que é, e escutá-lo falar de como iniciou seus estudos, enfim. Claro que houveram falas sobre PT, marxismo cultural, comunismo etc., mas nós, da esquerda, precisamos aprender a ouvir o diferente. Não concordo com a espécie de patrulha e censura que houve em relação a esse filme ser exibido nas universidades, mas também entendo que Olavo é alguém que se opõe à academia, logo não faz muito sentido ele e seus "seguidores" quererem ser recebidos de braços abertos.
Outro ponto que fica evidente é a fetichização da vida ideal americana, família branca classe média reunida à mesa, que vai à missa e reza antes das refeições. É isso que vejo como problemático, porque os brasileiros aprenderam a valorizar esse ideal e a desprezar a nossa própria cultura, negando nossas origens e, principalmente, os problemas sociais que perpassam a história do povo brasileiro. Olavo, aparentemente, possui uma vida e uma família perfeita, através desse filme, mas é preciso entender que se trata de um recorte, assim como o que ele fala sobre o Brasil também é um recorte, é o ponto de vista de um brasileiro que não mora no Brasil. É preciso filtrar o que ouvimos e vemos, como ele mesmo menciona em alguns momentos. Lamento que um homem, aparentemente, tão sóbrio e inteligente, tenha apoiado o maior idiota da nossa história, vulgo nosso atual Presidente da República. Essa é minha maior crítica. No mais, ótima fotografia e roteiro.
Em Pedaços
3.9 235 Assista AgoraSinopse cheia de spoilers, mas o filme ainda consegue surpreender.
Muito bom!
Torre das Donzelas
4.2 23Necessário. Poético. Doloroso.
Resgatar a memória de alguém é algo, em si, bastante valioso; ainda mais a dessas mulheres. Esse documentário é de uma grandeza sem comparações.
A mensagem que fica é que apenas com alegria vencemos a tirania. Esses canalhas não suportam a revolução das mentes que resistem às torturas dos corpos.
Continuaremos resistindo!
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraBacurau é sobre gente; sobre todos os povos brasileiros que resistem cultural e politicamente.
Americanos e "brancos do sul" não foram colocados no mesmo patamar por acaso. É um retrato da alienação nacional que insiste em uma ideologia eugenista e higienista, que nega suas origens, sua ancestralidade indígena, africana etc., exaltando apenas o ideal europeu e americano de "gente". Quando os motoqueiros vão à Bacurau e a mulher pergunta "quem nasce em Bacurau é o quê?", fica nítida a desumanização contida na fala, o que proporciona o efeito irônico, mas também literal, da resposta da criança: É GENTE! Quem nasce em Bacurau é gente, e gente deve ser tratada como tal. Quem declara guerra a um povo, geralmente não enxerga o outro como gente: é preciso desumanizá-lo para poder destruí-lo. Isso só não ocorre em Bacurau porque eles têm consciência de que são gente e que juntos podem resistir à ameaça. Espetacular!
Outro ponto que quero destacar é o fato de Bacurau não estar no mapa. Essa é uma das grandes metáforas da narrativa.
Em que lugar do Brasil um massacre como esse seria possível "sem deixar rastros"? Vou melhorar a pergunta: Em que lugar do Brasil o povo é massacrado todos os dias e isso não dá em nada? Pois é, vejo em Bacurau a representação das periferias (não apenas do RJ, mas principalmente as de lá); os povoados indígenas, ribeirinhos e quilombolas; a população negra, enfim. Infelizmente, existem vidas que valem mais que outras e "a carne negra é a mais barata do mercado". Então, Bacurau nos mostra como essas pessoas são gente, cada qual vivendo suas vidas, e como sem nenhum motivo são atacados por quem se julga superior.
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraBACURAU deveria se tornar elogio... Ou palavrão! PQP QUE EXPERIÊNCIA NORDESTINESCA!
Divino Amor
3.3 240Eu não ia nem comentar, fiquei aqui lendo os comentários da galera, e a maior crítica paira sobre o roteiro e concordo que tenha sido bem pretensioso, deixa a sensação de vazio no final, mas eu creio que foi um bom desfecho. Vamo preencher esse vazio?
Saí da sessão e fiquei pensando na última frase: "quem nasce sem nome cresce sem medo". De todas as frases prontas e mecânicas da voice over, essa foi a escolhida para fechar, mas na verdade ela abre possibilidades de interpretação e foi isso que fiz... Fiquei viajando e talvez tenha viajado demais, mas vou dizer qual foi o desfecho que criei na minha cabeça.
Penso que toda a narrativa é um retrato de como a vida privada e as aspirações pessoais dos indíviduos invadiram o social. Não há mais privacidade, intimidade. E outra coisa importante: tudo gira em torno do sexo (não da sexualidade), e isso me remete logo ao que estamos vivendo na política brasileira. É como se as decisões estejam sendo tomadas com base no EU, na MINHA FAMÍLIA, nas minhas CRENÇAS, e quem não concordar está errado. A mulher é um mero "instrumento", um depósito de esperma e só é bem tratada quando engravida (vide cadeiras especiais onde as gestantes sentam). E assim chegamos ao bebê sem pai, uma clara referência à narrativa bíblica e que cairia na mesmice se continuasse após o nascimento. O "Messias" de Divino Amor eu entendo como uma metáfora: quem é que nasce sem nome e cresce sem medo? Bem, foi aí que viajei, porque foge da narrativa bíblica, mas eu penso ser uma referência ao atual governo brasileiro. Muita gente duvidou que um asno como esse pudesse chegar a presidência do Brasil, muitos nem sabiam seu nome mesmo, mas ele chegou, ele ganhou popularidade, ele cresceu. Suas ideias, suas crenças e "valores" o fizeram virar um "mito", uma representação do Brasil que a gente não queria ver. Ter Messias no nome foi uma triste coincidência, mas pra mim nunca esteve tão clara a DESTOÂNCIA: cada um tem o Messias que merece. O Brasil pariu o dele.
Estrangeiro
3.7 9Assisti hoje no Cine Banguê, em João Pessoa, e foi uma experiência maravilhosa ver o cinema paraibano lotar a sala. A fotografia e a trilha sonora estão um espetáculo, todavia não é só isso que faz um bom filme... O roteiro tem muitas lacunas e não dá pra compreender o que é que move a protagonista - que inclusive é a única que se salva nas atuações. Percebi um tentativa de subjetivar demais, e isso acabou tornando o filme enfadonho. São duas horas de narrativa e no final a gente se pergunta: o que foi isso mesmo? Mas como se trata de um marco no cinema paraibano, eu sendo paraibana não vim aqui só falar dos pontos fracos. É um filme bonito e que seja o primeiro de muitos dessa galera da UFPB!
Café com Canela
4.1 164Demorei pra ver e me surpreendi. Achei confuso no início mas depois tudo se encaixou direitinho. É daqueles filmes que parecem mais um documentário por tamanha verossimilhança. A morte e a vida retratadas como elas são. Bonito demais! Entrou pra lista de favoritos.
Anos 90
3.9 502Passada com a atuação desse menino de 13 anos (Sunny Suljic)! Porra!
Agora sobre o filme: assisti porque soube que retratava masculinidades tóxicas, e olha, isso fica claro desde a primeira cena. Há tempos não via um filme dirigido pela óptica de adolescentes. É muito fácil julgá-los... É muito fácil esquecermos que já passamos por isso um dia... É nesse momento que passamos a enxergar a vida como uma grande merda a qual temos que enfrentar. A necessidade de pertencer a algum lugar também é latente.
O Stevie encontrou um grupo aparentemente oposto a ele, mas lá foi aceito. Claramente ele cresceu carente de afeto e companheirismo. Em casa ele levava porradas, na rua ele tinha amigos. Isso faz a gente refletir sobre como a família pode ser o que há de mais tóxico na vida de uma pessoa. No fim, ficou claro que quem mais se importava com Stevie era o irmão dele, que por causa da ideia de masculinidade tóxica, não era do tipo que demonstrava sentimentos pelo irmão. Foi necessária uma "tragédia" para que o afeto sobressaisse.
Ótimo filme!
Mormaço
3.4 33Eu me surpreendi pelo conteúdo fantástico inserido na trama, e passo a crer que o realismo fantástico é o que temos de mais promissor no cinema nacional. Apresentar críticas sociais de maneira crua é importante e temos muitos filmes que fazem isso magistralmente, mas nada mais real que uma fantasia com toque de distopia no momento que estamos vivendo no Brasil.
O calor, a doença na pele, a demolição de prédios... Tudo se configura numa grande metáfora, talvez explícita até demais, mostrando que estamos adoecendo, e a ferida começa pequena mas cresce e pode nos consumir.
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraApesar de não ter sido dirigido por uma mulher, é um filme sobre MULHERES. Fica evidente o percurso que a história faz do início ao fim: é sobre a nossa dor e talvez alguns momentos de alegria. O diretor conseguiu mostrar, pelo menos, duas perspectivas, duas narrativas, duas mulheres completamente diferentes: Cleo, a babá e empregada doméstica; e Sra. Sofi, a patroa bioquímica casada com um médico e com uma família aparentemente feliz. Mas a "condição" de mulheres uniu ambas no sofrimento.
Cleo aparece grávida e o pai da criança a abandona. A patroa dá todo apoio a Cleo nesse momento, compreendendo sua dor. Simultaneamente, ela está sendo abandonada pelo marido que a "trocou" por outra e a deixa com a responsabilidade de cuidar dos quatro filhos do casal. Portanto, creio que a obra é fantástica nesse ponto que consegue apresentar duas realidades tão diferentes mas que se cruzam em determinado momento. Sra. Sofi entendeu o que estava acontecendo e alerta Cleo:
Nasce Uma Estrela
4.0 2,4K Assista AgoraGaga, eu te venero! Pra quem assistiu o documentário sobre ela na Netflix, sabe o quanto essa personagem tem dela mesma. Que entrega, que intensidade! Quanto ao Bradley Cooper, mostrou a que veio: dirigiu, cantou e atuou ao mesmo tempo. Vi agora que o personagem dele foi inspirado no Eddie Vedder, e eu suspeitei disso desde o princípio, com a primeira canção que fala sobre o pai dele. Não poderia ser melhor! Por toda carga emocional que o filme traz, eu nem prestei tanta atenção aos detalhes técnicos...
Eu não assisti ao outro filme dos anos 30, não sabia como ia acabar, mas sabia que seria trágico.
Rebento
3.4 2A sensibilidade em meio à dureza da vida. Bravo! Viva o cinema paraibano!
Ana e Vitória
3.2 357- Sobre Anavitória: Quem é fã da dupla com certeza já sabe como elas começaram, como se conheceram, gravaram covers, mandaram pro F. Simas etc. Até hoje, essa era a parte contada. Daí vem um filme que promete contar algo mais, ficcionalizar a realidade. Então bora lá.
.
- Sobre Ana e Vitória: primeiramente, dois seres humanos lindos e incríveis, de uma simplicidade e leveza admiráveis. Gente como a gente. Totalmente imersas na dicotomia vida real/virtual como a gente. Tão enroladas em relacionamentos diversos como a gente. Creio que foi isso que quiseram retratar no filme.
.
- Sobre Ana e Vitória (o filme): foi bem produzido e dirigido, isso é inegável. (Não sei se curti muito a fala do F. Simas nas redes sociais sobre não ter recorrido à dinheiro público, editais, financiamentos e afins. Parabéns pra ele, nem todo mundo tem dinheiro pra isso. Não chega a ser um motivo pra se orgulhar. Humildade faz bem.)
Quanto às atuações, não tem como ignorar o amadorismo de alguns.
Nos primeiros trinta minutos do filme, me incomodou muito a insegurança passada pela maioria. A Vitória fazia Teatro, e mesmo assim achei a atuação dela forçada em alguns momentos. O texto pareceu forçado também - creio que por se tratar de algo que realmente aconteceu e tentaram reproduzir fielmente. Talvez se tivessem dado mais liberdade à Ana e à Vitória nesse começo, teria ficado mais natural. Senti falta de olhares. Parecia que ninguém conseguia falar olhando no olho, e talvez tenha sido proposital para mostrar a surperficialidade das interações sociais, mas pra mim foi um furo.
A fotografia ficou bem bonita, as locações também foram muito boas, mas a impressão que dá é que tudo aconteceu no mesmo hotel. Acho que o enredo se desenvolveu em três espíritos diferentes: começou com uma atmosfera bem triste, sem graça mesmo; depois partiu pra uma comédia até boa, e finaliza com um ar dramático bem legal e nostálgico.
.
Portanto, fazendo as devidas distinções entre quem são Ana e Vitória e o que o filme mostra, é um bom filme. Nunca mais ouvirei as músicas delas da mesma maneira. E aquele shippe todo entre elas não faz o menor sentido. A ligação delas é forte demais pra acabar como um caso.
As Boas Maneiras
3.5 647 Assista AgoraPonto pro cinema nacional! Apesar de ter ficado muito ansiosa com o trailler, comecei a assistir o longa com um pé atrás, mas me surpreendi. Até a primeira hora o roteiro é bem previsível, mas pra se estender até duas horas tinha que ser bom mesmo! As atuações são ótimas e o enredo não fica cansativo. A afetividade é o ponto alto do filme. Finalmente conseguiram fazer um filme nacional do gênero sem perder nossa identidade. A fantasia e o folclore brasileiro foram muito bem trabalhados. Não sou nenhuma especialista, mas creio que se deixa a desejar, deixa pouco. Com certeza foi um marco pro thriller nacional. Marjorie Estiano é um arraso à parte, grande atriz! Até as crianças também foram bem. Enfim, o trabalho ficou primoroso!
Na Estrada
3.3 1,9KKristen Stewart está maravilhosa, e as demais atuações também são boas, mas o longa não prende, não vinga. Uma pena.
O Silêncio da Noite é Que Tem Sido Testemunha das …
4.4 10Lindo! Lindo! Uma baita obra-prima, tanto tecnica quanto artisticamente falando! Captou a essência de um povo e da poesia na sua forma mais primitiva, elaborada numa roda de amigos, acompanhada da viola muitas vezes, trazendo alegria e reflexão pra'quela gente. E o que não pode faltar jamais é a boa e velha cachaça! Eu, que não bebo, fiquei interessada... hahaha
Frances Ha
4.1 1,5K Assista AgoraGreta Gerwig, que mulher fantásticaaaaaa! Força e sensibilidade definem esse filme, essa mulher. Entrou pra lista de favoritos! Fui a única que tive a impressão de que Lady Bird (2017) é a história da Frances Ha adolescente?
The Square - A Arte da Discórdia
3.6 318 Assista AgoraDuas horas e meia de filme e eu ainda não sei bem o que acabei de assistir. O roteiro não prende, não tem nexo, e quando parece que as coisas estão, finalmente, fazendo sentido, cortam para outra coisa nada a ver. Não ter linearidade não é necessariamente um problema, mas nesse caso foi. Deixou muitas pontas soltas...
O que foi aquela cena do Oleg atacando as pessoas no jantar? Socorro. Foi uma das partes mais desconfortáveis pra mim. A cena de sexo também. Tão sem nexo entre o casal como do espectador com a narrativa. A impressão que dá é que gravaram cenas aleatórias e depois chamaram de filme.
Fausto
3.4 220Não recomendado para quem não dormiu direito à noite...
Chega de Saudade
3.5 104Ainda não vi, mas a dúvida é: tem algum filme da Laís que NÃO tem o Paulo Vilhena? kkkk
Projeto Flórida
4.1 1,0KCrianças sendo crianças... Tinha jeito de não ser incrível? Mesmo tendo a Disney como pano de fundo, o filme retrata bem "o outro lado" da infância, que não têm princesas nem castelo encantado, mas tem o essencial: a alegria, a ingenuidade, a espontaneidade. As cores vivas sempre muito presentes fazem contraste com a narrativa tensa sobre a mãe solteira que a cada dia precisa dar um jeito de não perder o quarto de motel onde mora, nem permitir que a filha passe fome. É um filme pesado, não tem como sair ileso. Atuações impecáveis. Em alguns momentos foi como se eu estivesse vendo um documentário. Arrisco dizer que em algumas cenas a Moone não teve texto de tão espontânea que foi.
E quanto ao desfecho, é complicado aceitar que a solução seja tirar a tutela da Moone da Halley. Não dá pra negar que ela quis o tempo todo proteger a filha. Quantas Moones e Halleys não existem por aí?
Mais que apontar os erros, deveria ser dada a assistência necessária a essas famílias para que não precisassem se submeter a certas coisas. É tanta verossimilhança que a gente acaba confundindo o mundo real com a ficção. Ou seria o contrário?
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraAlguém já deve ter dito isso por aqui, mas... Que filme Black Mirror! Gostei muito do ritmo, as atuações são brilhantes e não ficou nenhuma ponta solta. Roteiro enxuto, crítica social forte e abordagem genial.
A única diferença em relação aos eps de Black Mirror é que no final o cara conseguiu sair vivo.
Quando o filme acaba, o telespectador pode, finalmente, voltar a respirar! Ufa!
Paterson
3.9 353 Assista AgoraA simplicidade da vida passando diante dos nossos olhos. Assistir Paterson foi uma experiência como assistir a vida de alguém muito querido. Me senti imersa naquele cotidiano ordinário, mas tão cheio de ternura e verossimilhança. Paterson é otimista e realista. É realmente um choque quando acontece algo que não estava previsto para o dia. Paterson vive sem grandes expectativas, mas nem por isso perde a paixão e o entusiasmo. A poesia claramente ocupa uma parte fundamental da sua vida,
tanto que ele fica literamente "sem palavras" quando ocorre o incidente com o "caderno secreto". Foi como se tivesse sido arrancada uma parte dele... A mais essencial, eu diria. Meu olho chega a marejar só de pensar nas cenas que precedem o final. Mas também não pude deixar de vibrar quando, finalmente, por coincidência da vida ou do filme, ele recebe um caderno em branco. É claro que ele jamais teria um livro como o do William Carlos William, intitulado "Primeiros Poemas", mas ele estava tendo a chance de recomeçar - a semana e a vida.